SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  84
Télécharger pour lire hors ligne
ENADE COMENTADO 2007
Fisioterapia
Chanceler
Dom Dadeus Grings
Reitor
Joaquim Clotet
Vice-Reitor
Evilázio Teixeira
Conselho Editorial
Ana Maria Lisboa de Mello
Elaine Turk Faria
Érico João Hammes
Gilberto Keller de Andrade
Helenita Rosa Franco
Jane Rita Caetano da Silveira
Jerônimo Carlos Santos Braga
Jorge Campos da Costa
Jorge Luis Nicolas Audy – Presidente
José Antônio Poli de Figueiredo
Jurandir Malerba
Lauro Kopper Filho
Luciano Klöckner
Maria Lúcia Tiellet Nunes
Marília Costa Morosini
Marlise Araújo dos Santos
Renato Tetelbom Stein
René Ernaini Gertz
Ruth Maria Chittó Gauer
EDIPUCRS
Jerônimo Carlos Santos Braga – Diretor
Jorge Campos da Costa – Editor-chefe
Denizar Alberto da Silva Melo
Mara Regina Knorst
Fabrício Edler Macagnan
Márcio Vinícius Fagundes Donadio
(Organizadores)

ENADE COMENTADO 2007
Fisioterapia

Porto Alegre
2010
© EDIPUCRS, 2010
CAPA Vinícius de Almeida Xavier
DIAGRAMAÇÃO Gabriela Viale Pereira
REVISÃO Rafael Saraiva

EDIPUCRS – Editora Universitária da PUCRS
Av. Ipiranga, 6681 – Prédio 33
Caixa Postal 1429 – CEP 90619-900
Porto Alegre – RS – Brasil
Fone/fax: (51) 3320 3711
e-mail: edipucrs@pucrs.br - www.pucrs.br/edipucrs

Questões retiradas da prova do ENADE 2007 da área de Fisioterapia

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
E56
	
	

ENADE comentado 2007 : fisioterapia [recurso eletrônico] / 	
organizadores, Denizar Alberto da Silva Melo ... [et al.].
– Dados eletrônicos. – Porto Alegre : EDIPUCRS,
2010.
83 p.

	
	
	

	

1. Ensino Superior – Brasil – Avaliação. 2. Exame 		
Nacional de Desempenho de Estudantes. 3. Fisioterapia –
Ensino Superior. I. Melo, Denizar Alberto da Silva.

	

Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader
Modo de Acesso:
<http://www.pucrs.br/edipucrs/enade/fisioterapia2007.pdf>
ISBN 978-85-7430-983-5 (on-line)

	
	
	

	

					

CDD 378.81

Ficha Catalográfica elaborada pelo Setor de Tratamento da Informação da BC-PUCRS.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 7
COMPONENTE ESPECÍFICO
QUESTÃO 11 ........................................................................................................... 10
Emerson Boschi, Ivan Fernandes e Viviane Fração
QUESTÃO 12 ........................................................................................................... 16
Denizar Melo e Verônica Frison
QUESTÃO 13 ........................................................................................................... 18
Denizar Melo e Adriana Kessler
QUESTÃO 14 ........................................................................................................... 20
Adriana Kessler, Jorge Luiz de Andrade Trindade, Mara Regina Knorst e Thais
de Lima Resende
QUESTÃO 15 - ANULADA ....................................................................................... 23
QUESTÃO 16 ........................................................................................................... 24
Jorge Luiz de Andrade Trindade e Thais de Lima Resende
QUESTÃO 17 ........................................................................................................... 27
Jorge Luiz de Andrade Trindade e Thais de Lima Resende
QUESTÃO 18 ........................................................................................................... 29
Emerson Boschi e Luana Caloy
QUESTÃO 19 - ANULADA ....................................................................................... 31
QUESTÃO 20 ........................................................................................................... 32
Denizar Melo e Márcio Donadio
QUESTÃO 21 ........................................................................................................... 34
Mara Regina Knorst e Thais de Lima Resende
QUESTÃO 22 ........................................................................................................... 36
Mara Regina Knorst e Thais de Lima Resende
QUESTÃO 23 ........................................................................................................... 38
Adriana Kessler e Thais de Lima Resende
QUESTÃO 24 ........................................................................................................... 40
Jorge Luiz de Andrade Trindade e Denizar Melo
QUESTÃO 25 ........................................................................................................... 42
Jorge Luiz de Andrade Trindade e Denizar Melo
QUESTÃO 26 ........................................................................................................... 45
Carla S. de Almeida e Verônica Frison
QUESTÃO 27 ........................................................................................................... 47
Carla S. de Almeida e Flavia Franz
QUESTÃO 28 ........................................................................................................... 50
Verônica Frison e Adriana Macagnan
QUESTÃO 29 ........................................................................................................... 52
Mara Regina Knorst
QUESTÃO 30 ........................................................................................................... 54
Carla S. de Almeida e Flavia Franz
QUESTÃO 31 ........................................................................................................... 56
Carla S. de Almeida e Viviane Fração
QUESTÃO 32 ........................................................................................................... 58
Fabrício Edler Macagnan
QUESTÃO 33 ........................................................................................................... 61
Fabrício Edler Macagnan
QUESTÃO 34 ........................................................................................................... 63
Emerson Boschi, Viviane Fração e Adriana Macagnan
QUESTÃO 35 ........................................................................................................... 67
Jorge Luiz de Andrade Trindade e Fabrício Edler Macagnan
QUESTÃO 36 ........................................................................................................... 70
Mara Regina Knorst e Thais de Lima Resende
QUESTÃO 37 - DISCURSIVA .................................................................................. 73
QUESTÃO 38 - DISCURSIVA .................................................................................. 75
QUESTÃO 39 - DISCURSIVA .................................................................................. 77
QUESTÃO 40 - DISCURSIVA .................................................................................. 80
LISTA DE CONTRIBUINTES ................................................................................... 82
APRESENTAÇÃO
A formação dos(as) profissionais da Saúde, em nível de Graduação, está
amparada pela Lei nº 9.394/1996, Lei de Diretrizes e Bases, que fundamenta a
Educação Superior no Brasil, e nas Políticas de Saúde vigentes. Considerando os
desafios de formar profissionais/cidadãos com competências e habilidades para
dar conta da complexa realidade da saúde, nacional e mundial, a criação do
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES, Lei nº
10.861/2004 propõe parâmetros essenciais para a avaliação da Educação
Superior. O SINAES preconiza uma formação que atenda a princípios de
qualidade e relevância voltados para as necessidades de desenvolvimento do
país. Assim, a avaliação permanente de todos os processos formativos precisa
estar incorporada no cotidiano das instituições de ensino, aproximando-a da
realidade social de cada área.
O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes – ENADE – constituise em uma das etapas de avaliação do SINAES. Seu propósito é avaliar o
desempenho dos estudantes, identificando se as condições de ensino, o
conhecimento, as competências e as habilidades pretendidas e a metodologia
utilizada estão em conformidade com os princípios e orientações das Diretrizes
Curriculares do Curso em avaliação. As Diretrizes Curriculares da Área da Saúde
orientam para a formação de um novo profissional/cidadão, alinhando-a aos
princípios do Sistema Único de Saúde – SUS, para atender às demandas da
saúde, na sociedade contemporânea. Para isso, e também conforme as referidas
diretrizes, é necessária a formação generalista com o desenvolvimento de
competências comuns às profissões, bem como as específicas de cada uma
delas para que a saúde seja atendida de maneira integral. Portanto, a premissa
da interdisciplinaridade como forma de ser, de fazer, de conhecer e de conviver,
precisa estar incorporada na concepção dos profissionais, a qual também está
subjacente na avaliação da qualidade dos cursos nessa área.
O ENADE Comentado, do Curso de Graduação em Fisioterapia, da
Faculdade de Enfermagem, Nutrição e Fisioterapia – FAENFI – tem como
propósito discutir, com a comunidade acadêmica da Faculdade, as questões que
compuseram o ENADE 2007, promovendo e ampliando debates relativos às
ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

