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  1. Alzheimer Ana Júlia dos Santos* Carine Casaes * Cleuza Nascimento * Dalva Cristina Leal * Edcleide Matos Eliene * Joseângela Angel Ferraz * Laís Host * Rosimeire Clemente Stéphanie Victorino * Valdemarina Sousa Salvador 2018 1
  2. Alzheimer A Doença de Alzheimer é uma enfermidade incurável que se agrava ao longo do tempo, mas pode e deve ser tratada. Quase todas as suas vítimas são pessoas idosas. Talvez, por isso, a doença tenha ficado erroneamente conhecida como “esclerose” ou “caduquice”. A doença se apresenta como demência, ou perda de funções cognitivas (memória, orientação, atenção e linguagem), causada pela morte de células cerebrais. Quando diagnosticada no início, é possível retardar o seu avanço e ter mais controle sobre os sintomas, garantindo melhor qualidade de vida ao paciente e à família​. 1. Origem Seu nome oficial refere-se ao médico Alois Alzheimer, o primeiro a descrever a doença, em 1906. Ele estudou e publicou o caso da sua paciente Auguste Deter, uma mulher saudável que, aos 51 anos, desenvolveu um quadro de perda progressiva de memória, desorientação, distúrbio de linguagem (com dificuldade para compreender e se expressar), tornando-se incapaz de cuidar de si. Após o falecimento de Auguste, aos 55 anos, o Dr. Alzheimer examinou seu cérebro e descreveu as alterações que hoje são conhecidas como características da doença. Porque ocorre? Não se sabe por que a Doença de Alzheimer ocorre, mas são conhecidas algumas lesões cerebrais características dessa doença. As duas principais alterações que se apresentam são as placas senis decorrentes do depósito de proteína beta-amiloide, anormalmente produzida, e os emaranhados neurofibrilares, frutos da hiperfosforilação da proteína tau. Outra alteração observada é a redução do número das células nervosas (neurônios) e das ligações entre elas (sinapses), com redução progressiva do volume cerebral. Estudos recentes demonstram que essas alterações cerebrais já estavam instaladas antes do aparecimento de sintomas demenciais. Por isso, quando aparecem as manifestações clínicas que permitem o estabelecimento do diagnóstico, diz-se que teve início a fase demencial da doença. 2
  3. Como se apresenta a doença? As perdas neuronais não acontecem de maneira homogênea. As áreas comumente mais atingidas são as de células nervosas (neurônios) responsáveis pela memória e pelas funções executivas que envolvem planejamento e execução de funções complexas. Outras áreas tendem a ser atingidas, posteriormente, ampliando as perdas. Estimativa Estima-se que existam no mundo cerca de 35,6 milhões de pessoas com a Doença de Alzheimer. No Brasil, há cerca de 1,2 milhão de casos, a maior parte deles ainda sem diagnóstico. 2. Causas Não se conhece a causa específica da doença de Alzheimer. Parece haver certa predisposição genética para seu aparecimento. Nesses casos, ela pode desenvolver-se precocemente, por volta dos 50 anos. Pesquisadores levantam a hipótese de que algum vírus e a deficiência de certas enzimas e proteínas estejam envolvidos na etiologia da doença. Outros especulam que a exposição ao alumínio e seu depósito no cérebro possam contribuir para a instalação do quadro, mas não foi estabelecida nenhuma relação segura de causa e efeito a respeito disso. Sintomas Estágio I (forma inicial) – alterações na memória, personalidade e habilidades espaciais e visuais; Estágio II (forma moderada) – dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos; agitação e insônia; Estágio III (forma grave) – resistência à execução de tarefas diárias, incontinência urinária e fecal, dificuldade para comer, deficiência motora progressiva; Estágio IV 3
  4. (terminal) – restrição ao leito, mutismo, dor à deglutição, infecções intercorrentes. Sintomas mais comuns, detalhados: − ​Perda de memória recente com repetição das mesmas perguntas ou dos mesmos assuntos. − Esquecimento de eventos, de compromissos ou do lugar onde guardou seus pertences. − Dificuldade para perceber uma situação de risco, para cuidar do próprio dinheiro e de seus bens pessoais, para tomar decisões e para planejar atividades mais complexas. − Dificuldade para se orientar no tempo e no espaço. Incapacidade em reconhecer faces ou objetos comuns, podendo não conseguir reconhecer pessoas conhecidas. − Dificuldade para manusear utensílios, para vestir-se, e em atividades que envolvam autocuidado. − Dificuldade para encontrar e/ou compreender palavras, cometendo erros ao falar e ao escrever. − Alterações no comportamento ou na personalidade: pode se tornar agitado, apático, desinteressado, isolado, desinibido, inadequado e até agressivo. Interpretações delirantes da realidade, sendo comuns quadros paranoicos ao achar que está sendo roubado, perseguido ou enganado por alguém. − Esquecer o que aconteceu ou o que ficou combinado pode contribuir para esse quadro. − Alucinações visuais (ver o que não existe) ou auditivas (ouvir vozes) podem ocorrer, sendo mais frequentes da metade para o final do dia. Alteração do apetite com tendência a comer exageradamente, ou, ao contrário, pode ocorrer diminuição da fome. − Agitação noturna ou insônia com troca do dia pela noite. 3. Diagnóstico É muito comum que os sintomas iniciais da Doença de Alzheimer (DA) sejam confundidos com o processo de envelhecimento normal. Essa confusão tende a adiar a busca por orientação profissional e, não tão raro, a doença é diagnosticada tardiamente. Recomenda-se que, diante dos primeiros sinais, as famílias procurem profissionais e/ou serviços de saúde especializados para diagnóstico precoce no estágio inicial da doença, o que favorecerá a evolução e o prognóstico do quadro. Nos quadros de demência da Doença de Alzheimer, normalmente observa-se um início lento dos sintomas (meses ou anos) e uma piora progressiva das funções cerebrais. A certeza do diagnóstico só pode ser obtida por meio do exame microscópico do tecido cerebral do doente após seu falecimento. Antes disso, esse exame não é indicado, por 4
