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MARCO TULIO PETTINATO PEREIRA




PREVENÇÃO EM ODONTOGERIATRIA




            Monografia    apresentada    a    Faculdade     de

            Odontologia    São     Leopoldo   Mandic    como

            requisito   para   a   obtenção   do   título   de

            Especialista em Saúde Coletiva.




        CAMPINAS


          2009
MARCO TULIO PETTINATO PEREIRA




PREVENÇÃO EM ODONTOGERIATRIA




            Monografia    apresentada    a    Faculdade     de

            Odontologia    São     Leopoldo   Mandic    como

            requisito   para   a   obtenção   do   título   de

            Especialista em Saúde Coletiva.


            Orientadora: Profa. Dra. Roberta Tarkany

            Basting


           CAMPINAS


            2009
Apresentação da Monografia em 02/ 02/ 2009 ao curso de Saúde Coletiva.




Coordenadora: Profa. Dra. Flávia Martão Flório




Orientadora: Profa. Dra. Roberta Tarkany Basting
Dedico este trabalho à minha


querida avó materna chamada


       Maria de Lana


 26/10/1924‫†8002/60/72 ٭‬
AGRADECIMENTOS


À Deus, por conhecer o que está dentro do meu coração.


Aos meus antepassados, pela minha vida.


À todos aqueles que me apoiaram e colaboraram na realização deste trabalho.


Às seguintes pessoas (em ordem alfabética) e respectivas instituições:


Dra. Érika Sequeira – Disciplina deTelemedicina – Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (USP)


Izamar da Silva Freitas – Biblioteca da Faculdade de Odontologia da Universidade
Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” (UNESP) – Faculdade de Odontologia de
Araraquara (FOA)


Lúcia Maria Sebastiana Verônica da Costa Ramos – Serviço de Documentação
Odontológica – Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP)


Dr. Nelson Sakaguti – Disciplina de Telemedicina – Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (USP)


Norma Ataíde – Serviço de Referência e Comutação – Biblioteca “Malvina Viana Rosa” -
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)


Dra. Roberta Tarkany Basting – Disciplina de Saúde Coletiva - Faculdade de Odontologia
São Leopoldo Mandic


Rosemary Shinkai – Editora - Revista Odonto Ciência (Jornal of Dental Science) –
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRGS)
"Nos olhos do jovem arde a chama. Nos do velho brilha

a luz."


                               Victor Hugo
RESUMO


Com o avanço tecnológico e científico ocorrido nas últimas décadas, houve um declínio
nas taxas de natalidade, e um aumento na expectativa de vida, com consequente
crescimento da população idosa. Por este motivo, é importante a inclusão da
Odontogeriatria nos currículos das faculdades, uma vez que com o aumento do número
de indivíduos nesta faixa etária, uma maior demanda de serviços odontológicos serão
requisitados nos próximos anos. O cirurgião-dentista deve ser um profissional sensível,
que domine várias disciplinas da ciência, e deve garantir um atendimento diferenciado e
individualizado. O objetivo deste estudo foi discutir a importância da prevenção na área da
Odontogeriatria. Foi realizada uma revisão de literatura, concluindo-se que é importante a
prevenção das doenças orais, e especialmente os cuidados com a dentição, que devem
ser cultivados até na terceira idade, pois contribuem para uma maior longevidade, e
principalmente na qualidade de vida do idoso. Neste aspecto, as atividades preventivas
educacionais odontogeriátricas são imprescindíveis, e devem ser uma constante.

Palavras-chave: Odontogeriatria.     Prevenção.   Idosos. Atividades    odontogeriátricas.
Qualidade de vida.
ABSTRACT

Due to technological and scientific progress occurred in recent decades there has been a
decline in birth rates and an increase in life expectancy, and consequent growth of the
elderly population. It is therefore important to include the Geriatric dentistry in the
curriculum of dental schools, since the increase in the number of individuals in this age
group, a greater demand for dental services will be required in the coming years. The
dental surgeon must be a sensitive professional, know several disciplines of science and
should ensure a differentiated and individualized care. The purpose of this study was to
discuss the importance of prevention in the area of Geriatric dentistry. A literature review
was performed, which concluded that it is important for the prevention of oral diseases and
especially the care of teeth, that should be preserved even in old age, therefore contribute
to a much greater longevity and mainly the quality of life of the elderly. And concerning
this, the odontogeriatrics preventive educational activities are essential and should be
constant.
Keywords: Geriatric dentistry. Prevention. Elderly. Odontogeriatrics activities. Quality of
life.
SUMÁRIO




1 INTRODUÇÃO                        10


2 PROPOSIÇÃO                        12


3 REVISÃO DE LITERATURA             13


4 DISCUSSÃO                         39


5 CONCLUSÃO                         45


REFERÊNCIAS                         46
10


1 INTRODUÇÃO




       O envelhecimento humano é um processo irreversível que concerne a todos e,

atualmente, tem sido objeto de constante preocupação, principalmente, pela Gerontologia

e Geriatria (Almeida et al., 2004).


       O termo Gerontologia foi usado pela primeira vez em 1903 por Metchicoff, sendo

esta de origem grega, em que “gero” significa velho e “logia” significa estudo. Na ocasião,

previu que esse campo teria crescente importância no decorrer do século XX, em virtude

dos ganhos em longevidade para os indivíduos e as populações, provocados pelos

avanços das ciências naturais e da medicina (Neri, 2005).


       Em 1909, o médico Nascher introduziu na literatura o neologismo Geriatria para

denotar o estudo clínico da velhice, por analogia com Pediatria, que é o estudo clínico da

infância. Fundou a Sociedade de Geriatria de Nova Iorque em 1912 e publicou o livro

“Geriatric” em 1914. Em 1917, o “The Medical Review of Reviews” criou uma sessão de

Geriatria e convidou Nasser para editor. Hoje, o campo da Geriatria compreende a

prevenção e o manejo das doenças do envelhecimento. É uma especialidade em

Medicina e também em Odontologia, Enfermagem e Fisioterapia, que se desenvolvem à

medida que aumenta a população de adultos mais velhos e idosos portadores de doenças

crônicas e de doenças típicas da velhice, em virtude do aumento da longevidade desses

segmentos populacionais (Neri, 2005).


       Barbosa et al. (2002) define o termo Odontologia Geriátrica (sin: odontogeriatria)

como "o ramo da Odontologia que enfatiza o cuidado bucal da população,

especificamente tratando do atendimento preventivo e curativo de pacientes com doenças
11


ou condições de caráter sistêmico crônico associado a problemas fisiológicos, físicos ou

psicológicos". Esta disciplina é atualmente chamada de Odontogeriatria e envolve

caminhos e limites que estão baseados nos princípios de integralidade de atendimento

que norteiam a gerontologia e têm buscado soluções para as necessidades das pessoas

em processo de envelhecimento (Montandon et al., 2006).


       Atualmente, o Brasil possui cerca de 14 milhões de pessoas com 60 anos ou mais,

número que deverá estar triplicado em 2050, representando a sexta maior população

mundial de idosos (Pinelli et al., 2005).


       Tendo em vista o crescimento da população de idosos, este estudo tem o objetivo

de discutir a importância da prevenção na área da Odontogeriatria.
12




2. PROPOSIÇÃO




      O objetivo desta revisão de literatura foi discutir a importância da prevenção na

área da Odontogeriatria.
13




3 REVISÃO DE LITERATURA




      Segundo Vargas (1983), a velhice é uma etapa do desenvolvimento individual, cuja

característica principal é a acentuada perda da capacidade de adaptação, com diminuição

da vitalidade e aumento da vulnerabilidade de todas as funções do indivíduo. Além disso,

velhice e envelhecimento não são termos sinônimos, pois ambos possuem características

diferentes. A velhice, na qualidade de fenômeno personalíssimo, variável no tempo e

espaço, é produto de fatores exógenos e endógenos. O envelhecimento, como um

processo biopsíquico de degeneração orgânica, também é resultante do contexto social.

Afirmou que para entender o processo de envelhecimento, é necessário considerar-se o

conjunto harmônico de suas diversas características e formular um juízo global. Juízo

esse, que deve ter como objetivo, determinar se a personalidade respeitada sob o ponto

de vista evolutivo, alcançou o grau de desenvolvimento próprio da idade considerada. O

envelhecimento, segundo o autor, é um fenômeno biopsicossocial que atinge o homem e

sua existência na sociedade, manifestando-se em todos os domínios da vida. O

envelhecimento começa pelas células, passa aos tecidos e aos órgãos e termina nos

processos extremamente complexos do pensamento. As características mais marcantes

do envelhecimento são: a) diminuição progressiva e irreversível da energia livre disponível

no organismo; b) perdas celulares; c) enfermidades degenerativas próprias da velhice,

como consequência geral; d) diminuição gradual da capacidade de adaptação do

indivíduo ao meio ambiente. Por conseguinte, alertou que o processo de envelhecimento

populacional, traduz-se por um aumento do número de pessoas idosas, mais rápido que o

aumento da população total. Relatou que diante da velhice como um fenômeno humano,
14


e do envelhecimento populacional como um fato sóciocultural, a Geriatria e a

Gerontologia   têm   exaurido   suas   possibilidades   na   busca   de   uma   solução

satisfatoriamente válida para o problema.


      Moriguchi (1990) salientou a importância do odontólogo conhecer as alterações

biológicas no idoso, bem como, as alterações bucais e a influência negativa que causam

à saúde a perda dos dentes e o uso de prótese. Em relação às alterações biológicas no

idoso, sinalizou que o odontólogo deve compreender bem a fisiologia do envelhecimento

e assim estará apto a manejar pacientes idosos de forma correta, saber das patologias

decorrentes do envelhecimento e as patologias que comprometem o corpo envelhecido.

Em relação ao aspecto estético, o autor relata que com o envelhecimento, a face e os

lábios ficam encovados. O ser humano vai perdendo a beleza física. Perdendo esta

beleza, não quer mais sair de casa ou ter atividades sociais, adquirindo um

comportamento passivo e depressivo. Em relação a doenças geriátricas, o autor relatou

que com os distúrbios digestivos provocados pela perda dos dentes pode ocorrer o

aparecimento de úlcera gástrica. Além disso, a sobrecarga dos movimentos do estômago

devido à insuficiência de mastigação, pode provocar o câncer de estômago. O autor

concluiu que a perda da beleza por falta de dentes, e a diminuição da atividade social,

aumentam o fator de risco de aterosclerose cerebral. Desta forma, a perda dos dentes

também provoca o envelhecimento cerebral. Para manter-se jovem intelectualmente, e

para prevenir o envelhecimento patológico e aterosclerose cerebral, o papel do

odontólogo é indispensável, principalmente um odontólogo capacitado, ou seja, com

especialização em Odontologia Geriátrica.


      Pucca Júnior (1996) considerou o grupo etário dos idosos como o possuidor das

maiores desigualdades sociais. Afirmou que deve-se analisar o processo de
15


envelhecimento, juntamente com a historicidade, e é fundamental analisar os fatores

sociais, econômicos e educacionais. Em relação às afecções bucais na terceira idade,

relatou que dependendo da inserção social que um grupo de idosos estiver inserido, este

mostrará um perfil patológico diferenciado. Além disso, alertou que os métodos

preventivos são imprescindíveis e constituem-se como eixo de qualquer intervenção que

vise a saúde bucal na terceira idade. Relatou as seguintes medidas profiláticas: medidas

de orientação, medidas de controle mecânico (físico) e medidas de controle químico

(sistêmico ou locais). Como medidas de orientação, citou as seguintes: orientações

quanto à limpeza regular diária dos dentes, orientações quanto ao controle da dieta e

orientações visando o fortalecimento da superfície dentária (através do uso do flúor).

Como medidas de controle mecânico, deve-se levar em consideração o grau de

motricidade e o número e posição dos dentes no arco dental. Para os idosos que

possuem boa coordenação motora, recomendou-se a técnica de Bass ou Stillman

modificada. Já para idosos incapacitados, faz-se necessário o auxílio de uma segunda

pessoa, onde esta deverá realizar movimentos circulares em todas as faces dos dentes.

Em relação ao tipo de escova, deve ser individualizada, mas recomendou-se escova de

textura macia, com "cerdas planas" (parte ativa sem curvatura). Em relação ao tipo de

cabo, recomendou-se o do tipo reto. A frequência diária da escovação deve ser adaptada

ao paciente pelo menos uma vez ao dia, de preferência imediatamente antes de dormir.

Em relação ao fio ou fita dental, é dependente da distância entre um elemento dental e

outro, mas como em pacientes idosos normalmente há falta de ponto de contato, é

recomendada a fita dental. Como medidas de controle químico, a fluorterapia pode ser

realizada, onde produtos de baixa concentração (em alta freqüência, como o uso diário de

dentifrício fluoretado) e produtos de alta concentração (em menor freqüência, como as

aplicações tópicas profissionais) podem ser utilizados. Como meio de controle sistêmico,
16


tem-se a fluoretação de águas como a forma de aplicação de flúor de maior importância

em saúde pública.


      Madeira et al. (2000) afirmaram que as barreiras para atingir e satisfazer o paciente

geriátrico, são bastante complexas, e iniciam pela qualificação do próprio profissional, que

necessita conscientizar-se de que o idoso não é simplesmente "mais um paciente". Além

disso, sinalizaram que se torna necessário que o profissional esteja muito bem preparado

para poder atendê-lo. Mas os autores advertiram que os profissionais prestadores de

serviços odontológicos ficam de mãos atadas para atender esta clientela, devido ao

descaso contumaz que as autoridades responsáveis têm dispensado à "educação e

saúde", destinando-lhes irrisórios recursos, acontecendo o mesmo no tocante aos

irrelevantes valores endereçados aos convênios. Alertaram que é preciso que se tenha

em mente, que o idoso de hoje está vindo de uma outra época, viveram num pretérito

muito diferente e o mundo de hoje é outro. No caso específico da odontologia, devem

ainda permanecer reminiscências da aversão reinante ao gabinete odontológico, e

advertiram os cuidados que devem ser levados em conta pelo odontogeriatra: a) mudar a

imagem negativa junto aos idosos e seus responsáveis; b) diferenciar idade cronológica

de idade biológica e que o envelhecimento, por si só, não significa contrair e aceitar

doenças; c) que cáries, doenças periodontais, problemas endodônticos, xerostomia,

próteses mal adaptadas e outras lesões são passíveis de tratamento e prevenção; d) que

embora a literatura científica disponível não seja muito pródiga no tocante aos problemas

endodônticos que acometem, os idosos (particularmente as referências em nível

nacional), os cuidados a eles destinados não podem ser relegados, nem subestimados.

Os autores concluíram que: a) o cirurgião-dentista deve dilatar seus conhecimentos

participando de palestras, encontros, congressos, artigos de revistas; b) deve-se realizar a

inclusão de matéria específica no currículo de graduação, necessidade que já se impõe;
17


c) os poderes públicos precisam investir maiores recursos na questão da Odontogeriatria,

para que resultados mais promissores sejam alcançados, uma vez que é notoriamente

sabido que "a saúde bucal é altamente responsável pela saúde geral do indivíduo"; d)

deve-se mudar urgentemente a concepção das pessoas de que o idoso está no fim da

vida e que tudo que é feito em seu benefício é um mau investimento.


      Mello et al. (2000) realizaram um estudo sobre instituições geriátricas e negligência

odontológica, onde relataram que cuidadores (inclusive cirurgiões-dentistas) tendem a ter

pouca perspectiva em relação à longevidade do idoso e a questionar a preocupação com

a manutenção dos dentes na cavidade bucal, sendo que atitudes negativas podem

contribuir significativamente para a negligência extrema, além da deficiência na saúde

bucal dos idosos. Sinalizaram que a promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal,

devem estar inseridas na rotina das instituições geriátricas, uma vez que a condição bucal

em última instância influencia diretamente a qualidade de vida do idoso por definir sua

capacidade de mastigação, nutrição, fonética e de socialização. Além disso, afirmaram

que a própria estrutura organizacional de algumas instituições, não prevê a atenção e

assistência odontológica no seu rol de serviços, e que cuidadores, muitos leigos e até

cirurgiões-dentistas, por desconhecimento do processo de envelhecimento, não percebem

a necessidade de cuidado odontológico para idosos, já que eles não têm dentes ou vão

perdê-los brevemente ou mesmo não têm uma expectativa de vida suficiente que

justifique preservá-los e mantê-los. Além disso, relataram que a percepção e as atitudes

dos cuidadores, em relação à própria saúde bucal, influenciam no cuidado que estes

oferecem para o idoso. A tomada de decisões e atitudes passa pelo conceito fundamental

de necessidade, que é bastante distinto e variável entre cuidadores, familiares, dentistas,

enfermeiros e idosos. Logo, a negligência apresenta-se na sua forma mais clara, a de não

fazer, por não ser necessário. Segundo os autores, outro fator presente é a falta de
18


recursos para o cuidado odontológico e a implantação de um programa pode parecer

oneroso num primeiro momento, mas esse custo é amortizado e reduzido quando

comparado às grandes necessidades de tratamento curativo e reabilitador que surgirão

caso a negligência persista. Por outro lado, afirmaram que existe uma série de métodos

de cuidados alternativos que reduzem consideravelmente os gastos. Reconheceram que

talvez a maior dificuldade para a realização do cuidado odontológico seja a própria

característica individual do idoso, com uma percepção da sua própria saúde bucal

deturpada por anos de negligência, pensamentos e hábitos arraigados, difíceis de

transpor e modificar. Mas, a maioria dos idosos não consegue manter bons níveis de

higiene bucal, ou de suas próteses, necessitando muitas vezes do auxílio do cuidador

para realizá-la. Alertaram a inexistência de um planejamento, envolvimento e

responsabilidade com as questões de saúde bucal dos idosos. A falta de ligação entre os

cirurgiões-dentistas, dominando a teoria, e os cuidadores, responsáveis pela prática,

resulta em negligência por ambas as partes nas ações em saúde bucal. Os autores

concluíram que os cirurgiões-dentistas têm a obrigação de estarem envolvidos com as

questões do abuso e negligência contra idosos, devido à alta prevalência de problemas

de saúde bucal nessa faixa etária e a consequente necessidade de tratamento, reforça a

necessidade de repensar sua responsabilidade social. Finalizaram o trabalho afirmando

que o cuidado odontológico deve estar agregado à atenção integral à saúde do idoso e a

negligência é um aspecto preponderante do âmbito odontológico dentro dos lares e

instituições.