7
práticas e ao cenário da Saúde no qual se insere a Fisioterapia. Ao mesmo tempo
como instrumento de avaliação, oportuniza reflexões acerca do processo
pedagógico desenvolvido ao longo do Curso.
A prova do ENADE/2007 do Curso de Fisioterapia é composta por 40
questões, assim constituídas: 10 questões de formação geral, 30 questões de
conteúdo específico, sendo 26 com respostas objetivas e 4 questões discursivas.
Também integra a Prova do ENADE um questionário no qual o estudante refere
sua percepção acerca do curso e estrutura do mesmo, no contexto da
Universidade.
Nesta publicação são apresentadas as 30 questões específicas da área da
Fisioterapia e discutidas as 26 questões objetivas, do ENADE 2007. As
discussões estão fundamentadas em publicações e nas políticas de saúde
vigentes, devidamente referenciadas para que o leitor possa ampliar a reflexão
acerca das temáticas abordadas pelas questões. As referências foram inseridas
conforme as orientações de Vancouver, comumente utilizadas na documentação
em Saúde.
Ressaltamos que a realização deste e-book só foi possível pelo
envolvimento do corpo docente do Curso de Fisioterapia. Agradecemos de
maneira muito especial a toda equipe da FAENFI que assumiu com
responsabilidade e competência a elaboração do presente e-book.
Nosso agradecimento à Prof.ª Dr. Solange Medina Ketzer, Pró-Reitora de
Graduação/PUCRS, extensivo à sua equipe pelo apoio e estímulos permanentes.
Esta publicação eletrônica – ENADE Comentado 2007: Fisioterapia –
FAENFI – insere-se na coleção da EDIPUCRS. Almejamos que o referido material
possa ser um instrumento de consulta para estudantes, docentes e profissionais
de saúde, bem como de revisão e reformulação de metodologias de ensino e de
aprendizagem.
Beatriz Sebben Ojeda
Diretora da Faculdade de Enfermagem, Nutrição e Fisioterapia – FAENFI

8

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
COMPONENTE ESPECÍFICO
QUESTÃO 11
Os processos de reabilitação de lesões musculoesqueléticas devem basear-se,
principalmente, nas respostas fisiológicas dos tecidos após a lesão. Assim, o
Fisioterapeuta precisa entender o processo de cicatrização para poder
supervisionar e intervir eficientemente nesse processo.
Com base na figura ao lado, analise as
afirmativas a seguir.
I

Como resposta a um trauma, o dano
imediato do tecido é chamado de lesão
primária, a qual ocorre ao mesmo tempo do
trauma, não havendo possibilidade de
evitá-la.

PRENTICE, Voight, 2003.

II A resposta secundária à lesão ocorre em
tecidos que não foram diretamente
atingidos pelo trauma e pode ser inibida ou
minimizada pela ação do Fisioterapeuta.
III A resposta inflamatória segue-se às lesões
primária e secundária nas quais se pode
observar, em graus diferentes, os sinais
inflamatórios de calor, rubor, tumor, dor e
impotência funcional.

IV O ciclo de dor e espasmo muscular atua
como reação de proteção a danos maiores,
e a atuação do Fisioterapeuta é de fundamental importância para a quebra
desse ciclo.
V As diversas fases do processo de reparo não interferem na redução do risco
de recidiva das lesões musculoesqueléticas.
Estão corretas, apenas, as afirmações
(A)

I, II e III.

(B)

I, III e IV.

(C) II, III e V.
(D) I, II, III e IV.
(E)

I, II, III e V.

Gabarito: D
Autores: Emerson Boschi, Ivan Fernandes e Viviane Fração

10

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
Comentário:
A resposta do organismo aos danos traumáticos primários leva à
destruição tecidual adicional, conhecida como lesão secundária.
A lesão primária é o dano tecidual causado diretamente pelo trauma.
A lesão secundária é o dano tecidual que ocorre na periferia, em resposta a
lesão primária; é causada pelas alterações enzimáticas e hipóxia no tecido.
As enzimas destinadas a digerir os detritos celulares são ativadas e
liberadas dos lisossomos das células mortas. Se tais enzimas entrarem em
contato com as células vivas adjacentes, elas passam a degradar sua membrana
celular, causando mais morte celular e a chamada lesão enzimática secundária.
A lesão hipóxica secundária resulta de liberação inadequada de oxigênio
para os tecidos da periferia de uma lesão traumática primária. O fluxo sanguíneo
é interrompido nos vasos lesados distais ao local da lesão e diminui nos outros
vasos da região, devido à estase e à aglutinação inflamatórias. A falta de oxigênio
finalmente ocasiona edema e rompimento celular, acidose e digestão lisossômica,
de acordo com a descrição anterior. A degradação da membrana celular e a
liberação intracelular de enzimas lisossômicas levam à morte celular. Os detritos
que são formados adicionam-se ao hematoma e assim, aumenta a área de lesão
tecidual.
As estruturas adjacentes às regiões traumatizadas podem, independente
do trauma inicial, ser também agredidas de forma primária ou secundária e ter
seus próprios quadros de comprometimento. Essa lesão adicional resulta em
perturbações microcirculatórias secundárias, como a vasorreação em resposta à
dor, à hipovolemia, ao choque e às adaptações metabólicas ao trauma.
Ao se realizar o exame físico em pacientes vítimas de traumatismos
musculoesqueléticos, em diferentes etapas da sua recuperação, podem ser
identificadas diversas condições dependentes ou não na lesão principal, entre
elas o edema, as aderências e a rigidez articular.
Para que se possa prevenir ou minimizar a ocorrência dessas condições há
que se entender a fisiopatologia das lesões dos tecidos moles. O processo de
cicatrização envolve uma sequência de eventos celulares, fisiológicos e
bioquímicos que buscam restaurar a homeostasia local.

ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

11
Em resposta à ruptura das fibras de colágeno e de vasos, ocorrem a
hemorragia e a resposta humoral, com a ativação dos mecanismos de coagulação
e a liberação de fatores inflamatórios quimiotáxicos e vasoativos. O edema se
instala em resposta ao processo hemorrágico, à vasodilatação e ao aumento da
permeabilidade vascular local. Essa é a fase inflamatória aguda, com duração
aproximada de três dias e caracterizada por aumento do calor local, vermelhidão,
podendo levar à incapacidade funcional, além do edema.
Nas primeiras 24 horas após o trauma, tem início o processo de reparação
tecidual, que se intensifica ao longo dos três dias subsequentes, caracterizando a
fase de reparação tecidual proliferativa. Há o aumento da migração de
fibroblastos nos tecidos lesionados, com a função de sintetizar fibras colágenas,
que são depositadas no local de forma aleatória. Também há neoformação
vascular, garantindo o restabelecimento da permeabilidade e a drenagem de
exsudatos inflamatórios. A ação de macrófagos é intensificada para a remoção de
células mortas e coágulos.
O equilíbrio entre síntese e degradação de colágeno é essencial para a
reparação tecidual após uma lesão. O tecido cicatricial, apesar da sua eficiência
como reparador, não tem a mesma resistência e elasticidade que o tecido sadio
não lesionado. Para a aquisição do resultado ideal e condições semelhantes
àquelas pré-lesões, é necessário que haja maturação cicatricial.
Nessa fase seguinte de remodelação, a área traumatizada já obteve a
cicatrização pelo depósito de fibras colágenas e os sinais e sintomas iniciais se
resolvem. Entretanto, o tecido neoformado é estruturalmente desorganizado e
desalinhado, com pouca resistência a forças tensivas, uma vez que esta é
diretamente proporcional ao alinhamento das fibras colágenas. A fase de
remodelação varia na duração, podendo alcançar até 18 meses, como no caso de
lesões ligamentares.
Uma outra reação orgânica ao trauma também é observada nos músculos
esqueléticos: a contração protetora em resposta a uma perturbação física. O
mecanismo de trauma pode comprometer a integridade muscular por mecanismos
de fora para dentro (compressão externa) ou de dentro para fora, pelo aumento
do volume interno (hemorragia, hematoma). No caso do aumento do volume
interno, o tecido muscular extrapola a capacidade do seu continente, no caso o
12

