1. A ORIGEM E A URBANIZAÇÃO DA CIDADE DE SÃO LOURENÇO, MG
1 Texto de Marco Aurélio Rodrigues Dias - 08 de novembro de 2012
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***Na foto acima, Ismael Junqueira de Souza, filho de Antônio Junqueira, e Coronel José Justino,
Delegado Distrital de São Lourenço e aliado político de Francisco Isidoro da Silveira Pinto.
JUSTIFICATIVA E INTRODUÇÃO: Este não é um estudo definitivo sobre o
começo da história de São Lourenço, mas apenas um pequeno acervo de
informações históricas baseado em fontes conhecidas. Não se trata de
posições definidas sobre os fatos históricos. Pela necessidade de conhecer
melhor como se deu o início da cidade de São Lourenço, organizamos alguns
dados. Todavia, tudo aqui pode ser questionado com outras informações mais
precisas e baseadas em documentos históricos ainda desconhecidos deste
autor.
Marco Aurélio Dias
São Lourenço, 08 de novembro de 2012
A formação política, econômica e urbana da cidade de São Lourenço, MG
2. A ORIGEM E A URBANIZAÇÃO DA CIDADE DE SÃO LOURENÇO, MG
2 Texto de Marco Aurélio Rodrigues Dias - 08 de novembro de 2012
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O COMEÇO DE SÃO LOURENÇO
Este estudo é uma tentativa de investigar como a cidade de São
Lourenço começou sua história e, a partir daí, traçar um roteiro de
acontecimentos que nos possibilite entender como a cidade está acontecendo
e quais são suas tendências sociais e de crescimento. Synésio Fagundes diz
que a primeira tentativa de escrever a história de São Lourenço foi levada a
efeito em 1923 por Arthur Gurgulino de Souza, através de um “Álbum Ilustrado
das Águas de São Lourenço”. Em 1935, Synésio publicou seu álbum ilustrado
contando a história de São Lourenço. Seria a segunda tentativa, e diz o
seguinte: “Estes dados históricos, dificultosamente colhidos, datam a fundação
deste local em 1835.” Pelos dados do IBGE, no entanto, o primeiro nome que
registra a história de São Lourenço é o de João Francisco Viana, “proprietário
de vasta fazenda em terras da freguesia de Carmo do Pouso Alto”, segundo o
“termo registrado em Cristina”, no início de 1800 (século XIX). Do fundador
João Francisco Viana, Synésio diz o seguinte: “Um português de nome Viana
(entenda-se sobrenome), residente na metrópole (Rio de Janeiro), transferiu
sua residência para esta região (início do século XIX, segundo o IBGE).
Espírito penetrante e, por certo, aventureiro, estabeleceu-se aqui, na ânsia de
obter maiores recursos financeiros, explorando o desconhecido. Com a saúde
abalada, experimentou o uso dessas águas (que ele mesmo descobriu?),
conseguindo uma cura radical que ele considerou milagrosa. E assim, o valor
terapêutico, ainda desconhecido, destas águas, foi propalado pela boca
popular, como sendo de extraordinário e milagroso efeito, na cura de certas
doenças”. Todavia, outras fontes indicam que teria sido Antônio Francisco
Viana, filho de João Francisco Viana, que periodicamente deixava a metrópole
para ir caçar nas terras do pai, o descobridor das águas minerais de São
A formação política, econômica e urbana da cidade de São Lourenço, MG
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3 Texto de Marco Aurélio Rodrigues Dias - 08 de novembro de 2012
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Lourenço (naquele tempo, século XIX, conhecidas como Águas do Viana). Em
outra parte de seus escritos, Synésio Fagundes diz o seguinte: “Desde a
criação da prefeitura de São Lourenço (em 1927), vem ocupando o cargo de
procurador, o Cel. José Justino Ferreira, cidadão de virtudes morais e cívicas,
descendente de uma estirpe tradicional, neto do primeiro fundador desta
estância...” O primeiro fundador da estância foi João Francisco Viana. Logo,
pelos dados de Synésio Fagundes, o pai ou a mãe do Cel. José Justino, seria
um dos filhos de João Francisco Viana. Entende-se, pois, que alguns
descendentes do fundador João Francisco Viana ficaram em São Lourenço. O
Cel. José Justino nasceu em São Lourenço (8 de agosto de 1870), filho de
Antônio Justino Ferreira e de Maria Eugênia do Espírito Santo, segundo os
dados de Teresinha Silveira. Ainda moço, já tinha influência na política
regional, visto que o Cap. Francisco Isidoro (1849-1818), de Carmo de Minas, o
considerava um parceiro político. Provavelmente, todo o civismo do Cel. José
Justino relativo ao desenvolvimento de São Lourenço teria origem no fato de