       Melo et al. (2001) avaliaram o uso de dispositivos de higiene oral em pacientes

idosos, correlacionando aos elementos dentários perdidos. Registrou-se em odontograma

a situação dentária de 76 idosos e através de um formulário com 22 perguntas avaliou-se

o emprego de dispositivos e medidas de higiene oral. Afirmaram que o conhecimento não
19


é capaz de modificar hábitos, pois foi verificado nos resultados obtidos que 55,3% dos

idosos tinham tido informações sobre a técnica de escovação e 43,7% sobre o uso de fio

dental e mesmo assim 38,2% tiveram perdas dentárias por cárie e/ou doença periodontal.

Outros fatores, no caso dos idosos, podem estar contribuindo para a não utilização das

medidas de higiene oral, em que a limitação física parcial ou total, esteve presente em

17% dos pacientes, a depressão em 23,4% e 6,4 % com problemas familiares.

Concluíram que: a) 98,7% dos idosos entrevistados apresentavam perdas dentárias por

cárie e/ou doença periodontal e destes, 60,5% tinham perdas dentárias parciais e 38,2%

eram desdentados totais; b) 14,9% dos idosos não escovavam os dentes diariamente e

57,4% de todos os entrevistados registraram ocorrência de cárie após os 55 anos de

idade; c) de todos os pesquisados, 55,3% receberam informações sobre técnica de

escovação e 43,7% sobre o uso de fio dental, sendo que 33,3% modificaram sua técnica

de escovação por influência da televisão. A técnica de Stillmann foi empregada por 55,3%

e 100% dos idosos utilizavam dentifrício na escovação; d) dos 11,5% dos entrevistados

que tinham dificuldades para o desenvolvimento da escovação, 33,3% era devido a

limitações parciais, 33,3% a limitações totais e 33,4% por não ter aprendido uma técnica

de escovação correta; e) dos idosos que não faziam uso de fio dental no momento

presente do estudo ou no passado, 13,3% justificaram não gostar de usar, 33,3% não ter

recebido orientação para o uso, 6,7% por dificuldade (limitação) e 46,7% por não achar

necessário; f) 51,1% dos idosos faziam uso de enxaguatório bucal, sendo que 31,8% dos

entrevistados achavam desnecessário o bochecho antes da terceira idade.


      Sequeira et al. (2001) realizaram um trabalho onde relataram sobre a importância

da Odontogeriatria. Segundo os autores, estima-se que existem mais de 500 milhões de

idosos no mundo. Somente no Brasil, são aproximadamente 15 milhões e apesar das

projeções que apontam para o envelhecimento da população brasileira, nos próximos 20
20


anos, é necessário que as entidades de classe sensibilizem os novos profissionais para a

questão do idoso. Afirmaram que a Odontogeriatria ainda não é abordada com freqüência

nos currículos acadêmicos, com exceção de algumas poucas iniciativas. A raiz do

desinteresse ou ignorância da maioria dos profissionais e da assistência pública e

particular quanto à Odontogeriatria, pode ser ultrapragmática, ou seja, em virtude da

escassez dos recursos para atender o público geral, a preços acessíveis, e a disputa

acirrada por pacientes, parece que há dúvidas sobre a validade de mobilizar esforços

para atender uma faixa etária que, em tese, além de não ser economicamente

promissora, teria pouco tempo de vida para usufruir os benefícios advindos da atenção.

Mas alegaram que esta afirmação não deveria ser levada em conta, uma vez que a

expectativa de vida aumentou no Brasil. Além disso, quando se investe na prevenção do

idoso, automaticamente está ensinando a família, visto que eles fazem questão de

repassar o que aprenderam e principalmente comparar as suas descobertas com os mais

jovens da casa. Portanto, segundo os autores, é um erro desprezar o papel de

formadores de opinião que desempenham em casa, ou no círculo de convívio social. Por

último, finalizaram o trabalho advertindo que do ponto de vista da economia e da saúde

pública, o investimento na prevenção do idoso irá fazer uma grande diferença, porque um

idoso que pode viver seus últimos 25 anos ou mais com dentes ou com uma higienização

bucal adequada para suas próteses, terá menos chances de adoecer e irá se alimentar

melhor.


      Silva et al. (2001) realizaram um trabalho com o intuito de avaliar a autopercepção

das condições de saúde bucal de idosos e analisar os fatores clínicos, subjetivos e

sóciodemográficos que interferem nessa percepção. Participaram do estudo 201 pessoas,

dentadas, com 60 anos ou mais (idade média de 66,7 anos), funcionalmente

independentes, que frequentavam um centro de saúde localizado em Araraquara (SP),
21


Brasil.   Foi   aplicado   um   questionário   com   questões   sobre   as   características

sóciodemográficas da amostra, a autopercepção da condição bucal e o índice Geriatric

Oral Health Assesment Index (GOHAI). Realizou-se exame clínico para determinar a

prevalência das principais doenças. Foram usados testes estatísticos para determinar a

associação das variáveis sóciodemográficas e clínicas e do índice GOHAI com a

autopercepção da condição bucal e a identificação dos preditores da auto-avaliação.

Neste trabalho houve maior participação das mulheres (63,2%), de pessoas que fizeram

apenas o primeiro grau (74,7%) completo ou incompleto e de proletários típicos (43,8%).

O levantamento epidemiológico mostrou que a condição bucal dos examinados foi

considerada precária, devido à grande quantidade de dentes extraídos (77,2%), à

presença de apenas 11,4 dentes em média por pessoa e de bolsas periodontais

profundas (34,7%) e à necessidade do uso de prótese (44,8%). Os dados subjetivos

mostraram que as pessoas apresentaram precária percepção dos problemas bucais.

Segundo os autores, 60,8% e 81,3% dos examinados declararam não ter nenhum

problema em seus dentes ou gengiva, respectivamente. As variáveis associadas à

autoavaliação foram: classe social, índice de GOHAI, dentes cariados e indicados para

extração. A condição bucal foi avaliada como "regular" por 42,7% das pessoas (embora o

exame clínico ter revelado grande prevalência das principais doenças bucais), e o índice

GOHAI apresentou um valor médio de 33,8. As doenças que ocorreram na gengiva foram

percebidas por apenas 18,7% das pessoas, mesmo com a grande quantidade de bolsas

periodontais encontradas. Os autores alertaram que conhecer a percepção das pessoas,

sobre sua condição bucal, deveria ser o primeiro passo na elaboração de uma

programação que inclua ações educativas, voltadas para o autodiagnóstico e

autocuidado, além de ações preventivas e curativas. Concluíram o trabalho relatando que

neste estudo a percepção da saúde bucal teve pouca influência nas condições clínicas,
22


mostrando ser necessário desenvolver ações preventivas e educativas para a população.


      Souza et al. (2001) procuraram evidenciar a necessidade e a viabilidade de

promover saúde bucal no idoso por meio da sugestão de um programa de prevenção.

Realizaram na Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, da Universidade

Estadual Paulista (UNESP), o Programa de Prevenção de Odontogeriatria, com 21

pacientes com dentes naturais remanescentes. Esses pacientes selecionados, receberam

orientações sobre higienização dos dentes e prótese, de forma individual, e com a

utilização de figuras e modelos com informações sobre placa bacteriana, cárie dentária,

doença periodontal, condições de normalidade e patologias da cavidade oral, higienização

dos dentes e próteses, nutrição e dieta e importância da prevenção em Odontogeriatria.

Para o controle mecânico, todos os pacientes foram orientados para realizar a técnica de

Fones ou de Bass, e limpeza interdentária, de acordo com a capacidade motora de cada

paciente. Para o controle químico, foram orientados sobre o uso do creme dental (em

porções pequenas), e da solução de Gluconato de Clorexidina a 0,12% para bochechos

de 10 ml, por 1 minuto, de 12 em 12 horas. Além disso, receberam kits de prevenção

contendo uma escova macia adulto, um fio dental encerado, um creme dental MFP com

cálcio, um frasco de solução bucal de Gluconato de Clorexidina 0,12%, e pastilhas

evidenciadoras de placa bacteriana, além de um Manual de Dieta. Após a anamnese, foi

realizada a anotação do índice CPO em odontograma e realizadas sete sessões de

evidenciação de placa bacteriana, sempre após higienização, para que pudessem ser

corrigidas as falhas e deficiências individuais. Foram anotados na ficha clínica os índices

de placa, considerando cada face dental em três terços, e após a evidenciação de placa

os pacientes realizaram higienização dirigida e foram feitas correções dos pontos

deficientes na escovação e utilização de fio dental. Além disso, foram confeccionados

certificados de participação como forma de motivação. Os autores, através do diagrama
23


de dispersão e a reta de regressão, encontraram uma redução de 82,7% nos índices de

placa do grupo, entre a primeira e a última avaliação. Portanto, os autores do trabalho

concluíram que é possível estabelecer um programa de prevenção para paciente idoso,

pois, orientados e com meios corretos de higienização, eles conseguem manter as

superfícies dentais quase sem placa, com melhor condição gengival, melhorando, assim a

qualidade de sua saúde geral.


      Barbosa et al. (2002), em um trabalho sobre Odontologia Geriátrica, tiveram o

intuito de alertar o cirurgião-dentista sobre a necessidade de ampliar os seus

conhecimentos nesta área. Segundo os mesmos, quanto mais longa a vida média da

população, mais importante se torna o conceito de qualidade de vida, e a saúde bucal tem

um papel relevante na qualidade de vida do idoso. Saúde bucal comprometida, pode

afetar o nível nutricional e o bem-estar físico e mental, e diminuir o prazer de uma vida

social ativa. Além disso, o tratamento do paciente idoso difere do tratamento da população

em geral, devido às mudanças fisiológicas durante o processo de envelhecimento natural,

da presença de doenças sistêmicas crônicas e da alta incidência de deficiências físicas e

mentais nesse segmento da população. Por essa razão, conhecimentos específicos,

atitude profissional e habilidades especialmente desenvolvidas para cuidar do idoso são

requeridos do profissional odontólogo. Os autores apresentaram algumas considerações

a respeito do atendimento odontológico ao idoso e dentre estas, destacam-se algumas

relacionadas às doenças específicas associadas ao processo de envelhecimento, que

são: as doenças cardiovasculares, diabetes, doença de Alzheimer/demência e

osteoporose. Os autores alertaram que as doenças cardiovasculares e o tratamento

médico dispensado a pacientes cardíacos, podem levar a emergências durante o

tratamento dentário. Ressaltaram que o controle constante da pressão arterial e da

terapia com anticoagulantes é indispensável. E os pacientes diabéticos, frequentemente
24


apresentam doenças cardiovasculares e estão mais susceptíveis a processos infecciosos

se a doença não está sendo adequadamente controlada. Os pacientes com doença de

Alzheimer/demência, podem apresentar diferentes níveis de dificuldade de comunicação e

de comportamento durante o tratamento. A osteoporose pode levar à perda acentuada de

osso alveolar e mais facilmente à fratura mandibular. A higienização bucal pode se tornar

difícil para os pacientes com artrite e outras doenças reumáticas deformantes. Os autores

concluíram o trabalho com as seguintes considerações: a) o aumento da população de

idosos é um fato mundial e irreversível, em função da diminuição da taxas de natalidade e

mortalidade; b) a necessidade de atendimento odontológico a essa população aumentará

gradativamente nos próximos anos, representando um desafio para a prática da

Odontologia; c) o processo natural de envelhecimento, deve ser entendido como

absolutamente fisiológico, apesar das possíveis disfunções encontradas, fruto quase

sempre da excessiva demanda, imposta a um sistema fisiologicamente incapaz de suprí-

la e/ou pela existência de processos patológicos; d) constata-se não só na Odontologia,

como também em outras áreas, a ausência de efetivas políticas sociais voltadas para os

idosos.


      Brondani (2002) realizou um trabalho onde comparou e analisou cinco diferentes

atividades preventivas educacionais, odontogeriátricas, publicadas na literatura mundial,

com o intuito de verificar sua eficácia. O autor analisou os seguintes programas

educacionais odontogeriátricos: a) "Cartilha informativa via correio"; b) "Programa

educacional com enfoque na manutenção de próteses"; c) "Programa de instrução de

higiene bucal em idosos não institucionalizados"; d) "Slides em programas de promoção

de saúde bucal"; e) "Dois programas educacionais em higiene de próteses totais". O autor

analisou estes programas e realizou as seguintes considerações: a) a taxa de retorno

esperada em pesquisas/questionário/malas diretas via correio é sempre muito baixa, algo
25


em torno de 10% e caso os idosos forem analfabetos, ou se realizarem atendimento

odontológico fora da cidade, ou se não tiverem condição financeira, esses fatores poderão

influenciar nos resultados obtidos; b) as instruções de higiene e cuidados com dentes e

próteses devem ser uma constante para todo e qualquer cirurgião-dentista durante a sua

atividade profissional; c) a aprendizagem deve ocorrer de maneira constante; d) a

sensibilização e a motivação para o aprendizado devem ser uma preocupação constante

no   contexto     ensino-aprendizagem;   e)   a   manutenção    para   uma    modificação

comportamental educacional deve ser feita com atividades constantes e diversificadas

(verbal, demonstrativa) para que o indivíduo se sensibilize e se motive a aprender. O autor

concluiu o trabalho afirmando que as atividades educacionais preventivas em nível de

saúde bucal, assim como em qualquer outro contexto, envolvem a interação entre ensino

e aprendizagem. Esta interação, segundo o autor, caracteriza-se como uma via de mão

dupla, tanto para quem ensina quanto para quem aprende, em um processo contínuo e

constante. Neste processo, visando a sensibilização, motivação e interesse do idoso em

aprender e compreender, torna-se necessário observar o seguinte: a) conteúdo do que se

quer ensinar (informações básicas, técnicas adequadas e de fácil aprendizagem,

qualidade e quantidade da informação); b) maneira (escrita, verbal, explicativa,

audiovisual, adequação de linguagem, demonstração prática); c) frequência (deve-se

observar a motivação e interesse de cada um, sem sobrecarregar); d) público alvo

(diversidades culturais, sociais e econômicas, limitações físicas para o desenvolvimento

de atividades).


      Carvalho (2002) em um trabalho onde abordou o tema da Odontologia domiciliar,

relatou que com o desenvolvimento da Medicina, ocorreu a elevação da expectativa de

vida da população em todo o mundo e devido a isso, o atendimento odontológico em casa

tem crescido proporcionalmente a essa elevação. Segundo a autora, grande parte dos
26


idosos encontra-se totalmente dependente e muitos, por problemas diversos, necessitam

do atendimento de profissionais da área de saúde (como os cirurgiões-dentistas) que

possam, além de cuidar da parte física, proporcionar uma melhora no aspecto emocional.

A autora afirmou que cuidar da saúde sem sair de casa é um serviço que está se tornando

mais frequente para os pacientes com necessidades especiais. Pacientes com o mal de

Alzheimer, oncológicos, que estão em tratamento na UTI, idosos que tiveram algum tipo

de acidente, como fratura de fêmur ou com dificuldades extremas de locomoção, são

casos típicos de pacientes que precisam de tratamento em casa ou onde estejam

internados. Mas sinalizou que o atendimento odontológico domiciliar requer cuidados

como: a) um contato inicial do paciente, amplo e criterioso; b) uma interação

multiprofissional; c) um certo trabalho para o profissional, porque o cirurgião-dentista

precisa transportar muito equipamento para tornar o ambiente domiciliar próprio para a

consulta; d) cuidado em relação ao transporte do equipamento, pela sensibilidade da

aparelhagem; e) o cirurgião-dentista precisa conhecer não só o paciente, como também a

família e o seu responsável e/ou cuidador. A autora afirmou também que um dos

principais benefícios do atendimento em casa é prestar assistência com qualidade a quem

necessita, embora a ergonomia de trabalho fique prejudicada, pois o cirurgião-dentista

precisa adaptar-se ao novo ambiente.


      Fajardo et al. (2003) realizaram um trabalho de revisão de literatura no qual

investigaram os aspectos psicossociais que envolvem as áreas da Gerontologia e

Geriatria, onde tiveram o intuito de alertar o cirurgião-dentista ou outros profissionais, que

lidam com a saúde e qualidade de vida do ser humano, a explorarem a complexidade que

estas áreas representam. Afirmaram que a Odontogeriatria sugere a preparação de um

profissional com um perfil sensível à integração das multidisciplinas (Sociologia,

Antropologia, Psicologia, etc), para efetiva atuação em sua ação e assistência e fatores
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biológicos como psicossociais que interferem na qualidade de vida do idoso. Afirmaram

que é necessário buscar compreender o comportamento do idoso, a dinâmica social com

a terceira idade e o processo de envelhecimento, tanto em seus aspectos saudáveis

quanto nos principais distúrbios e transtornos mais frequentes. Sinalizaram a importância

do reconhecimento do idoso e a busca de seu respeito, para promoção do bem-estar e

qualidade de vida.


      Hebling (2003) relatou que o estudo e a compreensão dos processos de

envelhecimento somente despertaram os profissionais de saúde, a partir da década de

60, quando as implicações do aumento da longevidade e do número de idosos na

população mundial tornaram-se mais evidentes. Afirmou que a utilização de um critério

meramente cronológico, representa uma situação limitada e inapropriada, considerando

as pronunciadas diferenças existentes quanto às condições médicas de cada pessoa.

