1. Ano 8 - Edição 18 - Outubro de 2014
Impactos no COT do café Arábica em função das
estimativas de redução de safra
De acordo com o Acompanhamento de
Safra do Café realizado pela Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab), o
Brasil produzirá 45,14 milhões de sacas
na safra 2013/2014. A terceira estimativa
de produção para esta safra indica uma
redução de 8,16% em comparação à
produção anterior. A espécie Coffea ara-bica
(Arábica) foi determinante para este
cenário, já que deverá apresentar uma
produção 16,14% menor. A produção
da espécie Coffea canephora (Conilon)
deverá aumentar 19,95%. Os problemas
meteorológicos ocorridos nos primeiros
meses de 2014 foram preponderantes
para a redução na produção de Arábica,
segundo a Conab, que também indica
como causas as áreas podadas e a inver-são
de bienalidade em algumas regiões.
Em Minas Gerais, que representa cerca
de 50% da produção nacional, a redução
na safra 2013/2014 será de 18,22%, com-parado
com produção anterior. Quando
comparadas com as estimativas do pri-meiro
levantamento, as informações do
terceiro levantamento revelam redução
de 15,29% na produção, refletindo dire-tamente
a interferência das intempéries.
Nestas condições, os custos de produção
deste ciclo produtivo foram impactados.
Na simulação sobre o impacto nos custos
de produção da cafeicultura mineira ana-lisados
pelo Programa Campo Futuro, a
redução na produtividade nas principais
regiões do cinturão cafeeiro gerou uma
deseconomia de escala.
A maior parcela dos custos operacio-nais
nas unidades produtivas modais
(propriedades típicas) foi mantida cons-tante
na simulação, pois a maioria dos
tratos culturais foi realizada em pleni-tude
durante o ciclo produtivo, inclu-sive
a colheita. Segundo a Conab, na
região Sul de Minas “a quebra maior
não foi na carga produtiva das lavouras,
que se mostrou até relativamente alta,
mas ocorreu, notadamente, na renda
do beneficiamento do café, que variou
significativamente ao longo da safra”.
Esta constatação foi extrapolada para as
demais regiões mineiras, visando uma
padronização da simulação. Apenas os
custos indiretos relacionados ao café já
beneficiado foram reduzidos de acordo
com a estimativa de queda na produção.
Em comparação com o prognóstico inicial
para a safra 2013/2014, o terceiro levan-tamento
indica que a produtividade des-te
ciclo foi reduzida nas seguintes pro-porções:
21,88% no Sul de Minas; 9,96%
nas Matas de Minas; 6,95% no Cerrado
mineiro; e 3,60% nas Chapadas de Minas.
A maior elevação no Custo Operacional
Total (COT) da cafeicultura mineira foi
observada em Guaxupé. Considerando a
produção plena na safra atual, os custos
em setembro/14 seriam de R$466,30/
saca. Na simulação de redução na produ-ção
estes custos ficaram em R$596,47/
saca no mesmo mês; um aumento de
27,92%. A segunda maior variação no
COT ocorreu no município de Santa
Rita do Sapucaí onde o COT aumentou
em 27,37%, seguido de Manhumirim
(+10,87%) e Monte Carmelo (+7,43%). O
aumento menos expressivo com a simu-lação
ocorreu em Capelinha, onde o COT
ficou em R$332,02/saca após a redução
da produção; um aumento de 3,71%.
Elaboração: CIM/UFLA
2. Ano 8 - Edição 18 - Outubro de 2014 2
COE da cafeicultura manual no terceiro trimestre
foi 1,43 vezes maior em comparação com a
cafeicultura mecanizada
No terceiro trimestre de 2014 a cafei-cultura
manual apresentou índices de
custos em proporção elevada quando
comparados à cafeicultura mecanizada,
demonstrando a vantagem competitiva
gerada pelo maior nível de mecanização
empregado na atividade.
O Custo Operacional Efetivo (COE) da
produção de Arábica foi 1,43 vezes maior
nas regiões manuais, R$388,85/saca em
setembro/14, sem considerar a redução
de produção estimada pela Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab). Já o
Custo Operacional Total (COT) foi maior
em 1,30 vezes, com o valor de R$447,50/
saca.
Na cafeicultura manual existem grupos
de custos com valores inferiores aos da
cafeicultura mecanizada. Porém, os va-lores
do grupo de custos Pessoas (Con-dução
da lavoura) e do grupo de custos
Colheita e pós-colheita são consideravel-mente
superiores. Os custos com pessoal
foram 3,38 vezes maiores na cafeicultura
manual, e os custos com colheita e pós-
-colheita foram 3,19 vezes maiores.