pesar em suas costas uma responsabilidade histórica fundamentada na
consciência de sua árvore genealógica. O fato é que o lugarejo crescia e
buscava uma identidade administrativa. Naquela época (década de 1880), João
Francisco Viana já teria vendido partes de sua terra para a firma “Adolfo
Smidith & Cia”, da qual o Coronel Manoel Dias Ferraz era sócio, vendendo-a,
em 1889, para o Comendador Bernardo Saturnino da Veiga. Dois anos depois,
a Lei estadual Nº 2, de 14 de setembro de 1891, criou o Distrito de São
Lourenço integrado ao Distrito de Silvestre Ferraz, atualmente Carmo de Minas
(Fonte: IBGE). Em 1926, segundo Synésio Fagundes, a margem direita do Rio
Verde pertencia a Pouso Alto, e ainda cita que São Lourenço fazia divisa com
Carmo de Minas e Pouso Alto, não citando Soledade de Minas, e possuindo
uma área de apenas 30 km², e não os atuais 57km². Uma linha de
entendimento é que João Francisco Viana (“proprietário de vasta fazenda em
terras da freguesia do Carmo de Pouso Alto”, segundo dados do IBGE) era
dono de toda a área de São Lourenço que ficava à margem esquerda do Rio
Verde (Synésio Fagundes cita de 30 km²), tendo-a vendido em partes para
algumas pessoas, como ao Cel. Manoel Dias Ferraz. Se isto é o mais provável,
teria Antônio Junqueira de Souza comprado sua propriedade do João
Francisco Viana? Não existe documento registrado em cartório que comprove
outro proprietário na área que compreendemos como São Lourenço, no início
do século XIX (1800). O único registrado como proprietário é João Francisco
Viana, o que justifica a tese de que, inicialmente, ele era dono de toda a área
de São Lourenço que compreende a margem esquerda do Rio Verde. Então,
em 1891, já existindo como Distrito, partimos do ponto no qual São Lourenço
era comarca de Carmo de Minas, e os dois municípios eram, na verdade, dois
latifúndios que provavelmente tiveram origem na política colonial da Sesmaria,
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4 Texto de Marco Aurélio Rodrigues Dias - 08 de novembro de 2012
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onde a Coroa Portuguesa doava imensas áreas de terra a pessoas influentes
com a promessa de desenvolverem a agricultura e promoverem a ocupação.
Podemos dizer que Carmo de Minas (Silvestre Ferraz) tinha um grande
latifundiário que era Francisco Isidoro da Silveira Pinto, o qual governou o
município de 1915 a 1916. E São Lourenço, comarca de Carmo de Minas, de
1891 até 1923, tinha outro latifundiário que era Antônio Junqueira de Souza.
Provavelmente, havia uma concorrência política entre Antônio Junqueira de
Souza e Francisco Isidoro da Silveira Pinto. Segundo o tom amargo das críticas
de Synésio Fagundes, São Lourenço não vinha tendo desenvolvimento durante
a tutela administrativa de Carmo de Minas, o que gerava descontentamento
com a representação política do Capitão Francisco Isidoro, e o teor das
reivindicações políticas da época eram mesmo a emancipação político-
administrativa do Distrito de São Lourenço. Não temos muitos dados históricos
sobre as opiniões políticas da época, mas sabemos que à época a influência
política de Francisco Isidoro para a criação do Distrito de São Lourenço foi
importante, e não menos a do Comendador Saturnino da Veiga. No lugarejo
que ainda se chamava Águas do Viana devia ser muito bem vista, por algumas
pessoas, como, por exemplo, o Coronel Manoel Dias Ferraz, a influência
política do Capitão Francisco Isidoro. Com a ida do Comendador Saturnino da
Veiga para São Lourenço, em 1890, a influência de Francisco Isidoro
aumentou. Sabemos que Saturnino da Veiga era um político que, dadas as
dimensões de Minas Gerais, filosofava politicamente sobre a possibilidade de
transformar o sul de Minas num outro estado brasileiro. Era um homem ousado
e tinha idéias avançadas sobre o desenvolvimento da região. Ora, as idéias de
criação do Distrito de São Lourenço, portanto, estavam no ar desde que
Bernardo da Veiga adquirira a propriedade das Águas do Viana. A Companhia
Águas Minerais de São Lourenço é um nome que surgiu como homenagem do
Comendador Bernardo da Veiga ao seu pai tenente-coronel Lourenço Xavier
da Veiga, a partir de então as Águas do Viana passaram a ficar conhecidas
como Águas de São Lourenço. Mas toda política gera atrito de idéias e
posições, e a parcialidade do Comendador Bernardo da Veiga quanto ao nome
a ser dado ao novo Distrito, provavelmente indicando o nome de São Lourenço,