Além disso, independentemente de seu tipo classificatório (cronológico da idade,

autonomia de vida e relação de dependência), o paciente geriátrico tem sua importância

no planejamento de ações preventivas e terapêuticas, pelo seu crescente aumento na

população geral e pela inevitável passagem de todos os seres humanos para a

senescência. O autor discutiu as seguintes implicações do processo de envelhecimento

no planejamento de ações preventivas e curativas: a) a expectativa de vida e distribuição

populacional; b) taxa de analfabetismo; c) o aumento nas populações em idade

economicamente ativa (de 15 a 64 anos) em relação à não-ativa (crianças e idosos); d) o

aumento da relação idoso/criança; e) a epidemiologia das doenças bucais em pacientes

geriátricos; f) os padrões de saúde bucal; g) as alterações das funções bucais com o

envelhecimento; h) as consequências anatômicas e funcionais do edentulismo. O autor

alertou ainda que as ações curativas e preventivas no paciente geriátrico, devem levar em

consideração algumas variáveis individuais: a) expectativas do paciente em relação ao
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tratamento; b) capacidade financeira de custeio; c) condições sistêmicas; d) condições

bucais; e) acesso ao serviço. Segundo o mesmo, as ações devem ser integradas com os

demais profissionais de saúde, envolvidos no atendimento e na prevenção, tais como

médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, nutricionistas, entre outros, bem como com seus

cuidadores. As técnicas restauradoras e preventivas devem ser as mesmas empregadas

em pacientes não adultos. As cirurgias não devem ser muito extensas, envolvendo

preferencialmente de um a três dentes no máximo. As sessões de atendimento devem

apresentar curta duração, como o paciente posicionado com a cadeira não totalmente na

posição mais reclinada, para evitar a hipotensão postural, e as consultas de suporte

(manutenção) devem ser agendadas após a terapia ativa, com intervalos de três a seis

meses, conforme os riscos apresentados para cada paciente, visando manter e prevenir a

saúde bucal. Concluiu afirmando que envelhecer e manter a qualidade de vida, com

saúde geral e bucal, serão os grandes desafios a serem alcançados neste século e que

tratar do idoso representará a manutenção e o aprimoramento da qualidade de vida

dessas pessoas e um grande aprendizado para o envelhecimento.


      Souza et al. (2003) realizaram um estudo sobre a terceira idade na região sul

fluminense do Estado do Rio de Janeiro, que teve como objetivo discutir a importância da

inclusão da Odontogeriatria no currículo odontológico. Discutiram-se aspectos fisiológicos

gerais do processo de envelhecimento, que ocorre na cavidade oral, e enfocaram as

modificações da secreção salivar, a mudança da microbiota oral, a descamação do

epitélio oral e a produção de saburra lingual (placa bacteriana que recobre a língua).

Relataram que além de provocar a halitose oral, a saburra é habitat para bactérias

cariogênicas e bactérias que causam a doença periodontal, que também se acumulam na

placa bacteriana lingual. Alertaram que é necessário desenvolver estudos para o

conhecimento ainda maior das necessidades de prevenção, higiene e cuidados que
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devem ser dados aos indivíduos que estão envelhecendo, pois cuidar é mais que um ato;

é uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilidade e de envolvimento afetivo

com o outro. Neste caso, a inclusão da Odontogeriatria no currículo odontológico, enfatiza

o cuidado da saúde bucal na população idosa, com atenção especial ao atendimento

preventivo e curativo de idosos com doenças ou condições de caráter sistêmico e crônico,

associados a problemas bioquímicos, fisiológicos, físicos ou psicológicos.


      Almeida et al. (2004) realizaram uma pesquisa qualitativa com 16 alunos da

Faculdade de Odontologia de Araçatuba (UNESP), participantes de um Programa

desenvolvido em 3 instituições de Amparo ao idoso do município de Araçatuba (SP). Para

coleta de dados foi confeccionado um questionário com perguntas abertas, com o objetivo

de identificar no aluno de odontologia, a sua percepção sobre a velhice e as causas que o

levaram a participar do programa de atenção ao idoso. Os resultados relativos aos

pensamentos e sentimentos dos estudantes no primeiro contato com os idosos, foram

sintetizados em palavras-chaves como “abandono”, “solidão”, “tristeza”, "compaixão”,

“medo”, “companhia”, “vida”, “carência”, “solidariedade”, “pena”, “saudade” e “reflexão”. A

maioria dos entrevistados revelou que a velhice está relacionada ao desgaste biológico do

corpo e à ação do tempo. Alertaram que a representação negativa que os alunos

demonstraram ter da velhice, recebeu influência direta das representações que a cultura

criou, ou seja, de desvalorização do velho, em função da saída do sistema de produção

de riquezas materiais e reprodução. Afirmaram que a participação dos alunos no

programa, foi fundamental para a construção de um novo paradigma da prática

odontológica. Concluíram que uma maior atenção à saúde, deve ser encorajada tanto

pelos serviços de saúde locais, como nas propostas de ensino pesquisa e extensão das

universidades, para que realizem projetos em Educação em Saúde, e promovam a saúde

dos idosos.
30


Moimaz et al. (2004) realizaram um estudo com o propósito de avaliar a eficácia da

higienização no controle da placa bacteriana, de próteses totais superiores, em um grupo

de idosos. Participaram da pesquisa oitenta indivíduos de um grupo de terceira idade do

Município de Piacatu (SP). Foram efetuadas entrevistas por meio de questionários,

procurando levantar o perfil de utilização de prótese total, e em um grupo de 43

indivíduos, fora determinado o índice de placa para a prótese total superior em dois

tempos distintos. Do total de 80 participantes, 72 eram usuários de prótese total, ou seja

90% da população estudada; 47 (65,27%) utilizavam prótese total há mais de vinte anos;

32 (44,44%) nunca promoveram a substituição da prótese e 53 (73,61%) disseram não

apresentar dificuldades quanto à higienização das mesmas. Os autores concluíram que

houve uma redução da placa bacteriana nas próteses totais, e consequentemente maior

eficácia na higienização das mesmas. Além disso, os mesmos afirmaram que mesmo com

idades avançadas, indivíduos motivados, têm capacidade de aprender, necessitando

apenas de incentivo e orientação.


      Munhoz (2005) realizou uma revisão de literatura, onde teve como objetivo

conhecer a prevalência de edentulismo, o uso e necessidade de prótese e lesões de

mucosa, mais frequentes nos idosos institucionalizados no Brasil. Os resultados relatados

no estudo foram que a prevalência de edêntulos total (superior e inferior) variou entre 43,1

e 85,6%; o uso de prótese total variou entre 49,4 e 77,9% para o arco superior e 23,5 a

25% para o arco inferior; a necessidade de uso de prótese variou entre 64,2 a 79,2% para

o arco inferior e entre 45,8 e 68,6% para o arco superior, e as alterações mais frequentes

relatadas na mucosa do idoso institucionalizado, foram em maior número as hiperplasias

fibrosas inflamatórias, estomatites protéticas, candidíases, queilite angular e em menor

número foram as leucoplasias e carcinomas. Segundo a autora, há necessidade de mais

pesquisas, para que se possa conhecer melhor as carências dos indivíduos idosos, com o
31


intuito de um melhor entendimento das suas necessidades. Além disso, advertiu que

embora os resultados encontrados foram importantes, houve dificuldade na análise nos

diferentes estudos, devido à falta de padronização dos critérios metodológicos, sugerindo

que haja uma maior preocupação por parte dos pesquisadores neste sentido em novas

pesquisas, e também como estas serão conduzidas.


      Para Neri (2005), o envelhecimento pode ser definido em termos biológicos e

compreende os processos de transformação do organismo, que ocorrem após a

maturação sexual, e que implicam a diminuição gradual da probabilidade de

sobrevivência. Esses processos são de natureza interacional, iniciam-se em diferentes

épocas e ritmos e acarretam resultados distintos para as diversas partes e funções do

organismo. Além disso, há um limite para a longevidade, o qual é estabelecido por um

programa genético que permitiria ao organismo suportar uma determinada quantidade de

mutações. Esgotado esse limite, o organismo perece. Segundo a autora, existem dados

de pesquisa mostrando que, embora as mudanças evolutivas que podem ser

caracterizadas como perdas aumentem com o passar da idade, na velhice, podem ocorrer

alterações classificáveis como ganhos. Contudo, as capacidades cuja manutenção e cujo

aperfeiçoamento dependem de influências culturais, podem conservar-se e especializar-

se, manifestando-se nos domínios profissional, do lazer, das artes ou do manejo das

questões   existenciais   (sabedoria).   Um   princípio   fundamental   da   psicologia    do

envelhecimento contemporânea, é que na velhice as pessoas conservam potenciais para

o funcionamento e o desenvolvimento, os quais, no entanto, tendem a declinar nos anos

mais tardios, quando as pessoas tornam-se mais vulneráveis e menos adaptáveis às

alterações ambientais.


      Segundo Neri (2005), o termo Gerontologia foi usado pela primeira vez em 1903
32


por Metchicoff, sendo esta de origem grega em que “gero” significa velho e “logia”

significa estudo. A mesma relatou que Metchicoff na ocasião previu que esse campo teria

crescente importância no decorrer do século XX, em virtude dos ganhos em longevidade

para os indivíduos e as populações, provocados pelos avanços das ciências naturais e da

medicina. Já o termo Gerontologia social, afirmou a autora, foi usado pela primeira vez

por Clark Tibbits em 1954 para descrever a área da Gerontologia que se ocupa do

impacto das condições sociais e socioculturais, sobre o processo de envelhecimento e

das consequências sociais desse processo. Em 1909, segundo a autora, o médico

Nascher introduziu na literatura o neologismo Geriatria, para denotar o estudo clínico da

velhice, por analogia com Pediatria, que é o estudo clínico da infância. O médico fundou a

Sociedade de Geriatria de Nova Iorque em 1912 e publicou o livro “Geriatric” em 1914.

Em 1917, o “The Medical Review of Reviews” criou uma sessão de Geriatria e convidou

Nasser para editor. Hoje, ressaltou a autora, o campo da Geriatria compreende a

prevenção e o manejo das doenças do envelhecimento. É uma especialidade em

Medicina e também em Odontologia, Enfermagem e Fisioterapia, que se desenvolvem à

medida que aumenta a população de adultos mais velhos e idosos, portadores de

doenças crônicas e de doenças típicas da velhice, em virtude do aumento da longevidade

desses segmentos populacionais. A autora realizou uma retrospectiva citando os

principais marcos na evolução do campo da Gerontologia, iniciando no período de

1561-1626 e finalizando nos anos de 1980 e 1990. Concluiu citando os principais desafios

da Gerontologia na atualidade, que são: a) pulverizar a pesquisa e as teorias; b) construir

e testar os modelos explicativos; c) conciliar os conceitos de desenvolvimento e

envelhecimento; d) conciliar os vários conceitos de idade e tempo; e) vencer os

preconceitos dos próprios pesquisadores; f) descrever diferenças intra e interindividuais

do envelhecimento; g) integrar a velhice no curso de vida.
33


      Scelza et al. (2005) realizaram um trabalho na disciplina de Odontogeriatria da

Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense (FOUFF), com o objetivo

de apresentar o atendimento que vem sendo realizado aos idosos. Os estudantes da

instituição são levados, ao final do período, a ter uma visão geral do paciente, de acordo

com o seguinte protocolo: consulta inicial, avaliação de saúde clínica, exame geral,

anamnese, avaliação médica do paciente e conferir a pressão sangüinea. Além disso,

também realizam avaliação de cáries dentais e doença periodontal (exame radiográfico

periapical e panorâmica), tecidos de mucosa oral e glândulas, por meio da avaliação do

fluxo salivar. Logo, as ajudas seguiram de acordo com o plano de tratamento determinado

para cada paciente. Os autores informaram que antes de iniciar o planejamento do

tratamento, que foi feito de acordo com as condições físicas e psíquicas do paciente, os

alunos procediam a uma terapia básica que consistia em instruções de higiene oral,

polimento coronário e aplicação de flúor. Quanto ao tipo de tratamento realizado,

constatou-se que no período de 2003 a agôsto de 2005, a maior parte dos procedimentos

recaiu na Periodontia e Dentística Restauradora. Com relação aos resultados, os autores

concluíram que o protocolo desenvolvido promove uma mudança no perfil do futuro

profissional, e uma boa satisfação dos pacientes por ter um tratamento diferenciado.


      Pinelli et al. (2005) avaliaram as doenças crônicas acometidas, bem como os

medicamentos utilizados por idosos. Selecionaram 70 prontuários clínicos de pacientes de

ambos os gêneros, com 60 anos ou mais. Elaboraram um formulário com dados

referentes ao ano de atendimento, idade, gênero, história médica das doenças atuais e

passadas e os medicamentos utilizados pelos pacientes. Os dados foram transcritos para

o software epiinfo que permitiu realizar uma análise estatística descritiva. Nos resultados

encontrados, dos 70 pacientes analisados, 40 (57,0%) eram do gênero feminino e 30

(43,0%) do masculino. Além disso, 74,3% dos pacientes tinham de 60 a 69 anos, 22,8%
34


de 70 a 79 anos e 2,9% 80 anos ou mais. Nesta pesquisa encontraram um total de 66,0%

de pacientes com pelo menos uma doença crônica, sendo a hipertensão (38,0%) a

patologia mais frequente. As doenças reumáticas foram patologias encontradas em 18%

dos pacientes analisados. Afirmaram que as articulações das mãos podem ser

comprometidas alterando o padrão de higiene bucal e consequentemente a condição

bucal. Outra patologia prevalente encontrada no estudo foi a diabetes melito (12,0%) e

alertaram que o cirurgião-dentista deve prestar especial atenção no seu aparecimento

neste grupo etário. Dos medicamentos utilizados, os destinados a problemas do coração

(48,0%) foram os mais usados. Concluíram que o conhecimento das principais patologias

que acometem o indivíduo idoso, bem como interações medicamentosas e seus efeitos,

são conhecimentos imprescindíveis para que o cirurgião-dentista possa realizar um

atendimento seguro e eficiente do paciente geriatra. As doenças sistêmicas que mais

acometeram os idosos analisados, foram as cardiocirculatórias, doenças reumáticas,

alergias e diabetes melito e os medicamentos mais utilizados foram os destinados às

alterações cardíacas.


      Tibério et al. (2005) avaliaram o estado e grau de necessidade de tratamento

periodontal de 183 indivíduos com idade entre 60 e 94 anos (média de 75,6), provenientes

do ambulatório de Geriatria da Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de

Medicina, pelo índice Community Periodontal Index and Treatment Needs (CPITN). A

porcentagem de desdentados foi de 55,74%, sendo 44% do gênero masculino e 60,15%

do   feminino.   A   presença   de   sangramento   gengival   e   cálculo   (60,49%)    foi

significativamente maior que a ausência de doença (2,47%); 27,16% apresentaram bolsas

com profundidade de 4-5 mm, e 9,88%, bolsas maiores de 6 mm. O número médio de

sextantes excluídos foi de 3,29%. Da totalidade do grupo, 80,25% necessitou de

tratamento sob a forma de raspagem, acrescidos de intensificação dos cuidados de
35


higiene, e 9,88% (indivíduos com periodontite severa), de tratamento complexo. Os

resultados encontrados pelo estudo, confirmaram a necessidade de atuação odontológica,

preventiva e curativa, em indivíduos com 60 anos ou mais. Finalizaram o trabalho,

afirmando que a educação em saúde bucal deve ser vista como fator prioritário, em

qualquer população e, em especial, para população de risco, como a composta por

indivíduos com 60 anos ou mais.


      Kaiser et al. (2006) realizaram um artigo de revisão de literatura onde tiveram como

objetivo abordar os princípios básicos que podem reger o atendimento dos idosos,

especialmente aqueles portadores de alguma deficiência (visual, auditiva, mental,

ortopédica ou de fonação). Segundo os mesmos, apesar da necessidade de uma maior

atenção à Odontogeriatria no Brasil, e tendo em vista o crescente aumento da população

de idosos, a maioria das faculdades de odontologia não incluiu esta ciência em seus

currículos. Além disso, a maioria dos profissionais encontra-se ainda despreparada para

prestar um atendimento ideal à população de terceira idade, especialmente aos idosos

portadores de deficiências. Concluíram o artigo alertando que: a) o crescimento da

camada populacional denominada de “terceira idade”, tem tornado os conhecimentos em

relação aos idosos, essenciais para os profissionais da área odontológica; b) o

atendimento direcionado a esses pacientes, principalmente os que apresentam algum tipo

de deficiência, apesar de ser ainda muito incipiente na Odontologia, já foi bastante

estudado em outras áreas da saúde; c) a adequação dos conhecimentos já existentes à

Odontologia e o próprio direcionamento dos estudos para a área da Odontogeriatria,

tendem a melhorar os atendimentos e as perspectivas de saúde oral nessa faixa etária.


      Montandon et al. (2006) relataram que os caminhos e limites da Odontogeriatria,

estão baseados nos princípios de integralidade de atendimento que norteiam a
36


Gerontologia, e têm buscado soluções para as necessidades das pessoas em processo

de envelhecimento. Afirmaram que o atendimento do paciente idoso, necessita de um

claro diferencial que vai desde o preparo do ambiente físico da clínica que facilite a

locomoção com segurança, passando pelo transporte e manejo de pacientes com

comprometimento físico, até a própria conduta de avaliação e atendimento. Os princípios

de comunicação com o paciente idoso, devem prover adequada confiança no profissional,

interação e acolhimento. A avaliação do paciente deve incluir dados da história sistêmica

atual e passada, condições cognitivas, funcionais, estado de humor, autonomia,

conhecimento da realidade em que vive e, finalmente a história odontológica, com as

expectativas, necessidades e condições clínicas. Alertaram que o cirurgião-dentista, deve

discernir as queixas relacionadas às transformações naturais do envelhecimento,

daquelas referentes a processos patológicos. Além disso, é fundamental que o

profissional avalie o grau de dependência e as atividades que são assistidas por um

cuidador, guiando o processo de planejamento clínico e de educação em higiene bucal.

