SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  28
REFLETINDO SOBRE A
ORTOGRAFIA NA SALA DE
AULA
Kátia Leal Reis de Melo
PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA
III ENCONTRO - FORMAÇÃO DE ORIENTADORES DE
ESTUDO - 20 a 22 DE MAIO DE 2013
PARA AJUDAR OS ALUNOS A AVANÇAREM NO DOMÍNIO
ORTOGRÁFICO, É PRECISO LEVAR EM CONTA AS
CARACTERÍSTICAS DAS QUESTÕES ORTOGRÁFICAS.
AO PENSAR SOBRE ENCAMINHAMENTOS DIDÁTICOS, É
NECESSÁRIO SEMPRE TER EM MENTE:
O QUE O ALUNO PODE COMPREENDER?
O QUE ELE PRECISA MEMORIZAR?
A ortografia da Língua Portuguesa apresenta dificuldades
regulares e irregulares, o aluno deve superar as questões
ortográficas para as quais existe uma regra que pode ser
compreendida.
Quando não há regras é preciso memorizar a forma correta. Isso
possibilita ao aprendiz o uso gerativo do saber ortográfico,
capacitando-o a ler e a escrever palavras desconhecidas, além
da economia mnemônica, uma vez que a ausência dos princípios
ortográficos sobrecarregaria a memória, encarregada de
estabelecer as conexões feitas quando a pessoa escreve.
Uma proposta pedagógica eficiente deveria considerar a
conscientização e a compreensão da norma ortográfica, para que
haja aquisição satisfatória daquele objeto de conhecimento.
É preciso levar em conta, sobretudo, a qualidade
das experiências a que se vai submeter o aprendiz para que se
tenha, de fato, uma prática pedagógica eficaz.
SEQÜÊNCIAS DIDÁTICAS PARA A REFLEXÃO
SOBRE A NORMA
A questão do ensino da ortografia não é estabelecer uma
seqüenciação artificial.
Ao tomar decisões sobre o que e quando ensinar, o professor
deve conjugar os casos regulares/irregulares com a freqüência
de uso, tendo sempre em mente:
“Das palavras nas quais meus alunos cometem erros, quais são as
que eles mais usam na língua escrita?”
“Que dificuldades ortográficas estão envolvidas nesses erros?”
Tomando os erros dos alunos como indicadores do que é necessário
ensinar, para decidir sobre seqüenciação e procedimentos de ajuda.
Ao decidir sobre o que é prioritário, o professor
precisa formular atividades que possibilitem aos
alunos explicitar e discutir critérios que talvez não
coincidam com o que é sustentado pela convenção
ortográfica estabelecida, mas que surgem da
reflexão dos aprendizes e são muito pertinentes
como passo para encontrar a solução.
O professor não dá aos alunos uma regra para
memorizar, mas leva-os a formular suas próprias
meta-explicações e a checá-las, de modo a que
venham abordar a ortografia estrategicamente.
Uma seqüência didática para o ensino da
ortografia deve:
a) Considerar as hipóteses do aluno.
Ponto de vista conceitual. Estabelecer pontes entre esse
conhecimento e formas mais próximas da norma ortográfica
convencional (conhecimento formal).
b) Desenvolver a habilidade metacognitiva.
Solicitação de justificativas e explicações. A colocação de perguntas
pertinentes e desafiadoras e de contra-exemplos propicia momentos de
discussão e reflexão sobre os erros e acertos, as formas de pensar e
de conduzir procedimentos de resolução ante as questões ortográficas.
Isto favorece a metacognição, convidando o aluno a refletir sobre: a
escrita das palavras, sua própria concepção e a concepção dos
colegas, confrontando-as com a forma convencional da escrita.
c) Favorecer a interação.
Ações cooperativas entre os alunos e entre estes e o
professor na construção de um saber compartilhado. É
importante formar grupos heterogêneos, as
possibilidades de trocas e negociações.
A interação durante a resolução de um problema
ortográfico, promove a explicitação verbal das hipóteses,
recurso essencial para a explicitação consciente das
peculiaridades da norma.
d) Favorecer o papel de mediador do professor nas
etapas de aquisição.
Exige a formação continuada do professor.
DISCUSSÃO DAS HIPÓTESES DE PARTIDA
Extrato de observação 1
S1 : Rei, Rita e roupa é com um erre só.
R: Mas carro é com dois.
Prof: E o som? É diferente ou é o mesmo?
Todos: É o mesmo.
Prof: Como a gente sabe que é um “erre” ou “RR”?
T: É “RR” porque é no meio e é mais forte.
Prof: Quer dizer que no meio é sempre “RR”?
Alguns: Não! tem um erre só, no meio também.
M: Um erre só pode ficar no começo e no meio. E o “RR” não
pode ficar no começo, só no meio.
Após a discussão nos pequenos grupos, o professor pedia que
cada grupo expusesse suas idéias, fomentava-se uma
discussão/reflexão, questionando se os demais grupos
concordavam com os colegas, ou se tinham algo a mudar ou a
acrescentar. A seguir, está o registro de parte dessa vivência:
Extrato de observação 2
S: O “RR” tem som de /R/a, e o erre tem de /r/a. Mas tem palavras
que têm som de /R/a e é um erre só.
T: Um erre só é fraco, dois erres é forte.
Houve muita discordância e discussão sobre a questão som forte/
fraco do “R”. Alguns achavam que o /R/ era forte e /r/ fraco e
outros defendiam o contrário.
MR: O /r/ é tremido por isso é mais forte, parece uma metralhadora.
T: Mas “RR” é mais forte. (E fala a palavra “carro”, acentuando a
pronúncia do /R/).
Prof.: Como vamos resolver este problema? Observem o som do
erre nas palavras “carro” e “barata”, o que tem de diferente?
S: Barata a língua treme e carro não treme.
MR: O erre de barata é tremido.
Prof: Em vez de falar que o som do erre é forte ou fraco, a gente
pode dizer que um é ...
S: Tremido.
Prof: E o outro? Como chamaríamos o outro?
T: Erre não tremido.
Prof: O que vocês acham? Todos concordam com esta idéia? Em
vez de forte e fraco, ser tremido e não tremido?
Quando se chegava a algum consenso sobre alguma hipótese, o professor
registrava no quadro de giz, e os alunos faziam o mesmo numa ficha, até
que todas as idéias fossem expostas, discutidas e registradas. O registro do
professor era fiel às idéias dos alunos. O professor elaborava um cartaz que
continha tais idéias, o qual ficava fixado na sala de aula.
Com a finalidade de extrair conclusões, procedia-se
a uma discussão em torno de questões como:
As hipóteses/idéias deram conta de todas as palavras?
O que fazer com as palavras que sobraram?
É necessário mudar, acrescentar ou retirar alguma coisa nas
nossas idéias?
O quê?...
Solicitava-se, então, que os grupos reestruturassem suas idéias.
Primeiramente, essa discussão se dava dentro dos pequenos
grupos e, depois, o professor levava para o grande grupo e fazia
junto com os alunos o registro das novas idéias no quadro (ou
cartaz) e na ficha, respectivamente. A título de ilustração, a seguir
se encontra um fragmento dessa vivência.
Extrato de observação 3
A professora registra no quadro de giz as palavras que sobraram,
por não combinarem com as “idéias”: fumar, voar, inventar, fazer.
Prof: Por que estas palavras não combinam com as idéias?
(As crianças esclarecem:)
T: Não começa com erre.
P: Não tem “RR” no meio.
S: O som não é tremido.
Prof: Será que estas palavras têm algo parecido?
MR: Fumar, voar, inventar, fazer, termina tudo com erre.
P: No fim só tem erre.
R: Nunca vi palavra com “RR” no fim ...
Prof: Precisamos mudar alguma das nossas idéias?
(Gastam algum tempo relendo as idéias.)
P: A idéia 2.
MR: É! tem que ser ... erre pode ficar no começo no meio e no fim da
palavra.
Prof: Todos concordam?
A idéia 2 é reformulada e registrada.
CLASSIFICAÇÃO DE PALAVRAS
O professor retomava com os alunos as últimas hipóteses.
Em seguida, oferecia a cada grupo um envelope que
continha um conjunto de palavras escritas em tiras de cartolina
para ser classificadas e escritas na ficha no seu devido lugar,
de acordo com as hipóteses prévias do aprendiz.
O professor estimulava os alunos questionando o porquê de
suas opções, de modo a favorecer a reflexão e discussão e a
fomentar a possível necessidade de reestruturação.
As vivências dos pequenos grupos eram levadas para o grande
grupo, onde eram compartilhadas dúvidas, reestruturações e o
registro das novas idéias.
Extrato de observação 4
Entre as palavras que trouxeram mais dificuldades estava: “honra”
e “genro”. Foi sugerido pelas crianças, de início, que a pronúncia
estaria errada, pois se tinha um erre no meio, deveria ser /r/ e não /R/.
Mas o restante do grupo retrucou, alegando que a palavra era
hon/R/a e gen/R/o com /R/ e que não existia hon/r /a e gen/r/o.)
P: “Como pode ter som de /R/ e escrever com um erre? assim vai
ficar /r/a.
R: Ah! então vai ver que está escrito errado ...
Prof: Mas não está escrito errado. Esta é a forma correta.
N: Sei não ...
R: É melhor procurar no dicionário pra ver como está escrito.
(Constatam no dicionário que a grafia das palavras estava correta
e concordam que suas hipóteses são insuficientes.)
M: A gente não tem uma idéia que sirva para estas palavras.
A professora sugere que observem as palavras e comparem estas
com as demais, e tentem pensar numa nova idéia.
Apenas uma criança propõe a seguinte hipótese (idéia):
R: “Quando tem “n” no meio da palavra e a gente quer fazer o som de
“/R/a” usa “R”.
O restante do grupo não concordou com a idéia, como não apareceu
outra, procedeu-se ao seu registro, sabendo-se que ela poderia ser
alterada ou descartada, se verificada sua inviabilidade
Extrato de observação 4 - Continuação
Idéias novas:
- Quando a gente quer fazer o erre tremido no meio da palavra,
como nas palavras maracatu e grito, usa “R”.
- Quando tem “N” no meio da palavra, e a gente quer fazer o som
/R/ a, usa “R”.
Extrato de observação 5
DITADO DE PALAVRAS
