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A ENTRADA DA RECKITT BENCKISER NO MERCADO DE OTC NO BRASIL
Preparado pelos Professores Antonio Carlos Bonassa e Paulo Roberto Domingues de Faria, da ESPM-SP. 
Recomendado para as disciplinas de: Estratégia Empresarial, Marketing e Estratégia de Produto. 
Este caso foi escrito a partir das informações repassadas pela empresa Reckitt Benckiser, pela experiência dos professores e também pelas fontes mencionadas no tópico “Referências”. Não é intenção dos autores avaliar o movimento estratégico do setor e da empresa mencionada. Este texto é destinado, exclusivamente, ao estudo e à discussão acadêmica, sendo vedada sua utilização ou reprodução em qualquer outra forma. A violação aos direitos autorais sujeitará o infrator às penalidades da Lei. Direitos reservados ESPM. 
Agosto 2014 
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A ENTRADA DA RECKITT BENCKISER NO MERCADO DE OTC NO BRASIL
|| CCeennttrraall ddee CCaasseess 3 
RESUMO 
O caso expõe a estratégia global da Reckitt Benckiser. A empresa prioriza seus investimentos 
em mercados globais, com foco nos países emergentes, e também na oferta de produtos com 
potencial de alcance de elevadas margens de rentabilidade. O texto apresenta a estratégia 
de entrada da empresa no mercado de OTC no País, apresentando os fatores que levaram a 
Reckitt Benckiser a escolher Gaviscon para ser o primeiro produto neste segmento. Por último, 
são retratadas as principais fases envolvidas no lançamento do Gaviscon. 
PALAVRAS-CHAVE 
Mercados globais; Estratégia Corporativa Internacional; Lançamento Gaviscon.
| Central de Cases 4 
1. Mercados globais......................................................................................................... 5 
2. A estratégia Reckitt Benckiser – RB........................................................................ 5 
3. Entrada no mercado de OTC no Brasil.................................................................. 6 
4. O mercado brasileiro de antiácidos....................................................................... 7 
5. O lançamento do Gaviscon...................................................................................... 7 
6. Questões estratégicas...............................................................................................10 
7. Referências...................................................................................................................10 
SUMÁRIO
| Central de Cases 5 
Mercados globais 
A globalização envolve uma maior integração econômica, social, cultural e política dos merca-dos. 
Uma de suas características relevantes é a existência de companhias multinacionais, que 
são empresas que têm início de suas operações em um país, mas se expandem e se instalam 
em outros mercados, às vezes em diversos continentes. 
Há algumas décadas, a maioria dessas companhias era proveniente dos países desenvolvidos. 
Entre as companhias globais que se enquadram nesta situação se encontram empresas como Coca- 
-Cola, IBM, Nestlé, Volkswagem, Unilever e Sony. Nas últimas décadas, porém, empresas provenien-tes 
de países emergentes também passaram a apostar suas fichas na conquista de mercados globais 
para seus produtos e serviços. Apenas como exemplo, entre as empresas brasileiras que têm desen-volvido 
uma estratégia global incluem-se companhias como Embraer, BR Foods, Vale e Gerdau. 
Existem vários motivos que levam as empresas a expandir suas operações para outros mercados. 
O principal deles é a busca pela expansão do mercado consumidor. De forma geral, mercados globais 
ampliam volumes para produtos e serviços competitivos. Maiores volumes também possibilitam o 
alcance de economias de escala de produção, viabilizando a conquista de maior competitividade 
pela empresa, consequentemente permitindo a conquista de resultados financeiros superiores. 
A estratégia Reckitt Benckiser – RB 
A RB é uma empresa verdadeiramente global. Trata-se da líder mundial nos segmentos de lim-peza, 
higiene pessoal e cuidados com a saúde. Os produtos da empresa são comercializados 
em mais de 200 países, contando com escritórios e fábricas em mais de 60 países. A figura 1 
abaixo apresenta os pilares da estratégia global da empresa1: 
A RB se concentra em produtos que tenham potencial para obtenção de elevadas mar-gens 
de lucratividade. Para esses produtos, a empresa desenvolve um grande portfólio de 
marcas líderes que atende aos consumidores em diversos mercados globais. Entre essas 
marcas globais incluem-se Vanish, Harpic e Durex. 
