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“Cenário das Palavras”
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“Cenário das Palavras”
A paisagem se encontra nua e crua. A consciência a traduz neste cenário com as palavras conhecidas e confusas. Românticos Imorais Rastros e Pistas Minha Viagem Para Continuar A Construção Espírito em Segredo Reality News O Vento São Paulo, 1993 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados 2
3.
“Cenário das Palavras”
Românticos Imorais Aqui temos a inocência como desculpa da deficiência de nossa compreensão Reside na indecência e na pobreza da consciência, a estupidez de cada ação Mas tão fácil esquecermos de onde nós viemos Criados assim tão vivos Idolatrando inimigos Já não temos o pudor Somente resta o nosso rancor superficial Invariavelmente estúpidos Transformados em malucos E tudo isso é tão real Mas tão fácil esquecermos do amor que nós queremos Um fato ocasional Atitudes sem moral Já chegamos a um caminho Agora é despertar do ninho e avançar o sinal Esperar pela iniciativa de nossa mente tão criativa Talvez é estar estacionado Mas tão fácil esquecermos o absurdo em que vivemos De formas especiais Sempre querendo mais Não perca seu espaço Reforce seu calor Reative sua voz Meu lógico cantor. São Paulo, Abril 1993 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados 3
4.
“Cenário das Palavras”
Minha Viagem Penso em lidar com o acaso Transformar minha timidez Evitar o recuo do olhar Esperar pela minha vez Estou a mercê da imaginação Baseado no talvez Me perdendo em toda a situação Atropelando minha sensatez Os olhos lacrimejam perdidos no viver Sensações voam através dos sentidos Redefinindo todo o prazer Ilhado no caos do meu ser Aproximando-se cada vez mais Em passos curtos neste atalho Espero s momentos normais E no movimento certo eu falho Já chego a sentir um toque Trazendo o fruto desse flerte Imaginando que esse enfoque Não esteja apenas na minha mente Os olhos saltam e chegam perto A hora tolhe minha linguagem O pensamento desloca-se e eu desperto Da realidade para a minha viagem São Paulo, Maio 1993 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados 4
5.
“Cenário das Palavras”
A Construção A construção tão bela e robusta Realça a imagem no terreno moderno O sólido objeto raro na terra sob o céu Dilui esperanças no horizonte eterno Transcrita a idéia em enigmas Em código está enunciada O próspero desperta no sonhador A mágica instrumental do acabado E enfim descreve-se o perverso A construção em mármore, em prosa ou em verso A construção tão rude e maliciosa Encontra-se de frente ao muro Ao lado a via infinita recorta o espaço Desenha os traços do urbano vagabundo Desfrute o passeio em volta do cerco Desmonte o cenário e ache o medo Encontre o teu desespero Do alto do monumento A construção espalhada no universo Traduzida num inquieto e inconfundível inverno The building is watching us so unreal The things I’ve said it’s not a big deal From now on we’re screaming at the wall In a word written we’ll rise and we’ll fall São Paulo, Maio 1993 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados 5
6.
“Cenário das Palavras”
Reality News Tudo sobre o mundo me interessa Tanta coisa assim e tão dispersa Tão fácil colocar a questão no seu lugar Difícil mesmo é saber explicar A fome pelo saber somente basta? No prato do conhecer eu faço graça Preciso lembrar daquela data? Que importa o argumento, de que se trata? Quem fica louco não repara Na presa do saber do que é fútil Finge dizer sobre o que não pensa O ridículo do inútil A inteligência da mídia colorida O cotidiano em capa de revista Fácil guardar cada memória no seu lugar Como é bom conseguir organizar A informação no abismo possível Em detrimento da compreensão Dez mil títulos e assinaturas Pasteurizadas em caricaturas São Paulo, Maio 1993 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados 6
7.
“Cenário das Palavras”
Rastros e Pistas Tempos felizes, muitos filhos de repente Poucos deslizes, muito riso inocente Esperam o sinal à frente Mística imagem, o tom num certo transparente O sonho vivo da conquista adolescente A vida espera paciente Mas se encontram fácil Se encaixam Se vêm para a história Poucos são os que recorrem à memória Poucos muito loucos Seguem firme domando a noite Rastros e pistas em seus nomes Velhos manuscritos numa língua diferente Sugerem imagens quase cínicas, reluzentes Cedem ao caos eminente Dedicam ao íntimo a honra e a conquista São conhecidos pelo calor da notícia Somente a seriedade arrisca Mas se iludem fácil Se perdem Entram para a história Poucos são os merecedores da vitória Sérios pouco leves Seguem céticos à luz do dia Rastros e pistas na agonia Sentimentos vivos Lembranças que respiram Ferimentos frios Amizades que irradiam Todo o local presente Seguem a missão que abraçaram lentamente Não se importam com o tempo que passa brevemente Nutrem o sinal carente Mas se jogam fácil Envelhecem Escrevem a história Poucos são os que sobrevivem na glória Velhos e românticos são vitais Relatam a vida Em rastros e pistas narrativas São Paulo, Maio 1993 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados 7
8.
“Cenário das Palavras”
Para Continuar Escute bem Pra onde vamos assim tão fracos Com os olhos inchados, já não acessos Desacreditados servindo ateus Responsabilizados independentes seus Olha assim Escute o som equivocado Espasmos loucos do espírito fraco Na face de tudo que respeitamos A troca injusta não aceitamos Quer assim demais Do mundo em reviravolta De todos que não queremos Palavras em manobras Visualize o claro Nos limites do pensamento Há crise no comportamento Inclinado por estar cego Iludidos por todo o ego Ilumina a sombra Nas origens dos segredos No interior do medo Em transe, em luz, em vida Sinais da fé perdida Quer assim não muito A voz rouca na multidão Pela paz renega a união Seguem fácil na escuridão São Paulo, Abril 1993 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados 8
9.
“Cenário das Palavras”
Espírito em Segredo Toda a nossa loucura acesa Passada a limpa em cima da mesa O vento úmido gela a alma A brisa fraca nos traz a calma Em todos os nossos conflitos do cotidiano A voz como força vem pregar a ordem Sentimos ter dado fim às crises Quando o discurso não mais existe Será a nossa alegria sempre o remédio? Do nosso grande e louco tédio Está o corpo encarando o medo? Ou é o espírito em segredo? Em nosso objetivo fundamental Sempre me recordo de ser normal O pensamento fixo e espesso Está em riste e pelo avesso Será o nosso papel o de um ator? Sangrando a testa Controlando a dor Está a alma fugindo tão cedo? Levando o espírito em segredo A vaidade cedeu lugar ao pranto Em fragmentos perdeu-se o encanto A ordem cega impede a liberdade Não faz sentido nossa vontade Estará o mundo seguindo à toa? Ou então é o meio que destoa Estará o espírito em segredo seguro? Ou nossa opinião em cima do muro São Paulo, Abril 1993 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados 9
10.
“Cenário das Palavras”
O Vento Não muito distante as folhas caíram com o vento que surgiu Com ele veio a tormenta e as folhas levadas com você Girando o mundo e com ele nossas almas Vai os ventos de outras terras Até onde foi você? Até que ponto tenho o controle da dor? Até onde dura meu amor? Volta a ventania cíclica sem perdão Não há mais sonho em meu coração Apenas o canto suave de sua alma Trouxe a calmaria para a minha Que já não possui mais as folhas Levadas outrora pela tormenta São Paulo, Maio 1993 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados 10
11.
“Cenário das Palavras”
Todas as letras compostas por Paulo Maia São Paulo © 1993 Todos os direitos reservados.