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guia metodológico
Formação para a Inc
Num quadro social e económico competitivo, como aquele que actualmente vivemos, importa não ficar alheio aos desafios que
em simultâneo se colocam, em matéria de solidariedade e coesão social.
É neste enquadramento que surge a publicação, pelo IQF, do presente Guia Metodológico, o qual se destina, justamente, a apoiar
o reforço das competências de organizações e profissionais que operam no âmbito da Formação para a Inclusão.
O trabalho que agora se apresenta, entre outros objectivos, pretende facilitar, a partir de um quadro de reflexão crítica, por parte
nomeadamente, dos operadores de formação, a exploração de novos métodos e ferramentas de trabalho que possibilitem, do
ponto de vista da qualidade intrínseca e adequabilidade aos públicos, uma mais conforme estruturação das respectivas
intervenções.
A realização de processos formativos de qualidade, destinados a públicos em risco ou mesmo em situações de exclusão, deverá
constituir-se numa oportunidade de excelência, para o enriquecimento do património dos indivíduos, designadamente por via do
desenvolvimento de dimensões cognitivas, relacionais, de organização para a vida e capacidade de resolução de problemas,
baseadas em valores essenciais.
Importa porém ter ainda em conta que a tipologia de públicos-alvo abrangidos pelo presente trabalho, não é de natureza
homogénea o que determina sejam tidos em consideração os necessários ajustamentos, desde a concepção, ao planeamento,
execução ou avaliação dessas intervenções, sem deixar de ter em conta questões de carácter pedagógico e social específicos,
como os níveis de individualização do processo de aprendizagem, desenvolvimento de condições de sociabilização e demais
apoios extra-formativos.
Refira-se ainda que o presente trabalho, pelas características que encerra, não deixará seguramente de ter interesse, para as
entidades que operando junto destes públicos, não são formadoras, uma vez que a apropriação dos princípios e metodologias
propostas, lhes possibilitará um diálogo facilitado, com os designados operadores de formação.
Uma palavra ainda de agradecimento aos peritos externos e parceiros institucionais, que connosco colaboraram, seja pela
qualidade dos respectivos contributos seja pelos incentivos à prossecução de um trabalho, naturalmente difícil, mas em todo o
caso um contributo, que acreditamos ser importante, para quem trabalha na área da Inclusão.
Nota de AbertuNota de Abertu
O Conselho Directivo
AgradecimentAgradeciment
Este documento contou com sucessivas leituras e olhares críticos de múltiplos actores e organizações, aos quais não podemos
deixar de agradecer o seu contributo de melhoria do produto final.
Agradecemos a colaboração empenhada da Dr.ª Maria Everilde Silva e da Dr.ª Teresa Silva Alves, bem como os contributos
institucionais das entidades participantes nas várias sessões de validação do presente Guia Metodológico:
- PIC EQUAL
- POEFDS, Eixo 5
- Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP)
- Associação para a Recuperação do Cidadão Inadaptado da Lousã (ARCIL)
- Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas (ACIME)
- Instituto de Reinserção Social
- Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado
- Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP)
- Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas
- Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP)
- Centro de Formação Profissional para o Comércio e Afins (CECOA)
- Outros parceiros sociais
Um último agradecimento ainda aos Colegas de todas as Unidades Orgânicas do IQF que também participaram na melhoria do
documento.
009
037
121
245
335
Índice
Introdução
Enquadramento da Proposta Metodológica
Autodiagnóstico
Proposta metodológica
Recursos
Questionário de Avaliação do Guia
- A que necessidades procura dar resposta
- Objectivos
- Destinatários
- Opções metodológicos seguidas
- Como está organizado
- Apropriação e exploração
- Princípios orientadores
- Inserção Social e Profissional
- Metodologias Participativas - empowerment e parcerias
- Igualdade de Oportunidades
- Grandes finalidades
- Proposta metodológicas
- Diagnóstico social e das dinâmicas territoriais
- Diagnóstico de expectativas e necessidades individuais de formação
- Diagnóstico de necessidades de formação e oportunidades domercado de trabalho
- Construção da intervenção formativa
- Definição da estratégia avaliativa
- Definição e mobilização dos meios humanos e materiais
- Acompanhamento dos/as formandos/as
- Acompanhamento da Formação em Contextode Trabalho
- Avaliação da intervenção
- Referências Bibliográficas
- Sites
- Outros recursos
IDENTIFICAR Necessidades
PREPARAR a Intervenção
ACOMPANHAR a Intervenção
RECONHECER Processos e Resultados
351
319
017
027
035
Introdução
011
Introdução
Colecção Metodologias
O contexto socioeconómico português é fortemente determinado pelo baixo nível de instrução e de
qualificações da população activa, apesar de recentes evoluções positivas. Acresce-lhe ainda a
persistência de um elevado peso do desemprego de longa e de muito longa duração no desemprego
total, bem como a existência de taxas elevadas de pobreza que configuram situações complexas e
potencialmente geradoras de exclusão social. Nestas situações, destaquem-se grupos com especiais
problemas de(re)inserção nomercado detrabalho, comojovens, trabalhadoresmais velhos,mulheres,
minorias étnicase desempregados.
O sistema de formação profissional apresenta-se como um instrumento estratégico na procura de um
desenvolvimento sustentável apoiado na dupla componente de prosperidade económica e equidade
social. Um tal sistema, de qualidade e promotor da modernização da economia portuguesa, da
competitividade e desenvolvimentointra e interorganizaçõese da equidade social, nãopode deixar de
procurar desenhar e implementar propostas adequadas aos públicos mais vulneráveis, visando o
aumento do seunível de empregabilidadee apromoção da coesãosocial.
O Quadro Comunitário de Apoio para Portugal para o período 2000 a 2006 (QCA III), enquanto
importante instrumento financeiropara o desenvolvimentonacional, propõe-se promoveresse reforço
da competitividade eda coesão social(IGFSE, 2004). No que diz respeito aoeixo Desenvolvimento de
Recursos Humanos, o actual QCA estabelece como prioridade de intervenção, entre outras, o reforço
do investimento na reinserção social e profissional dos desempregados e de outros grupos com
dificuldades de inserção socioprofissional, valorizando-se a especificidade dos públicos envolvidos e
apoiando-se os investimentos destinados à qualificação profissional e à adequação ao contexto de
trabalho (op. cit., 2004).
Os Planos Nacionais,instrumentos de aplicaçãonacional das directivascomunitárias, são tambémclaros
na emanação de recomendações relativas à necessidade de procurar propostas ajustadas à inserção
profissional de públicos socialmente fragilizados. O Plano Nacional de Emprego para o período 2003-
2006 (RCM, 185/2003, de 3 de Dezembro), define-o na directriz 7, defendendo o objectivo de
promover a inserçãono mercado detrabalho de pessoasdesfavorecidas e combatera discriminação de
que são alvo. O Plano Nacional de Acção para a Inclusão para 2003-2005 (RCM, 192/2003, de 23 de
Dezembro), procurando umaredução progressiva dapobreza e daexclusão social, defendea criação,
para as pessoas que pertencem a grupos mais vulneráveis da população, de percursos de
acompanhamento para oemprego e damobilização, para oefeito, das políticasde formação (no âmbito
do objectivo 1.1.Promover aparticipação noemprego).
Nesta missão depromoção da coesãosocial via eixoEducação - Formação - Emprego,tem o Estado um
papel fundamental, e várias são as ofertas públicas neste domínio. Todavia, não esgota em si esta
responsabilidade. A sociedade civil tem desempenhado, a este nível, um papel fundamental: o chamado
Terceiro Sector tem sido, nas últimas duas décadas, um sector em franca expansão, quer
quantitativamente, quer no que diz respeito a visibilidade social. Neste âmbito, surgem iniciativas de
criação de emprego, de economias de proximidade, através de pequenas empresas, microempresas,
012
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
iniciativas deauto-emprego, cooperativas, etc.Estas iniciativas caracterizam-sepor absorveruma parte
das funções tradicionalmente exigidas ao Estado, tendo encontrado terreno fértil em Portugal, país
caracterizado por umEstado-Providência fracoe poruma sociedade providênciaforte (Ferreira,2003).
O panorama da formação profissional não é alheio a esta emergência da sociedade civil. De facto, em
2002, as entidades formadoras cuja missão principal é a acção social constituíam 12 % do total das
entidades formadoras acreditadasem Portugal (3º lugarentre as maisrepresentadas) (INOFOR, 2002b).
Estas entidades, realizamformação dirigida a públicos-alvo específicos, tais como cidadãos portadores
de deficiência, membrosde minorias étnicasou religiosas, populaçõesem situações derisco clínico ou
social, jovens e idosos, grupos com reduzida representação estatística aos quais as ofertas formativas
estabilizadas e decariz universal nãosão dirigidas e/oueficazes. Se ossubsistemas oficiais deeducação e
formação têmapresentado inúmerasfragilidades, oumesmo profundainadequação, noque dizrespeito
ao seusucesso eeficácia juntode públicosespecíficos, estasentidades procuram,por seulado, outrotipo
de propostas.
O Instituto para a Qualidade da Formação, enquanto instituto público vocacionado para o reforço da
qualidade e eficácia do sistema de formação profissional, tem vindo a produzir reflexões e
recomendações metodológicas com vista à melhoria das intervenções formativas dirigidas a grupos
1sociais em situaçãode desvantagem e/oupouco escolarizados . Propõe-se agora conceber eproduzir
Guias Metodológicos que procuram constituir-se como instrumentos práticos de apoio à melhoria da
qualidade das práticas das entidades formadoras, procurando, no limite, o aumento dos níveis de
qualificação e de empregabilidade da população activa portuguesa em geral, e particularmente dos
públicos em vulnerabilidadesocial. É nestecontexto que seintegra o presenteGuia.
Os constrangimentos sociais e económicos da realidade, as desvantagens de partida (educacionais,
culturais, de oportunidades,financeiras) das pessoasem exclusão sociale afragilidade e/ou dependência
financeira da maioriadas entidades aoperar na intervençãosocial, são terrenofértil para umaacrescida
dificuldade no atingirde padrões dequalidade e deeficiência das intervençõesformativas desenvolvidas
nestes contextos.
Poroutro lado, aescassa oferta demetodologias e instrumentosnesta área deformação tem dificultadoa
introdução sistemática demelhorias ao níveldas práticas formativas.
Neste sentido, esteGuia visa darum contributo válidode elevação dospadrões de qualidadee exigência
das intervenções formativas e de inserção social, contribuindo para a profissionalização de uma
A que necessidades procura dar resposta
1 Cf. Prudêncio,M. (1999); Graça,Milagre & Pereira (1999); Milagre,Passeiro &Almeida (2002); Vilhena& Almeida (2002).
013
Colecção Metodologias
intervenção que, emboracom profundas alteraçõesnas últimas décadas,carece ainda deuma evolução
de qualidade.
O conjunto de propostas teóricas e metodológicas apresentadas inscrevem-se numa abordagem
sistémica da intervenção formativa/social e num conceito que visa distanciar-se da visão moralista de
colocar “nobom caminho osdesviados”.
A adopção do conceito de “inclusão” por contraponto a “integração” traduz esse novo paradigma da
intervenção social centradono propósito defazer emergir osgrupos em situaçãode desvantagem dasua
condição de excluídos, implicando-os nos processos, devolvendo-lhes uma necessária margem de
escolha, para osapoiar no traçardos percursos paraa concretização dosseus objectivos.
A acçãodas entidades promotorasde inclusão, hoje,passa sobretudo porconfrontar as instituiçõescom
as formas de expressão desses grupos sociais gerando mediações entre os recursos das instituições e as
necessidades dos indivíduose grupos(Guerra, 1994).
Enquadrado no actualcontexto português enas suas necessidadesespecíficas em matériade formação
profissional e reforço do tecido produtivo, o presente Guia Metodológico tem como principais
objectivos:
1. Reforçar as competências das organizações e dos profissionais que intervêm na formação dirigida a
públicos em situaçãode exclusão social,tendo em vistaa melhoria contínuada qualidade dasrespectivas
intervenções, bem comoda sua eficáciaao nível daempregabilidade dos/as Formandos/as;
2. Promover a reflexão em torno das práticas já existentes, incentivando a partilha de experiências e
soluções entre organizações e profissionais interessados no reforço das suas competências nesta
matéria, através de sugestões metodológicas concretas que podem contribuir para a melhoria dessas
mesmas práticas;
3. Disponibilizar um conjunto de metodologias e instrumentos de apoio às práticas de desenho e
implementação depropostas formativasdirigidas a estesegmento dapopulação activa,potenciadores de
aprendizagem das entidades e profissionais que intervêm na formação, tendo em vista uma maior
profissionalização e especialização dos operadores e fornecedores neste domínio da Formação
Profissional emPortugal;
4. Incentivar uma visãode conjunto dociclo formativo nestescontextos, promovendo aconsciência de
que o cuidado e qualidade nas práticas “antes” da formação são factores críticos para o sucesso e
adequação do “durante”e eficácia do“depois” da formação;
Objectivos
014
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
5. Apoiar as entidades acreditadas, ou em fase de acreditação, na demonstração das respectivas
capacidades para intervirneste segmento,em particularna apresentaçãodas respectivas metodologiase
actividades formativas, bem como respectivos instrumentos e estratégias de acompanhamento e
validação.
Os destinatários do presente Guia são os actores da formação responsáveis pela implementação de
intervenções formativas dirigidas a grupos sociais desfavorecidos, designadamente formadores/as,
gestores/as da formação,conceptores/as de formação,técnicos/as de acompanhamento,técnicos/as de
inserção, tutores/as, gestores/as de projectos de intervenção social, especialistas em avaliação da
formação e/ou deprojectos, etc.
Os destinatários indirectos, ou seja os públicos-alvo das intervenções formativas ora propostas, são
essencialmente os grupos em situação dedesvantagem, designadamente em situação de desocupação
2
permanente ou dedesemprego de curtaou longaduração .
A elaboração dopresente Guia obedeceua um conjunto de opçõesmetodológicas com afinalidade de
facilitar a sua apropriação reflexiva e prática por parte dos seus utilizadores. Entre estas opções,
destacam-se:
- Apresentação de uma proposta de auto-diagnóstico que apoiea tomada de consciência e a tomada de
decisão relativaàs áreastécnicas aaprofundar edesenvolver.
- Organizaçãode umaproposta metodológicacoerente noseu todo,com momentosinterdependentes,
mas permitindo apropriações metodológicas, técnicas e instrumentais parcelares, de acordo com
necessidades específicasdos utilizadores.
- Apresentação de questões orientadoras que facilitem a apropriação das propostas práticas
apresentadas.
- Apresentaçãode checklists -síntese das principaistarefas e mensagensde cada dimensãocrítica.
Destinatários
Opções metodológicas seguidas
2 É importante referir que, à partida, não estão incluídas as pessoas portadoras de deficiência, por considerarmos que a intervenção no âmbito da
reabilitação tem especificidadespróprias. Todavia, tal nãoimpede que muitasdas propostas metodológicasapresentadas não possamser adoptadas
e adaptadas aoreferido âmbito.
015
Colecção Metodologias
- Apresentação de questões de reflexão preparatórias da implementação/adequação das práticas
propostas.
- Apresentação de um conjunto de propostas de instrumentos de apoio ao desenvolvimento de cada
dimensão crítica.
O presente Guiaencontra-se estruturado emquatro grandes blocos:
- Enquadramento daproposta metodológica, ondese apresentam edesenvolvem os princípiosteórico-
metodológicos queenformam amesma.
- Autodiagnóstico,onde éproposto acada utilizadorque reflictasobre assuas própriaspráticas nasáreas
abordadas noGuia
- Proposta metodológica, onde são exploradas as dimensões críticas, principais tarefas a realizar e
instrumentos a mobilizar, nodesenvolvimento dos seguintesquatro grandes momentos:
- IDENTIFICAR Necessidades
- PREPARARa Intervenção
- ACOMPANHARa Intervenção
- RECONHECER Processose Resultados
- Recursos,onde seapresentam referênciasbibliográficas, sites eoutros recursosnas áreasabordadas.
O presente Guia é um instrumento de trabalho. Neste sentido, não pode deixar de ser lido se não em
função dasnecessidades específicasdos seusutilizadores.
Este instrumento nãoexige uma leiturae apropriação sistemáticasde todas aspropostas apresentadas.
Propõe-se, mesmo, que o utilizador aceda ao Guia de forma livre por temática, momento, dimensão
crítica, questãoorientadora, instrumentoou recurso,de acordocom assuas prioridadese necessidades.
Uma verdadeira apropriaçãodas práticas propostasexige adequações aoscontextos formativos esociais
específicos, pelo quea proposta metodológicarequer uma auto-reflexãosobre as própriaspráticas.
A apropriação das propostas do presente Guia será tanto mais profunda quanto mais responda a
necessidades concretas e bem identificadas, designadamente sinalizadas pelo exercício de auto-
Como está organizado
Apropriação e exploração
016
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
diagnóstico, bem como pela reflexão em torno das próprias práticas e das que se querem
adoptar/adaptar.
O utilizador deste guia encontrará ainda, ao longo do texto, um conjunto de “navegadores” que visam
ajudar aidentificar anatureza doconteúdo aexplorar/ apropriar:
Remete o utilizador para uma reflexão sobre conceitos, definições,
princípios que enquadramas metodologias propostas.
Visa introduzir o utilizador no desenvolvimento / execução de
propostas metodológicasconcretas.
Remete o utilizador para exemplos concretos que visam ilustrar a
implementação das metodologias e instrumentos propostos.
Apresenta em síntese os instrumentos propostos para desenvolver
cada dimensãocrítica.
Instrumentos
de apoio
ao processo
Exemplo Prático
Oficina
metodológica
Biblioteca
3
2
1
Enquadramento
da proposta
metodológica
019
Enquadramento da proposta metodológica
Colecção Metodologias
Princípios orientadores
Uma intervençãoformativa dirigida a população em idade activa em situação de exclusão social deve ser
enformada pelos seguintes princípios orientadores: promoção da inserção social e profissional, o
recurso a metodologias participativas (empowerment e parcerias) e a promoção de igualdade de
oportunidades.
Qualquer intervençãode inserçãosocial devepartir deuma abordagemintegrada. Sãomais eficientesas
intervenções que integram várias abordagens - escolar, profissional, de protecção social, saúde,
habitação, cultura, etc.- evários actores -os grupos-alvo, ostécnicos responsáveis pelaimplementação
das acções eoutros actores maisou menosenvolvidos, parceiros, financiadores,outros.
É neste contexto que se integra a educação/formação como um importante vector de acção a
desenvolver, entre outros, nas iniciativas de inserção social. Apesar de não poder ser uma estratégia
isolada, é indiscutível a sua importância. Uma experiência de formação nestes contextos propõe-se,
muitas vezes, colmatar a lacuna deixada por situações de insucesso e abandono escolar que deixam
marcas de marginalização do sistema e de exclusão social dos cidadãos que as experimentaram. Ao
qualificar,proporciona aos cidadãosmaiores níveis deempregabilidade, nomeadamente apossibilidade
de acederem a um leque mais diversificado de postos de trabalho, postos condignos e com maior
possibilidade de segurançae depermanência amédio prazo.A situaçãoperante otrabalho édecisiva para
a pessoa em sociedade, pela possibilidade que lhe concede de satisfação de necessidades básicas e de
desenvolvimento de uma identidade social na integração de redes de relacionamento e de pertença
institucional.
Uma experiênciaformativa bemsucedida étambém umaoportunidade deelevação daauto-estima e do
autoconceito dos participantes, bem como uma possibilidade de intervir e modificar o seu próprio
destino. Deste modo,a formação podee deve desempenhar um importantepapel na aproximaçãodas
pessoas em situaçãode fragilidade socialaos direitos decidadania cujo exercíciopleno é-lhes dificultado
ou mesmoobstruído. Aconcepção, preparaçãoe desenvolvimentodestas intervençõesformativas tem
que estar integrada num projecto mais amplo de promoção de inserção social, fortemente marcada e
assente na inserção profissional. Desta forma,todas as opçõesteóricas, técnicas emetodológicas não
podem deixar de se reger pela finalidade última de inserção social e profissional dos participantes na
formação.
Inserção Social e Profissional
O acesso ao emprego qualificado constitui, de facto, uma das melhores protecções
contra aexclusão social!
020
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
As intervençõesformativas devemser preparadascom basena ambiciosafinalidade de
facilitar umaefectiva inserçãoprofissional pós-formação!
Estamos no plano da formação profissional qualificante. Não se pretende minimizar a necessidade de
intervenções de pré-formação:estas devem serperspectivadas como umafase inicial, arealizar quando
considerado necessário, mas não constituindo a totalidade da intervenção formativa. Os saberes-fazer
sociais e relacionais devem desenvolver-se e adquirir na prática, de forma sistemática e transversal, ao
longo detodo oprocesso formativoe, nofuturo, emexperiências profissionaiscondignas equalificantes.
Não se recusam as situações de extrema exclusão, nas quais as pessoas apresentam uma profunda
privação de saberes sociais e relacionais que compromete experiências formativas e profissionais
imediatas. Casos como estes devem ser considerados com abordagens integradas e de outra natureza
antes de se pretender organizar formação qualificante e preparatória de inserção profissional efectiva.
Todavia, uma grande parte dos cidadãos em contexto de exclusão social são cidadãos com potenciais
mobilizáveis para asua própria inserção e desenvolvimento, como pessoas e como comunidade, assim
lhes sejam propostas oportunidades adequadas e responsabilizadoras, que lhes proporcionem o
resgatar da suadignidade de actoresresponsáveis pelo seupróprio futuro.
Partimos de uma concepção de inserção social como um duplo movimento. Por um lado, as pessoas e
famílias em situaçãode exclusão socialdevem iniciar processosque lhes permitamo acesso aosdireitos
de cidadania e à participação social. Por outro lado, as instituições devem oferecer a essas pessoas,
famílias e grupos,reais oportunidades deiniciar tais processos,disponibilizando-lhes os meios,dando-
lhes apoio e criando os lugares sociais onde se possam colocar (Capucha, 1998). Da parte das
instituições, opresente Guiapropõe-se contribuirpara oincremento daqualidade eda eficáciada oferta
formativa dirigida a este segmento da população activa. Do lado das pessoas em situação de exclusão
social, defendemosser necessárioe adequadoo recursoa metodologiasparticipativas, encaradas como
as que apelamao desenvolvimento dacapacidade de pessoase grupos paradefinirem os seusobjectivos
e meios paraos concretizarem (Guerra,2000).
O conhecimento,mobilização eimplicação daspessoas, maisdo queuma questãoética ouideológica, é
uma necessidade metodológica.A complexidade dosfenómenos sociais exigemaior complexidade de
respostas, e aimplicação de todosos actores constitui-secomo ummeio de eficáciada intervenção facea
essa complexidade (Guerra, 2000). O trabalho participativo de projecto constitui-se, cada vez mais,
como uma forma eficaz de condução de acções adaptada à intervenção na complexidade e na escassez
constante de recursos (Guerra, op. cit.). As metodologias participativas não são simples de
operacionalizar, ea suaefectiva implementaçãoexige oultrapassar de obstáculos permanentes.
Metodologias Participativas - empowerment e parcerias
021
Colecção Metodologias
Todos os actores, em especial as populações em situação de desvantagem social, devem participar para
aprender a participar, suprindo, coma prática, oacesso e participaçãoplena aos váriossistemas sociais
básicos (Bruto daCosta, 1998), garanteda sua inserçãosocial. Para além dosconteúdos de formaçãoe
das formas de os trabalhar, a verdadeira aprendizagem da cidadania faz-se com uma prática real dos
valores e dosprocedimentos democráticos noscontextos formativos.