Contando com produtos rentáveis e marcas fortes, o próximo pilar da estratégia da empresa 
é o geográfico. A companhia visa distribuir esses produtos rentáveis em um maior número de 
mercados, com atenção especial aos países emergentes. O desenvolvimento desses mercados 
constitui a principal prioridade da empresa para a locação de recursos de investimento. 
(1) Fonte: 
Adaptação do 
autor de material 
repassado pela 
empresa
| Central de Cases 6 
A figura 2 apresenta os blocos de mercados abordados pela empresa2: 
Em suma, a estratégia global da RB está centrada nos seguintes elementos: 
• Produtos inovadores que contribuam com a qualidade de vida dos clientes. Esses 
produtos devem ter potencial para alcançar elevada margem de lucro. 
• Fortalecimento de marcas para facilitar a distribuição desses produtos. 
• Distribuição nos mercados globais, com ênfase nos mercados emergentes. 
A RB define sua estratégia global da seguinte maneira: 
“A estratégia global é dividida em dois pilares: um deles é geográfico, com foco 
em países emergentes; o outro é a prioridade da empresa em marcas que apresentem 
alta lucratividade. A empresa conseguiu estabelecer-se dentro desses pilares através 
de aquisições estratégicas realizadas ao longo dos anos”. 
Entrada no mercado de OTC no Brasil 
O termo “OTC” vem do idioma inglês e significa“over the counter”, ou seja, “sobre o balcão”. 
Este termo refere-se aos medicamentos que podem ser comercializados sem a necessidade 
de prescrição médica. Em função de sua estratégia de atuação, com forte ênfase na expansão 
dos mercados emergentes, a RB percebeu o mercado brasileiro como grande oportunidade 
para expansão de suas marcas e produtos no segmento OTC. 
De fato, a empresa já possuía relevante participação no segmento OTC em outros países, 
sendo que essa divisão representa 25% de seus negócios globais. Assim, a companhia tinha 
disponibilidade de produtos competitivos e marcas fortes. 
Com o crescimento econômico verificado no mercado brasileiro na última década, aliado à expe-riência 
de atuação da RB com outros produtos no País, a empresa decidiu pelo lançamento de produ-tos 
OTC no mercado brasileiro. Para a empresa, a oportunidade no mercado de OTC no País era clara: 
“Como potência no mercado de OTC no mundo, a RB já olhava o Brasil como um dos 
principais pilares de expansão de suas marcas. A ideia era simples – registrar os produtos 
globais no País e lançá-los. Para isso, entender o mundo regulatório foi fundamental, dado 
que um registro de produto demora em média 18 meses.” 
(2) Fonte: Material 
repassado pela 
empresa
| Central de Cases 7 
O mercado brasileiro de antiácidos 
O mercado de antiácidos é muito acirrado no País, com muitos produtos competindo pela 
preferência do consumidor. Entre os produtos que competem no mercado de antiácidos in-cluem- 
se Sonrisal, Eno, Estomazil, Plazil enzimático, Epocler, Omeprazol e Mylantaplus, entre 
outros. De todos esses produtos, o Sonrisal e o Eno estão consideravelmente acima dos outros 
concorrentes em volume de vendas e em lembrança pelos consumidores. 
No ano de 2009, o mercado alcançou faturamento de R$ 265 milhões, com crescimento 
médio acumulado de 9% ao ano desde 2005, conforme abaixo na figura 33: 
O lançamento do Gaviscon 
A entrada da RB no mercado de OTC no País ocorreu com o medicamento Gaviscon, 
produto líder em vendas na Europa na categoria de gastrointestinais. O medicamento 
é recomendado para tratamento de azia, refluxo, queimação e indigestão. A figura 4, a 
seguir, apresenta a imagem do produto4: 
Havia dois motivos básicos para a escolha do Gaviscon como o primeiro produto de OTC 
oferecido pela empresa no mercado brasileiro. O primeiro era o grande potencial de merca-do. 
Pesquisas indicavam forte incidência de azia na população brasileira (25% das pessoas 
participantes da pesquisa indicavam ter sofrido de azia no mês anterior). Essa frequência se 
mostrava bastante elevada, comparada com outros mercados globais. 
(3) Fonte: PMB 
IMS Value 
- Material 
repassado pela 
empresa 
(4) Fonte: Material 
repassado pela 
empresa
| Central de Cases 8 
O segundo aspecto para o lançamento do Gaviscon era a forma como os consumidores bra-sileiros 
tratam os sintomas dessas doenças. No Brasil, a forma mais comum de tratamento é 
através da compra de remédios OTC. Na verdade, mais da metade dos brasileiros pesquisados 
nunca tinham visitado um médico para se tratar desses sintomas. 