mesmo porque o local já estava mais conhecido como São Lourenço do que
como Águas do Viana, pode ter gerado alguma insatisfação. Assim sendo,
como proprietário da terra das Águas do Viana, em 1890, Bernardo da Veiga
iniciou uma campanha política para transformar em Distrito o local onde existia
sua propriedade. E contou com a ajuda da influência política de Francisco
Isidoro, no Estado, pois já eram amigos de longa data e agora estavam mais
perto. O historiador e jornalista Synésio Fagundes confirmou essa amizade
antiga dos dois políticos em artigos publicados no Jornal A Montanha. O fato é
que a luta política para transformar São Lourenço numa cidade foi iniciada sob
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a influência política de Bernardo da Veiga e Francisco Isidoro, o que se tornou
fato histórico com a publicação da lei Estadual Nº 2, de 14 de setembro de
1891, onde São Lourenço aparece como Distrito dependente de Carmo de
Minas (Fonte: IBGE). Oficialmente, portanto, o local das Águas do Viana
passou a ser nomeado como Distrito de São Lourenço. O que estava no centro
de toda essa política pré-municipalista eram as águas minerais e o decorrente
crescimento da cidade a partir do turismo e da industrialização das águas
minerais, centralizados na Companhia de Águas Minerais de São Lourenço.
Quando Saturnino da Veiga fez a proposta de comprar as terras onde jorravam
as águas minerais de São Lourenço, então de propriedade de Manoel Dias
Ferraz e do sócio Adolfo Schimidt, procurou o amigo Francisco Isidoro para
“apadrinhar” o negócio, pois este era amigo de ambos (Fonte: Synésio
Fagundes). Logo, está muito claro, a influência política de Francisco Isidoro no
Distrito de São Lourenço, naquela época onde tudo começava, é inegável, bem
como a influência das idéias avançadas de Bernardo da Veiga, cujas
influências inspiraram José Justino na vida pública e o ajudaram a conquistar a
função de delegado distrital, nomeado, provavelmente, por Francisco Isidoro,
quando o Distrito de São Lourenço ainda estava anexado a Carmo de Minas.
Vamos ver, mais tarde (a partir de 1923), no desempenho político de José
Justino, que ele foi um dos batalhadores pela emancipação de São Lourenço,
subindo esta de comarca para município, separando-se de Pouso Alto, em
1927, e ocupou por muitos anos o cargo de delegado distrital numa época em
que nem delegacia existia e cuja posição deveria corresponder a de
representante máximo do Distrito de São Lourenço. O próprio Francisco Isidoro
tinha sido um batalhador político na luta pela emancipação de Carmo de Minas,
conseguindo autonomia da Comarca de Silvestre Ferraz que foi transformada
em Município de Carmo de Minas, separando-se de Cristina. Logo, tinha
experiência na questão. Provavelmente, a partir de 1891, com a elevação de
São Lourenço a condição de Distrito ou Comarca de Carmo de Minas, nasceu
uma diferença política entre São Lourenço e Carmo de Minas no que se refere
à questão da emancipação política de São Lourenço, primeiro enquanto era
Comarca de Carmo de Minas, e, depois, como Comarca de Pouso Alto. Só
que, diante da força política de Francisco Isidoro, e com tantos aliados no
Distrito de São Lourenço, era mais difícil lutar pela emancipação. A Lei
Estadual 843, de 7 de setembro de 1923, transferiu o Distrito de São Lourenço
para o município de Pouso Alto (Fonte: IBGE), foi quando as forças políticas da
região (José Justino, Francisco Isidoro, Bernardo da Veiga, os políticos da
família Junqueira, etc.) começaram mais propriamente uma campanha para a
emancipação político-administrativa do Distrito de São Lourenço, tendo
acontecido mediante a publicação do Decreto Estadual Nº 7.562, de 1º de abril
de 1927(Fonte:IBGE). Embora o delegado distrital José Justino tenha nascido
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6. A ORIGEM E A URBANIZAÇÃO DA CIDADE DE SÃO LOURENÇO, MG
6 Texto de Marco Aurélio Rodrigues Dias - 08 de novembro de 2012
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em São Lourenço, em 1870, pela sua amizade com Francisco Isidoro obteve
benefícios políticos não só em São Lourenço, mas abriu portas no Palácio da
Liberdade, e podemos dizer que José Justino foi uma cria política de Francisco
Isidoro, o que muito beneficiou São Lourenço, sendo que através dele a cidade
conseguiu a construção da Ponte da Estação, e as primeiras estradas daqui da
região foram asfaltadas através da constante insistência de Francisco Isidoro,