As atividades de escrita envolviam apenas uma cópia ou leitura de palavras.
O ditado teve como propósito verificar a aplicação das hipóteses construídas
durante as atividades anteriores.
Os alunos eram avisados de antemão que iriam fazer um ditado diferente. O
professor, então, explicava que toda vez que ele ditasse uma palavra,
primeiro elas teriam um tempo para discutir e combinar com os colegas do
grupo sobre sua grafia e depois é que deveriam proceder à escrita.
Em seguida, o professor retirava e mostrava cada cartela do envelope de
correção, solicitando que checassem sua escrita e promovendo uma
discussão e reflexão no grupo sobre os erros e acertos.
As grafias incorretas não deveriam ser apagadas, mas circuladas com lápis
de cor e suas devidas correções escritas ao lado. Do mesmo modo que nas
atividades anteriores, caso necessário, deveria estimular o processo de
reestruturação das hipóteses que se tinha em mãos e registrá-las.
FICHA DE MOVIMENTO
Foram utilizadas fichas de movimento (pequenos cartazes que continham
figuras, cujos nomes tinham “R” ou “RR”), pequenas cartelas de papel que
incluíam palavras, envolvendo os usos de “R” e “RR”, os quais estavam
destacados em negrito, cola e lápis.
Após a distribuição do material entre os alunos, o professor solicitava que
procurassem as que continham os nomes referentes às figuras que se
encontravam na parte superior da ficha e que as colassem no lugar indicado,
Em seguida, orientava para que observassem em que
lugar a letra/dígrafo em estudo aparece dentro da
palavra e seu respectivo som.
Pedia, então, que prosseguissem arrumando e
colocando as cartelas, de modo que as palavras
fossem classificadas com base nesta descoberta (lugar
que a letra ocupa na palavra e o som).
Mais uma vez, o professor orientava para que os alunos
observassem, refletissem e discutissem sobre a
localização e o som da letra, confrontando e
comparando com as hipóteses levantadas
anteriormente, favorecendo, assim, que extraíssem
novas conclusões.
Extrato de observação 6
Prof: Observem as palavras da coluna de “carro”. O que têm de
semelhante?
T: Têm dois erres.
Prof: Que mais?
MR: É não tremido. Na outra (referindo-se à coluna do “peru”) é
tremido.
Prof: Tá na mesma posição?
Grupo: Tá
Prof: Observem quais são as letras ao lado do erre.
R: Os vizinhos são vogais.
Prof: Em todas elas?
Grupo: É.
Prof: E quais são as letras vizinhas do erre nas palavras da coluna
de “peru”?
S: É vogal
P: É tudo vogal também.
Prof: Quando os vizinhos são vogais como é que a gente sabe se
vai usar “R” ou “RR”?
S: Tremido é um erre.
R: Quando não é tremido é “RR”.
Prof: A idéia é esta? Quando os vizinhos são vogais e o erre for
tremido usa “R” e quando não for tremido usa “RR”? É essa a
idéia, então? Todos concordam?
(Depois da concordância do grupo sobre as colunas do “peru” e
do “carro”, passam a refletir e analisar a coluna de “honra”.)
R: Tem o mesmo som do “RR”.
Prof: Mas está escrito com “R “ou “RR”?
MR: Tem um erre e tem o som do “RR”.
Prof: E aí? Chegamos ao velho problema ... como a gente vai saber
se escreve “R” ou “RR”?
R: Porque tem um “N”(ene).
S: É, antes do erre tem um “N”.
Prof: O “N” é consoante ou vogal?
Grupo: consoante.
Prof: Quais são as letras vizinhas do erre, na coluna de “honra”?
P: Tem vogal e tem consoante.
S: Na outra (referindo-se à coluna de “carro”) só é vogal.
A: “Peru” devia ser com “RR” porque o vizinho é vogal e só tá com um.
S: É porque é tremido.
(Depois de longa discussão e negociação, formulam as seguintes hipóteses:
RR - Quando o som não é tremido, e os vizinhos são vogais.
R - Quando o som não é tremido, e os vizinhos são misturados,
vogal e consoante.)
CONFECÇÃO DO CARTAZ COM AS REGRAS
Teve como objetivo sintetizar, ilustrar e registrar as hipóteses finais sobre o
uso da letra e do dígrafo em estudo, que refletem a regra ortográfica
convencional.
O professor convidava os alunos a fazer um cartaz que mostrasse
suas idéias sobre o uso do “R” e do “RR”, para que ficasse na sala
de aula e onde eles pudessem ir colando as palavras que desejassem
e que nele se encaixassem.
A ficha de movimento foi usada como idéia para a montagem do cartaz. O
professor guiava a execução do cartaz de modo que nenhuma situação de
uso do “R” ou “RR” fosse deixada de fora, mas respeitando as idéias dos
alunos.
Ao término da atividade, havia sido montado um cartaz ilustrado
com gravuras e exemplos de palavras (ver quadro abaixo) que
sintetiza a construção da regra, por parte dos alunos. O cartaz ficou
fixado na sala de aula.
Complementando e aprofundando a atividade anterior, foi solicitado dos
alunos como tarefa de casa que pesquisassem e recortassem palavras
que envolviam os diversos usos do “R” e “RR”, observando o som e sua
localização na palavra.
Na sala de aula, procederam à colagem das palavras pesquisadas no
cartaz, de modo a classificá-las em função da localização e do som da
letra. À medida que colavam suas palavras, os alunos justificavam a sua
classificação.
O professor então estimulava reflexão de questões como:
Onde a letra em estudo nunca é usada?
Existe alguma possibilidade de se usar outra letra com o mesmo valor?
Como saber quando será uma ou outra?
A hipótese atual dá conta de todas as palavras com a letra em estudo?
É necessária alguma mudança?
Após a discussão, registrava as conclusões.
DITADO FINAL
O objetivo era certificar-se de que os alunos estariam de posse e
fazendo uso gerativo de uma hipótese sobre o uso da letra e do dígrafo
em estudo, de modo a realmente refletir as regras convencionais.
O professor explicava aos alunos que elas fariam um ditado individual
de um texto com palavras pouco conhecidas e que procurassem
escrevê-las lembrando as idéias que foram construídas.
Após o ditado, solicitava-se que as crianças dissessem como cada
palavra foi escrita, justificando suas opções. Por exemplo, o professor
pedia que algum aluno fosse ao quadro e escrevesse a palavra e
justificasse seu procedimento e, em seguida, lançava para o grande
grupo questões como:
“Todos concordam com o que a colega escreveu?
Por quê? Quem escreveu diferente? Por quê?
As nossas idéias ajudaram a escrever estas palavras?”
Durante a discussão, o professor procurava sintetizar a hipótese
compatível com a regra convencional e refletir sobre a funcionalidade
desse conhecimento.
É importante destacar que, apesar do conhecimento ortográfico
se definir basicamente no nível da palavra e não do texto, o ensino de
ortografia pode tomar como objeto de análise tanto palavras, como, de
modo geral, ocorreu na seqüência didática anteriormente apresentada,
quanto textos.
O uso do texto como objeto de análise facilitaria, por exemplo, a
construção e a compreensão das regularidades morfossintáticas
do tipo “ICE” ou “ISSE”: é com “C” nos nomes formados a partir de
adjetivos (tolice) e com “SS” nas terminações verbais (subisse).
Ao tomar, porém, um texto para ensinar ortografia, deve-se ter o
cuidado de que ele seja conhecido e que já tenha sido lido previamente.
Pois, como bem coloca Morais (1998):
“Usar um texto desconhecido para desencadear a reflexão ortográfica
seria distorcer a natureza e as finalidades do ato de ler um texto pela
primeira vez” (p. 82).
As seqüências didáticas devem ser pensadas para fazer o aluno
refletir, descobrir e compreender que existem casos na norma
ortográfica que não são regidos por regras e que, portanto, precisam
ser memorizados, levando-os a desenvolver estratégias para lidar com
esses casos e facilitar a memorização.
Nesse sentido, o professor deve apelar, sempre que possível, para os
diversos tipos de memória quando se deparar com os casos de
concorrência, seja de várias formas de representações gráficas para o
mesmo som, ou vice-versa.
Uma alternativa seria, por exemplo, apelar para a memória semântica
pedindo aos alunos que fizessem associações entre palavras
constituintes de uma mesma família, como, por exemplo, levá-los a
perceber que “caçador”, “caça”, “caçada” é escrito com “Ç”
porque vem de “caçar”, que também se escreve com “Ç”. Ou ainda,
construir listas de palavras, freqüentes e usuais, envolvendo uma
irregularidade ortográfica.
Tais listas poderiam ser expostas em cartazes e nelas poderiam ir
sendo acrescentadas outras palavras que se fizessem necessárias.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A possibilidade de considerar a ortografia como objeto de
conhecimento para se refletir sobre e passível de compreensão
parece uma solução bastante feliz e necessária, se o que se deseja
é um ensino que promova uma aprendizagem significativa, eficiente
e estável.
Aqueles que se prestam a lembrar todas as letras de todas as
palavras nunca conseguirão. Aqueles que tentam escrever apenas
pelo som serão derrotados. Aqueles que aprendem a caminhar
pelas palavras com expectativa e sensibilidade, atentando para os
sons, para as afinidades de significados e dos padrões, saberão o
que lembrar, e aprenderão a escrever em inglês (português).
(H. Henderson, citadas em Templeton e Bear,1992).
REFERENCIA:
MELO, Kátia Leal Reis de. Refletindo sobre a
ortografia na sala de aula. In: SILVA, Alexsandro
da. Ortografia na sala de aula / organizado por
Alexsandro da Silva, Artur Gomes de Morais e Kátia
Leal Reis de Melo . – 1. ed., 1. reimp. – Belo
Horizonte: Autêntica, 2007.
MORAIS, A. G. Ortografia: ensinar e aprender. São
Paulo: Ática, 1998.

