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Alambert,PA
*E.I.P., com 18 anos, do sexo feminino,
branca. Há 2 meses, iniciou quadro de
cefaleia frontal e em hemiface esquerda,
em peso, sem irradiação, de início
insidioso, com piora progressiva,
acompanhada de obstrução nasal, rinorréia
purulenta anterior e posterior, epistaxe,
cacosmia, e febre não medida.
*Procurou atendimento
médico com 5 dias de
história, quando foi
tratada com amoxicilina
por 10 dias, devido à
suspeita de rinossinusite
aguda. Evoluiu com
piorado estado geral,
febre alta, dor torácica,
dispneia, tosse produtiva
com expectoração
esverdeada, otalgia,
otorréia e hipoacusia
bilateral.
*Nesta ocasião, procurou
novamente auxílio
médico, e foi então
internada para melhor
avaliação e tratamento.
Apresentava-se com
emagrecimento de 8 Kg,
astenia, vertigem e
artralgia em joelho
direito. Não havia
nenhum antecedente
pessoal ou familiar
relevante.
* Ao exame físico geral
apresentava-se descorada ++/4,
desidratada +/4, afebril e
taquicárdica (FC: 120 bpm). Ao
exame otorrinolaringológico,
apresentava perfuração central
ampla de membrana timpânica
bilateralmente, com otorréia em
grande quantidade, deformidade
do dorso nasal “em sela”,
abundantes crostas acastanhadas
em ambas as fossas nasais, septo
nasal íntegro, mas com mucosa
de aspecto granuloso, conchas
nasais inferiores e médias
hipotróficas.
*Boca e orofaringe sem
alterações. À ausculta
pulmonar: murmúrio
vesicular presente
bilateralmente, com
sibilos esparsos discretos,
roncos e estertores
crepitantes difusos,
principalmente em
hemitórax direito. Havia
petéquias em membros
inferiores. Demais
aparelhos sem alterações.
*Foi solicitada uma série
de exames subsidiários
para tentar se
estabelecer o
diagnóstico, a etiologia e
a extensão da doença. O
hemograma mostrava
uma anemia
normocrômica
normocítica e
leucocitose sem desvio à
esquerda (19.500
leucócitos).
*A radiografia e a
tomografia
computadorizada de
tórax apresentavam uma
imagem sugestiva de
abscesso em terço médio
e superior de pulmão
direito; calcificação
junto ao hilo pulmonar
direito, focos
pneumônicos à esquerda
e derrame pleural
bilateral.
* Na tomografia
computadorizada de seios
paranasais, notava-se um
espessamento do
revestimento mucoso da fossa
nasal; comunicação dos seios
maxilares com a cavidade
nasal bilateralmente, conchas
nasais inferiores e médias
hipotróficas; material com
densidade de partes moles
nos seios maxilares,
etmoidais, esfenoidais e
frontais (Figuras 1,2, 3 e 4 )
*A pesquisa de BAAR no
escarro resultou negativa
em várias amostras. O
exame de PPD, a sorologia
para o HIV e o FTA-ABS
também resultaram
negativos. A cultura do
escarro foi positiva para
Pseudomonas e negativa
para fungos. A cultura do
líquido pleural mostrou-se
negativa para BAAR e
fungos.
* À broncoscopia visualizou-se
lesão ulcerada e compressão
extrínseca do brônquio fonte
direito. Foi então realizada
biópsia da lesão, cujo exame
anátomo patológico (A-P)
demonstrou extensas áreas de
necrose e exsudato de
neutrófilos. O exame A-P de
biópsia realizada em mucosa
nasal resultou em processo
inflamatório crônico
inespecífico. A titulação do
ANCA-c teve resultado
positivo (1/32).
*Após a positividade do
ANCA-C, optou-se por
nova biópsia de
mucosa nasal, mas,
desta vez, sob visão
microscópica, para se
firmar o diagnóstico de
............................
............................
..................
* O A-P revelou fragmentos de
mucosa respiratórios
parcialmente revestidos por
epitélio pavimentoso
estratificado, apresentando
no córion, numerosas
estruturas vasculares de
pequeno calibre, cuja parede
estava permeada por
neutrófilos e eosinófilos,
entremeados por edema e
infiltrado misto. Alguns vasos
com nítida agressão da
parede, com áreas de necrose
fibrinóide.
* O quadro histológico sugeria
vasculite granulomatosa
necrotizante. A função renal,
pesquisada pela dosagem de
uréia e creatinina, estava
preservada. O exame de urina
I mostrava uma micro-
hematúria discreta. À
audiometria tonal, detectou-
se uma disacusia condutiva
leve a severa bilateral,
ascendente e simétrica.
* Havia boa discriminação à
audiometria vocal. A paciente
evoluiu com piora clínica,
radiográfica e tomográfica,
mesmo com
antibioticoterapia de amplo
espectro. Vários
antimicrobianos bactericidas
e bacteriostáticos foram
introduzidos, levando-se em
conta o quadro clínico e os
resultados dos exames
subsidiários realizados pela
doente.
*Ceftriaxone,
clindamicina,
vancomicina,
metronidazol, imipenem,
amicacina, tazocin,
anfotericina B e esquema
tríplice para tuberculose
foram utilizados
sequencialmente pela
clínica médica para
tentar conter o quadro
infeccioso, sem sucesso.
*Após a positividade do
ANCA-c e o resultado da
segunda biópsia de
mucosa nasal, firmou-se
o diagnóstico
de ...........................
...............................
.............. e institui-se
o tratamento com
ciclofosfamida e
prednisona.
*No início deste
tratamento, a paciente foi
submetida a
pneumectomia parcial à
direita, por extenso
acometimento e
destruição de seu pulmão
direito. Após a cirurgia e a
continuidade da terapia
imunossupressora, a
paciente apresentou
melhora importante e
obteve alta hospitalar
depois de 15 dias.
* Figura 1. Corte coronal, mostrando
acometimento de seios maxilares e
etmoidais anteriores.
* Figura 2. Corte axial ,
evidenciando comprometimento
de seios maxilares e fossas nasais.
* Figura 3. Corte axial,
evidenciando comprometimento
de seios etmoidais.
* Figura 4. Corte axial com
acometimento de seio frontal.
*DIAGNÓSTICO
*Granulomatose de Wegener é uma doença
sistêmica idiopática rara, imunologicamente
mediada, caracterizada por acometer as
pequenas artérias dos tratos respiratórios
superior e inferior e do rim, provocando reação
inflamatória com necrose, formação de
granuloma e vasculite nestes órgãos
*Estudos americanos demonstram uma
prevalência de 3 casos para cada 100.000
pessoas7,8. A idade média do diagnóstico
costuma estar entre 20 e 40 anos e o sexo
masculino é mais acometido do que o feminino
numa proporção de 1,5:1,0. É uma doença
incomum em pessoas da raça negra.