Bernardo Saturnino da Veiga e José Justino junto ao governo federal. As águas
minerais de São Lourenço já eram o argumento daqueles políticos quando
pleiteavam obras de infraestrutura e estradas de acesso a São Lourenço. O
fato é que a união daqueles três homens constituiu uma aliança política que
deu certo e impulsionou São Lourenço. Já era cada vez mais gritante a
diferença entre São Lourenço e Carmo de Minas, bem como entre São
Lourenço e Pouso Alto, principalmente pela influência do crescimento do
Turismo na estância. Synésio Fagundes se refere a uma “escola de política”,
liderada pelo Capitão Francisco Isidoro e que reunia homens de valor como:
Manoel Dias Ferraz, Antônio Junqueira de Souza, Antônio Gabriel Ribeiro
Junqueira, Dr. Orestes Ribeiro de Andrade Junqueira, o Comendador Bernardo
da Veiga, o Coronel José Justino e outros. E o José Justino que era, através
daquela aliança política citada, o homem de confiança, em São Lourenço, do
Francisco Isidoro, passou a ser o político importante para uma sequência de
prefeitos que seriam nomeados a partir de 1927. Em 1931, nomeado prefeito
de São Lourenço, o Dr. Humberto Sanches se transfere de Itajubá para a
cidade e procura imediatamente o apoio político de José Justino. Se
observarmos São Lourenço, hoje, vamos entender que a estrutura político-
social apenas cresceu, pois a estrutura está lá na raiz da vida social. Nós
temos a questão da urbanização que começou com o loteamento das terras de
Antônio Junqueira de Souza, temos a questão da política municipal que
começou com o delegado distrital José Justino, lutando pela emancipação de
São Lourenço, e temos a questão econômica do município que começou com a
descoberta das águas minerais por Antônio Francisco Viana, vindo a ter sua
exploração industrial com Bernardo Saturnino. Essa estrutura apenas passou
de mão em mão e cresceu, e continua crescendo. Dando um salto para o
futuro, vamos observar que essa estrutura cresceu tanto que obriga as atuais
administrações a darem uma importância diferenciada à questão da
organização do crescimento da cidade. A aquisição da Ilha Antônio Dutra, com
a intenção de centralizar os eventos de grande porte, como a centenária Festa
de Agosto, e outras, não se deu por causa das reclamações dos comerciantes
da Av. D. Pedro II, os quais argumentavam que ficavam sem vender quase
nada durante o mês de agosto. Em 1917, segundo as informações do
historiador Synésio Fagundes, São Lourenço possuía apenas 3 hotéis. Em
1918, a cidade de São Lourenço tinha entre 60 e 70 residências, conforme
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afirma a historiadora Terezinha Silveira. Estimando uma média de 7 pessoas
por residência, já que as famílias eram grandes, poderíamos ter uma
população de 420 pessoas. O progresso, do ponto de vista de urbanização e
ocupação dos espaços, só vai mesmo acontecer a partir do loteamento das
terras de Antônio Junqueira de Souza, concomitantemente com o crescimento
da fama das águas minerais. Não havia muito a ser organizado. Esse processo
de crescimento continuou natural até quase 1980, quando as reclamações
sobre a organização dos espaços começaram a eclodir e as administrações
posteriores a 1980 transformaram essas reclamações em atitudes, sabendo-se
que era preciso monitorar o crescimento urbano e organizar as áreas sociais,
cuja problemática a administração atual (2012) está enfrentando também,
principalmente com a ocupação das áreas de morro, e o problema vai persistir
porque as pessoas precisam constituir família e obter residência para morar.
Em 2010, tínhamos em São Lourenço uma população em torno de 41.657 mil
habitantes, sendo catalogadas, pelo recenseamento do IBGE, 13.662 mil
residências. Não sabemos até quanto São Lourenço pode crescer e nem o
quanto a cidade pode se modificar para abrigar o crescimento. Não temos um
manual de crescimento do município. E as opiniões se modificam diante das
necessidades. Podemos achar que o município deve permanecer pouco
atrativo, a fim de segurar o crescimento populacional e ao mesmo tempo
segurar a onda de expansão urbana e ocupação das áreas ainda
desocupadas. Todavia, a imperativa necessidade de sobrevivência do
crescimento populacional impulsiona a expansão e o crescimento do mercado
de trabalho, notadamente no que se refere ao parque comercial. É onde
nossas opiniões se modificam diante das crescentes necessidades sociais.