  5. apresentar riscos ao paciente. Na prática, o diagnóstico da Doença de Alzheimer é clínico, isto é, depende da avaliação feita por um médico, que irá definir, a partir de exames e da história do paciente, qual a principal hipótese para a causa da demência. Exames de sangue e de imagem, como tomografia ou, preferencialmente, ressonância magnética do crânio, devem ser realizados para excluir a possibilidade de outras doenças. Faz parte da bateria de exames complementares uma avaliação aprofundada das funções cognitivas. A avaliação neuropsicológica envolve o uso de testes psicológicos para a verificação do funcionamento cognitivo em várias esferas. Os resultados, associados a dados da história e da observação do comportamento do paciente, permitem identificar a intensidade das perdas em relação ao nível prévio, e o perfil de funcionamento permite a indicação de hipóteses sobre a presença da doença. O mapeamento pode ser útil ainda para a programação do tratamento de estimulação cognitiva, que considera as habilidades que merecem investimentos para serem preservadas e aquelas que precisam ser compensadas. A Doença de Alzheimer não deve ser a principal hipótese para o quadro demencial quando houver evidências de outras doenças que justifiquem a demência (por exemplo, doença vascular cerebral ou características típicas de outras causas de demência), ou quando há uso de medicação que possa prejudicar a cognição. É reconhecida uma fase da Doença de Alzheimer anterior ao quadro de demência. Essa fase é chamada de comprometimento cognitivo leve devido à Doença de Alzheimer. Essa hipótese é feita quando ocorre alteração cognitiva relatada pelo paciente ou por um informante próximo, com evidência de comprometimento, mas ainda há a preservação da independência nas atividades do dia a dia. Pode haver problemas leves para executar tarefas complexas anteriormente habituais, tais como pagar contas, preparar uma refeição ou fazer compras. O paciente pode demorar mais para executar atividades ou ser menos eficiente e cometer mais erros. No entanto, ainda é capaz de manter sua independência com mínima assistência. Não é possível saber se pacientes que apresentam esse quadro evoluirão para a demência. Muitos pacientes apresentam um comprometimento cognitivo leve que não tem como causa a Doença de Alzheimer, e muitos não evoluem para a demência, mas é importante que o paciente e seu familiar procurem um profissional para a avaliação cuidadosa e seguimento. Uma novidade nas pesquisas científicas é a análise de biomarcadores de beta-amiloide (das placas senis) e de proteína tau (dos emaranhados neurofibrilares) que estão sendo estudados para auxiliar no diagnóstico preciso da Doença de Alzheimer. Porém, essa análise 5
  6. ainda não é indicada para a prática clínica. Por enquanto, ela está restrita a pesquisas. No campo das pesquisas na área da genética, sabe-se que alguns genes estão relacionados a maior risco de desenvolvimento da doença. 4. Tratamento Até o momento, não existe cura para a Doença de Alzheimer. Os avanços da medicina têm permitido que os pacientes tenham uma sobrevida maior e uma qualidade de vida melhor, mesmo na fase grave da doença. As pesquisas têm progredido na compreensão dos mecanismos que causam a doença e no desenvolvimento das drogas para o tratamento. Os objetivos dos tratamentos são aliviar os sintomas existentes, estabilizando-os ou, ao menos, permitindo que boa parte dos pacientes tenha uma progressão mais lenta da doença, conseguindo manter-se independentes nas atividades da vida diária por mais tempo. Os tratamentos indicados podem ser divididos em farmacológico e não farmacológico. Tipos de tratamentos Farmacológico Na Doença de Alzheimer, acredita-se que parte dos sintomas decorra de alterações em uma substância presente no cérebro chamada de acetilcolina, que se encontra reduzida em pacientes com a doença. Um modo possível de tratar a doença é utilizar medicações que inibam a degradação dessa substância. A primeira medicação, testada há mais de 30 anos, foi a fisostigmina, que apesar de proporcionar melhora da memória foi inutilizada por provocar muitos efeitos colaterais. A primeira droga utilizada em larga escala e aprovada pelas agências reguladoras, em 1993, foi a tacrina. Porém, essa medicação caiu em desuso com o advento de novas medicações, pela dificuldade na administração e pelo risco de complicações e efeitos adversos. As medicações que atuam na acetilcolina, e que estão aprovadas para uso no Brasil nos casos de demências leve e moderada, são a rivastigmina, a donepezila e a galantamina (conhecidas como inibidores da acetilcolinesterase ou anticolinesterásicos). As vantagens e as desvantagens de cada medicação e o modo de administração devem ser discutidos com o médico que acompanha o paciente. Teoricamente, a resposta esperada com o uso dessas medicações é uma melhora inicial dos sintomas, que será perdida com a progressão da doença, mas há evidências de que essas drogas podem estabilizar parcialmente essa progressão, de modo que a evolução torne-se mais lenta. Os efeitos 6
  7. positivos, que visam à melhoria ou à estabilização, foram demonstrados para a cognição, o comportamento e a funcionalidade. A resposta ao tratamento é individual e muito variada. A memantina é outra medicação aprovada para o tratamento da demência da Doença de Alzheimer. Ela atua reduzindo um mecanismo específico de toxicidade das células cerebrais. É possível também que facilite a neurotransmissão e a neuroplasticidade. O uso da memantina, isoladamente ou associada aos anticolinesterásicos, é indicado no tratamento das pessoas com Doença de Alzheimer nas fases moderada a grave. Para o tratamento da demência da Doença de Alzheimer nas fases leve a moderada, até o momento, a memantina tem demonstrado resultados conflitantes entre os estudos. Portanto, não há respaldo na literatura científica para o uso da memantina nos estágios iniciais da Doença de Alzheimer. Os sintomas comportamentais e psicológicos podem ser tratados com medicações específicas e controladas. Muitas medicações, com expectativa de bons resultados, podem ser indicadas para o tratamento e o controle de agitação, agressividade, alterações do sono, depressão, ansiedade, apatia, delírios e alucinações. É importante que doses e horários das medicações prescritas sejam seguidas com rigor. Alterações ou reações não esperadas devem ser comunicadas ao médico responsável pelo tratamento, para possíveis ajustes. É terminantemente desaconselhável que pacientes ou familiares testem modificações, sob risco de efeitos indesejáveis e prejuízo no controle de sintomas. Outras medicações e substâncias Não são incomuns prescrições de outras substâncias e medicações para o tratamento da demência da Doença de Alzheimer. As evidências, até o momento, são de ineficácia do tratamento com ginkgo biloba, selegilina, vitamina E, Ômega 3, redutores da homocisteína, estrogênio, anti-inflamatórios e estatina. Sendo assim, o uso dessas substâncias e medicações, com fim específico de tratamento para a demência, não é recomendado. Tratamento não farmacológico Há evidências científicas que indicam que atividades de estimulação cognitiva, social e física beneficiam a manutenção de habilidades preservadas e favorecem a funcionalidade. 7