Se a participação das pessoas dos contextos de exclusão assume uma necessidade premente, tal não
significa queo façamsozinhos. Sese colocassea hipótesede iniciativaprópria eautónoma noultrapassar
da sua situação de desvantagem social, não se encontrariam nela, e este tipo de intervenção deixaria de
fazer sentido. A participação dos membros da equipa técnica é, assim, imprescindível, e o sucesso da
intervenção assenta naqualidade desta mesmaparticipação.
As intervençõesem contextoscomplexos jánão prescindem,por outrolado, dotrabalho emrede inter-
organizacional. Cada intervençãodeve assentar nosdiversos papéis dasorganizações reunidas emtorno
de objectivos comunse não, como habitualmente, desenvolvidapor uma ou duas entidadese “ajudada”
em detalhes por outros actores. As práticas de terreno vão progressivamente chamando outros actores
para osvários processos,consolidando ereconstituindo empermanência asredes deparceria.
O presente Guiapretende ter tambémsubjacente a promoçãode igualdade deoportunidades nas suas
várias perspectivas,destacando-se o nívelde géneroe onível étnicoe cultural.
As relações sociais não são neutras, e, entre pessoas pertencentes a diferentes grupos sociais, têm
subjacentes relações assimétricas de poder social, económico, cultural ou simbólico. A promoção de
uma verdadeira inclusãonão pode encararcom indiferença ouneutralidade esta assimetria,sob pena de
a deixar, inadvertidamente, actuarcomo factor dereforço da exclusão.
No quediz respeito àigualdade de género,os níveis deescolaridade, de acessoà formação profissionale
ao emprego apresentam diferenças, qualitativas e quantitativas, relativamente aos indicadores
desagregados por sexo,favorecendo mulheres ouhomens numas ounoutras situações. Estatendência
de desigualdade impede ou limita o acesso de homens e mulheres a áreas que lhes são naturalmente
vedadas, limitando assimo potencial dedesenvolvimento de todoe qualquer cidadãona promoção da
coesão edo desenvolvimento económicoe social. OII Plano Nacionalpara a Igualdade(RCM 184/2003,
de 25 de Novembro) é claro relativamente à necessidade de medidas concretas de promoção da
igualdade de oportunidades em todas as áreas, as da educação - formação - emprego incluídas,
designadamente juntode populaçõesmenos providassocial eeconomicamente.
As questões étnicas e culturais colocadas pela sociedade multicultural que integramos, suscitam
igualmente umaatenção redobradaàs práticaspromotoras deigualdade deoportunidades. Numamera
Igualdade de Oportunidades
022
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
perspectiva de mosaico cultural, as práticas assentam apenas no reconhecimento tolerante da
diversidade; mas numaperspectiva intercultural, adiversidade étnica ecultural é reconhecidacomo um
valor euma mais-valia paragrupos/culturas minoritários emaioritários na vivênciada cidadania comume
global.
Nesta perspectiva, as práticas que promovem a igualdade de género não se confinam a preparar
respostas específicas a mulheres. Muitas vezes, as necessidades podem revelar precisamente o
contrário, exigindointervenções juntode homens,por exemplo.Poroutro lado,respostas interculturais
também não seresumem a práticasde exaltação defolclore ou deusos e costumes. As culturas(étnicas,
nacionais), minoritárias ou maioritárias, não são estanques e cristalizadas, mas evoluem e
interinfluenciam-se. É fundamental, portanto, inventar e recriar respostas e práticas que reconheçam,
valorizem eintegrem todoo tipode diversidade.
Uma intervenção formativa dirigida a população em idade activa em exclusão social, que prossiga
objectivos de inserção social e profissional, de empowerment e de igualdade de oportunidades, deve
reger-se deforma aatingir trêsgrandes finalidades:
- Aumentar osníveis de auto-estimae autoconceito econtrolo sobre oseu próprio futuro.
- Aumentar osníveis de escolaridade,através de reconhecimento,validação e certificaçãode adquiridos
prévios e durantea formação.
- Aumentar osníveis de qualificaçãoprofissional, através dereconhecimento, validação ecertificação de
adquiridos prévios edurante a formação.
- Promovera inserção dos/asFormandos/as numposto de trabalhopós-formação.
A precária condição dos activos em exclusão social face ao trabalho e à formação, pela ausência ou
fragilidade de qualificações ede competênciasprofissionais, pessoais esociais, exigeque aformação seja
perspectivada de formaalargada. Uma diversificaçãodas estratégias formativaspassa pelo alargamento
da concepção da formação: esta deve ser vista como um processo (Castro, 2000) que passe a integrar
novas intervenções que se desenvolvam antes, durante e depois das acções formativas em sentido
estrito. Estas intervenções revelam-se essenciais para a inserção dos públicos socialmente fragilizados
(Nunes, 2000).
Grandes finalidades
Proposta metodológica
023
Colecção Metodologias
Estas novas dimensões formativas perspectivam-se como complementares ao desenvolvimento do
plano curricular evisam, nomeadamente (adaptadode Milagre, Passeiro & Almeida,2002):
- Motivar paraa formação epara a inserçãosocioprofissional
- Apoiar a elaboração de projectos de vida e profissionais realistas e consonantes com as motivações,
capacidades eaptidões dosparticipantes
- Adequaros conteúdose métodosde ensino-aprendizagem àscaracterísticas dosparticipantes
- Colaborarna resoluçãode problemaspessoais esociais, criandocondições favoráveisà aprendizagem
e aodesenvolvimento do projectopessoal e profissional
- Implementar, quer com os/as Formandos/as, quer com entidades empregadoras, estratégias que
favoreçam a suainserção socioprofissional
Partindo destas necessidades, realizou-seainda uma identificaçãode boas práticasneste domínio, junto
de projectos desenvolvidosno âmbito daPIC EQUALe do EIXO 5do POEFDS, boaspráticas essas que
alimentaram muitasdas propostasapresentadas.
É com base nesta análise que apresentamos uma proposta metodológica global, que atravessa todo o
Ciclo Formativo, e que destaca apenas o que se considera distintivo e de realçar na preparação e
implementação de intervenções formativas dirigidas a este segmento da população activa. Não sendo
3aprofundados deforma exaustivatodos osdomínios deintervenção , destacam-se4 grandesmomentos
e umconjunto dedimensões críticasdesenvolvidas em cadaum, conformeo seguinte quadroresumo:
3
No âmbito dasua missão deelevar os padrõesde qualidade eeficácia do mercadode formação, oIQF, através doseu Departamento deMetodologias,
está a elaborar uma colecção de Guias Metodológicos de apoio à implementação cuidada de cada domínio do ciclo formativo. Neste âmbito, foi já
publicado o GuiaMetodológico dedicado aodomínio da Concepçãoda Formação (IQF, 2004), eestá já noprelo o Guiada Avaliação, ao qualse seguirão
os Guias doDiagnóstico e doPlaneamento, Organização eDesenvolvimento da Formação.
IDENTIFICAR
Necessidades
Dimensões críticasMomentos
Diagnóstico social e das dinâmicas territoriais
Diagnóstico de expectativas e necessidades individuais de formação
Diagnóstico de necessidades de formação e oportunidades do mercado de trabalho
Construção da intervenção formativa
Definição da estratégia avaliativa
Definição e mobilização dos meios humanos e materiais
Acompanhamento dos/as formandos/as
Acompanhamento da Formação em Contexto de Trabalho
Avaliação da intervenção
PREPARAR
a Intervenção
ACOMPANHAR
a Intervenção
RECONHECER
Processos
e Resultados
024
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
Cada momento surge decomposto em dimensões críticas, sendo a realização das respectivas
actividades suportadas eminstrumentos de apoio à decisão e à implementação das tarefas, de forma a
serem produzidas evidências que documentem e comprovem a coerência, a fundamentação e a
robustez dospassos metodológicosdesenvolvidos. Dasevidências a produzirem cadadimensão crítica,
destacam-se asseguintes:
IDENTIFICAR
Necessidades
Dimensões críticasMomentos
Diagnóstico social
e das dinâmicas territoriais
Diagnóstico de expectativas
e necessidades individuais
de formação
Diagnóstico de necessidades
de formação e oportunidades
do mercado de trabalho
Construção da intervenção
formativa
Definição da estratégia
avaliativa
Definição e mobilização
dos meios humanos
e materiais
Acompanhamento
dos/as formandos/as
Acompanhamento
da Formação em Contexto
de Trabalho
Avaliação da intervenção
Principais evidências
Listagem de parceiros a envolver
Plano de diagnóstico
Listagem das principais necessidades sociais
e de formação do público-alvo
Listagem de potenciais formandos/as
Registos das sessões
Registos de acompanhamento (individual e do grupo)
Grupo de formandos/as
Portfolios de competências dos formandos/as
Listagem de competências detidas por cada formando/a
Principais necessidades de formação e emprego
do território
Listagem de entidades empregadoras a envolver
Listagem das principais competências necessárias
a cada posto de trabalho/formação
PREPARAR
a Intervenção
Solução formativa
Plano de avaliação
Constituição da equipa
Plano de trabalho e de formação da equipa
Orçamento detalhado e definição de fontes
de financiamento/recursos
Protocolos de cooperação com entidades parceiras
Protocolos de formação/inserção em posto de trabalho
com empregadores/as
ACOMPANHAR
a Intervenção
Avaliação sumativa e formativa individual
dos/as formandos/as
Certificados de formação
Relatório de avaliação da intervenção
Dispositivo de acompanhamento indirecto
e a médio/longo prazo dos/as formandos/as
Estratégia de disseminação de boas práticas
Documento de recomendações de continuidade
da intervenção
Registos de acompanhamento individual da formação
em posto de trabalho
RECONHECER
Processos
e Resultados
025
Colecção Metodologias
Para melhor compreender o conceito que subjaz à presente proposta metodológica, propomos dois
tipos de olhares:um enfoquesistemático e umenfoque sistémico.
O primeiro enfoque destaca de forma linear os momentos que constituem a globalidade da proposta
metodológica.
Visão decadeia (enfoquesistemático)
Formação para a Inclusão. Guia Metodológico.
Diagnóstico social
e das dinâmicas
territoriais
Acompanhamento
dos/as formandos/as
Avaliação
da intervenção
Diagnóstico
de expectativas
e necessidades
individuais de formação
Definição
da estratégia avaliativa
Acompanhamento
da formação
em contexto
de trabalho
IDENTIFICAR
Necessidades
PREPARAR
a Intervenção
ACOMPANHAR
a Intervenção
RECONHECER
Processos
e Resultados
Diagnóstico
de necessidades
de formação
e oportunidades
do mercado de trabalho
Definição
e mobilização
dos meios humanos
e materiais
Construção da
intervenção formativa
026
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
O segundo destaca o carácter sistémico dos processos, designadamente pela dependência que
processos futuros têm dos primeiros. De facto, como veremos sobretudo no último momento, as
práticas desenvolvidas e os dados recolhidos durante todo o processo formativo constituem-se como
fonte de informação determinante para intervenções futuras, nas quais se reiniciam os mesmos
momentos eprocessos.
Visão integrada(enfoque)
IDENTIFICAR
Necessidades
RECONHECER
Processos
e Resultados
ACOMPANHAR
a Intervenção
PREPARAR
a Intervenção
Autodiagnóstico
029
Autodiagnóstico
Colecção Metodologias
A efectuar pela entidade formadora
Como exercício prévio à apropriação das metodologias e instrumentos apresentados, propõe-se a
realização de umaanálise crítica, aefectuar pelo utilizadordo Guia, comvista a umareflexão em tornodas
próprias práticas no âmbito da preparação, desenho, implementação e avaliação de intervenções
formativas dirigidas aeste segmento dapopulação.
Os principais objectivosdeste autodiagnóstico são:
-Identificar asactividades nasquais aentidade maisinveste
-Identificar fragilidades easpectos amelhorar
-Ajudar a entidade a posicionar-se, de acordo com as fragilidades identificadas, nos momentos e
dimensões formativas críticasapresentadas
-Ajudar aentidade a decidir se deve apropriar-sede toda a metodologia proposta ou apenas de uma das
suas partes
-Estimular a entidade à elaboração de planos de melhoria, no caso de serem identificados eventuais
aspectos amelhorar
030
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
Checklistdeautodiagnósticodaspráticas
Esteautodiagnósticodeveserreportadoàsactividadesformativasrealizadaspelasentidadesnosúltimos2anos.
Énossaspráticaformativa…?NuncaPorvezesSempre
Observações
(Dificuldades,
Prioridades,
etc)
IDENTIFICARNecessidades
1.Identificareanalisarasredesdeactoreslocais
2.ConstituirumaComissãodeDiagnóstico
3.Delineareimplementarumplanodediagnóstico
4.Sintetizarepriorizarnecessidadesdogrupo-alvo
5.Divulgaraintervençãoformativa
6.Contactarpotenciaisformandos/asepropor-lhesaintervenção
formativa
7.Realizarbalançosdecompetênciasindividuaisereconhecercom-
petênciasesaberesadquiridos
8.Delimitarecaracterizarotecidoprodutivo
9.Identificarecaracterizarnichosdeemprego
10.Identificareabordarpotenciaisempregadores
A
B
C
031
Colecção Metodologias
D
E
15.Conceberumaestratégiaformativapedagogicamentecentrada
noformandoenoquadrodeumaabordagemsistémica
16.Definireaplicarmétodosetécnicaspedagógicosadequados
ao(s)grupo(s)-alvo
17.DefinireorganizaraintervençãoaoníveldoDesenvolvimento
PessoaleSocial(DPS)
18.“Transversalizar”matériasrelativasaoDPSnodesenhocurricu-
lar,nãoobstanteacriaçãodeumacomponente/móduloespecífico
deDPS
19.Articularacomponente/módulodeDPScomodomínioespecífi-
codoAcompanhamento
20.Desenhareimplementarumaestratégiaavaliativaadequada
21.ConstituiraComissãodeParceiros
22.RedefiniraconstituiçãodaEquipa(membros,responsabilida-
des,articulação,formasdegestão)
23.Identificarosmeioserecursosdirectoseindirectosestimados
comonecessários
24.Avaliarondemobilizarosrecursosidentificadoscomonecessá-
rios
E
11.Apoiaraconcepçãodasintervenções,programas,instrumentos
esuportesformativosnainformaçãorecolhidanosprocessosde
diagnóstico
12.Definirqualaformadeorganizaçãodaformaçãomaisadequada
ao(s)grupo(s)-alvo
13.Definiramodalidadedeformaçãoemcontextodetrabalhomais
adequada
14.Envolverasempresasnasactividadesinerentesàconcepçãoeao
desenhodasoluçãoformativa
D
F
PREPARARaIntervenção
032
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
RECONHECERProcessoseResultados
I33.Devolver,discutireobterconclusõesacercadosdadosreco-
lhidosnoprocessodeavaliação
34.Apoiarprocessosdereconhecimento,validaçãoecertificação
deadquiridos
35.Seleccionareorganizarprodutosrelevantesdaintervençãofor-
mativa
36.Produzirorientaçõeserecomendaçõesparaacçõesfutu-
ras
ACOMPANHARaIntervenção
G25.IntegrarumadimensãodeAcompanhamentodos/asfor-
mandos/as
26.Prepararos/asformandos/asparaainserção/contextodetraba-
lho
27.Realizarumdiagnósticodenecessidadesbásicasjuntodos/asfor-
mandos/ascomvistaaoestabelecimentodeumplanodeacompa-
nhamento
28.ImplicartodaaequipaformativanoAcompanhamento
29.IntegrarumadimensãodeAcompanhamentodaInserçãoeda
FormaçãoemContextodeTrabalho(FCT)
30.Envolverosresponsáveisdasempresasdeacolhimentona
(re)análisedospostosdetrabalhoenadefiniçãodaformaçãoem
postodetrabalho
31.ContratualizaraFCTentreformando/a,entidadeformadorae
empresadeacolhimento
32.Apoiarasempresasnaimplementaçãodotutorado
H
033
Colecção Metodologias
Esta extensa grelhapermite um autodiagnósticoexaustivo das práticasassociadas às áreaspropostas no
presente Guia.Permite,igualmente, umautodiagnóstico parcelar, dadoque outilizador poderesponder
apenas aos itensdos momentos oudimensões críticas queseleccionar,conforme aseguinte organização:
ItensDimensões críticasMomentos
IDENTIFICAR
Necessidades
PREPARAR
a Intervenção
ACOMPANHAR
a Intervenção
RECONHECER
Processos
e Resultados
A - Diagnósticosocial edas dinâmicas territoriais
B - Diagnóstico de expectativas e necessidades individuais de
formação
C - Diagnóstico de necessidades deformação e oportunidades
do mercado detrabalho
D - Construção daintervenção formativa
E - Definição daestratégia avaliativa
F - Definiçãoe mobilizaçãodos meioshumanos emateriais
G - Acompanhamento dos/asformandos/as
H - Acompanhamento daFormação emContexto de Trabalho
I - Avaliação daintervenção
1 a 4
5 a 7
8 a 10
11 a 19
20
21 a 24
25 a 28
29 a 32
33 a 36
Para uma auto-análise mais sistemática das práticas,sugere-se a pontuação das respostas: 1 ponto para
cada respostaNunca; 2pontos paracada respostaPorvezes; e3 pontospara cadaresposta Sempre. No
final, poderá obter um resultado numérico para o seu autodiagnóstico, particularmente útil face a uma
grelha tão extensa.Paratal, preencha aseguinte grelha final:
Dimensões críticas
Diagnóstico sociale dasdinâmicas territoriais
Diagnóstico de expectativas e necessidades indivi-
duais deformação
Diagnóstico de necessidades de formação e opor-
tunidades do mercadode trabalho
Pontos
(por
Dimensão)
Momentos
Pontos
(por
Momento)
IDENTIFICAR
Necessidades
_ em 12*
_ em 9
_ em 9
_ em 30*
034
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
Com os resultados obtidos, o utilizador poderá tirar conclusões acerca dospontos fortes edos menos
fortes da suaprática formativa nestescontextos.
Após a apreciação dos resultados do autodiagnóstico proposto, sugere-se que o utilizador “invista” em
maior ou menor medida nos diferentes momentos e dimensões críticas propostos, de acordo com os
planos deacção quedeseje vira implementar.
A partir dasquestões consideradas comoalvos de melhoria,é importante estabelecerum plano deacção
para a introduçãode melhorias nasrespectivas práticas formativas:
Plano demelhoria
Construção da intervençãoformativa
Definição da estratégiaavaliativa
Definição e mobilização dos meios humanos e mate-
riais
Acompanhamento dos/as formandos/as
Acompanhamento da Formação em Contexto de
Trabalho
Avaliação da intervenção
PREPARAR
a Intervenção
ACOMPANHAR
a Intervenção
RECONHECER
Processos
e Resultados
Datas
de execução
Recursos
necessários
Responsável
Acções
a implementar
Processos e actividades
de concepção
que se pretendem
melhorar
1.
2.
3.
4.
5.
_ em 27*
_ em 3
_ em 12
_ em 12
_ em 12
_ em 12 _ em 12
_ em 24
_ em 42*
* Pontuação máxima
IdentificarNecessidades
- Caracterizar ocontexto social eeconómico em quese integra aintervenção formativa aimplementar
- Identificar eenvolver actores eentidades potenciais parceiras
- Identificar potenciaisformandos/as
- Implicar os/asformandos/as
- Identificar necessidadessociais e deformação dos/as formandos/as
- Identificar oportunidadesdo mercado detrabalho
IDENTIFICAR
Dimensões
críticas
Questões orientadoras Instrumentos propostos
Diagnóstico
social
e das dinâmicas
territoriais
Objectivos
a) O que terem conta numdiagnóstico desta natureza?
b) Porquê começarpor identificar asdinâmicas
dos actores doterritório?
c) Quem são osprincipais actores empresença?
d) Porquê constituiruma Comissão deDiagnóstico?
e) Como iniciar umplano de diagnóstico?
f) Qual o público-alvo da intervenção e suas principais
problemáticas?
g) Quais as problemáticasa priorizar?
h) Quais as necessidadesa colmatar pelavia da formação?
- Checklist das principais tarefas
- Fichade Actores
- Quadro-síntese dosActores
- Quadro deapoio à constituição
da Comissão de Diagnóstico
- Plano deDiagnóstico
- Quadro decaracterização
do público-alvo
- Grelha-síntese dasproblemáticas
do grupo-alvo
- Grelha dehierarquização
de prioridades deintervenção
Diagnóstico
de expectativas
e necessidades
individuais
de formação
a) Quais os factores em jogo na abordagem potenciais
formandos/as?
b) Qual a abordagemmais adequada aopúblico-alvo?
c) Que meios utilizarno sentido demobilizar o público-
alvo para aformação?
d) Quais as maisadequadas estratégias decontacto com
os/as potenciais formandos/as?
e) Como realizar o diagnóstico individual de necessida-
des de formação?
f) Como potenciar osdados recolhidos?
g) Como mobilizar ossistemas oficiais dereconhecimen-
to, validação ecertificação?
- Checklist das principais tarefas
- Plano de abordagem a potenciais
formandos/as
- Ficha individual (I)
- Plano debalanço de competências
- Ficha individual (I)
Diagnóstico
de necessidades
de formação
e oportunidades
do mercado
de trabalho
a) O que terem conta naaproximação ao tecidoempre-
sarial?
b) Quais as características do tecido produtivo do terri-
tório abrangido?
c) Existem nichos de emprego (funções, perfis profis-
sionais) que possam ser preenchidos por este público?
Quais?
d) Existem entidades empregadoras mobilizáveis como
parceiras? Quais?
e) Como se concretiza o contacto com os empregado-
res?
f) Como se potencia a implicação dos empregadores na
intervenção formativa?
- Checklist das principais tarefas
- Necessidades demão-de-obra
- Ficha de empregadores eempregos
- Principais actividades
desempenhadas pelo perfil
profissional
- Componentes dascompetências
Diagnóstico social
e das dinâmicas
territoriais
043
Colecção Metodologias
Formação para a Inclusão. Guia Metodológico.
IDENTIFICAR
Necessidades
PREPARAR
a Intervenção
ACOMPANHAR
a Intervenção
RECONHECER
Processos
e Resultados
Ao longo deste ponto, procuramos abordar as seguintes questões:
a) O que ter em conta num diagnóstico desta natureza?
b) Porquê começar por identificar as dinâmicas dos actores do território?
c) Quem são os principais actores em presença?
d) Porquê constituir uma Comissão de Diagnóstico?
e) Como iniciar um plano de diagnóstico?
f) Qual o público-alvo da intervenção e suas principais problemáticas?
g) Quais as problemáticas a priorizar?
h) Quais as necessidades a colmatar pela via da formação?
Diagnóstico social
e das dinâmicas
territoriais
Acompanhamento
dos/as formandos/as
Avaliação
da intervenção
Diagnóstico
de expectativas
e necessidades
individuais de formação
Definição
da estratégia avaliativa
Acompanhamento
da formação
em contexto
de trabalho
Diagnóstico
de necessidades
de formação
e oportunidades
do mercado de trabalho
Definição
e mobilização
dos meios humanos
e materiais
Construção da
intervenção formativa
044
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
a) O que ter em conta num diagnóstico desta natureza?