Pelo que parece, hoje, São Lourenço se caracteriza como uma cidade que
enfrenta um desajuste entre o êxodo e os benefícios de não sair da cidade. A
oferta de sobrevivência em São Lourenço (entenda-se vantagens de
crescimento pessoal) é maior, atualmente, e as dificuldades de sobrevivência
nos outros Estados aumentaram. A crescente onda de violência nas capitais foi
um fator que inibiu e está inibindo a vontade de sair da cidade. A instalação do
ensino superior no município, por sua vez, segurou um pouco a saída dos
jovens para outras cidades. Então, provavelmente, o crescimento populacional
vai pressionar o crescimento urbano, a ocupação das áreas e a expansão do
mercado de trabalho. A vida em São Lourenço, por volta de 1918, estava
baseada na economia própria, caseira, e a quase totalidade dos homens devia
trabalhar na lavoura e na pecuária leiteira das poucas fazendas existentes.
Hoje (2012), e já de algum tempo, a questão do trabalho é um dos maiores
problemas de São Lourenço. Sebastião Isidoro, por exemplo, na Fazenda
Bomba, tinha vários funcionários trabalhando na lavoura de café e na pecuária
leiteira, devendo pagar alguma soma a esses funcionários, mas como
A formação política, econômica e urbana da cidade de São Lourenço, MG
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compensação pelos anos de serviços ele doava lotes e construía casas para os
mesmos, com seus próprios recursos financeiros, no local que conhecemos
como Palmela, bem na divisa de São Lourenço com Carmo de Minas, e
também vendia lotes para quem podia comprar. Mas já era uma preocupação
com a questão do emprego e dos métodos de justiça trabalhista. Hoje, a
questão trabalhista é muito grande. Não vivemos mais de economia de
sobrevivência, plantando no quintal da casa para ter o que comer. As pessoas
querem emprego para se sustentar e consumir bens de conforto. Mas qual
seria a diferença entre a visão de José Justino, como político, e a do político
atual? Sabemos que o primeiro correu atrás de recursos para a construção da
ponte da Estação e que o segundo correu atrás de recursos para a reforma da
ponte da Estação. Acho que a diferença é apenas a demanda do crescimento
social. Quando Saturnino da Veiga comprou a terra das águas minerais, seu
pensamento já estava ocupado com a questão do crescimento do turismo e da
exploração das águas minerais, cuja preocupação carregamos como herança,
e as futuras gerações vão fazer o mesmo. A história econômica e social de São
Lourenço é a história de um grupo de pessoas que se uniu em torno dessas
águas minerais em busca de melhores chances de sobrevivência, e o que
muda não é a filosofia e o pensamento do grupo no que se refere ao elo
socializatório, mas as características do que entendemos como melhores
chances de sobrevivência e o crescimento do grupo. Se antes, em Carmo de
Minas, Francisco Isidoro ia a cavalo visitar os doentes para tratá-los
gratuitamente, embora não fosse médico formado, hoje temos mais conforto e
são os carros da Secretaria Municipal de Saúde que vão buscar os doentes em
casa a fim de tratá-los no hospital. A história de São Lourenço computa vários
médicos que montavam no cavalo e iam tratar gratuitamente os doentes nos
locais mais distantes, como o Dr. Emílio Abdon Póvoa, o Dr. Eurípedes
Prazeres, e outros. A filosofia, portanto, que uniu o grupo lá no começo da
história era referente a melhores chances de sobrevivência, e continua, e
vemo-la explícita no discurso dos candidatos ao cargo de prefeito quando estes
afirmam, cada um com sua oratória própria, que querem transformar São
Lourenço numa cidade melhor para se viver, logo, entendemos, com melhores
chances de sobrevivência do grupo, e o grupo, hoje, está em torno de 42.372
habitantes, contra os 420 habitantes existentes em 1918, levando-se em conta
a informação da historiadora Terezinha Silveira quando ela afirma que naquela
época São Lourenço tinha pouco mais de 60 residências, sendo que em 2010
tinha 13.662 pelas contas do IBGE. Sabendo-se que os objetivos existenciais
que uniram o grupo e fundaram a sociedade, bem como toda a correlação
paralela que implica a economia, a política e o desenvolvimento urbano e social
que acompanharam esse grupo até os dias de hoje, sabendo-se que aqueles
objetivos existenciais continuam os mesmos e que podemos interpretar como a
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busca de uma sobrevivência mais fácil, e sabendo que o funcionamento dessa
engrenagem não pode ser de outra maneira, o que nos resta questionar é o
crescimento descontrolado do grupo como uma possibilidade ou não de
ameaça dos objetivos que até então lhe deram a vitória na busca incessante de
uma sobrevivência mais fácil em torno das águas minerais. Mencionamos
crescimento descontrolado porque é uma fantasia falar em crescimento
controlado. Se considerarmos que crescemos demograficamente a uma taxa
interna 1% ao ano e que de 2010 para 2012 aumentamos a população são-
lourenciana de 41.657 habitantes para uma estimativa (do IBGE) de 42.372
habitantes, e fazendo dessa estimativa não científica de 1% ao ano de
crescimento demográfico uma medida para podermos construir uma hipótese,
em 2020 teremos uma população de aproximadamente 45.878 habitantes.