Assim, o plano de tratamento odontológico deverá estar baseado nas condições físicas e

sistêmicas do idoso, adaptado à sua realidade. Afirmaram que os estudos na área da

Odontogeriatria, apontam a alta prevalência de edentulismo, cáries coronárias e

radiculares, doenças periodontais, desgastes dentais, dores orofaciais, desordens

têmporo-mandibulares, alterações oclusais, lesões de tecidos moles e hipossalivação. Em

relação às alterações sistêmicas, relataram que o risco de endocardite, deve ser

conhecido pelo profissional. Também, doenças reumatóides, como a artrose e a gota

podem levar a limitações (incapacidades) e dificuldades básicas no processo de higiene

bucal. Nestes casos, engrossar o cabo das escovas dentais e apertar o tubo do creme

dental com as palmas das mãos, conferem importante ação multidisciplinar ao processo

de higiene bucal do paciente funcionalmente comprometido. A escova elétrica pode ser
37


utilizada pelo paciente portador de artrite. Diante de um paciente com anemia ou

hipossalivação, como na Síndrome de Sjögren, é importante que a escova dental tenha

cerdas extramacias. No caso de pacientes com alterações demenciais, como a demência

vascular e a doença de Alzheimer e de outras doenças debilitantes e progressivas como o

Parkinson, o direcionamento da atenção odontológica deverá estar baseado na fase em

que se encontra a doença, com o estabelecimento de uma rotina eficaz de cuidados que

poderá incluir flúor, educação preventiva e a utilização de digluconato de clorexidina.

Deve-se contar com o apoio de um cuidador, em pacientes que apresentem menor

capacidade funcional ou cognitiva, para complementação da higiene com escova elétrica,

dispositivos em "Y" para utilização do fio dental ou escovas interproximais e para

realização do enxágüe (em caso de paciente acamado) com auxílio de seringa

descartável e cuba do tipo "rim". O cirurgião-dentista deve também ser educador do

cuidador, como no caso do ensinamento da higienização da mucosa desdentada com

solução de digluconato de clorexidina a 0,12%, sem álcool e gaze, que deverá ser feita

pelo cuidador.


      Rios (2006) realizou um levantamento das alterações bucais e sistêmicas, através

de fichas clínicas avaliadas no período de janeiro a julho de 2005, de pacientes idosos,

encaminhados à disciplina de Semiologia da Associação dos Cirurgiões Dentistas de

Campinas (ACDC). O objetivo do levantamento foi de analisar os motivos de

encaminhamento de pacientes da terceira idade, pelos cirurgiões-dentistas, para

avaliação de um especialista em Estomatologia. Foram examinados 101 prontuários

nesse período, considerando como idosos pacientes acima de 60 anos de idade. Os

resultados apresentaram falhas dos cirurgiões-dentistas ao encaminharem pacientes

idosos a centros de referência, indevidamente, por falta de conhecimentos anatômicos e

falhas no diagnóstico oral. Além disso, o estudo mostrou a dificuldade da própria clínica
38


de referência, em obter informações do paciente quanto ao seu estado sistêmico e

preenchimento incompleto dos prontuários pelos cirurgiões-dentistas. A autora relatou a

evidente necessidade de planejamento em educação continuada, para os cirurgiões-

dentistas (principalmente da rede pública), com o objetivo de qualificar o atendimento a

esses pacientes, poupando-os. Finalizou o estudo afirmando que a Odontologia como

ciência da saúde tem papel fundamental na prevenção, diagnóstico e tratamento das

alterações fisiológicas naturais e patológicas a que estão submetidos os idosos, e dentro

de um contexto interdisciplinar e multi-profissional, garantirem a estes pacientes,

tratamentos seguros e precisos que possibilitem manutenção e sempre que possível

melhora das condições de vida.


       Silva et al. (2007) realizaram uma revisão de literatura, com intuito de abordar as

enfermidades que mais acometem os pacientes da terceira idade (desde as doenças

crônicas até mesmo as doenças crônicas degenerativas). Foi realizada uma descrição

quanto ao conceito e aos sinais e sintomas das enfermidades, observadas com maior

frequência nos pacientes idosos, que foram as seguintes: depressão, perda da memória,

estresse, aterosclerose, osteoporose, artrite reumatóide e desordem têmporo-mandibular,

hipertensão arterial, doenças vasculares, doenças cardíacas, obesidade, diabetes

mellitus, incontinência urinária, distúrbios auditivos e visuais, doença de Parkinson e a

doença de Alzheimer. Baseado na revisão de literatura, os autores alertaram que não só

os profissionais da saúde, bem como todos aqueles que lidam com os idosos de uma

forma geral, devem ter a preocupação de tratá-los com maior atenção, paciência e

perseverança, a ponto de minimizar as limitações que cada um apresenta. Finalizaram o

estudo afirmando que os fatores que têm demonstrado de fundamental importância para a

preservação da identidade psicológica do idoso, é o amor e o respeito ao seu mundo

significativo.
39


4 DISCUSSÃO




         Nas últimas décadas, tem sido constatado um declínio nas taxas de natalidade e

um aumento na expectativa de vida, com consequente crescimento da população idosa,

graças ao desenvolvimento da ciência e de novas tecnologias, que tem como objetivo a

melhora na qualidade de vida (Souza et al., 2001). E quanto mais longa a vida média da

população, mais importante se torna o conceito de qualidade de vida, e a saúde bucal tem

um papel relevante nisso. Saúde bucal comprometida pode afetar o nível nutricional e o

bem-estar físico e mental e diminuir o prazer de uma vida social ativa (Barbosa et al.,

2002).


         Envelhecer e manter a qualidade de vida, com saúde geral e bucal, serão os

grandes desafios a serem alcançados neste século. Tratar do idoso representará a

manutenção e o aprimoramento da qualidade de vida dessas pessoas e um grande

aprendizado para o envelhecimento (Hebling, 2003).


         Entende-se por envelhecimento o fenômeno biopsicossocial que atinge o homem e

sua existência na sociedade. Manifestando-se em todos os domínios da vida, inicia-se

pelas células, passa aos tecidos e órgãos e termina nos processos extremamente

complicados do pensamento (Vargas, 1983). Definido em termos biológicos, o

envelhecimento compreende os processos de transformação do organismo que ocorrem

após a maturação sexual e que implicam a diminuição gradual da probabilidade de

sobrevivência. Esses processos são de natureza interacional, iniciam-se em diferentes

épocas e ritmos e acarretam resultados distintos para as diversas partes e funções do

organismo (Neri, 2005).
40


      Segundo Fajardo et al. (2003), é necessário buscar compreender o comportamento

do idoso, a dinâmica social com a terceira idade e o processo de envelhecimento, tanto

em seus aspectos saudáveis quanto nos principais distúrbios e transtornos mais

frequentes, pois a Odontogeriatria sugere a preparação de um profissional com um perfil

sensível à integração das multidisciplinas (Sociologia, Antropologia, Psicologia, etc), para

efetiva atuação em sua ação e assistência. O profissional necessita conscientizar-se de

que o idoso não é simplesmente "mais um paciente" no consultório (Madeira et al., 2000)

e, portanto, é imprescindível a utilização de um protocolo de atendimento diferenciado,

com o intuito de se promover a satisfação dos pacientes (Scelza et al., 2005), já que o

tratamento do paciente idoso difere do tratamento da população em geral, devido às

mudanças fisiológicas durante o processo de envelhecimento natural, da presença de

doenças sistêmicas crônicas e da alta incidência de deficiências físicas e mentais nesse

segmento da população (Fajardo et al., 2003).


      Algumas doenças específicas associadas ao processo de envelhecimento e que

exigem cuidados próprios são as doenças cardiovasculares, diabetes, osteoporose e

doença de Alzheimer/demência. As doenças cardiovasculares e o tratamento médico

dispensado a pacientes cardíacos podem levar a emergências durante o tratamento

dentário. Controle constante da pressão arterial e da terapia com anticoagulantes é

indispensável.   Os    pacientes    diabéticos   frequentemente     apresentam     doenças

cardiovasculares e estão mais susceptíveis a processos infecciosos se a doença não esta

sendo adequadamente controlada (Barbosa et al., 2002) e o diabetes também favorece o

aparecimento da doença gengival, produz halitose e dificulta a cicatrização (Sequeira et

al., 2001). A osteoporose pode levar à perda acentuada de osso alveolar e mais

facilmente à fratura mandibular. Aqueles com doença de Alzheimer/demência podem

apresentar diferentes níveis de dificuldade de comunicação e de comportamento (Barbosa
41


et al., 2002), são casos típicos de pacientes que precisam de tratamentos em casa

(Carvalho, 2002), onde o direcionamento da atenção odontológica deve ser baseado na

fase em que se encontra a doença com o estabelecimento de uma rotina eficaz de

cuidados que poderá incluir flúor, educação preventiva e a utilização de digluconato de

clorexidina. (Montandon et al., 2006).


      Os pacientes idosos ainda podem estar sujeitos a outras complicações próprias da

terceira idade, como a depressão, perda da memória, estresse, aterosclerose,

hipertensão arterial, obesidade, incontinência urinária, doença de Parkinson (Silva et al.,

2007), alergias e doenças reumáticas (Pinelli et al., 2005). A higienização bucal pode se

tornar difícil para os pacientes com artrite e outras doenças reumáticas deformantes

(Barbosa et al., 2002), como a artrose e a gota (Montandon et al., 2006). Nestes casos, o

engrossar o cabo das escovas dentais e o apertar o tubo do creme dental com as palmas

das mãos, conferem importante ação multidisciplinar ao processo de higiene bucal do

paciente, funcionalmente comprometido. A escova elétrica pode ser utilizada pelo paciente

portador de artrite, embora a escova manual utilizada com movimentos circulares e

suaves permita maior estímulo articular (Montandon et al., 2006). Vale mencionar também

que o risco de endocardite, pneumonia por aspiração e de disseminação de infecções,

deve ser conhecido assim como a rotina eficaz de cuidados (Montandon et al., 2006).

Além disso, muitos idosos têm medo do cirurgião-dentista, muitos têm a mobilidade

comprometida e dependem de cadeiras de rodas, bengalas, apoio de terceiros para

caminhar, ou simplesmente não andam mais. Possuem problemas médicos variados

(visão, audição, etc) ou instabilidade de postura, que os impossibilitam de deitar na

cadeira odontológica ou levantar dela (Sequeira et al., 2001). Isso tudo deve ser levado

em consideração, uma vez que grande parte dos idosos encontra-se totalmente

dependente (Carvalho, 2002), e foi constatado que o paciente geriátrico que possui algum
42


grau de dependência, tem uma deficiência na higiene oral, sendo isso representado como

o mais sério problema de saúde bucal (Mello et al., 2000).


Na área da Odontogeriatria, os estudos apontam uma alta prevalência de edentulismo,

cáries coronárias e radiculares, doenças periodontais, desgastes dentais, dores

orofaciais, desordens têmporo-mandibulares, alterações oclusais, hipossalivação e lesões

de tecidos moles (Montandon et al., 2006). E isto também deve ser levado em

consideração quando do atendimento ao idoso, como por exemplo a perda da dentição

que influi sobre a mastigação, digestão, gustação, pronúncia, aspecto estético e

predispõe a doenças geriátricas (Moriguchi, 1990). Um fato importante que deve ser

mencionado, é que diante de um paciente com anemia ou hipossalivação, como na

Síndrome de Sjögren, é importante que a escova dental tenha cerdas extramacias para

menor risco de lesão do tecido gengival (Montandon et al., 2006). No que se refere a

lesões de mucosas, em um estudo de revisão de literatura, as lesões mais frequentes em

idosos     institucionalizados   relatadas   foram   as   seguintes:   hiperplasias   fibrosas

inflamatórias, estomatites, candidíases, queilite angular (associadas ao uso de próteses),

presença de extensas hiperplasias de palato (causadas pelo uso de prótese total superior

com câmara de sucção), e em menor número foram relatados leucoplasias e carcinomas

(Munhoz, 2005).


         Vale mencionar que é essencial a realização de avaliações periódicas dos tecidos

moles da boca e próteses (Munhoz, 2005), pois é importante a atuação odontológica

preventiva e curativa em indivíduos com 60 anos ou mais (Tiberio et al., 2005). As ações

devem ser integradas com os demais profissionais de saúde, envolvidos no atendimento e

na prevenção, como médicos, enfermeiras, fisioterapeutas e nutricionistas, entre outros,

bem como com seus cuidadores (Hebling, 2003). Então, a Odontologia como ciência da
43


saúde, tem papel fundamental na prevenção, diagnóstico e tratamento das alterações

fisiológicas naturais e patológicas a que estão submetidos os idosos, e dentro de um

contexto interdisciplinar e multiprofissional, garantirem a estes pacientes tratamentos

seguros e precisos que possibilitem manutenção e sempre que possível melhora das

condições de vida (Rios, 2006).


         Mas, há necessidade de uma maior atenção à Odontogeriatria no Brasil, pois a

maioria das faculdades de Odontologia não incluiu esta ciência em seus currículos (Kaiser

et al., 2006) e isto não deveria estar ocorrendo, porque a inclusão desta ciência enfatiza o

cuidado da saúde bucal na população idosa, com atenção especial ao atendimento

preventivo e curativo de idosos com doenças ou condições de caráter sistêmico e crônico

associados a problemas bioquímicos, fisiológicos, físicos ou psicológicos (Souza et al.,

2003).


         As cáries, doenças periodontais, problemas endodônticos, xerostomia, próteses

mal adaptadas e outras lesões são passíveis de tratamento e prevenção (Madeira et al.,

2000) e as atividades preventivas reduzem o risco de enfermidades bucais (Brondani,

2002).


         Em um estudo onde analisaram-se algumas atividades preventivas educacionais

odontogeriátricas, com o intuito de verificar sua eficácia, foi verificado que: a) as

instruções de higiene, cuidados com dentes/próteses e a aprendizagem devem ser uma

constante; b) a sensibilização e a motivação para o aprendizado devem ser uma

preocupação incessante no contexto ensinoaprendizagem; c) a manutenção para uma

modificação comportamental educacional, deve ser feita com atividades constantes e

diversificadas (verbal, demonstrativa) para que o indivíduo se sensibilize e se motive a

aprender. Além disso, no estudo afirmou-se que é importante observar: a) o conteúdo do
44


que se quer ensinar (informações básicas, técnicas adequadas e de fácil aprendizagem,

qualidade e quantidade da informação); b) a maneira (escrita, verbal, explicativa,

audiovisual, adequação de linguagem, demonstração prática); c) frequência (deve-se

observar a motivação e interesse de cada um, sem sobrecarregar); d) público alvo

(diversidades culturais, sociais e econômicas, limitações físicas para o desenvolvimento

de atividades) (Brondani, 2002).


      Quando da elaboração de atividades preventivas educacionais odontogeriátricas, o

profissional deve conscientizar-se de que o conhecimento por si só não é capaz de

modificar hábitos (Melo et al., 2001). É fundamental a utilização de meios corretos de

higienização (Souza et al., 2001) e também a realização da motivação, pois embora com

idades avançadas, indivíduos motivados têm capacidade de aprender, necessitando

apenas de incentivo e orientação (Moimaz et al., 2004). Como medidas de orientação

podem ser realizadas aquelas relacionadas quanto à limpeza regular diária dos dentes, as

orientações quanto ao controle da dieta e orientações visando o fortalecimento da

superfície dentária (através do uso do flúor) (Pucca Júnior, 1996). Mas o primeiro passo

na elaboração destas atividades deve ser o entendimento de como o paciente geriátrico

percebe sua condição bucal (Silva et al., 2001).
45


5 CONCLUSÃO




      É importante a inclusão da Odontogeriatria nos currículos das faculdades, uma vez

que com o aumento do número de indivíduos nesta faixa etária, uma maior demanda de

serviços odontológicos serão requisitados nos próximos anos. O cirurgião-dentista deve

ser um profissional sensível, que domine várias disciplinas da ciência e deve garantir um

atendimento diferenciado e individualizado. A importância da prevenção das doenças

orais, e especialmente os cuidados com a dentição, devem ser cultivados até na terceira

idade, pois contribuem em muito para uma maior longevidade e principalmente na

qualidade de vida do idoso. E neste aspecto, as atividades preventivas educacionais

odontogeriátricas são imprescindíveis e devem ser realizadas frequentemente.
46


REFERÊNCIAS1


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1
 De acordo com o Manual de Normalização para Monografias da Faculdade de
Odontologia São Leopoldo Mandic, baseado no estilo Vancouver de 2006, e abreviatura
dos títulos de periódicos em conformidade com o Index Medicus.
47

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Importância da prevenção em Odontogeriatria