Contenu connexe

Tendances

JOGOS PARA TRABALHAR OS NÍVEIS DE LEITURA E ESCRITA
JOGOS PARA TRABALHAR OS NÍVEIS DE LEITURA E ESCRITAJOGOS PARA TRABALHAR OS NÍVEIS DE LEITURA E ESCRITA
JOGOS PARA TRABALHAR OS NÍVEIS DE LEITURA E ESCRITAFabiana Lopes
 
Critérios para avaliação da produção de textos
Critérios para avaliação da produção de textosCritérios para avaliação da produção de textos
Critérios para avaliação da produção de textosRosemary Batista
 
3º ppt agrupamento produtivo
3º ppt agrupamento produtivo3º ppt agrupamento produtivo
3º ppt agrupamento produtivoGraça Barros
 
A importância da escrita
A importância da escritaA importância da escrita
A importância da escritaEmef Madalena
 
PROJETO LEITURA E ESCRITA 2012
PROJETO LEITURA E ESCRITA 2012PROJETO LEITURA E ESCRITA 2012
PROJETO LEITURA E ESCRITA 2012Ðouglas Rocha
 
Sequencia didatica _fabulas
Sequencia didatica _fabulasSequencia didatica _fabulas
Sequencia didatica _fabulasProfessora Cida
 
Plano de aula 6ª série 7º ano -ensino fundamental 1ª semana de março
Plano de aula 6ª série   7º ano -ensino fundamental 1ª semana de marçoPlano de aula 6ª série   7º ano -ensino fundamental 1ª semana de março
Plano de aula 6ª série 7º ano -ensino fundamental 1ª semana de marçoSHEILA MONTEIRO
 
Sequencia didatica
Sequencia didaticaSequencia didatica
Sequencia didaticashs_oliveira
 
Sequência didática: O Leão e o Ratinho
Sequência didática: O Leão e o RatinhoSequência didática: O Leão e o Ratinho
Sequência didática: O Leão e o RatinhoShirley Lauria
 
Níveis de linguagem formalidade e informalidade da língua portuguesa no Brasi...
Níveis de linguagem formalidade e informalidade da língua portuguesa no Brasi...Níveis de linguagem formalidade e informalidade da língua portuguesa no Brasi...
Níveis de linguagem formalidade e informalidade da língua portuguesa no Brasi...JohnJeffersonAlves1
 
Trilhas pedagógicas correta pronta
Trilhas pedagógicas correta prontaTrilhas pedagógicas correta pronta
Trilhas pedagógicas correta prontaTatiana Schiavon
 
Gestão de sala de aula
Gestão de sala de aula Gestão de sala de aula
Gestão de sala de aula mtolentino1507
 
Como fazer o teste das quatro palavras e uma frase de emilia ferreiro
Como fazer o teste das quatro palavras e uma frase de emilia ferreiroComo fazer o teste das quatro palavras e uma frase de emilia ferreiro
Como fazer o teste das quatro palavras e uma frase de emilia ferreiroCarilusa Branchi
 

Tendances (20)

JOGOS PARA TRABALHAR OS NÍVEIS DE LEITURA E ESCRITA
JOGOS PARA TRABALHAR OS NÍVEIS DE LEITURA E ESCRITAJOGOS PARA TRABALHAR OS NÍVEIS DE LEITURA E ESCRITA
JOGOS PARA TRABALHAR OS NÍVEIS DE LEITURA E ESCRITA
 
Critérios para avaliação da produção de textos
Critérios para avaliação da produção de textosCritérios para avaliação da produção de textos
Critérios para avaliação da produção de textos
 
3º ppt agrupamento produtivo
3º ppt agrupamento produtivo3º ppt agrupamento produtivo
3º ppt agrupamento produtivo
 
A importância da escrita
A importância da escritaA importância da escrita
A importância da escrita
 
Ppt avaliação
Ppt avaliaçãoPpt avaliação
Ppt avaliação
 
Plano de aula pronto
Plano de aula prontoPlano de aula pronto
Plano de aula pronto
 
PROJETO LEITURA E ESCRITA 2012
PROJETO LEITURA E ESCRITA 2012PROJETO LEITURA E ESCRITA 2012
PROJETO LEITURA E ESCRITA 2012
 
Sequencia didatica _fabulas
Sequencia didatica _fabulasSequencia didatica _fabulas
Sequencia didatica _fabulas
 
4. generos textuais aula 3
4. generos textuais   aula 34. generos textuais   aula 3
4. generos textuais aula 3
 
Plano de aula 6ª série 7º ano -ensino fundamental 1ª semana de março
Plano de aula 6ª série   7º ano -ensino fundamental 1ª semana de marçoPlano de aula 6ª série   7º ano -ensino fundamental 1ª semana de março
Plano de aula 6ª série 7º ano -ensino fundamental 1ª semana de março
 
Sequencia didatica
Sequencia didaticaSequencia didatica
Sequencia didatica
 
Sequência didática: O Leão e o Ratinho
Sequência didática: O Leão e o RatinhoSequência didática: O Leão e o Ratinho
Sequência didática: O Leão e o Ratinho
 
Projeto soletrando
Projeto soletrandoProjeto soletrando
Projeto soletrando
 
Níveis de linguagem formalidade e informalidade da língua portuguesa no Brasi...
Níveis de linguagem formalidade e informalidade da língua portuguesa no Brasi...Níveis de linguagem formalidade e informalidade da língua portuguesa no Brasi...
Níveis de linguagem formalidade e informalidade da língua portuguesa no Brasi...
 