Evidentemente que não é um crescimento alarmante. Se fizermos também uma
conta apenas estimativa de crescimento da construção civil a uma taxa de 1%
ao ano, teremos que os domicílios pularam de 13.662 em 2010 (IBGE) para
13.934, o que nos leva a crer que cerca de 136 novas residências estariam
sendo construídas por ano em São Lourenço. Dividindo a população de 41.657
pessoas por 13.662 residências, temos uma média de 3 habitantes por
domicílio, o que é bastante salutar do ponto de vista do IDH de São Lourenço.
Em 1918, tínhamos em São Lourenço uma população de 420 habitantes para
60 residências, estimando-se uma média de 7 pessoas por residência. Levando
em conta essa taxa de crescimento da população e do número de residências
em torno de 1% ao ano, em 2020 teremos em São Lourenço uma população de
45.878 habitantes para um parque residencial de 15.046 residências, números
que continuarão apontado para uma ocupação média de 3 habitantes por
residência, ainda ótimo para o IDH da cidade. Por este ponto de vista, e por
meio dessas análises apenas estimativas, podemos prever um crescimento sob
controle nos próximos 8 anos. Talvez o maior impacto na política administrativa
local, acerca da prestação dos serviços sociais, seja verificada no crescimento
da busca de oportunidades e serviços que os outros municípios fazem em São
Lourenço, não obstante toda essa interatividade gerar mais recursos
financeiros para a cidade. Sabemos que quanto mais a população crescer,
maiores serão os problemas sociais e de administração. O que não sabemos é
se, mesmo com esses problemas, as chances de sobrevivência continuarão a
ser melhores para todo o grupo. O indicador ideal neste sentido é o fator
natural de que se um grupo está crescendo significa que as chances de
sobrevivência no dito cujo estão sendo melhores, pois está havendo oferta de
encaixe social. A solução social que inibiria o crescimento populacional e a
ocupação total da área urbana pela população crescente seria justamente o
desemprego e a dificuldade de sobrevivência no município, mas tal não está
sendo a resposta que o mercado de trabalho está dando ao impulso do
A formação política, econômica e urbana da cidade de São Lourenço, MG
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crescimento, mesmo por que, conforme analisamos, não existe explosão de
crescimento populacional e nem de expansão da ocupação urbana, apontado
estes estudos para uma estimativa equilibrada do IDH nesta área nos próximos
8 anos. Hoje, aqui na microrregião, São Lourenço se constitui uma concorrente
dos grandes centros no que se refere a busca de oportunidades. Claro que
muita gente ainda vai residir nas capitais em busca de oportunidades. Mas a
diferença entre os que saem deve ter diminuído muito nos últimos anos. Os
direitos sociais, atualmente, estão suprindo as dificuldades financeiras do
indivíduo, o que dá um alívio nas contas e o sujeito pode investir mais no
mercado de consumo, o qual, por sua vez, se sente aquecido e acena com
crescimento, gerando emprego e oportunidades, tornando, dessa forma, a
cidade mais atrativa do ponto de vista da segurança na sobrevivência. Vamos
lembrar que Francisco Isidoro precisava ser, na Carmo de Minas de 1890,
fazendeiro, jornalista, advogado e médico porque não existiam esses
profissionais liberais no local. Nem existia escola, no começo. Em 1926,
segundo Synésio Fagundes, São Lourenço “era uma aglomeração de casinhas,
as enchentes eram freqüentes, tudo era roça e o terreno era quase todo
pantanoso... E não havia escola...” O então procurador da prefeitura, Cel. José
Justino, teve que lutar, junto com outros políticos, para criar estabelecimentos
de ensino. A primeira escola pública foi criada em 1926, e, na administração do
Dr. Humberto Sanches, foram criadas 4 escolas municipais. Em 1931, quando
o Dr. Humberto Sanches foi indicado para prefeito, transferindo-se de Itajubá
para São Lourenço, procurou imediatamente o apoio político de Cel. José
Justino e, juntos, planejaram um projeto de urbanismo, sob a orientação do
engenheiro Dr. Orestes de Andrade Ribeiro Junqueira, com abertura de ruas,
tratamento de água e esgoto em alguns trechos, alguns calçamentos, pontes e
