O documento discute os resultados de uma pesquisa sobre o uso de tabaco, álcool e outras drogas entre estudantes. A pesquisa encontrou que a experimentação e consumo de substâncias é menor entre os estudantes do que as médias nacionais, com exceção do consumo de tabaco por meninos. Há evidências de que a experimentação inicial com tabaco leva ao consumo de outras drogas.
2. 5.1 Experimentação e consumo de tabaco
28% dos inquiridos já experimentaram tabaco.
As raparigas experimentam mais do que os rapazes.
Os jovens do 10.º ano são os que referem mais frequentemente ter
experimentado tabaco.
90,2% dos alunos inquiridos não fuma. São 2,6% os inquiridos que dizem
fumar diariamente.
São os rapazes os que mais consomem tabaco em todos os tipos de consumo.
Os inquiridos do 10.º ano são os que apresentam percentagens maiores de
consumo.
Em todas as comparações sobre experimentação, 3 no total, as percentagens
de experimentação de tabaco pelos alunos inquiridos são inferiores às percentagens
médias nacional e da OCDE.
Relativamente ao consumo de tabaco, todas as comparações, 4 ao todo,
mostram que as percentagens de consumo de tabaco pelos alunos inquiridos são
inferiores às percentagens médias nacional e da OCDE, com excepção para os rapazes
nos tipos de consumo “Pelo menos uma vez por semana” e “Menos de uma vez por
semana”.
5.1.1 Relação entre experimentar tabaco e consumir tabaco
Dos inquiridos que referem ter experimentado tabaco, 35% passaram a
consumir tabaco. Destes 35%, 16% consomem tabaco todos os dias ou pelo menos
uma vez por semana. Portanto, claramente, a prevenção da experimentação resulta
prioritária.
5.1.2 Relação entre experimentar tabaco e experimentar outras drogas
18,6% dos que experimentaram tabaco experimentaram outras drogas. O que
parece indiciar a existência de uma relação entre o experimentar tabaco e
experimentar outras drogas.
5.1.3 Relação entre experimentar tabaco e consumir outras drogas
Dos inquiridos que referem ter experimentado tabaco 11,6% passaram a
consumir outras drogas. Também aqui a prevenção da experimentação do tabaco
parece de interesse primeiro.
5.1.4 Relação entre consumir tabaco e consumir outras drogas
75% dos inquiridos que se dizem fumadores referem ter consumido outras
drogas no último mês. Este dado pode ser revelador da existência de relação entre
consumo de tabaco e consumo de outras drogas. Mais uma vez a prevenção da
experimentação do tabaco poderá antever‐se como de interesse prioritário.
3.
5.1.5 Relação entre consumir tabaco e ambiente familiar
Perece não haver dificuldades de comunicação e de relacionamento entre os
fumadores e os membros da sua família.
5.1.6 Relação entre consumir tabaco e ambiente escolar
Todos os inquiridos fumadores dizem gostar de se juntar com os seus amigos e
estes com eles, que os seus amigos são simpáticos e prestáveis e serem aceites pelos
seus amigos como são.
A esmagadora maioria dos jovens inquiridos que referem ser fumadores diz
gostar da sua escola.
Apenas 6,6% dos inquiridos fumadores referem considerar que os seus
professores os pensam com capacidades académicas (escolares) inferiores à média.
5.1.7 Sugestões de trabalho/intervenção
Sobre o uso do tabaco, parece‐nos confirmarem‐se as consequências referidas
na revisão da literatura: ao uso do tabaco parece associar‐se a consequência do uso de
outras drogas. E neste sentido, a elaboração e execução de programas de prevenção
da experimentação de tabaco surgem prioritárias na nossa escola.
Fica a merecer mais atenção o reforço positivo das capacidades académicas
(escolares) de todos os alunos pelos professores, mais concretamente, o
reforço/educação do factor individual auto‐estima de todos os alunos.
Perece‐nos importante estudar melhor o que é que leva as raparigas a
experimentar mais tabaco do que os rapazes e, no entanto, a consumirem menos
tabaco do que estes.
Desta forma, poder‐se‐ia, de alguma maneira, intervir para adiar/retardar ao
máximo a experimentação do tabaco por parte de ambos os géneros, por um lado, e a
promover nos rapazes prováveis e transferíveis factores de resistência das raparigas
ao consumo de tabaco, por outro.
5.2 Experimentação e consumo de álcool
67% dos inquiridos já experimentaram bebidas alcoólicas.