Generos textuais ano 2
Generos textuais ano 2Generos textuais ano 2
Generos textuais ano 2
 
Trilhas pedagógicas correta pronta
Trilhas pedagógicas correta prontaTrilhas pedagógicas correta pronta
Trilhas pedagógicas correta pronta
 
Gestão de sala de aula
Gestão de sala de aula Gestão de sala de aula
Gestão de sala de aula
 
atividade-literatura-de-cordel-celpe
atividade-literatura-de-cordel-celpeatividade-literatura-de-cordel-celpe
atividade-literatura-de-cordel-celpe
 
Como fazer o teste das quatro palavras e uma frase de emilia ferreiro
Como fazer o teste das quatro palavras e uma frase de emilia ferreiroComo fazer o teste das quatro palavras e uma frase de emilia ferreiro
Como fazer o teste das quatro palavras e uma frase de emilia ferreiro
 
Todas as provas saresp
Todas as provas sarespTodas as provas saresp
Todas as provas saresp
 

En vedette

Hipóteses da psicogênese da língua escrita segundo emília
Hipóteses da psicogênese da língua escrita segundo emíliaHipóteses da psicogênese da língua escrita segundo emília
Hipóteses da psicogênese da língua escrita segundo emíliaprofeannecunha
 
Minicurso falando de alfabetizacao e letramento
Minicurso falando de alfabetizacao e letramentoMinicurso falando de alfabetizacao e letramento
Minicurso falando de alfabetizacao e letramentoEunice Mendes de Oliveira
 
Apresentaopsicognesedalnguaescrita 110616193411-phpapp01
Apresentaopsicognesedalnguaescrita 110616193411-phpapp01Apresentaopsicognesedalnguaescrita 110616193411-phpapp01
Apresentaopsicognesedalnguaescrita 110616193411-phpapp01pedagogia para licenciados
 
1.processo de ensino e aprendizagem
1.processo de ensino e aprendizagem1.processo de ensino e aprendizagem
1.processo de ensino e aprendizagemAlba Mate Mate
 
A Difícil Arte de Conviver
A Difícil Arte de ConviverA Difícil Arte de Conviver
A Difícil Arte de Conviverlucianaraspa
 
Gestão Democrática Da Educação
Gestão Democrática Da EducaçãoGestão Democrática Da Educação
Gestão Democrática Da Educaçãoregicenci
 
Atividade 3 5_eunice slides a formiga e a neve c
Atividade 3 5_eunice slides a formiga e  a neve   cAtividade 3 5_eunice slides a formiga e  a neve   c
Atividade 3 5_eunice slides a formiga e a neve cEunice Mendes de Oliveira
 
Corrigido planejando as visitas às salas de aula -
Corrigido planejando as visitas às salas de aula -Corrigido planejando as visitas às salas de aula -
Corrigido planejando as visitas às salas de aula -Eunice Mendes de Oliveira
 
Pnaic unidade 3 sea - sistema de escrita alfabetica 1º encontro
Pnaic unidade 3   sea - sistema de escrita alfabetica  1º encontroPnaic unidade 3   sea - sistema de escrita alfabetica  1º encontro
Pnaic unidade 3 sea - sistema de escrita alfabetica 1º encontrotlfleite
 
Ano 2 pnaic 3º encontro blog2
Ano 2 pnaic 3º encontro blog2Ano 2 pnaic 3º encontro blog2
Ano 2 pnaic 3º encontro blog2miesbella
 
PNAIC - Ano 3 unidade 3
PNAIC - Ano 3 unidade 3PNAIC - Ano 3 unidade 3
PNAIC - Ano 3 unidade 3ElieneDias
 

En vedette (20)

A arte de contar histórias
A arte de contar históriasA arte de contar histórias
A arte de contar histórias
 
Eunice
EuniceEunice
Eunice
 
Hipóteses da psicogênese da língua escrita segundo emília
Hipóteses da psicogênese da língua escrita segundo emíliaHipóteses da psicogênese da língua escrita segundo emília
Hipóteses da psicogênese da língua escrita segundo emília
 
Pacto nacional unidade 3 ano 1
Pacto nacional unidade 3 ano 1Pacto nacional unidade 3 ano 1
Pacto nacional unidade 3 ano 1
 
O menino que_aprendeu_a_ler[1]
O menino que_aprendeu_a_ler[1]O menino que_aprendeu_a_ler[1]
O menino que_aprendeu_a_ler[1]
 
Minicurso falando de alfabetizacao e letramento
Minicurso falando de alfabetizacao e letramentoMinicurso falando de alfabetizacao e letramento
Minicurso falando de alfabetizacao e letramento
 
Devocional diario (1)
Devocional diario (1)Devocional diario (1)
Devocional diario (1)
 
Apresentaopsicognesedalnguaescrita 110616193411-phpapp01
Apresentaopsicognesedalnguaescrita 110616193411-phpapp01Apresentaopsicognesedalnguaescrita 110616193411-phpapp01
Apresentaopsicognesedalnguaescrita 110616193411-phpapp01
 
1.processo de ensino e aprendizagem
1.processo de ensino e aprendizagem1.processo de ensino e aprendizagem
1.processo de ensino e aprendizagem
 
Mensagem ao professor
Mensagem ao professorMensagem ao professor
Mensagem ao professor
 
A Difícil Arte de Conviver
A Difícil Arte de ConviverA Difícil Arte de Conviver
A Difícil Arte de Conviver
 
Gestão Democrática Da Educação
Gestão Democrática Da EducaçãoGestão Democrática Da Educação
Gestão Democrática Da Educação
 
Trabahando com crianças do berçário
Trabahando com crianças do berçárioTrabahando com crianças do berçário
Trabahando com crianças do berçário
 
Dona Licinha conto1
Dona Licinha    conto1Dona Licinha    conto1
Dona Licinha conto1
 
Atividade 3 5_eunice slides a formiga e a neve c
Atividade 3 5_eunice slides a formiga e  a neve   cAtividade 3 5_eunice slides a formiga e  a neve   c
Atividade 3 5_eunice slides a formiga e a neve c
 
Corrigido planejando as visitas às salas de aula -
Corrigido planejando as visitas às salas de aula -Corrigido planejando as visitas às salas de aula -
Corrigido planejando as visitas às salas de aula -
 
Pnaic unidade 3 sea - sistema de escrita alfabetica 1º encontro
Pnaic unidade 3   sea - sistema de escrita alfabetica  1º encontroPnaic unidade 3   sea - sistema de escrita alfabetica  1º encontro
Pnaic unidade 3 sea - sistema de escrita alfabetica 1º encontro
 
Ano 2 pnaic 3º encontro blog2
Ano 2 pnaic 3º encontro blog2Ano 2 pnaic 3º encontro blog2
Ano 2 pnaic 3º encontro blog2
 
1 power~1
1 power~11 power~1
1 power~1
 
PNAIC - Ano 3 unidade 3
PNAIC - Ano 3 unidade 3PNAIC - Ano 3 unidade 3
PNAIC - Ano 3 unidade 3
 

Similaire à PNAIC - Refletindo sobre a ortografia na sala de aula

Ortografia para o 3º bimestre 2012
Ortografia para o 3º bimestre 2012Ortografia para o 3º bimestre 2012
Ortografia para o 3º bimestre 2012Nana Alves
 
Curso canções e parlendas
Curso canções e parlendasCurso canções e parlendas
Curso canções e parlendasTatiana Schiavon
 
Resumo de parte do livro ortografia artur gomes de morais
Resumo de parte do livro ortografia artur gomes de moraisResumo de parte do livro ortografia artur gomes de morais
Resumo de parte do livro ortografia artur gomes de moraisCarla Fernanda Matté Marengo
 
É preciso ensinar análise sintática_ – Conversa de Português.pdf
É preciso ensinar análise sintática_ – Conversa de Português.pdfÉ preciso ensinar análise sintática_ – Conversa de Português.pdf
É preciso ensinar análise sintática_ – Conversa de Português.pdfVanessaFabiolaSFaria
 
Ortografialivro 130820100646-phpapp01
Ortografialivro 130820100646-phpapp01Ortografialivro 130820100646-phpapp01
Ortografialivro 130820100646-phpapp01Aretuza Ladeia Lima
 
Questões reformuladas para o ensino de português
Questões reformuladas para o ensino de portuguêsQuestões reformuladas para o ensino de português
Questões reformuladas para o ensino de portuguêsBruna Wagner
 