arborização, concomitantemente com uma preocupação com a Educação, e a
cidade teve mais um impulso. Com o crescimento, ainda lento, da população,
pensava-se já na importância da oferta de ensino para todos, porque até então
estava sendo privilégio das famílias ricas e somente para homens. No início da
década de 1980, em São Lourenço, a necessidade da instalação de uma
faculdade no município foi alvo de uma ampla movimentação política das
pessoas interessadas na socialização da educação. Quem desejasse ter o
terceiro grau tinha que sair da cidade e ficava caro ter que bancar estadia,
alimentação e mensalidades do curso. Então pessoas importantes como o
João Vitor Gorgulho, a Leila da faculdade Vitor Hugo, o Marcio Santiago, do
cartório, e outros, batalharam para trazer o ensino superior para São Lourenço
e beneficiar a população. O número de pessoas formadas cresceu
assustadoramente desde a implantação da Faculdade São Lourenço até hoje e
quase ninguém precisa sair da cidade dependendo do curso que deseja fazer.
Ora, a preocupação de José Justino com a socialização da Educação era a
A formação política, econômica e urbana da cidade de São Lourenço, MG
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mesma que a dos empresários aqui citados relativamente à necessidade do
curso superior em São Lourenço. A questão do começo de São Lourenço,
portanto, está vinculada, pelo lado político, ao José Justino, que, como
dissemos, era filho político de Francisco Isidoro, a quem devia o prestígio
adquirido com os políticos de Belo Horizonte, sendo José Justino, como filho de
São Lourenço, o primeiro exemplo de que prestígio com os políticos da capital
e da união é muito importante para o desenvolvimento dos municípios mineiros.
Mas são as necessidades que pressionam as atitudes. Na prática, vimos isso
na administração do prefeito Zé Neto, o qual conseguiu mais de 25 milhões em
recursos financeiros para investir no desenvolvimento das infraestruturas do
município. Antes disso, entre 1880 e 1890, vemos na questão que envolve a
compra do terreno onde jorravam as Águas do Viana, a influência das águas
minerais na vida econômica e administrativa da cidade, ainda bem no começo,
quando Saturnino da Veiga, já proprietário do Parque das Águas, contratou o
Dr. Alfredo Capelache para fazer a captação das águas e abrir estradas,
desmatar onde precisava, aterrar as áreas mais baixas, dando forma ao que
veio se tornar o Parque das Águas de hoje administrado pela Nestle. Logo, a
diferença entre o começo de São Lourenço, em 1918, com uma população
suposta de 420 pessoas, e hoje (2012) com uma população em torno de 42.7
mil habitantes, é apenas a demanda de serviços sociais. Naquela época, a luz
elétrica tinha acabado de chegar. Embora Synésio Fagundes diga que a luz
elétrica tenha chegado a São Lourenço no ano de 1918, o Jornal A Folha Nova,
de Carmo de Minas, com data de 27 de dezembro de 1914, publica uma
acusação da câmara contra o Capitão Francisco Isidoro, citando
irregularidades no contrato com o Dr. José de Morais Filho para a iluminação
pública de São Lourenço, da qual ele se defendeu mostrado um atestado do
fiscal de São Lourenço que comprovava sua honestidade, e cujo documento
calou a câmara de Carmo de Minas. Este pormenor esclarece que em fins de
1914 já existia em vigor um contrato para a iluminação pública de São
Lourenço, que ainda era distrito de Silvestre Ferraz (Carmo de Minas). Mas
somente em 1948 é que São Lourenço alcançou autonomia na questão da
energia elétrica, quando o prefeito Dr. Eurípedes Prazeres levou para o
município a Companhia Sul Mineira de Eletricidade. Segundo as palavras de
Synésio Fagundes, "durante o jugo de sua tutela, por falta de recursos ou de
qualquer outro motivo, (administrativamente) São Lourenço sempre viveu no
abandono”. Com o crescente clamor da política pela emancipação e contra o
abandono em que se encontrava, a tutela de São Lourenço foi transferida para
Pouso Alto (em 1923), visto que o distrito ainda não tinha recursos financeiros
suficientes para montar uma administração própria, mas a cidade já começou a
"ter uma vida orgânica, propriamente sua". E o desenvolvimento, a partir de
