O documento discute as teorias clássicas de mudança social na Sociologia. 1) Marx via as revoluções como resultado dos conflitos de classes, com o proletariado tendo papel transformador. 2) Durkheim observou a evolução da solidariedade mecânica para a orgânica. 3) Weber analisou a influência da ética protestante no surgimento do capitalismo.
1. Unidade
7 Mudança e
transformação social
Não existem sociedades sem mudanças.
Há transformações maiores, que atingem toda
a humanidade, e menores, que acontecem no
cotidiano das pessoas. Normalmente elas estão
interligadas. Duas grandes transformações –
a Revolução Agrícola e a Revolução Industrial –
não foram percebidas de imediato pelas pessoas,
pois aconteceram lentamente.
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Capítulo
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Hoje, muitas mudanças são provocadas pelo
desenvolvimento acelerado das tecnologias,
mas não conseguimos enxergar todos os seus
efeitos em nossa vida.
Existem transformações mais evidentes, como
as relacionadas às revoluções políticas e sociais
dos séculos XVIII e XIX, na Europa.
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Capítulo
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No século XVIII, com o Iluminismo, e no XIX, a ideia
de progresso ocupou lugar destacado e permeou o
pensamento de muitos autores.
A mudança social para os clássicos da Sociologia
As transformações e crises nas diversas sociedades
constituem um dos principais objetos da Sociologia.
A Sociologia nasceu da crise provocada pela
desagregação do sistema feudal e pelo surgimento
do capitalismo.
4. Mudança social e Sociologia
Capítulo
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Sua obra está permeada pelos acontecimentos da
França pós-revolucionária. Defendendo o espírito da
Revolução Francesa de 1789, esse autor se preocupou
com a organização da nova sociedade.
Auguste Comte
Comte acreditava que a mudança social estava
na mente, na qualidade e na quantidade de
conhecimentos sobre as sociedades. Com base
nisso, afirmou que a humanidade percorreu três
estágios na evolução do conhecimento:
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Capítulo
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3º estágio – positivo corresponde à era da ciência
e da indústria, na qual se invocam leis com base na
observação empírica, na comparação e na experiência.
Seria o momento da Sociologia.
1º estágio – teológico o mundo seria regido por
entidades e forças sobrenaturais, fossem elas espíritos,
deuses ou um deus único.
2º estágio – metafísico o sobrenatural deu lugar a
ideias e causas abstratas e, portanto, racionais. Seria
o momento da Filosofia.
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Capítulo
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Obras de diferentes artistas e épocas evocam o espírito dominante em cada estágio da evolução do conhecimento, de acordo com a
classificação de Auguste Comte. Da esquerda para a direita, os estágios teológico, metafísico e positivo, representados,
respectivamente, pelas telas de Giotto (Crucifixo, 1320-1325), Rafael (A escola de Atenas, 1511) e Daumier (O encontro dos advogados,
1880).
Museu de Belas Artes, Houston, Estados Unidos/
The Bridgeman Art Library/KeystoneMuseus e Galerias do Vaticano, ItáliaAlte Pinakothek, Munique, Alemanha
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Em termos sociológicos, Auguste Comte dividiu seu
sistema em dois campos, o estático e o dinâmico,
expressos nas palavras ordem e progresso.
A opção de Comte era conservadora a mudança
(progresso) era admissível desde que não alterasse
profundamente a situação vigente (ordem).
8. Mudança social e Sociologia
Capítulo
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Karl Marx
Também analisou a Revolução Francesa, que
considerava parcial, pois, realizada por uma
minoria, não emancipou a sociedade toda.
Para ele, só uma classe capaz de representar os
interesses de libertação de todos pode liderar
uma transformação, que é resultado dos conflitos
entre as classes fundamentais da sociedade.
No capitalismo essas classes são a burguesia
e o proletariado. Este tem o papel transformador.