  8. O treinamento das funções cognitivas como atenção, memória, linguagem, orientação e a utilização de estratégias compensatórias são muito úteis para investimento em qualidade de vida e para estimulação cognitiva. Pacientes mais ativos utilizam o cérebro de maneira mais ampla e frequente e sentem-se mais seguros e confiantes quando submetidos a tarefas prazerosas e alcançáveis. A seleção, frequência e distribuição de tarefas deve ser criteriosa e, preferencialmente, orientada por profissionais. Com o intuito de auxiliar os pacientes, algumas famílias ou cuidadores tendem a sobrecarregá-los com atividades que julgam poder ajudar no tratamento, desfavorecendo resultados e correndo o risco de criar resistência ou de tornar o ambiente tenso. A qualidade e a quantidade de estímulos devem ser monitoradas e avaliadas a partir da resposta dos pacientes. É de fundamental importância para a adesão às propostas que essas atividades sejam agradáveis e compatíveis com as capacidades dos pacientes. O intuito dos tratamentos não farmacológicos não é fazer com que a pessoa com demência volte a funcionar como antes da instalação da doença, mas que funcione o melhor possível a partir de novos e evolutivos parâmetros. Quando estimulados e submetidos a atividades que conseguem realizar, os pacientes apresentam ganho de autoestima e iniciativa, e assim tendem a otimizar o uso das funções ainda preservadas. As intervenções oferecidas podem ser de três áreas diversas. Quando combinadas, podem obter melhores resultados. Embora sejam importantes, sugere-se cautela na oferta de tratamento com intervalo entre atividades. I. Estimulação cognitiva Consiste em atividades ou programas de intervenção que visam a potencializar as habilidades cognitivas mediante a estimulação sistemática e continuada em situações práticas que requerem o uso de pensamento, raciocínio lógico, atenção, memória, linguagem e planejamento. O objetivo geral desse tipo de estimulação é minimizar as dificuldades dos pacientes a partir de estratégias compensatórias, para que possam fazer uso de recursos intelectuais presentes de maneira consistente. Podem ser feitas atividades grupais ou individuais. Em ambos os casos, deve-se atentar para as necessidades dos pacientes, para situações do dia a dia que promovam autonomia e capacidade decisória, a partir de novas estratégias, para o cumprimento de tarefas. 8
  9. Durante as atividades são utilizadas técnicas que resgatam memória antiga, exploram alternativas de aprendizado, promovem associação de ideias, exigem raciocínio e atenção dirigida, favorecem planejamento com sequenciamento em etapas e antecipação de resultados e consequências, proporcionam treino de funções motoras e oferecem controle comportamental relacionado aos impulsos e reações. Pode ser praticada em tarefas variadas como jogos, desafios mentais, treinos específicos, construções, reflexões, resgate de histórias e uso de materiais que compensem dificuldades específicas (por exemplo, calendário para problemas de orientação temporal). II. Estimulação social São iniciativas que priorizam o contato social dos pacientes estimulando as habilidades de comunicação, convivência e afeto, promovendo integração e evitando a apatia e a inatividade diante de dificuldades. Além de intervenções em grupo para estimulação cognitiva e física, podem ser realizadas atividades de lazer, culturais, celebração de datas importantes e festivas. É essencial que sejam organizadas a partir das experiências anteriores do paciente e que envolvam temas que despertem seu interesse e motivação. Lugares muito movimentados e com muitas pessoas podem dificultar o aproveitamento dos pacientes, pois estímulos simultâneos podem deixá-los confusos. Sugere-se que a família observe o comportamento de pacientes em situações sociais e que verifique se estão à vontade e aproveitando. Caso o idoso com Alzheimer tenha dificuldade em acompanhar conversas paralelas ou fique agitado com a movimentação, a conduta deve ser a de tornar o ambiente mais propício para ele, com menos estímulos simultâneos. Nesse caso, não há necessidade de cancelar compromissos, mas de proporcionar ambiente mais calmo e com menos pessoas a cada encontro. Para o idoso, o contato com a família tende a ser a principal fonte de convívio e satisfação a partir de interação social. Diante das dificuldades dos idosos com Alzheimer, pode parecer que as alternativas de contato fiquem limitadas a ponto de inviabilizar o relacionamento. Isso não é verdade. Há muitas maneiras de relacionamento de qualidade com alcance mútuo de satisfação: resgatar histórias antigas, especialmente envolvendo lembranças agradáveis e que tenham relevância familiar, contato físico e afetuoso bem como acompanhamento de rotina e atividades diárias. São esses os tipos de tarefas que o paciente tende a ficar mais à vontade e aproveitar melhor o momento de encontro com familiares. III. Estimulação física A prática de atividade física e de fisioterapia oferece benefícios neurológicos e melhora na coordenação, força muscular, equilíbrio e flexibilidade. Contribui para o ganho de independência, favorece a percepção sensorial, além de retardar o declínio funcional nas 9
  10. atividades de vida diária. Alguns estudos mostram que atividades regulares estão associadas a evolução mais lenta da Doença de Alzheimer. Além de alongamentos, podem ser indicados exercícios para fortalecimento muscular e exercícios aeróbicos moderados, sob orientação e com acompanhamento dirigido. IV. Organização do ambiente O ambiente da pessoa com Doença de Alzheimer influencia seu humor, sua relação com as pessoas e até sua capacidade cognitiva. Diante de situações agitadas ou desorganizadas, pode haver uma tendência à confusão mental que prejudica o funcionamento de modo geral. Por isso, oferecer ambiente adequado pode ser uma forma de minimizar sintomas, bem como favorecer a qualidade de vida. Organizar o ambiente tem como objetivo inibir ou controlar as manifestações de sintomas comportamentais como ansiedade e agitação, delírios e alucinações e inadequações sociais. O ambiente deve ser tranquilo, com situações previsíveis, evitando características que possam ser interpretadas como ameaçadoras. Sugere-se utilizar tom de voz ameno e evitar confrontos e conflitos desnecessários, repetitivos e duradouros, diminuir e evitar barulhos e ruídos, amenizar estímulos luminosos muito intensos, deixar o ambiente claro, limpo e organizado, estabelecer uma rotina estável e simplificada. V. Tratamentos específicos para problemas específicos Nos estágios iniciais da Doença de Alzheimer são esperadas reações emocionais negativas, assim como dificuldade de adaptação a mudanças, com prejuízos sociais progressivos. Lidar com as perdas associadas ao processo de adoecimento envolve o confronto com déficits e, consequentemente, com frustrações. Nessa etapa da doença, é esperado que o paciente identifique, pelo menos parcialmente, os prejuízos e tente evitá- los. Por isso, pode acontecer de ficar menos motivado para atividades e encontros sociais. Em fases mais avançadas da doença, em que os sintomas passam a ser mais evidentes, o confronto com prejuízos que interferem na autonomia é mais presente. Alguns pacientes podem precisar de monitoramento constante, para evitar exposição a situações de risco. Em algumas famílias, pode ser necessário o auxílio de cuidadores profissionais ou de mais integrantes na equipe de cuidados. Além de auxílio dos cuidadores, podem ser necessários tratamentos específicos, envolvendo a busca pela minimização de dificuldades que passam a interferir nas atividades diárias. Os tratamentos mais frequentes são os que requerem estímulo à locomoção e motricidade, deglutição, comunicação e nutrição. 10