Em suma, os seguintes aspectos foram observados nas pesquisas: 
• A incidência de problemas de azia, refluxo, queimação e indigestão é elevada no 
mercado brasileiro. 
• Para tratamento desses problemas, os clientes raramente visitam um médico. A forma 
convencional de tratamento é através da compra de um produto OTC, sem receita médica. 
• Os pacientes que buscam um produto de OTC não levam muito a sério a recomendação 
do vendedor na escolha desse produto. 
• Aqueles pacientes que visitam um médico para tratamento dessas doenças levam 
muito a sério a recomendação médica para decisão do produto a ser utilizado. 
Dessa forma, a empresa percebeu a oportunidade de lançar esse produto no mercado 
brasileiro concentrando seus esforços no desenvolvimento de uma atividade que faz parte da 
estratégia normal da empresa, a criação de uma marca forte para o produto. 
A empresa também observou a necessidade de estabelecer ações com a classe profis-sional 
de médicos, uma vez que a indicação dos mesmos era muito relevante para aqueles 
pacientes que visitaram esses profissionais. 
Se a oportunidade comercial era clara para a empresa, os desafios potenciais também 
eram relevantes. No segmento de OTC é mais demorado para conseguir aprovação governa-mental 
de venda e ganhar reconhecimento de marca no mercado. Para superar esses desafios, 
inicialmente a RB teve que se estruturar para atender às exigências dos órgãos reguladores. 
Em média, o registro de um produto como o Gaviscon demora 18 meses. A primeira 
etapa vencida foi o registro da empresa como importadora de medicamentos. Para isso, a 
RB implantou uma doca logística, seguindo os padrões requeridos pela Agência Nacional 
de Vigilância Sanitária – ANVISA. Vencidas as fases burocráticas, o produto foi registrado e 
autorizado para comercialização no quarto semestre de 2009. O lançamento do produto no 
mercado brasileiro foi realizado no ano de 2010. 
A figura 5, abaixo, apresenta o rótulo do produto5: 
A estratégia de lançamento contou com um plano especial de visitas às drogarias pelos repre-sentantes 
comerciais da RB. Nesse plano, inicialmente, foram selecionados os Estados que seriam 
impactados para a ação de lançamento, tendo sido selecionados 12 Estados. A próxima fase foi 
a classificação das drogarias desses Estados em seis níveis, com foco no potencial de comercia-lização 
do Gaviscon. Os estabelecimentos mais estratégicos eram visitados duas vezes por mês, 
enquanto os demais estabelecimentos recebiam apenas uma visita dos representantes. 
(5) Fonte: Material 
repassado pela 
empresa
| Central de Cases 9 
Ao todo, 2.500 drogarias receberam displays do produto, conforme a figura 6, abaixo6: 
Além disso, a empresa adquiriu relatórios de informações sobre a prática de prescrição mé-dica. 
Nesses relatórios foi possível observar que os cardiologistas faziam parte da especialida-de 
médica com maior índice de prescrição, superior a outras especialidades, como médicos es-pecializados 
em gastrologia e obstetras. Para esses cardiologistas, um plano especial de visitas 
regulares também foi posto em prática. 
Por último, a RB desenvolveu uma série de matérias promocionais e incrementou os in-vestimentos 
em campanhas publicitárias. Em entrevista concedida à revista Isto É Dinheiro, 
publicada em 6 de setembro de 2012, o executivo Frederic Morlie, presidente da RB no Brasil, 
informa que os investimentos em campanha publicitária não devem diminuir no futuro próxi-mo, 
uma vez que a empresa começou a vender os medicamentos OTC. Ele complementa que 
a companhia busca ter cinco marcas fortes de OTC em até três anos. 
(6) Fonte: Material 
repassado pela 
empresa
| Central de Cases 10 
Questões estratégicas: 
1. A RB é uma companhia global. Que fatores levam essa empresa a priorizar seus investimentos nos 
mercados emergentes? 
2. A entrada da RB no mercado de OTC no País ocorreu com o produto Gaviscon. Que 
motivos levaram a empresa a escolher esse produto para entrada neste importante 
segmento de mercado? 
3. O mercado de OTC envolve medicamentos que podem ser comercializados sem a necessida-de 
de prescrição médica. A RB adotou uma série de medidas promocionais para lançamento 
do Gaviscon. Se a empresa tivesse lançado um medicamento que exigisse prescrição médica, 
que sugestões de ações promocionais você recomendaria para a empresa? 