Antes de iniciar a realização das várias tarefas de diagnóstico, salientemos alguns factores-chave que
determinam este processo.
Consideremos a seguinte definição de diagnóstico:
Processo concertado, permanente e reiterado, de identificação e de análise, entre os actores implicados
(população/indivíduos em situaçãode exclusão, actoresinstitucionais importantes, pessoas-recurso,etc.),
do conjunto dascausas e característicasdas situações deexclusão social, bemcomo das potencialidadese dos
obstáculos que devemser considerados paradefinir uma acçãoque as reduza(CIARIS, 2004).
Para intervir sobre um contexto social, é necessário delimitá-lo e caracterizá-lo. A investigação
diagnóstica tem queservir directa eindirectamente para aacção.
Deve, todavia, ter um carácter preliminar, e não constituir-se como um processo acabado (Anderegg,
1987). Trata-se de adquirir (e ir adquirindo) os conhecimentos necessários sobre um determinado
sector,área ou problema,que éo âmbito dotrabalho (situação- problema)no qual sepretende actuar.
Da mesma forma, o processo de diagnóstico, sendo uma fase essencial à qualidade de qualquer
intervenção, é uma fase sem validade intrínseca. Neste contexto, alertemos para os equívocos mais
frequentes nas práticasde diagnóstico (Anderegg,1987):
- Complexificação metodológica desnecessária - tendência para mobilização de grande variedade e
complexidade de métodos e técnicas de pesquisa, esperando que tal seja, por si só, garantia de
conhecimento pertinente efidedigno da realidadeem foco.
- A “inquirite”, uma doença metodológica - tendência para demasiada exaustividade na inquirição e
auscultação da realidade, esperando que tal seja, por si só, garantia de conhecimento pertinente e
fidedigno da realidadeem foco.
- Adiamentoconstante daacção como pretextode conhecermelhor arealidade.
Nestas circunstâncias,boa partedo queé recolhidonão chegaa serutilizado naintervenção posterior!
045
Colecção Metodologias
Um processo dediagnóstico contém emsi umoutro objectivo fulcral:a tarefa deleitura e caracterização
da realidade propiciao inícioe/ou oreforço da implicaçãodos vários actoresem presença.
b) Porquê começar por identificar as dinâmicas dos actores do território?
Enquanto processo participado, o diagnóstico de necessidades exige a identificação, caracterização e
implicação dos actoresdo contexto socialsob intervenção.
Os dadosrecolhidos nestafase permitem-nos,sobretudo, sabercom quemcontamos, quaisos actores e
instituições/serviços em presença, suaspotencialidades (competências mobilizáveis)e expectativas face
à intervenção.
A participação dos actores deve realizar-se a três níveis: os actores envolvidos devem ser,
simultaneamente, sujeitos (quem faz odiagnóstico), objecto (alvo, quem éobservado no diagnóstico)e
destinatários (com quemse partilham osresultados da recolhae análise dosdados).
Os actores sãoobjecto (alvo) dediagnóstico, na medidaem que são um dos seus principaisfocos de
análise: não secompleta uma caracterizaçãodo contexto deintervenção sem acaracterização cuidada
das pessoas e grupos, directa ou indirectamente envolvidos pela acção que se pretende implementar.
Quem são?Como serelacionam entresi? Comose relacionamcom oproblema? Comocontribuem para
o atenuarou agravar?
Os actores são também sujeitos deste processo, na medida em que é da sua responsabilidade a
realização das tarefas de recolha de informação, bem como do processo de desenho deste processo,
definição dos objectivos,do perímetro deanálise, dos meiose fontes amobilizar neste processo.
Os actores sociaissão também destinatáriosdos produtos dodiagnóstico: a socialização(partilha) dos
dados recolhidos éum meio fundamental de empowerment dos actores envolvidos,na medida emque
se lhes proporciona informação sobre o seu contexto, bem como a oportunidade para uma reflexão e
tomada de decisãoconjunta sobre queestratégias de intervençãoa desenhar eimplementar.
Neste contexto, énecessário considerar todosos actores (estruturas,organismos, pessoas) que,directa
ou indirectamente, podem assumir um importante papel nos processos de mudança no contexto sob
intervenção, clarificando o seu papel, expectativas, meios, relações (formais e informais), lideranças,
redes de comunicação,etc.
>
>
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046
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
c) Quem são os principais actores em presença?
Partamosda propostade Análise dasDinâmicas dosActores deGuerra (2000, p.220-222), realizando as
tarefas deidentificar, consultar e analisar as redes.
Identificação
É necessárioidentificar edescrever, emtraços largos,cada umdos actoresem presença.Deve sercriada
uma ficha paracada entidade, comos seguintes elementos:
É extremamente útilque estas fichassejam construídas emformato digital, numabase de dados,com vista
a uma permanente e rápida actualização, construindo mais uma importante e acessível ferramenta de
trabalho para aentidade formadora/gestora etoda a rede,no curtoe longoprazo.
Ficha deActores (entidadesou pessoas)
- Nomeda instituição/actor econtacto
- Objectivos dainstituição/actor
- Campo de intervenção: zona geográfica, sectores de actividade, especificida-
de dotipo deintervenção
- Meiosde intervenção:humanos, materiais,financeiros
- Relaçãocom outrasestruturas
- Resumodas acções desencadeadase resultados
- Estratégiasa curtose meio-termo
- Pessoada entidadeformadora/gestora que tem contactoscom ainstituição/
Actor
3
2
1
047
Colecção Metodologias
Consulta
A informação que se detém para o preenchimento das fichas anteriores nem sempre é suficiente, pelo
que é necessário um contactomais próximo comcada Actor. Este contactocom cada interlocutordeve
ter emvista:
- Conhecermelhor a instituição/actor
- Dara conhecera entidadeformadora/gestora, suamissão epretensões
- Recolher alguns elementos de diagnóstico, bem como verificar a disponibilidade, interesse e
expectativas numa colaboraçãomais estreita naimplementação da intervençãoformativa
Deve ser realizadauma entrevista semi-directiva,a partir deum guiãoque aborde osseguintes assuntos:
- Clarificaçãodos aspectosanteriores daFicha deActores
- Apreciação genérica do contexto ou problemática sob intervenção, identificando também
potencialidades
- Apreciaçãode sinergiasexistentes
- Expectativasface àintervenção propostae objectivosque proporia
- Disponibilidadespara colaborar
Análise das redes
Para além da presença dos vários actores, as dinâmicas de relacionamento entre os mesmos têm um
papel importante nos processos de mudança e de desenvolvimento social. É importante identificar as
estratégias e os meios de acção concretos, procurando identificar as sinergias (alianças positivas) e os
bloqueios (relações deoposição) entre asvárias entidades noque diz respeitoao seuefeito no contexto
sob intervenção.
A entidade formadora/gestora, experiente ou estreante num determinado contexto, deve observar e
analisar as relaçõessinergéticas, de bloqueioou deindiferença entre osvários actores locais,com vista a
que qualquer movimentode relação eenvolvimento dos intervenientesnão ignore masantes potencie a
realidade das dinâmicas existentes. Em termos práticos, é necessário preencher um diagrama com os
actores-chave concretose analisar, individualmentee/ou emgrupo, assuas relações.
048
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
Apresentamos um exemploficcionado de umsociograma de novefamílias de actoresde umdeterminado
território (adaptado deGuerra, 2000, p.222).
Colectividades
Territoriais
Organizações
Sindicais
Serviços Públicos
Locais
Organizações
Empresariais
Igrejas
Meios
de Comunicação
Ensino
Formação
Pesquisa
Banca
e Sistema
Financeiro
(++-)
(+)
(+)
(++)
(+++)
(+++)
(++-)
049
Colecção Metodologias
Neste diagrama, observam-se as relações de força entre as várias organizações em presença.
Encontramos, por exemplo, relações de forte aliança (+++) entre as Igrejas e as Colectividades
Territoriais e entre estas e as Organizações Empresariais. Observamos também relações positivas mas
com alguma tensão(++-) entre asmesmas Colectividades eos Meios deComunicação, por exemplo.
Destaque-se também, como exemplo, o “isolamento” das Organizações Sindicais com relações de
indiferença oude neutralidadesem oposição( )com osrestantes actores.
Com base na identificação e análise feita anteriormente, detemos neste momento a seguinte
informação-síntese:
d) Porquê constituir uma Comissão de Diagnóstico?
Após a definição das dinâmicas territoriais, a primeira tarefa é constituir uma Comissão de Diagnóstico
com váriosparceiros locais,cujas principaistarefas deverãoser:
- Traçar as grandeslinhas de orientaçãodo processo dediagnóstico, com baseno conhecimentoque
detém darealidade
- Monitorizar odesenvolvimento do processode diagnóstico
- Analisar deforma crítica osdados recolhidos etraçar linhas deacção
Esta Comissão deve ser constituída por elementos técnicos, não só da entidade que se propõe
implementar a intervenção mas também de outras entidades com intervenção no território. Deve
também ter elementos do grupo-alvo ou públicos directa ou indirectamente utilizadores da
intervenção. A diversidadede competências ede perspectivas sobreos problemas aenfrentar constitui-
se comoa principalmais-valia deste órgão, ea presençade elementosdo público-alvo éa únicaforma de
deter oseu pontode vistadas problemáticas, bemcomo deconcretizar aefectiva implicaçãona melhoria
das suaspróprias condiçõesde vida.
Domínio
de intervenção
Actores/ entidades
Mais-valias
(para a intervenção)
Expectativas
(de colaboração)
Principais bloqueios
(à participação)
... ... ... ... ...
050
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
A implicaçãodos váriosactores, técnicose nãotécnicos, decorredirectamente doscontactos eparcerias
detidos pela entidadepromotora no seguimentode intervenções anteriores.No caso de entidades que
estejam a iniciar a sua implantação no terreno, o endereçar destes convites à participação constitui-se
como oprimeiro passo noestabelecimento de parceriasde cooperação ecolaboração.
A Comissão deDiagnóstico deve serde dimensão médiaou reduzida, sobpena de secomprometer a sua
eficácia. Cabe ao bom senso da entidade a definição do número dos seus membros consoante as
entidades eactores quese considereindispensável integrar.
Esta Comissão deve ser coordenada pelo responsável máximo da intervenção a desenvolver,
designadamente peloCoordenador/Gestor daentidade formadora.
Tomemos como exemplo a Comissão de Diagnóstico de uma intervenção formativa que se pretende
implementar junto dejovens desocupados moradoresnum bairro derealojamento de umadeterminada
freguesia.
Pessoa a convidar Mais-valia para a Comissão Observações Resultado
[Coord. da Comissão]
Drª Maria Silva
Coordenadora
_ _
[Nome] Sr. Luís Lopes
[Entidade/grupo] Associação
Cultural Kapa
[Contacto] ### ### ###
A contactarPertenceu à Parceria
do Projecto Z
no ano anterior
- Associação implantada no bairro há quase
10 anos;
- Contacto estreito com jovens e famílias,
com muitas actividades no bairro
organizadas pelos próprios jovens;
- Bom envolvimento com os serviços
da Câmara Municipal
051
Colecção Metodologias
[Nome] Enfª Maria José
[Entidade/grupo] Centro
de Saúde
[Contacto] ### ### ###
AceitouPertenceu
à Parceria
do Projecto Z
no ano anterior
- Bom contacto com jovens do bairro
devido a acções de sensibilização
dinamizadas junto dos mesmos;
- A trabalhar no território há mais
de 20 anos;
- Importante fonte de dados ao nível
da saúde e das famílias
[Nome] Sr. Tavares
[Entidade/grupo] Associação
de Moradores do Bairro
[Contacto] ### ### ###
AceitouColaborou, a título
individual,
no Projecto Z
no ano anterior
- Morador empenhado nos assuntos
do Bairro;
- Angolano em Portugal desde 1976
[Nome] A definir
[Entidade/grupo] Um ou dois
jovens moradores no Bairro
[Contacto] ### ### ###
A contactarSolicitar
ao Sr. Tavares
e à Associação Kapa
que sinalizem jovens
do Bairro
- Ponto de vista dos próprios jovens;
- Meio de acesso a outros/as jovens
potenciais formandos/as
[Nome] Agente Martins
[Entidade/grupo] PSP Local
[Contacto] ### ### ###
A contactarPertenceu à Parceria
do Projecto Z
no ano anterior
- A trabalhar do território há mais
de 15 anos
- Importante fonte de dados ao nível
de ocorrências envolvendo os jovens
do bairro
[Nome] Dr. Sousa
[Entidade/grupo] Centro
de Emprego
[Contacto] ### ### ###
A contactarPertenceu à Parceria
do Projecto Z
no ano anterior
- A trabalhar do território há cerca
de 15 anos
- Importante fonte de dados ao nível
de formação e oportunidades de emprego
- Acesso a ofertas de emprego e programas
de inserção profissional
- Bom contacto com tecido empresarial
local
[Nome] A definir
[Entidade/grupo] Centro
de Investigação - Universidade
X
[Contacto] ### ### ###
A contactarSolicitar contacto
à Profª Maria Santos,
avaliadora externa
do Projecto Z
- Apoio técnico e metodológico
à intervenção
052
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
Uma vez constituída a Comissão de Diagnóstico, esta deve organizar sessões de trabalho para se dar
início ou continuidadeà observação ereflexão sobre ocontexto sobre oqual se pretendeintervir.
A primeira tarefadesta Comissão éa deexplicitar o queo conjuntodos seus membrosconsideram ser os
principais contornosdos problemase potencialidadesdo contextosocial. Épreciso passarpara opapel o
resultado deuma discussãoconjunta, procurandorespostas àsseguintes questões:quais sãoas principais
problemáticas do contexto?O quemais afecta aspessoas no exercícioda sua cidadania?
Este esforçode explicitação,para alémde pôrde acordoos várioselementos daComissão, écrucial para
a eficiênciado diagnósticoe daintervenção, umavez quepermite, designadamente:
- Limitar a dispersão face à nuvem espessa e opaca dos múltiplos problemas que caracterizam as
situações deexclusão social;
- Iniciara identificaçãode interligaçõescausais entreproblemas;
- Iniciar aidentificação de problemase derecursos e correspondênciaentre uns eoutros na resolução
dos primeiros.
Este exercício conjunto deve ser feito com grande liberdade de reflexão. Neste momento, todas as
perspectivas são válidase têm queser equacionadas. Adiversidade de perspectivase experiências devida
dos intervenientes tem aqui terreno fértil. Neste contexto, devem utilizar-semétodos que apropriem e
potenciem estadiversidade, tais como obrainstormingou listalivre.
À medida quea lista livreé construída, sugere-seo usode técnicas deMapeamento das problemáticasdo
4
contexto socialque facilitama visãosistémica eintegrada dosprocessos .
Um mapa ou esquema-síntese deve constituir-se como o produto de um primeiro momento livre de
reflexão da Comissão de Diagnóstico, procurando um acordo partilhado e consensualizado dos
principais traços docontexto sob intervençãoe suas problemáticas
4
Para umabreve abordagem daárea do Mapeamentodo Conhecimento, acedaà Comunidade dePráticas Formação paraa Inclusão.
053
Colecção Metodologias
Tomemos o exemplo anterior (intervenção formativa a implementar junto de jovens desocupados,
moradores num bairrode realojamento deuma determinada freguesia),sendo este oresultado de um
exercício de mapeamentodas suas principaisproblemáticas.
Jovens
do
Bairro
Baixa
Escolaridade
Desocupação
Pequenos
Delitos
Conflitos
Familiares
Sem
Qualificação
Profissional
Auto-
-Isolamento
Subculturas
Fraco Apoio
Familiar
Consumos
(droga, álcool)
054
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
e) Como iniciar um plano de diagnóstico?
A Comissão deve agora procurar responder às questões: como vamos confirmar estas ideias? Como
vamos confirmar que estes são efectivamente problemas e não apenas palpites individuais? E quais os
seus contornos? Quaisdevem ser priorizadosna intervenção?
A respostaa estasquestões correspondeao resultadodo processode diagnóstico,pelo queé necessário
desenhar um planoque ooriente. Este planodeve seguir osseguintes parâmetros:
- Enquadramento daproblemática
- Agregaçãodas problemáticas
- Fontesde informação
- Métodos derecolha de dados
- Recursos
- Potencial uso dosdados e
- Calendarização
Destaquemos alguns aspectosrelativos a cadaum destes parâmetros.
Enquadramento da problemática
> De onde nos vem a atenção e o conhecimento que detemos do contexto social?
A intenção dedar início ouseguimento à intervençãosobre um determinadocontexto está ancoradana
experiência, narelação como contextopróximo e/oumais macro,ou apenasem ideiasfeitas edispersas.
O perímetro do contexto sob intervenção é resultado directo da acção passada e continuada das
entidades promotoras ou poderá ser fruto de novas opções e novos questionamentos. A visão da
problemática, mais ou menos explicitada, está sempre presente, revela muito do ponto de partida na
abordagem àmesma enão deveser ignorada.Podemser váriasas situações:
- Aentidade promotora/gestorapropõe-se intervire questiona-se:o quenos leva acolocarmo-nos face
à intenção/necessidade deorganizar esta actividade?Problemas concretos do público-alvo ao qual nos
dirigimos? Problemas concretos de um novo público-alvo, emergente da nossa actividade? Um
problema específico que necessita de um intervenção integrada ao nível de um determinado espaço
3
2
1
055
Colecção Metodologias
geográfico? Existênciade umprocesso demobilização institucionala níveldeste territóriona procurade
uma acção comum? Existência de nichos de emprego visíveis no contexto sócio-económico em que
intervimos, apropriáveis pelas pessoas com quem trabalhamos? Conhecimento da
necessidade/intenção, de uma ou várias entidades empregadoras, de preparar formandos/as para
postos de trabalho específicos? Necessidade de financiamento da entidade, pelo que recorremos a
fundos específicos focalizados em intervenções formativas? Questões levantadas por intervenções
anteriores no mesmocontexto?
- Existe uma entidade externa que faz um pedido concreto de formação, sendo necessário clarificá-lo e
pedir-lhe todasas informaçõesjá disponíveis.
- Algumas das características e problemáticas do território podem ter sido sinalizadas por entidades
externas aos contextos - num relatório/plano regional, num plano nacional, num programa de
financiamento, etc.
Agregação das problemáticas
> Que agregação temática e, eventualmente, causal se pode fazer das problemáticas identificadas?
O tipo de agregação responde às características do território ou da situação - problema a atacar: As
problemáticas poderão seragrupadas por áreas(escolaridade/qualificação, emprego, saúde,habitação,
justiça), por público-alvo (sobretudo emintervenções de âmbito comunitário, em que estão presentes
vários grupos), zonasgeográficas (dentro domesmo território), etc.
Fontes de informação
> Quais as fontes através das quais se podem recolher os dados necessários?
Existem dados primários e dados secundários, ou seja, dados a recolher e tratar no processo de
diagnóstico que ora se inicia, e dados já recolhidos noutras circunstâncias e/ou por outros estudos,
apropriáveis paraeste mesmoprocesso. Éfundamental quea pesquisase orientena procurado máximo
de dados secundários (que, habitualmente, não faltam), evitando perdas de tempo e evitando uma
enorme dispersão de esforços neste processo que, embora crucial, é apenas preparatório da
intervenção.
As principais fontes de informação são: informadores privilegiados, análise documental, literatura
teórica, censos e outros dados estatísticos. Um destaque deve ser dado à importância de consultar as
recomendações emanadas pordocumentos orientadores, taiscomo osplanos nacionais ouregionais nas
áreas sob intervenção,sendo importante alinharas intervenções formativascom osmesmos.
056
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
Métodos de recolha de dados
> Quais os métodos a utilizarem cada área?
O diagnóstico nãopode ser realizadomediante um receituáriorígido e acabadode técnicas específicas.
Antes, deve serum conjunto articulado e adequadode procedimentos vários,tais como: compilaçãoe
consulta documental, contactoglobal com arealidade, inquirição deinformadores - chave,utilização de
metodologias participativas, uso simplificado de técnicas clássicas das ciências sociais (entrevista,
questionário, etc.), aproveitara prática comomodo deconhecer (Anderegg, 1987).
Existe uma enorme variedade de métodos e técnicas de recolha de dados das ciências sociais
mobilizáveis para odiagnóstico. Astécnicas utilizadas não têmvalor intrínseco,ou seja,não garantemper
si rigore qualidadedo processo.Não existemreceitas paraa escolhados métodosmais adequados,mas
devem seguir-secritérios tais como:obedecer aos objectivosdefinidos para esteprocesso; ter emconta
a existência de informação recolhida previamente; características do grupo-alvo e do grupo cliente;
tempo disponível;financiamento disponível.
Não nos propomos desenvolver as várias técnicas, havendo para tal vasta literatura. Todavia, e numa
lógica participativa, destacamosdois métodos muitofrequentes e adequadosa uma recolha participada
de dados sobre os contextos sociais envolvendo e mobilizando os pontos de vista dos vários actores o -
5
Fórum Comunitário ea Análise SWOT .
Recursos
> Quais os recursos humanos e materiais necessários?
Relativamente aos recursos humanos, trata-se de, neste momento, definir a equipa que vai assegurar a
realização das várias actividades do processo de diagnóstico, da recolha à análise de dados, indicando
quem é responsável por cada tarefa. Esta equipa não é a Comissão de Diagnóstico. É constituída pelos
elementos necessários àrealização das tarefasdefinidas, e deve,da mesma forma,integrar actores vários
do contexto social,em especial dosgrupos-alvo.
Dado o diferencial de qualificações e de competências técnicas de partida, designadamente entre o
público-alvo socialmente desfavorecido e os profissionais, há uma tendência natural em excluir os
primeiros deste processoque tem, emsi, condicionantes técnicasclaras. Todavia, e comojá foi referido,
as práticas participativas em todo o processo são importantes factores de desenvolvimento social dos
grupos excluídos. Não se negam os aspectos mais técnicos da fase de diagnóstico, como sejam, por
exemplo, a análise qualitativa e quantitativa de dados, e a dificuldade ou mesmo impossibilidade de
algumas pessoas emparticipar nesta tarefa.No entanto, emesmo comos restantes actores,qualificados
5
Aceda à Comunidade Formação para aInclusão para consultassobre estes métodose técnicas.
057
Colecção Metodologias
ou não,nem todos sãoenvolvidos em todasas tarefas, sendonecessário, sim, umplano de envolvimento
diferenciado nas várias tarefas a realizar. Neste sentido, consideramos que deve haver a maior
participação possível emtarefas como colaborarna definição demeios e fontesde informação, designa-
damente facilitando oacesso e aconfiança de membrosda comunidade; participarna disponibilização de
informação, etc.
Relativamente aos recursos materiais, trata-sede definir oque é necessário mobilizar paraa realização
de cadatarefa, eanalisar seexistem osrecursos necessáriose quem,de entreparceiros eoutros agentes
locais, ospode disponibilizar.
Potencial uso dos dados
> Que utilização se pretende fazer dos dados recolhidos, junto da comunidade e de outros agentes
externos?
O diagnóstico não se resume à recolha e análise de dados dentro da equipa e da Comissão que o
monitoriza. A partilha dos dados com os vários actores joga um importante papel de envolvimento de
todos nareflexão sobreo contextoe sobrecomo agirsobre ele.Esta devolução dos resultados nãodeve
ser uma tarefa final do diagnóstico, como uma informação acabada de um trabalho anterior. Pelo
contrário, pode ir sendo realizada ao longo do processo, sendo a discussão que dela resulte um
importante meio deanálise conjunta dosdados recolhidos e,eventualmente, de redireccionamentodo
próprio processo dediagnóstico, se talfor o caso. A reflexão em tornodos dados dodiagnóstico resulta
na definiçãoda intervençãoa realizar, comoveremos adiante.