Como funcionam os métodos de alfabetização
Como funcionam os métodos de alfabetizaçãoComo funcionam os métodos de alfabetização
Como funcionam os métodos de alfabetizaçãoRoxana Alhadas
 
Língua portuguesa do discurso a prática
Língua portuguesa do discurso a práticaLíngua portuguesa do discurso a prática
Língua portuguesa do discurso a práticaFrancieli Corbellini
 

Similaire à PNAIC - Refletindo sobre a ortografia na sala de aula (20)

Ortografia para o 3º bimestre 2012
Ortografia para o 3º bimestre 2012Ortografia para o 3º bimestre 2012
Ortografia para o 3º bimestre 2012
 
Ortografia
OrtografiaOrtografia
Ortografia
 
01.mediaçãopedagogica 28.9.10
01.mediaçãopedagogica 28.9.1001.mediaçãopedagogica 28.9.10
01.mediaçãopedagogica 28.9.10
 
Atividade2robertocarlos
Atividade2robertocarlosAtividade2robertocarlos
Atividade2robertocarlos
 
Votuporanga
VotuporangaVotuporanga
Votuporanga
 
Cd2 exercicios dialogo
Cd2 exercicios dialogoCd2 exercicios dialogo
Cd2 exercicios dialogo
 
Curso canções e parlendas
Curso canções e parlendasCurso canções e parlendas
Curso canções e parlendas
 
Resumo de parte do livro ortografia artur gomes de morais
Resumo de parte do livro ortografia artur gomes de moraisResumo de parte do livro ortografia artur gomes de morais
Resumo de parte do livro ortografia artur gomes de morais
 
É preciso ensinar análise sintática_ – Conversa de Português.pdf
É preciso ensinar análise sintática_ – Conversa de Português.pdfÉ preciso ensinar análise sintática_ – Conversa de Português.pdf
É preciso ensinar análise sintática_ – Conversa de Português.pdf
 
Oficina alfabetizacao
Oficina alfabetizacaoOficina alfabetizacao
Oficina alfabetizacao
 
Ortografialivro 130820100646-phpapp01
Ortografialivro 130820100646-phpapp01Ortografialivro 130820100646-phpapp01
Ortografialivro 130820100646-phpapp01
 
Candida certo vilma
Candida certo vilmaCandida certo vilma
Candida certo vilma
 
Livro sobre ortografia artur gomes de morais
Livro sobre ortografia artur gomes de moraisLivro sobre ortografia artur gomes de morais
Livro sobre ortografia artur gomes de morais
 
Ortografia livro
Ortografia livroOrtografia livro
Ortografia livro
 
Ortografia
OrtografiaOrtografia
Ortografia
 
484 1605-1-pb
484 1605-1-pb484 1605-1-pb
484 1605-1-pb
 
Atividade 3 unidade 3
Atividade 3 unidade 3Atividade 3 unidade 3
Atividade 3 unidade 3
 
Questões reformuladas para o ensino de português
Questões reformuladas para o ensino de portuguêsQuestões reformuladas para o ensino de português
Questões reformuladas para o ensino de português
 
Como funcionam os métodos de alfabetização
Como funcionam os métodos de alfabetizaçãoComo funcionam os métodos de alfabetização
Como funcionam os métodos de alfabetização
 
Língua portuguesa do discurso a prática
Língua portuguesa do discurso a práticaLíngua portuguesa do discurso a prática
Língua portuguesa do discurso a prática
 

Plus de ElieneDias

PNAIC 2015 - Luas e luas
PNAIC 2015 - Luas e luas PNAIC 2015 - Luas e luas
PNAIC 2015 - Luas e luas ElieneDias
 
PNAIC 2015 - Texto 4 o lugar da cultura escrita na educação da criança
PNAIC 2015 - Texto 4   o lugar da cultura escrita na educação da criançaPNAIC 2015 - Texto 4   o lugar da cultura escrita na educação da criança
PNAIC 2015 - Texto 4 o lugar da cultura escrita na educação da criançaElieneDias
 
Texto 03 A criança, a educaçaõ infantil e o ensino fundamental de nove anos
Texto 03   A criança, a educaçaõ infantil e o ensino fundamental de nove anosTexto 03   A criança, a educaçaõ infantil e o ensino fundamental de nove anos
Texto 03 A criança, a educaçaõ infantil e o ensino fundamental de nove anosElieneDias
 
PNAIC 2015 - Texto 02 A criança no ciclo de alfabetização
PNAIC 2015 - Texto 02 A criança no ciclo de alfabetizaçãoPNAIC 2015 - Texto 02 A criança no ciclo de alfabetização
PNAIC 2015 - Texto 02 A criança no ciclo de alfabetizaçãoElieneDias
 
PNAIC 2015 - Texto 01 Concepção de infância, criança e educação
PNAIC 2015 - Texto 01 Concepção de infância, criança e educaçãoPNAIC 2015 - Texto 01 Concepção de infância, criança e educação
PNAIC 2015 - Texto 01 Concepção de infância, criança e educaçãoElieneDias
 
PNAIC 2015 - Brincadeiras de criança
PNAIC 2015 - Brincadeiras de criança PNAIC 2015 - Brincadeiras de criança
PNAIC 2015 - Brincadeiras de criança ElieneDias
 
PNAIC 2015 - A roda
PNAIC 2015 - A roda   PNAIC 2015 - A roda
PNAIC 2015 - A roda ElieneDias
 
PNAIC 2015 - Jogos e interdisciplinaridade
PNAIC 2015 - Jogos e interdisciplinaridadePNAIC 2015 - Jogos e interdisciplinaridade
PNAIC 2015 - Jogos e interdisciplinaridadeElieneDias
 
PNAIC 2015 - Uma experiência com os textos da tradição oral no ciclo de alfab...
PNAIC 2015 - Uma experiência com os textos da tradição oral no ciclo de alfab...PNAIC 2015 - Uma experiência com os textos da tradição oral no ciclo de alfab...
PNAIC 2015 - Uma experiência com os textos da tradição oral no ciclo de alfab...ElieneDias
 
PNAIC 2015 - Sequência didática majê molê.
PNAIC 2015 - Sequência didática majê molê.PNAIC 2015 - Sequência didática majê molê.
PNAIC 2015 - Sequência didática majê molê.ElieneDias
 
PNAIC 2015 - Formas de apresentação de histórias
PNAIC 2015 - Formas de apresentação de histórias  PNAIC 2015 - Formas de apresentação de histórias
PNAIC 2015 - Formas de apresentação de histórias ElieneDias
 
PNAIC 2015 - Educação do campo
PNAIC 2015 - Educação do campoPNAIC 2015 - Educação do campo
PNAIC 2015 - Educação do campoElieneDias
 
PNAIC 2015 - Currículo na perspectiva da inclusão e da diversidade
PNAIC 2015 - Currículo na perspectiva da inclusão e da diversidadePNAIC 2015 - Currículo na perspectiva da inclusão e da diversidade
PNAIC 2015 - Currículo na perspectiva da inclusão e da diversidadeElieneDias
 
PNAIC 2015 - Ciclo de alfabetização e os direitos de aprendizagem (1)
PNAIC 2015 - Ciclo de alfabetização e os direitos de aprendizagem (1)PNAIC 2015 - Ciclo de alfabetização e os direitos de aprendizagem (1)
PNAIC 2015 - Ciclo de alfabetização e os direitos de aprendizagem (1)ElieneDias
 
PNAIC 2015 - A dança da lingua e linguagem da dança
PNAIC 2015 - A dança da lingua e linguagem da dançaPNAIC 2015 - A dança da lingua e linguagem da dança
PNAIC 2015 - A dança da lingua e linguagem da dançaElieneDias
 
Lilito um amor de caracol
Lilito um amor de caracolLilito um amor de caracol
Lilito um amor de caracolElieneDias
 
PNAIC 2015 - Caderno 1 Currículo
PNAIC 2015 - Caderno 1 CurrículoPNAIC 2015 - Caderno 1 Currículo
PNAIC 2015 - Caderno 1 CurrículoElieneDias
 
PNAIC - MATEMÁTICA - Operações na resolução problemas
PNAIC - MATEMÁTICA - Operações na resolução problemasPNAIC - MATEMÁTICA - Operações na resolução problemas
PNAIC - MATEMÁTICA - Operações na resolução problemasElieneDias
 