Segundo a Conab, o impacto da redução
na safra 2013/2014 em algumas regiões
foi observado no processo de beneficia-
O Custo Operacional Total (COT) da pro-dução
de Coffea canephora (Conilon)
apresentou redução 2,26%, no acumula-do
entre o segundo e o terceiro trimestre
de 2014. Os custos com insumos agríco-las
foram preponderantes para esta redu-ção,
juntamente com os preços do diesel
que diminuíram os custos das atividades
mecanizadas. Em Cacoal/RO, o COT ficou
em R$224,97/saca em setembro. Em Ita-bela/
BA o COT fiou de R$208,42/saca, e
em Jaguaré/ES R$230,14/saca.
A maior variação de custos ocorreu no
grupo dos fertilizantes. Estes custos fo-ram
reduzidos em 10,23%, no período
analisado. Como sua participação no COT
é de 16,65%, em média, houve relevante
mento do café. Sendo assim, na colheita
dos cafeeiros foi gerado o mesmo custo
de produção por área. Considerando a
participação expressiva do grupo de cus-tos
Colheita e pós-colheita na cafeicultu-ra
manual, seu custo unitário ficou ainda
menos competitivo do que o da cafeicul-tura
mecanizada. Isso ocorreu porque o
preço médio de venda é semelhante para
ambos os tipos de produção.
Elaboração: CIM/UFLA
COT do Coffea canephora acumula redução de
2,26% entre abril/14 e setembro/14
Elaboração: CIM/UFLA
3. Ano 8 - Edição 18 - Outubro de 2014 3
Importação de café verde por países produtores
Fonte: USDA
Elaboração: CIM/UFLA
Boletim Ativos é um boletim elaborado
pela Superintendência Técnica da CNA SGAN - Quadra 601 - Módulo K CEP: 70.830-021 Brasília/DF
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influência no comportamento dos custos
operacionais. Os custos com corretivos
apresentaram redução de 5,96%, mas
sua menor participação média no COT
(1,58%) não provocou maior impacto. O
grupo dos defensivos também apresen-tou
redução nos custos em setembro
deste ano, quando ficaram 5,95% meno-res
em relação ao mês de abril. Sua parti-cipação
no COT foi de 7,76%.
A importação de café verde por países
produtores tem sido utilizada de forma
estratégica. Alguns países importam dos
seus vizinhos, ou mesmo de países mais
distantes, com o objetivo de industriali-zar
os grãos e agregar valor às exporta-ções.
Vietnã e Índia apresentaram ten-dência
de incremento nas importações
de grãos nos últimos anos. Ambos os
países possuem uma indústria de solúvel
em expansão, que depende do café pro-duzido
em outros países. A Colômbia, por
outro lado, aumentou suas importações
por conta das sucessivas queda de safra
decorrentes do programa de renovação
das lavouras.
No caso da Índia, o United States Depart-ment
of Agriculture (USDA) informa que
o país importa grãos de café robusta, sem
taxação, mas com a condição de que eles
sejam transformados em solúvel para ex-portação.
No entanto, grãos importados
para consumo interno são taxados em
100%, uma medida para proteger os ca-feicultores
locais. As importações do país
saltaram de 330 mil sacas em 2006/2007
para 1,1 milhão em 2012/2013, confor-me
mostra o gráfico A. O gráfico B mostra
a evolução das exportações de café solú-vel
dos três países. É possível constatar
o crescimento indiano devido às expor-tações
acima de 1,4 milhão de sacas nas
temporadas 2011/2012 e 2012/2013.
Os números do Vietnã são mais modes-tos,
com importação de 237 mil sacas no
biênio 2012/2013. Mas estes números
são quase cinco vezes aos praticados en-tre
2005 e 2006. No mesmo período, as
exportações de solúvel aumentaram qua-se
dez vezes, indo de 68 mil sacas para
650 mil.
O caso colombiano é diferente. Embora o
país exporte café solúvel, não se observa
Os preços de venda também se reduzi-ram
no período analisado. Em setem-bro,
os preços de venda em Cacoal fo-ram
5,53% mais baixos do que aqueles
praticados em abril deste ano, quando
o produtor recebia R$235,00/saca. Em
Itabela a redução foi de 4,36%, e o preço
foi de R$233,30/saca. Já no município de
Jaguaré, em setembro, o café foi comer-tendência
de crescimento. As importa-ções
do país cresceram durante os anos
de safra reduzida, devido ao programa
de renovação de lavouras. O país passou
a importar café do Peru e até do Brasil
para consumo interno, reservando seus
próprios grãos, valorizados no mercado
externo, para exportação.
cializado pelo mesmo valor de abril/14,
R$240,00/saca. Ressalta-se que, após
o término da safra do Conilon, houve
pressão maior sobre os preços nas três
regiões. Porém, no terceiro trimestre a
tendência foi de alta. Entre os meses de
julho e setembro deste ano houve valori-zação
de 4,68% no preço médio de ven-da.
Esses dados demonstram que existe um
fluxo de comércio de café verde entre os
países produtores. Essa medida é adota-da
de forma estratégica, de modo a tra-zer
benefícios ao próprio país através da
agregação de valor ao produto ou supri-mento
de um eventual déficit na oferta
interna.
Fonte: USDA
Elaboração: CIM/UFLA