*O diagnóstico baseia-se no
quadro clínico, no exame
anátomo-patológico dos órgãos
envolvidos e na positividade do
ANCA-c (antinuclear cytoplasmic
antibodies).
*O tratamento é feito com drogas
imunossupressoras e deve ser
instituído o mais precocemente
possível, pois trata-se de um
enfermidade grave, que leva à morte
devido a infecções e,
principalmente, à falência renal.
*Sintomatologia devido o
acometimento das pequenas
artérias dos tratos
respiratórios superior e
inferior e do rim,
provocando reação
inflamatória com necrose,
formação de granuloma e
vasculite nestes órgãos
*Como sintomas gerais
iniciais, o paciente
costuma apresentar
febre, anorexia,
emagrecimento, fadiga
e fraqueza.
*O trato respiratório alto
está envolvido em 70 a
100% dos casos. As
manifestações mais
freqüentes envolvem o
nariz e os seios paranasais
(em 80 a 90% dos casos) e
são: obstrução nasal
crônica com rinorréia
clara, ulceração e edema
da mucosa nasal,
parosmia, epistaxe e
cefaléia.
*Perfuração do septo
nasal e ulceração e
erosão do vômer são
clássicas. A deformidade
do nariz “em sela”,
devido à destruição da
cartilagem nasal e do
vômer, ocorre em apenas
3,5 a 7% dos casos. Estas
lesões são
frequentemente
infectadas
secundariamente por
Staphylococcus.
*Podem ocorrer otite
média secretora, otite
média crônica, com
perfuração da membrana
timpânica, otalgia e
otorréia. Ainda existem
casos descritos de
disacusia sensorioneural,
vertigens e tinnitus em
pacientes com
granulomatose de
Wegener.
*A prevalência do
envolvimento otológico
está em torno de 35%,
e relaciona-se à
vasculite e ao bloqueio
da tuba auditiva por
acometimento da
rinofaringe.
*Paralisia facial é
encontrada em 8 a 10%
dos casos e resulta de
vasculite do vasa –
vasorum do nervo facial,
ou de invasão
granulomatosa do tecido
da orelha média, ou de
lesão granulomatosa
primária do nervo ou da
combinação destes
fatores.
*O envolvimento pulmonar
é também extremamente
comum (70 a 90% dos
casos). Tosse produtiva,
dispneia, hemoptise, dor e
desconforto torácico são
os principais sintomas.
Anormalidades nas
radiografias do tórax são
vistas em mais de 90% dos
casos, e incluem lesões
nodulares escavadas não
calcificadas, largas,
múltiplas e bilaterais.
* As características
nefrológicas da
granulomatose de Wegener
são predominantemente
representadas por
glomerulonefrite focal
necrotizante, que leva à
falência renal e morte.
Anormalidades renais são
encontradas em 50 a 90% dos
casos. Hematúria,
leucocitúria e anormalidades
nas mensurações de uréia e
creatinina são as alterações
encontradas nos exames dos
doentes.
*Manifestações cutâneas
(petéquias e lesões
ulceradas) ocorrem em
aproximadamente 40%
dos pacientes, nas
extremidades dos
membros inferiores.
*Mialgias e artralgias
migratórias são
freqüentes (40 a 70%),
mas efêmeras.
*Acometimento ocular,
cardíaco e do sistema
nervoso central ocorrem
em cerca de 40% dos
casos e são inespecíficos.
*Disfonia, estridor
laríngeo, sibilos,
ulceração e edema oral e
gengivite complementam
o acometimento de
cabeça e pescoço.
*O padrão-ouro para o diagnóstico da
granulomatose de Wegener é a
descoberta de vasculite
granulomatosa necrotizante no
exame anátomo-patológico do tecido
doente biopsiado.
*As lesões granulomatosas
apresentam polimorfonucleares,
células plasmáticas, raros
eosinófilos e linfócitos e,
especialmente, células gigantes
multinucleadas. A vasculite é
caracterizada pelo envolvimento
de arteríolas e vênulas, com
conseqüente oclusão da luz
vascular.
** ANCA – anticorpo anticitoplasma
neutrofílico – Há um número de
antígenos que podem ser reconhecidos
por anticorpos antineutrofílicos. Os
antígenos principais associados com o
pANCA (figura A) e o cANCA (figura B)são
o mieloperoxidase (MPO) e a protease 3
(PR3) respectivamente.
*Coloração homogênea
perinuclear – Associação com as
seguintes doenças: Vasculites
primárias – poliangeites
microscópicas, síndrome de
Chung-Strauss, poliarterite
nodosa; Colagenoses – síndrome
de Felty, Lúpus eritematoso
sistêmico, artrite reumatóide e
síndrome de Sjögren; Doenças
inflamatórias intestinais –
doença de Crohn e retocolite
ulcerativa; e colangite
esclerosante primária.
Coloração granular no
citoplasma – Associação com
as seguintes doenças :
Vasculite primária;
granulomatose de Wegener;
poliangeites microscópicas,
síndrome de Churg-Strauss e
poliarterites.
*O achado de títulos
elevados de ANCA-c serve
para consubstanciar o
diagnóstico. Os ANCA-c são
anticorpos circulantes
contra elementos do
núcleo do citoplasma de
neutrófilos e monócitos. A
imunofluorescência
indireta é o melhor
método para titulação do
ANCA-c. Valores a partir
de 1/16 são considerados
positivos.
*Muitos investigadores
acreditam que o ANCA-c é
altamente específico para
granulomatose de Wegener,
com 98% de especificidade e
com sensibilidade variando
entre 34 e 92%. Entretanto,
outros autores relatam
positividade do ANCA-c em
outras vasculites e
síndromes autoimunes,
como a poliarterite nodosa
e a doença de Kawasaki.
* Ciclofosfamida, administrada
nas doses de 2 mg/ Kg/
dia,por via oral.
* A contagem de Leucócitos
deve ser monitorizada
(manter a contagem de
neutrófilios acima de 3.000/
mm³).
* A ciclofosfamida deve ser
continuada por 1 ano após a
indução da remissão
completa e, daí em diante,
será reduzida gradualmente
até poder ser suspensa.
*Concomitantemente
iniciar prednisona, 1 mg/
Kg/ dia, inicialmente (no
1ºmês de terapia)
*Conversão gradual para
um programa de dias
alternados, seguido por
redução e suspensão
após aproximadamente 6
meses.
*Alguns relatos indicam um efeito
benéfico da associação
sulfametoxazol-trimetoprim no
controle das infecções secundárias
da GW, porém não existem dados
concretos para confirmá-lo,
particularmente nos pacientes com
doença renal e pulmonar graves.
*A sobrevida média dos doentes
é de 8 anos e meio; a sobrevida
em 10 anos é estimada em 40%,
se houver envolvimento do rim
e, em 60 a 70% se não houver
comprometimento renal.