PNAIC - MATEMÁTICA - Operações com números profa. shirley
PNAIC - MATEMÁTICA - Operações com números   profa. shirleyPNAIC - MATEMÁTICA - Operações com números   profa. shirley
PNAIC - MATEMÁTICA - Operações com números profa. shirleyElieneDias
 
PNAIC - MATEMÁTICA - Cálculos e algoritmos
PNAIC - MATEMÁTICA - Cálculos e algoritmosPNAIC - MATEMÁTICA - Cálculos e algoritmos
PNAIC - MATEMÁTICA - Cálculos e algoritmosElieneDias
 

Plus de ElieneDias (20)

PNAIC 2015 - Luas e luas
PNAIC 2015 - Luas e luas PNAIC 2015 - Luas e luas
PNAIC 2015 - Luas e luas
 
PNAIC 2015 - Texto 4 o lugar da cultura escrita na educação da criança
PNAIC 2015 - Texto 4   o lugar da cultura escrita na educação da criançaPNAIC 2015 - Texto 4   o lugar da cultura escrita na educação da criança
PNAIC 2015 - Texto 4 o lugar da cultura escrita na educação da criança
 
Texto 03 A criança, a educaçaõ infantil e o ensino fundamental de nove anos
Texto 03   A criança, a educaçaõ infantil e o ensino fundamental de nove anosTexto 03   A criança, a educaçaõ infantil e o ensino fundamental de nove anos
Texto 03 A criança, a educaçaõ infantil e o ensino fundamental de nove anos
 
PNAIC 2015 - Texto 02 A criança no ciclo de alfabetização
PNAIC 2015 - Texto 02 A criança no ciclo de alfabetizaçãoPNAIC 2015 - Texto 02 A criança no ciclo de alfabetização
PNAIC 2015 - Texto 02 A criança no ciclo de alfabetização
 
PNAIC 2015 - Texto 01 Concepção de infância, criança e educação
PNAIC 2015 - Texto 01 Concepção de infância, criança e educaçãoPNAIC 2015 - Texto 01 Concepção de infância, criança e educação
PNAIC 2015 - Texto 01 Concepção de infância, criança e educação
 
PNAIC 2015 - Brincadeiras de criança
PNAIC 2015 - Brincadeiras de criança PNAIC 2015 - Brincadeiras de criança
PNAIC 2015 - Brincadeiras de criança
 
PNAIC 2015 - A roda
PNAIC 2015 - A roda   PNAIC 2015 - A roda
PNAIC 2015 - A roda
 
PNAIC 2015 - Jogos e interdisciplinaridade
PNAIC 2015 - Jogos e interdisciplinaridadePNAIC 2015 - Jogos e interdisciplinaridade
PNAIC 2015 - Jogos e interdisciplinaridade
 
PNAIC 2015 - Uma experiência com os textos da tradição oral no ciclo de alfab...
PNAIC 2015 - Uma experiência com os textos da tradição oral no ciclo de alfab...PNAIC 2015 - Uma experiência com os textos da tradição oral no ciclo de alfab...
PNAIC 2015 - Uma experiência com os textos da tradição oral no ciclo de alfab...
 
PNAIC 2015 - Sequência didática majê molê.
PNAIC 2015 - Sequência didática majê molê.PNAIC 2015 - Sequência didática majê molê.
PNAIC 2015 - Sequência didática majê molê.
 
PNAIC 2015 - Formas de apresentação de histórias
PNAIC 2015 - Formas de apresentação de histórias  PNAIC 2015 - Formas de apresentação de histórias
PNAIC 2015 - Formas de apresentação de histórias
 
PNAIC 2015 - Educação do campo
PNAIC 2015 - Educação do campoPNAIC 2015 - Educação do campo
PNAIC 2015 - Educação do campo
 
PNAIC 2015 - Currículo na perspectiva da inclusão e da diversidade
PNAIC 2015 - Currículo na perspectiva da inclusão e da diversidadePNAIC 2015 - Currículo na perspectiva da inclusão e da diversidade
PNAIC 2015 - Currículo na perspectiva da inclusão e da diversidade
 
PNAIC 2015 - Ciclo de alfabetização e os direitos de aprendizagem (1)
PNAIC 2015 - Ciclo de alfabetização e os direitos de aprendizagem (1)PNAIC 2015 - Ciclo de alfabetização e os direitos de aprendizagem (1)
PNAIC 2015 - Ciclo de alfabetização e os direitos de aprendizagem (1)
 
PNAIC 2015 - A dança da lingua e linguagem da dança
PNAIC 2015 - A dança da lingua e linguagem da dançaPNAIC 2015 - A dança da lingua e linguagem da dança
PNAIC 2015 - A dança da lingua e linguagem da dança
 
Lilito um amor de caracol
Lilito um amor de caracolLilito um amor de caracol
Lilito um amor de caracol
 
PNAIC 2015 - Caderno 1 Currículo
PNAIC 2015 - Caderno 1 CurrículoPNAIC 2015 - Caderno 1 Currículo
PNAIC 2015 - Caderno 1 Currículo
 
PNAIC - MATEMÁTICA - Operações na resolução problemas
PNAIC - MATEMÁTICA - Operações na resolução problemasPNAIC - MATEMÁTICA - Operações na resolução problemas
PNAIC - MATEMÁTICA - Operações na resolução problemas
 
PNAIC - MATEMÁTICA - Operações com números profa. shirley
PNAIC - MATEMÁTICA - Operações com números   profa. shirleyPNAIC - MATEMÁTICA - Operações com números   profa. shirley
PNAIC - MATEMÁTICA - Operações com números profa. shirley
 
PNAIC - MATEMÁTICA - Cálculos e algoritmos
PNAIC - MATEMÁTICA - Cálculos e algoritmosPNAIC - MATEMÁTICA - Cálculos e algoritmos
PNAIC - MATEMÁTICA - Cálculos e algoritmos
 