  11. A cada etapa da doença, profissionais especializados podem ser indicados para minimizar problemas e orientar a família, com o objetivo de favorecer a superação de perdas e enfrentar o processo de adoecimento, mantendo a qualidade de contato e relacionamento. Muitos são os profissionais que cuidam de pessoas com Doença de Alzheimer. Além de médicos (geralmente neurologistas, geriatras, psiquiatras ou clínicos gerais), há a atuação de outros profissionais de saúde: psicólogos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, educadores, educadores físicos, assistentes sociais e dentistas. 5. Evolução A Doença de Alzheimer é caracterizada pela piora progressiva dos sintomas. Entretanto, muitos pacientes podem apresentar períodos de maior estabilidade. A evolução dos sintomas da Doença de Alzheimer pode ser dividida em três fases: ​leve, moderada e grave​. Na fase leve, podem ocorrer alterações como perda de memória recente, dificuldade para encontrar palavras, desorientação no tempo e no espaço, dificuldade para tomar decisões, perda de iniciativa e de motivação, sinais de depressão, agressividade, diminuição do interesse por atividades e passatempos. Na fase moderada, são comuns dificuldades mais evidentes com atividades do dia a dia, com prejuízo de memória, com esquecimento de fatos mais importantes, nomes de pessoas próximas, incapacidade de viver sozinho, incapacidade de cozinhar e de cuidar da casa, de fazer compras, dependência importante de outras pessoas, necessidade de ajuda com a higiene pessoal e autocuidados, maior dificuldade para falar e se expressar com clareza, alterações de comportamento (agressividade, irritabilidade, inquietação), ideias sem sentido (desconfiança, ciúmes) e alucinações (ver pessoas, ouvir vozes de pessoas que não estão presentes). Na fase grave, observa-se prejuízo gravíssimo da memória, com incapacidade de registro de dados e muita dificuldade na recuperação de informações antigas como reconhecimento de parentes, amigos, locais conhecidos, dificuldade para alimentar-se associada a prejuízos na deglutição, dificuldade de entender o que se passa a sua volta, dificuldade de orientar-se dentro de casa. Pode haver incontinência urinária e fecal e intensificação de comportamento inadequado. Há tendência de prejuízo motor, que interfere na capacidade de locomoção, sendo necessário auxílio para caminhar. Posteriormente, o paciente pode necessitar de cadeira de rodas ou ficar acamado. 11
  12. ESTÁGIOS INICIAL O estágio inicial raramente é percebido. Parentes e amigos (e, às vezes, os profissionais) veem isso como "velhice", apenas uma fase normal do processo do envelhecimento. Como o começo da doença é gradual, é difícil ter certeza exatamente de quando a doença começa. A pessoa pode: - Ter problemas com a propriedade da fala (problemas de linguagem). - Ter perda significativa de memória – particularmente das coisas que acabam de acontecer. - Não saber a hora ou o dia da semana. - Ficar perdida em locais familiares. - Ter dificuldade na tomada de decisões. - Ficar inativa ou desmotivada. - Apresentar mudança de humor, depressão ou ansiedade. - Reagir com raiva incomum ou agressivamente em determinadas ocasiões. - Apresentar perda de interesse por hobbies e outras atividades. INTERMEDIÁRIO Como a doença progride, as limitações ficam mais claras e mais graves. A pessoa com demência tem dificuldade com a vida no dia a dia e: - Pode ficar muito desmemoriada, especialmente com eventos recentes e nomes das pessoas. - Pode não gerenciar mais viver sozinha, sem problemas. - É incapaz de cozinhar, limpar ou fazer compras. - Pode ficar extremamente dependente de um membro familiar e do cuidador. - Necessita de ajuda para a higiene pessoal, isto é, lavar-se e vestir-se. A dificuldade com a fala avança. - Apresenta problemas como perder-se e de ordem de comportamento, tais como repetição de perguntas, gritar, agarrar-se e distúrbios de sono. - Perde-se tanto em casa como fora de casa. - Pode ter alucinações (vendo ou ouvindo coisas que não existem). AVANÇADO O estágio avançado é o mais próximo da total dependência e da inatividade. Distúrbios de memória são muito sérios e o lado físico da doença torna-se mais óbvio. A pessoa pode: Ter dificuldades para comer. 12
  13. Ficar incapacitada para comunicar-se. - Não reconhecer parentes, amigos e objetos familiares. - Ter dificuldade de entender o que acontece ao seu redor. - É incapaz de encontrar o seu caminho de volta para a casa. - Ter dificuldade para caminhar. - Ter dificuldade na deglutição. - Ter incontinência urinária e fecal. - Manifestar comportamento inapropriado em público. - Ficar confinada a uma cadeira de rodas ou cama. *Alertamos para o fato de que essa divisão tem caráter didático e, muitas vezes, sintomas classificados em diferentes fases se mesclam em um mesmo período. 6. Atualizações científicas Ainda não existe um tratamento que possa curar. Porém, uma descoberta da equipe da Universidade de Leicester (Inglaterra), trouxe boas notícias: a ciência está cada vez mais próxima de encontrar a cura para o mal de Alzheimer. Esta doença hoje atinge mais de 36 milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2050, este número deve triplicar. Exame de marcadores biológicos O diagnóstico da Doença de Alzheimer continua sendo clínico, mas a diferença verificada desde o início da atual década foi a constatação de que marcadores biológicos podem auxiliar a tornar o diagnóstico da DA mais preciso. Os marcadores biológicos que passam a fazer parte da investigação clínica são o beta-amiloide e a proteína fosfo-tau. A proteína beta-amiloide, como se sabe, é acumulada nas placas senis, um dos marcos patológicos da doença. Essa proteína é produzida normalmente no cérebro e há evidências de que quantidades muito pequenas dela são necessárias para manter os neurônios viáveis. O problema na DA é que sua produção aumenta muito e moléculas acumulam-se como oligômeros, levando à alteração nas sinapses, o primeiro passo para a série de eventos que leva à perda de neurônios e aos sintomas da doença. Normalmente, a beta-amiloide é eliminada pelo líquor, mas na DA sua acumulação no cérebro faz com que sua concentração no líquor caia. Simultaneamente, ocorre fosforilação da proteína tau, que forma os emaranhados neurofibrilares dentro dos neurônios, que é outra alteração patológica conhecida da DA. Com a morte neuronal, a fosfo-tau é eliminada pelo liquor, aumentando sua concentração. Dessa forma, na DA ocorre diminuição da concentração de beta-amilóide e aumento da concentração de fosfo-tau no liquor. 13