Resumo
*As vasculites sistêmicas são um grupo de
doenças caracterizadas por um processo
inflamatório de vasos sanguíneos levando a
necrose da parede do vaso e obstrução da luz.
O espectro clínico das vasculites sistêmicas é
muito variado, dependendo, em grande parte,
do tamanho e da localização dos vasos
acometidos
Grande calibre
Arterite de Takayasu; arterite de
células gigantes
Médio calibre
Poliarterite nodosa; doença de
Kawasaki
Pequeno calibre
ANCA associado: poliangiite
microscópica; granulomatose de
Wegener; síndrome de Churg-
Strauss
Imunocomplexo mediado:
doença de Henoch-Schönlein;
vasculite crioglobulinêmica;
vasculite urticariforme
hipocomplementêmica; angiite
leucocitoclástica cutânea;
doença de Goodpasture
Quando ocorre de forma isolada, são denominadas
vasculites primáriasvasculites primárias. Outras vezes, porém, surgem na
vigência de doenças sistêmicas autoimunes,
neoplásicas ou infecciosas, sendo denominadas então
de vasculites secundáriasvasculites secundárias.
Pequenos
vasos
Vênulas pós-capilares Púrpura palpável
Arteríolas e capilares Livedo reticular
Capilares glomerulares Hematúria, disfunção renal
Capilares pulmonares Hemoptise, dispneia
Médios
vasos
Cutâneo
Necrose, úlceras, infartos
digitais
Artérias epineural Moneurite multiplex
Artérias do trato
gastrintestinal
Dor abdominal, hemorragia
digestiva baixa, úlceras
intestinais, infarto visceral
Artérias renais Infarto e disfunção renal
Artérias coronárias Angina, infarto miocárdico
Grandes
vasos
Aorta e seus ramos
Diferença de pulso e de
pressão, sopros, claudicação
vascular
Artéria carótida externa Cefaleia temporal, cegueira
 
A arterite de Takayasu (AT) é uma vasculite
primária sistêmica que acomete vasos de
grande calibre, ou seja, a aorta e seus ramos
principais, além de artéria pulmonar
*O achado clínico que leva a suspeita nestes
casos é a diminuição de pulso, a presença de
sopro cardíaco ou extracardíaco (carótidas,
abdominal etc.) ou a assimetria da medida da
pressão arterial nos membros. Por meio de
exames de imagens (p. ex., tomografia
computadorizada e angiorressonância dos
vasos), é possível confirmar tais lesões
vasculares.
*O exame físico de um paciente com AT deve sempre
incluir a palpação dos pulsos periféricos à procura de
sopros e medida de pressão arterial nos quatro
membros. De uma consulta a outra, deve-se estar
atento para o surgimento ou a diminuição progressiva
da intensidade ou desaparecimento de pulsos,
agravamento dos sopros ou frêmitos ou queda da
pressão arterial em algum membro. A presença de
um sopro novo deve alertar o clínico para a
necessidade de repetição de métodos de imagem.
*Diferentemente das outras vasculites, o
diagnóstico de AT não se baseia na biópsia.
Como não existe nenhum exame marcador para
esta doença, seu diagnóstico é baseado na
clínica e no aspecto das lesões por método de
imagem (p. ex., arteriografia digital,
angiotomografia ou angiorressonância, sendo
este último preferível, dadas a utilização de
contraste menos tóxico e a ausência de
irradiação).
*A arterite de células gigantes (ACG) é uma
vasculite que acomete vasos de grande e médio
calibre, preferencialmente os ramos
extracranianos das carótidas e, em particular,
a artéria temporal superficial. Afeta
principalmente indivíduos de cor branca, sexo
feminino (3:1) e > 50 anos de idade.
*Cefaléia, que ocorre em cerca de 2/3 dos
casos, geralmente é de forte intensidade,
localizada apenas em uma área da cabeça,
podendo ser o primeiro sintoma da doença.
Hipersensibilidade da região temporal, com
incômodo ao usar óculos, pentear os cabelos ou
apoiar a cabeça no travesseiro à noite é queixa
frequente.
*Uma das manifestações mais específicas da
ACG é a claudicação de mandíbula, com dor
em músculo masseter ou temporal relacionada
ao esforço de falar ou mastigar, que
desaparece com o repouso. Podem ainda
ocorrer dores intensas na região retroauricular
ou na articulação temporomandibular.
Claudicação ou parestesia de língua também
pode ocorrer.
*Sintomas oculares como borramento visual,
diplopia, amaurose fugaz e escotomas ocorrem
em 25 a 50% dos pacientes e prenunciam a
evolução para perda súbita e definitiva da
visão. Esta perda de visão se deve, em geral, à
neurite óptica isquêmica, resultado da oclusão
de ramos ciliares posteriores da artéria
oftálmica, mas pode ocorrer por oclusão de
artéria central da retina.
*Perda de memória, convulsões, quadros
demenciais ou ataques isquêmicos transitórios
podem ocorrer por acometimentos de ramos
intracranianos de carótidas ou vertebrais.
*Em metade dos casos, a ACG pode cursar com
polimialgia reumática. A polimialgia reumática,polimialgia reumática,
por sua vez, é uma doença inflamatória
sistêmica, geralmente autolimitada, que
ocorre em indivíduos > 50 anos de idade e é
comumente associada com elevados valores de
velocidade de hemossedimentação e anemia
(50% dos casos).
*caracterizada por um início subagudo ou
crônico de dores difusas pelo corpo, rigidez
matinal e dolorimento na região cervical,
ombros e cintura pélvica em pacientes acima
dos 50 anos. Os sintomas são geralmente
simétricos, mas assimetria da dor pode
ocorrer. Alguns pacientes queixam-se de
fraqueza, fadiga, anorexia, perda de peso e
febre. A polimialgia reumática apresenta uma
resposta rápida à corticoterapia em doses
baixas.
*Poliarterite nodosa (PAN) é uma vasculite
sistêmica primária necrosante que compromete
artérias de médio calibre. Apresenta espectro
de manifestação ampla, desde uma forma
leve/limitada à progressiva e fatal,
acometendo sistema nervoso central e
periférico, rins, músculos, trato gastrintestinal
e cutâneo.
*Na fase inicial, sintomas e sinais
constitucionais (fadiga, fraqueza, febre,
artralgias) podem estar presentes em 70% dos
casos. Manifestações em órgãos específicos
também podem ocorrer.
*No caso de acometimento cutâneo, pode
ocorrer a presença de livedo reticularis, úlcera
cutânea, nódulos subcutâneos, eritema nodoso,
erupção vesicular ou bolhosa e/ou úlceras Tais
lesões podem ser focais ou difusas, e
geralmente aparecem em membros inferiores.
Envolvimento cutâneo progressivo pode ser
grave, incluindo infarto e gangrena de dedos
das mãos e dos pés e também em outras áreas,
além de ulcerações com extensão até tecido
subcutâneo.