A definição doscontornos de partilha(socialização) dosdados deveser feitaem termosde destinatários,
de conteúdo e de meio (A quem queremos transmitir? Oquê? E como?). Os destinatários podem seros
habitantes da comunidade,directa ou indirectamentepúblico-alvo da intervenção;entidades locais com
missões envolvidas na intervenção; autoridades locais, regionaise/ou nacionais; financiadores, etc. Da
definição dos destinatários depende oconteúdo da informação a disponibilizar,seleccionada das várias
dimensões aanalisar duranteo diagnóstico.Os meiosde divulgaçãodos dadospodem passarpor formas
mais convencionais, como relatórios e outros tipos de documentos, mas devem também passar por
momentos deencontro, partilhae reflexãoconjunta acercados dadosrecolhidos edo quetal sugerepara
a mudança.
Calendarização
> Quais os timings das principais tarefasa realizar?
O Planode Diagnóstico nãofica completo semum planeamento temporal,determinando os momentos,
e sua extensão no tempo,das principais tarefasa empreender, em articulação evidente comos recursos
mobilizados.
058
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
O Plano de Diagnóstico seráconcretizado através deum quadro queorganize toda estainformação de
forma agregada, com um importante enfoque na calendarização e mobilização de recursos para o
concretizar.
Tomemos um exemplo de Planode Diagnóstico deuma entidade formadoraque recebe aencomenda
de desenvolveruma intervençãoformativa dirigidaa mulherespouco escolarizadasalojadas emCasas de
Apoio para Mulheres Vítimas de Violência Doméstica. Começamos por elencar os elementos que estão
na baseda intençãode iniciara intervenção.
Enquadramento da problemática
- Público-alvo: mulheres pouco escolarizadas alojadas em Casas de Apoio para Mulheres Vítimas de Violência
Doméstica
- Entre as várias missões das casas no apoio e acompanhamento destas mulheres, inclui-se a intervenção ao nível
de percursos de orientação - formação - emprego, procurando aumentar os seus níveis de escolaridade,
qualificação e empregabilidade com vista construir ou reforçar a sua autonomia pessoal e financeira.
- O número de mulheres pouco escolarizadas e com pouca autonomia financeira alojadas nestas casas tem sido
significativo.
- As entidades que recebem queixas (as linhas de atendimento e informação e as forças de segurança) apontam a
dependência financeira em relação ao agressor, como factor perpetuador da situação.
- O II Plano Nacional contra a Violência Doméstica (Resolução do Conselho de Ministros n.º 88/2003)
recomenda garantir que, quando ocorre a ruptura com a situação de agressão, deve ajudar-se a vítima a
perspectivar um novo projecto de vida, procurando a sua eficaz reintegração social, designadamente procurando
facilitar o acesso de mulheres vítimas de violência doméstica a programas de pré-formação e formação
profissional, bem como a outras formas de apoio para inserção no mercado de trabalho (ponto 4.7).
- O mesmo Plano Nacional aponta para intervenções noutros âmbitos da vida das vítimas de violência,
procurando uma efectiva reintegração social através de apoio em áreas tais como o tratamento clínico e
psicológico, o apoio jurídico, a reintegração social de descendentes.
Os elementos colhidos dão pistas paras as principais problemáticas a abordar, mas não as esgotam,
podendo surgir outras áreas consideradas pertinentes. O Plano de Diagnóstico desenhado neste
contexto podeser oseguinte:
059
Colecção Metodologias
Agregação
das
problemáticas
Escolaridade
equalificação
Áreas
aexplorar
Fontes
de
informação
Métodos
derecolha
dedadosHumanos
Finan-
ceiros
Recursos
-Níveis
deescolaridade
equalificação
dopúblico-alvo
-Interesse
ereceptividade
dopúblico-alvo
emintegrar
umaintervenção
formativa
-Documentação
dascasas
-Técnicosdascasas
-Público-alvo
-Análisedocumental
-Dadosdisponíveis
nascasas
-Inquéritos
-Entrevistasindividuais
oucolectivasorientadas
-AnáliseSWOT
comgrupo
demulheres
TécnicaX
TécnicoY
750,00€-Reuniãocompúblico-alvo
parareflexãosobreotipo
deintervençãoarealizar
-Reuniãocomresponsáveis
etécnicosdasCasasparareflexão
sobreotipodeintervenção
arealizar
-Relatórioparaaentidade
financiadora
-Dadosadisponibilizar
àcomunidade(brochuras,site
institucionaldaentidadeformadora)
-Dadosadisponibilizaraentidades
especializadas(relatório
àCoordenaçãodoIIPlano
NacionalcontraaViolência
Doméstica,APAV,etc.)
-Ocontactocomopúblico-alvo
permiteumaselecçãonatural
dasformandas
-Ocontactocomentidadeslocais
permiteoiníciooureforço
deumaredeinstitucionaldeapoio
aestepúblico-alvo
2Semanas
Potencialuso
dosdados
Calendari-
zação
Emprego-
autonomia
financeira
-Situaçãoperante
oemprego
dopúblico-alvo
-Níveldeautonomia
financeira
dopúblico-alvo
-Documentação
dascasas
-Técnicosdascasas
-Público-alvo
-Análisedocumental
-Dadosdisponíveis
nascasas
-Inquéritos
-Entrevistasindividuais
oucolectivasorientadas
TécnicaX
TécnicoY
750,00€2Semanas
Apoiopsicológico
Saúde
Habitaçãofutura
Apoiojurídico
Apoio
relativamente
aosdependentes
(filhos,idosos)
-Identificar
sesãoassegurados
pelascasas
ouporquaisentidades
-Documentação
dascasas
-Técnicosdascasas
-Outrosserviços/
entidadeslocais
mobilizáveis
-Análisedocumental
-Dadosdisponíveis
nascasas
-Dadosdisponíveis
sobreentidadeslocais
-Contactos
comentidadeslocais
(inquéritos
ouentrevistas)
TécnicaZ
TécnicoV
TécnicaJ
1125,00€2Semanas
060
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
f) Qual o público-alvo da intervenção e suas principais problemáticas?
A tarefa seguinteé aconcretização do plano,ou seja, arealização do diagnósticopropriamente dito.
A recolha de dados que vai sendo desenvolvida, exige a construção dos respectivos instrumentos
(inquéritos, guiões de entrevista). Requer também a preparação de instrumentos de organização,
quantificação e sistematizaçãodos dados. Esteexercício de organizaçãosuportará, no final,uma análise
crítica dosmesmos dados.
Um elemento fundamentaldo processo dediagnóstico de necessidadesé aidentificação, caracterização
e quantificação dos principais grupos sociais em presença e suas necessidades, em especial aquele ou
aqueles sobre osquais se pretendeintervir.Os parâmetros decaracterização podem variarconsoante os
objectivos e naturezada intervenção formativa.No entanto, sãoimprescindíveis indicadores clássicosde
caracterização sócio-demográfica taiscomo osexo, aidade, osníveis deescolaridade equalificação, etc.,
para cada grupo em presença (ou para os mais significativos ou prioritários), o mais possível
quantificados, pelomenos comestimativas.
O quadro que se apresenta a seguir apoia a síntese destes dados e apresenta-se especialmente útil em
duas situações:
1. A entidade formadora/gestora orienta a sua intervenção para mais do que um grupo social em
simultâneo, sendonecessário caracterizarcada umpara melhorresponder àssuas necessidades.
2. A entidade formadora/gestora depara-se face a uma comunidade ou conjunto de vários grupos
sociais e pretendedecidir qual delesou sobre que(quais)problemática(s) pretende intervir.
O seu preenchimento constitui-se um primeiro passo de abordagem dos grupos em presença.
Apresentamos dois exemplos distintos de preenchimento do Quadro de Caracterização do Público-
Alvo.
061
Colecção Metodologias
EXEMPLO1-EntidadePromotora:CentrodeAtendimentoaToxicodependentes
ApráticadoCentrolevouàdiferenciaçãodosbeneficiáriosemfunçãodonúcleofamiliarassociado,considerando-sequecadagrupo
apresentanecessidadesespecíficasqueexigempropostasformativasajustadas,querdopontodevistadaorganização,querdoponto
devistadosconteúdos.
Beneficiários/as
semfamília
acargo
Beneficiários/as
comcônjuge
efilhos/as
TOTAL
N
%
N
%
N
%
TotalSexo
FM16-3031-65
IdadeEscolaridade
2ºC3ºCSec.E.S.
Qualificação
IIIII
Situaçãoperanteoemprego
Desocupado/aEmpregado/aDesempregado/aDLD
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
EXEMPLO2-EntidadePromotora:CentroSocialdoBairroX(freguesiadeY)
OCentroSocialdetémmaisdeumadécadadeexperiênciadeintervençãocomunitárianoBairroX.Apósumaactualizaçãodosdadossobrea
populaçãodoBairro,identificaramtrêsgrandesgruposcomnecessidadesprementesdeinserçãoprofissional,razãopelaqualsepropõem
desenhareimplementarumaintervençãoformativaàmedida.
Adultos
desempregados
delonga
duração
TotalSexo
FM16-3031-49
IdadeEscolaridade
2ºC3ºCSec.
Qualificação
IIIII
Situaçãoperanteoemprego
Desocupado/aEmpregado/aDesempregado/aDLD50-651ºCI
N
%
N
%
Mulheres
desocupadas
semexperiência
profissional
N
%
Jovens
comabandono
escolarprecoce
edesocupados
N
%
TOTAL
062
063
Colecção Metodologias
Procede-se emseguida àidentificação deoutros tiposde problemáticasassociadas asituações taiscomo
dependências físicas e psicológicas (eg. alcoolismo, toxicodependências), violência doméstica,
dificuldades ligadas asituações de monoparentalidade,guarda de dependentes, dificuldades deinserção
na cultura de acolhimento, outras problemáticas psicológicas (eg. depressão), etc. Para tal siste-
matização, será adequadaa seguinte grelha,na qual sefaz já umexercício de síntesedas problemáticas
face a umexemplo concreto:
Principais problemas
(quantificados
e qualificados)
Grupo Causas prováveis
Recursos
disponíveis
Necessidades
identificadas
Mulheres adultas,
desempregadas
de longa duração,
membros
de uma comunidade
cigana
Baixos níveis
de escolaridade
do público-alvo
- 100% do público-alvo
com escolaridade
igual ou inferior 9 anos;
88 % com escolaridade
igual ou inferior a 4 anos
- Insucesso e abandono
escolar precoce
- Inadequação
do sistema educativo
formal
- Falta de expectativas
face à utilidade real
da escolarização por parte
do público-alvo
- Pressão social
da comunidade cigana
(a escolarização não faz
parte do papel social
do público-alvo)
- Escolas EB1 e EB2,3
com cursos nocturnos
para adultos
- Solução formativa
com componente
escolar bem
desenvolvida
- Propostas
formativas de dupla
certificação
Elevado número
de dependentes a cargo
(crianças ou idosos/as),
limitando
a disponibilidade
para actividades fora
de casa
- 87% detém três
ou mais dependentes
a cargo
- As famílias numerosas
são uma tradição cultural
- Pressão social
da comunidade na guarda
dos dependentes na família
(não é valorizada
a “institucionalização”
de dependentes)
- Centro de Dia, Creche
e ATL no Centro Paroquial
da zona
- Como as famílias
são alargadas, podem
também mobilizar-se
elementos da família
como apoio,
designadamente,
irmãos/ãs ou primos/as
mais velhos/as,
em determinado horário
- Soluções
de guarda
de dependentes
durante as horas
de envolvimento
na intervenção
formativa
- Horários
da intervenção
formativa
adequados
... ... ... ...
064
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
g) Quaisas problemáticasa priorizar?
A sistematizaçãodos dadosexige umahierarquização deprioridades quesuporte umaadequada tomada
de decisão. Este exercício é tanto mais necessário num contexto de multidimensionalidade defactores
associados aoscontextos deexclusão social,como járeferido. Éadequado também quandoé alargadoo
âmbito de acção da entidade, exigindo opções claras quanto às prioridades de acção. Neste sentido, é
necessário um exercício que apoie uma orientação e uma não perda na multiplicidade de problemas
eventualmente sinalizados.
A partir do exemplo apresentado na grelha anterior, apresentemos um excerto de uma Grelha de
Hierarquização de Prioridades de Intervenção. A forma de preenchimento desta grelha assenta em
6vários juízos devalor relativos acada problema identificado .
6
Ver Instruções de Preenchimentoda grelha nosInstrumentos de Apoiono final destadimensão crítica.
065
Colecção Metodologias
Problema 1:
Baixos níveis
de escolaridade
do público-alvo
Critérios
Problemas
Dimensão Gravidade Recursos*
Sensibilidade
População
Atingida*
Sensibilidade
Técnicos/as
e Decisores/as*
Média
(100%
do público-alvo
com escolaridade
igual ou inferior
9 anos; 68 %
com escolaridade
igual ou inferior
a 4 anos)
(a gravidade
tem sido
crescente, já que
a escolaridade
tem-lhes sido
exigida para
a frequência
de cursos
de formação
profissional,
exigência
do Rendimento
Social de Inserção)
(Escolas EB1
e EB2,3
com cursos
nocturnos
para adultos)
(o público-alvo
não sente forte
necessidade
intrínseca
para aumentar
o seu nível
de escolaridade;
as exigências
são externa)
(este problema
é considerado
delicado,
mas não uma
prioridade
da intervenção)
3,8
Problema 2:
Elevado número
de dependentes
a cargo (crianças
ou idosos/as,
limitando
a disponibilidade
para actividades
fora de casa)
(87% detém
três ou mais
dependentes
a cargo)
(não há relutância
em deixar
os dependentes
a cargo de infra-
estruturas
sociais)
(Centro de Dia,
Creche e ATL
no Centro
Paroquial da zona;
como as famílias
são alargadas,
podem também
mobilizar-se
elementos
da família
como apoio,
designadamente,
irmãos/ãs
ou primos/as
mais velhos/as,
em determinado
horário)
(O público-alvo
considera
esta condição
como uma
limitação
na participação
em intervenções
educativas/
formativas)
(os financiadores
já contemplam
gastos
com guarda
de dependentes)
2,8
...
* Notação inversa
5 34 4 3
5 12 3 1
066
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
Neste momento, temosdados mais precisosrelativamente ao contextoobjecto de intervenção,dados
esses que permitemdistinguir claramente quaisas problemáticas àsquais devem serdadas respostas de
natureza formativa equais as quedevem ter outrotipo de respostas.
A identificação doque podemos designar, grosseiramente, denecessidades sociais, permite:i) distingui-
las das necessidades formativas propriamente ditas; ii) identificar aquelas às quais deve ser prevista, na
7intervenção formativa, uma resposta imediata, sob pena de comprometer o sucesso desta ; iii) e
antecipar cenários de influência (negativa) de outras sobre a intervenção formativa, criando ruído e,
eventualmente, comprometendo o sucesso da mesma. Esta caracterização coloca a equipa em alerta e
torna-se conhecedorado contextocomplexo noqual semove.
A multidimensionalidade dosproblemas exige multidimensionalidadede intervenções, comovimos. Tal
facto resulta em duas grandes conclusões: (1) uma intervenção formativa de qualidade não é por si só
suficiente e eficientepara uma inserçãosocial completa deuma pessoa ougrupo em exclusão social; (2)
uma intervenção formativa de qualidade e eficiente dirigida a grupos sociais desfavorecidos tem que,
igualmente, responder a necessidades sociais básicas prementes e emergentes no quotidiano dos/as
Formandos/as eda formação,como veremosadiante.
No entanto, a estreita articulação das intervenções formativas com outras intervenções promotoras de
inserção social não impede que sejam perspectivadas com limites bem definidos. No contexto do
presente Guia, abordamos única e exclusivamente a preparação, desenvolvimento e avaliação de uma
intervenção formativa,pelo queela deveser encaradacomo tal.
Com ainformação recolhida, épossível organizaras necessidadesidentificadas
em trêsgrandes categorias:
a) As necessidades às quais serão dadas respostas pela via da formação -
necessidades formativas
b) As necessidades para as quais há a implementar estratégias de resolução,
sob pena de afectarem o sucesso da intervenção formativa - necessidades
sociais básicas
c) Outras necessidades sociais que exigem intervenções mais complexas e
de natureza social/comunitária (cujo aprofundamento não tem lugar no
presente Guia)
7 O exemplo do cuidado com dependentes é muito ilustrativo: sem condições de guarda de crianças, está, à partida comprometida a assiduida-
de/pontualidade de formandas,ou até mesmoa sua participaçãonuma intervenção formativa.
067
Colecção Metodologias
h) Quais as necessidades a colmatar pela via da formação?
O passo final será o de sintetizar o conjunto de necessidades de formação de acordo com as seguintes
categorias:
Esta síntese permiteapontar grandes orientaçõespara o desenhode propostas formativasadequadas.
Mas antes, procede-se igualmente a um diagnóstico de necessidades individuais (aproveitando o
contacto que já se estabeleceu com o público-alvo), bem como a um diagnóstico de necessidades
formativas do meioque proporciona dadose contactos conducentesà futura inserçãoprofissional dos/as
Formandos/as.
O diagnóstico de necessidades de formação prévio à intervenção deve resultar na listagem de um
conjunto de competênciasadquiríveis por meioda formação emobilizáveis na experiênciade inserção
profissional. O objectivo último de uma análise de necessidades de formação é chegar a objectivos de
formação pertinentese realistas(De Ketele,1995) ancoradosnas competênciasa desenvolver.
Nesta primeira fase de diagnóstico social, chegamos a um conjunto de dados e orientações genéricas
para a acção.O diagnóstico individuale denecessidades de formaçãodo mercado permitirãosinalizar um
conjunto mais detalhadode competências adesenvolver por viada formação.
Categoria Necessidades
Níveis de escolaridade
Necessidades sociais básicas
Anos de escolaridade frequentados e completados
pelo público-alvo
Listagem genérica de competências sociais e relacionais
consideradas em falta no público-alvo
Lista de necessidades sociais a ter em conta no desenho
da solução formativa.
Áreas de formação técnica Frequência de cursos de formação profissional pelo público-alvo
Competências sociais e relacionais
068
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
PREPARAR A PRÁTICA…
Na presente DimensãoCrítica, apontam-se propostaspráticas que devemser apropriadas eadequadas
às realidades concretas de cada contexto social e formativo. Caso as considere pertinentes para a sua
prática, propomos quereflicta sobre comoapropriar-se daspropostas apresentadas.
Síntese do ponto: check-list das principais tarefas
De entre as principais tarefas da presente Dimensão Crítica:
– Quedificuldades encontro para“fazer” o que éproposto?
– Oque consideroprioritário fazer?
– Quemudanças implicam aimplementação prática daspropostas (em quê,como ecom quem)?
– Quaisas vantagense quaisas desvantagensde implementaro queé proposto?
>
>
3
2
1
Identificar e caracterizar os actores locais
Consultar os actores locais
Analisar as redes de actores
Definir áreas de colaboração
Constituir uma Comissão de Diagnóstico
Sinalizar problemáticas do contexto social
Delinear um plano de diagnóstico
Delimitar e caracterizar o grupo-alvo
Priorizar as problemáticas do grupo-alvo
Sintetizar as necessidades do grupo-alvo
069
Colecção Metodologias
INSTRUMENTOS DE APOIO
Ficha de Actores
[Esta imagem da Ficha de Actores é um exemplo de um formulário construído através de uma aplicação informática para
a construção de bases de dados]
>
> Quadro-síntese dos actores
Actores/entidades
... ... ... ...
Natureza
da entidade/missão
Mais-valias
(para a intervenção)
Expectativas
(de colaboração)
070
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
>
>
>
Quadro de apoio à constituição da Comissão de Diagnóstico
Plano de diagnóstico (I)
Plano de diagnóstico (II)
Pessoa a convidar Mais-valia para a comissão Observações Resultado
[Coord. da Comissão]______
[Nome] _________________
[Entidade/grupo] _________
[Contacto] ___________
[Nome] _________________
[Entidade/grupo] _________
[Contacto] ___________
...
Enquadramento da problemática
Agregação
das
problemáticas
Áreas
a explorar
Fontes
de
informação
Métodos
de recolha
de dados Humanos
Finan-
ceiros
Recursos
Potencial uso
dos dados
Calendari-
zação
071
Colecção Metodologias
(Grupo1)
__________
N*
%
N*
%
(Grupo2)
___________
N*
%
...
N*
%
TOTAL
TotalSexo
FM[x-y][w-z]
IdadeEscolaridade
2ºC3ºCSec.
Qualificação
IIIII
Situaçãoperanteoemprego
Desocupado/aEmpregado/aDesempregado/aDLD1ºCIE.S.
>
>
Quadrodecaracterizaçãodopúblico-alvo
Grelha-síntesedasproblemáticasdogrupo-alvo
*Naausênciadenúmerosabsolutos,registarestimativas.
Principaisproblemas
(quantificados
equalificados)
GrupoCausasprováveis
Recursos
disponíveis
Necessidades
identificadas
...
(AdaptadodeFormuláriosProgramaEscolhas2ªGeração,2004)
072
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
> Grelha de Hierarquização de prioridades de intervenção
Problema 1
Critérios
Problemas
(conforme
quadro anterior)
Dimensão Gravidade Recursos*
Sensibilidade
População
Atingida*
Sensibilidade
Técnicos/as
e Decisores/as*
Média
Problema 2
Problema 3
...
(Adaptado de Guerra, 2000)
* Notação inversa (de acordo com as Instruções).
Instruções da Grelha de Hierarquização de Prioridades de Intervenção
- Deve atribuir-se uma pontuação de 1 a 5 para cada um dos critérios de hierar-
quização. No final, a hierarquização das problemáticas tem por base a ordenação
decrescente dasMédias alcançadas.
Significado de cadaCritério:
- Dimensão - pesoda populaçãoatingida
- Gravidade - ponderação qualitativa(um juízo devalor) quanto àdimensão da
problemática
- Recursos - avaliação relativa à existência de recursos mobilizáveis (recursos
inacessíveis são partedo problema enão da solução)
- Sensibilidade da população atingida e dos técnicos e decisores - avaliação
relativa aograu departicipação/mobilização destes actores
- Os três últimos critériosdevem ter umanotação inversa: ouseja, quanto maioro
número de recursosdisponíveis e mobilizáveis,menor aponderação; quanto maior
a sensibilidade dos actores sociais para o problema em análise, menor a
ponderação.
- Quando estamos perante mais do que um grupo-alvo prioritário, édesejável pre-
encher umagrelha por grupo.
Diagnóstico
de expectativas
e necessidades
viduais de formação
075
Colecção Metodologias
Formação para a Inclusão. Guia Metodológico.
IDENTIFICAR
Necessidades
PREPARAR
a Intervenção
ACOMPANHAR
a Intervenção
RECONHECER
Processos
e Resultados
Ao longo deste ponto, procuramos abordar as seguintes questões:
a) Quais os factores em jogo na abordagem a potenciais formandos/as?
b) Qual a abordagem mais adequada ao público-alvo?
c) Que meios utilizar no sentido de mobilizar o público-alvo para a formação?
d) Quais as mais adequadas estratégias de contacto com os/as potenciais formandos/as?
e) Como realizar o diagnóstico individual de necessidades de formação?
f) Como potenciar os dados recolhidos?
g) Como mobilizar os sistemas oficiais de reconhecimento, validação e certificação?