As raparigas experimentam mais do que os rapazes todo o tipo de bebidas.
Os alunos do 10.º ano são os que mais referem ter experimentado bebidas
alcoólicas.
A cerveja é a bebida mais experimentada, seguida das bebidas destiladas e
estas do vinho (na esmagadora maioria dos casos, vinho espumante).
Nos dados recolhidos não constam registos de inquiridos consumidores
diários de bebidas alcoólicas.
O tipo de consumo de álcool mais verificado é “Todas as semanas/meses”
sendo as bebidas destiladas as mais consumidas. Todavia, é de realçar que a
esmagadora maioria, acima de 90%, dos alunos inquiridos refere que raramente ou
nunca (e aqui o nunca é a maioria significativa) consome bebidas alcoólicas.
São os rapazes que mais referem consumir bebidas alcoólicas e são também
os inquiridos do 10.º ano os que mais consomem bebidas alcoólicas.
4. Quanto à embriaguez, a esmagadora maioria, 92,2%, dos inquiridos afirma
nunca ter estado embriagado.
Os inquiridos que referem ter‐se embriagado frequentam o 10.º ano e é nos
rapazes que se regista um maior número de embriaguez.
Quanto às comparações efectuadas sobre o uso de álcool, 11 no total, os
alunos inquiridos registam percentagens de comportamentos de saúde mais
favoráveis em relação às percentagens médias nacionais e da OCDE.
5.2.1 Relação entre consumir álcool e consumir outras drogas
Não há registos de inquiridos que refiram consumir álcool todos os dias ou
todas as semanas/meses e outras drogas regularmente ou mais que uma vez.
5.2.2 Relação entre a embriaguez do tipo “Quatro ou mais vezes” e o ambiente
familiar
Salienta‐se o facto dos inquiridos que referem ter‐se embriagado quatro ou
mais vezes, 2,6%, serem todos rapazes.
De resto, parece existir uma boa relação entre os inquiridos que referem ter‐se
embriagado quatro ou mais vezes ao longo da vida, a família e o ambiente familiar,
pois manifestam facilidade em falar com todos os membros da sua família e
enquadram‐se em contextos familiares típicos. Pensamos que tal se deve a serem
inquiridos que manifestam este comportamento episodicamente, uma vez que mais
de 90% dos inquiridos afirma raramente ou nunca (e aqui mais de 90% dos casos
refere nunca) ter consumido bebidas alcoólicas. No entanto, parece‐nos não ser de
desvalorizar os registos de casos de embriaguez facto que deve merecer mais atenção
no futuro.
5.2.3 Relação entre a embriaguez do tipo “Quatro ou mais vezes” e o ambiente
escolar
Parece haver uma relação entre os inquiridos que dizem ter‐se embriagado
quatro ou mais vezes, 2,6%, a escola e o ambiente escolar. Pois, todos mencionam:
‐ gostar da sua escola e achar que os seus professores os pensam com
capacidade académica (escolar) boa/média ou superior à média;
‐ gostar de se juntarem aos seus amigos e estes a eles, que os seus amigos são
simpáticos e prestáveis e que estes os aceitam como são.
5.2.4 Sugestões de trabalho/intervenção
De realçar que os resultados relativos ao uso de álcool na escola não
permitiram confirmar as consequências referidas na revisão da literatura.
Sobre o uso de álcool, as raparigas experimentam mais do que os rapazes mas
consomem menos do que estes.
Perece‐nos, portanto, importante estudar melhor o que é que leva as raparigas
a experimentar mais álcool do que os rapazes e, no entanto, a consumirem menos
álcool do que estes.
5. Desta maneira, poder‐se‐ia, de alguma forma, intervir para adiar/retardar ao
máximo a experimentação do álcool por parte de ambos os géneros, por um lado, e a
promover nos rapazes prováveis e transferíveis factores de resistência das raparigas
ao consumo de álcool, por outro.
5.3 Experimentação e consumo de outras drogas
A esmagadora maioria, 94%, dos inquiridos refere não ter experimentado
outras drogas.
São os rapazes os que mais referem ter experimentado outras drogas.
O haxixe/erva é, das outras drogas, a droga mais experimentada pelos
inquiridos que dizem ter experimentado outras drogas.
Entre os géneros, os rapazes que dizem ter experimentado outras drogas
são os que mais frequentemente referem ter experimentado haxixe, heroína e doping.