  • 1. MARCO TULIO PETTINATO PEREIRA PREVENÇÃO EM ODONTOGERIATRIA Monografia apresentada a Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic como requisito para a obtenção do título de Especialista em Saúde Coletiva. CAMPINAS 2009
  • 2. MARCO TULIO PETTINATO PEREIRA PREVENÇÃO EM ODONTOGERIATRIA Monografia apresentada a Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic como requisito para a obtenção do título de Especialista em Saúde Coletiva. Orientadora: Profa. Dra. Roberta Tarkany Basting CAMPINAS 2009
  • 3. Apresentação da Monografia em 02/ 02/ 2009 ao curso de Saúde Coletiva. Coordenadora: Profa. Dra. Flávia Martão Flório Orientadora: Profa. Dra. Roberta Tarkany Basting
  • 4. Dedico este trabalho à minha querida avó materna chamada Maria de Lana 26/10/1924‫†8002/60/72 ٭‬
  • 5. AGRADECIMENTOS À Deus, por conhecer o que está dentro do meu coração. Aos meus antepassados, pela minha vida. À todos aqueles que me apoiaram e colaboraram na realização deste trabalho. Às seguintes pessoas (em ordem alfabética) e respectivas instituições: Dra. Érika Sequeira – Disciplina deTelemedicina – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Izamar da Silva Freitas – Biblioteca da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” (UNESP) – Faculdade de Odontologia de Araraquara (FOA) Lúcia Maria Sebastiana Verônica da Costa Ramos – Serviço de Documentação Odontológica – Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP) Dr. Nelson Sakaguti – Disciplina de Telemedicina – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Norma Ataíde – Serviço de Referência e Comutação – Biblioteca “Malvina Viana Rosa” - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Dra. Roberta Tarkany Basting – Disciplina de Saúde Coletiva - Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic Rosemary Shinkai – Editora - Revista Odonto Ciência (Jornal of Dental Science) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRGS)
  • 6. "Nos olhos do jovem arde a chama. Nos do velho brilha a luz." Victor Hugo
  • 7. RESUMO Com o avanço tecnológico e científico ocorrido nas últimas décadas, houve um declínio nas taxas de natalidade, e um aumento na expectativa de vida, com consequente crescimento da população idosa. Por este motivo, é importante a inclusão da Odontogeriatria nos currículos das faculdades, uma vez que com o aumento do número de indivíduos nesta faixa etária, uma maior demanda de serviços odontológicos serão requisitados nos próximos anos. O cirurgião-dentista deve ser um profissional sensível, que domine várias disciplinas da ciência, e deve garantir um atendimento diferenciado e individualizado. O objetivo deste estudo foi discutir a importância da prevenção na área da Odontogeriatria. Foi realizada uma revisão de literatura, concluindo-se que é importante a prevenção das doenças orais, e especialmente os cuidados com a dentição, que devem ser cultivados até na terceira idade, pois contribuem para uma maior longevidade, e principalmente na qualidade de vida do idoso. Neste aspecto, as atividades preventivas educacionais odontogeriátricas são imprescindíveis, e devem ser uma constante. Palavras-chave: Odontogeriatria. Prevenção. Idosos. Atividades odontogeriátricas. Qualidade de vida.
  • 8. ABSTRACT Due to technological and scientific progress occurred in recent decades there has been a decline in birth rates and an increase in life expectancy, and consequent growth of the elderly population. It is therefore important to include the Geriatric dentistry in the curriculum of dental schools, since the increase in the number of individuals in this age group, a greater demand for dental services will be required in the coming years. The dental surgeon must be a sensitive professional, know several disciplines of science and should ensure a differentiated and individualized care. The purpose of this study was to discuss the importance of prevention in the area of Geriatric dentistry. A literature review was performed, which concluded that it is important for the prevention of oral diseases and especially the care of teeth, that should be preserved even in old age, therefore contribute to a much greater longevity and mainly the quality of life of the elderly. And concerning this, the odontogeriatrics preventive educational activities are essential and should be constant. Keywords: Geriatric dentistry. Prevention. Elderly. Odontogeriatrics activities. Quality of life.
  • 9. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 10 2 PROPOSIÇÃO 12 3 REVISÃO DE LITERATURA 13 4 DISCUSSÃO 39 5 CONCLUSÃO 45 REFERÊNCIAS 46
  • 10. 10 1 INTRODUÇÃO O envelhecimento humano é um processo irreversível que concerne a todos e, atualmente, tem sido objeto de constante preocupação, principalmente, pela Gerontologia e Geriatria (Almeida et al., 2004). O termo Gerontologia foi usado pela primeira vez em 1903 por Metchicoff, sendo esta de origem grega, em que “gero” significa velho e “logia” significa estudo. Na ocasião, previu que esse campo teria crescente importância no decorrer do século XX, em virtude dos ganhos em longevidade para os indivíduos e as populações, provocados pelos avanços das ciências naturais e da medicina (Neri, 2005). Em 1909, o médico Nascher introduziu na literatura o neologismo Geriatria para denotar o estudo clínico da velhice, por analogia com Pediatria, que é o estudo clínico da infância. Fundou a Sociedade de Geriatria de Nova Iorque em 1912 e publicou o livro “Geriatric” em 1914. Em 1917, o “The Medical Review of Reviews” criou uma sessão de Geriatria e convidou Nasser para editor. Hoje, o campo da Geriatria compreende a prevenção e o manejo das doenças do envelhecimento. É uma especialidade em Medicina e também em Odontologia, Enfermagem e Fisioterapia, que se desenvolvem à medida que aumenta a população de adultos mais velhos e idosos portadores de doenças crônicas e de doenças típicas da velhice, em virtude do aumento da longevidade desses segmentos populacionais (Neri, 2005). Barbosa et al. (2002) define o termo Odontologia Geriátrica (sin: odontogeriatria) como "o ramo da Odontologia que enfatiza o cuidado bucal da população, especificamente tratando do atendimento preventivo e curativo de pacientes com doenças
  • 11. 11 ou condições de caráter sistêmico crônico associado a problemas fisiológicos, físicos ou psicológicos". Esta disciplina é atualmente chamada de Odontogeriatria e envolve caminhos e limites que estão baseados nos princípios de integralidade de atendimento que norteiam a gerontologia e têm buscado soluções para as necessidades das pessoas em processo de envelhecimento (Montandon et al., 2006). Atualmente, o Brasil possui cerca de 14 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, número que deverá estar triplicado em 2050, representando a sexta maior população mundial de idosos (Pinelli et al., 2005). Tendo em vista o crescimento da população de idosos, este estudo tem o objetivo de discutir a importância da prevenção na área da Odontogeriatria.
  • 12. 12 2. PROPOSIÇÃO O objetivo desta revisão de literatura foi discutir a importância da prevenção na área da Odontogeriatria.
  • 13. 13 3 REVISÃO DE LITERATURA Segundo Vargas (1983), a velhice é uma etapa do desenvolvimento individual, cuja característica principal é a acentuada perda da capacidade de adaptação, com diminuição da vitalidade e aumento da vulnerabilidade de todas as funções do indivíduo. Além disso, velhice e envelhecimento não são termos sinônimos, pois ambos possuem características diferentes. A velhice, na qualidade de fenômeno personalíssimo, variável no tempo e espaço, é produto de fatores exógenos e endógenos. O envelhecimento, como um processo biopsíquico de degeneração orgânica, também é resultante do contexto social. Afirmou que para entender o processo de envelhecimento, é necessário considerar-se o conjunto harmônico de suas diversas características e formular um juízo global. Juízo esse, que deve ter como objetivo, determinar se a personalidade respeitada sob o ponto de vista evolutivo, alcançou o grau de desenvolvimento próprio da idade considerada. O envelhecimento, segundo o autor, é um fenômeno biopsicossocial que atinge o homem e sua existência na sociedade, manifestando-se em todos os domínios da vida. O envelhecimento começa pelas células, passa aos tecidos e aos órgãos e termina nos processos extremamente complexos do pensamento. As características mais marcantes do envelhecimento são: a) diminuição progressiva e irreversível da energia livre disponível no organismo; b) perdas celulares; c) enfermidades degenerativas próprias da velhice, como consequência geral; d) diminuição gradual da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente. Por conseguinte, alertou que o processo de envelhecimento populacional, traduz-se por um aumento do número de pessoas idosas, mais rápido que o aumento da população total. Relatou que diante da velhice como um fenômeno humano,
  • 14. 14 e do envelhecimento populacional como um fato sóciocultural, a Geriatria e a Gerontologia têm exaurido suas possibilidades na busca de uma solução satisfatoriamente válida para o problema. Moriguchi (1990) salientou a importância do odontólogo conhecer as alterações biológicas no idoso, bem como, as alterações bucais e a influência negativa que causam à saúde a perda dos dentes e o uso de prótese. Em relação às alterações biológicas no idoso, sinalizou que o odontólogo deve compreender bem a fisiologia do envelhecimento e assim estará apto a manejar pacientes idosos de forma correta, saber das patologias decorrentes do envelhecimento e as patologias que comprometem o corpo envelhecido. Em relação ao aspecto estético, o autor relata que com o envelhecimento, a face e os lábios ficam encovados. O ser humano vai perdendo a beleza física. Perdendo esta beleza, não quer mais sair de casa ou ter atividades sociais, adquirindo um comportamento passivo e depressivo. Em relação a doenças geriátricas, o autor relatou que com os distúrbios digestivos provocados pela perda dos dentes pode ocorrer o aparecimento de úlcera gástrica. Além disso, a sobrecarga dos movimentos do estômago devido à insuficiência de mastigação, pode provocar o câncer de estômago. O autor concluiu que a perda da beleza por falta de dentes, e a diminuição da atividade social, aumentam o fator de risco de aterosclerose cerebral. Desta forma, a perda dos dentes também provoca o envelhecimento cerebral. Para manter-se jovem intelectualmente, e para prevenir o envelhecimento patológico e aterosclerose cerebral, o papel do odontólogo é indispensável, principalmente um odontólogo capacitado, ou seja, com especialização em Odontologia Geriátrica. Pucca Júnior (1996) considerou o grupo etário dos idosos como o possuidor das maiores desigualdades sociais. Afirmou que deve-se analisar o processo de
  • 15. 15 envelhecimento, juntamente com a historicidade, e é fundamental analisar os fatores sociais, econômicos e educacionais. Em relação às afecções bucais na terceira idade, relatou que dependendo da inserção social que um grupo de idosos estiver inserido, este mostrará um perfil patológico diferenciado. Além disso, alertou que os métodos preventivos são imprescindíveis e constituem-se como eixo de qualquer intervenção que vise a saúde bucal na terceira idade. Relatou as seguintes medidas profiláticas: medidas de orientação, medidas de controle mecânico (físico) e medidas de controle químico (sistêmico ou locais). Como medidas de orientação, citou as seguintes: orientações quanto à limpeza regular diária dos dentes, orientações quanto ao controle da dieta e orientações visando o fortalecimento da superfície dentária (através do uso do flúor). Como medidas de controle mecânico, deve-se levar em consideração o grau de motricidade e o número e posição dos dentes no arco dental. Para os idosos que possuem boa coordenação motora, recomendou-se a técnica de Bass ou Stillman modificada. Já para idosos incapacitados, faz-se necessário o auxílio de uma segunda pessoa, onde esta deverá realizar movimentos circulares em todas as faces dos dentes. Em relação ao tipo de escova, deve ser individualizada, mas recomendou-se escova de textura macia, com "cerdas planas" (parte ativa sem curvatura). Em relação ao tipo de cabo, recomendou-se o do tipo reto. A frequência diária da escovação deve ser adaptada ao paciente pelo menos uma vez ao dia, de preferência imediatamente antes de dormir. Em relação ao fio ou fita dental, é dependente da distância entre um elemento dental e outro, mas como em pacientes idosos normalmente há falta de ponto de contato, é recomendada a fita dental. Como medidas de controle químico, a fluorterapia pode ser realizada, onde produtos de baixa concentração (em alta freqüência, como o uso diário de dentifrício fluoretado) e produtos de alta concentração (em menor freqüência, como as aplicações tópicas profissionais) podem ser utilizados. Como meio de controle sistêmico,
  • 16. 16 tem-se a fluoretação de águas como a forma de aplicação de flúor de maior importância em saúde pública. Madeira et al. (2000) afirmaram que as barreiras para atingir e satisfazer o paciente geriátrico, são bastante complexas, e iniciam pela qualificação do próprio profissional, que necessita conscientizar-se de que o idoso não é simplesmente "mais um paciente". Além disso, sinalizaram que se torna necessário que o profissional esteja muito bem preparado para poder atendê-lo. Mas os autores advertiram que os profissionais prestadores de serviços odontológicos ficam de mãos atadas para atender esta clientela, devido ao descaso contumaz que as autoridades responsáveis têm dispensado à "educação e saúde", destinando-lhes irrisórios recursos, acontecendo o mesmo no tocante aos irrelevantes valores endereçados aos convênios. Alertaram que é preciso que se tenha em mente, que o idoso de hoje está vindo de uma outra época, viveram num pretérito muito diferente e o mundo de hoje é outro. No caso específico da odontologia, devem ainda permanecer reminiscências da aversão reinante ao gabinete odontológico, e advertiram os cuidados que devem ser levados em conta pelo odontogeriatra: a) mudar a imagem negativa junto aos idosos e seus responsáveis; b) diferenciar idade cronológica de idade biológica e que o envelhecimento, por si só, não significa contrair e aceitar doenças; c) que cáries, doenças periodontais, problemas endodônticos, xerostomia, próteses mal adaptadas e outras lesões são passíveis de tratamento e prevenção; d) que embora a literatura científica disponível não seja muito pródiga no tocante aos problemas endodônticos que acometem, os idosos (particularmente as referências em nível nacional), os cuidados a eles destinados não podem ser relegados, nem subestimados. Os autores concluíram que: a) o cirurgião-dentista deve dilatar seus conhecimentos participando de palestras, encontros, congressos, artigos de revistas; b) deve-se realizar a inclusão de matéria específica no currículo de graduação, necessidade que já se impõe;
  • 17. 17 c) os poderes públicos precisam investir maiores recursos na questão da Odontogeriatria, para que resultados mais promissores sejam alcançados, uma vez que é notoriamente sabido que "a saúde bucal é altamente responsável pela saúde geral do indivíduo"; d) deve-se mudar urgentemente a concepção das pessoas de que o idoso está no fim da vida e que tudo que é feito em seu benefício é um mau investimento. Mello et al. (2000) realizaram um estudo sobre instituições geriátricas e negligência odontológica, onde relataram que cuidadores (inclusive cirurgiões-dentistas) tendem a ter pouca perspectiva em relação à longevidade do idoso e a questionar a preocupação com a manutenção dos dentes na cavidade bucal, sendo que atitudes negativas podem contribuir significativamente para a negligência extrema, além da deficiência na saúde bucal dos idosos. Sinalizaram que a promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal, devem estar inseridas na rotina das instituições geriátricas, uma vez que a condição bucal em última instância influencia diretamente a qualidade de vida do idoso por definir sua capacidade de mastigação, nutrição, fonética e de socialização. Além disso, afirmaram que a própria estrutura organizacional de algumas instituições, não prevê a atenção e assistência odontológica no seu rol de serviços, e que cuidadores, muitos leigos e até cirurgiões-dentistas, por desconhecimento do processo de envelhecimento, não percebem a necessidade de cuidado odontológico para idosos, já que eles não têm dentes ou vão perdê-los brevemente ou mesmo não têm uma expectativa de vida suficiente que justifique preservá-los e mantê-los. Além disso, relataram que a percepção e as atitudes dos cuidadores, em relação à própria saúde bucal, influenciam no cuidado que estes oferecem para o idoso. A tomada de decisões e atitudes passa pelo conceito fundamental de necessidade, que é bastante distinto e variável entre cuidadores, familiares, dentistas, enfermeiros e idosos. Logo, a negligência apresenta-se na sua forma mais clara, a de não fazer, por não ser necessário. Segundo os autores, outro fator presente é a falta de
  • 18. 18 recursos para o cuidado odontológico e a implantação de um programa pode parecer oneroso num primeiro momento, mas esse custo é amortizado e reduzido quando comparado às grandes necessidades de tratamento curativo e reabilitador que surgirão caso a negligência persista. Por outro lado, afirmaram que existe uma série de métodos de cuidados alternativos que reduzem consideravelmente os gastos. Reconheceram que talvez a maior dificuldade para a realização do cuidado odontológico seja a própria característica individual do idoso, com uma percepção da sua própria saúde bucal deturpada por anos de negligência, pensamentos e hábitos arraigados, difíceis de transpor e modificar. Mas, a maioria dos idosos não consegue manter bons níveis de higiene bucal, ou de suas próteses, necessitando muitas vezes do auxílio do cuidador para realizá-la. Alertaram a inexistência de um planejamento, envolvimento e responsabilidade com as questões de saúde bucal dos idosos. A falta de ligação entre os cirurgiões-dentistas, dominando a teoria, e os cuidadores, responsáveis pela prática, resulta em negligência por ambas as partes nas ações em saúde bucal. Os autores concluíram que os cirurgiões-dentistas têm a obrigação de estarem envolvidos com as questões do abuso e negligência contra idosos, devido à alta prevalência de problemas de saúde bucal nessa faixa etária e a consequente necessidade de tratamento, reforça a necessidade de repensar sua responsabilidade social. Finalizaram o trabalho afirmando que o cuidado odontológico deve estar agregado à atenção integral à saúde do idoso e a negligência é um aspecto preponderante do âmbito odontológico dentro dos lares e instituições. Melo et al. (2001) avaliaram o uso de dispositivos de higiene oral em pacientes idosos, correlacionando aos elementos dentários perdidos. Registrou-se em odontograma a situação dentária de 76 idosos e através de um formulário com 22 perguntas avaliou-se o emprego de dispositivos e medidas de higiene oral. Afirmaram que o conhecimento não