Diagnóstico social
e das dinâmicas
territoriais
Acompanhamento
dos/as formandos/as
Avaliação
da intervenção
Diagnóstico
de expectativas
e necessidades
individuais de formação
Definição
da estratégia avaliativa
Acompanhamento
da formação
em contexto
de trabalho
Diagnóstico
de necessidades
de formação
e oportunidades
do mercado de trabalho
Definição
e mobilização
dos meios humanos
e materiais
Construção da
intervenção formativa
076
Formação para a Inclusão - Guia Metodológico
a) Quais os factores em jogo na abordagem a potenciais formandos/as?
O processo de diagnóstico social realizado, se verdadeiramente participado, levou a um contacto
efectivo com, pelo menos, um grupo reduzido do público-alvo envolvido na obtenção de dados de
diagnóstico do contexto sob intervenção. Este grupo é constituído por potenciais formandos/as e
deve ser, igualmente, meioprivilegiado de chegara outros potenciaisformandos/as pertencentes
ao público-alvo.
Habitualmente, os projectos de formação utilizam estratégias pouco adequadas de divulgação das
acções e de atracção e mobilização das populações pouco escolarizadas. E tal acontece,
frequentemente, devido àinexistência de umdiagnóstico de necessidadesque permita umaidentificação
do perfil pessoale social dospúblicos-alvo, bem comode abordagens mais participativas.
Havendo, por parte das entidades, uma preocupação em conceber e em desenvolver projectos de
formação de acordocom o que se diagnosticacomo sendo as necessidades deformação, em termosde
desenvolvimento de competências, descura-se, não raras vezes, um conjunto de indicadores de
caracterização social apartir dos quaisé possível identificaras melhores formasde divulgar, mobilizar e
motivar para e durante a acção formativa, sendo que esses indicadores se revelam também úteis ao
acompanhamento, como veremosadiante
Naturalmente que o facto de se procurar conciliar as motivações e interesses individuais com as
necessidades do mercado, aumenta as possibilidades de a proposta formativa ser atractiva, porque,
efectivamente, a exclusão social configura uma diversidade de situações tipo/grupos que revelam
necessidades de formaçãoe inserção específicas.
No que respeita à mobilização de grupos sociais desfavorecidos para um
projecto de formação/inserção, dever-se-á sempre partir da perspectiva da
montanha que vaia Maomé!
Formação para a inclusão
Formação para a inclusão
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Stress no trabalho
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Mochila08 inclusao social
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Formação para a inclusão

  • 2.
  • 3. Num quadro social e económico competitivo, como aquele que actualmente vivemos, importa não ficar alheio aos desafios que em simultâneo se colocam, em matéria de solidariedade e coesão social. É neste enquadramento que surge a publicação, pelo IQF, do presente Guia Metodológico, o qual se destina, justamente, a apoiar o reforço das competências de organizações e profissionais que operam no âmbito da Formação para a Inclusão. O trabalho que agora se apresenta, entre outros objectivos, pretende facilitar, a partir de um quadro de reflexão crítica, por parte nomeadamente, dos operadores de formação, a exploração de novos métodos e ferramentas de trabalho que possibilitem, do ponto de vista da qualidade intrínseca e adequabilidade aos públicos, uma mais conforme estruturação das respectivas intervenções. A realização de processos formativos de qualidade, destinados a públicos em risco ou mesmo em situações de exclusão, deverá constituir-se numa oportunidade de excelência, para o enriquecimento do património dos indivíduos, designadamente por via do desenvolvimento de dimensões cognitivas, relacionais, de organização para a vida e capacidade de resolução de problemas, baseadas em valores essenciais. Importa porém ter ainda em conta que a tipologia de públicos-alvo abrangidos pelo presente trabalho, não é de natureza homogénea o que determina sejam tidos em consideração os necessários ajustamentos, desde a concepção, ao planeamento, execução ou avaliação dessas intervenções, sem deixar de ter em conta questões de carácter pedagógico e social específicos, como os níveis de individualização do processo de aprendizagem, desenvolvimento de condições de sociabilização e demais apoios extra-formativos. Refira-se ainda que o presente trabalho, pelas características que encerra, não deixará seguramente de ter interesse, para as entidades que operando junto destes públicos, não são formadoras, uma vez que a apropriação dos princípios e metodologias propostas, lhes possibilitará um diálogo facilitado, com os designados operadores de formação. Uma palavra ainda de agradecimento aos peritos externos e parceiros institucionais, que connosco colaboraram, seja pela qualidade dos respectivos contributos seja pelos incentivos à prossecução de um trabalho, naturalmente difícil, mas em todo o caso um contributo, que acreditamos ser importante, para quem trabalha na área da Inclusão. Nota de AbertuNota de Abertu O Conselho Directivo
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  • 5. AgradecimentAgradeciment Este documento contou com sucessivas leituras e olhares críticos de múltiplos actores e organizações, aos quais não podemos deixar de agradecer o seu contributo de melhoria do produto final. Agradecemos a colaboração empenhada da Dr.ª Maria Everilde Silva e da Dr.ª Teresa Silva Alves, bem como os contributos institucionais das entidades participantes nas várias sessões de validação do presente Guia Metodológico: - PIC EQUAL - POEFDS, Eixo 5 - Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) - Associação para a Recuperação do Cidadão Inadaptado da Lousã (ARCIL) - Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas (ACIME) - Instituto de Reinserção Social - Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado - Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) - Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas - Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) - Centro de Formação Profissional para o Comércio e Afins (CECOA) - Outros parceiros sociais Um último agradecimento ainda aos Colegas de todas as Unidades Orgânicas do IQF que também participaram na melhoria do documento.
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  • 7. 009 037 121 245 335 Índice Introdução Enquadramento da Proposta Metodológica Autodiagnóstico Proposta metodológica Recursos Questionário de Avaliação do Guia - A que necessidades procura dar resposta - Objectivos - Destinatários - Opções metodológicos seguidas - Como está organizado - Apropriação e exploração - Princípios orientadores - Inserção Social e Profissional - Metodologias Participativas - empowerment e parcerias - Igualdade de Oportunidades - Grandes finalidades - Proposta metodológicas - Diagnóstico social e das dinâmicas territoriais - Diagnóstico de expectativas e necessidades individuais de formação - Diagnóstico de necessidades de formação e oportunidades domercado de trabalho - Construção da intervenção formativa - Definição da estratégia avaliativa - Definição e mobilização dos meios humanos e materiais - Acompanhamento dos/as formandos/as - Acompanhamento da Formação em Contextode Trabalho - Avaliação da intervenção - Referências Bibliográficas - Sites - Outros recursos IDENTIFICAR Necessidades PREPARAR a Intervenção ACOMPANHAR a Intervenção RECONHECER Processos e Resultados 351 319 017 027 035
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  • 11. 011 Introdução Colecção Metodologias O contexto socioeconómico português é fortemente determinado pelo baixo nível de instrução e de qualificações da população activa, apesar de recentes evoluções positivas. Acresce-lhe ainda a persistência de um elevado peso do desemprego de longa e de muito longa duração no desemprego total, bem como a existência de taxas elevadas de pobreza que configuram situações complexas e potencialmente geradoras de exclusão social. Nestas situações, destaquem-se grupos com especiais problemas de(re)inserção nomercado detrabalho, comojovens, trabalhadoresmais velhos,mulheres, minorias étnicase desempregados. O sistema de formação profissional apresenta-se como um instrumento estratégico na procura de um desenvolvimento sustentável apoiado na dupla componente de prosperidade económica e equidade social. Um tal sistema, de qualidade e promotor da modernização da economia portuguesa, da competitividade e desenvolvimentointra e interorganizaçõese da equidade social, nãopode deixar de procurar desenhar e implementar propostas adequadas aos públicos mais vulneráveis, visando o aumento do seunível de empregabilidadee apromoção da coesãosocial. O Quadro Comunitário de Apoio para Portugal para o período 2000 a 2006 (QCA III), enquanto importante instrumento financeiropara o desenvolvimentonacional, propõe-se promoveresse reforço da competitividade eda coesão social(IGFSE, 2004). No que diz respeito aoeixo Desenvolvimento de Recursos Humanos, o actual QCA estabelece como prioridade de intervenção, entre outras, o reforço do investimento na reinserção social e profissional dos desempregados e de outros grupos com dificuldades de inserção socioprofissional, valorizando-se a especificidade dos públicos envolvidos e apoiando-se os investimentos destinados à qualificação profissional e à adequação ao contexto de trabalho (op. cit., 2004). Os Planos Nacionais,instrumentos de aplicaçãonacional das directivascomunitárias, são tambémclaros na emanação de recomendações relativas à necessidade de procurar propostas ajustadas à inserção profissional de públicos socialmente fragilizados. O Plano Nacional de Emprego para o período 2003- 2006 (RCM, 185/2003, de 3 de Dezembro), define-o na directriz 7, defendendo o objectivo de promover a inserçãono mercado detrabalho de pessoasdesfavorecidas e combatera discriminação de que são alvo. O Plano Nacional de Acção para a Inclusão para 2003-2005 (RCM, 192/2003, de 23 de Dezembro), procurando umaredução progressiva dapobreza e daexclusão social, defendea criação, para as pessoas que pertencem a grupos mais vulneráveis da população, de percursos de acompanhamento para oemprego e damobilização, para oefeito, das políticasde formação (no âmbito do objectivo 1.1.Promover aparticipação noemprego). Nesta missão depromoção da coesãosocial via eixoEducação - Formação - Emprego,tem o Estado um papel fundamental, e várias são as ofertas públicas neste domínio. Todavia, não esgota em si esta responsabilidade. A sociedade civil tem desempenhado, a este nível, um papel fundamental: o chamado Terceiro Sector tem sido, nas últimas duas décadas, um sector em franca expansão, quer quantitativamente, quer no que diz respeito a visibilidade social. Neste âmbito, surgem iniciativas de criação de emprego, de economias de proximidade, através de pequenas empresas, microempresas,
  • 12. 012 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico iniciativas deauto-emprego, cooperativas, etc.Estas iniciativas caracterizam-sepor absorveruma parte das funções tradicionalmente exigidas ao Estado, tendo encontrado terreno fértil em Portugal, país caracterizado por umEstado-Providência fracoe poruma sociedade providênciaforte (Ferreira,2003). O panorama da formação profissional não é alheio a esta emergência da sociedade civil. De facto, em 2002, as entidades formadoras cuja missão principal é a acção social constituíam 12 % do total das entidades formadoras acreditadasem Portugal (3º lugarentre as maisrepresentadas) (INOFOR, 2002b). Estas entidades, realizamformação dirigida a públicos-alvo específicos, tais como cidadãos portadores de deficiência, membrosde minorias étnicasou religiosas, populaçõesem situações derisco clínico ou social, jovens e idosos, grupos com reduzida representação estatística aos quais as ofertas formativas estabilizadas e decariz universal nãosão dirigidas e/oueficazes. Se ossubsistemas oficiais deeducação e formação têmapresentado inúmerasfragilidades, oumesmo profundainadequação, noque dizrespeito ao seusucesso eeficácia juntode públicosespecíficos, estasentidades procuram,por seulado, outrotipo de propostas. O Instituto para a Qualidade da Formação, enquanto instituto público vocacionado para o reforço da qualidade e eficácia do sistema de formação profissional, tem vindo a produzir reflexões e recomendações metodológicas com vista à melhoria das intervenções formativas dirigidas a grupos 1sociais em situaçãode desvantagem e/oupouco escolarizados . Propõe-se agora conceber eproduzir Guias Metodológicos que procuram constituir-se como instrumentos práticos de apoio à melhoria da qualidade das práticas das entidades formadoras, procurando, no limite, o aumento dos níveis de qualificação e de empregabilidade da população activa portuguesa em geral, e particularmente dos públicos em vulnerabilidadesocial. É nestecontexto que seintegra o presenteGuia. Os constrangimentos sociais e económicos da realidade, as desvantagens de partida (educacionais, culturais, de oportunidades,financeiras) das pessoasem exclusão sociale afragilidade e/ou dependência financeira da maioriadas entidades aoperar na intervençãosocial, são terrenofértil para umaacrescida dificuldade no atingirde padrões dequalidade e deeficiência das intervençõesformativas desenvolvidas nestes contextos. Poroutro lado, aescassa oferta demetodologias e instrumentosnesta área deformação tem dificultadoa introdução sistemática demelhorias ao níveldas práticas formativas. Neste sentido, esteGuia visa darum contributo válidode elevação dospadrões de qualidadee exigência das intervenções formativas e de inserção social, contribuindo para a profissionalização de uma A que necessidades procura dar resposta 1 Cf. Prudêncio,M. (1999); Graça,Milagre & Pereira (1999); Milagre,Passeiro &Almeida (2002); Vilhena& Almeida (2002).
  • 13. 013 Colecção Metodologias intervenção que, emboracom profundas alteraçõesnas últimas décadas,carece ainda deuma evolução de qualidade. O conjunto de propostas teóricas e metodológicas apresentadas inscrevem-se numa abordagem sistémica da intervenção formativa/social e num conceito que visa distanciar-se da visão moralista de colocar “nobom caminho osdesviados”. A adopção do conceito de “inclusão” por contraponto a “integração” traduz esse novo paradigma da intervenção social centradono propósito defazer emergir osgrupos em situaçãode desvantagem dasua condição de excluídos, implicando-os nos processos, devolvendo-lhes uma necessária margem de escolha, para osapoiar no traçardos percursos paraa concretização dosseus objectivos. A acçãodas entidades promotorasde inclusão, hoje,passa sobretudo porconfrontar as instituiçõescom as formas de expressão desses grupos sociais gerando mediações entre os recursos das instituições e as necessidades dos indivíduose grupos(Guerra, 1994). Enquadrado no actualcontexto português enas suas necessidadesespecíficas em matériade formação profissional e reforço do tecido produtivo, o presente Guia Metodológico tem como principais objectivos: 1. Reforçar as competências das organizações e dos profissionais que intervêm na formação dirigida a públicos em situaçãode exclusão social,tendo em vistaa melhoria contínuada qualidade dasrespectivas intervenções, bem comoda sua eficáciaao nível daempregabilidade dos/as Formandos/as; 2. Promover a reflexão em torno das práticas já existentes, incentivando a partilha de experiências e soluções entre organizações e profissionais interessados no reforço das suas competências nesta matéria, através de sugestões metodológicas concretas que podem contribuir para a melhoria dessas mesmas práticas; 3. Disponibilizar um conjunto de metodologias e instrumentos de apoio às práticas de desenho e implementação depropostas formativasdirigidas a estesegmento dapopulação activa,potenciadores de aprendizagem das entidades e profissionais que intervêm na formação, tendo em vista uma maior profissionalização e especialização dos operadores e fornecedores neste domínio da Formação Profissional emPortugal; 4. Incentivar uma visãode conjunto dociclo formativo nestescontextos, promovendo aconsciência de que o cuidado e qualidade nas práticas “antes” da formação são factores críticos para o sucesso e adequação do “durante”e eficácia do“depois” da formação; Objectivos
  • 14. 014 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico 5. Apoiar as entidades acreditadas, ou em fase de acreditação, na demonstração das respectivas capacidades para intervirneste segmento,em particularna apresentaçãodas respectivas metodologiase actividades formativas, bem como respectivos instrumentos e estratégias de acompanhamento e validação. Os destinatários do presente Guia são os actores da formação responsáveis pela implementação de intervenções formativas dirigidas a grupos sociais desfavorecidos, designadamente formadores/as, gestores/as da formação,conceptores/as de formação,técnicos/as de acompanhamento,técnicos/as de inserção, tutores/as, gestores/as de projectos de intervenção social, especialistas em avaliação da formação e/ou deprojectos, etc. Os destinatários indirectos, ou seja os públicos-alvo das intervenções formativas ora propostas, são essencialmente os grupos em situação dedesvantagem, designadamente em situação de desocupação 2 permanente ou dedesemprego de curtaou longaduração . A elaboração dopresente Guia obedeceua um conjunto de opçõesmetodológicas com afinalidade de facilitar a sua apropriação reflexiva e prática por parte dos seus utilizadores. Entre estas opções, destacam-se: - Apresentação de uma proposta de auto-diagnóstico que apoiea tomada de consciência e a tomada de decisão relativaàs áreastécnicas aaprofundar edesenvolver. - Organizaçãode umaproposta metodológicacoerente noseu todo,com momentosinterdependentes, mas permitindo apropriações metodológicas, técnicas e instrumentais parcelares, de acordo com necessidades específicasdos utilizadores. - Apresentação de questões orientadoras que facilitem a apropriação das propostas práticas apresentadas. - Apresentaçãode checklists -síntese das principaistarefas e mensagensde cada dimensãocrítica. Destinatários Opções metodológicas seguidas 2 É importante referir que, à partida, não estão incluídas as pessoas portadoras de deficiência, por considerarmos que a intervenção no âmbito da reabilitação tem especificidadespróprias. Todavia, tal nãoimpede que muitasdas propostas metodológicasapresentadas não possamser adoptadas e adaptadas aoreferido âmbito.
  • 15. 015 Colecção Metodologias - Apresentação de questões de reflexão preparatórias da implementação/adequação das práticas propostas. - Apresentação de um conjunto de propostas de instrumentos de apoio ao desenvolvimento de cada dimensão crítica. O presente Guiaencontra-se estruturado emquatro grandes blocos: - Enquadramento daproposta metodológica, ondese apresentam edesenvolvem os princípiosteórico- metodológicos queenformam amesma. - Autodiagnóstico,onde éproposto acada utilizadorque reflictasobre assuas própriaspráticas nasáreas abordadas noGuia - Proposta metodológica, onde são exploradas as dimensões críticas, principais tarefas a realizar e instrumentos a mobilizar, nodesenvolvimento dos seguintesquatro grandes momentos: - IDENTIFICAR Necessidades - PREPARARa Intervenção - ACOMPANHARa Intervenção - RECONHECER Processose Resultados - Recursos,onde seapresentam referênciasbibliográficas, sites eoutros recursosnas áreasabordadas. O presente Guia é um instrumento de trabalho. Neste sentido, não pode deixar de ser lido se não em função dasnecessidades específicasdos seusutilizadores. Este instrumento nãoexige uma leiturae apropriação sistemáticasde todas aspropostas apresentadas. Propõe-se, mesmo, que o utilizador aceda ao Guia de forma livre por temática, momento, dimensão crítica, questãoorientadora, instrumentoou recurso,de acordocom assuas prioridadese necessidades. Uma verdadeira apropriaçãodas práticas propostasexige adequações aoscontextos formativos esociais específicos, pelo quea proposta metodológicarequer uma auto-reflexãosobre as própriaspráticas. A apropriação das propostas do presente Guia será tanto mais profunda quanto mais responda a necessidades concretas e bem identificadas, designadamente sinalizadas pelo exercício de auto- Como está organizado Apropriação e exploração
  • 16. 016 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico diagnóstico, bem como pela reflexão em torno das próprias práticas e das que se querem adoptar/adaptar. O utilizador deste guia encontrará ainda, ao longo do texto, um conjunto de “navegadores” que visam ajudar aidentificar anatureza doconteúdo aexplorar/ apropriar: Remete o utilizador para uma reflexão sobre conceitos, definições, princípios que enquadramas metodologias propostas. Visa introduzir o utilizador no desenvolvimento / execução de propostas metodológicasconcretas. Remete o utilizador para exemplos concretos que visam ilustrar a implementação das metodologias e instrumentos propostos. Apresenta em síntese os instrumentos propostos para desenvolver cada dimensãocrítica. Instrumentos de apoio ao processo Exemplo Prático Oficina metodológica Biblioteca 3 2 1
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  • 19. 019 Enquadramento da proposta metodológica Colecção Metodologias Princípios orientadores Uma intervençãoformativa dirigida a população em idade activa em situação de exclusão social deve ser enformada pelos seguintes princípios orientadores: promoção da inserção social e profissional, o recurso a metodologias participativas (empowerment e parcerias) e a promoção de igualdade de oportunidades. Qualquer intervençãode inserçãosocial devepartir deuma abordagemintegrada. Sãomais eficientesas intervenções que integram várias abordagens - escolar, profissional, de protecção social, saúde, habitação, cultura, etc.- evários actores -os grupos-alvo, ostécnicos responsáveis pelaimplementação das acções eoutros actores maisou menosenvolvidos, parceiros, financiadores,outros. É neste contexto que se integra a educação/formação como um importante vector de acção a desenvolver, entre outros, nas iniciativas de inserção social. Apesar de não poder ser uma estratégia isolada, é indiscutível a sua importância. Uma experiência de formação nestes contextos propõe-se, muitas vezes, colmatar a lacuna deixada por situações de insucesso e abandono escolar que deixam marcas de marginalização do sistema e de exclusão social dos cidadãos que as experimentaram. Ao qualificar,proporciona aos cidadãosmaiores níveis deempregabilidade, nomeadamente apossibilidade de acederem a um leque mais diversificado de postos de trabalho, postos condignos e com maior possibilidade de segurançae depermanência amédio prazo.A situaçãoperante otrabalho édecisiva para a pessoa em sociedade, pela possibilidade que lhe concede de satisfação de necessidades básicas e de desenvolvimento de uma identidade social na integração de redes de relacionamento e de pertença institucional. Uma experiênciaformativa bemsucedida étambém umaoportunidade deelevação daauto-estima e do autoconceito dos participantes, bem como uma possibilidade de intervir e modificar o seu próprio destino. Deste modo,a formação podee deve desempenhar um importantepapel na aproximaçãodas pessoas em situaçãode fragilidade socialaos direitos decidadania cujo exercíciopleno é-lhes dificultado ou mesmoobstruído. Aconcepção, preparaçãoe desenvolvimentodestas intervençõesformativas tem que estar integrada num projecto mais amplo de promoção de inserção social, fortemente marcada e assente na inserção profissional. Desta forma,todas as opçõesteóricas, técnicas emetodológicas não podem deixar de se reger pela finalidade última de inserção social e profissional dos participantes na formação. Inserção Social e Profissional O acesso ao emprego qualificado constitui, de facto, uma das melhores protecções contra aexclusão social!