Já as raparigas dizem ter experimentado mais frequentemente LSD e Ecstasy.
Entre anos de escolaridade, são os inquiridos do 10.º ano os que mais
referem ter experimentado outras drogas.
96,8% dos inquiridos afirma não ter consumido outras drogas no último
mês.
98%, em média, dos inquiridos diz nunca ter consumido cannabis ao longo
da vida e no último ano.
De entre os inquiridos que afirmam consumir outras drogas, são os rapazes
os que mais vezes consomem cannabis ao longo da vida e as raparigas as que mais
vezes dizem ter consumido cannabis no último ano.
Entre anos de escolaridade, são os inquiridos do 10.º ano os que mais
frequentemente referem consumir mais vezes cannabis ao longo da vida e no último
ano.
Quanto ao consumo de cannabis no último mês, não há registos de
inquiridos que afirmem ter consumido cannabis no último mês.
Também relativamente ao uso de outras drogas se deve realçar que num
total de 13 comparações, as percentagens de comportamentos de saúde mais
favoráveis, em relação às percentagens médias nacionais e da OCDE, se verificam na
amostra dos inquiridos da nossa escola.
5.3.1 Relação entre consumo de outras drogas no último mês e ambiente familiar
Uma percentagem muito significativa, a esmagadora maioria, dos inquiridos
que afirma ter consumido outras drogas no último mês diz ter facilidade em falar com
ambos os progenitores e enquadrar‐se em contextos familiares tradicionais.
Pensamos, portanto, que no contexto do nosso estudo parece não haver relação entre
consumo de outras drogas no último mês, família e ambiente familiar. Tal facto
poderá dever‐se ao consumo não regular, ou seja, a não existir um grau de
dependência que possa reflectir‐se negativa e notoriamente na relação com a família
e o ambiente familiar.
5.3.2 Relação entre consumo de outras drogas no último mês e ambiente escolar
Dos 3,3% de inquiridos que referem ter consumido outras drogas no último
mês:
6. ‐ a maioria (60%) gosta da escola, acha que os seus professores os pensam com
capacidade académica (escolar) boa/média, gosta de estar com os seus amigos e
estes com eles, acha os seus amigos simpáticos e prestáveis e considera‐se aceite
como é por estes;
‐ 40% diz não gostar da escola, achar que os seus professores os pensam com
capacidade académica (escolar) boa/média ou superior à média, diz gostar de se
juntar aos seus amigos e estes a eles e dividem‐se igualmente, no entanto, entre
considerarem os seus amigos simpáticos e prestáveis e serem aceites como são por
estes e não ser verdadeiro nem falso os seus amigos serem simpáticos e prestáveis e
não ser verdadeiro nem falso serem aceites como são pelos seus amigos.
5.3.3 Sugestões de trabalho/intervenção
Os resultados do nosso estudo não permitem confirmar as consequências
associadas ao consumo de outras drogas mencionadas nos estudos empíricos
referidos na revisão da literatura, a não ser a questão do não gostar da escola se esta
quiser dizer pré‐desistência ou pré‐abandono escolar.
Embora a percentagem de alunos inquiridos que afirma ter consumido outras
drogas no último mês não seja significativa, todos estes alunos considerem que os
seus professores os pensam com capacidade académica (escolar) boa/média ou
superior à média e a maioria dizer gostar da sua escola, parece‐nos que esta deve no
futuro próximo promover/desenvolver um trabalho que lhe permita:
‐ adiar/retardar o mais possível a experimentação de outras drogas;
‐ perceber e conhecer melhor a relação entre o consumo de outras drogas e o
gostar da escola para assim poder elaborar programas multidisciplinares de
intervenção/prevenção dirigidos e adequados.
5.4 Conclusão global final
Os resultados deste estudo não confirmam as consequências relacionais
referidas nos estudos empíricos constantes da revisão da literatura, isto é, não
confirmam a existência de relação entre o uso de substâncias (tabaco, álcool e outras
drogas), a família e o ambiente familiar e a escola e o ambiente escolar, tendo em
conta as variáveis em estudo constantes do instrumento (questionário) de recolha de
dados utilizado. Uma das razões para que tal relação não se evidencie poderá residir
nos consumos de tipo não regular dos alunos inquiridos.
Os resultados do nosso estudo mostram que a Escola Secundária Quinta das
Palmeiras pode ser considerada uma Escola de comportamentos significativamente
favoráveis à saúde, tomando por base os referentes médios nacionais e da OCDE.