Referências 
Este caso foi desenvolvido inteiramente com base em informações repassadas pela empre-sa, 
bem como em informações divulgadas em reportagem pela Revista “Isto É Dinheiro”, 
publicada em 6/9/2012.

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RB lança Gaviscon no Brasil

  • 1. www.espm.br/centraldecases A ENTRADA DA RECKITT BENCKISER NO MERCADO DE OTC NO BRASIL
  • 2. Preparado pelos Professores Antonio Carlos Bonassa e Paulo Roberto Domingues de Faria, da ESPM-SP. Recomendado para as disciplinas de: Estratégia Empresarial, Marketing e Estratégia de Produto. Este caso foi escrito a partir das informações repassadas pela empresa Reckitt Benckiser, pela experiência dos professores e também pelas fontes mencionadas no tópico “Referências”. Não é intenção dos autores avaliar o movimento estratégico do setor e da empresa mencionada. Este texto é destinado, exclusivamente, ao estudo e à discussão acadêmica, sendo vedada sua utilização ou reprodução em qualquer outra forma. A violação aos direitos autorais sujeitará o infrator às penalidades da Lei. Direitos reservados ESPM. Agosto 2014 www.espm.br/centraldecases A ENTRADA DA RECKITT BENCKISER NO MERCADO DE OTC NO BRASIL
  • 3. || CCeennttrraall ddee CCaasseess 3 RESUMO O caso expõe a estratégia global da Reckitt Benckiser. A empresa prioriza seus investimentos em mercados globais, com foco nos países emergentes, e também na oferta de produtos com potencial de alcance de elevadas margens de rentabilidade. O texto apresenta a estratégia de entrada da empresa no mercado de OTC no País, apresentando os fatores que levaram a Reckitt Benckiser a escolher Gaviscon para ser o primeiro produto neste segmento. Por último, são retratadas as principais fases envolvidas no lançamento do Gaviscon. PALAVRAS-CHAVE Mercados globais; Estratégia Corporativa Internacional; Lançamento Gaviscon.
  • 4. | Central de Cases 4 1. Mercados globais......................................................................................................... 5 2. A estratégia Reckitt Benckiser – RB........................................................................ 5 3. Entrada no mercado de OTC no Brasil.................................................................. 6 4. O mercado brasileiro de antiácidos....................................................................... 7 5. O lançamento do Gaviscon...................................................................................... 7 6. Questões estratégicas...............................................................................................10 7. Referências...................................................................................................................10 SUMÁRIO
  • 5. | Central de Cases 5 Mercados globais A globalização envolve uma maior integração econômica, social, cultural e política dos merca-dos. Uma de suas características relevantes é a existência de companhias multinacionais, que são empresas que têm início de suas operações em um país, mas se expandem e se instalam em outros mercados, às vezes em diversos continentes. Há algumas décadas, a maioria dessas companhias era proveniente dos países desenvolvidos. Entre as companhias globais que se enquadram nesta situação se encontram empresas como Coca- -Cola, IBM, Nestlé, Volkswagem, Unilever e Sony. Nas últimas décadas, porém, empresas provenien-tes de países emergentes também passaram a apostar suas fichas na conquista de mercados globais para seus produtos e serviços. Apenas como exemplo, entre as empresas brasileiras que têm desen-volvido uma estratégia global incluem-se companhias como Embraer, BR Foods, Vale e Gerdau. Existem vários motivos que levam as empresas a expandir suas operações para outros mercados. O principal deles é a busca pela expansão do mercado consumidor. De forma geral, mercados globais ampliam volumes para produtos e serviços competitivos. Maiores volumes também possibilitam o alcance de economias de escala de produção, viabilizando a conquista de maior competitividade pela empresa, consequentemente permitindo a conquista de resultados financeiros superiores. A estratégia Reckitt Benckiser – RB A RB é uma empresa verdadeiramente global. Trata-se da líder mundial nos segmentos de lim-peza, higiene pessoal e cuidados com a saúde. Os produtos da empresa são comercializados em mais de 200 países, contando com escritórios e fábricas em mais de 60 países. A figura 1 abaixo apresenta os pilares da estratégia global da empresa1: A RB se concentra em produtos que tenham potencial para obtenção de elevadas mar-gens de lucratividade. Para esses produtos, a empresa desenvolve um grande portfólio de marcas líderes que atende aos consumidores em diversos mercados globais. Entre essas marcas globais incluem-se Vanish, Harpic e Durex. Contando com produtos rentáveis e marcas fortes, o próximo pilar da estratégia da empresa é o geográfico. A companhia visa distribuir esses produtos rentáveis em um maior número de mercados, com atenção especial aos países emergentes. O desenvolvimento desses mercados constitui a principal prioridade da empresa para a locação de recursos de investimento. (1) Fonte: Adaptação do autor de material repassado pela empresa