  • 20. 020 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico As intervençõesformativas devemser preparadascom basena ambiciosafinalidade de facilitar umaefectiva inserçãoprofissional pós-formação! Estamos no plano da formação profissional qualificante. Não se pretende minimizar a necessidade de intervenções de pré-formação:estas devem serperspectivadas como umafase inicial, arealizar quando considerado necessário, mas não constituindo a totalidade da intervenção formativa. Os saberes-fazer sociais e relacionais devem desenvolver-se e adquirir na prática, de forma sistemática e transversal, ao longo detodo oprocesso formativoe, nofuturo, emexperiências profissionaiscondignas equalificantes. Não se recusam as situações de extrema exclusão, nas quais as pessoas apresentam uma profunda privação de saberes sociais e relacionais que compromete experiências formativas e profissionais imediatas. Casos como estes devem ser considerados com abordagens integradas e de outra natureza antes de se pretender organizar formação qualificante e preparatória de inserção profissional efectiva. Todavia, uma grande parte dos cidadãos em contexto de exclusão social são cidadãos com potenciais mobilizáveis para asua própria inserção e desenvolvimento, como pessoas e como comunidade, assim lhes sejam propostas oportunidades adequadas e responsabilizadoras, que lhes proporcionem o resgatar da suadignidade de actoresresponsáveis pelo seupróprio futuro. Partimos de uma concepção de inserção social como um duplo movimento. Por um lado, as pessoas e famílias em situaçãode exclusão socialdevem iniciar processosque lhes permitamo acesso aosdireitos de cidadania e à participação social. Por outro lado, as instituições devem oferecer a essas pessoas, famílias e grupos,reais oportunidades deiniciar tais processos,disponibilizando-lhes os meios,dando- lhes apoio e criando os lugares sociais onde se possam colocar (Capucha, 1998). Da parte das instituições, opresente Guiapropõe-se contribuirpara oincremento daqualidade eda eficáciada oferta formativa dirigida a este segmento da população activa. Do lado das pessoas em situação de exclusão social, defendemosser necessárioe adequadoo recursoa metodologiasparticipativas, encaradas como as que apelamao desenvolvimento dacapacidade de pessoase grupos paradefinirem os seusobjectivos e meios paraos concretizarem (Guerra,2000). O conhecimento,mobilização eimplicação daspessoas, maisdo queuma questãoética ouideológica, é uma necessidade metodológica.A complexidade dosfenómenos sociais exigemaior complexidade de respostas, e aimplicação de todosos actores constitui-secomo ummeio de eficáciada intervenção facea essa complexidade (Guerra, 2000). O trabalho participativo de projecto constitui-se, cada vez mais, como uma forma eficaz de condução de acções adaptada à intervenção na complexidade e na escassez constante de recursos (Guerra, op. cit.). As metodologias participativas não são simples de operacionalizar, ea suaefectiva implementaçãoexige oultrapassar de obstáculos permanentes. Metodologias Participativas - empowerment e parcerias
  • 21. 021 Colecção Metodologias Todos os actores, em especial as populações em situação de desvantagem social, devem participar para aprender a participar, suprindo, coma prática, oacesso e participaçãoplena aos váriossistemas sociais básicos (Bruto daCosta, 1998), garanteda sua inserçãosocial. Para além dosconteúdos de formaçãoe das formas de os trabalhar, a verdadeira aprendizagem da cidadania faz-se com uma prática real dos valores e dosprocedimentos democráticos noscontextos formativos. Se a participação das pessoas dos contextos de exclusão assume uma necessidade premente, tal não significa queo façamsozinhos. Sese colocassea hipótesede iniciativaprópria eautónoma noultrapassar da sua situação de desvantagem social, não se encontrariam nela, e este tipo de intervenção deixaria de fazer sentido. A participação dos membros da equipa técnica é, assim, imprescindível, e o sucesso da intervenção assenta naqualidade desta mesmaparticipação. As intervençõesem contextoscomplexos jánão prescindem,por outrolado, dotrabalho emrede inter- organizacional. Cada intervençãodeve assentar nosdiversos papéis dasorganizações reunidas emtorno de objectivos comunse não, como habitualmente, desenvolvidapor uma ou duas entidadese “ajudada” em detalhes por outros actores. As práticas de terreno vão progressivamente chamando outros actores para osvários processos,consolidando ereconstituindo empermanência asredes deparceria. O presente Guiapretende ter tambémsubjacente a promoçãode igualdade deoportunidades nas suas várias perspectivas,destacando-se o nívelde géneroe onível étnicoe cultural. As relações sociais não são neutras, e, entre pessoas pertencentes a diferentes grupos sociais, têm subjacentes relações assimétricas de poder social, económico, cultural ou simbólico. A promoção de uma verdadeira inclusãonão pode encararcom indiferença ouneutralidade esta assimetria,sob pena de a deixar, inadvertidamente, actuarcomo factor dereforço da exclusão. No quediz respeito àigualdade de género,os níveis deescolaridade, de acessoà formação profissionale ao emprego apresentam diferenças, qualitativas e quantitativas, relativamente aos indicadores desagregados por sexo,favorecendo mulheres ouhomens numas ounoutras situações. Estatendência de desigualdade impede ou limita o acesso de homens e mulheres a áreas que lhes são naturalmente vedadas, limitando assimo potencial dedesenvolvimento de todoe qualquer cidadãona promoção da coesão edo desenvolvimento económicoe social. OII Plano Nacionalpara a Igualdade(RCM 184/2003, de 25 de Novembro) é claro relativamente à necessidade de medidas concretas de promoção da igualdade de oportunidades em todas as áreas, as da educação - formação - emprego incluídas, designadamente juntode populaçõesmenos providassocial eeconomicamente. As questões étnicas e culturais colocadas pela sociedade multicultural que integramos, suscitam igualmente umaatenção redobradaàs práticaspromotoras deigualdade deoportunidades. Numamera Igualdade de Oportunidades
  • 22. 022 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico perspectiva de mosaico cultural, as práticas assentam apenas no reconhecimento tolerante da diversidade; mas numaperspectiva intercultural, adiversidade étnica ecultural é reconhecidacomo um valor euma mais-valia paragrupos/culturas minoritários emaioritários na vivênciada cidadania comume global. Nesta perspectiva, as práticas que promovem a igualdade de género não se confinam a preparar respostas específicas a mulheres. Muitas vezes, as necessidades podem revelar precisamente o contrário, exigindointervenções juntode homens,por exemplo.Poroutro lado,respostas interculturais também não seresumem a práticasde exaltação defolclore ou deusos e costumes. As culturas(étnicas, nacionais), minoritárias ou maioritárias, não são estanques e cristalizadas, mas evoluem e interinfluenciam-se. É fundamental, portanto, inventar e recriar respostas e práticas que reconheçam, valorizem eintegrem todoo tipode diversidade. Uma intervenção formativa dirigida a população em idade activa em exclusão social, que prossiga objectivos de inserção social e profissional, de empowerment e de igualdade de oportunidades, deve reger-se deforma aatingir trêsgrandes finalidades: - Aumentar osníveis de auto-estimae autoconceito econtrolo sobre oseu próprio futuro. - Aumentar osníveis de escolaridade,através de reconhecimento,validação e certificaçãode adquiridos prévios e durantea formação. - Aumentar osníveis de qualificaçãoprofissional, através dereconhecimento, validação ecertificação de adquiridos prévios edurante a formação. - Promovera inserção dos/asFormandos/as numposto de trabalhopós-formação. A precária condição dos activos em exclusão social face ao trabalho e à formação, pela ausência ou fragilidade de qualificações ede competênciasprofissionais, pessoais esociais, exigeque aformação seja perspectivada de formaalargada. Uma diversificaçãodas estratégias formativaspassa pelo alargamento da concepção da formação: esta deve ser vista como um processo (Castro, 2000) que passe a integrar novas intervenções que se desenvolvam antes, durante e depois das acções formativas em sentido estrito. Estas intervenções revelam-se essenciais para a inserção dos públicos socialmente fragilizados (Nunes, 2000). Grandes finalidades Proposta metodológica
  • 23. 023 Colecção Metodologias Estas novas dimensões formativas perspectivam-se como complementares ao desenvolvimento do plano curricular evisam, nomeadamente (adaptadode Milagre, Passeiro & Almeida,2002): - Motivar paraa formação epara a inserçãosocioprofissional - Apoiar a elaboração de projectos de vida e profissionais realistas e consonantes com as motivações, capacidades eaptidões dosparticipantes - Adequaros conteúdose métodosde ensino-aprendizagem àscaracterísticas dosparticipantes - Colaborarna resoluçãode problemaspessoais esociais, criandocondições favoráveisà aprendizagem e aodesenvolvimento do projectopessoal e profissional - Implementar, quer com os/as Formandos/as, quer com entidades empregadoras, estratégias que favoreçam a suainserção socioprofissional Partindo destas necessidades, realizou-seainda uma identificaçãode boas práticasneste domínio, junto de projectos desenvolvidosno âmbito daPIC EQUALe do EIXO 5do POEFDS, boaspráticas essas que alimentaram muitasdas propostasapresentadas. É com base nesta análise que apresentamos uma proposta metodológica global, que atravessa todo o Ciclo Formativo, e que destaca apenas o que se considera distintivo e de realçar na preparação e implementação de intervenções formativas dirigidas a este segmento da população activa. Não sendo 3aprofundados deforma exaustivatodos osdomínios deintervenção , destacam-se4 grandesmomentos e umconjunto dedimensões críticasdesenvolvidas em cadaum, conformeo seguinte quadroresumo: 3 No âmbito dasua missão deelevar os padrõesde qualidade eeficácia do mercadode formação, oIQF, através doseu Departamento deMetodologias, está a elaborar uma colecção de Guias Metodológicos de apoio à implementação cuidada de cada domínio do ciclo formativo. Neste âmbito, foi já publicado o GuiaMetodológico dedicado aodomínio da Concepçãoda Formação (IQF, 2004), eestá já noprelo o Guiada Avaliação, ao qualse seguirão os Guias doDiagnóstico e doPlaneamento, Organização eDesenvolvimento da Formação. IDENTIFICAR Necessidades Dimensões críticasMomentos Diagnóstico social e das dinâmicas territoriais Diagnóstico de expectativas e necessidades individuais de formação Diagnóstico de necessidades de formação e oportunidades do mercado de trabalho Construção da intervenção formativa Definição da estratégia avaliativa Definição e mobilização dos meios humanos e materiais Acompanhamento dos/as formandos/as Acompanhamento da Formação em Contexto de Trabalho Avaliação da intervenção PREPARAR a Intervenção ACOMPANHAR a Intervenção RECONHECER Processos e Resultados
  • 24. 024 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico Cada momento surge decomposto em dimensões críticas, sendo a realização das respectivas actividades suportadas eminstrumentos de apoio à decisão e à implementação das tarefas, de forma a serem produzidas evidências que documentem e comprovem a coerência, a fundamentação e a robustez dospassos metodológicosdesenvolvidos. Dasevidências a produzirem cadadimensão crítica, destacam-se asseguintes: IDENTIFICAR Necessidades Dimensões críticasMomentos Diagnóstico social e das dinâmicas territoriais Diagnóstico de expectativas e necessidades individuais de formação Diagnóstico de necessidades de formação e oportunidades do mercado de trabalho Construção da intervenção formativa Definição da estratégia avaliativa Definição e mobilização dos meios humanos e materiais Acompanhamento dos/as formandos/as Acompanhamento da Formação em Contexto de Trabalho Avaliação da intervenção Principais evidências Listagem de parceiros a envolver Plano de diagnóstico Listagem das principais necessidades sociais e de formação do público-alvo Listagem de potenciais formandos/as Registos das sessões Registos de acompanhamento (individual e do grupo) Grupo de formandos/as Portfolios de competências dos formandos/as Listagem de competências detidas por cada formando/a Principais necessidades de formação e emprego do território Listagem de entidades empregadoras a envolver Listagem das principais competências necessárias a cada posto de trabalho/formação PREPARAR a Intervenção Solução formativa Plano de avaliação Constituição da equipa Plano de trabalho e de formação da equipa Orçamento detalhado e definição de fontes de financiamento/recursos Protocolos de cooperação com entidades parceiras Protocolos de formação/inserção em posto de trabalho com empregadores/as ACOMPANHAR a Intervenção Avaliação sumativa e formativa individual dos/as formandos/as Certificados de formação Relatório de avaliação da intervenção Dispositivo de acompanhamento indirecto e a médio/longo prazo dos/as formandos/as Estratégia de disseminação de boas práticas Documento de recomendações de continuidade da intervenção Registos de acompanhamento individual da formação em posto de trabalho RECONHECER Processos e Resultados
  • 25. 025 Colecção Metodologias Para melhor compreender o conceito que subjaz à presente proposta metodológica, propomos dois tipos de olhares:um enfoquesistemático e umenfoque sistémico. O primeiro enfoque destaca de forma linear os momentos que constituem a globalidade da proposta metodológica. Visão decadeia (enfoquesistemático) Formação para a Inclusão. Guia Metodológico. Diagnóstico social e das dinâmicas territoriais Acompanhamento dos/as formandos/as Avaliação da intervenção Diagnóstico de expectativas e necessidades individuais de formação Definição da estratégia avaliativa Acompanhamento da formação em contexto de trabalho IDENTIFICAR Necessidades PREPARAR a Intervenção ACOMPANHAR a Intervenção RECONHECER Processos e Resultados Diagnóstico de necessidades de formação e oportunidades do mercado de trabalho Definição e mobilização dos meios humanos e materiais Construção da intervenção formativa
  • 26. 026 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico O segundo destaca o carácter sistémico dos processos, designadamente pela dependência que processos futuros têm dos primeiros. De facto, como veremos sobretudo no último momento, as práticas desenvolvidas e os dados recolhidos durante todo o processo formativo constituem-se como fonte de informação determinante para intervenções futuras, nas quais se reiniciam os mesmos momentos eprocessos. Visão integrada(enfoque) IDENTIFICAR Necessidades RECONHECER Processos e Resultados ACOMPANHAR a Intervenção PREPARAR a Intervenção
  • 28.
  • 29. 029 Autodiagnóstico Colecção Metodologias A efectuar pela entidade formadora Como exercício prévio à apropriação das metodologias e instrumentos apresentados, propõe-se a realização de umaanálise crítica, aefectuar pelo utilizadordo Guia, comvista a umareflexão em tornodas próprias práticas no âmbito da preparação, desenho, implementação e avaliação de intervenções formativas dirigidas aeste segmento dapopulação. Os principais objectivosdeste autodiagnóstico são: -Identificar asactividades nasquais aentidade maisinveste -Identificar fragilidades easpectos amelhorar -Ajudar a entidade a posicionar-se, de acordo com as fragilidades identificadas, nos momentos e dimensões formativas críticasapresentadas -Ajudar aentidade a decidir se deve apropriar-sede toda a metodologia proposta ou apenas de uma das suas partes -Estimular a entidade à elaboração de planos de melhoria, no caso de serem identificados eventuais aspectos amelhorar
  • 30. 030 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico Checklistdeautodiagnósticodaspráticas Esteautodiagnósticodeveserreportadoàsactividadesformativasrealizadaspelasentidadesnosúltimos2anos. Énossaspráticaformativa…?NuncaPorvezesSempre Observações (Dificuldades, Prioridades, etc) IDENTIFICARNecessidades 1.Identificareanalisarasredesdeactoreslocais 2.ConstituirumaComissãodeDiagnóstico 3.Delineareimplementarumplanodediagnóstico 4.Sintetizarepriorizarnecessidadesdogrupo-alvo 5.Divulgaraintervençãoformativa 6.Contactarpotenciaisformandos/asepropor-lhesaintervenção formativa 7.Realizarbalançosdecompetênciasindividuaisereconhecercom- petênciasesaberesadquiridos 8.Delimitarecaracterizarotecidoprodutivo 9.Identificarecaracterizarnichosdeemprego 10.Identificareabordarpotenciaisempregadores A B C
  • 31. 031 Colecção Metodologias D E 15.Conceberumaestratégiaformativapedagogicamentecentrada noformandoenoquadrodeumaabordagemsistémica 16.Definireaplicarmétodosetécnicaspedagógicosadequados ao(s)grupo(s)-alvo 17.DefinireorganizaraintervençãoaoníveldoDesenvolvimento PessoaleSocial(DPS) 18.“Transversalizar”matériasrelativasaoDPSnodesenhocurricu- lar,nãoobstanteacriaçãodeumacomponente/móduloespecífico deDPS 19.Articularacomponente/módulodeDPScomodomínioespecífi- codoAcompanhamento 20.Desenhareimplementarumaestratégiaavaliativaadequada 21.ConstituiraComissãodeParceiros 22.RedefiniraconstituiçãodaEquipa(membros,responsabilida- des,articulação,formasdegestão) 23.Identificarosmeioserecursosdirectoseindirectosestimados comonecessários 24.Avaliarondemobilizarosrecursosidentificadoscomonecessá- rios E 11.Apoiaraconcepçãodasintervenções,programas,instrumentos esuportesformativosnainformaçãorecolhidanosprocessosde diagnóstico 12.Definirqualaformadeorganizaçãodaformaçãomaisadequada ao(s)grupo(s)-alvo 13.Definiramodalidadedeformaçãoemcontextodetrabalhomais adequada 14.Envolverasempresasnasactividadesinerentesàconcepçãoeao desenhodasoluçãoformativa D F PREPARARaIntervenção
  • 32. 032 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico RECONHECERProcessoseResultados I33.Devolver,discutireobterconclusõesacercadosdadosreco- lhidosnoprocessodeavaliação 34.Apoiarprocessosdereconhecimento,validaçãoecertificação deadquiridos 35.Seleccionareorganizarprodutosrelevantesdaintervençãofor- mativa 36.Produzirorientaçõeserecomendaçõesparaacçõesfutu- ras ACOMPANHARaIntervenção G25.IntegrarumadimensãodeAcompanhamentodos/asfor- mandos/as 26.Prepararos/asformandos/asparaainserção/contextodetraba- lho 27.Realizarumdiagnósticodenecessidadesbásicasjuntodos/asfor- mandos/ascomvistaaoestabelecimentodeumplanodeacompa- nhamento 28.ImplicartodaaequipaformativanoAcompanhamento 29.IntegrarumadimensãodeAcompanhamentodaInserçãoeda FormaçãoemContextodeTrabalho(FCT) 30.Envolverosresponsáveisdasempresasdeacolhimentona (re)análisedospostosdetrabalhoenadefiniçãodaformaçãoem postodetrabalho 31.ContratualizaraFCTentreformando/a,entidadeformadorae empresadeacolhimento 32.Apoiarasempresasnaimplementaçãodotutorado H
  • 33. 033 Colecção Metodologias Esta extensa grelhapermite um autodiagnósticoexaustivo das práticasassociadas às áreaspropostas no presente Guia.Permite,igualmente, umautodiagnóstico parcelar, dadoque outilizador poderesponder apenas aos itensdos momentos oudimensões críticas queseleccionar,conforme aseguinte organização: ItensDimensões críticasMomentos IDENTIFICAR Necessidades PREPARAR a Intervenção ACOMPANHAR a Intervenção RECONHECER Processos e Resultados A - Diagnósticosocial edas dinâmicas territoriais B - Diagnóstico de expectativas e necessidades individuais de formação C - Diagnóstico de necessidades deformação e oportunidades do mercado detrabalho D - Construção daintervenção formativa E - Definição daestratégia avaliativa F - Definiçãoe mobilizaçãodos meioshumanos emateriais G - Acompanhamento dos/asformandos/as H - Acompanhamento daFormação emContexto de Trabalho I - Avaliação daintervenção 1 a 4 5 a 7 8 a 10 11 a 19 20 21 a 24 25 a 28 29 a 32 33 a 36 Para uma auto-análise mais sistemática das práticas,sugere-se a pontuação das respostas: 1 ponto para cada respostaNunca; 2pontos paracada respostaPorvezes; e3 pontospara cadaresposta Sempre. No final, poderá obter um resultado numérico para o seu autodiagnóstico, particularmente útil face a uma grelha tão extensa.Paratal, preencha aseguinte grelha final: Dimensões críticas Diagnóstico sociale dasdinâmicas territoriais Diagnóstico de expectativas e necessidades indivi- duais deformação Diagnóstico de necessidades de formação e opor- tunidades do mercadode trabalho Pontos (por Dimensão) Momentos Pontos (por Momento) IDENTIFICAR Necessidades _ em 12* _ em 9 _ em 9 _ em 30*
  • 34. 034 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico Com os resultados obtidos, o utilizador poderá tirar conclusões acerca dospontos fortes edos menos fortes da suaprática formativa nestescontextos. Após a apreciação dos resultados do autodiagnóstico proposto, sugere-se que o utilizador “invista” em maior ou menor medida nos diferentes momentos e dimensões críticas propostos, de acordo com os planos deacção quedeseje vira implementar. A partir dasquestões consideradas comoalvos de melhoria,é importante estabelecerum plano deacção para a introduçãode melhorias nasrespectivas práticas formativas: Plano demelhoria Construção da intervençãoformativa Definição da estratégiaavaliativa Definição e mobilização dos meios humanos e mate- riais Acompanhamento dos/as formandos/as Acompanhamento da Formação em Contexto de Trabalho Avaliação da intervenção PREPARAR a Intervenção ACOMPANHAR a Intervenção RECONHECER Processos e Resultados Datas de execução Recursos necessários Responsável Acções a implementar Processos e actividades de concepção que se pretendem melhorar 1. 2. 3. 4. 5. _ em 27* _ em 3 _ em 12 _ em 12 _ em 12 _ em 12 _ em 12 _ em 24 _ em 42* * Pontuação máxima
  • 35. IdentificarNecessidades - Caracterizar ocontexto social eeconómico em quese integra aintervenção formativa aimplementar - Identificar eenvolver actores eentidades potenciais parceiras - Identificar potenciaisformandos/as - Implicar os/asformandos/as - Identificar necessidadessociais e deformação dos/as formandos/as - Identificar oportunidadesdo mercado detrabalho IDENTIFICAR Dimensões críticas Questões orientadoras Instrumentos propostos Diagnóstico social e das dinâmicas territoriais Objectivos a) O que terem conta numdiagnóstico desta natureza? b) Porquê começarpor identificar asdinâmicas dos actores doterritório? c) Quem são osprincipais actores empresença? d) Porquê constituiruma Comissão deDiagnóstico? e) Como iniciar umplano de diagnóstico? f) Qual o público-alvo da intervenção e suas principais problemáticas? g) Quais as problemáticasa priorizar? h) Quais as necessidadesa colmatar pelavia da formação? - Checklist das principais tarefas - Fichade Actores - Quadro-síntese dosActores - Quadro deapoio à constituição da Comissão de Diagnóstico - Plano deDiagnóstico - Quadro decaracterização do público-alvo - Grelha-síntese dasproblemáticas do grupo-alvo - Grelha dehierarquização de prioridades deintervenção Diagnóstico de expectativas e necessidades individuais de formação a) Quais os factores em jogo na abordagem potenciais formandos/as? b) Qual a abordagemmais adequada aopúblico-alvo? c) Que meios utilizarno sentido demobilizar o público- alvo para aformação? d) Quais as maisadequadas estratégias decontacto com os/as potenciais formandos/as? e) Como realizar o diagnóstico individual de necessida- des de formação? f) Como potenciar osdados recolhidos? g) Como mobilizar ossistemas oficiais dereconhecimen- to, validação ecertificação? - Checklist das principais tarefas - Plano de abordagem a potenciais formandos/as - Ficha individual (I) - Plano debalanço de competências - Ficha individual (I) Diagnóstico de necessidades de formação e oportunidades do mercado de trabalho a) O que terem conta naaproximação ao tecidoempre- sarial? b) Quais as características do tecido produtivo do terri- tório abrangido? c) Existem nichos de emprego (funções, perfis profis- sionais) que possam ser preenchidos por este público? Quais? d) Existem entidades empregadoras mobilizáveis como parceiras? Quais? e) Como se concretiza o contacto com os empregado- res? f) Como se potencia a implicação dos empregadores na intervenção formativa? - Checklist das principais tarefas - Necessidades demão-de-obra - Ficha de empregadores eempregos - Principais actividades desempenhadas pelo perfil profissional - Componentes dascompetências
  • 36.
  • 37. Diagnóstico social e das dinâmicas territoriais
  • 38.