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
invólucro representado pelo epimísio e fáscia, determinando, por exemplo, as
síndromes compartimentais.
Independentemente do processo ser por compressão externa ou por
aumento do volume interno, a pressão tecidual encontra-se aumentada, o que
reduz a perfusão capilar e a microcirculação muscular, determinando a formação
do edema pós-isquêmico. Dessa forma, estabelece-se um processo contínuo em
que a pressão tecidual aumentada reduz a perfusão, o que causa o edema
intersticial, levando a hipóxia e a acidose, que, por sua vez, faz aumentar a
permeabilidade e que novamente aumentam a pressão tecidual.
Os recursos fisioterapêuticos para a prevenção e o tratamento do edema,
das aderências e da rigidez são: a cinesioterapia, a termoterapia, a hidroterapia e
a eletroterapia. Esses recursos têm, em primeira instância, a propriedade de
reduzir a dor e o edema reacional. A médio e longo prazos objetivam a
manutenção ou a recuperação da amplitude funcional de movimento, a
flexibilidade, a resistência, a velocidade muscular, a agilidade e a propriocepção.
O resfriamento local propiciado pela crioterapia e utilizado nas fases iniciais
pós-trauma (primeiras 48 horas) promove a analgesia e o controle de edema. A
analgesia ocorre devido à diminuição da velocidade de disparo e de condução
dos

estímulos

nociceptivos

pelos

receptores

periféricos.

A

resposta

vasoconstritora ao frio promove a redução do fluxo sanguíneo regional, auxiliando
no controle do edema.
Nas fases subsequentes de reparação proliferativa (do 3º dia à 3ª semana)
e da remodelação do tecido cicatricial (até 18 meses), o uso do banho de
contraste pode ser indicado para estimular a resposta vascular. A manutenção da
aplicação de crioterapia para o controle da dor e a redução do espasmo muscular
pode ser instituída como alternativa à aplicação da termoterapia superficial,
levando-se em conta a preferência do indivíduo e as respostas funcionais obtidas.
Não há consenso para a aplicação padronizada do frio ou do calor nessas
fases, porém o aquecimento tecidual induzido por meios terapêuticos aumenta a
circulação local e regional, reduz a viscosidade dos tecidos e melhora a
elasticidade do colágeno. Também propicia a redução da velocidade de disparo
dos fusos musculares e nociceptores, o que leva à redução da dor e ao

ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

13
relaxamento muscular, além de acelerar o processo de cura por aumentar o fluxo
local.
A seleção adequada e individualizada dos recursos fisioterapêuticos,
associada ao posicionamento do segmento lesionado de forma a favorecer a
drenagem do exsudato inflamatório e com a indicação de bandagens
compressivas, se pertinentes, podem auxiliar no controle do edema reacional.
Durante as fases iniciais de reparação tecidual, a cinesioterapia deve ser
realizada dentro de limites coerentes. As regiões não envolvidas no trauma
devem ter a sua capacidade funcional preservada, enquanto as diretamente
acometidas são protegidas para a obtenção da cicatrização ótima. Entretanto,
deve-se ter em mente que a restrição prolongada, o repouso e o imobilismo
acarretam a persistência do edema local e levam à formação de tecido cicatricial
exuberante e desnecessário, com possível limitação da sua extensibilidade.
O imobilismo também é responsável pelo encurtamento muscular e pela
má perfusão. Na fase proliferativa do processo de reparação tecidual, a
mobilização lenta e progressiva deve ser instituída de forma a equilibrar a
atividade local e a proteção tecidual, viabilizando a manutenção da função
motora.
Em contrapartida, o tecido cicatricial não estimulado pela mobilização e
pelo alongamento não desenvolverá o alinhamento necessário das fibras de
colágeno para a aquisição de força tensiva adequada, podendo comprometer a
capacidade funcional do indivíduo. Na medida que a dor, a inflamação e o edema
são controlados, os exercícios físicos podem ser intensificados, porém sempre se
levando em conta o limite álgico.
Nos estágios finais de reparação tecidual, o processo inflamatório já deve
ter sido debelado e a ação dos fibroblastos já foi reduzida. O edema e a dor, caso
ainda persistam, devem ser de pouca intensidade, indicando o sucesso das
medidas adotadas para o seu controle.
Portanto, a alternativa “E” está incorreta porque se as diversas fases do
processo de reparo não forem respeitadas durante o tratamento das lesões
musculoesqueléticas, temos o risco de recidiva da lesão.

14

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
Referências
1.
Manna AW. Clínica Cirúrgica Ortopédica -Traumatologia. v 3. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan; 2008.
2.
Knight KL. Crioterapia no tratamento das lesões esportivas. São Paulo:
Manole; 2000.
3.
Low, J. Eletroterapia explicada: princípios e prática. 3ª. ed. Barueri:
Manole; 2001.
4.
Cohen M. Lesões nos esportes: diagnóstico, prevenção e tratamento. Rio
de Janeiro: Revinter; 2003.

ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

15
QUESTÃO 12
A resposta motora humana é elaborada através da integração sensório-motora
entre as estruturas do sistema nervoso periférico e o sistema nervoso central, o
qual interpreta os impulsos sensoriais aferentes e elabora um sinal motor
adequado para a atividade motora desejada. A quantidade de força e a precisão
de uma contração muscular estão baseadas numa ordem de recrutamento das
fibras musculares, que obedece a critérios de ativação.
Com o auxílio dessas informações, é possível afirmar que cada unidade motora
(A)

é inervada por apenas um neurônio, e o recrutamento das unidades motoras
é determinado pelo tamanho dos motoneurônios, sendo que unidades
motoras com motoneurônios menores são recrutadas em primeiro lugar.

(B)

é inervada por apenas um neurônio, e o princípio de recrutamento obedece
ao tipo de tarefa a ser realizada, sendo que unidades motoras maiores são
recrutadas em primeiro lugar.

(C) é inervada por apenas um neurônio, e a ordem de recrutamento obedece a
padrões específicos de acordo com o tamanho das fibras musculares, sendo
que fibras musculares maiores são ativadas em primeiro lugar.
(D) possui vários motoneurônios, e a ordem de recrutamento depende do
tamanho da velocidade de condução, sendo que unidades motoras maiores
são recrutadas em primeiro lugar.
(E)

tem um número próprio de motoneurônios de acordo com as tarefas
desempenhadas pelo músculo, sendo que unidades motoras com maior
número de motoneurônios são ativadas em primeiro lugar.

