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Paulo Maia




             Labirinto
Em princípio...
    Labirinto
Vidas Atravessadas
Uma Outra Transa
 Olhos Na Cidade
  Do Meu Querer
O Homem Escondido
Colorido Ofuscado
  Desejo Natural
Paulo Maia © 1998 Todos os Direitos Reservados
            Em princípio...
Por vezes o que torna a vida incansável é a espera
   na angústia e na vontade pelo excepcional
Labirinto
       Senti saudades lá de fora
      queria ir, levar-me embora
    aqui não há mais tempo e hora
       eu tenho a solidão agora




                                         Paulo Maia © 1998 Todos os Direitos Reservados
 Neste labirinto de corredores tortos

     Circular em falso e errado
     ganhar espaço rindo à toa
     Não finjo estar apaixonado
  Escolho o tempo e não me encaixo

 Neste labirinto de altos muros fortes

      Então havia só o silêncio
      um alento no calor e dor
      um nevoeiro muito denso
       eu cego sigo navegador

   Neste labirinto fechado na saída
Neste labirinto à sombra de um telhado
Vidas Atravessadas

  Sorriso que me vem entre o sol e a lua
   no mesmo caminho pela mesma rua
     sempre a chuva a me refrescar




                                           Paulo Maia © 1998 Todos os Direitos Reservados
 Beijo solitário num momento escondido
  vidas atravessadas num trevo perdido
     quase sem o tempo a se entregar

           Como vem, e é só
 tamanha a vontade de brincar com você
            Não tem, e é só
 um mundo esperando pela nossa espera

 Suspiros ofegantes em abraços roubados
pernas em cambaleio num tremor sufocado
       o que se sente vem arrebatar

          Como vem, e é assim
     a sedução em jogo com o acaso
             Vem, e é assim
   teu sorriso sempre aceso para mim
Uma Outra Transa

Sente-se um pouco aqui, verá não tem mal nenhum
 Prazer que se encontra assim, esconde-se todo nú

       Não repare, há sempre bagunça à solta




                                                         Paulo Maia © 1998 Todos os Direitos Reservados
       à vontade, respire com a alma pronta

  Responda a tudo sempre, bem forte e lentamente
não deixe fugir e aguente, é o corpo que grita e sente

        É natural, a beleza de ser normal
    Experimente, a dor que está sempre ausente

Recobrar todos os sentidos, sentir tesão novamente
 olhar com desejo livre, rolar o corpo suavemente

           Afinal, estamos sem final
      Sem motivos, prá pensarmos em destino

       Vamos gozar a vida como vivemos
      Mergulhar no mundo onde nos veremos
Olhos Na Cidade

 Com olhos na cidade, no asfalto acendo as luzes
  em carros automóveis, em trevos ou viadutos

     Abusos em perigo, calçadas e degetos




                                                   Paulo Maia © 1998 Todos os Direitos Reservados
    entre becos e botecos, estamos sem saída

 Acordando um pouco mal, sem notícias do real

     Acordo assustado, em faixa de pedestre
   faróis quadriculados, é signo que se obedece

 Um igual bem ao meu lado, emite a sua agonia
   sem ar-condicionado, repete o dia a dia

Um estrondo, um temporal, uma tragédia semanal

               Olhos na cidade
             Com os olhos na cidade
Do Meu Querer

    E assim ela fez mistérios
      e negou seu coração
 com mais um sopro de lamento
    me aproximei da solidão




                                      Paulo Maia © 1998 Todos os Direitos Reservados
 Do meu querer só tenho o sonho
   de apostar melhor em mim
   de acreditar que há lá fora
  um mundo que não tem fim

    E assim ela fez encantos
    tornou-se minha oração
como uma forte expressão de amor
     fez surgir uma canção

   Do meu querer só a memória
   vive em meu mundo perdido
de acreditar que não há na história
         desejos proibidos
O Homem Escondido

     Água nos olhos
   os dedos dormentes
    na boca palavras
   mastigam os dentes




                         Paulo Maia © 1998 Todos os Direitos Reservados
    Cabelos compridos
    o rosto escondido
    a pedra cintilante
   bem perto do ouvido

   O peito descoberto
   abaixo um umbigo
  as pernas apresentam
     joelhos tremidos

  O colo que esquenta
  um tatoo descolorido
   e o corpo apresenta
  o homem escondido

   O homem escondido
Colorido Ofuscado

      Fizemos tudo certo e nada funcionou
    estávamos bem perto. Em pó desmoronou

    O mundo descoberto. Um sonho acordou




                                                     Paulo Maia © 1998 Todos os Direitos Reservados
   Uma estrada no deserto. A janela para o céu

         O fogo do inferno aquece o meu

A história vem sem pressa e atraí poderes naturais
O mundo que nos desperta, acrescenta-nos plurais

   Um colorido ofuscado vem às vezes merecer
   Um retoque rebuscado, asas para poder voar

         O frio do inverno congela o meu
Desejo Natural

Estou com muita pressa
de te ver um pouco mais
 A história que começa
  promete bons finais




                          Paulo Maia © 1998 Todos os Direitos Reservados
 Teus olhos coloridos
   envia-me sinais
 Mas esse precipício
 machuca-nos demais

   Somente quero ter
     toda a sua cor
   poder lhe aquecer
 com todo o meu amor

 Trazer você comigo
   neste vendaval
 não ser só seu amigo
mas teu desejo natural
Labirinto
Todas as letras são de autoria de Paulo Maia.
   São Paulo, setembro e outubro 1998.