PNAIC - Refletindo sobre a ortografia na sala de aula

  • 1. REFLETINDO SOBRE A ORTOGRAFIA NA SALA DE AULA Kátia Leal Reis de Melo PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA III ENCONTRO - FORMAÇÃO DE ORIENTADORES DE ESTUDO - 20 a 22 DE MAIO DE 2013
  • 2. PARA AJUDAR OS ALUNOS A AVANÇAREM NO DOMÍNIO ORTOGRÁFICO, É PRECISO LEVAR EM CONTA AS CARACTERÍSTICAS DAS QUESTÕES ORTOGRÁFICAS. AO PENSAR SOBRE ENCAMINHAMENTOS DIDÁTICOS, É NECESSÁRIO SEMPRE TER EM MENTE: O QUE O ALUNO PODE COMPREENDER? O QUE ELE PRECISA MEMORIZAR?
  • 3. A ortografia da Língua Portuguesa apresenta dificuldades regulares e irregulares, o aluno deve superar as questões ortográficas para as quais existe uma regra que pode ser compreendida. Quando não há regras é preciso memorizar a forma correta. Isso possibilita ao aprendiz o uso gerativo do saber ortográfico, capacitando-o a ler e a escrever palavras desconhecidas, além da economia mnemônica, uma vez que a ausência dos princípios ortográficos sobrecarregaria a memória, encarregada de estabelecer as conexões feitas quando a pessoa escreve. Uma proposta pedagógica eficiente deveria considerar a conscientização e a compreensão da norma ortográfica, para que haja aquisição satisfatória daquele objeto de conhecimento. É preciso levar em conta, sobretudo, a qualidade das experiências a que se vai submeter o aprendiz para que se tenha, de fato, uma prática pedagógica eficaz.
  • 4. SEQÜÊNCIAS DIDÁTICAS PARA A REFLEXÃO SOBRE A NORMA A questão do ensino da ortografia não é estabelecer uma seqüenciação artificial. Ao tomar decisões sobre o que e quando ensinar, o professor deve conjugar os casos regulares/irregulares com a freqüência de uso, tendo sempre em mente: “Das palavras nas quais meus alunos cometem erros, quais são as que eles mais usam na língua escrita?” “Que dificuldades ortográficas estão envolvidas nesses erros?” Tomando os erros dos alunos como indicadores do que é necessário ensinar, para decidir sobre seqüenciação e procedimentos de ajuda.
  • 5. Ao decidir sobre o que é prioritário, o professor precisa formular atividades que possibilitem aos alunos explicitar e discutir critérios que talvez não coincidam com o que é sustentado pela convenção ortográfica estabelecida, mas que surgem da reflexão dos aprendizes e são muito pertinentes como passo para encontrar a solução. O professor não dá aos alunos uma regra para memorizar, mas leva-os a formular suas próprias meta-explicações e a checá-las, de modo a que venham abordar a ortografia estrategicamente.
  • 6. Uma seqüência didática para o ensino da ortografia deve: a) Considerar as hipóteses do aluno. Ponto de vista conceitual. Estabelecer pontes entre esse conhecimento e formas mais próximas da norma ortográfica convencional (conhecimento formal). b) Desenvolver a habilidade metacognitiva. Solicitação de justificativas e explicações. A colocação de perguntas pertinentes e desafiadoras e de contra-exemplos propicia momentos de discussão e reflexão sobre os erros e acertos, as formas de pensar e de conduzir procedimentos de resolução ante as questões ortográficas. Isto favorece a metacognição, convidando o aluno a refletir sobre: a escrita das palavras, sua própria concepção e a concepção dos colegas, confrontando-as com a forma convencional da escrita.
  • 7. c) Favorecer a interação. Ações cooperativas entre os alunos e entre estes e o professor na construção de um saber compartilhado. É importante formar grupos heterogêneos, as possibilidades de trocas e negociações. A interação durante a resolução de um problema ortográfico, promove a explicitação verbal das hipóteses, recurso essencial para a explicitação consciente das peculiaridades da norma. d) Favorecer o papel de mediador do professor nas etapas de aquisição. Exige a formação continuada do professor.
  • 8. DISCUSSÃO DAS HIPÓTESES DE PARTIDA Extrato de observação 1 S1 : Rei, Rita e roupa é com um erre só. R: Mas carro é com dois. Prof: E o som? É diferente ou é o mesmo? Todos: É o mesmo. Prof: Como a gente sabe que é um “erre” ou “RR”? T: É “RR” porque é no meio e é mais forte. Prof: Quer dizer que no meio é sempre “RR”? Alguns: Não! tem um erre só, no meio também. M: Um erre só pode ficar no começo e no meio. E o “RR” não pode ficar no começo, só no meio.
  • 9. Após a discussão nos pequenos grupos, o professor pedia que cada grupo expusesse suas idéias, fomentava-se uma discussão/reflexão, questionando se os demais grupos concordavam com os colegas, ou se tinham algo a mudar ou a acrescentar. A seguir, está o registro de parte dessa vivência: Extrato de observação 2 S: O “RR” tem som de /R/a, e o erre tem de /r/a. Mas tem palavras que têm som de /R/a e é um erre só. T: Um erre só é fraco, dois erres é forte. Houve muita discordância e discussão sobre a questão som forte/ fraco do “R”. Alguns achavam que o /R/ era forte e /r/ fraco e outros defendiam o contrário. MR: O /r/ é tremido por isso é mais forte, parece uma metralhadora. T: Mas “RR” é mais forte. (E fala a palavra “carro”, acentuando a pronúncia do /R/). Prof.: Como vamos resolver este problema? Observem o som do erre nas palavras “carro” e “barata”, o que tem de diferente?
  • 10. S: Barata a língua treme e carro não treme. MR: O erre de barata é tremido. Prof: Em vez de falar que o som do erre é forte ou fraco, a gente pode dizer que um é ... S: Tremido. Prof: E o outro? Como chamaríamos o outro? T: Erre não tremido. Prof: O que vocês acham? Todos concordam com esta idéia? Em vez de forte e fraco, ser tremido e não tremido? Quando se chegava a algum consenso sobre alguma hipótese, o professor registrava no quadro de giz, e os alunos faziam o mesmo numa ficha, até que todas as idéias fossem expostas, discutidas e registradas. O registro do professor era fiel às idéias dos alunos. O professor elaborava um cartaz que continha tais idéias, o qual ficava fixado na sala de aula.
  • 11. Com a finalidade de extrair conclusões, procedia-se a uma discussão em torno de questões como: As hipóteses/idéias deram conta de todas as palavras? O que fazer com as palavras que sobraram? É necessário mudar, acrescentar ou retirar alguma coisa nas nossas idéias? O quê?... Solicitava-se, então, que os grupos reestruturassem suas idéias. Primeiramente, essa discussão se dava dentro dos pequenos grupos e, depois, o professor levava para o grande grupo e fazia junto com os alunos o registro das novas idéias no quadro (ou cartaz) e na ficha, respectivamente. A título de ilustração, a seguir se encontra um fragmento dessa vivência.
  • 12. Extrato de observação 3 A professora registra no quadro de giz as palavras que sobraram, por não combinarem com as “idéias”: fumar, voar, inventar, fazer. Prof: Por que estas palavras não combinam com as idéias? (As crianças esclarecem:) T: Não começa com erre. P: Não tem “RR” no meio. S: O som não é tremido. Prof: Será que estas palavras têm algo parecido? MR: Fumar, voar, inventar, fazer, termina tudo com erre. P: No fim só tem erre. R: Nunca vi palavra com “RR” no fim ... Prof: Precisamos mudar alguma das nossas idéias? (Gastam algum tempo relendo as idéias.) P: A idéia 2. MR: É! tem que ser ... erre pode ficar no começo no meio e no fim da palavra. Prof: Todos concordam? A idéia 2 é reformulada e registrada.
  • 13. CLASSIFICAÇÃO DE PALAVRAS O professor retomava com os alunos as últimas hipóteses. Em seguida, oferecia a cada grupo um envelope que continha um conjunto de palavras escritas em tiras de cartolina para ser classificadas e escritas na ficha no seu devido lugar, de acordo com as hipóteses prévias do aprendiz. O professor estimulava os alunos questionando o porquê de suas opções, de modo a favorecer a reflexão e discussão e a fomentar a possível necessidade de reestruturação. As vivências dos pequenos grupos eram levadas para o grande grupo, onde eram compartilhadas dúvidas, reestruturações e o registro das novas idéias.
  • 14. Extrato de observação 4 Entre as palavras que trouxeram mais dificuldades estava: “honra” e “genro”. Foi sugerido pelas crianças, de início, que a pronúncia estaria errada, pois se tinha um erre no meio, deveria ser /r/ e não /R/. Mas o restante do grupo retrucou, alegando que a palavra era hon/R/a e gen/R/o com /R/ e que não existia hon/r /a e gen/r/o.) P: “Como pode ter som de /R/ e escrever com um erre? assim vai ficar /r/a. R: Ah! então vai ver que está escrito errado ... Prof: Mas não está escrito errado. Esta é a forma correta. N: Sei não ... R: É melhor procurar no dicionário pra ver como está escrito. (Constatam no dicionário que a grafia das palavras estava correta e concordam que suas hipóteses são insuficientes.) M: A gente não tem uma idéia que sirva para estas palavras.
  • 15. A professora sugere que observem as palavras e comparem estas com as demais, e tentem pensar numa nova idéia. Apenas uma criança propõe a seguinte hipótese (idéia): R: “Quando tem “n” no meio da palavra e a gente quer fazer o som de “/R/a” usa “R”. O restante do grupo não concordou com a idéia, como não apareceu outra, procedeu-se ao seu registro, sabendo-se que ela poderia ser alterada ou descartada, se verificada sua inviabilidade Extrato de observação 4 - Continuação Idéias novas: - Quando a gente quer fazer o erre tremido no meio da palavra, como nas palavras maracatu e grito, usa “R”. - Quando tem “N” no meio da palavra, e a gente quer fazer o som /R/ a, usa “R”. Extrato de observação 5