  • 39. 043 Colecção Metodologias Formação para a Inclusão. Guia Metodológico. IDENTIFICAR Necessidades PREPARAR a Intervenção ACOMPANHAR a Intervenção RECONHECER Processos e Resultados Ao longo deste ponto, procuramos abordar as seguintes questões: a) O que ter em conta num diagnóstico desta natureza? b) Porquê começar por identificar as dinâmicas dos actores do território? c) Quem são os principais actores em presença? d) Porquê constituir uma Comissão de Diagnóstico? e) Como iniciar um plano de diagnóstico? f) Qual o público-alvo da intervenção e suas principais problemáticas? g) Quais as problemáticas a priorizar? h) Quais as necessidades a colmatar pela via da formação? Diagnóstico social e das dinâmicas territoriais Acompanhamento dos/as formandos/as Avaliação da intervenção Diagnóstico de expectativas e necessidades individuais de formação Definição da estratégia avaliativa Acompanhamento da formação em contexto de trabalho Diagnóstico de necessidades de formação e oportunidades do mercado de trabalho Definição e mobilização dos meios humanos e materiais Construção da intervenção formativa
  • 40. 044 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico a) O que ter em conta num diagnóstico desta natureza? Antes de iniciar a realização das várias tarefas de diagnóstico, salientemos alguns factores-chave que determinam este processo. Consideremos a seguinte definição de diagnóstico: Processo concertado, permanente e reiterado, de identificação e de análise, entre os actores implicados (população/indivíduos em situaçãode exclusão, actoresinstitucionais importantes, pessoas-recurso,etc.), do conjunto dascausas e característicasdas situações deexclusão social, bemcomo das potencialidadese dos obstáculos que devemser considerados paradefinir uma acçãoque as reduza(CIARIS, 2004). Para intervir sobre um contexto social, é necessário delimitá-lo e caracterizá-lo. A investigação diagnóstica tem queservir directa eindirectamente para aacção. Deve, todavia, ter um carácter preliminar, e não constituir-se como um processo acabado (Anderegg, 1987). Trata-se de adquirir (e ir adquirindo) os conhecimentos necessários sobre um determinado sector,área ou problema,que éo âmbito dotrabalho (situação- problema)no qual sepretende actuar. Da mesma forma, o processo de diagnóstico, sendo uma fase essencial à qualidade de qualquer intervenção, é uma fase sem validade intrínseca. Neste contexto, alertemos para os equívocos mais frequentes nas práticasde diagnóstico (Anderegg,1987): - Complexificação metodológica desnecessária - tendência para mobilização de grande variedade e complexidade de métodos e técnicas de pesquisa, esperando que tal seja, por si só, garantia de conhecimento pertinente efidedigno da realidadeem foco. - A “inquirite”, uma doença metodológica - tendência para demasiada exaustividade na inquirição e auscultação da realidade, esperando que tal seja, por si só, garantia de conhecimento pertinente e fidedigno da realidadeem foco. - Adiamentoconstante daacção como pretextode conhecermelhor arealidade. Nestas circunstâncias,boa partedo queé recolhidonão chegaa serutilizado naintervenção posterior!
  • 41. 045 Colecção Metodologias Um processo dediagnóstico contém emsi umoutro objectivo fulcral:a tarefa deleitura e caracterização da realidade propiciao inícioe/ou oreforço da implicaçãodos vários actoresem presença. b) Porquê começar por identificar as dinâmicas dos actores do território? Enquanto processo participado, o diagnóstico de necessidades exige a identificação, caracterização e implicação dos actoresdo contexto socialsob intervenção. Os dadosrecolhidos nestafase permitem-nos,sobretudo, sabercom quemcontamos, quaisos actores e instituições/serviços em presença, suaspotencialidades (competências mobilizáveis)e expectativas face à intervenção. A participação dos actores deve realizar-se a três níveis: os actores envolvidos devem ser, simultaneamente, sujeitos (quem faz odiagnóstico), objecto (alvo, quem éobservado no diagnóstico)e destinatários (com quemse partilham osresultados da recolhae análise dosdados). Os actores sãoobjecto (alvo) dediagnóstico, na medidaem que são um dos seus principaisfocos de análise: não secompleta uma caracterizaçãodo contexto deintervenção sem acaracterização cuidada das pessoas e grupos, directa ou indirectamente envolvidos pela acção que se pretende implementar. Quem são?Como serelacionam entresi? Comose relacionamcom oproblema? Comocontribuem para o atenuarou agravar? Os actores são também sujeitos deste processo, na medida em que é da sua responsabilidade a realização das tarefas de recolha de informação, bem como do processo de desenho deste processo, definição dos objectivos,do perímetro deanálise, dos meiose fontes amobilizar neste processo. Os actores sociaissão também destinatáriosdos produtos dodiagnóstico: a socialização(partilha) dos dados recolhidos éum meio fundamental de empowerment dos actores envolvidos,na medida emque se lhes proporciona informação sobre o seu contexto, bem como a oportunidade para uma reflexão e tomada de decisãoconjunta sobre queestratégias de intervençãoa desenhar eimplementar. Neste contexto, énecessário considerar todosos actores (estruturas,organismos, pessoas) que,directa ou indirectamente, podem assumir um importante papel nos processos de mudança no contexto sob intervenção, clarificando o seu papel, expectativas, meios, relações (formais e informais), lideranças, redes de comunicação,etc. > > >
  • 42. 046 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico c) Quem são os principais actores em presença? Partamosda propostade Análise dasDinâmicas dosActores deGuerra (2000, p.220-222), realizando as tarefas deidentificar, consultar e analisar as redes. Identificação É necessárioidentificar edescrever, emtraços largos,cada umdos actoresem presença.Deve sercriada uma ficha paracada entidade, comos seguintes elementos: É extremamente útilque estas fichassejam construídas emformato digital, numabase de dados,com vista a uma permanente e rápida actualização, construindo mais uma importante e acessível ferramenta de trabalho para aentidade formadora/gestora etoda a rede,no curtoe longoprazo. Ficha deActores (entidadesou pessoas) - Nomeda instituição/actor econtacto - Objectivos dainstituição/actor - Campo de intervenção: zona geográfica, sectores de actividade, especificida- de dotipo deintervenção - Meiosde intervenção:humanos, materiais,financeiros - Relaçãocom outrasestruturas - Resumodas acções desencadeadase resultados - Estratégiasa curtose meio-termo - Pessoada entidadeformadora/gestora que tem contactoscom ainstituição/ Actor 3 2 1
  • 43. 047 Colecção Metodologias Consulta A informação que se detém para o preenchimento das fichas anteriores nem sempre é suficiente, pelo que é necessário um contactomais próximo comcada Actor. Este contactocom cada interlocutordeve ter emvista: - Conhecermelhor a instituição/actor - Dara conhecera entidadeformadora/gestora, suamissão epretensões - Recolher alguns elementos de diagnóstico, bem como verificar a disponibilidade, interesse e expectativas numa colaboraçãomais estreita naimplementação da intervençãoformativa Deve ser realizadauma entrevista semi-directiva,a partir deum guiãoque aborde osseguintes assuntos: - Clarificaçãodos aspectosanteriores daFicha deActores - Apreciação genérica do contexto ou problemática sob intervenção, identificando também potencialidades - Apreciaçãode sinergiasexistentes - Expectativasface àintervenção propostae objectivosque proporia - Disponibilidadespara colaborar Análise das redes Para além da presença dos vários actores, as dinâmicas de relacionamento entre os mesmos têm um papel importante nos processos de mudança e de desenvolvimento social. É importante identificar as estratégias e os meios de acção concretos, procurando identificar as sinergias (alianças positivas) e os bloqueios (relações deoposição) entre asvárias entidades noque diz respeitoao seuefeito no contexto sob intervenção. A entidade formadora/gestora, experiente ou estreante num determinado contexto, deve observar e analisar as relaçõessinergéticas, de bloqueioou deindiferença entre osvários actores locais,com vista a que qualquer movimentode relação eenvolvimento dos intervenientesnão ignore masantes potencie a realidade das dinâmicas existentes. Em termos práticos, é necessário preencher um diagrama com os actores-chave concretose analisar, individualmentee/ou emgrupo, assuas relações.
  • 44. 048 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico Apresentamos um exemploficcionado de umsociograma de novefamílias de actoresde umdeterminado território (adaptado deGuerra, 2000, p.222). Colectividades Territoriais Organizações Sindicais Serviços Públicos Locais Organizações Empresariais Igrejas Meios de Comunicação Ensino Formação Pesquisa Banca e Sistema Financeiro (++-) (+) (+) (++) (+++) (+++) (++-)
  • 45. 049 Colecção Metodologias Neste diagrama, observam-se as relações de força entre as várias organizações em presença. Encontramos, por exemplo, relações de forte aliança (+++) entre as Igrejas e as Colectividades Territoriais e entre estas e as Organizações Empresariais. Observamos também relações positivas mas com alguma tensão(++-) entre asmesmas Colectividades eos Meios deComunicação, por exemplo. Destaque-se também, como exemplo, o “isolamento” das Organizações Sindicais com relações de indiferença oude neutralidadesem oposição( )com osrestantes actores. Com base na identificação e análise feita anteriormente, detemos neste momento a seguinte informação-síntese: d) Porquê constituir uma Comissão de Diagnóstico? Após a definição das dinâmicas territoriais, a primeira tarefa é constituir uma Comissão de Diagnóstico com váriosparceiros locais,cujas principaistarefas deverãoser: - Traçar as grandeslinhas de orientaçãodo processo dediagnóstico, com baseno conhecimentoque detém darealidade - Monitorizar odesenvolvimento do processode diagnóstico - Analisar deforma crítica osdados recolhidos etraçar linhas deacção Esta Comissão deve ser constituída por elementos técnicos, não só da entidade que se propõe implementar a intervenção mas também de outras entidades com intervenção no território. Deve também ter elementos do grupo-alvo ou públicos directa ou indirectamente utilizadores da intervenção. A diversidadede competências ede perspectivas sobreos problemas aenfrentar constitui- se comoa principalmais-valia deste órgão, ea presençade elementosdo público-alvo éa únicaforma de deter oseu pontode vistadas problemáticas, bemcomo deconcretizar aefectiva implicaçãona melhoria das suaspróprias condiçõesde vida. Domínio de intervenção Actores/ entidades Mais-valias (para a intervenção) Expectativas (de colaboração) Principais bloqueios (à participação) ... ... ... ... ...
  • 46. 050 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico A implicaçãodos váriosactores, técnicose nãotécnicos, decorredirectamente doscontactos eparcerias detidos pela entidadepromotora no seguimentode intervenções anteriores.No caso de entidades que estejam a iniciar a sua implantação no terreno, o endereçar destes convites à participação constitui-se como oprimeiro passo noestabelecimento de parceriasde cooperação ecolaboração. A Comissão deDiagnóstico deve serde dimensão médiaou reduzida, sobpena de secomprometer a sua eficácia. Cabe ao bom senso da entidade a definição do número dos seus membros consoante as entidades eactores quese considereindispensável integrar. Esta Comissão deve ser coordenada pelo responsável máximo da intervenção a desenvolver, designadamente peloCoordenador/Gestor daentidade formadora. Tomemos como exemplo a Comissão de Diagnóstico de uma intervenção formativa que se pretende implementar junto dejovens desocupados moradoresnum bairro derealojamento de umadeterminada freguesia. Pessoa a convidar Mais-valia para a Comissão Observações Resultado [Coord. da Comissão] Drª Maria Silva Coordenadora _ _ [Nome] Sr. Luís Lopes [Entidade/grupo] Associação Cultural Kapa [Contacto] ### ### ### A contactarPertenceu à Parceria do Projecto Z no ano anterior - Associação implantada no bairro há quase 10 anos; - Contacto estreito com jovens e famílias, com muitas actividades no bairro organizadas pelos próprios jovens; - Bom envolvimento com os serviços da Câmara Municipal
  • 47. 051 Colecção Metodologias [Nome] Enfª Maria José [Entidade/grupo] Centro de Saúde [Contacto] ### ### ### AceitouPertenceu à Parceria do Projecto Z no ano anterior - Bom contacto com jovens do bairro devido a acções de sensibilização dinamizadas junto dos mesmos; - A trabalhar no território há mais de 20 anos; - Importante fonte de dados ao nível da saúde e das famílias [Nome] Sr. Tavares [Entidade/grupo] Associação de Moradores do Bairro [Contacto] ### ### ### AceitouColaborou, a título individual, no Projecto Z no ano anterior - Morador empenhado nos assuntos do Bairro; - Angolano em Portugal desde 1976 [Nome] A definir [Entidade/grupo] Um ou dois jovens moradores no Bairro [Contacto] ### ### ### A contactarSolicitar ao Sr. Tavares e à Associação Kapa que sinalizem jovens do Bairro - Ponto de vista dos próprios jovens; - Meio de acesso a outros/as jovens potenciais formandos/as [Nome] Agente Martins [Entidade/grupo] PSP Local [Contacto] ### ### ### A contactarPertenceu à Parceria do Projecto Z no ano anterior - A trabalhar do território há mais de 15 anos - Importante fonte de dados ao nível de ocorrências envolvendo os jovens do bairro [Nome] Dr. Sousa [Entidade/grupo] Centro de Emprego [Contacto] ### ### ### A contactarPertenceu à Parceria do Projecto Z no ano anterior - A trabalhar do território há cerca de 15 anos - Importante fonte de dados ao nível de formação e oportunidades de emprego - Acesso a ofertas de emprego e programas de inserção profissional - Bom contacto com tecido empresarial local [Nome] A definir [Entidade/grupo] Centro de Investigação - Universidade X [Contacto] ### ### ### A contactarSolicitar contacto à Profª Maria Santos, avaliadora externa do Projecto Z - Apoio técnico e metodológico à intervenção
  • 48. 052 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico Uma vez constituída a Comissão de Diagnóstico, esta deve organizar sessões de trabalho para se dar início ou continuidadeà observação ereflexão sobre ocontexto sobre oqual se pretendeintervir. A primeira tarefadesta Comissão éa deexplicitar o queo conjuntodos seus membrosconsideram ser os principais contornosdos problemase potencialidadesdo contextosocial. Épreciso passarpara opapel o resultado deuma discussãoconjunta, procurandorespostas àsseguintes questões:quais sãoas principais problemáticas do contexto?O quemais afecta aspessoas no exercícioda sua cidadania? Este esforçode explicitação,para alémde pôrde acordoos várioselementos daComissão, écrucial para a eficiênciado diagnósticoe daintervenção, umavez quepermite, designadamente: - Limitar a dispersão face à nuvem espessa e opaca dos múltiplos problemas que caracterizam as situações deexclusão social; - Iniciara identificaçãode interligaçõescausais entreproblemas; - Iniciar aidentificação de problemase derecursos e correspondênciaentre uns eoutros na resolução dos primeiros. Este exercício conjunto deve ser feito com grande liberdade de reflexão. Neste momento, todas as perspectivas são válidase têm queser equacionadas. Adiversidade de perspectivase experiências devida dos intervenientes tem aqui terreno fértil. Neste contexto, devem utilizar-semétodos que apropriem e potenciem estadiversidade, tais como obrainstormingou listalivre. À medida quea lista livreé construída, sugere-seo usode técnicas deMapeamento das problemáticasdo 4 contexto socialque facilitama visãosistémica eintegrada dosprocessos . Um mapa ou esquema-síntese deve constituir-se como o produto de um primeiro momento livre de reflexão da Comissão de Diagnóstico, procurando um acordo partilhado e consensualizado dos principais traços docontexto sob intervençãoe suas problemáticas 4 Para umabreve abordagem daárea do Mapeamentodo Conhecimento, acedaà Comunidade dePráticas Formação paraa Inclusão.
  • 49. 053 Colecção Metodologias Tomemos o exemplo anterior (intervenção formativa a implementar junto de jovens desocupados, moradores num bairrode realojamento deuma determinada freguesia),sendo este oresultado de um exercício de mapeamentodas suas principaisproblemáticas. Jovens do Bairro Baixa Escolaridade Desocupação Pequenos Delitos Conflitos Familiares Sem Qualificação Profissional Auto- -Isolamento Subculturas Fraco Apoio Familiar Consumos (droga, álcool)
  • 50. 054 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico e) Como iniciar um plano de diagnóstico? A Comissão deve agora procurar responder às questões: como vamos confirmar estas ideias? Como vamos confirmar que estes são efectivamente problemas e não apenas palpites individuais? E quais os seus contornos? Quaisdevem ser priorizadosna intervenção? A respostaa estasquestões correspondeao resultadodo processode diagnóstico,pelo queé necessário desenhar um planoque ooriente. Este planodeve seguir osseguintes parâmetros: - Enquadramento daproblemática - Agregaçãodas problemáticas - Fontesde informação - Métodos derecolha de dados - Recursos - Potencial uso dosdados e - Calendarização Destaquemos alguns aspectosrelativos a cadaum destes parâmetros. Enquadramento da problemática > De onde nos vem a atenção e o conhecimento que detemos do contexto social? A intenção dedar início ouseguimento à intervençãosobre um determinadocontexto está ancoradana experiência, narelação como contextopróximo e/oumais macro,ou apenasem ideiasfeitas edispersas. O perímetro do contexto sob intervenção é resultado directo da acção passada e continuada das entidades promotoras ou poderá ser fruto de novas opções e novos questionamentos. A visão da problemática, mais ou menos explicitada, está sempre presente, revela muito do ponto de partida na abordagem àmesma enão deveser ignorada.Podemser váriasas situações: - Aentidade promotora/gestorapropõe-se intervire questiona-se:o quenos leva acolocarmo-nos face à intenção/necessidade deorganizar esta actividade?Problemas concretos do público-alvo ao qual nos dirigimos? Problemas concretos de um novo público-alvo, emergente da nossa actividade? Um problema específico que necessita de um intervenção integrada ao nível de um determinado espaço 3 2 1
  • 51. 055 Colecção Metodologias geográfico? Existênciade umprocesso demobilização institucionala níveldeste territóriona procurade uma acção comum? Existência de nichos de emprego visíveis no contexto sócio-económico em que intervimos, apropriáveis pelas pessoas com quem trabalhamos? Conhecimento da necessidade/intenção, de uma ou várias entidades empregadoras, de preparar formandos/as para postos de trabalho específicos? Necessidade de financiamento da entidade, pelo que recorremos a fundos específicos focalizados em intervenções formativas? Questões levantadas por intervenções anteriores no mesmocontexto? - Existe uma entidade externa que faz um pedido concreto de formação, sendo necessário clarificá-lo e pedir-lhe todasas informaçõesjá disponíveis. - Algumas das características e problemáticas do território podem ter sido sinalizadas por entidades externas aos contextos - num relatório/plano regional, num plano nacional, num programa de financiamento, etc. Agregação das problemáticas > Que agregação temática e, eventualmente, causal se pode fazer das problemáticas identificadas? O tipo de agregação responde às características do território ou da situação - problema a atacar: As problemáticas poderão seragrupadas por áreas(escolaridade/qualificação, emprego, saúde,habitação, justiça), por público-alvo (sobretudo emintervenções de âmbito comunitário, em que estão presentes vários grupos), zonasgeográficas (dentro domesmo território), etc. Fontes de informação > Quais as fontes através das quais se podem recolher os dados necessários? Existem dados primários e dados secundários, ou seja, dados a recolher e tratar no processo de diagnóstico que ora se inicia, e dados já recolhidos noutras circunstâncias e/ou por outros estudos, apropriáveis paraeste mesmoprocesso. Éfundamental quea pesquisase orientena procurado máximo de dados secundários (que, habitualmente, não faltam), evitando perdas de tempo e evitando uma enorme dispersão de esforços neste processo que, embora crucial, é apenas preparatório da intervenção. As principais fontes de informação são: informadores privilegiados, análise documental, literatura teórica, censos e outros dados estatísticos. Um destaque deve ser dado à importância de consultar as recomendações emanadas pordocumentos orientadores, taiscomo osplanos nacionais ouregionais nas áreas sob intervenção,sendo importante alinharas intervenções formativascom osmesmos.
  • 52. 056 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico Métodos de recolha de dados > Quais os métodos a utilizarem cada área? O diagnóstico nãopode ser realizadomediante um receituáriorígido e acabadode técnicas específicas. Antes, deve serum conjunto articulado e adequadode procedimentos vários,tais como: compilaçãoe consulta documental, contactoglobal com arealidade, inquirição deinformadores - chave,utilização de metodologias participativas, uso simplificado de técnicas clássicas das ciências sociais (entrevista, questionário, etc.), aproveitara prática comomodo deconhecer (Anderegg, 1987). Existe uma enorme variedade de métodos e técnicas de recolha de dados das ciências sociais mobilizáveis para odiagnóstico. Astécnicas utilizadas não têmvalor intrínseco,ou seja,não garantemper si rigore qualidadedo processo.Não existemreceitas paraa escolhados métodosmais adequados,mas devem seguir-secritérios tais como:obedecer aos objectivosdefinidos para esteprocesso; ter emconta a existência de informação recolhida previamente; características do grupo-alvo e do grupo cliente; tempo disponível;financiamento disponível. Não nos propomos desenvolver as várias técnicas, havendo para tal vasta literatura. Todavia, e numa lógica participativa, destacamosdois métodos muitofrequentes e adequadosa uma recolha participada de dados sobre os contextos sociais envolvendo e mobilizando os pontos de vista dos vários actores o - 5 Fórum Comunitário ea Análise SWOT . Recursos > Quais os recursos humanos e materiais necessários? Relativamente aos recursos humanos, trata-se de, neste momento, definir a equipa que vai assegurar a realização das várias actividades do processo de diagnóstico, da recolha à análise de dados, indicando quem é responsável por cada tarefa. Esta equipa não é a Comissão de Diagnóstico. É constituída pelos elementos necessários àrealização das tarefasdefinidas, e deve,da mesma forma,integrar actores vários do contexto social,em especial dosgrupos-alvo. Dado o diferencial de qualificações e de competências técnicas de partida, designadamente entre o público-alvo socialmente desfavorecido e os profissionais, há uma tendência natural em excluir os primeiros deste processoque tem, emsi, condicionantes técnicasclaras. Todavia, e comojá foi referido, as práticas participativas em todo o processo são importantes factores de desenvolvimento social dos grupos excluídos. Não se negam os aspectos mais técnicos da fase de diagnóstico, como sejam, por exemplo, a análise qualitativa e quantitativa de dados, e a dificuldade ou mesmo impossibilidade de algumas pessoas emparticipar nesta tarefa.No entanto, emesmo comos restantes actores,qualificados 5 Aceda à Comunidade Formação para aInclusão para consultassobre estes métodose técnicas.