    Paulo Maia © 1998 Todos os Direitos Reservados

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Labirinto

  • 1. Paulo Maia Labirinto
  • 2. Em princípio... Labirinto Vidas Atravessadas Uma Outra Transa Olhos Na Cidade Do Meu Querer O Homem Escondido Colorido Ofuscado Desejo Natural
  • 3. Paulo Maia © 1998 Todos os Direitos Reservados Em princípio... Por vezes o que torna a vida incansável é a espera na angústia e na vontade pelo excepcional
  • 4. Labirinto Senti saudades lá de fora queria ir, levar-me embora aqui não há mais tempo e hora eu tenho a solidão agora Paulo Maia © 1998 Todos os Direitos Reservados Neste labirinto de corredores tortos Circular em falso e errado ganhar espaço rindo à toa Não finjo estar apaixonado Escolho o tempo e não me encaixo Neste labirinto de altos muros fortes Então havia só o silêncio um alento no calor e dor um nevoeiro muito denso eu cego sigo navegador Neste labirinto fechado na saída Neste labirinto à sombra de um telhado
  • 5. Vidas Atravessadas Sorriso que me vem entre o sol e a lua no mesmo caminho pela mesma rua sempre a chuva a me refrescar Paulo Maia © 1998 Todos os Direitos Reservados Beijo solitário num momento escondido vidas atravessadas num trevo perdido quase sem o tempo a se entregar Como vem, e é só tamanha a vontade de brincar com você Não tem, e é só um mundo esperando pela nossa espera Suspiros ofegantes em abraços roubados pernas em cambaleio num tremor sufocado o que se sente vem arrebatar Como vem, e é assim a sedução em jogo com o acaso Vem, e é assim teu sorriso sempre aceso para mim
  • 6. Uma Outra Transa Sente-se um pouco aqui, verá não tem mal nenhum Prazer que se encontra assim, esconde-se todo nú Não repare, há sempre bagunça à solta Paulo Maia © 1998 Todos os Direitos Reservados à vontade, respire com a alma pronta Responda a tudo sempre, bem forte e lentamente não deixe fugir e aguente, é o corpo que grita e sente É natural, a beleza de ser normal Experimente, a dor que está sempre ausente Recobrar todos os sentidos, sentir tesão novamente olhar com desejo livre, rolar o corpo suavemente Afinal, estamos sem final Sem motivos, prá pensarmos em destino Vamos gozar a vida como vivemos Mergulhar no mundo onde nos veremos
  • 7. Olhos Na Cidade Com olhos na cidade, no asfalto acendo as luzes em carros automóveis, em trevos ou viadutos Abusos em perigo, calçadas e degetos Paulo Maia © 1998 Todos os Direitos Reservados entre becos e botecos, estamos sem saída Acordando um pouco mal, sem notícias do real Acordo assustado, em faixa de pedestre faróis quadriculados, é signo que se obedece Um igual bem ao meu lado, emite a sua agonia sem ar-condicionado, repete o dia a dia Um estrondo, um temporal, uma tragédia semanal Olhos na cidade Com os olhos na cidade
  • 8. Do Meu Querer E assim ela fez mistérios e negou seu coração com mais um sopro de lamento me aproximei da solidão Paulo Maia © 1998 Todos os Direitos Reservados Do meu querer só tenho o sonho de apostar melhor em mim de acreditar que há lá fora um mundo que não tem fim E assim ela fez encantos tornou-se minha oração como uma forte expressão de amor fez surgir uma canção Do meu querer só a memória vive em meu mundo perdido de acreditar que não há na história desejos proibidos
  • 9. O Homem Escondido Água nos olhos os dedos dormentes na boca palavras mastigam os dentes Paulo Maia © 1998 Todos os Direitos Reservados Cabelos compridos o rosto escondido a pedra cintilante bem perto do ouvido O peito descoberto abaixo um umbigo as pernas apresentam joelhos tremidos O colo que esquenta um tatoo descolorido e o corpo apresenta o homem escondido O homem escondido
  • 10. Colorido Ofuscado Fizemos tudo certo e nada funcionou estávamos bem perto. Em pó desmoronou O mundo descoberto. Um sonho acordou Paulo Maia © 1998 Todos os Direitos Reservados Uma estrada no deserto. A janela para o céu O fogo do inferno aquece o meu A história vem sem pressa e atraí poderes naturais O mundo que nos desperta, acrescenta-nos plurais Um colorido ofuscado vem às vezes merecer Um retoque rebuscado, asas para poder voar O frio do inverno congela o meu
  • 11. Desejo Natural Estou com muita pressa de te ver um pouco mais A história que começa promete bons finais Paulo Maia © 1998 Todos os Direitos Reservados Teus olhos coloridos envia-me sinais Mas esse precipício machuca-nos demais Somente quero ter toda a sua cor poder lhe aquecer com todo o meu amor Trazer você comigo neste vendaval não ser só seu amigo mas teu desejo natural
  • 12. Labirinto Todas as letras são de autoria de Paulo Maia. São Paulo, setembro e outubro 1998. Paulo Maia © 1998 Todos os Direitos Reservados