  14. É necessário ter em mente algumas implicações desse exame: A alteração das concentrações de marcadores por si não garante o diagnóstico de DA, que deve ter a correlação com sintomas clínicos. Essas alterações podem ser úteis no diagnóstico diferencial entre DA e outras demências, quando o que ocorre com frequência é a superposição de sintomas. Com os marcadores biológicos, é possível fazer o diagnóstico da doença prodrômica, isto é, de pessoas com queixa e dificuldade objetivamente verificadas, mas que não preenchem os critérios para o diagnóstico de demência como, por exemplo, as que não têm prejuízo em suas atividades. Pessoas com doença prodrômica têm chance muito elevada de vir a desenvolver a demência da DA. Essa mudança nos paradigmas do diagnóstico levou também a uma mudança na busca de novos tratamentos, que agora são dirigidos para a produção e agregação de moléculas de beta-amilóide e para a inibição da produção de fosfo-tau. A Doença de Alzheimer antes dos sintomas Os marcadores biológicos e os estudos sistemáticos do cérebro deixaram claro que, por um período de 15 a 20 anos, estão acontecendo alterações no cérebro antes do diagnóstico da demência da Doença de Alzheimer, ainda que seja em sua fase inicial. Assim, poderíamos falar em: Envelhecimento normal: não há alterações clínicas ou queixa de mau funcionamento cognitivo. Perdas referentes ao processo de envelhecimento envolvem principalmente alterações físicas e sensoriais. Doença pré-clínica: as pessoas não apresentam alteração clínica alguma e sua avaliação clínica será normal, exceto no final desta fase, quando testes de memória e de outras áreas da cognição podem mostrar alterações muito sutis. Por outro lado, verifica-se uma mudança nos marcadores biológicos, com queda na concentração de beta-amilóide e aumento na concentração de fosfo-tau. Exame de ressonância com marcador para beta-amiloide mostrará que esta substância está se acumulando no cérebro. A não ser por esses exames especiais, e que ainda estão disponíveis em poucos lugares, não se pode fazer o diagnóstico de doença pré-clínica. Doença prodrômica: aqui começam as queixas de memória, que se tornaram mais acentuadas ao longo do tempo. A avaliação clínica mostra objetivamente que há alteração, a mais comum sendo nos testes de memória. Nesta fase, a ressonância com marcador para beta-amiloide mostra maior acúmulo e a ressonância convencional começa a mostrar atrofia cerebral, particularmente para os hipocampos, que constituem uma área central da memória. Nesta fase, as pessoas continuam com suas atividades e, portanto, não se pode falar em demência, apesar de no final desta fase manterem as atividades, principalmente as mais complexas, que requerem mais memória e planejamento, como gerenciar finanças ou planejar viagens, que exigem um esforço maior. Para essas pessoas, portanto, o diagnóstico pode ser feito pelo exame clínico, ajudado pelo exame de líquor e pela ressonância de cérebro. 14
  15. Demência da Doença de Alzheimer: a DA, como a conhecemos, envolve perdas significativas de capacidades com interferência nas atividades cotidianas. Nesse sentido, as mudanças previsíveis para diagnóstico e tratamento da DA serão: O diagnóstico será mais precoce, preferencialmente na fase prodrômica. O tratamento será mais precoce, preferencialmente na fase prodrômica. Caso se chegue de fato a medicações mais eficientes, então a perspectiva para as pessoas com DA mudará radicalmente. 7. Cuidados com o doente de Alzheimer Cuidar de uma pessoa com Doença de Alzheimer é um desafio para qualquer família. As mudanças são significativas e precisam ser compreendidas e incorporadas na rotina familiar. Lidar com perdas, garantir boas condições de saúde, reorganizar a vida cotidiana, redistribuir tarefas e oferecer tratamento adequado com cuidados que atendam às necessidades e preservem a integridade são situações que requerem aceitação, informação e flexibilidade, para uma boa adaptação à nova condição. Estar próximo ao paciente observando seu desempenho nas atividades diárias auxilia na identificação dos comprometimentos e riscos a que ele pode estar exposto. Pautar-se exclusivamente no funcionamento prévio ou no relato do paciente ou mesmo em observação não prolongada podem ser medidas perigosas que não revelam a realidade dos fatos. Por isso, um contato próximo e frequente é muito importante para que os familiares se sintam seguros para enfrentar as perdas e cuidar adequadamente da pessoa com Doença de Alzheimer. Uma das maiores e mais frequentes dificuldades dos familiares no cuidado com a pessoa com quadros degenerativos é identificar em que situações devem interferir nas escolhas dos pacientes e assumir poder na tomada de decisão. Trata-se de uma situação delicada, pois o idoso com DA é um adulto que cuidava de sua vida e a conduzia sem interferências. Tirar sua autonomia pode parecer uma grande agressão, especialmente quando há resistências. É um momento complicado para pacientes e familiares. Frequentemente envolve sentimentos de culpa e compaixão. Cuidar de uma pessoa com demência é uma árdua tarefa. Quando a energia é utilizada de maneira eficiente, com estratégias funcionais, o cuidado é de melhor qualidade e o familiar-cuidador tende a ficar menos estressado e mais realizado e valorizado por seu esforço. Consulte dicas de cuidados que visam a ajudar os cuidadores a oferecer ambiente seguro e que invistam em maior autonomia possível, com qualidade de vida e de relacionamento. Muitas vezes parecerá difícil encontrar estratégias para os problemas. Há que se ter paciência e perseverança sem desistir de tentar encontrar boas soluções. Em geral, quando se encontra uma forma de contornar as dificuldades, esta costuma manter-se eficiente por muito tempo. Por isso é importante que os familiares utilizem as estratégias que funcionem sempre da mesma maneira, sem se preocupar em ser criativos. Se funcionar uma vez, provavelmente funcionará sempre. 15
  16. Acompanhamento cotidiano: ● Higiene e aparência: O paciente com Doença de Alzheimer pode evitar ou mesmo recusar-se a tomar banho ou fazer a higiene bucal. Hábitos saudáveis de higiene precisam ser preservados, pois favorecem a saúde geral e o bem-estar, além de evitarem doenças. Nos casos de falta de higiene, deve-se buscar estratégias que favoreçam a limpeza. Ao oferecer ajuda, é importante respeitar a dignidade da pessoa e ter cuidados de preservação de intimidade sempre que possível. ● Alimentação​: A boa nutrição é muito importante para a saúde geral e também para o funcionamento cerebral. Estudos recentes mostram que uma alimentação saudável é muito importante para o bem-estar, a disposição física e até para a cognição. O idoso também precisa de uma alimentação balanceada. Ao consultar o médico, não esqueça de pedir orientação sobre a dieta do paciente. São comuns queixas envolvendo alteração no apetite da pessoa com Doença de Alzheimer. Pode haver perda de peso ou fome exagerada. Em ambos os casos o monitoramento da família deve ser realizado para favorecer uma alimentação adequada. Confira sempre a temperatura da comida. Alimentos muito quentes podem provocar queimaduras na boca e na língua do paciente. Utilize prato térmico, para evitar que a comida esfrie enquanto o paciente está se alimentando. Embora não exista uma dieta determinada, é preciso ter cuidado com