  • 6. | Central de Cases 6 A figura 2 apresenta os blocos de mercados abordados pela empresa2: Em suma, a estratégia global da RB está centrada nos seguintes elementos: • Produtos inovadores que contribuam com a qualidade de vida dos clientes. Esses produtos devem ter potencial para alcançar elevada margem de lucro. • Fortalecimento de marcas para facilitar a distribuição desses produtos. • Distribuição nos mercados globais, com ênfase nos mercados emergentes. A RB define sua estratégia global da seguinte maneira: “A estratégia global é dividida em dois pilares: um deles é geográfico, com foco em países emergentes; o outro é a prioridade da empresa em marcas que apresentem alta lucratividade. A empresa conseguiu estabelecer-se dentro desses pilares através de aquisições estratégicas realizadas ao longo dos anos”. Entrada no mercado de OTC no Brasil O termo “OTC” vem do idioma inglês e significa“over the counter”, ou seja, “sobre o balcão”. Este termo refere-se aos medicamentos que podem ser comercializados sem a necessidade de prescrição médica. Em função de sua estratégia de atuação, com forte ênfase na expansão dos mercados emergentes, a RB percebeu o mercado brasileiro como grande oportunidade para expansão de suas marcas e produtos no segmento OTC. De fato, a empresa já possuía relevante participação no segmento OTC em outros países, sendo que essa divisão representa 25% de seus negócios globais. Assim, a companhia tinha disponibilidade de produtos competitivos e marcas fortes. Com o crescimento econômico verificado no mercado brasileiro na última década, aliado à expe-riência de atuação da RB com outros produtos no País, a empresa decidiu pelo lançamento de produ-tos OTC no mercado brasileiro. Para a empresa, a oportunidade no mercado de OTC no País era clara: “Como potência no mercado de OTC no mundo, a RB já olhava o Brasil como um dos principais pilares de expansão de suas marcas. A ideia era simples – registrar os produtos globais no País e lançá-los. Para isso, entender o mundo regulatório foi fundamental, dado que um registro de produto demora em média 18 meses.” (2) Fonte: Material repassado pela empresa
  • 7. | Central de Cases 7 O mercado brasileiro de antiácidos O mercado de antiácidos é muito acirrado no País, com muitos produtos competindo pela preferência do consumidor. Entre os produtos que competem no mercado de antiácidos in-cluem- se Sonrisal, Eno, Estomazil, Plazil enzimático, Epocler, Omeprazol e Mylantaplus, entre outros. De todos esses produtos, o Sonrisal e o Eno estão consideravelmente acima dos outros concorrentes em volume de vendas e em lembrança pelos consumidores. No ano de 2009, o mercado alcançou faturamento de R$ 265 milhões, com crescimento médio acumulado de 9% ao ano desde 2005, conforme abaixo na figura 33: O lançamento do Gaviscon A entrada da RB no mercado de OTC no País ocorreu com o medicamento Gaviscon, produto líder em vendas na Europa na categoria de gastrointestinais. O medicamento é recomendado para tratamento de azia, refluxo, queimação e indigestão. A figura 4, a seguir, apresenta a imagem do produto4: Havia dois motivos básicos para a escolha do Gaviscon como o primeiro produto de OTC oferecido pela empresa no mercado brasileiro. O primeiro era o grande potencial de merca-do. Pesquisas indicavam forte incidência de azia na população brasileira (25% das pessoas participantes da pesquisa indicavam ter sofrido de azia no mês anterior). Essa frequência se mostrava bastante elevada, comparada com outros mercados globais. (3) Fonte: PMB IMS Value - Material repassado pela empresa (4) Fonte: Material repassado pela empresa