  • 19. 19 é capaz de modificar hábitos, pois foi verificado nos resultados obtidos que 55,3% dos idosos tinham tido informações sobre a técnica de escovação e 43,7% sobre o uso de fio dental e mesmo assim 38,2% tiveram perdas dentárias por cárie e/ou doença periodontal. Outros fatores, no caso dos idosos, podem estar contribuindo para a não utilização das medidas de higiene oral, em que a limitação física parcial ou total, esteve presente em 17% dos pacientes, a depressão em 23,4% e 6,4 % com problemas familiares. Concluíram que: a) 98,7% dos idosos entrevistados apresentavam perdas dentárias por cárie e/ou doença periodontal e destes, 60,5% tinham perdas dentárias parciais e 38,2% eram desdentados totais; b) 14,9% dos idosos não escovavam os dentes diariamente e 57,4% de todos os entrevistados registraram ocorrência de cárie após os 55 anos de idade; c) de todos os pesquisados, 55,3% receberam informações sobre técnica de escovação e 43,7% sobre o uso de fio dental, sendo que 33,3% modificaram sua técnica de escovação por influência da televisão. A técnica de Stillmann foi empregada por 55,3% e 100% dos idosos utilizavam dentifrício na escovação; d) dos 11,5% dos entrevistados que tinham dificuldades para o desenvolvimento da escovação, 33,3% era devido a limitações parciais, 33,3% a limitações totais e 33,4% por não ter aprendido uma técnica de escovação correta; e) dos idosos que não faziam uso de fio dental no momento presente do estudo ou no passado, 13,3% justificaram não gostar de usar, 33,3% não ter recebido orientação para o uso, 6,7% por dificuldade (limitação) e 46,7% por não achar necessário; f) 51,1% dos idosos faziam uso de enxaguatório bucal, sendo que 31,8% dos entrevistados achavam desnecessário o bochecho antes da terceira idade. Sequeira et al. (2001) realizaram um trabalho onde relataram sobre a importância da Odontogeriatria. Segundo os autores, estima-se que existem mais de 500 milhões de idosos no mundo. Somente no Brasil, são aproximadamente 15 milhões e apesar das projeções que apontam para o envelhecimento da população brasileira, nos próximos 20
  • 20. 20 anos, é necessário que as entidades de classe sensibilizem os novos profissionais para a questão do idoso. Afirmaram que a Odontogeriatria ainda não é abordada com freqüência nos currículos acadêmicos, com exceção de algumas poucas iniciativas. A raiz do desinteresse ou ignorância da maioria dos profissionais e da assistência pública e particular quanto à Odontogeriatria, pode ser ultrapragmática, ou seja, em virtude da escassez dos recursos para atender o público geral, a preços acessíveis, e a disputa acirrada por pacientes, parece que há dúvidas sobre a validade de mobilizar esforços para atender uma faixa etária que, em tese, além de não ser economicamente promissora, teria pouco tempo de vida para usufruir os benefícios advindos da atenção. Mas alegaram que esta afirmação não deveria ser levada em conta, uma vez que a expectativa de vida aumentou no Brasil. Além disso, quando se investe na prevenção do idoso, automaticamente está ensinando a família, visto que eles fazem questão de repassar o que aprenderam e principalmente comparar as suas descobertas com os mais jovens da casa. Portanto, segundo os autores, é um erro desprezar o papel de formadores de opinião que desempenham em casa, ou no círculo de convívio social. Por último, finalizaram o trabalho advertindo que do ponto de vista da economia e da saúde pública, o investimento na prevenção do idoso irá fazer uma grande diferença, porque um idoso que pode viver seus últimos 25 anos ou mais com dentes ou com uma higienização bucal adequada para suas próteses, terá menos chances de adoecer e irá se alimentar melhor. Silva et al. (2001) realizaram um trabalho com o intuito de avaliar a autopercepção das condições de saúde bucal de idosos e analisar os fatores clínicos, subjetivos e sóciodemográficos que interferem nessa percepção. Participaram do estudo 201 pessoas, dentadas, com 60 anos ou mais (idade média de 66,7 anos), funcionalmente independentes, que frequentavam um centro de saúde localizado em Araraquara (SP),
  • 21. 21 Brasil. Foi aplicado um questionário com questões sobre as características sóciodemográficas da amostra, a autopercepção da condição bucal e o índice Geriatric Oral Health Assesment Index (GOHAI). Realizou-se exame clínico para determinar a prevalência das principais doenças. Foram usados testes estatísticos para determinar a associação das variáveis sóciodemográficas e clínicas e do índice GOHAI com a autopercepção da condição bucal e a identificação dos preditores da auto-avaliação. Neste trabalho houve maior participação das mulheres (63,2%), de pessoas que fizeram apenas o primeiro grau (74,7%) completo ou incompleto e de proletários típicos (43,8%). O levantamento epidemiológico mostrou que a condição bucal dos examinados foi considerada precária, devido à grande quantidade de dentes extraídos (77,2%), à presença de apenas 11,4 dentes em média por pessoa e de bolsas periodontais profundas (34,7%) e à necessidade do uso de prótese (44,8%). Os dados subjetivos mostraram que as pessoas apresentaram precária percepção dos problemas bucais. Segundo os autores, 60,8% e 81,3% dos examinados declararam não ter nenhum problema em seus dentes ou gengiva, respectivamente. As variáveis associadas à autoavaliação foram: classe social, índice de GOHAI, dentes cariados e indicados para extração. A condição bucal foi avaliada como "regular" por 42,7% das pessoas (embora o exame clínico ter revelado grande prevalência das principais doenças bucais), e o índice GOHAI apresentou um valor médio de 33,8. As doenças que ocorreram na gengiva foram percebidas por apenas 18,7% das pessoas, mesmo com a grande quantidade de bolsas periodontais encontradas. Os autores alertaram que conhecer a percepção das pessoas, sobre sua condição bucal, deveria ser o primeiro passo na elaboração de uma programação que inclua ações educativas, voltadas para o autodiagnóstico e autocuidado, além de ações preventivas e curativas. Concluíram o trabalho relatando que neste estudo a percepção da saúde bucal teve pouca influência nas condições clínicas,
  • 22. 22 mostrando ser necessário desenvolver ações preventivas e educativas para a população. Souza et al. (2001) procuraram evidenciar a necessidade e a viabilidade de promover saúde bucal no idoso por meio da sugestão de um programa de prevenção. Realizaram na Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, da Universidade Estadual Paulista (UNESP), o Programa de Prevenção de Odontogeriatria, com 21 pacientes com dentes naturais remanescentes. Esses pacientes selecionados, receberam orientações sobre higienização dos dentes e prótese, de forma individual, e com a utilização de figuras e modelos com informações sobre placa bacteriana, cárie dentária, doença periodontal, condições de normalidade e patologias da cavidade oral, higienização dos dentes e próteses, nutrição e dieta e importância da prevenção em Odontogeriatria. Para o controle mecânico, todos os pacientes foram orientados para realizar a técnica de Fones ou de Bass, e limpeza interdentária, de acordo com a capacidade motora de cada paciente. Para o controle químico, foram orientados sobre o uso do creme dental (em porções pequenas), e da solução de Gluconato de Clorexidina a 0,12% para bochechos de 10 ml, por 1 minuto, de 12 em 12 horas. Além disso, receberam kits de prevenção contendo uma escova macia adulto, um fio dental encerado, um creme dental MFP com cálcio, um frasco de solução bucal de Gluconato de Clorexidina 0,12%, e pastilhas evidenciadoras de placa bacteriana, além de um Manual de Dieta. Após a anamnese, foi realizada a anotação do índice CPO em odontograma e realizadas sete sessões de evidenciação de placa bacteriana, sempre após higienização, para que pudessem ser corrigidas as falhas e deficiências individuais. Foram anotados na ficha clínica os índices de placa, considerando cada face dental em três terços, e após a evidenciação de placa os pacientes realizaram higienização dirigida e foram feitas correções dos pontos deficientes na escovação e utilização de fio dental. Além disso, foram confeccionados certificados de participação como forma de motivação. Os autores, através do diagrama
  • 23. 23 de dispersão e a reta de regressão, encontraram uma redução de 82,7% nos índices de placa do grupo, entre a primeira e a última avaliação. Portanto, os autores do trabalho concluíram que é possível estabelecer um programa de prevenção para paciente idoso, pois, orientados e com meios corretos de higienização, eles conseguem manter as superfícies dentais quase sem placa, com melhor condição gengival, melhorando, assim a qualidade de sua saúde geral. Barbosa et al. (2002), em um trabalho sobre Odontologia Geriátrica, tiveram o intuito de alertar o cirurgião-dentista sobre a necessidade de ampliar os seus conhecimentos nesta área. Segundo os mesmos, quanto mais longa a vida média da população, mais importante se torna o conceito de qualidade de vida, e a saúde bucal tem um papel relevante na qualidade de vida do idoso. Saúde bucal comprometida, pode afetar o nível nutricional e o bem-estar físico e mental, e diminuir o prazer de uma vida social ativa. Além disso, o tratamento do paciente idoso difere do tratamento da população em geral, devido às mudanças fisiológicas durante o processo de envelhecimento natural, da presença de doenças sistêmicas crônicas e da alta incidência de deficiências físicas e mentais nesse segmento da população. Por essa razão, conhecimentos específicos, atitude profissional e habilidades especialmente desenvolvidas para cuidar do idoso são requeridos do profissional odontólogo. Os autores apresentaram algumas considerações a respeito do atendimento odontológico ao idoso e dentre estas, destacam-se algumas relacionadas às doenças específicas associadas ao processo de envelhecimento, que são: as doenças cardiovasculares, diabetes, doença de Alzheimer/demência e osteoporose. Os autores alertaram que as doenças cardiovasculares e o tratamento médico dispensado a pacientes cardíacos, podem levar a emergências durante o tratamento dentário. Ressaltaram que o controle constante da pressão arterial e da terapia com anticoagulantes é indispensável. E os pacientes diabéticos, frequentemente
  • 24. 24 apresentam doenças cardiovasculares e estão mais susceptíveis a processos infecciosos se a doença não está sendo adequadamente controlada. Os pacientes com doença de Alzheimer/demência, podem apresentar diferentes níveis de dificuldade de comunicação e de comportamento durante o tratamento. A osteoporose pode levar à perda acentuada de osso alveolar e mais facilmente à fratura mandibular. A higienização bucal pode se tornar difícil para os pacientes com artrite e outras doenças reumáticas deformantes. Os autores concluíram o trabalho com as seguintes considerações: a) o aumento da população de idosos é um fato mundial e irreversível, em função da diminuição da taxas de natalidade e mortalidade; b) a necessidade de atendimento odontológico a essa população aumentará gradativamente nos próximos anos, representando um desafio para a prática da Odontologia; c) o processo natural de envelhecimento, deve ser entendido como absolutamente fisiológico, apesar das possíveis disfunções encontradas, fruto quase sempre da excessiva demanda, imposta a um sistema fisiologicamente incapaz de suprí- la e/ou pela existência de processos patológicos; d) constata-se não só na Odontologia, como também em outras áreas, a ausência de efetivas políticas sociais voltadas para os idosos. Brondani (2002) realizou um trabalho onde comparou e analisou cinco diferentes atividades preventivas educacionais, odontogeriátricas, publicadas na literatura mundial, com o intuito de verificar sua eficácia. O autor analisou os seguintes programas educacionais odontogeriátricos: a) "Cartilha informativa via correio"; b) "Programa educacional com enfoque na manutenção de próteses"; c) "Programa de instrução de higiene bucal em idosos não institucionalizados"; d) "Slides em programas de promoção de saúde bucal"; e) "Dois programas educacionais em higiene de próteses totais". O autor analisou estes programas e realizou as seguintes considerações: a) a taxa de retorno esperada em pesquisas/questionário/malas diretas via correio é sempre muito baixa, algo
  • 25. 25 em torno de 10% e caso os idosos forem analfabetos, ou se realizarem atendimento odontológico fora da cidade, ou se não tiverem condição financeira, esses fatores poderão influenciar nos resultados obtidos; b) as instruções de higiene e cuidados com dentes e próteses devem ser uma constante para todo e qualquer cirurgião-dentista durante a sua atividade profissional; c) a aprendizagem deve ocorrer de maneira constante; d) a sensibilização e a motivação para o aprendizado devem ser uma preocupação constante no contexto ensino-aprendizagem; e) a manutenção para uma modificação comportamental educacional deve ser feita com atividades constantes e diversificadas (verbal, demonstrativa) para que o indivíduo se sensibilize e se motive a aprender. O autor concluiu o trabalho afirmando que as atividades educacionais preventivas em nível de saúde bucal, assim como em qualquer outro contexto, envolvem a interação entre ensino e aprendizagem. Esta interação, segundo o autor, caracteriza-se como uma via de mão dupla, tanto para quem ensina quanto para quem aprende, em um processo contínuo e constante. Neste processo, visando a sensibilização, motivação e interesse do idoso em aprender e compreender, torna-se necessário observar o seguinte: a) conteúdo do que se quer ensinar (informações básicas, técnicas adequadas e de fácil aprendizagem, qualidade e quantidade da informação); b) maneira (escrita, verbal, explicativa, audiovisual, adequação de linguagem, demonstração prática); c) frequência (deve-se observar a motivação e interesse de cada um, sem sobrecarregar); d) público alvo (diversidades culturais, sociais e econômicas, limitações físicas para o desenvolvimento de atividades). Carvalho (2002) em um trabalho onde abordou o tema da Odontologia domiciliar, relatou que com o desenvolvimento da Medicina, ocorreu a elevação da expectativa de vida da população em todo o mundo e devido a isso, o atendimento odontológico em casa tem crescido proporcionalmente a essa elevação. Segundo a autora, grande parte dos
  • 26. 26 idosos encontra-se totalmente dependente e muitos, por problemas diversos, necessitam do atendimento de profissionais da área de saúde (como os cirurgiões-dentistas) que possam, além de cuidar da parte física, proporcionar uma melhora no aspecto emocional. A autora afirmou que cuidar da saúde sem sair de casa é um serviço que está se tornando mais frequente para os pacientes com necessidades especiais. Pacientes com o mal de Alzheimer, oncológicos, que estão em tratamento na UTI, idosos que tiveram algum tipo de acidente, como fratura de fêmur ou com dificuldades extremas de locomoção, são casos típicos de pacientes que precisam de tratamento em casa ou onde estejam internados. Mas sinalizou que o atendimento odontológico domiciliar requer cuidados como: a) um contato inicial do paciente, amplo e criterioso; b) uma interação multiprofissional; c) um certo trabalho para o profissional, porque o cirurgião-dentista precisa transportar muito equipamento para tornar o ambiente domiciliar próprio para a consulta; d) cuidado em relação ao transporte do equipamento, pela sensibilidade da aparelhagem; e) o cirurgião-dentista precisa conhecer não só o paciente, como também a família e o seu responsável e/ou cuidador. A autora afirmou também que um dos principais benefícios do atendimento em casa é prestar assistência com qualidade a quem necessita, embora a ergonomia de trabalho fique prejudicada, pois o cirurgião-dentista precisa adaptar-se ao novo ambiente. Fajardo et al. (2003) realizaram um trabalho de revisão de literatura no qual investigaram os aspectos psicossociais que envolvem as áreas da Gerontologia e Geriatria, onde tiveram o intuito de alertar o cirurgião-dentista ou outros profissionais, que lidam com a saúde e qualidade de vida do ser humano, a explorarem a complexidade que estas áreas representam. Afirmaram que a Odontogeriatria sugere a preparação de um profissional com um perfil sensível à integração das multidisciplinas (Sociologia, Antropologia, Psicologia, etc), para efetiva atuação em sua ação e assistência e fatores
  • 27. 27 biológicos como psicossociais que interferem na qualidade de vida do idoso. Afirmaram que é necessário buscar compreender o comportamento do idoso, a dinâmica social com a terceira idade e o processo de envelhecimento, tanto em seus aspectos saudáveis quanto nos principais distúrbios e transtornos mais frequentes. Sinalizaram a importância do reconhecimento do idoso e a busca de seu respeito, para promoção do bem-estar e qualidade de vida. Hebling (2003) relatou que o estudo e a compreensão dos processos de envelhecimento somente despertaram os profissionais de saúde, a partir da década de 60, quando as implicações do aumento da longevidade e do número de idosos na população mundial tornaram-se mais evidentes. Afirmou que a utilização de um critério meramente cronológico, representa uma situação limitada e inapropriada, considerando as pronunciadas diferenças existentes quanto às condições médicas de cada pessoa. Além disso, independentemente de seu tipo classificatório (cronológico da idade, autonomia de vida e relação de dependência), o paciente geriátrico tem sua importância no planejamento de ações preventivas e terapêuticas, pelo seu crescente aumento na população geral e pela inevitável passagem de todos os seres humanos para a senescência. O autor discutiu as seguintes implicações do processo de envelhecimento no planejamento de ações preventivas e curativas: a) a expectativa de vida e distribuição populacional; b) taxa de analfabetismo; c) o aumento nas populações em idade economicamente ativa (de 15 a 64 anos) em relação à não-ativa (crianças e idosos); d) o aumento da relação idoso/criança; e) a epidemiologia das doenças bucais em pacientes geriátricos; f) os padrões de saúde bucal; g) as alterações das funções bucais com o envelhecimento; h) as consequências anatômicas e funcionais do edentulismo. O autor alertou ainda que as ações curativas e preventivas no paciente geriátrico, devem levar em consideração algumas variáveis individuais: a) expectativas do paciente em relação ao