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Para Marx, os participantes de uma revolução utilizam
a cultura e as tecnologias transmitidas pelas gerações
anteriores para criar novas formas de organização
produtiva e política.
MuseudoLouvre,Paris,França
Invasão do Palácio das Tulherias, em
Paris, pela multidão insurgente no dia
10 de agosto de 1792. Representação
de Gerard François, século XVIII.
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A parte do passado que é incorporada e a maneira como
isso acontece muitas vezes condicionam o resultado das
mudanças futuras. Isso depende das forças sociais em
conflito.
StefanoBianchetti/Corbis/LatinStock
Guarda Nacional reprime revoltosos em Paris, em
1848. Tela do século XIX, de autor desconhecido.
De acordo com Marx,
as revoluções só seriam
possíveis por meio da
violência, pois os que
detinham o poder
jamais abririam mão
dele pacificamente.
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Capítulo
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O movimento operário realizava a síntese dessas três
condições.
De acordo com o sociólogo francês Robert Castel,
no livro As metamorfoses da questão social, a teoria
marxista atribuía ao proletariado o poder revolucionário
porque “a constituição de uma força de contestação e de
transformação social supõe a reunião de pelo menos
três condições: uma organização estruturada em
torno de uma condição comum, a posse de um
projeto alternativo de sociedade, o sentimento de ser
indispensável para o funcionamento da máquina social”.
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Capítulo
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Em sua análise sobre as mudanças sociais, Durkheim
observou que na história das sociedades houve uma
evolução da solidariedade mecânica para a orgânica
por causa da crescente divisão do trabalho.
Émile Durkheim
Isso se deveu a fatores demográficos: o aumento da
população ocasionou intensidade de interações,
complexidade de relações sociais e aumento da
qualidade desses vínculos.
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Weber analisou a mudança social relacionada ao
nascimento da sociedade capitalista. Além das
condições econômicas, procurou centrar sua análise
no plano das ideias, das crenças e dos valores que
permitiram a mudança.
Max Weber
O sociólogo desenvolveu a ideia de que a ética
protestante foi fundamental para a existência
do capitalismo.
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Segundo Weber, a ética protestante estimulou maior
acumulação de capital ao valorizar o trabalho e um modo
de vida disciplinado, responsável e racional, sem gastos
ostentatórios.
MuseuRealdeBelasArtes,Antuérpia,Bélgica
Representação de autor desconhecido (s.d.)
da feira da Antuérpia, importante centro
portuário e comercial da Europa no século
XVI. Compatível com o “espírito do
capitalismo”, a ética protestante valoriza o
trabalho e as atividades da vida secular.
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Weber também declarou que a burocratização da
sociedade é crescente, sendo um entrave a qualquer
processo de mudança social.
Os trabalhadores passaram a ver o trabalho como um
valor em si mesmo.
Assim, além das condições econômicas, determinadas
ideias e valores explicariam por que o capitalismo só se
desenvolveu no Ocidente.
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Progresso e desenvolvimento talvez sejam as palavras
que melhor expressam uma possível mudança social.
Modernização e desenvolvimento
Algumas grandes vertentes teóricas tentaram explicar
por que determinadas sociedades eram desenvolvidas
e outras, subdesenvolvidas.
Após a Segunda Guerra Mundial percebeu-se que as
desigualdades entre as sociedades eram gritantes.
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A visão evolucionista da história ganhou novo alento
com as teorias da modernização, de acordo com as quais
as mudanças movem as sociedades de um estágio inicial
(tradicional) para um estágio superior (moderno), numa
escala de aperfeiçoamento contínuo.
Essas teorias utilizam os padrões de análise de Émile
Durkheim e de Max Weber, mas com nova roupagem.
Teorias da modernização
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Para se transformar, passando do estágio atual para
o superior, as sociedades tradicionais (atrasadas e
subdesenvolvidas) devem seguir o exemplo e os
mesmos passos históricos das sociedades modernas
(industrializadas e desenvolvidas).