a alimentação, para que não haja excesso ou carência de algum nutriente. ● Segurança​: Uma pessoa que tem a Doença de Alzheimer, aos poucos, perde a capacidade de cuidar de si, de tomar decisões e de avaliar riscos. A situação requer atenção e planejamento por parte dos cuidadores, pois há exposição a perigos que podem e devem ser evitados. É na convivência com o paciente, na observação de todas as suas tarefas diárias, que o cuidador perceberá suas perdas e dificuldades na organização pessoal, orientação no tempo e espaço e assim poderá traçar estratégias mais objetivas para protegê-lo dos riscos a que está exposto nas ações autônomas. ● Questões de saúde: ​Organização de informações e documentos, as dificuldades de memória, de atenção e de planejamento da pessoa com Doença de Alzheimer prejudicam o gerenciamento de questões do dia a dia antes controladas com facilidade. É importante que a família auxilie na organização da rotina e que instruções e dados importantes do paciente fiquem disponíveis para quem possa acompanhar o paciente. É comum que cuidados sejam centralizados em um único cuidador, situação que, além de sobrecarregar o familiar-cuidador impede a segurança do paciente em diversos contextos. 16
  17. Recomenda-se manter uma cópia dos seguintes documentos na casa do paciente e outras cópias em locais seguros com pessoas de confiança da família: ● Nomes e contatos de membros da família e/ou amigos para situações de emergência. ● Nomes e contatos dos profissionais que assistem o paciente, com especificação de especialidade e frequência de atendimento. ● Lista de medicamentos, com horários e dosagens prescritos. ● Lista de alimentos e medicamentos que NÃO podem ser usados pelo paciente por causarem alergia. ● Cópias autenticadas de documentos de identificação, como RG, carteira de saúde do SUS ou de convênio de saúde. ● Telefones e endereços de serviços de emergência (hospitais, polícia, ambulância e bombeiro). Lidando com os sintomas: Identificação de sintomas Para conviver com os sintomas a família e cuidadores devem saber identificá-los, aceitá-los e diferenciá-los de atitudes anteriores dos pacientes. É frequente a família atribuir as mudanças cognitivas e comportamentais à birra ou provocações e não saberem como lidar com os pacientes. É importante considerar que o doente de Alzheimer passa a ter um novo funcionamento. O paciente com demência apresenta prejuízos evolutivos que requerem flexibilidade da família para se adaptar às constantes mudanças. Assim, o familiar precisa compreender e reconhecer os prejuízos, aproximar-se de seu parente doente e vê-lo como alguém que mudou, que não mais poderá desempenhar as atividades como outrora, e lidar com as perdas como algo definitivo. A irreversibilidade do quadro não exclui a participação do paciente, mas a altera. Torna-se imperioso o estabelecimento de estratégias que preservem a identidade do paciente ao mesmo tempo que forneçam auxílio (apenas o necessário) para minimizar efeitos dos sintomas nas tarefas, funções e relacionamentos. Conhecer a doença e sua evolução é fundamental para definir condutas e saber quando oferecer ajuda. Recomenda-se no convívio com sintomas: medida preventiva de organização da rotina e do ambiente e técnicas adequadas de manejo de sintomas. Organização de rotina e ambiente Proporcionar ao paciente uma rotina definida e constante pode auxiliar na orientação e reduzir agitação e ansiedade. Fazer um plano diário ou semanal com uso de calendários ou agendas de preenchimento conjunto (paciente com cuidador) que contenha horários para caminhadas, sol, televisão, atividades, passeios, eventos e consultas é uma alternativa. Um cuidado é importante é respeitar o ritmo de cada paciente. É comum pessoas com 17
  18. problemas neurológicos ficarem cansadas, por isso deve-se evitar programação intensa e oferecer intervalos entre atividades sempre que possível. O ambiente deve ser mantido bem organizado com itens guardados a partir de categorias bem definidas para auxiliar que sejam encontrados. É importante proporcionar ambiente limpo, arejado, com boa iluminação e que ofereça conforto diante de objetos conhecidos da pessoa com Doença de Alzheimer. Quanto mais agradável o espaço, mais calmo o paciente tenderá a ficar. Evitar barulhos prolongados também pode ajudar. Manejo de sintomas Lidar com os sintomas requer enfrentar mudanças e essa é sempre uma tarefa difícil quando as mudanças não são bem vindas. Existem muitas formas de lidar com as alterações mas nem sempre são adequadas para uma boa condução da situação. Cada sintoma tem seu manejo específico, ficar atento aos principais: - Problemas cognitivos:​ perda de atenção/concentração, desorientação no tempo, desorientação espacial, dificuldades de linguagem e comunicação, perda de memória recente, dificuldade de planejamento. - Alterações de comportamento: ​insônia, delírios – persecutoriedade, alucinações, sexualidade exacerbada, perambulação, agressividade, depressão, ansiedade. Cuidadores profissionais Para famílias que dispõem de recursos financeiros, há a possibilidade da contratação de cuidador profissional. Dividir o cuidado é uma maneira de aliviar a sobrecarga do familiar-cuidador e seu estresse aumentando sua qualidade de vida. Pode haver resistência do paciente na inserção do cuidador profissional, por isso é importante fazer a adaptação gradualmente. Dicas: ● É importante que o cuidador de idosos tenha informação sobre a doença de Alzheimer e saiba identificar e manejar sintomas com tranquilidade sem confundí-los com birra ou preguiça. ● Existem cursos de formação e atualização para cuidadores de idosos com abordagem de temas na área de demência que podem auxiliar na condução da tarefa de cuidar. ● Quanto à contratação, sugere-se verificação de experiência profissional, referências anteriores com confirmação de histórico com antigos empregadores. ● Os direitos trabalhistas devem ser respeitados e é recomendável a consulta e orientação de um profissional de contabilidade para conhecimento e seguimento de parâmetros legais do contrato. 18