  • 28. 28 tratamento; b) capacidade financeira de custeio; c) condições sistêmicas; d) condições bucais; e) acesso ao serviço. Segundo o mesmo, as ações devem ser integradas com os demais profissionais de saúde, envolvidos no atendimento e na prevenção, tais como médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, nutricionistas, entre outros, bem como com seus cuidadores. As técnicas restauradoras e preventivas devem ser as mesmas empregadas em pacientes não adultos. As cirurgias não devem ser muito extensas, envolvendo preferencialmente de um a três dentes no máximo. As sessões de atendimento devem apresentar curta duração, como o paciente posicionado com a cadeira não totalmente na posição mais reclinada, para evitar a hipotensão postural, e as consultas de suporte (manutenção) devem ser agendadas após a terapia ativa, com intervalos de três a seis meses, conforme os riscos apresentados para cada paciente, visando manter e prevenir a saúde bucal. Concluiu afirmando que envelhecer e manter a qualidade de vida, com saúde geral e bucal, serão os grandes desafios a serem alcançados neste século e que tratar do idoso representará a manutenção e o aprimoramento da qualidade de vida dessas pessoas e um grande aprendizado para o envelhecimento. Souza et al. (2003) realizaram um estudo sobre a terceira idade na região sul fluminense do Estado do Rio de Janeiro, que teve como objetivo discutir a importância da inclusão da Odontogeriatria no currículo odontológico. Discutiram-se aspectos fisiológicos gerais do processo de envelhecimento, que ocorre na cavidade oral, e enfocaram as modificações da secreção salivar, a mudança da microbiota oral, a descamação do epitélio oral e a produção de saburra lingual (placa bacteriana que recobre a língua). Relataram que além de provocar a halitose oral, a saburra é habitat para bactérias cariogênicas e bactérias que causam a doença periodontal, que também se acumulam na placa bacteriana lingual. Alertaram que é necessário desenvolver estudos para o conhecimento ainda maior das necessidades de prevenção, higiene e cuidados que
  • 29. 29 devem ser dados aos indivíduos que estão envelhecendo, pois cuidar é mais que um ato; é uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilidade e de envolvimento afetivo com o outro. Neste caso, a inclusão da Odontogeriatria no currículo odontológico, enfatiza o cuidado da saúde bucal na população idosa, com atenção especial ao atendimento preventivo e curativo de idosos com doenças ou condições de caráter sistêmico e crônico, associados a problemas bioquímicos, fisiológicos, físicos ou psicológicos. Almeida et al. (2004) realizaram uma pesquisa qualitativa com 16 alunos da Faculdade de Odontologia de Araçatuba (UNESP), participantes de um Programa desenvolvido em 3 instituições de Amparo ao idoso do município de Araçatuba (SP). Para coleta de dados foi confeccionado um questionário com perguntas abertas, com o objetivo de identificar no aluno de odontologia, a sua percepção sobre a velhice e as causas que o levaram a participar do programa de atenção ao idoso. Os resultados relativos aos pensamentos e sentimentos dos estudantes no primeiro contato com os idosos, foram sintetizados em palavras-chaves como “abandono”, “solidão”, “tristeza”, "compaixão”, “medo”, “companhia”, “vida”, “carência”, “solidariedade”, “pena”, “saudade” e “reflexão”. A maioria dos entrevistados revelou que a velhice está relacionada ao desgaste biológico do corpo e à ação do tempo. Alertaram que a representação negativa que os alunos demonstraram ter da velhice, recebeu influência direta das representações que a cultura criou, ou seja, de desvalorização do velho, em função da saída do sistema de produção de riquezas materiais e reprodução. Afirmaram que a participação dos alunos no programa, foi fundamental para a construção de um novo paradigma da prática odontológica. Concluíram que uma maior atenção à saúde, deve ser encorajada tanto pelos serviços de saúde locais, como nas propostas de ensino pesquisa e extensão das universidades, para que realizem projetos em Educação em Saúde, e promovam a saúde dos idosos.
  • 30. 30 Moimaz et al. (2004) realizaram um estudo com o propósito de avaliar a eficácia da higienização no controle da placa bacteriana, de próteses totais superiores, em um grupo de idosos. Participaram da pesquisa oitenta indivíduos de um grupo de terceira idade do Município de Piacatu (SP). Foram efetuadas entrevistas por meio de questionários, procurando levantar o perfil de utilização de prótese total, e em um grupo de 43 indivíduos, fora determinado o índice de placa para a prótese total superior em dois tempos distintos. Do total de 80 participantes, 72 eram usuários de prótese total, ou seja 90% da população estudada; 47 (65,27%) utilizavam prótese total há mais de vinte anos; 32 (44,44%) nunca promoveram a substituição da prótese e 53 (73,61%) disseram não apresentar dificuldades quanto à higienização das mesmas. Os autores concluíram que houve uma redução da placa bacteriana nas próteses totais, e consequentemente maior eficácia na higienização das mesmas. Além disso, os mesmos afirmaram que mesmo com idades avançadas, indivíduos motivados, têm capacidade de aprender, necessitando apenas de incentivo e orientação. Munhoz (2005) realizou uma revisão de literatura, onde teve como objetivo conhecer a prevalência de edentulismo, o uso e necessidade de prótese e lesões de mucosa, mais frequentes nos idosos institucionalizados no Brasil. Os resultados relatados no estudo foram que a prevalência de edêntulos total (superior e inferior) variou entre 43,1 e 85,6%; o uso de prótese total variou entre 49,4 e 77,9% para o arco superior e 23,5 a 25% para o arco inferior; a necessidade de uso de prótese variou entre 64,2 a 79,2% para o arco inferior e entre 45,8 e 68,6% para o arco superior, e as alterações mais frequentes relatadas na mucosa do idoso institucionalizado, foram em maior número as hiperplasias fibrosas inflamatórias, estomatites protéticas, candidíases, queilite angular e em menor número foram as leucoplasias e carcinomas. Segundo a autora, há necessidade de mais pesquisas, para que se possa conhecer melhor as carências dos indivíduos idosos, com o
  • 31. 31 intuito de um melhor entendimento das suas necessidades. Além disso, advertiu que embora os resultados encontrados foram importantes, houve dificuldade na análise nos diferentes estudos, devido à falta de padronização dos critérios metodológicos, sugerindo que haja uma maior preocupação por parte dos pesquisadores neste sentido em novas pesquisas, e também como estas serão conduzidas. Para Neri (2005), o envelhecimento pode ser definido em termos biológicos e compreende os processos de transformação do organismo, que ocorrem após a maturação sexual, e que implicam a diminuição gradual da probabilidade de sobrevivência. Esses processos são de natureza interacional, iniciam-se em diferentes épocas e ritmos e acarretam resultados distintos para as diversas partes e funções do organismo. Além disso, há um limite para a longevidade, o qual é estabelecido por um programa genético que permitiria ao organismo suportar uma determinada quantidade de mutações. Esgotado esse limite, o organismo perece. Segundo a autora, existem dados de pesquisa mostrando que, embora as mudanças evolutivas que podem ser caracterizadas como perdas aumentem com o passar da idade, na velhice, podem ocorrer alterações classificáveis como ganhos. Contudo, as capacidades cuja manutenção e cujo aperfeiçoamento dependem de influências culturais, podem conservar-se e especializar- se, manifestando-se nos domínios profissional, do lazer, das artes ou do manejo das questões existenciais (sabedoria). Um princípio fundamental da psicologia do envelhecimento contemporânea, é que na velhice as pessoas conservam potenciais para o funcionamento e o desenvolvimento, os quais, no entanto, tendem a declinar nos anos mais tardios, quando as pessoas tornam-se mais vulneráveis e menos adaptáveis às alterações ambientais. Segundo Neri (2005), o termo Gerontologia foi usado pela primeira vez em 1903
  • 32. 32 por Metchicoff, sendo esta de origem grega em que “gero” significa velho e “logia” significa estudo. A mesma relatou que Metchicoff na ocasião previu que esse campo teria crescente importância no decorrer do século XX, em virtude dos ganhos em longevidade para os indivíduos e as populações, provocados pelos avanços das ciências naturais e da medicina. Já o termo Gerontologia social, afirmou a autora, foi usado pela primeira vez por Clark Tibbits em 1954 para descrever a área da Gerontologia que se ocupa do impacto das condições sociais e socioculturais, sobre o processo de envelhecimento e das consequências sociais desse processo. Em 1909, segundo a autora, o médico Nascher introduziu na literatura o neologismo Geriatria, para denotar o estudo clínico da velhice, por analogia com Pediatria, que é o estudo clínico da infância. O médico fundou a Sociedade de Geriatria de Nova Iorque em 1912 e publicou o livro “Geriatric” em 1914. Em 1917, o “The Medical Review of Reviews” criou uma sessão de Geriatria e convidou Nasser para editor. Hoje, ressaltou a autora, o campo da Geriatria compreende a prevenção e o manejo das doenças do envelhecimento. É uma especialidade em Medicina e também em Odontologia, Enfermagem e Fisioterapia, que se desenvolvem à medida que aumenta a população de adultos mais velhos e idosos, portadores de doenças crônicas e de doenças típicas da velhice, em virtude do aumento da longevidade desses segmentos populacionais. A autora realizou uma retrospectiva citando os principais marcos na evolução do campo da Gerontologia, iniciando no período de 1561-1626 e finalizando nos anos de 1980 e 1990. Concluiu citando os principais desafios da Gerontologia na atualidade, que são: a) pulverizar a pesquisa e as teorias; b) construir e testar os modelos explicativos; c) conciliar os conceitos de desenvolvimento e envelhecimento; d) conciliar os vários conceitos de idade e tempo; e) vencer os preconceitos dos próprios pesquisadores; f) descrever diferenças intra e interindividuais do envelhecimento; g) integrar a velhice no curso de vida.
  • 33. 33 Scelza et al. (2005) realizaram um trabalho na disciplina de Odontogeriatria da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense (FOUFF), com o objetivo de apresentar o atendimento que vem sendo realizado aos idosos. Os estudantes da instituição são levados, ao final do período, a ter uma visão geral do paciente, de acordo com o seguinte protocolo: consulta inicial, avaliação de saúde clínica, exame geral, anamnese, avaliação médica do paciente e conferir a pressão sangüinea. Além disso, também realizam avaliação de cáries dentais e doença periodontal (exame radiográfico periapical e panorâmica), tecidos de mucosa oral e glândulas, por meio da avaliação do fluxo salivar. Logo, as ajudas seguiram de acordo com o plano de tratamento determinado para cada paciente. Os autores informaram que antes de iniciar o planejamento do tratamento, que foi feito de acordo com as condições físicas e psíquicas do paciente, os alunos procediam a uma terapia básica que consistia em instruções de higiene oral, polimento coronário e aplicação de flúor. Quanto ao tipo de tratamento realizado, constatou-se que no período de 2003 a agôsto de 2005, a maior parte dos procedimentos recaiu na Periodontia e Dentística Restauradora. Com relação aos resultados, os autores concluíram que o protocolo desenvolvido promove uma mudança no perfil do futuro profissional, e uma boa satisfação dos pacientes por ter um tratamento diferenciado. Pinelli et al. (2005) avaliaram as doenças crônicas acometidas, bem como os medicamentos utilizados por idosos. Selecionaram 70 prontuários clínicos de pacientes de ambos os gêneros, com 60 anos ou mais. Elaboraram um formulário com dados referentes ao ano de atendimento, idade, gênero, história médica das doenças atuais e passadas e os medicamentos utilizados pelos pacientes. Os dados foram transcritos para o software epiinfo que permitiu realizar uma análise estatística descritiva. Nos resultados encontrados, dos 70 pacientes analisados, 40 (57,0%) eram do gênero feminino e 30 (43,0%) do masculino. Além disso, 74,3% dos pacientes tinham de 60 a 69 anos, 22,8%
  • 34. 34 de 70 a 79 anos e 2,9% 80 anos ou mais. Nesta pesquisa encontraram um total de 66,0% de pacientes com pelo menos uma doença crônica, sendo a hipertensão (38,0%) a patologia mais frequente. As doenças reumáticas foram patologias encontradas em 18% dos pacientes analisados. Afirmaram que as articulações das mãos podem ser comprometidas alterando o padrão de higiene bucal e consequentemente a condição bucal. Outra patologia prevalente encontrada no estudo foi a diabetes melito (12,0%) e alertaram que o cirurgião-dentista deve prestar especial atenção no seu aparecimento neste grupo etário. Dos medicamentos utilizados, os destinados a problemas do coração (48,0%) foram os mais usados. Concluíram que o conhecimento das principais patologias que acometem o indivíduo idoso, bem como interações medicamentosas e seus efeitos, são conhecimentos imprescindíveis para que o cirurgião-dentista possa realizar um atendimento seguro e eficiente do paciente geriatra. As doenças sistêmicas que mais acometeram os idosos analisados, foram as cardiocirculatórias, doenças reumáticas, alergias e diabetes melito e os medicamentos mais utilizados foram os destinados às alterações cardíacas. Tibério et al. (2005) avaliaram o estado e grau de necessidade de tratamento periodontal de 183 indivíduos com idade entre 60 e 94 anos (média de 75,6), provenientes do ambulatório de Geriatria da Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina, pelo índice Community Periodontal Index and Treatment Needs (CPITN). A porcentagem de desdentados foi de 55,74%, sendo 44% do gênero masculino e 60,15% do feminino. A presença de sangramento gengival e cálculo (60,49%) foi significativamente maior que a ausência de doença (2,47%); 27,16% apresentaram bolsas com profundidade de 4-5 mm, e 9,88%, bolsas maiores de 6 mm. O número médio de sextantes excluídos foi de 3,29%. Da totalidade do grupo, 80,25% necessitou de tratamento sob a forma de raspagem, acrescidos de intensificação dos cuidados de
  • 35. 35 higiene, e 9,88% (indivíduos com periodontite severa), de tratamento complexo. Os resultados encontrados pelo estudo, confirmaram a necessidade de atuação odontológica, preventiva e curativa, em indivíduos com 60 anos ou mais. Finalizaram o trabalho, afirmando que a educação em saúde bucal deve ser vista como fator prioritário, em qualquer população e, em especial, para população de risco, como a composta por indivíduos com 60 anos ou mais. Kaiser et al. (2006) realizaram um artigo de revisão de literatura onde tiveram como objetivo abordar os princípios básicos que podem reger o atendimento dos idosos, especialmente aqueles portadores de alguma deficiência (visual, auditiva, mental, ortopédica ou de fonação). Segundo os mesmos, apesar da necessidade de uma maior atenção à Odontogeriatria no Brasil, e tendo em vista o crescente aumento da população de idosos, a maioria das faculdades de odontologia não incluiu esta ciência em seus currículos. Além disso, a maioria dos profissionais encontra-se ainda despreparada para prestar um atendimento ideal à população de terceira idade, especialmente aos idosos portadores de deficiências. Concluíram o artigo alertando que: a) o crescimento da camada populacional denominada de “terceira idade”, tem tornado os conhecimentos em relação aos idosos, essenciais para os profissionais da área odontológica; b) o atendimento direcionado a esses pacientes, principalmente os que apresentam algum tipo de deficiência, apesar de ser ainda muito incipiente na Odontologia, já foi bastante estudado em outras áreas da saúde; c) a adequação dos conhecimentos já existentes à Odontologia e o próprio direcionamento dos estudos para a área da Odontogeriatria, tendem a melhorar os atendimentos e as perspectivas de saúde oral nessa faixa etária. Montandon et al. (2006) relataram que os caminhos e limites da Odontogeriatria, estão baseados nos princípios de integralidade de atendimento que norteiam a
  • 36. 36 Gerontologia, e têm buscado soluções para as necessidades das pessoas em processo de envelhecimento. Afirmaram que o atendimento do paciente idoso, necessita de um claro diferencial que vai desde o preparo do ambiente físico da clínica que facilite a locomoção com segurança, passando pelo transporte e manejo de pacientes com comprometimento físico, até a própria conduta de avaliação e atendimento. Os princípios de comunicação com o paciente idoso, devem prover adequada confiança no profissional, interação e acolhimento. A avaliação do paciente deve incluir dados da história sistêmica atual e passada, condições cognitivas, funcionais, estado de humor, autonomia, conhecimento da realidade em que vive e, finalmente a história odontológica, com as expectativas, necessidades e condições clínicas. Alertaram que o cirurgião-dentista, deve discernir as queixas relacionadas às transformações naturais do envelhecimento, daquelas referentes a processos patológicos. Além disso, é fundamental que o profissional avalie o grau de dependência e as atividades que são assistidas por um cuidador, guiando o processo de planejamento clínico e de educação em higiene bucal. Assim, o plano de tratamento odontológico deverá estar baseado nas condições físicas e sistêmicas do idoso, adaptado à sua realidade. Afirmaram que os estudos na área da Odontogeriatria, apontam a alta prevalência de edentulismo, cáries coronárias e radiculares, doenças periodontais, desgastes dentais, dores orofaciais, desordens têmporo-mandibulares, alterações oclusais, lesões de tecidos moles e hipossalivação. Em relação às alterações sistêmicas, relataram que o risco de endocardite, deve ser conhecido pelo profissional. Também, doenças reumatóides, como a artrose e a gota podem levar a limitações (incapacidades) e dificuldades básicas no processo de higiene bucal. Nestes casos, engrossar o cabo das escovas dentais e apertar o tubo do creme dental com as palmas das mãos, conferem importante ação multidisciplinar ao processo de higiene bucal do paciente funcionalmente comprometido. A escova elétrica pode ser