Eritema nodoso
*O acometimento renal leva a hipertensão
arterial e diferentes graus de insuficiência
renal. Ruptura de aneurismas de artéria renal
pode causar hematomas perirrenais. Infartos
renais múltiplos também podem ocorrer em
indivíduos com extensa vasculite.
Estreitamento incompleto do lúmen de artérias
inflamadas leva a isquemia glomerular, mas
não a inflamação ou necrose.
*Assim, o sedimento urinário, quando alterado,
mostra somente proteinúria subnefrótica e, às
vezes, modesta hematúria; no entanto,
cilindros hemáticos são geralmente ausentes.
*A mononeuropatia multiplexa (ou
polineuropatia assimétrica) é um dos achados
mais comuns. A neuropatia é geralmente
assimétrica no início, mas o envolvimento
adicional de outros ramos nervosos leva a
polineuropatia simétrica distal mais
confluente. Nervos cranianos são menos
comumente envolvidos.
*A dor abdominal é um sintoma intestinal inicial
em pacientes com arterite de mesentérica.
Perda de peso pode ser secundária a má
absorção intestinal. Doença progressiva pode
resultar em infarto intestinal com perfuração.
Outros sintomas gastrintestinais incluem
náuseas, vômitos, melena, diarreia
sanguinolenta e extenso sangramento
gastrintestinal.
*Cardiomiopatia isquêmica como reflexo de
vasculite, estreitamento ou oclusão das
artérias coronárias.
*Envolvimento muscular ocorre em 50% dos
casos, com sintomas de mialgias e fraqueza
muscular. Enzimas musculares
(creatinofosfoquinase) podem estar levemente
elevadas.
*Se houver dor testicular, este sítio tem sido
recomendado como um bom local de biópsia
para diagnóstico.
*Poliangiíte microscópica (PAM) é uma vasculite
sistêmica de pequenos vasos (vênulas,
capilares, arteríolas) tipicamente levando a
uma glomerulonefrite crescêntica associada à
vasculite sistêmica generalizada. O quadro de
acometimento renal associado à hemorragia
alveolar também é conhecido como Síndrome
Pulmão-rim.
*Trata-se de uma vasculite necrosante não
granulomatosa que, em geral, se acompanha
de glomerulonefrite pauci-imune, e faz parte
do espectro das vasculites associadas à
presença de ANCA.
Órgão Manifestação clínica
Constitucional Emagrecimento, febre, anorexia
Cabeça Rinite, úlceras orais, púrpura em palatino, esclerite e uveíte
Pulmões
Capilarite pulmonar, hemorragia alveolar, infiltrado não
específico, fibrose pulmonar, derrame pleural
Trato gastrintestinal Vasculite mesentérica, aneurisma mesentérico
Rins Glomerulonefrites
Pele Púrpura palpável, úlceras, lesões vesicobolhosas
Articulações Poli ou oligoartrite migratória, artralgias
Nervos periféricos Mononeurites multiplex sensitivas ou motoras
Sistema nervoso
central
Vasculite central
*A síndrome de Churg-Strauss (SCS) é uma
vasculite necrosante sistêmica primária ANCA
associada. Histologicamente apresenta
infiltrado tissular eosinofílico, formação de
granuloma extravascular e vasculite
necrosante.
*Acomete indivíduos com asma e
frequentemente rinite alérgica sendo, por isso,
também conhecida como angiíte alérgica e
granulomatose alérgica.
*Didaticamente, podemos dividir a história
natural da doença em 3 fases:
*A)pródromo: caracterizado pela presença de
doenças alérgicas (asma, rinite alérgica); esta
fase frequentemente dura anos).
*B)infiltrado tissular/eosinofilia: é a fase
marcada pela eosinofilia periférica, infiltrado
eosinofílico tissular (pulmões, trato
gastrintestinal e outros tecidos).
*C)vasculites: fase caracterizada pela presença
de vasculites necrosantes em pulmões,
coração, nervos e pele.
Critério Definição
Idade de início < 40 anos
Aparecimento de sinais ou sintomas
relacionados à AT em idade < 40 anos
Claudicação de extremidades
Aparecimento e piora de fadiga e
desconforto nos músculos de uma ou mais
extremidades com o uso, especialmente
de extremidades superiores
Diminuição de pulso braquial
Enfraquecimento da pulsação em uma ou
ambas as artérias braquiais
Diferença de pressão arterial > 10 mmHg
Diferença de mais de 10 mmHg na pressão
sistólica arterial entre os membros
superiores
Sopro sobre as artérias subclávias ou a
aorta
Sopro audível sobre uma ou ambas as
artérias subclávias ou a aorta abdominal
Anormalidade arteriográfica
Arteriografia com estreitamento ou
oclusão da aorta, seus ramos primários ou
grandes artérias na região proximal dos
membros superiores ou inferiores, não
devidos a aterosclerose, displasia
fibromuscular ou causas semelhantes;
alterações geralmente focais ou
segmentares
Para a AT requer pelo menos 3 dos 6 itens.
Para arterite de células gigantes requer 3 dos 5 itens:
Idade de início > 50 anos
Cefaleia de inicio recente ou novo tipo de cefaleia
Dor à palpação ou diminuição do pulso da artéria temporal
Velocidade de hemossedimentação maior que 50 mm/hora
Evidência histológica de arterite (lesões granulomatosas,
geralmente com células gigantes ou infiltrado celular
mononuclear)
Para poliarterite nodosa, é necessário pelo menos 3 dos 10 itens
seguintes:
Perda de peso, não explicada, superior a 4 kg
Livedo reticularis
Dor ou dolorimento testicular
Mialgias (excluir cintura escapular e pélvica)
Mononeurite ou polineuropatia
Aparecimento de pressão arterial diastólica superior a 90 mmHg
Elevação sérica de úreia (superior a 40 mg/dL) ou creatinina
(superior a 1,5 mg/dL)
Infecção pelo vírus da hepatite B (HbsAg ou anti HbsAg)
Anormalidades arteriográficas características (aneurismas ou
oclusões)
Biópsia de artéria de pequeno ou médio calibre contendo
polimorfonucleares na parede arterial
Para a granulomatose de Wegener, é necessário pelo menos 2
dos 4 itens:
Inflamação oral ou nasal (úlceras orais dolorosas ou não ou descarga
nasal purulenta)
Presença de infiltrado nodular, fixo ou cavitário à radiografia
simples de tórax
Sedimento urinário com hematúria com ou sem cilindros hemáticos
Infiltrado inflamatório granulomatoso na parede vascular, peri ou
extravascular
 
Para a síndrome de Churg-Strauss, é necessário pelo menos 4 dos
6 itens:
Asma (história de chiado ou achado de sibilos expiratórios difusos)
Hemograma com eosinofilia periférica > 10% na contagem
diferencial
Mono (incluindo mononeurite múltipla) ou polineuropatia
Infiltrado pulmonar não fixo à radiografia simples de tórax
Anormalidade dos seios da face à radiografia simples
Biópsia mostrando infiltrado eosinofílico extravascular
Poliangiíte microscópica é caracterizada pela presença
de:
Hemorragia alveolar e/ou glomerulonefrite rapidamente
progressiva
Demonstração histológica de vasculite de pequenos vasos
ou de presença de glomerulonefrite necrosante pauci-
imune
Sintomas sugestivos de vasculite envolvimento de pequenos
vasos
Granulomatose de Wegener rara doença imunomediada

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Granulomatose de Wegener rara doença imunomediada

  • 2. *E.I.P., com 18 anos, do sexo feminino, branca. Há 2 meses, iniciou quadro de cefaleia frontal e em hemiface esquerda, em peso, sem irradiação, de início insidioso, com piora progressiva, acompanhada de obstrução nasal, rinorréia purulenta anterior e posterior, epistaxe, cacosmia, e febre não medida.