De acordo com essas teorias, as sociedades são
tradicionais ou modernas conforme as características
que adotam. São, portanto, responsáveis pela própria
situação.
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Capítulo
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As teorias da modernização são criticadas por seu
caráter etnocêntrico, pois a maioria das nações
não seguiu as mesmas trajetórias históricas que
as sociedades ocidentais.
Ademais, tais teorias definem a trajetória de
todas as sociedades como linear, ou seja,
presumem que as sociedades modernas, antes
tradicionais, modernizaram-se porque mudaram
sua mentalidade e sua maneira de ver o mundo.
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Na década de 1960, a crítica às teorias da modernização
levaram vários autores a procurar novas respostas para
a questão: por que os países da América Latina eram
subdesenvolvidos e os da Europa e os Estados Unidos
eram desenvolvidos?
Esses autores partiram de uma visão que foi elaborada
pela Comissão Econômica para a América Latina
(Cepal), da Organização das Nações Unidas.
Subdesenvolvimento e dependência
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De acordo com a Cepal, nas relações
econômicas entre países desenvolvidos e
subdesenvolvidos havia uma troca desigual e
uma deterioração dos termos de intercâmbio.
Historicamente, cabia aos países
periféricos (dominados) vender aos países
centrais (dominantes) produtos primários
(agrícolas, basicamente) e matérias-primas
(sobretudo minérios), e comprar produtos
industrializados.
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Capítulo
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Com essa divisão do trabalho, ao longo dos anos, os
países periféricos tiveram de vender volumes maiores
de matérias-primas e mercadorias agrícolas para pagar
a mesma quantidade de produtos industrializados.
Ou seja, produziam e vendiam mais
para receber o mesmo e assim
enriquecer aqueles que já eram ricos.
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O sociólogo alemão Andrew Gunder Frank
afirmava que na América Latina havia
apenas o desenvolvimento do
subdesenvolvimento, pois os países
centrais exploravam economicamente
os países periféricos e os dominavam
politicamente, impedindo qualquer possibilidade
de desenvolvimento autônomo. Essa relação,
vigente desde o período colonial, explicava por
que alguns países se desenvolveram e outros não.
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Os latino-americanos continuaram a produzir os
mesmos bens primários para exportação até a
década de 1960, quando houve uma mudança
causada pela internacionalização da produção
industrial dos países periféricos.
Para um grupo de sociólogos, do qual participou
Fernando Henrique Cardoso, a dependência dos
países da América Latina se aprofundou após a
Segunda Guerra Mundial.
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Os produtos industriais começaram a ser fabricados nos
países subdesenvolvidos porque era mais barato as
matérias-primas estavam próximas, a força de trabalho
era mais barata e o Estado, além de dar incentivos
fiscais, construía a infraestrutura necessária à
instalação e ao funcionamento das indústrias.
A industrialização dependente configurou-se mediante
a aliança entre empresários estrangeiros e nacionais e
o Estado nacional.
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Capítulo
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Em países onde havia essas
condições, as grandes
indústrias estrangeiras se
instalaram e geraram um
processo de industrialização
dependente, sobretudo da
tecnologia que traziam.
JonasOliveira/Folhapress
Linha de montagem da empresa francesa Renault no Paraná,
em fotografia de 2004. Produzir localmente é mais lucrativo
que exportar produtos industriais para os países periféricos.
Com isso, além de manter a
exploração anterior, os países
centrais exploravam diretamente
a força de trabalho das nações
subdesenvolvidas.
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Junte-se a um colega e observem as imagens. Escrevam
as principais ideias e conclusões para a seguinte
questão:
Aragem de terra no Mali, em 2004.
W.WayneLockwood,M.D./Corbis/LatinStock
Colheita mecanizada de trigo nos Estados Unidos, em 1986.
Exercício
Para passar de uma situação a outra, do tradicional
ao moderno, basta mudar atitudes e comportamentos?
KarenKasmauski/Corbis/LatinStock