1923, começou a ficar mais embalado. A questão do crescimento da economia
A formação política, econômica e urbana da cidade de São Lourenço, MG
12. A ORIGEM E A URBANIZAÇÃO DA CIDADE DE SÃO LOURENÇO, MG
12 Texto de Marco Aurélio Rodrigues Dias - 08 de novembro de 2012
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do município está vinculada à necessidade de maior segurança na
sobrevivência dos indivíduos, e a nossa maior preocupação sempre será com a
garantia de uma sobrevivência mais segura e confortável, e isto já era uma
preocupação do Francisco Isidoro quando se desdobrava como médico para
cuidar dos doentes, como advogado para cuidar da documentação do povo
quanto aos assuntos de cartório, como jornalista diretor do Jornal “Procelária” e
como político que governou Carmo de Minas de 1915 a 1916. Dessa forma,
entendo que a escola política de São Lourenço, a partir da valorização dos
momentos mais determinantes das idéias que geraram o progresso e uma
direção racional e consciente, começou com Francisco Isidoro, com Bernardo
Saturnino da Veiga, depois passou pelo Coronel José Justino Ferreira (este
iniciando a política municipal através da luta pela emancipação do município).
A política, hoje, pressupõe toda uma articulação para arquitetar o crescimento
da cidade nos pontos mais sensíveis de equilíbrio da urbanização total da
cidade. É um grande erro administrativo concentrar o crescimento em
determinadas áreas privilegiadas, como, por exemplo, o Centro Turístico, e
tentar manter o turista preso naquele pedacinho. A cidade tem que crescer
como um todo e privilegiar toda a população com os recursos destinados ao
desenvolvimento. Manter desvalorizada uma área e deixar que uma população
maior se instale ali, criando bolsões de pobreza, é um erro que sempre
influencia negativamente nos resultados econômicos da cidade. Supondo que
uma população de até 45.878 habitantes, que poderíamos atingir até 2020,
seria o ideal para a cidade de São Lourenço, permitindo equilíbrio entre as
áreas ocupadas pelas 15.046 residências previstas para 2020 e as áreas
verdes existentes; levando-se em conta, porém, que a população não vai parar
nos 45.878 habitantes estimados para 2020 e que pode vir a ter mais de 100
mil habitantes em 2100, seguindo a taxa de crescimento populacional em torno
de 1% ao ano, com um parque residencial de mais de 33.333 imóveis, se
considerarmos a taxa de crescimento estabilizada em 1% proporcional para
número de população e de imóveis, o que, certamente, não será um problema
social dos administradores atuais, teremos como característica o crescimento
vertical da cidade. Em 2050 teremos 62 mil habitantes e um parque residencial
estimado em pouco mais de 20.666 domicílios, levando em conta a taxa de
crescimento de 1% ao ano, o que já é um salto bem considerável na densidade
demográfica da cidade. Serão 1068 habitantes por km² ocupando 356 imóveis
também por km², sendo que a densidade demográfica atual (2012) é de 730
habitantes por km² contra 240 domicílios por km². Depois que a população da
cidade de São Lourenço atingir um número suficiente para ocupar as divisas
territoriais, a tendência vai ser o crescimento vertical, fenômeno antecipado
pelo Centro da cidade e que já começou desde 1980 com todos aqueles
edifícios de 10 andares construídos em frente ao Parque das Águas. Em algum
A formação política, econômica e urbana da cidade de São Lourenço, MG
13. A ORIGEM E A URBANIZAÇÃO DA CIDADE DE SÃO LOURENÇO, MG
13 Texto de Marco Aurélio Rodrigues Dias - 08 de novembro de 2012
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momento do crescimento da cidade de São Lourenço, verificar-se-á o
desequilíbrio entre ocupação urbana e áreas verdes. Mas a política
administrativa precisa, nos próximos anos, abrir novos acessos, como o trecho
2 do Anel Rodoviário, para equilibrar a expansão urbana e criar novas áreas de
ocupação, gerando, inclusive, o progresso. De 1918 (420 habitantes) para 2012
(42.372 habitantes) houve um crescimento populacional em São Lourenço de
41.952 habitantes durante 94 anos.
A formação política, econômica e urbana da cidade de São Lourenço, MG