  • 3. *Procurou atendimento médico com 5 dias de história, quando foi tratada com amoxicilina por 10 dias, devido à suspeita de rinossinusite aguda. Evoluiu com piorado estado geral, febre alta, dor torácica, dispneia, tosse produtiva com expectoração esverdeada, otalgia, otorréia e hipoacusia bilateral. *Nesta ocasião, procurou novamente auxílio médico, e foi então internada para melhor avaliação e tratamento. Apresentava-se com emagrecimento de 8 Kg, astenia, vertigem e artralgia em joelho direito. Não havia nenhum antecedente pessoal ou familiar relevante.
  • 4. * Ao exame físico geral apresentava-se descorada ++/4, desidratada +/4, afebril e taquicárdica (FC: 120 bpm). Ao exame otorrinolaringológico, apresentava perfuração central ampla de membrana timpânica bilateralmente, com otorréia em grande quantidade, deformidade do dorso nasal “em sela”, abundantes crostas acastanhadas em ambas as fossas nasais, septo nasal íntegro, mas com mucosa de aspecto granuloso, conchas nasais inferiores e médias hipotróficas. *Boca e orofaringe sem alterações. À ausculta pulmonar: murmúrio vesicular presente bilateralmente, com sibilos esparsos discretos, roncos e estertores crepitantes difusos, principalmente em hemitórax direito. Havia petéquias em membros inferiores. Demais aparelhos sem alterações.
  • 5.
  • 6. *Foi solicitada uma série de exames subsidiários para tentar se estabelecer o diagnóstico, a etiologia e a extensão da doença. O hemograma mostrava uma anemia normocrômica normocítica e leucocitose sem desvio à esquerda (19.500 leucócitos). *A radiografia e a tomografia computadorizada de tórax apresentavam uma imagem sugestiva de abscesso em terço médio e superior de pulmão direito; calcificação junto ao hilo pulmonar direito, focos pneumônicos à esquerda e derrame pleural bilateral.
  • 7. * Na tomografia computadorizada de seios paranasais, notava-se um espessamento do revestimento mucoso da fossa nasal; comunicação dos seios maxilares com a cavidade nasal bilateralmente, conchas nasais inferiores e médias hipotróficas; material com densidade de partes moles nos seios maxilares, etmoidais, esfenoidais e frontais (Figuras 1,2, 3 e 4 ) *A pesquisa de BAAR no escarro resultou negativa em várias amostras. O exame de PPD, a sorologia para o HIV e o FTA-ABS também resultaram negativos. A cultura do escarro foi positiva para Pseudomonas e negativa para fungos. A cultura do líquido pleural mostrou-se negativa para BAAR e fungos.
  • 8. * À broncoscopia visualizou-se lesão ulcerada e compressão extrínseca do brônquio fonte direito. Foi então realizada biópsia da lesão, cujo exame anátomo patológico (A-P) demonstrou extensas áreas de necrose e exsudato de neutrófilos. O exame A-P de biópsia realizada em mucosa nasal resultou em processo inflamatório crônico inespecífico. A titulação do ANCA-c teve resultado positivo (1/32). *Após a positividade do ANCA-C, optou-se por nova biópsia de mucosa nasal, mas, desta vez, sob visão microscópica, para se firmar o diagnóstico de ............................ ............................ ..................
  • 9. * O A-P revelou fragmentos de mucosa respiratórios parcialmente revestidos por epitélio pavimentoso estratificado, apresentando no córion, numerosas estruturas vasculares de pequeno calibre, cuja parede estava permeada por neutrófilos e eosinófilos, entremeados por edema e infiltrado misto. Alguns vasos com nítida agressão da parede, com áreas de necrose fibrinóide. * O quadro histológico sugeria vasculite granulomatosa necrotizante. A função renal, pesquisada pela dosagem de uréia e creatinina, estava preservada. O exame de urina I mostrava uma micro- hematúria discreta. À audiometria tonal, detectou- se uma disacusia condutiva leve a severa bilateral, ascendente e simétrica.
  • 10. * Havia boa discriminação à audiometria vocal. A paciente evoluiu com piora clínica, radiográfica e tomográfica, mesmo com antibioticoterapia de amplo espectro. Vários antimicrobianos bactericidas e bacteriostáticos foram introduzidos, levando-se em conta o quadro clínico e os resultados dos exames subsidiários realizados pela doente. *Ceftriaxone, clindamicina, vancomicina, metronidazol, imipenem, amicacina, tazocin, anfotericina B e esquema tríplice para tuberculose foram utilizados sequencialmente pela clínica médica para tentar conter o quadro infeccioso, sem sucesso.
  • 11. *Após a positividade do ANCA-c e o resultado da segunda biópsia de mucosa nasal, firmou-se o diagnóstico de ........................... ............................... .............. e institui-se o tratamento com ciclofosfamida e prednisona. *No início deste tratamento, a paciente foi submetida a pneumectomia parcial à direita, por extenso acometimento e destruição de seu pulmão direito. Após a cirurgia e a continuidade da terapia imunossupressora, a paciente apresentou melhora importante e obteve alta hospitalar depois de 15 dias.
  • 12. * Figura 1. Corte coronal, mostrando acometimento de seios maxilares e etmoidais anteriores.
  • 13. * Figura 2. Corte axial , evidenciando comprometimento de seios maxilares e fossas nasais.
  • 14. * Figura 3. Corte axial, evidenciando comprometimento de seios etmoidais.
  • 15. * Figura 4. Corte axial com acometimento de seio frontal.
  • 16.
  • 18. *Granulomatose de Wegener é uma doença sistêmica idiopática rara, imunologicamente mediada, caracterizada por acometer as pequenas artérias dos tratos respiratórios superior e inferior e do rim, provocando reação inflamatória com necrose, formação de granuloma e vasculite nestes órgãos
  • 19. *Estudos americanos demonstram uma prevalência de 3 casos para cada 100.000 pessoas7,8. A idade média do diagnóstico costuma estar entre 20 e 40 anos e o sexo masculino é mais acometido do que o feminino numa proporção de 1,5:1,0. É uma doença incomum em pessoas da raça negra.