Gabarito: A
Autores: Denizar Melo e Verônica Frison
Comentário:
O motoneurônio, que emerge do corno ventral da medula espinhal, inerva
numerosas fibras musculares: esse número depende do tipo de músculo. Todas
as fibras musculares inervadas por uma só fibra nervosa motora formam a
chamada unidade motora.
Quando o sistema nervoso central envia um sinal fraco para contrair
determinado músculo, as unidades motoras com fibras pequenas e em menor
número são estimuladas preferencialmente em relação às maiores unidades
motoras. Em seguida, à medida que aumenta a intensidade do sinal neural, são
estimuladas unidades motoras progressivamente maiores, sendo que as unidades
16

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
motoras muito grandes chegam a desenvolver, muitas vezes, mais de cinquenta
vezes a força contrátil das unidades motoras menores. Isso é chamado de
Princípio do Tamanho. Ele é importante por permitir a graduação da força
muscular, durante uma contração fraca em pequenas etapas; essas etapas ficam
progressivamente maiores quando são necessárias grandes intensidades de
força. A causa do princípio do tamanho é que as unidades motoras pequenas são
ativadas por fibras nervosas motoras bastante delgadas e os pequenos
motoneurônios da medula espinhal são, de longe, muito mais excitáveis que os
grandes, de modo que, naturalmente eles são excitados em primeiro lugar.
Assim, as alternativas D e E devem ser de início descartadas, pois iniciam
descrevendo que cada unidade motora possui vários motoneurônios ou um
número próprio de motoneurônios.
A alternativa B deve ser descartada por descrever que o princípio do
recrutamento obedece ao tipo de tarefas e sabe-se que depende do tamanho do
motoneurônio.
A alternativa C deve ser descartada por descrever que as fibras
musculares maiores são as ativadas em primeiro lugar, enquanto sabe-se que os
pequenos motoneurônios, responsáveis pela inervação de fibras delgadas, são
mais rapidamente excitáveis, sendo as fibras musculares menores as ativadas em
primeiro lugar.
Referências
1.
Guyton AC. Tratado de fisiologia médica. 11ª. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2006.
2.

Aires MM. Fisiologia. 3ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2008.

ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

17
QUESTÃO 13
Os gráficos demonstram duas pressões do sistema respiratório.

Analisando os gráficos, conclui-se que o Gráfico I representa as alterações de
pressões durante a respiração
(A)

mecânica com pressão positiva, e o II, a respiração espontânea, sendo que
o traçado A representa a pressão pleural, e o traçado B, a pressão alveolar.

(B)

mecânica com pressão positiva, e o II, a respiração espontânea, sendo que
o traçado A representa a pressão alveolar, e o traçado B, a pressão pleural.

(C) espontânea, e o II, a respiração mecânica com pressão positiva, sendo que
o traçado A representa a pressão alveolar, e o traçado B, a pressão pleural.
(D) espontânea, e o II, a respiração mecânica com pressão positiva, sendo que
o traçado A representa a pressão pleural, e o traçado B, a pressão alveolar.
(E)

espontânea, e o II, a respiração mecânica com pressão negativa, sendo que
o traçado A representa a pressão pleural, e o traçado B, a pressão alveolar.

Gabarito: C
Autores: Denizar Melo e Adriana Kessler
Comentário:
O gráfico I representa respiração espontânea, na qual a pressão pleural
(B), antes que a inspiração comece, é de -5 cmH2O em virtude do recuo elástico
do pulmão que contrapõe a tendência de expansão da caixa torácica. A pressão
pleural cai durante a inspiração, pois à medida que o pulmão expande, o recuo
elástico aumenta promovendo queda de pressão ao longo da via aérea que se
associa com uma redução adicional na pressão pleural. Na expiração, a pressão

18

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
pleural torna-se progressivamente menos negativa, pois ocorre redução do recuo
elástico do pulmão. No entanto, em uma expiração forçada, a pressão pleural
pode tornar-se positiva.
A pressão alveolar (B), na ausência de fluxo ventilatório (inspiração ou
expiração), é zero, porque sem nenhum fluxo aéreo não há queda da pressão ao
longo das vias aéreas. Para que o fluxo inspiratório ocorra, a pressão alveolar cai,
estabelecendo a pressão de impulsionamento. Em indivíduos normais, a alteração
na pressão alveolar é de aproximadamente 1 cmH2O, mas em pacientes
obstrutivos ela pode ser muitas vezes maior. Na fase expiratória devido à
compressão do gás intra-alveolar pela retração elástica pulmonar, a pressão
alveolar torna-se progressivamente positiva, até aproximadamente metade do
fluxo expiratório, declinando ao longo da expiração até tornar-se igual a
atmosférica.
Na ventilação assistida e em modos espontâneos, como a Pressão de
Suporte, a contração da musculatura vai depender da demanda metabólica do
paciente (controle neural – drive), que vai proporcionar a queda de pressão no
circuito do ventilador mecânico e, de acordo com a sensibilidade ajustada,
promover a abertura da válvula (disparo), gerando um pico de fluxo inspiratório,
aumentando progressivamente a pressão no sistema respiratório do paciente. Na
expiração, ao contrário, como a pressão no sistema está elevada, a abertura da
válvula expiratória promoverá a saída passiva do volume corrente.
No gráfico II trata-se de ventilação mecânica, pois a pressão alveolar (A) se
mantém positiva durante todo o ciclo e há inversão na dinâmica da pressão
pleural (B), uma vez que na fase inspiratória esta tende a igualar-se a atmosférica
e na expiratória decresce progressivamente. À medida que o fluxo de ar adentra o
sistema respiratório, a pressão inspiratória vai se elevando, pois é necessária
para vencer dois componentes: um resistivo (devido à resistência ao fluxo de ar
passando pelas vias aéreas) e outro elástico (decorrente da distensão dos
pulmões e da parede torácica)2.
Referências
1.

West JB. Fisiologia respiratória. 6ª. ed. Barueri: Manole. 2002.

Carvalho CRR, Junior CT, Franca SA. III Consenso Brasileiro de Ventilação
Mecânica: ventilação mecânica: princípios, análise gráfica e modalidades
ventilatórias. Jornal Brasileiro de Pneumologia. 2007; 33(supl. 2): S 54-S 70.
2.

ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

19
QUESTÃO 14
A História Natural da Doença é o conjunto de processos interativos que afetam
desde o aparecimento da doença até o resultado final. Com base nessa
informação, analise as afirmações a seguir.
Uma fratura de quadril em um idoso tem etiologia multifatorial, e suas
conseqüências no estado de saúde dependerão das condições clínicas préexistentes no momento da fratura e dos níveis secundário e terciário de atenção à
saúde existentes na comunidade onde vive o idoso.
PORQUE
O homem participa em todas as etapas do processo da História Natural da
Doença, sendo gerador das condições favoráveis ao aparecimento de estímulos
patológicos e vítima do contexto de agressão à saúde por ele favorecido.
Analisando as afirmações acima, conclui-se que
(A)

as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira.

(B)

as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira.

(C) a primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa.
(D) a primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira.
(E)

as duas afirmações são falsas.

Gabarito: B
Autores: Adriana Kessler, Jorge Luiz de Andrade Trindade, Mara Regina Knorst e
Thais de Lima Resende
Comentário:
A questão se refere à História Natural da Doença, tema abordado em
epidemiologia. Pereira1 relata que alguns autores definem a História Natural da
Doença como o curso de algum agravo à saúde sem a intervenção do homem,
que pode modificá-lo através de medidas preventivas ou curativas.
Assim sendo, a primeira parte da questão aponta para três aspectos:

20

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
1º o fato de que uma fratura de quadril no idoso tem múltiplas causas
(etiologia multifatorial).
2º o fato de que o que acontece depois da fratura depende do estado de
saúde desse idoso no momento em que ele sofre a fratura, isto é, quanto mais
doenças/ agravos prévios tiver a pessoa que fratura o quadril, mais difícil será a
sua recuperação. Isso é particularmente importante em vista do fato de que a taxa
de mortalidade ligada a esse agravo pode chegar a 25% e que há relato de que
entre 25 e 75% dos que sofrem uma fratura de quadril não retornarão ao seu nível
de funcionamento anterior à doença2.
3º o fato de que as consequências da fratura na saúde do idoso também
dependerão do acesso e da qualidade do cuidado em saúde que esse idoso
receberá a partir do momento em que sofre o agravo. Esse cuidado engloba
desde a cirurgia no hospital (atenção terciária) ao atendimento fisioterapêutico a
domicílio e/ou clínica (atenção secundária).
A segunda parte da questão apresenta uma afirmativa relativa ao fato de
que o homem, a partir da sua atuação em seu meio ambiente e do seu modo de
vida é responsável por criar condições que favorecem o aparecimento de
doenças/agravos que o acometem.
Observando o curso clínico da doença podemos verificar uma evolução
esperada (prognóstico), considerando desde a instalação desta, até o desfecho
final e a capacidade de causar danos ao organismo humano. Perracini e Ramos3
descrevem a influência de fatores socioeconômicos e psicossociais, como fatores
que poderiam estar associados a quedas em idosos (uma das maiores causas de
fraturas em idosos2), indicando as relações multifatoriais ao agravo de saúde. Os
autores também indicam algumas características, tais como patologias prévias,
como fatores de vulnerabilidade ligados ao indivíduo.
Por outro lado, a questão refere as “consequências no estado de saúde”
ligado condicionalmente as “condições clínicas pré-existentes”, ou seja, as
características de funcionamento do organismo quando de uma fratura que pode
ser potencializado ao associar-se a situações como estado nutricional, por
exemplo. Idosos em estados nutricionais precários terão um impacto maior em
seu estado de saúde quando sofrem uma fratura de quadril se comparado
aqueles que mantêm um bom estado nutricional.

ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

21
Outro elemento descrito na questão são os níveis de atenção a saúde.
Franco e Passos4 comentam que uma das aplicações mais conhecidas e
utilizadas para o modelo de multicausalidade de Leavell e Clark é sua proposta de
níveis de prevenção vinculadas às etapas da história natural da doença. Assim,
os níveis de prevenção compõem uma ordem em que a prevenção primária
compreende o período pré-patogênico e as ações de promoção à saúde e
proteção específica se fazem presentes. Nessa fase a complexidade de
intervenção é definida como atenção primária. No período patogênico encontra-se
a prevenção secundária e terciária, cujas ações visam a “progressão da evolução”
do processo patológico no organismo1. A prevenção secundária envolve o
diagnóstico, tratamento precoce e limitação da invalidez5. Já na prevenção
terciária, as ações se dirigem à fase final do processo e visam o desenvolvimento
da capacidade residual do indivíduo, cujo potencial funcional foi reduzido pela
doença1.
Comentando as respostas, poderíamos dizer que a primeira afirmação
indica à questão multifatorial da etiologia da fratura de quadril no idoso, das
condições clínicas e de atenção a saúde que o indivíduo mantém em seu meio.
Na segunda afirmação, podemos observar a indicação do homem tanto como
“gerador das condições favoráveis ao aparecimento de estímulos patológicos”
como “vítima do contexto de agressão a saúde”. Estas duas afirmações se
complementam, no entanto não se justificam entre si.
Referências
1.
Pereira MG. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan; 2006.
2.
Guccione AA. Fisioterapia Geriátrica. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan; 2002.
3.
Perracini MR, Ramos LR. Fatores associados a quedas em uma coorte de
idosos residentes na comunidade. Revista Saúde Pública. 2002; 36(6): 709-716.
4.
Franco JF, Passos ADC (org.). Fundamentos de epidemiologia. Barueri:
Manole; 2005.
5.
Almeida Filho N, Rouquayrol MZ. Introdução à epidemiologia. 4ª. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan; 2006.

22

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
QUESTÃO 15
A Promoção da Saúde pode ser definida como o processo de capacitação dos
indivíduos e grupos para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde e
para aumentar o próprio controle sobre elas. A Carta de Ottawa (OMS/1996)
preconiza cinco campos de atuação para a Promoção da Saúde, sendo um deles
o desenvolvimento de saúde ambiental, ou seja, de ambientes favoráveis à
saúde. De que forma a Fisioterapia pode atuar diretamente, através de suas
ações, no desenvolvimento da saúde ambiental?
(A)

Elaborando políticas públicas saudáveis.

(B)

Criando estratégias de cinesioterapia voltadas para o combate à inatividade
física.

(C) Criando estratégias de modificações
equipamentos de trabalho.

e

adaptações

nos

locais

e

(D) Criando estratégias de educação voltadas para a saúde postural do
indivíduo.
(E)

Transmitindo informações úteis às comunidades, como as referentes à
coleta seletiva de lixo.

ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

23
QUESTÃO 16
De acordo com a Declaração de Alma-Ata, promulgada em 1978, no
encerramento da Conferência de Alma-Ata (OMS), as ações primárias de saúde
pressupõem a participação da população em seu planejamento, organização,
execução e controle.
Uma das Diretrizes do Sistema Único de Saúde em concordância com este
princípio da Declaração de Alma-Ata é a participação da comunidade, ou seja, o
exercício do controle social sobre as atividades e os serviços públicos de saúde.
Com base no texto acima, nas Diretrizes do SUS e no funcionamento do Sistema
de Saúde brasileiro, pode-se afirmar que
(A)

embora seja uma diretriz constitucional, a participação da comunidade no
Sistema de Saúde ainda não foi implantada no Brasil devido à dificuldade de
acesso à saúde.

(B)

embora seja uma diretriz constitucional, a participação da comunidade no
Sistema de Saúde ainda não foi implantada no Brasil, devido às dificuldades
de financiamento.

(C) a participação da comunidade no Sistema de Saúde ocorre de fato, e é feita
através das estratégias do Programa Saúde da Família.
(D) a participação da comunidade no Sistema de Saúde ocorre de fato, e suas
atividades de organização, execução e controle são direcionadas apenas
para as ações de promoção da saúde.
(E)

a participação da comunidade ocorre de fato, e é feita por meio das
Conferências e Conselhos de Saúde, nos níveis nacional, estaduais,
municipais e distritais.

Gabarito: E
Autores: Jorge Luiz de Andrade Trindade e Thais de Lima Resende
Comentário:
A Conferência Internacional sobre os Cuidados Primários de Saúde,
realizado em Alma-Ata, foi um marco nas políticas internacionais de saúde. Esta
representou o ponto de partida para outras iniciativas, culminado em conferências
subsequentes sobre a saúde dos povos. Entre outros, a Declaração de Alma-Ata
expressou a necessidade de ação de governos, trabalhadores da área da saúde e
da comunidade mundial para promover a saúde de todos os povos do mundo. O
quarto item da declaração foi relativo à participação popular: “É direito e dever dos

24

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
povos participar individual e coletivamente no planejamento e na execução de
seus cuidados de saúde.” 1
No Brasil, desde a Declaração de Alma-Ata, pode se perceber muitas
mudanças no modelo de atenção à saúde, entre elas a participação da
comunidade, que aparece no artigo 198 da Constituição Federal de 1988

2

como

uma das diretrizes para a organização do Sistema Único de Saúde (SUS). Com a
implementação do SUS, seus princípios e diretrizes 3, podemos identificar não só
os elementos de uma política voltada para a construção iminente de uma ação
universal na atenção à saúde da população, como também a participação da
mesma como um dos seus princípios. Nesse sentido, o exercício de controle
social sobre as atividades e serviços públicos de saúde, caminha para uma
prática cada vez mais efetiva.
Vasconcelos e Pasche4, ao fazerem referência sobre o “Exercício da
participação social no SUS” indicam que a diretriz constitucional da participação
comunitária se traduziu na criação das conferências e dos conselhos de saúde
nas três esferas de governo (municipal, estadual e nacional) como mecanismos
de viabilização da participação da população na condução da política de saúde. A
lei nº. 8.142/90 3, que regulamenta a matéria, assegura a composição paritária
dessas instâncias, na qual os usuários tem assegurado 50% da representação e
os 50% restantes devem contemplar os trabalhadores de saúde, os prestadores
de serviços e os gestores.
As conferências se reúnem por convocação do gestor ou do conselho de
saúde e debatem os temas gerais e específicos da política de saúde, em cada
âmbito, com periodicidade definida em lei. As conferências municipais precedem
as estaduais e estas a nacional. Em cada uma delas (municipais e estaduais) são
escolhidos delegados que representarão o território na discussão nacional.5
Os conselhos de saúde têm caráter permanente e atribuição de deliberar
sobre as políticas em cada âmbito de governo (municipal, estadual e nacional).
Devem aprovar o plano de saúde, o orçamento setorial, acompanhar a execução
das políticas de saúde, avaliar os serviços de saúde e fiscalizar a aplicação dos
recursos financeiros.5

ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

25
O desempenho dos conselhos de saúde está condicionado pela
organização da sociedade civil em cada contexto o que pode, de certa forma
comprometer as suas prerrogativas atribuídas em lei4.
Diante do exposto, na questão acima, a alternativa correta é a “E”, pois não
dependem, como indicado na alternativa “A”, ao acesso aos serviços de saúde
pela população ou a financiamento, como indicado na alternativa “B”. Na
alternativa “C” está indicado a participação popular apenas através de estratégias
do Programa de Saúde da Família, que prioriza a atenção básica a população
local. Já a alternativa “D” indica a participação popular exclusivamente para as
ações de promoção da saúde. Na realidade, como exposto acima, as ações
envolvem ações em geral que deliberam sobre a saúde geral da população.
Referências
1.
OPAS. Declaração de Alma-Ata. Disponível em:
<http://www.opas.org.br/promocao/uploadArq/Alma-Ata.pdf>. Acesso em
16/9/2009.
2.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do
Brasil. Brasília; DF: Senado Federal; 1988.
3.
Brasil. Ministério da Saúde. Lei n.8.080/90, de 19 de setembro de 1990.
Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm>. Acesso em
22/9/2009.
4.
Gastão W, De Sousa Campos MCS, Minayo MA, et al. (orgs). Tratado de
Saúde Coletiva. 2ª. ed. São Paulo – Rio de Janeiro: Hucitecf – Fiocruz; 2008.
5.
Brasil. Ministério da Saúde. Lei n.8.142/90, de 28 de dezembro de 1990.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8142.htm>. Acesso em
22/9/2009.

26

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
QUESTÃO 17
O Capítulo da Saúde na Constituição Federal de 1988 afirma que a assistência à
saúde deve abranger atividades curativas e, prioritariamente, atividades
preventivas. Qual das diretrizes do SUS configura esta afirmação?
(A)

Regionalização da assistência.

(B)

Igualdade da assistência.

(C) Integralidade da assistência.
(D) Universalidade de acesso aos serviços de saúde.
(E)

Hierarquização das ações de saúde

Gabarito: C
Autores: Jorge Luiz de Andrade Trindade e Thais de Lima Resende
Comentário:
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição Federal em
19881 com o propósito de reduzir a discrepância de atendimento à população
brasileira. Anteriormente, a assistência pública a saúde ficava restrita ao Instituto
Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), o qual o
público-alvo era formado pelos empregados que contribuíam com a previdência
social; os demais eram atendidos apenas em serviços filantrópicos.
No campo da saúde isso significou a possibilidade de superação da oferta
estratificada de serviços, que diferenciava os indivíduos em indigentes e
segurados da Previdência Social, e trouxe a oportunidade para reduzir a diferença
de atendimento aos moradores do campo e da cidade de diferentes partes do
país.
O SUS se sujeita a regulamentação das Leis n° 8.080/902 e n° 8.142/903. A
Lei de n° 8.080 de 19 de setembro de 1990 (Lei Orgânica da Saúde) indica como
princípios do SUS a universalidade, a equidade e a integralidade, e também
normatiza os princípios organizacionais da regionalização, hierarquização,
descentralização, racionalização, resolução, complementaridade do setor privado
e participação da comunidade.2
As diretrizes e os princípios do SUS estabelecem como as ações e os
serviços de saúde públicos e privados devem ser desenvolvidos.2

ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

27
O princípio da Universalidade assegura o direito à saúde a todos os
cidadãos e o acesso sem discriminação ao conjunto das ações e serviços de
saúde ofertados pelo sistema. Nesse sentido, a busca pelos serviços de saúde
em unidades de saúde básicas, garante a população em geral o encaminhamento
de ações voltadas à realidade local, sem discriminação ou estratificação do
cidadão garantida por força de lei.4
Já a equidade, tem como base o respeito pelas diferenças de grupos
sociais, ou seja, a necessidade do sistema considerar de forma igualitária as
diferenças existentes entre grupos populacionais. Assim, o indivíduo que mantém
uma vulnerabilidade maior em relação à sua saúde, por fatores diversos, tem
prioridade e ações diferenciadas na busca de solução e redução das diferenças
sociais.4
O terceiro princípio, a integralidade, supõe as dimensões do processo
saúde-doença que afetam os indivíduos e as coletividades e pressupõe a
prestação continuada do conjunto de ações e serviços, visando garantir a
promoção, a proteção, a cura e a reabilitação. Nesse sentido, observamos hoje
uma prática de saúde voltada prioritariamente a prevenção e a proteção a saúde
através de programas de informação, orientação e ações de prevenção e bem
estar da população. E de outra forma, a ampliação à atenção individual em níveis
mais complexos de saúde, obedecendo a realidade local e as diversas formas de
busca de solução a demanda de populações locais por processos de consórcios
entre municípios, por exemplo. Onde estes tentam suprir a carência de
assistência, através de trocas de serviços entre si.4
Referências
1.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do
Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.
2.
BRASIL. Ministério da Saúde. Lei n.8.080/90, de 19 de setembro de 1990.
Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm>. Acesso em
22/9/2009.
3.
BRASIL. Ministério da Saúde. Lei n.8.142/90, de 28 de dezembro de 1990.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8142.htm>. Acesso em
22/9/2009.
4.
Gastão WSC, Minayo MA, Akerman M, Júnio MD, Carvalho YM. (orgs).
Tratado de Saúde Coletiva. 2ª ed. São Paulo – Rio de Janeiro: Hucitecf –
Fiocruz; 2008.

28

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
QUESTÃO 18
A “Teoria das Comportas” vem sendo utilizada ao longo dos anos para explicar a
ação do TENS no controle da dor. A esse respeito, analise as afirmações a
seguir.
A “Teoria das Comportas”, sozinha, não consegue esclarecer os mecanismos de
analgesia da Estimulação Elétrica Transcutânea Nervosa (TENS).
PORQUE
Tem sido observado que freqüências altas na programação do TENS causam
analgesia por mecanismo diferente, como, por exemplo, a produção de opiáceos
endógenos.

Analisando as afirmações acima, conclui-se que
(A)

as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira.

(B)

as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira.

(C) a primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa.
(D) a primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira.
(E)

as duas afirmações são falsas

Gabarito: C
Autores: Emerson Boschi e Luana Caloy
Comentário:
A teoria da comporta da dor fundamenta uma base fisiológica para os
efeitos eletroanalgésicos, na qual a meta é ativar seletivamente as fibras
aferentes

Aβ

(TENS

Convencional)

de

diâmetro

largo

sem

ativar

concorrentemente as fibras aferentes de pequeno diâmetro Aδ (TENS
Acupuntural).
Há evidências crescentes de que a TENS Acupuntural, mas não a TENS
Convencional, seja mediada por endorfinas. A TENS Acupuntural aumentou os
níveis de endorfina no líquido cerebroespinhal em pacientes com dor crônica e a
analgesia era revertida por um antagonista de receptores opioide (naloxona).

ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

29
Contudo, a naloxona não pode reverter a analgesia produzida pela TENS
Convencional em pacientes com dor, sugerindo que o mecanismo de analgesia
através da Teoria das Comportas não é proporcionado pelas endorfinas.
As características elétricas da TENS são escolhidas tendo em vista a
ativação seletiva de diferentes populações de fibras nervosas, já que se acredita
que isso produza resultados analgésicos diferentes.
Fibras nervosas de diâmetro largo, como as Aβ e Aα, tem baixo limiar de
ativação por estímulos elétricos quando comparadas com fibras equivalentes de
diâmetro pequeno (Aδ e C). A amplitude (intensidade) de corrente necessária
para excitar uma fibra nervosa declina com o aumento da duração do pulso e com
o aumento da frequência de pulso. Assim, para ativar fibras de diâmetro largo
(Aβ) sem ativar fibras de diâmetro menor (Aδ) deve-se selecionar correntes de
baixa intensidade e de alta frequência (10 – 200 Hz) com duração de pulso entre
100 e 200µs.
Por outro lado, para ativar fibras de pequeno diâmetro (Aδ) necessita-se de
baixa frequência de pulsos (< 10Hz) e não alta frequência como sugerido na
segunda afirmação.
Conclui-se que a Teoria das Comportas sozinha não consegue justificar
todas as formas de regulagens e mecanismos neurofisiológicos de analgesia da
dor e que a produção/liberação de opiáceos endógenos (endorfinas) através da
TENS ocorre por estímulos de baixa frequência (<10 Hz) quando ativada as fibras
aferentes de pequeno diâmetro (Aδ).
Referências
1.
Low J. Eletroterapia explicada: princípios e prática. 3ª ed. Barueri: Manole;
2001.
2.
Nelson MR, Hayes WK; Currier PD. Eletroterapia clínica. 3ª ed. Barueri:
Manole; 2003.
3.
Sheila K. Eletroterapia: prática baseada em evidências. 11ª ed. Barueri:
Manole; 2003.

30

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
QUESTÃO 19
José, com 52 anos de idade, diabético há mais de dez anos, procura uma clínica
para tratamento de uma ulceração plantar. Após avaliação detalhada, o
Fisioterapeuta fecha o diagnóstico de pé diabético. A fim de tomar a melhor
decisão terapêutica, consulta diversos periódicos da área, analisa os resultados
clínicos e experimentais e opta pela aplicação de laser de baixa potência. Ao
determinar a dosimetria para o tratamento do Sr. João, o Fisioterapeuta deve
considerar
(A)

pigmentação da pele, área da ulceração, área do feixe do laser, potência do
equipamento e tempo de aplicação.

(B)

tempo de aplicação, forma de aplicação (varredura ou pontual), e
comprimento de onda do laser.

(C) tempo de instalação do diabetes, existência de áreas de tecido necrótico,
condições nutricionais, hidratação e pigmentação.
(D) efeitos primários e secundários tais como: bioquímicos, bioelétricos,
bioenergéticos, analgésicos, antiinflamatórios e cicatrizantes.
(E)

potência do equipamento, tipo de laser, forma de aplicação (varredura ou
pontual) e efeitos primários e secundários.

ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

31
QUESTÃO 20
A obtenção da pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (PaO2) para avaliar
o grau de hipoxemia utiliza um método invasivo chamado gasometria arterial. A
avaliação da saturação percentual de oxigênio da hemoglobina arterial (SpO2),
que é um método não invasivo, pode ser feita pela medida de oximetria de pulso.

Analisando o gráfico acima e considerando como hipoxemia o valor de 60 mmHg
de PaO2, o valor da SpO2 obtido deverá ser de, aproximadamente,
(A)

95%

(B)

90%

(C) 75%
(D) 65%
(E)

60%

Gabarito: B
Autores: Denizar Melo e Márcio Donadio
Comentário:
A saturação de oxigênio da hemoglobina arterial depende da pressão
parcial de oxigênio no sangue, ou seja, da fração de gás que está dissolvida no
sangue, de maneira que quanto maior a pressão parcial de oxigênio maior será a
32

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
saturação da hemoglobina (comportamento este demonstrado no gráfico
apresentado na questão). No entanto, a resposta desta questão, não prescinde de
conhecimentos de fisiologia, apenas leva em consideração a interpretação do
gráfico, visando determinar o valor no eixo das ordenadas (y) representado pela
saturação de oxigênio, para um determinado valor dado no eixo das abscissas (x)
representado pela pressão arterial de oxigênio, gerado pelo ponto na curva de
dissociação da hemoglobina.
Referências
1.

Aires MM. Fisiologia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2008.

2.
Guyton AC. Tratado de fisiologia médica. 11ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2006.

ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

33
QUESTÃO 21
Um homem com 58 anos comparece ao consultório do Fisioterapeuta com dor
lombar. Em relação a esse paciente, o Fisioterapeuta decide, então, tomar as
seguintes providências:
I – elaborar diagnóstico funcional;
II – prescrever antiinflamatórios para iontoforese;
III – solicitar radiogramas.
Segundo o Código de Ética Profissional da Fisioterapia, aprovado em 1978,
é(são) proibida(s) ao Fisioterapeuta a(s) providência(s)
(A)

II, somente.

(B)

III, somente.

(C) I e II, somente.
(D) II e III, somente.
(E)

I, II e III.

Gabarito: A
Autoras: Mara Regina Knorst e Thais de Lima Resende
Comentário:
Em relação às duas providências que não são proibidas ao fisioterapeuta,
ou seja, aquelas contidas nas afirmativas I e III encontramos, respectivamente,
suporte nos artigos 9º e 13º da Resolução COFFITO 10, o Código de Ética
Profissional. No artigo 9º encontra-se a seguinte afirmativa: “O fisioterapeuta e o
terapeuta ocupacional fazem o diagnóstico fisioterápico e/ou terapêutico
ocupacional e elaboram o programa de tratamento.” A seguir, no artigo 13º
encontramos que “O fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional, à vista de parecer
diagnóstico recebido e após buscar as informações complementares que julgar
convenientes, avaliam e decidem quanto à necessidade de submeter o cliente à
fisioterapia e/ou terapia ocupacional, mesmo quando o tratamento é solicitado por
outro profissional.” Com isso entende-se que as afirmativas I e III estão corretas,
pois é esperado que o profissional faça um diagnóstico relativo ao seu fazer

34

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
(diagnóstico fisioterápico), assim como ele, se julgar que precisa de mais
informações, pode buscá-las através de exames complementares (informações
complementares).
Quanto

à

providência

contida

na

afirmativa

II

“(...)

prescrever

antiinflamatórios para iontoforese”, ela é claramente proibida ao fisioterapeuta e
essa proibição encontra-se explicitada no inciso IV do artigo 8º da Resolução
COFFITO 10: “É proibido ao fisioterapeuta e ao terapeuta ocupacional, nas
respectivas áreas de atuação: (...) IV - prescrever medicamento ou praticar ato
cirúrgico”.
Referências
1.
Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Resolução
COFFITO - 10. D.O.U nº. 182 de 22/9/1978, Seção I, Parte II, p. 5.265-5.268.
Disponível em: http://www.crefito5.com.br/downloads.php?area=4. Acesso em
22/9/2009.

ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

35
QUESTÃO 22
Um Fisioterapeuta, que realizava atendimento na enfermaria, é chamado com
urgência ao ambulatório do hospital para atender a um adolescente com Distrofia
Muscular de Duchenne, que se apresenta com intensa dispnéia, devido a
hipersecreção. Após realizar a avaliação completa do paciente, o profissional
prescreve um tratamento baseado em drenagem postural, tapotagem e aspiração,
com o objetivo de desobstruir as vias aéreas desse paciente. Por estar de plantão
na enfermaria e não poder abandonar o posto, o Fisioterapeuta solicita que o
atendente de enfermagem do ambulatório realize o atendimento. Com base no
Código de Ética Profissional, pode-se concluir que a atitude do Fisioterapeuta
está
(A)

correta, pois ele está sobrecarregado e, dessa forma, nenhum paciente
ficará sem atendimento.

(B)

correta, ao escolher o atendente para fazer o atendimento em seu lugar, pois
o mesmo está familiarizado com as técnicas.

(C) correta, pois escolheu as melhores técnicas para desobstrução das vias
aéreas.
(D) errada, pois deveria delegar suas funções, somente, para um enfermeiro que
possua titulação de nível superior.
(E)

errada, pois o Fisioterapeuta não deve delegar suas funções a outros
profissionais.