  19. Institucionalização Diversas famílias optam por institucionalizar o paciente com Doença de Alzheimer por diversos motivos. Essa é uma opção que deve ser respeitada e pode ser uma alternativa para garantia de cuidado de qualidade especialmente quando os familiares não dispõe de tempo para acompanhamento constante. Dicas: ● Verifique se instituição está devidamente registrada nos órgãos competentes e as referências quanto aos seus credenciamentos; ● Certifique-se sobre os recursos humanos que estão disponíveis na instituição, se o quadro de profissionais é suficiente para atender adequadamente a quantidade de pacientes institucionalizados e quais os serviços especializados que oferece; ● Confirme se o pessoal é treinado para a assistência de pessoas com demência e se a instituição já atende outros pacientes com doença de Alzheimer; ● Observe como é o tratamento dos funcionários dispensado às pessoas que estão institucionalizadas. Visite a instituição. ● Verifique suporte médico existente e sua adequação. Saiba qual é o procedimento da clínica nos casos de emergência; ● É importante visitar a instituição em horários do almoço e lanche para observar como a refeição é oferecida ao doente bem como a qualidade nutricional e higiene da cozinha ● Visite todas as dependências da instituição (especialmente a cozinha, banheiros e dormitórios) e certifique-se sobre os cuidados com a limpeza, como é feita a distribuição dos quartos, das áreas comuns, das condições de ventilação, iluminação e sanitárias em geral; ● Consulte os responsáveis sobre quais são os cuidados com a segurança do paciente (corrimão nas escadas, barras de segurança nos banheiros, tipo de pisos), instalações elétricas; vistoria de corpo de bombeiros etc. ● Antes de optar por alguma instituição a família deve fazer visitas nos horários em que outros familiares estiverem presentes para pesquisar satisfação. ● É recomendável que apareçam em horários alternativos para verificação de atendimento, rotina de alimentação e atividades. ● Deve-se ter o cuidado de preservação de objetos pessoais para que suas referências sofram o mínimo de alterações e haja o mínimo de ressentimento com a mudança. 19
  20. 8. Cuidados com o Familiar - Cuidador Impacto Emocional Receber o diagnóstico de demência causa um intenso impacto na vida de pacientes e familiares. Os principais motivos referem-se à impossibilidade de cura e à progressão dos sintomas. A perspectiva de mudança na vida pessoal e das pessoas que cercam o paciente é de tamanha magnitude que torna receber a notícia da doença uma situação muito difícil de aceitar. São comuns reações emocionais negativas envolvendo impotência, medo e raiva além de um profundo sentimento de injustiça. A falta de informações sobre a doença e as possibilidades de tratamento alimentam crenças distorcidas com base em estereótipos que, geralmente, assustam, por associar, erroneamente, a Doença de Alzheimer ao fim das relações. Considerar o diagnóstico pode ser tão temerário que algumas famílias negam os sintomas. É frequente que a demora na identificação da doença aconteça pelo receio de enfrentamento das mudanças. O atraso no diagnóstico pode gerar culpa nos familiares, por não terem oferecido tratamento previamente. Participar do processo de degeneração cognitiva geradora de incapacitação confronta o familiar-cuidador com o medo em relação ao futuro do paciente e de si mesmo. Assistir ao seu familiar perder gradativamente sua identidade gera intenso sofrimento e impotência, e o relacionamento com o paciente passa a ser um confronto com múltiplas e cumulativas perdas que precisam ser constantemente adaptadas. Aceitar a nova realidade será um processo construído aos poucos a partir do convívio com a nova situação e das adaptações graduais que serão realizadas. Aos poucos, aceitando o processo de adoecimento e enfrentando o dia a dia, os sintomas e obstáculos, muitas alternativas são vislumbradas e novos relacionamentos estabelecidos. Além de um tempo de adaptação, os familiares-cuidadores precisam de informação, reflexão sobre escolhas e decisões e apoio emocional e social. Bem amparados, eles aprenderão a conviver com a doença e com a pessoa com Alzheimer com qualidade e serenidade. Revelação do diagnóstico Revelar, ou não, ao paciente sobre o seu diagnóstico de Doença de Alzheimer (DA) é uma decisão que cabe à família. Os profissionais de saúde que assistem o paciente poderão discutir e auxiliar nessa decisão. O tema da revelação diagnóstica ao paciente de DA nem sempre é discutido, mas mostra-se uma reflexão essencial para a família ponderar sobre as vantagens e as desvantagens envolvidas e, assim, tomar a decisão mais adequada para sua situação. Vale destacar que cada família tem um contexto particular e, por isso, cada caso tem que ser pensado individualmente. Além disso, os pacientes, ao longo da vida e no momento do diagnóstico, são importantes dicas de como reagiriam à notícia do diagnóstico, o que deve ser levado em conta na decisão. 20
  21. O principal motivo pelo qual as famílias optam por não revelar o diagnóstico é visando a preservar o paciente da realidade de perdas que a doença implica. Em outras palavras, famílias costumam ser contrárias à revelação do diagnóstico de DA ao paciente para evitar consequências emocionais negativas, como por exemplo, reações depressivas. Tais reações de fato podem acontecer, principalmente quando o paciente ainda está com a crítica preservada e, portanto, consegue entender sobre sua situação e as repercussões negativas da doença. Devido ao comprometimento cognitivo é essencial que, caso a família opte por contar ao paciente sobre seu diagnóstico, a revelação seja feita no estágio inicial da doença para favorecer a compreensão e o registro dessa informação. A família tem que ter o cuidado de explicar ao paciente sobre sua condição em linguagem simples, para garantir o entendimento, e, também, repetir a informação do diagnóstico no dia a dia, visando ao registro e aproveitamento do dado. Assim, outra desvantagem à revelação é o fato de que não é garantido que a compreensão do paciente sobre sua condição aconteça. Após a reação inicial negativa da notícia do diagnóstico, os pacientes informados sobre a sua condição tendem a aceitar a doença e se colocarem em uma posição de enfrentamento do processo de adoecimento, contribuindo para uma melhor adesão ao tratamento. Há a tendência à percepção e ao reconhecimento das dificuldades e à maior aceitação de cuidados e regras envolvendo proteção e redução de riscos. Quando o paciente sabe sobre a doença, ele pode participar antecipadamente e em conjunto com a família de decisões e preparação do futuro de maneira compartilhada. 9. Direito do Paciente De acordo com a legislação brasileira, as pessoas com Doença de Alzheimer têm direito à assistência médica e a medicamentos gratuitos, além de obter a isenção do Imposto de Renda. Assistência médica e medicamentos gratuitos Desde 2002, foi instituído o "Programa de Assistência aos Portadores da Doença de Alzheimer", engloba​: ● Consultas para diagnóstico ● Atendimento na rede pública. ● Atendimento em hospital-dia. ● Atendimento hospitalar. ● Visita domiciliar de profissional da saúde. ● Tratamento acompanhado por equipe multidisciplinar. ● Programa de orientação e treinamento para familiares. ● Medicação gratuita: sendo fornecidos os seguintes - rivastigmina, donepezil e galantamina. O medicamento memantina não está na lista do governo e precisa ser comprado. Isenção de Imposto de Renda 21