  • 53. 057 Colecção Metodologias ou não,nem todos sãoenvolvidos em todasas tarefas, sendonecessário, sim, umplano de envolvimento diferenciado nas várias tarefas a realizar. Neste sentido, consideramos que deve haver a maior participação possível emtarefas como colaborarna definição demeios e fontesde informação, designa- damente facilitando oacesso e aconfiança de membrosda comunidade; participarna disponibilização de informação, etc. Relativamente aos recursos materiais, trata-sede definir oque é necessário mobilizar paraa realização de cadatarefa, eanalisar seexistem osrecursos necessáriose quem,de entreparceiros eoutros agentes locais, ospode disponibilizar. Potencial uso dos dados > Que utilização se pretende fazer dos dados recolhidos, junto da comunidade e de outros agentes externos? O diagnóstico não se resume à recolha e análise de dados dentro da equipa e da Comissão que o monitoriza. A partilha dos dados com os vários actores joga um importante papel de envolvimento de todos nareflexão sobreo contextoe sobrecomo agirsobre ele.Esta devolução dos resultados nãodeve ser uma tarefa final do diagnóstico, como uma informação acabada de um trabalho anterior. Pelo contrário, pode ir sendo realizada ao longo do processo, sendo a discussão que dela resulte um importante meio deanálise conjunta dosdados recolhidos e,eventualmente, de redireccionamentodo próprio processo dediagnóstico, se talfor o caso. A reflexão em tornodos dados dodiagnóstico resulta na definiçãoda intervençãoa realizar, comoveremos adiante. A definição doscontornos de partilha(socialização) dosdados deveser feitaem termosde destinatários, de conteúdo e de meio (A quem queremos transmitir? Oquê? E como?). Os destinatários podem seros habitantes da comunidade,directa ou indirectamentepúblico-alvo da intervenção;entidades locais com missões envolvidas na intervenção; autoridades locais, regionaise/ou nacionais; financiadores, etc. Da definição dos destinatários depende oconteúdo da informação a disponibilizar,seleccionada das várias dimensões aanalisar duranteo diagnóstico.Os meiosde divulgaçãodos dadospodem passarpor formas mais convencionais, como relatórios e outros tipos de documentos, mas devem também passar por momentos deencontro, partilhae reflexãoconjunta acercados dadosrecolhidos edo quetal sugerepara a mudança. Calendarização > Quais os timings das principais tarefasa realizar? O Planode Diagnóstico nãofica completo semum planeamento temporal,determinando os momentos, e sua extensão no tempo,das principais tarefasa empreender, em articulação evidente comos recursos mobilizados.
  • 54. 058 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico O Plano de Diagnóstico seráconcretizado através deum quadro queorganize toda estainformação de forma agregada, com um importante enfoque na calendarização e mobilização de recursos para o concretizar. Tomemos um exemplo de Planode Diagnóstico deuma entidade formadoraque recebe aencomenda de desenvolveruma intervençãoformativa dirigidaa mulherespouco escolarizadasalojadas emCasas de Apoio para Mulheres Vítimas de Violência Doméstica. Começamos por elencar os elementos que estão na baseda intençãode iniciara intervenção. Enquadramento da problemática - Público-alvo: mulheres pouco escolarizadas alojadas em Casas de Apoio para Mulheres Vítimas de Violência Doméstica - Entre as várias missões das casas no apoio e acompanhamento destas mulheres, inclui-se a intervenção ao nível de percursos de orientação - formação - emprego, procurando aumentar os seus níveis de escolaridade, qualificação e empregabilidade com vista construir ou reforçar a sua autonomia pessoal e financeira. - O número de mulheres pouco escolarizadas e com pouca autonomia financeira alojadas nestas casas tem sido significativo. - As entidades que recebem queixas (as linhas de atendimento e informação e as forças de segurança) apontam a dependência financeira em relação ao agressor, como factor perpetuador da situação. - O II Plano Nacional contra a Violência Doméstica (Resolução do Conselho de Ministros n.º 88/2003) recomenda garantir que, quando ocorre a ruptura com a situação de agressão, deve ajudar-se a vítima a perspectivar um novo projecto de vida, procurando a sua eficaz reintegração social, designadamente procurando facilitar o acesso de mulheres vítimas de violência doméstica a programas de pré-formação e formação profissional, bem como a outras formas de apoio para inserção no mercado de trabalho (ponto 4.7). - O mesmo Plano Nacional aponta para intervenções noutros âmbitos da vida das vítimas de violência, procurando uma efectiva reintegração social através de apoio em áreas tais como o tratamento clínico e psicológico, o apoio jurídico, a reintegração social de descendentes. Os elementos colhidos dão pistas paras as principais problemáticas a abordar, mas não as esgotam, podendo surgir outras áreas consideradas pertinentes. O Plano de Diagnóstico desenhado neste contexto podeser oseguinte:
  • 55. 059 Colecção Metodologias Agregação das problemáticas Escolaridade equalificação Áreas aexplorar Fontes de informação Métodos derecolha dedadosHumanos Finan- ceiros Recursos -Níveis deescolaridade equalificação dopúblico-alvo -Interesse ereceptividade dopúblico-alvo emintegrar umaintervenção formativa -Documentação dascasas -Técnicosdascasas -Público-alvo -Análisedocumental -Dadosdisponíveis nascasas -Inquéritos -Entrevistasindividuais oucolectivasorientadas -AnáliseSWOT comgrupo demulheres TécnicaX TécnicoY 750,00€-Reuniãocompúblico-alvo parareflexãosobreotipo deintervençãoarealizar -Reuniãocomresponsáveis etécnicosdasCasasparareflexão sobreotipodeintervenção arealizar -Relatórioparaaentidade financiadora -Dadosadisponibilizar àcomunidade(brochuras,site institucionaldaentidadeformadora) -Dadosadisponibilizaraentidades especializadas(relatório àCoordenaçãodoIIPlano NacionalcontraaViolência Doméstica,APAV,etc.) -Ocontactocomopúblico-alvo permiteumaselecçãonatural dasformandas -Ocontactocomentidadeslocais permiteoiníciooureforço deumaredeinstitucionaldeapoio aestepúblico-alvo 2Semanas Potencialuso dosdados Calendari- zação Emprego- autonomia financeira -Situaçãoperante oemprego dopúblico-alvo -Níveldeautonomia financeira dopúblico-alvo -Documentação dascasas -Técnicosdascasas -Público-alvo -Análisedocumental -Dadosdisponíveis nascasas -Inquéritos -Entrevistasindividuais oucolectivasorientadas TécnicaX TécnicoY 750,00€2Semanas Apoiopsicológico Saúde Habitaçãofutura Apoiojurídico Apoio relativamente aosdependentes (filhos,idosos) -Identificar sesãoassegurados pelascasas ouporquaisentidades -Documentação dascasas -Técnicosdascasas -Outrosserviços/ entidadeslocais mobilizáveis -Análisedocumental -Dadosdisponíveis nascasas -Dadosdisponíveis sobreentidadeslocais -Contactos comentidadeslocais (inquéritos ouentrevistas) TécnicaZ TécnicoV TécnicaJ 1125,00€2Semanas
  • 56. 060 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico f) Qual o público-alvo da intervenção e suas principais problemáticas? A tarefa seguinteé aconcretização do plano,ou seja, arealização do diagnósticopropriamente dito. A recolha de dados que vai sendo desenvolvida, exige a construção dos respectivos instrumentos (inquéritos, guiões de entrevista). Requer também a preparação de instrumentos de organização, quantificação e sistematizaçãodos dados. Esteexercício de organizaçãosuportará, no final,uma análise crítica dosmesmos dados. Um elemento fundamentaldo processo dediagnóstico de necessidadesé aidentificação, caracterização e quantificação dos principais grupos sociais em presença e suas necessidades, em especial aquele ou aqueles sobre osquais se pretendeintervir.Os parâmetros decaracterização podem variarconsoante os objectivos e naturezada intervenção formativa.No entanto, sãoimprescindíveis indicadores clássicosde caracterização sócio-demográfica taiscomo osexo, aidade, osníveis deescolaridade equalificação, etc., para cada grupo em presença (ou para os mais significativos ou prioritários), o mais possível quantificados, pelomenos comestimativas. O quadro que se apresenta a seguir apoia a síntese destes dados e apresenta-se especialmente útil em duas situações: 1. A entidade formadora/gestora orienta a sua intervenção para mais do que um grupo social em simultâneo, sendonecessário caracterizarcada umpara melhorresponder àssuas necessidades. 2. A entidade formadora/gestora depara-se face a uma comunidade ou conjunto de vários grupos sociais e pretendedecidir qual delesou sobre que(quais)problemática(s) pretende intervir. O seu preenchimento constitui-se um primeiro passo de abordagem dos grupos em presença. Apresentamos dois exemplos distintos de preenchimento do Quadro de Caracterização do Público- Alvo.
  • 58. Formação para a Inclusão - Guia Metodológico EXEMPLO2-EntidadePromotora:CentroSocialdoBairroX(freguesiadeY) OCentroSocialdetémmaisdeumadécadadeexperiênciadeintervençãocomunitárianoBairroX.Apósumaactualizaçãodosdadossobrea populaçãodoBairro,identificaramtrêsgrandesgruposcomnecessidadesprementesdeinserçãoprofissional,razãopelaqualsepropõem desenhareimplementarumaintervençãoformativaàmedida. Adultos desempregados delonga duração TotalSexo FM16-3031-49 IdadeEscolaridade 2ºC3ºCSec. Qualificação IIIII Situaçãoperanteoemprego Desocupado/aEmpregado/aDesempregado/aDLD50-651ºCI N % N % Mulheres desocupadas semexperiência profissional N % Jovens comabandono escolarprecoce edesocupados N % TOTAL 062
  • 59. 063 Colecção Metodologias Procede-se emseguida àidentificação deoutros tiposde problemáticasassociadas asituações taiscomo dependências físicas e psicológicas (eg. alcoolismo, toxicodependências), violência doméstica, dificuldades ligadas asituações de monoparentalidade,guarda de dependentes, dificuldades deinserção na cultura de acolhimento, outras problemáticas psicológicas (eg. depressão), etc. Para tal siste- matização, será adequadaa seguinte grelha,na qual sefaz já umexercício de síntesedas problemáticas face a umexemplo concreto: Principais problemas (quantificados e qualificados) Grupo Causas prováveis Recursos disponíveis Necessidades identificadas Mulheres adultas, desempregadas de longa duração, membros de uma comunidade cigana Baixos níveis de escolaridade do público-alvo - 100% do público-alvo com escolaridade igual ou inferior 9 anos; 88 % com escolaridade igual ou inferior a 4 anos - Insucesso e abandono escolar precoce - Inadequação do sistema educativo formal - Falta de expectativas face à utilidade real da escolarização por parte do público-alvo - Pressão social da comunidade cigana (a escolarização não faz parte do papel social do público-alvo) - Escolas EB1 e EB2,3 com cursos nocturnos para adultos - Solução formativa com componente escolar bem desenvolvida - Propostas formativas de dupla certificação Elevado número de dependentes a cargo (crianças ou idosos/as), limitando a disponibilidade para actividades fora de casa - 87% detém três ou mais dependentes a cargo - As famílias numerosas são uma tradição cultural - Pressão social da comunidade na guarda dos dependentes na família (não é valorizada a “institucionalização” de dependentes) - Centro de Dia, Creche e ATL no Centro Paroquial da zona - Como as famílias são alargadas, podem também mobilizar-se elementos da família como apoio, designadamente, irmãos/ãs ou primos/as mais velhos/as, em determinado horário - Soluções de guarda de dependentes durante as horas de envolvimento na intervenção formativa - Horários da intervenção formativa adequados ... ... ... ...
  • 60. 064 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico g) Quaisas problemáticasa priorizar? A sistematizaçãodos dadosexige umahierarquização deprioridades quesuporte umaadequada tomada de decisão. Este exercício é tanto mais necessário num contexto de multidimensionalidade defactores associados aoscontextos deexclusão social,como járeferido. Éadequado também quandoé alargadoo âmbito de acção da entidade, exigindo opções claras quanto às prioridades de acção. Neste sentido, é necessário um exercício que apoie uma orientação e uma não perda na multiplicidade de problemas eventualmente sinalizados. A partir do exemplo apresentado na grelha anterior, apresentemos um excerto de uma Grelha de Hierarquização de Prioridades de Intervenção. A forma de preenchimento desta grelha assenta em 6vários juízos devalor relativos acada problema identificado . 6 Ver Instruções de Preenchimentoda grelha nosInstrumentos de Apoiono final destadimensão crítica.
  • 61. 065 Colecção Metodologias Problema 1: Baixos níveis de escolaridade do público-alvo Critérios Problemas Dimensão Gravidade Recursos* Sensibilidade População Atingida* Sensibilidade Técnicos/as e Decisores/as* Média (100% do público-alvo com escolaridade igual ou inferior 9 anos; 68 % com escolaridade igual ou inferior a 4 anos) (a gravidade tem sido crescente, já que a escolaridade tem-lhes sido exigida para a frequência de cursos de formação profissional, exigência do Rendimento Social de Inserção) (Escolas EB1 e EB2,3 com cursos nocturnos para adultos) (o público-alvo não sente forte necessidade intrínseca para aumentar o seu nível de escolaridade; as exigências são externa) (este problema é considerado delicado, mas não uma prioridade da intervenção) 3,8 Problema 2: Elevado número de dependentes a cargo (crianças ou idosos/as, limitando a disponibilidade para actividades fora de casa) (87% detém três ou mais dependentes a cargo) (não há relutância em deixar os dependentes a cargo de infra- estruturas sociais) (Centro de Dia, Creche e ATL no Centro Paroquial da zona; como as famílias são alargadas, podem também mobilizar-se elementos da família como apoio, designadamente, irmãos/ãs ou primos/as mais velhos/as, em determinado horário) (O público-alvo considera esta condição como uma limitação na participação em intervenções educativas/ formativas) (os financiadores já contemplam gastos com guarda de dependentes) 2,8 ... * Notação inversa 5 34 4 3 5 12 3 1
  • 62. 066 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico Neste momento, temosdados mais precisosrelativamente ao contextoobjecto de intervenção,dados esses que permitemdistinguir claramente quaisas problemáticas àsquais devem serdadas respostas de natureza formativa equais as quedevem ter outrotipo de respostas. A identificação doque podemos designar, grosseiramente, denecessidades sociais, permite:i) distingui- las das necessidades formativas propriamente ditas; ii) identificar aquelas às quais deve ser prevista, na 7intervenção formativa, uma resposta imediata, sob pena de comprometer o sucesso desta ; iii) e antecipar cenários de influência (negativa) de outras sobre a intervenção formativa, criando ruído e, eventualmente, comprometendo o sucesso da mesma. Esta caracterização coloca a equipa em alerta e torna-se conhecedorado contextocomplexo noqual semove. A multidimensionalidade dosproblemas exige multidimensionalidadede intervenções, comovimos. Tal facto resulta em duas grandes conclusões: (1) uma intervenção formativa de qualidade não é por si só suficiente e eficientepara uma inserçãosocial completa deuma pessoa ougrupo em exclusão social; (2) uma intervenção formativa de qualidade e eficiente dirigida a grupos sociais desfavorecidos tem que, igualmente, responder a necessidades sociais básicas prementes e emergentes no quotidiano dos/as Formandos/as eda formação,como veremosadiante. No entanto, a estreita articulação das intervenções formativas com outras intervenções promotoras de inserção social não impede que sejam perspectivadas com limites bem definidos. No contexto do presente Guia, abordamos única e exclusivamente a preparação, desenvolvimento e avaliação de uma intervenção formativa,pelo queela deveser encaradacomo tal. Com ainformação recolhida, épossível organizaras necessidadesidentificadas em trêsgrandes categorias: a) As necessidades às quais serão dadas respostas pela via da formação - necessidades formativas b) As necessidades para as quais há a implementar estratégias de resolução, sob pena de afectarem o sucesso da intervenção formativa - necessidades sociais básicas c) Outras necessidades sociais que exigem intervenções mais complexas e de natureza social/comunitária (cujo aprofundamento não tem lugar no presente Guia) 7 O exemplo do cuidado com dependentes é muito ilustrativo: sem condições de guarda de crianças, está, à partida comprometida a assiduida- de/pontualidade de formandas,ou até mesmoa sua participaçãonuma intervenção formativa.
  • 63. 067 Colecção Metodologias h) Quais as necessidades a colmatar pela via da formação? O passo final será o de sintetizar o conjunto de necessidades de formação de acordo com as seguintes categorias: Esta síntese permiteapontar grandes orientaçõespara o desenhode propostas formativasadequadas. Mas antes, procede-se igualmente a um diagnóstico de necessidades individuais (aproveitando o contacto que já se estabeleceu com o público-alvo), bem como a um diagnóstico de necessidades formativas do meioque proporciona dadose contactos conducentesà futura inserçãoprofissional dos/as Formandos/as. O diagnóstico de necessidades de formação prévio à intervenção deve resultar na listagem de um conjunto de competênciasadquiríveis por meioda formação emobilizáveis na experiênciade inserção profissional. O objectivo último de uma análise de necessidades de formação é chegar a objectivos de formação pertinentese realistas(De Ketele,1995) ancoradosnas competênciasa desenvolver. Nesta primeira fase de diagnóstico social, chegamos a um conjunto de dados e orientações genéricas para a acção.O diagnóstico individuale denecessidades de formaçãodo mercado permitirãosinalizar um conjunto mais detalhadode competências adesenvolver por viada formação. Categoria Necessidades Níveis de escolaridade Necessidades sociais básicas Anos de escolaridade frequentados e completados pelo público-alvo Listagem genérica de competências sociais e relacionais consideradas em falta no público-alvo Lista de necessidades sociais a ter em conta no desenho da solução formativa. Áreas de formação técnica Frequência de cursos de formação profissional pelo público-alvo Competências sociais e relacionais
  • 64. 068 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico PREPARAR A PRÁTICA… Na presente DimensãoCrítica, apontam-se propostaspráticas que devemser apropriadas eadequadas às realidades concretas de cada contexto social e formativo. Caso as considere pertinentes para a sua prática, propomos quereflicta sobre comoapropriar-se daspropostas apresentadas. Síntese do ponto: check-list das principais tarefas De entre as principais tarefas da presente Dimensão Crítica: – Quedificuldades encontro para“fazer” o que éproposto? – Oque consideroprioritário fazer? – Quemudanças implicam aimplementação prática daspropostas (em quê,como ecom quem)? – Quaisas vantagense quaisas desvantagensde implementaro queé proposto? > > 3 2 1 Identificar e caracterizar os actores locais Consultar os actores locais Analisar as redes de actores Definir áreas de colaboração Constituir uma Comissão de Diagnóstico Sinalizar problemáticas do contexto social Delinear um plano de diagnóstico Delimitar e caracterizar o grupo-alvo Priorizar as problemáticas do grupo-alvo Sintetizar as necessidades do grupo-alvo
  • 65. 069 Colecção Metodologias INSTRUMENTOS DE APOIO Ficha de Actores [Esta imagem da Ficha de Actores é um exemplo de um formulário construído através de uma aplicação informática para a construção de bases de dados] > > Quadro-síntese dos actores Actores/entidades ... ... ... ... Natureza da entidade/missão Mais-valias (para a intervenção) Expectativas (de colaboração)
  • 66. 070 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico > > > Quadro de apoio à constituição da Comissão de Diagnóstico Plano de diagnóstico (I) Plano de diagnóstico (II) Pessoa a convidar Mais-valia para a comissão Observações Resultado [Coord. da Comissão]______ [Nome] _________________ [Entidade/grupo] _________ [Contacto] ___________ [Nome] _________________ [Entidade/grupo] _________ [Contacto] ___________ ... Enquadramento da problemática Agregação das problemáticas Áreas a explorar Fontes de informação Métodos de recolha de dados Humanos Finan- ceiros Recursos Potencial uso dos dados Calendari- zação
  • 68. 072 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico > Grelha de Hierarquização de prioridades de intervenção Problema 1 Critérios Problemas (conforme quadro anterior) Dimensão Gravidade Recursos* Sensibilidade População Atingida* Sensibilidade Técnicos/as e Decisores/as* Média Problema 2 Problema 3 ... (Adaptado de Guerra, 2000) * Notação inversa (de acordo com as Instruções). Instruções da Grelha de Hierarquização de Prioridades de Intervenção - Deve atribuir-se uma pontuação de 1 a 5 para cada um dos critérios de hierar- quização. No final, a hierarquização das problemáticas tem por base a ordenação decrescente dasMédias alcançadas. Significado de cadaCritério: - Dimensão - pesoda populaçãoatingida - Gravidade - ponderação qualitativa(um juízo devalor) quanto àdimensão da problemática - Recursos - avaliação relativa à existência de recursos mobilizáveis (recursos inacessíveis são partedo problema enão da solução) - Sensibilidade da população atingida e dos técnicos e decisores - avaliação relativa aograu departicipação/mobilização destes actores - Os três últimos critériosdevem ter umanotação inversa: ouseja, quanto maioro número de recursosdisponíveis e mobilizáveis,menor aponderação; quanto maior a sensibilidade dos actores sociais para o problema em análise, menor a ponderação. - Quando estamos perante mais do que um grupo-alvo prioritário, édesejável pre- encher umagrelha por grupo.
  • 70.
  • 71. 075 Colecção Metodologias Formação para a Inclusão. Guia Metodológico. IDENTIFICAR Necessidades PREPARAR a Intervenção ACOMPANHAR a Intervenção RECONHECER Processos e Resultados Ao longo deste ponto, procuramos abordar as seguintes questões: a) Quais os factores em jogo na abordagem a potenciais formandos/as? b) Qual a abordagem mais adequada ao público-alvo? c) Que meios utilizar no sentido de mobilizar o público-alvo para a formação? d) Quais as mais adequadas estratégias de contacto com os/as potenciais formandos/as? e) Como realizar o diagnóstico individual de necessidades de formação? f) Como potenciar os dados recolhidos? g) Como mobilizar os sistemas oficiais de reconhecimento, validação e certificação? Diagnóstico social e das dinâmicas territoriais Acompanhamento dos/as formandos/as Avaliação da intervenção Diagnóstico de expectativas e necessidades individuais de formação Definição da estratégia avaliativa Acompanhamento da formação em contexto de trabalho Diagnóstico de necessidades de formação e oportunidades do mercado de trabalho Definição e mobilização dos meios humanos e materiais Construção da intervenção formativa
  • 72. 076 Formação para a Inclusão - Guia Metodológico a) Quais os factores em jogo na abordagem a potenciais formandos/as? O processo de diagnóstico social realizado, se verdadeiramente participado, levou a um contacto efectivo com, pelo menos, um grupo reduzido do público-alvo envolvido na obtenção de dados de diagnóstico do contexto sob intervenção. Este grupo é constituído por potenciais formandos/as e deve ser, igualmente, meioprivilegiado de chegara outros potenciaisformandos/as pertencentes ao público-alvo. Habitualmente, os projectos de formação utilizam estratégias pouco adequadas de divulgação das acções e de atracção e mobilização das populações pouco escolarizadas. E tal acontece, frequentemente, devido àinexistência de umdiagnóstico de necessidadesque permita umaidentificação do perfil pessoale social dospúblicos-alvo, bem comode abordagens mais participativas. Havendo, por parte das entidades, uma preocupação em conceber e em desenvolver projectos de formação de acordocom o que se diagnosticacomo sendo as necessidades deformação, em termosde desenvolvimento de competências, descura-se, não raras vezes, um conjunto de indicadores de caracterização social apartir dos quaisé possível identificaras melhores formasde divulgar, mobilizar e motivar para e durante a acção formativa, sendo que esses indicadores se revelam também úteis ao acompanhamento, como veremosadiante Naturalmente que o facto de se procurar conciliar as motivações e interesses individuais com as necessidades do mercado, aumenta as possibilidades de a proposta formativa ser atractiva, porque, efectivamente, a exclusão social configura uma diversidade de situações tipo/grupos que revelam necessidades de formaçãoe inserção específicas. No que respeita à mobilização de grupos sociais desfavorecidos para um projecto de formação/inserção, dever-se-á sempre partir da perspectiva da montanha que vaia Maomé!