  • 16. DITADO DE PALAVRAS As atividades de escrita envolviam apenas uma cópia ou leitura de palavras. O ditado teve como propósito verificar a aplicação das hipóteses construídas durante as atividades anteriores. Os alunos eram avisados de antemão que iriam fazer um ditado diferente. O professor, então, explicava que toda vez que ele ditasse uma palavra, primeiro elas teriam um tempo para discutir e combinar com os colegas do grupo sobre sua grafia e depois é que deveriam proceder à escrita. Em seguida, o professor retirava e mostrava cada cartela do envelope de correção, solicitando que checassem sua escrita e promovendo uma discussão e reflexão no grupo sobre os erros e acertos. As grafias incorretas não deveriam ser apagadas, mas circuladas com lápis de cor e suas devidas correções escritas ao lado. Do mesmo modo que nas atividades anteriores, caso necessário, deveria estimular o processo de reestruturação das hipóteses que se tinha em mãos e registrá-las.
  • 17. FICHA DE MOVIMENTO Foram utilizadas fichas de movimento (pequenos cartazes que continham figuras, cujos nomes tinham “R” ou “RR”), pequenas cartelas de papel que incluíam palavras, envolvendo os usos de “R” e “RR”, os quais estavam destacados em negrito, cola e lápis. Após a distribuição do material entre os alunos, o professor solicitava que procurassem as que continham os nomes referentes às figuras que se encontravam na parte superior da ficha e que as colassem no lugar indicado,
  • 18. Em seguida, orientava para que observassem em que lugar a letra/dígrafo em estudo aparece dentro da palavra e seu respectivo som. Pedia, então, que prosseguissem arrumando e colocando as cartelas, de modo que as palavras fossem classificadas com base nesta descoberta (lugar que a letra ocupa na palavra e o som). Mais uma vez, o professor orientava para que os alunos observassem, refletissem e discutissem sobre a localização e o som da letra, confrontando e comparando com as hipóteses levantadas anteriormente, favorecendo, assim, que extraíssem novas conclusões.
  • 19. Extrato de observação 6 Prof: Observem as palavras da coluna de “carro”. O que têm de semelhante? T: Têm dois erres. Prof: Que mais? MR: É não tremido. Na outra (referindo-se à coluna do “peru”) é tremido. Prof: Tá na mesma posição? Grupo: Tá Prof: Observem quais são as letras ao lado do erre. R: Os vizinhos são vogais. Prof: Em todas elas? Grupo: É. Prof: E quais são as letras vizinhas do erre nas palavras da coluna de “peru”? S: É vogal P: É tudo vogal também. Prof: Quando os vizinhos são vogais como é que a gente sabe se vai usar “R” ou “RR”? S: Tremido é um erre. R: Quando não é tremido é “RR”.
  • 20. Prof: A idéia é esta? Quando os vizinhos são vogais e o erre for tremido usa “R” e quando não for tremido usa “RR”? É essa a idéia, então? Todos concordam? (Depois da concordância do grupo sobre as colunas do “peru” e do “carro”, passam a refletir e analisar a coluna de “honra”.) R: Tem o mesmo som do “RR”. Prof: Mas está escrito com “R “ou “RR”? MR: Tem um erre e tem o som do “RR”. Prof: E aí? Chegamos ao velho problema ... como a gente vai saber se escreve “R” ou “RR”? R: Porque tem um “N”(ene). S: É, antes do erre tem um “N”. Prof: O “N” é consoante ou vogal? Grupo: consoante. Prof: Quais são as letras vizinhas do erre, na coluna de “honra”? P: Tem vogal e tem consoante. S: Na outra (referindo-se à coluna de “carro”) só é vogal. A: “Peru” devia ser com “RR” porque o vizinho é vogal e só tá com um. S: É porque é tremido. (Depois de longa discussão e negociação, formulam as seguintes hipóteses: RR - Quando o som não é tremido, e os vizinhos são vogais. R - Quando o som não é tremido, e os vizinhos são misturados, vogal e consoante.)
  • 21. CONFECÇÃO DO CARTAZ COM AS REGRAS Teve como objetivo sintetizar, ilustrar e registrar as hipóteses finais sobre o uso da letra e do dígrafo em estudo, que refletem a regra ortográfica convencional. O professor convidava os alunos a fazer um cartaz que mostrasse suas idéias sobre o uso do “R” e do “RR”, para que ficasse na sala de aula e onde eles pudessem ir colando as palavras que desejassem e que nele se encaixassem. A ficha de movimento foi usada como idéia para a montagem do cartaz. O professor guiava a execução do cartaz de modo que nenhuma situação de uso do “R” ou “RR” fosse deixada de fora, mas respeitando as idéias dos alunos. Ao término da atividade, havia sido montado um cartaz ilustrado com gravuras e exemplos de palavras (ver quadro abaixo) que sintetiza a construção da regra, por parte dos alunos. O cartaz ficou fixado na sala de aula.
  • 22.
  • 23. Complementando e aprofundando a atividade anterior, foi solicitado dos alunos como tarefa de casa que pesquisassem e recortassem palavras que envolviam os diversos usos do “R” e “RR”, observando o som e sua localização na palavra. Na sala de aula, procederam à colagem das palavras pesquisadas no cartaz, de modo a classificá-las em função da localização e do som da letra. À medida que colavam suas palavras, os alunos justificavam a sua classificação. O professor então estimulava reflexão de questões como: Onde a letra em estudo nunca é usada? Existe alguma possibilidade de se usar outra letra com o mesmo valor? Como saber quando será uma ou outra? A hipótese atual dá conta de todas as palavras com a letra em estudo? É necessária alguma mudança? Após a discussão, registrava as conclusões.
  • 24. DITADO FINAL O objetivo era certificar-se de que os alunos estariam de posse e fazendo uso gerativo de uma hipótese sobre o uso da letra e do dígrafo em estudo, de modo a realmente refletir as regras convencionais. O professor explicava aos alunos que elas fariam um ditado individual de um texto com palavras pouco conhecidas e que procurassem escrevê-las lembrando as idéias que foram construídas. Após o ditado, solicitava-se que as crianças dissessem como cada palavra foi escrita, justificando suas opções. Por exemplo, o professor pedia que algum aluno fosse ao quadro e escrevesse a palavra e justificasse seu procedimento e, em seguida, lançava para o grande grupo questões como: “Todos concordam com o que a colega escreveu? Por quê? Quem escreveu diferente? Por quê? As nossas idéias ajudaram a escrever estas palavras?” Durante a discussão, o professor procurava sintetizar a hipótese compatível com a regra convencional e refletir sobre a funcionalidade desse conhecimento.
  • 25. É importante destacar que, apesar do conhecimento ortográfico se definir basicamente no nível da palavra e não do texto, o ensino de ortografia pode tomar como objeto de análise tanto palavras, como, de modo geral, ocorreu na seqüência didática anteriormente apresentada, quanto textos. O uso do texto como objeto de análise facilitaria, por exemplo, a construção e a compreensão das regularidades morfossintáticas do tipo “ICE” ou “ISSE”: é com “C” nos nomes formados a partir de adjetivos (tolice) e com “SS” nas terminações verbais (subisse). Ao tomar, porém, um texto para ensinar ortografia, deve-se ter o cuidado de que ele seja conhecido e que já tenha sido lido previamente. Pois, como bem coloca Morais (1998): “Usar um texto desconhecido para desencadear a reflexão ortográfica seria distorcer a natureza e as finalidades do ato de ler um texto pela primeira vez” (p. 82).
  • 26. As seqüências didáticas devem ser pensadas para fazer o aluno refletir, descobrir e compreender que existem casos na norma ortográfica que não são regidos por regras e que, portanto, precisam ser memorizados, levando-os a desenvolver estratégias para lidar com esses casos e facilitar a memorização. Nesse sentido, o professor deve apelar, sempre que possível, para os diversos tipos de memória quando se deparar com os casos de concorrência, seja de várias formas de representações gráficas para o mesmo som, ou vice-versa. Uma alternativa seria, por exemplo, apelar para a memória semântica pedindo aos alunos que fizessem associações entre palavras constituintes de uma mesma família, como, por exemplo, levá-los a perceber que “caçador”, “caça”, “caçada” é escrito com “Ç” porque vem de “caçar”, que também se escreve com “Ç”. Ou ainda, construir listas de palavras, freqüentes e usuais, envolvendo uma irregularidade ortográfica. Tais listas poderiam ser expostas em cartazes e nelas poderiam ir sendo acrescentadas outras palavras que se fizessem necessárias.
  • 27. CONSIDERAÇÕES FINAIS A possibilidade de considerar a ortografia como objeto de conhecimento para se refletir sobre e passível de compreensão parece uma solução bastante feliz e necessária, se o que se deseja é um ensino que promova uma aprendizagem significativa, eficiente e estável. Aqueles que se prestam a lembrar todas as letras de todas as palavras nunca conseguirão. Aqueles que tentam escrever apenas pelo som serão derrotados. Aqueles que aprendem a caminhar pelas palavras com expectativa e sensibilidade, atentando para os sons, para as afinidades de significados e dos padrões, saberão o que lembrar, e aprenderão a escrever em inglês (português). (H. Henderson, citadas em Templeton e Bear,1992).
  • 28. REFERENCIA: MELO, Kátia Leal Reis de. Refletindo sobre a ortografia na sala de aula. In: SILVA, Alexsandro da. Ortografia na sala de aula / organizado por Alexsandro da Silva, Artur Gomes de Morais e Kátia Leal Reis de Melo . – 1. ed., 1. reimp. – Belo Horizonte: Autêntica, 2007. MORAIS, A. G. Ortografia: ensinar e aprender. São Paulo: Ática, 1998.