  • 20. *O diagnóstico baseia-se no quadro clínico, no exame anátomo-patológico dos órgãos envolvidos e na positividade do ANCA-c (antinuclear cytoplasmic antibodies).
  • 21. *O tratamento é feito com drogas imunossupressoras e deve ser instituído o mais precocemente possível, pois trata-se de um enfermidade grave, que leva à morte devido a infecções e, principalmente, à falência renal.
  • 22. *Sintomatologia devido o acometimento das pequenas artérias dos tratos respiratórios superior e inferior e do rim, provocando reação inflamatória com necrose, formação de granuloma e vasculite nestes órgãos
  • 23. *Como sintomas gerais iniciais, o paciente costuma apresentar febre, anorexia, emagrecimento, fadiga e fraqueza. *O trato respiratório alto está envolvido em 70 a 100% dos casos. As manifestações mais freqüentes envolvem o nariz e os seios paranasais (em 80 a 90% dos casos) e são: obstrução nasal crônica com rinorréia clara, ulceração e edema da mucosa nasal, parosmia, epistaxe e cefaléia.
  • 24. *Perfuração do septo nasal e ulceração e erosão do vômer são clássicas. A deformidade do nariz “em sela”, devido à destruição da cartilagem nasal e do vômer, ocorre em apenas 3,5 a 7% dos casos. Estas lesões são frequentemente infectadas secundariamente por Staphylococcus. *Podem ocorrer otite média secretora, otite média crônica, com perfuração da membrana timpânica, otalgia e otorréia. Ainda existem casos descritos de disacusia sensorioneural, vertigens e tinnitus em pacientes com granulomatose de Wegener.
  • 25. *A prevalência do envolvimento otológico está em torno de 35%, e relaciona-se à vasculite e ao bloqueio da tuba auditiva por acometimento da rinofaringe. *Paralisia facial é encontrada em 8 a 10% dos casos e resulta de vasculite do vasa – vasorum do nervo facial, ou de invasão granulomatosa do tecido da orelha média, ou de lesão granulomatosa primária do nervo ou da combinação destes fatores.
  • 26. *O envolvimento pulmonar é também extremamente comum (70 a 90% dos casos). Tosse produtiva, dispneia, hemoptise, dor e desconforto torácico são os principais sintomas. Anormalidades nas radiografias do tórax são vistas em mais de 90% dos casos, e incluem lesões nodulares escavadas não calcificadas, largas, múltiplas e bilaterais. * As características nefrológicas da granulomatose de Wegener são predominantemente representadas por glomerulonefrite focal necrotizante, que leva à falência renal e morte. Anormalidades renais são encontradas em 50 a 90% dos casos. Hematúria, leucocitúria e anormalidades nas mensurações de uréia e creatinina são as alterações encontradas nos exames dos doentes.
  • 27.
  • 28.
  • 29. *Manifestações cutâneas (petéquias e lesões ulceradas) ocorrem em aproximadamente 40% dos pacientes, nas extremidades dos membros inferiores. *Mialgias e artralgias migratórias são freqüentes (40 a 70%), mas efêmeras. *Acometimento ocular, cardíaco e do sistema nervoso central ocorrem em cerca de 40% dos casos e são inespecíficos. *Disfonia, estridor laríngeo, sibilos, ulceração e edema oral e gengivite complementam o acometimento de cabeça e pescoço.
  • 30.
  • 31.
  • 32. *O padrão-ouro para o diagnóstico da granulomatose de Wegener é a descoberta de vasculite granulomatosa necrotizante no exame anátomo-patológico do tecido doente biopsiado.
  • 33. *As lesões granulomatosas apresentam polimorfonucleares, células plasmáticas, raros eosinófilos e linfócitos e, especialmente, células gigantes multinucleadas. A vasculite é caracterizada pelo envolvimento de arteríolas e vênulas, com conseqüente oclusão da luz vascular.
  • 34. ** ANCA – anticorpo anticitoplasma neutrofílico – Há um número de antígenos que podem ser reconhecidos por anticorpos antineutrofílicos. Os antígenos principais associados com o pANCA (figura A) e o cANCA (figura B)são o mieloperoxidase (MPO) e a protease 3 (PR3) respectivamente.
  • 35. *Coloração homogênea perinuclear – Associação com as seguintes doenças: Vasculites primárias – poliangeites microscópicas, síndrome de Chung-Strauss, poliarterite nodosa; Colagenoses – síndrome de Felty, Lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatóide e síndrome de Sjögren; Doenças inflamatórias intestinais – doença de Crohn e retocolite ulcerativa; e colangite esclerosante primária.
  • 36. Coloração granular no citoplasma – Associação com as seguintes doenças : Vasculite primária; granulomatose de Wegener; poliangeites microscópicas, síndrome de Churg-Strauss e poliarterites.
  • 37. *O achado de títulos elevados de ANCA-c serve para consubstanciar o diagnóstico. Os ANCA-c são anticorpos circulantes contra elementos do núcleo do citoplasma de neutrófilos e monócitos. A imunofluorescência indireta é o melhor método para titulação do ANCA-c. Valores a partir de 1/16 são considerados positivos. *Muitos investigadores acreditam que o ANCA-c é altamente específico para granulomatose de Wegener, com 98% de especificidade e com sensibilidade variando entre 34 e 92%. Entretanto, outros autores relatam positividade do ANCA-c em outras vasculites e síndromes autoimunes, como a poliarterite nodosa e a doença de Kawasaki.
  • 38. * Ciclofosfamida, administrada nas doses de 2 mg/ Kg/ dia,por via oral. * A contagem de Leucócitos deve ser monitorizada (manter a contagem de neutrófilios acima de 3.000/ mm³). * A ciclofosfamida deve ser continuada por 1 ano após a indução da remissão completa e, daí em diante, será reduzida gradualmente até poder ser suspensa. *Concomitantemente iniciar prednisona, 1 mg/ Kg/ dia, inicialmente (no 1ºmês de terapia) *Conversão gradual para um programa de dias alternados, seguido por redução e suspensão após aproximadamente 6 meses.
  • 39. *Alguns relatos indicam um efeito benéfico da associação sulfametoxazol-trimetoprim no controle das infecções secundárias da GW, porém não existem dados concretos para confirmá-lo, particularmente nos pacientes com doença renal e pulmonar graves.
  • 40. *A sobrevida média dos doentes é de 8 anos e meio; a sobrevida em 10 anos é estimada em 40%, se houver envolvimento do rim e, em 60 a 70% se não houver comprometimento renal.