  • 8. | Central de Cases 8 O segundo aspecto para o lançamento do Gaviscon era a forma como os consumidores bra-sileiros tratam os sintomas dessas doenças. No Brasil, a forma mais comum de tratamento é através da compra de remédios OTC. Na verdade, mais da metade dos brasileiros pesquisados nunca tinham visitado um médico para se tratar desses sintomas. Em suma, os seguintes aspectos foram observados nas pesquisas: • A incidência de problemas de azia, refluxo, queimação e indigestão é elevada no mercado brasileiro. • Para tratamento desses problemas, os clientes raramente visitam um médico. A forma convencional de tratamento é através da compra de um produto OTC, sem receita médica. • Os pacientes que buscam um produto de OTC não levam muito a sério a recomendação do vendedor na escolha desse produto. • Aqueles pacientes que visitam um médico para tratamento dessas doenças levam muito a sério a recomendação médica para decisão do produto a ser utilizado. Dessa forma, a empresa percebeu a oportunidade de lançar esse produto no mercado brasileiro concentrando seus esforços no desenvolvimento de uma atividade que faz parte da estratégia normal da empresa, a criação de uma marca forte para o produto. A empresa também observou a necessidade de estabelecer ações com a classe profis-sional de médicos, uma vez que a indicação dos mesmos era muito relevante para aqueles pacientes que visitaram esses profissionais. Se a oportunidade comercial era clara para a empresa, os desafios potenciais também eram relevantes. No segmento de OTC é mais demorado para conseguir aprovação governa-mental de venda e ganhar reconhecimento de marca no mercado. Para superar esses desafios, inicialmente a RB teve que se estruturar para atender às exigências dos órgãos reguladores. Em média, o registro de um produto como o Gaviscon demora 18 meses. A primeira etapa vencida foi o registro da empresa como importadora de medicamentos. Para isso, a RB implantou uma doca logística, seguindo os padrões requeridos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Vencidas as fases burocráticas, o produto foi registrado e autorizado para comercialização no quarto semestre de 2009. O lançamento do produto no mercado brasileiro foi realizado no ano de 2010. A figura 5, abaixo, apresenta o rótulo do produto5: A estratégia de lançamento contou com um plano especial de visitas às drogarias pelos repre-sentantes comerciais da RB. Nesse plano, inicialmente, foram selecionados os Estados que seriam impactados para a ação de lançamento, tendo sido selecionados 12 Estados. A próxima fase foi a classificação das drogarias desses Estados em seis níveis, com foco no potencial de comercia-lização do Gaviscon. Os estabelecimentos mais estratégicos eram visitados duas vezes por mês, enquanto os demais estabelecimentos recebiam apenas uma visita dos representantes. (5) Fonte: Material repassado pela empresa
  • 9. | Central de Cases 9 Ao todo, 2.500 drogarias receberam displays do produto, conforme a figura 6, abaixo6: Além disso, a empresa adquiriu relatórios de informações sobre a prática de prescrição mé-dica. Nesses relatórios foi possível observar que os cardiologistas faziam parte da especialida-de médica com maior índice de prescrição, superior a outras especialidades, como médicos es-pecializados em gastrologia e obstetras. Para esses cardiologistas, um plano especial de visitas regulares também foi posto em prática. Por último, a RB desenvolveu uma série de matérias promocionais e incrementou os in-vestimentos em campanhas publicitárias. Em entrevista concedida à revista Isto É Dinheiro, publicada em 6 de setembro de 2012, o executivo Frederic Morlie, presidente da RB no Brasil, informa que os investimentos em campanha publicitária não devem diminuir no futuro próxi-mo, uma vez que a empresa começou a vender os medicamentos OTC. Ele complementa que a companhia busca ter cinco marcas fortes de OTC em até três anos. (6) Fonte: Material repassado pela empresa
  • 10. | Central de Cases 10 Questões estratégicas: 1. A RB é uma companhia global. Que fatores levam essa empresa a priorizar seus investimentos nos mercados emergentes? 2. A entrada da RB no mercado de OTC no País ocorreu com o produto Gaviscon. Que motivos levaram a empresa a escolher esse produto para entrada neste importante segmento de mercado? 3. O mercado de OTC envolve medicamentos que podem ser comercializados sem a necessida-de de prescrição médica. A RB adotou uma série de medidas promocionais para lançamento do Gaviscon. Se a empresa tivesse lançado um medicamento que exigisse prescrição médica, que sugestões de ações promocionais você recomendaria para a empresa? Referências Este caso foi desenvolvido inteiramente com base em informações repassadas pela empre-sa, bem como em informações divulgadas em reportagem pela Revista “Isto É Dinheiro”, publicada em 6/9/2012.