  22. É um benefício previsto em lei (Instrução Normativa 15/01 da Secretaria da Receita Federal) pelo qual a pessoa portadora de doença grave fica dispensada do pagamento do Imposto de Renda sobre o valor recebido em forma de aposentadoria, reforma ou pensão. Outros rendimentos, inclusive complementações recebidas de entidades privadas, não são isentos. Tratamentos disponíveis para doença de Alzheimer no SUS No momento, os medicamentos para tratamento da Doença de Alzheimer fornecidos gratuitamente pelo SUS são: ● rivastigmina (cápsula de 1,5 mg, 3 mg, 4,5 mg e 6 mg; e frasco de 120mL - 2 mg/mL), ● rivastigmina adesivo transdérmico (5cm e 10cm), ● donepezila (comprimido de 5 mg e 10 mg) e ● galantamina (comprimido de 8 mg, 16 mg e 24 mg). Os pacientes só podem ter acesso aos medicamentos incorporados pelo SUS. Esse processo é feito mediante avaliação de órgãos técnicos especializados, que levam em conta as evidências científicas sobre a eficácia, qualidade e segurança dos medicamentos, bem como a avaliação econômica comparativa dos benefícios e dos custos em relação aos produtos já incorporados. A maior parte dos medicamentos é fornecida na apresentação em comprimido, administrado via oral. Recentemente, o SUS incorporou à sua lista a rivastigmina na forma de adesivo transdérmico. Qual a diferença entre os tratamentos via oral e adesivo transdérmico? No caso dos comprimidos, o princípio ativo é absorvido ao longo da sua passagem pelo sistema digestivo, desde o estômago até o intestino. É dessa forma que a substância é levada à corrente sanguínea para realizar o mecanismo de ação terapêutica. Já o adesivo libera a medicação por meio da pele. O princípio ativo é absorvido pelo organismo ao longo do dia e, por não ter absorção no estômago, gera menos efeitos colaterais relativos ao sistema digestivo. Este tipo de apresentação proporciona praticidade ao cuidador por ser de fácil manuseio e por garantir que o paciente realmente recebeu a dose diária correta. Com base na Constituição Federal, todas as pessoas têm direito ao acesso gratuito a medicamentos. Primeiramente, o paciente deverá procurar seu médico que irá orientá-lo quanto ao processo de acesso ao medicamento. O médico fará um laudo para detalhar a doença e seu tratamento, comprovando a necessidade de usar o medicamento prescrito juntamente à receita médica em duas vias. Além disso, deverá fazer a guia para a realização de exames complementares. Em seguida, o paciente deve protocolar um requerimento escrito na Secretaria da Saúde (do Estado ou do Município), solicitando os medicamentos necessários. Para isso, deverá portar o laudo médico e o formulário fornecido (LME) preenchido pelo médico, as duas vias da receita médica do medicamento, além de RG, o Cartão do SUS e o PIS/PASEP (se possível). 22
  23. Ao solicitar o medicamento, é importante pedir uma cópia do protocolo, pois ele é o comprovante que sua solicitação foi feita ao SUS. Para retirada do medicamento, o paciente deverá ir até o posto de distribuição do SUS. De acordo com o Protocolo Clínico de Diretriz de Tratamento (PCDT) da doença, geriatras, neurologistas e psiquiatras ou qualquer médico especialista no tratamento de demências podem prescrever medicações para o tratamento de Alzheimer. Caso tenha dificuldade para a obtenção dos medicamentos, é possível realizar reclamação às ouvidorias do SUS (locais, regionais ou nacional). Caso não surta efeito, a pessoa poderá contar com o auxílio de assistentes sociais no próprio estabelecimento de saúde pública do seu estado de residência. Em tese, todos pacientes conseguem os medicamentos sim. A partir do momento em que os medicamentos são incorporados pelo SUS, os mesmos devem ser passíveis de serem fornecidos aos pacientes de todos os Estados. É importante reforçar que a distribuição e abastecimento estadual ou municipal dos postos do SUS é de responsabilidade do Ministério da Saúde. 23
  24. 10. Depoimentos de Familiares - Cuidadores Depoimento 1 “Minha mãe, de 72 anos, descobriu, aos 67, que tinha a doença de Alzheimer. (Nesses casos), os parentes também precisam de ajuda, pois têm que desenvolver a habilidade da paciência para lidar com alguém que vive num mundo de fantasias, acredita ter compromissos que não têm mais, precisa ser vigiada o tempo todo, não pode sair sozinha. O gás da cozinha precisa de uma chave especial, e a geladeira também, porque, às vezes, (o paciente) resolve jogar toda a comida no lixo. Para quem enfrenta esse problema, a pergunta é: ‘Quem você quer ser no momento em que estiver lidando com a pessoa afetada pelo Alzheimer?’. É preciso confrontar a resposta com outra questão: ‘Quem você tem sido nesses momentos?’. Alguém que não aceita que as coisas mudaram, com pouca paciência? É difícil encarar que a mãe deixa de ser o exemplo e passa exigir cuidados. Não podemos alterar os fatos, mas podemos mudar a forma como os encaramos. É preciso se relacionar melhor com o sofrimento. ‘Dolorir’: colorir a dor, encontrar um sentido, uma missão maior para essa angústia de reconhecer que as coisas mudaram. A tristeza de perceber a decadência em quem amamos precisa nos ensinar sobre nós e a nossa fragilidade. É um choque ver um indivíduo ficar totalmente dependente. Enquanto dentro da gente existir a imagem da pessoa de antes do Alzheimer, fica difícil aceitar a nova pessoa que surge depois da doença. Na velhice, todos esperamos mesmo que os papéis se invertam e que nos tornemos pais de nossos pais, mas, no caso de minha mãe, o Alzheimer antecipou essa expectativa em dez anos e me mostrou que o envelhecer será muito pior do que eu imaginava” Depoimento 2 Durante os 13 anos em que a professora Anna Izabel Arnaut conviveu com o Alzheimer, a funcionária pública Ana Heloísa, 57, se dedicou totalmente à mãe. “Deixei a vida social e tudo de lado. Não sabia o que era shopping, cinema, viajar”, diz. Todo empenho, apesar de 24
  25. gratificante, não escondia, porém, o quão cruel a doença pode ser. “A medida em que a doença vai progredindo, você vai vendo a pessoa morrer em vida. A primeira coisa que choca é quando ela não te reconhece mais”, conta. POEMA DO IDOSO Se meu andar é hesitante e minhas mãos trêmulas, ampare-me. Se minha audição não é boa e tenho que me "esforçar para ouvir o que você está dizendo, procure entender-me. Se a minha visão é imperfeita e o meu entendimento é escasso, ajude-me com paciência. Se as minhas mãos tremem e derrubam comida na mesa ou no chão, por favor não se irrite, tentei fazer o melhor que pude. Se você me encontrar na rua, não faça de conta que não me viu, pare para conversar comigo, sinto-me tão só. Se você na sua sensibilidade me ver triste e só , simplesmente partilhe um sorriso e seja solidário. Se lhe contei pela terceira vez a mesma história , num só dia não me repreenda, simplesmente ouça. Se me comporto como uma criança cerque-me de carinho. Se estou doente e sou um peso na sua vida, não me abandone, pois um dia terás a minha idade. Se estou com medo da morte e tento negá-la, ajude-me na preparação do Adeus.... A única coisa que desejo neste meu final de jornada é um pouco de respeito e de amor. 25
  26. Bibliografia: ● http://www.abraz.org.br/ ● https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/alzheimer-2/ ● https://minutosaudavel.com.br/mal-de-alzheimer-o-que-e-sintomas-tratamento-causas-e-m ais/ 26
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