  • 42. *As vasculites sistêmicas são um grupo de doenças caracterizadas por um processo inflamatório de vasos sanguíneos levando a necrose da parede do vaso e obstrução da luz. O espectro clínico das vasculites sistêmicas é muito variado, dependendo, em grande parte, do tamanho e da localização dos vasos acometidos
  • 43. Grande calibre Arterite de Takayasu; arterite de células gigantes Médio calibre Poliarterite nodosa; doença de Kawasaki Pequeno calibre ANCA associado: poliangiite microscópica; granulomatose de Wegener; síndrome de Churg- Strauss Imunocomplexo mediado: doença de Henoch-Schönlein; vasculite crioglobulinêmica; vasculite urticariforme hipocomplementêmica; angiite leucocitoclástica cutânea; doença de Goodpasture
  • 44. Quando ocorre de forma isolada, são denominadas vasculites primáriasvasculites primárias. Outras vezes, porém, surgem na vigência de doenças sistêmicas autoimunes, neoplásicas ou infecciosas, sendo denominadas então de vasculites secundáriasvasculites secundárias.
  • 45. Pequenos vasos Vênulas pós-capilares Púrpura palpável Arteríolas e capilares Livedo reticular Capilares glomerulares Hematúria, disfunção renal Capilares pulmonares Hemoptise, dispneia Médios vasos Cutâneo Necrose, úlceras, infartos digitais Artérias epineural Moneurite multiplex Artérias do trato gastrintestinal Dor abdominal, hemorragia digestiva baixa, úlceras intestinais, infarto visceral Artérias renais Infarto e disfunção renal Artérias coronárias Angina, infarto miocárdico Grandes vasos Aorta e seus ramos Diferença de pulso e de pressão, sopros, claudicação vascular Artéria carótida externa Cefaleia temporal, cegueira  
  • 46. A arterite de Takayasu (AT) é uma vasculite primária sistêmica que acomete vasos de grande calibre, ou seja, a aorta e seus ramos principais, além de artéria pulmonar
  • 47. *O achado clínico que leva a suspeita nestes casos é a diminuição de pulso, a presença de sopro cardíaco ou extracardíaco (carótidas, abdominal etc.) ou a assimetria da medida da pressão arterial nos membros. Por meio de exames de imagens (p. ex., tomografia computadorizada e angiorressonância dos vasos), é possível confirmar tais lesões vasculares.
  • 48. *O exame físico de um paciente com AT deve sempre incluir a palpação dos pulsos periféricos à procura de sopros e medida de pressão arterial nos quatro membros. De uma consulta a outra, deve-se estar atento para o surgimento ou a diminuição progressiva da intensidade ou desaparecimento de pulsos, agravamento dos sopros ou frêmitos ou queda da pressão arterial em algum membro. A presença de um sopro novo deve alertar o clínico para a necessidade de repetição de métodos de imagem.
  • 49. *Diferentemente das outras vasculites, o diagnóstico de AT não se baseia na biópsia. Como não existe nenhum exame marcador para esta doença, seu diagnóstico é baseado na clínica e no aspecto das lesões por método de imagem (p. ex., arteriografia digital, angiotomografia ou angiorressonância, sendo este último preferível, dadas a utilização de contraste menos tóxico e a ausência de irradiação).
  • 50.
  • 51.
  • 52.
  • 53. *A arterite de células gigantes (ACG) é uma vasculite que acomete vasos de grande e médio calibre, preferencialmente os ramos extracranianos das carótidas e, em particular, a artéria temporal superficial. Afeta principalmente indivíduos de cor branca, sexo feminino (3:1) e > 50 anos de idade.
  • 54. *Cefaléia, que ocorre em cerca de 2/3 dos casos, geralmente é de forte intensidade, localizada apenas em uma área da cabeça, podendo ser o primeiro sintoma da doença. Hipersensibilidade da região temporal, com incômodo ao usar óculos, pentear os cabelos ou apoiar a cabeça no travesseiro à noite é queixa frequente.
  • 55. *Uma das manifestações mais específicas da ACG é a claudicação de mandíbula, com dor em músculo masseter ou temporal relacionada ao esforço de falar ou mastigar, que desaparece com o repouso. Podem ainda ocorrer dores intensas na região retroauricular ou na articulação temporomandibular. Claudicação ou parestesia de língua também pode ocorrer.
  • 56. *Sintomas oculares como borramento visual, diplopia, amaurose fugaz e escotomas ocorrem em 25 a 50% dos pacientes e prenunciam a evolução para perda súbita e definitiva da visão. Esta perda de visão se deve, em geral, à neurite óptica isquêmica, resultado da oclusão de ramos ciliares posteriores da artéria oftálmica, mas pode ocorrer por oclusão de artéria central da retina.
  • 57. *Perda de memória, convulsões, quadros demenciais ou ataques isquêmicos transitórios podem ocorrer por acometimentos de ramos intracranianos de carótidas ou vertebrais.
  • 58. *Em metade dos casos, a ACG pode cursar com polimialgia reumática. A polimialgia reumática,polimialgia reumática, por sua vez, é uma doença inflamatória sistêmica, geralmente autolimitada, que ocorre em indivíduos > 50 anos de idade e é comumente associada com elevados valores de velocidade de hemossedimentação e anemia (50% dos casos).
  • 59. *caracterizada por um início subagudo ou crônico de dores difusas pelo corpo, rigidez matinal e dolorimento na região cervical, ombros e cintura pélvica em pacientes acima dos 50 anos. Os sintomas são geralmente simétricos, mas assimetria da dor pode ocorrer. Alguns pacientes queixam-se de fraqueza, fadiga, anorexia, perda de peso e febre. A polimialgia reumática apresenta uma resposta rápida à corticoterapia em doses baixas.
  • 60. *Poliarterite nodosa (PAN) é uma vasculite sistêmica primária necrosante que compromete artérias de médio calibre. Apresenta espectro de manifestação ampla, desde uma forma leve/limitada à progressiva e fatal, acometendo sistema nervoso central e periférico, rins, músculos, trato gastrintestinal e cutâneo.
  • 61. *Na fase inicial, sintomas e sinais constitucionais (fadiga, fraqueza, febre, artralgias) podem estar presentes em 70% dos casos. Manifestações em órgãos específicos também podem ocorrer.
  • 62. *No caso de acometimento cutâneo, pode ocorrer a presença de livedo reticularis, úlcera cutânea, nódulos subcutâneos, eritema nodoso, erupção vesicular ou bolhosa e/ou úlceras Tais lesões podem ser focais ou difusas, e geralmente aparecem em membros inferiores. Envolvimento cutâneo progressivo pode ser grave, incluindo infarto e gangrena de dedos das mãos e dos pés e também em outras áreas, além de ulcerações com extensão até tecido subcutâneo.
  • 64. *O acometimento renal leva a hipertensão arterial e diferentes graus de insuficiência renal. Ruptura de aneurismas de artéria renal pode causar hematomas perirrenais. Infartos renais múltiplos também podem ocorrer em indivíduos com extensa vasculite. Estreitamento incompleto do lúmen de artérias inflamadas leva a isquemia glomerular, mas não a inflamação ou necrose.