  • 37. 37 utilizada pelo paciente portador de artrite. Diante de um paciente com anemia ou hipossalivação, como na Síndrome de Sjögren, é importante que a escova dental tenha cerdas extramacias. No caso de pacientes com alterações demenciais, como a demência vascular e a doença de Alzheimer e de outras doenças debilitantes e progressivas como o Parkinson, o direcionamento da atenção odontológica deverá estar baseado na fase em que se encontra a doença, com o estabelecimento de uma rotina eficaz de cuidados que poderá incluir flúor, educação preventiva e a utilização de digluconato de clorexidina. Deve-se contar com o apoio de um cuidador, em pacientes que apresentem menor capacidade funcional ou cognitiva, para complementação da higiene com escova elétrica, dispositivos em "Y" para utilização do fio dental ou escovas interproximais e para realização do enxágüe (em caso de paciente acamado) com auxílio de seringa descartável e cuba do tipo "rim". O cirurgião-dentista deve também ser educador do cuidador, como no caso do ensinamento da higienização da mucosa desdentada com solução de digluconato de clorexidina a 0,12%, sem álcool e gaze, que deverá ser feita pelo cuidador. Rios (2006) realizou um levantamento das alterações bucais e sistêmicas, através de fichas clínicas avaliadas no período de janeiro a julho de 2005, de pacientes idosos, encaminhados à disciplina de Semiologia da Associação dos Cirurgiões Dentistas de Campinas (ACDC). O objetivo do levantamento foi de analisar os motivos de encaminhamento de pacientes da terceira idade, pelos cirurgiões-dentistas, para avaliação de um especialista em Estomatologia. Foram examinados 101 prontuários nesse período, considerando como idosos pacientes acima de 60 anos de idade. Os resultados apresentaram falhas dos cirurgiões-dentistas ao encaminharem pacientes idosos a centros de referência, indevidamente, por falta de conhecimentos anatômicos e falhas no diagnóstico oral. Além disso, o estudo mostrou a dificuldade da própria clínica
  • 38. 38 de referência, em obter informações do paciente quanto ao seu estado sistêmico e preenchimento incompleto dos prontuários pelos cirurgiões-dentistas. A autora relatou a evidente necessidade de planejamento em educação continuada, para os cirurgiões- dentistas (principalmente da rede pública), com o objetivo de qualificar o atendimento a esses pacientes, poupando-os. Finalizou o estudo afirmando que a Odontologia como ciência da saúde tem papel fundamental na prevenção, diagnóstico e tratamento das alterações fisiológicas naturais e patológicas a que estão submetidos os idosos, e dentro de um contexto interdisciplinar e multi-profissional, garantirem a estes pacientes, tratamentos seguros e precisos que possibilitem manutenção e sempre que possível melhora das condições de vida. Silva et al. (2007) realizaram uma revisão de literatura, com intuito de abordar as enfermidades que mais acometem os pacientes da terceira idade (desde as doenças crônicas até mesmo as doenças crônicas degenerativas). Foi realizada uma descrição quanto ao conceito e aos sinais e sintomas das enfermidades, observadas com maior frequência nos pacientes idosos, que foram as seguintes: depressão, perda da memória, estresse, aterosclerose, osteoporose, artrite reumatóide e desordem têmporo-mandibular, hipertensão arterial, doenças vasculares, doenças cardíacas, obesidade, diabetes mellitus, incontinência urinária, distúrbios auditivos e visuais, doença de Parkinson e a doença de Alzheimer. Baseado na revisão de literatura, os autores alertaram que não só os profissionais da saúde, bem como todos aqueles que lidam com os idosos de uma forma geral, devem ter a preocupação de tratá-los com maior atenção, paciência e perseverança, a ponto de minimizar as limitações que cada um apresenta. Finalizaram o estudo afirmando que os fatores que têm demonstrado de fundamental importância para a preservação da identidade psicológica do idoso, é o amor e o respeito ao seu mundo significativo.
  • 39. 39 4 DISCUSSÃO Nas últimas décadas, tem sido constatado um declínio nas taxas de natalidade e um aumento na expectativa de vida, com consequente crescimento da população idosa, graças ao desenvolvimento da ciência e de novas tecnologias, que tem como objetivo a melhora na qualidade de vida (Souza et al., 2001). E quanto mais longa a vida média da população, mais importante se torna o conceito de qualidade de vida, e a saúde bucal tem um papel relevante nisso. Saúde bucal comprometida pode afetar o nível nutricional e o bem-estar físico e mental e diminuir o prazer de uma vida social ativa (Barbosa et al., 2002). Envelhecer e manter a qualidade de vida, com saúde geral e bucal, serão os grandes desafios a serem alcançados neste século. Tratar do idoso representará a manutenção e o aprimoramento da qualidade de vida dessas pessoas e um grande aprendizado para o envelhecimento (Hebling, 2003). Entende-se por envelhecimento o fenômeno biopsicossocial que atinge o homem e sua existência na sociedade. Manifestando-se em todos os domínios da vida, inicia-se pelas células, passa aos tecidos e órgãos e termina nos processos extremamente complicados do pensamento (Vargas, 1983). Definido em termos biológicos, o envelhecimento compreende os processos de transformação do organismo que ocorrem após a maturação sexual e que implicam a diminuição gradual da probabilidade de sobrevivência. Esses processos são de natureza interacional, iniciam-se em diferentes épocas e ritmos e acarretam resultados distintos para as diversas partes e funções do organismo (Neri, 2005).
  • 40. 40 Segundo Fajardo et al. (2003), é necessário buscar compreender o comportamento do idoso, a dinâmica social com a terceira idade e o processo de envelhecimento, tanto em seus aspectos saudáveis quanto nos principais distúrbios e transtornos mais frequentes, pois a Odontogeriatria sugere a preparação de um profissional com um perfil sensível à integração das multidisciplinas (Sociologia, Antropologia, Psicologia, etc), para efetiva atuação em sua ação e assistência. O profissional necessita conscientizar-se de que o idoso não é simplesmente "mais um paciente" no consultório (Madeira et al., 2000) e, portanto, é imprescindível a utilização de um protocolo de atendimento diferenciado, com o intuito de se promover a satisfação dos pacientes (Scelza et al., 2005), já que o tratamento do paciente idoso difere do tratamento da população em geral, devido às mudanças fisiológicas durante o processo de envelhecimento natural, da presença de doenças sistêmicas crônicas e da alta incidência de deficiências físicas e mentais nesse segmento da população (Fajardo et al., 2003). Algumas doenças específicas associadas ao processo de envelhecimento e que exigem cuidados próprios são as doenças cardiovasculares, diabetes, osteoporose e doença de Alzheimer/demência. As doenças cardiovasculares e o tratamento médico dispensado a pacientes cardíacos podem levar a emergências durante o tratamento dentário. Controle constante da pressão arterial e da terapia com anticoagulantes é indispensável. Os pacientes diabéticos frequentemente apresentam doenças cardiovasculares e estão mais susceptíveis a processos infecciosos se a doença não esta sendo adequadamente controlada (Barbosa et al., 2002) e o diabetes também favorece o aparecimento da doença gengival, produz halitose e dificulta a cicatrização (Sequeira et al., 2001). A osteoporose pode levar à perda acentuada de osso alveolar e mais facilmente à fratura mandibular. Aqueles com doença de Alzheimer/demência podem apresentar diferentes níveis de dificuldade de comunicação e de comportamento (Barbosa
  • 41. 41 et al., 2002), são casos típicos de pacientes que precisam de tratamentos em casa (Carvalho, 2002), onde o direcionamento da atenção odontológica deve ser baseado na fase em que se encontra a doença com o estabelecimento de uma rotina eficaz de cuidados que poderá incluir flúor, educação preventiva e a utilização de digluconato de clorexidina. (Montandon et al., 2006). Os pacientes idosos ainda podem estar sujeitos a outras complicações próprias da terceira idade, como a depressão, perda da memória, estresse, aterosclerose, hipertensão arterial, obesidade, incontinência urinária, doença de Parkinson (Silva et al., 2007), alergias e doenças reumáticas (Pinelli et al., 2005). A higienização bucal pode se tornar difícil para os pacientes com artrite e outras doenças reumáticas deformantes (Barbosa et al., 2002), como a artrose e a gota (Montandon et al., 2006). Nestes casos, o engrossar o cabo das escovas dentais e o apertar o tubo do creme dental com as palmas das mãos, conferem importante ação multidisciplinar ao processo de higiene bucal do paciente, funcionalmente comprometido. A escova elétrica pode ser utilizada pelo paciente portador de artrite, embora a escova manual utilizada com movimentos circulares e suaves permita maior estímulo articular (Montandon et al., 2006). Vale mencionar também que o risco de endocardite, pneumonia por aspiração e de disseminação de infecções, deve ser conhecido assim como a rotina eficaz de cuidados (Montandon et al., 2006). Além disso, muitos idosos têm medo do cirurgião-dentista, muitos têm a mobilidade comprometida e dependem de cadeiras de rodas, bengalas, apoio de terceiros para caminhar, ou simplesmente não andam mais. Possuem problemas médicos variados (visão, audição, etc) ou instabilidade de postura, que os impossibilitam de deitar na cadeira odontológica ou levantar dela (Sequeira et al., 2001). Isso tudo deve ser levado em consideração, uma vez que grande parte dos idosos encontra-se totalmente dependente (Carvalho, 2002), e foi constatado que o paciente geriátrico que possui algum
  • 42. 42 grau de dependência, tem uma deficiência na higiene oral, sendo isso representado como o mais sério problema de saúde bucal (Mello et al., 2000). Na área da Odontogeriatria, os estudos apontam uma alta prevalência de edentulismo, cáries coronárias e radiculares, doenças periodontais, desgastes dentais, dores orofaciais, desordens têmporo-mandibulares, alterações oclusais, hipossalivação e lesões de tecidos moles (Montandon et al., 2006). E isto também deve ser levado em consideração quando do atendimento ao idoso, como por exemplo a perda da dentição que influi sobre a mastigação, digestão, gustação, pronúncia, aspecto estético e predispõe a doenças geriátricas (Moriguchi, 1990). Um fato importante que deve ser mencionado, é que diante de um paciente com anemia ou hipossalivação, como na Síndrome de Sjögren, é importante que a escova dental tenha cerdas extramacias para menor risco de lesão do tecido gengival (Montandon et al., 2006). No que se refere a lesões de mucosas, em um estudo de revisão de literatura, as lesões mais frequentes em idosos institucionalizados relatadas foram as seguintes: hiperplasias fibrosas inflamatórias, estomatites, candidíases, queilite angular (associadas ao uso de próteses), presença de extensas hiperplasias de palato (causadas pelo uso de prótese total superior com câmara de sucção), e em menor número foram relatados leucoplasias e carcinomas (Munhoz, 2005). Vale mencionar que é essencial a realização de avaliações periódicas dos tecidos moles da boca e próteses (Munhoz, 2005), pois é importante a atuação odontológica preventiva e curativa em indivíduos com 60 anos ou mais (Tiberio et al., 2005). As ações devem ser integradas com os demais profissionais de saúde, envolvidos no atendimento e na prevenção, como médicos, enfermeiras, fisioterapeutas e nutricionistas, entre outros, bem como com seus cuidadores (Hebling, 2003). Então, a Odontologia como ciência da
  • 43. 43 saúde, tem papel fundamental na prevenção, diagnóstico e tratamento das alterações fisiológicas naturais e patológicas a que estão submetidos os idosos, e dentro de um contexto interdisciplinar e multiprofissional, garantirem a estes pacientes tratamentos seguros e precisos que possibilitem manutenção e sempre que possível melhora das condições de vida (Rios, 2006). Mas, há necessidade de uma maior atenção à Odontogeriatria no Brasil, pois a maioria das faculdades de Odontologia não incluiu esta ciência em seus currículos (Kaiser et al., 2006) e isto não deveria estar ocorrendo, porque a inclusão desta ciência enfatiza o cuidado da saúde bucal na população idosa, com atenção especial ao atendimento preventivo e curativo de idosos com doenças ou condições de caráter sistêmico e crônico associados a problemas bioquímicos, fisiológicos, físicos ou psicológicos (Souza et al., 2003). As cáries, doenças periodontais, problemas endodônticos, xerostomia, próteses mal adaptadas e outras lesões são passíveis de tratamento e prevenção (Madeira et al., 2000) e as atividades preventivas reduzem o risco de enfermidades bucais (Brondani, 2002). Em um estudo onde analisaram-se algumas atividades preventivas educacionais odontogeriátricas, com o intuito de verificar sua eficácia, foi verificado que: a) as instruções de higiene, cuidados com dentes/próteses e a aprendizagem devem ser uma constante; b) a sensibilização e a motivação para o aprendizado devem ser uma preocupação incessante no contexto ensinoaprendizagem; c) a manutenção para uma modificação comportamental educacional, deve ser feita com atividades constantes e diversificadas (verbal, demonstrativa) para que o indivíduo se sensibilize e se motive a aprender. Além disso, no estudo afirmou-se que é importante observar: a) o conteúdo do
  • 44. 44 que se quer ensinar (informações básicas, técnicas adequadas e de fácil aprendizagem, qualidade e quantidade da informação); b) a maneira (escrita, verbal, explicativa, audiovisual, adequação de linguagem, demonstração prática); c) frequência (deve-se observar a motivação e interesse de cada um, sem sobrecarregar); d) público alvo (diversidades culturais, sociais e econômicas, limitações físicas para o desenvolvimento de atividades) (Brondani, 2002). Quando da elaboração de atividades preventivas educacionais odontogeriátricas, o profissional deve conscientizar-se de que o conhecimento por si só não é capaz de modificar hábitos (Melo et al., 2001). É fundamental a utilização de meios corretos de higienização (Souza et al., 2001) e também a realização da motivação, pois embora com idades avançadas, indivíduos motivados têm capacidade de aprender, necessitando apenas de incentivo e orientação (Moimaz et al., 2004). Como medidas de orientação podem ser realizadas aquelas relacionadas quanto à limpeza regular diária dos dentes, as orientações quanto ao controle da dieta e orientações visando o fortalecimento da superfície dentária (através do uso do flúor) (Pucca Júnior, 1996). Mas o primeiro passo na elaboração destas atividades deve ser o entendimento de como o paciente geriátrico percebe sua condição bucal (Silva et al., 2001).
  • 45. 45 5 CONCLUSÃO É importante a inclusão da Odontogeriatria nos currículos das faculdades, uma vez que com o aumento do número de indivíduos nesta faixa etária, uma maior demanda de serviços odontológicos serão requisitados nos próximos anos. O cirurgião-dentista deve ser um profissional sensível, que domine várias disciplinas da ciência e deve garantir um atendimento diferenciado e individualizado. A importância da prevenção das doenças orais, e especialmente os cuidados com a dentição, devem ser cultivados até na terceira idade, pois contribuem em muito para uma maior longevidade e principalmente na qualidade de vida do idoso. E neste aspecto, as atividades preventivas educacionais odontogeriátricas são imprescindíveis e devem ser realizadas frequentemente.
  • 46. 46 REFERÊNCIAS1 Almeida MEL, Moimaz SAS, Garbin CAS, Saliba NA. Um olhar sobre o idoso: estamos preparados ? Rev Fac Odonto 2004 jul; 45(1):64-8. Barbosa AF, Barbosa AB. Odontologia geriátrica: perspectivas atuais. JBC j bras clin odontol integr 2002 maio-jun; 6(33):231-4. Brondani MA. Educação preventiva em odontogeriatria - mais que uma necessidade, uma realidade. Rev odonto ciênc 2002 jan-mar; 17(35):57-61. Carvalho C. Odontologia domiciliar. Rev bras odontol 2002 mar-abr; 59(2):108-11. Fajardo RS, Grecco P. O que o cirurgião-dentista precisa saber para compreender seu paciente geriátrico – parte I: aspectos psicossociais. JBC j bras clin odontol integr 2003 jul-ago; 7(40):324-330. Hebling E. Prevenção em odontogeriatria. In: Pereira AC. Odontologia em saúde coletiva. Porto Alegre: Artmed, 2003. p. 426-37. Kaiser OB, Bonachela WC, Hamata MM, Kaizer R de OF. Como entender o tratamento odontológico de idosos com deficiências. JBG J Bras Odonto 2006 jan-mar; 2(4):8-19. Madeira AA, Madeira L. O paciente geriátrico e a complexidade de seu atendimento. Rev brasil odontol 2000 nov-dez; 57(6):350-1. Mello ALSF de, Padilha DMP. Instituições geriátricas e negligência odontológica. Rev Fac Odontol Porto Alegre 2000 jul; 41(1): 44-8. Melo NSFO, Seto EPS, Germann ER da. Medidas de higiene oral empregadas por pacientes da terceira idade. Pesq Bras Odontoped Clin Integr 2001 set-dez; 1(3): 42-50. Moimaz SAS, Santos CLV, Pizzatto E, Garbin CAS, Saliba NA. Perfil de utilização de próteses totais em idosos e avaliação da eficácia de sua higienização. Ciênc Odontol Bras 2004 jul-set; 7(3):72-8. Montandon AAB, Rosell FL. Odontogeriatria: reaprendendo o atender e o cuidar. In: Sá JLM , Panhoca I, Pacheco JL. Na intimidade da velhice. Holambra: Editora Setembro, 2006. p. 111-122. Moriguchi Y. Aspectos geriátricos no atendimento odontológico. Rev odonto ciênc 1990 jun;5(9):117-23. Munhoz MAC. Perfil da saúde bucal do idoso institucionalizado no Brasil [monografia]. Campinas: Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic; 2005. 1 De acordo com o Manual de Normalização para Monografias da Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic, baseado no estilo Vancouver de 2006, e abreviatura dos títulos de periódicos em conformidade com o Index Medicus.
  • 47. 47 Neri, AL. Envelhecimento. In: Neri AL. Palavras-chave em gerontologia. 2a ed. Campinas: Alínea; 2005. p. 68-70. Neri AL. Gerontologia/gerontologia social/geriatria. In: Neri AL. Palavras-chave em gerontologia. 2a ed. Campinas: Alínea; 2005. p. 95-103. Pinelli LAP, Montandon AAB, Boschi A, Fais LMG. Prevalência de doenças crônicas em pacientes geriátricos. Rev odonto ciênc 2005 jan-mar; 20(47): 69-74. Pucca Júnior GA. Saúde bucal do idoso: aspectos sociais e preventivos. In: Papaléo Netto M. Gerontologia - A velhice e o envelhecimento em visão globalizada. São Paulo: Editora Atheneu, 1996.p.297-310. Rios LR. Distúrbios bucais na terceira idade [monografia]. Campinas: Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic; 2006. Scelza MFZ, Almeida Jr LR, Costa RF, Hermano C, Costa CA. A odontogeriatria na Universidade Federal Fluminense: um atendimento diferenciado. J Brasil Odontogeriatria 2005; 1(2/3):40-3. Sequeira É, Neves DM, Brunetti RF, Luz DT, Brunetti FL. Odontogeriatria: a especialidade do futuro. Rev ABO nac 2001 abr-mai; 9(2):72-8. Silva EMM da, Gallo AKG, Santos DM dos, Barão VAR, Júnior ACF. Enfermidades do paciente idoso. Pesq Bras Odontoped Clin Integr 2007 jan-abr; 7(1):83-88. Silva SRC, Fernandes AC. Autopercepção das condições de saúde bucal por idosos. Rev Saúde Pública 2001 ago; 35(4): 349-55. Souza MR, Genestra M. A terceira idade na região sul fluminense do Estado do Rio de Janeiro e a importância da inclusão da odontogeriatria no currículo odontológico. Odontol clín-cient set-dez 2003; 2(3): 217-223. Souza VMS, Pagani C, Jorge ALC. Odontogeriatria: sugestão de um programa de prevenção. Pós-grad Rev Fac Odontol 2001 jan-abr; 4(1):56-62. Tibério D, Santos MTBR dos, Ramos LR. Estado periodontal e necessidade de tratamento em idosos. Rev Assoc Paul Cir Dent 2005 jan-fev; 59(1):69-72. Vargas HS. Velhice e envelhecimento. In: Vargas HS. Psicologia do envelhecimento. São Paulo: Fundo Editorial BYK - PROCIENX; 1983. p. 17-28.v