  • 65. *Assim, o sedimento urinário, quando alterado, mostra somente proteinúria subnefrótica e, às vezes, modesta hematúria; no entanto, cilindros hemáticos são geralmente ausentes.
  • 66. *A mononeuropatia multiplexa (ou polineuropatia assimétrica) é um dos achados mais comuns. A neuropatia é geralmente assimétrica no início, mas o envolvimento adicional de outros ramos nervosos leva a polineuropatia simétrica distal mais confluente. Nervos cranianos são menos comumente envolvidos.
  • 67. *A dor abdominal é um sintoma intestinal inicial em pacientes com arterite de mesentérica. Perda de peso pode ser secundária a má absorção intestinal. Doença progressiva pode resultar em infarto intestinal com perfuração. Outros sintomas gastrintestinais incluem náuseas, vômitos, melena, diarreia sanguinolenta e extenso sangramento gastrintestinal.
  • 68. *Cardiomiopatia isquêmica como reflexo de vasculite, estreitamento ou oclusão das artérias coronárias.
  • 69. *Envolvimento muscular ocorre em 50% dos casos, com sintomas de mialgias e fraqueza muscular. Enzimas musculares (creatinofosfoquinase) podem estar levemente elevadas. *Se houver dor testicular, este sítio tem sido recomendado como um bom local de biópsia para diagnóstico.
  • 70. *Poliangiíte microscópica (PAM) é uma vasculite sistêmica de pequenos vasos (vênulas, capilares, arteríolas) tipicamente levando a uma glomerulonefrite crescêntica associada à vasculite sistêmica generalizada. O quadro de acometimento renal associado à hemorragia alveolar também é conhecido como Síndrome Pulmão-rim.
  • 71. *Trata-se de uma vasculite necrosante não granulomatosa que, em geral, se acompanha de glomerulonefrite pauci-imune, e faz parte do espectro das vasculites associadas à presença de ANCA.
  • 72. Órgão Manifestação clínica Constitucional Emagrecimento, febre, anorexia Cabeça Rinite, úlceras orais, púrpura em palatino, esclerite e uveíte Pulmões Capilarite pulmonar, hemorragia alveolar, infiltrado não específico, fibrose pulmonar, derrame pleural Trato gastrintestinal Vasculite mesentérica, aneurisma mesentérico Rins Glomerulonefrites Pele Púrpura palpável, úlceras, lesões vesicobolhosas Articulações Poli ou oligoartrite migratória, artralgias Nervos periféricos Mononeurites multiplex sensitivas ou motoras Sistema nervoso central Vasculite central
  • 73. *A síndrome de Churg-Strauss (SCS) é uma vasculite necrosante sistêmica primária ANCA associada. Histologicamente apresenta infiltrado tissular eosinofílico, formação de granuloma extravascular e vasculite necrosante. *Acomete indivíduos com asma e frequentemente rinite alérgica sendo, por isso, também conhecida como angiíte alérgica e granulomatose alérgica.
  • 74. *Didaticamente, podemos dividir a história natural da doença em 3 fases: *A)pródromo: caracterizado pela presença de doenças alérgicas (asma, rinite alérgica); esta fase frequentemente dura anos). *B)infiltrado tissular/eosinofilia: é a fase marcada pela eosinofilia periférica, infiltrado eosinofílico tissular (pulmões, trato gastrintestinal e outros tecidos). *C)vasculites: fase caracterizada pela presença de vasculites necrosantes em pulmões, coração, nervos e pele.
  • 75.
  • 76. Critério Definição Idade de início < 40 anos Aparecimento de sinais ou sintomas relacionados à AT em idade < 40 anos Claudicação de extremidades Aparecimento e piora de fadiga e desconforto nos músculos de uma ou mais extremidades com o uso, especialmente de extremidades superiores Diminuição de pulso braquial Enfraquecimento da pulsação em uma ou ambas as artérias braquiais Diferença de pressão arterial > 10 mmHg Diferença de mais de 10 mmHg na pressão sistólica arterial entre os membros superiores Sopro sobre as artérias subclávias ou a aorta Sopro audível sobre uma ou ambas as artérias subclávias ou a aorta abdominal Anormalidade arteriográfica Arteriografia com estreitamento ou oclusão da aorta, seus ramos primários ou grandes artérias na região proximal dos membros superiores ou inferiores, não devidos a aterosclerose, displasia fibromuscular ou causas semelhantes; alterações geralmente focais ou segmentares Para a AT requer pelo menos 3 dos 6 itens.
  • 77. Para arterite de células gigantes requer 3 dos 5 itens: Idade de início > 50 anos Cefaleia de inicio recente ou novo tipo de cefaleia Dor à palpação ou diminuição do pulso da artéria temporal Velocidade de hemossedimentação maior que 50 mm/hora Evidência histológica de arterite (lesões granulomatosas, geralmente com células gigantes ou infiltrado celular mononuclear)
  • 78. Para poliarterite nodosa, é necessário pelo menos 3 dos 10 itens seguintes: Perda de peso, não explicada, superior a 4 kg Livedo reticularis Dor ou dolorimento testicular Mialgias (excluir cintura escapular e pélvica) Mononeurite ou polineuropatia Aparecimento de pressão arterial diastólica superior a 90 mmHg Elevação sérica de úreia (superior a 40 mg/dL) ou creatinina (superior a 1,5 mg/dL) Infecção pelo vírus da hepatite B (HbsAg ou anti HbsAg) Anormalidades arteriográficas características (aneurismas ou oclusões) Biópsia de artéria de pequeno ou médio calibre contendo polimorfonucleares na parede arterial
  • 79. Para a granulomatose de Wegener, é necessário pelo menos 2 dos 4 itens: Inflamação oral ou nasal (úlceras orais dolorosas ou não ou descarga nasal purulenta) Presença de infiltrado nodular, fixo ou cavitário à radiografia simples de tórax Sedimento urinário com hematúria com ou sem cilindros hemáticos Infiltrado inflamatório granulomatoso na parede vascular, peri ou extravascular  
  • 80. Para a síndrome de Churg-Strauss, é necessário pelo menos 4 dos 6 itens: Asma (história de chiado ou achado de sibilos expiratórios difusos) Hemograma com eosinofilia periférica > 10% na contagem diferencial Mono (incluindo mononeurite múltipla) ou polineuropatia Infiltrado pulmonar não fixo à radiografia simples de tórax Anormalidade dos seios da face à radiografia simples Biópsia mostrando infiltrado eosinofílico extravascular
  • 81. Poliangiíte microscópica é caracterizada pela presença de: Hemorragia alveolar e/ou glomerulonefrite rapidamente progressiva Demonstração histológica de vasculite de pequenos vasos ou de presença de glomerulonefrite necrosante pauci- imune Sintomas sugestivos de vasculite envolvimento de pequenos vasos