Gabarito: E
Autoras: Mara Regina Knorst e Thais de Lima Resende
Comentário:
A sustentação para a afirmativa correta, alternativa “E”, é encontrada em
três legislações relativas à profissão, explicitadas a seguir em ordem cronológica:
Lei 6.316/751, Resolução COFFITO 102 e Resolução COFFITO 803.
No Capítulo IV da Lei 6.316/75 (Das Infrações e Penalidades) encontramos
no inciso II do artigo 16 que, em relação ao exercício da profissão, constitui
infração disciplinar “(...) facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não
registrados ou aos leigos”.1
No inciso III do artigo 8º da Resolução COFFITO 10 encontramos que “É
proibido ao fisioterapeuta e ao terapeuta ocupacional, nas respectivas áreas de
36

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
atuação: (...) concorrer, de qualquer modo para que outrem exerça ilegalmente
atividade privativa do fisioterapeuta e/ou terapeuta ocupacional”.2
No artigo 4º da Resolução COFFITO 80 encontramos que “(...) ao
profissional FISIOTERAPEUTA é vedado, em atividade profissional nos Serviços
de Fisioterapia, atribuir ou delegar funções de sua exclusividade e competência
para profissionais não habilitados ao exercício profissional da Fisioterapia.”
Portanto, independente do profissional se encontrar sobrecarregado
(alternativa A), demonstrar cuidado ao “escolher o atendente” (alternativa B),
escolher a terapêutica mais indicada do ponto de vista técnico (alternativa C) ou
mesmo escolher um outro profissional de nível superior (alternativa D),
permanece o fato de que, de acordo com a sua legislação profissional, o
fisioterapeuta não deve delegar suas funções a outros profissionais.
Referências
1.
Brasil. Lei no. 6.316 de 17 de setembro de 1975. DOU nº. 242 de
18/12/1975, Seção. I, p. 16.805–16.807. Disponível em:
http://www.crefito5.com.br/downloads.php?area=4. Acesso em 22/9/2009.
2.
Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Resolução
COFFITO-10. D.O.U nº. 182 de 22/9/1978, Seção I, Parte II.
3.
5.265/5.268. Disponível em:
http://www.crefito5.com.br/downloads.php?area=4. Acesso em 22/9/2009.
4.
Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Resolução
COFFITO-80. D.O.U nº. 093 de 21/5/87, Seção I, p. 7.609. Disponível em:
http://www.crefito5.com.br/downloads.php?area=4. Acesso em 22/9/2009.

ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

37
QUESTÃO 23
Helena é uma criança de três anos com diagnóstico de paralisia cerebral. Seu pai
é pedreiro e sua mãe deixou o emprego de faxineira para se dedicar ao
tratamento da filha, que vem sendo atendida em uma instituição beneficente de
reabilitação há dois anos. A criança é asmática, apresenta suspeita de retardo
mental e atraso do desenvolvimento motor caracterizado por uma diplegia e uma
hipertonia moderada dos membros inferiores. Esta semana, durante a sessão de
fisioterapia, onde são realizados exercícios de alongamento e técnicas de
aprendizagem motora, a criança apresentou um forte episódio de crise de asma.
Do ponto de vista de conduta profissional e do Código de Ética da profissão de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional, como deve agir o Fisioterapeuta?
(A)

Considerando que a criança vem somente duas vezes por semana à sessão
de fisioterapia, deve continuar a sessão de tratamento, acrescentando
exercícios respiratórios e reforço da orientação quanto à limpeza da poeira
doméstica.

(B)

Deve continuar os exercícios, e solicitar à mãe que compre um
broncodilatador para que faça uma nebulização na farmácia antes da
próxima sessão de fisioterapia, além de uma boa limpeza no quarto de
Helena.

(C) Deve suspender a sessão de exercícios imediatamente e providenciar um
medicamento broncodilatador na farmácia da instituição para realizar a
nebulização na criança e, após isso, orientar a mãe quanto aos agentes
causadores da crise de asma.
(D) Deve suspender a sessão de exercícios e solicitar à mãe o medicamento
broncodilatador prescrito pelo pediatra da criança, para realizar nebulização
imediatamente e reforçar as orientações quanto aos agentes causadores da
crise asmática.
(E)

Deve continuar o tratamento acrescentando exercícios respiratórios à sua
conduta e, após a sessão, providenciar o encaminhamento da criança a um
pronto-socorro médico e advertir a mãe quanto à necessidade de limpeza
doméstica adequada.

Gabarito: D
Autoras: Adriana Kessler e Thais de Lima Resende
Comentário:
Durante o episódio agudo de crise asmática não é aconselhável a
continuidade das atividades motoras, pois elas podem piorar os sinais e os

38

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
sintomas.1 Em face dessa informação e considerando que o inciso V do Artigo 8º
da Resolução COFFITO 10, o Código de Ética da profissão, estabelece que é
proibido ao fisioterapeuta recomendar, prescrever e executar tratamento ou nele
colaborar, quando atentório à saúde do cliente,2 conclui-se que a alternativa A é
incorreta.
A alternativa B apresenta tanto erros do ponto de vista de conduta
profissional, quanto duas infrações do Código de Ética da profissão. Como
exposto anteriormente, as atividades motoras devem ser interrompidas durante
uma crise de asma, pois podem exacerbar sinais e sintomas,1 constituindo,
portanto, conduta terapêutica atentória à saúde do cliente, o que infringe o inciso
V do Artigo 8º da Resolução COFFITO 10.2 E, ao solicitar à mãe que compre um
broncodilatador, infringe o inciso IV do mesmo artigo, que estabelece que é
proibido ao fisioterapeuta prescrever medicamento.2
Na alternativa C vê-se dois cursos de ação corretos: suspender a sessão
de exercícios imediatamente durante uma crise de asma, pois podem exacerbar
sinais e sintomas,1 e orientar a mãe quanto aos agentes causadores da crise de
asma.1 Entretanto, ao providenciar um broncodilatador sem prescrição médica
infringe o inciso IV do Artigo 8º da Resolução COFFITO 10, que proíbe ao
fisioterapeuta a prescrição de medicamentos.2 O profissional, portanto, só poderia
realizar a nebulização na vigência de prescrição médica. Em razão dessa infração
ética, a alternativa C é incorreta.
Na alternativa E entende-se que o tratamento não deve ser continuado,
uma vez que pode piorar os sinais e sintomas.1 O curso correto de ação seria o
encaminhamento imediato dessa criança a um pronto-socorro médico. Essa
afirmativa é errada, uma vez que a conduta terapêutica seria atentória à saúde do
cliente, o que infringe o inciso V do Artigo 8º da Resolução COFFITO 10.2
Referências
1.
Sociedade Brasileira de Pneumologia. IV Diretrizes Brasileiras para o
Manejo da Asma. Jornal Brasileiro de Pneumologia. 2006; 32(7): S447-S474.
2.
Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Resolução
COFFITO-10. D.O.U nº. 182 de 22/9/1978, Seção I, Parte II, p. 5.265/5.268.
Disponível em: http://www.crefito5.com.br/downloads.php?area=4. Acesso em
22/9/2009.

ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

39
QUESTÃO 24
Um grupo de Fisioterapeutas foi convidado a realizar, com os funcionários de uma
das agências de um grande Banco, um trabalho de orientação de saúde voltada
para a prevenção de algias e afecções da coluna vertebral. No planejamento das
estratégias de orientação de saúde, os Fisioterapeutas deverão incluir
I – noções básicas de anatomia e biomecânica da coluna vertebral;
II – informações quanto à importância da prática de atividade física regular;
III – indicação de tratamentos específicos para as afecções e algias detectadas;
IV – informações sobre posturas adequadas a serem adotadas no ambiente de
trabalho e no dia-a-dia.
Estão corretas as ações
(A)

I, II e III, apenas.

(B)

I, II e IV, apenas.

(C) I, III e IV, apenas.
(D) II, III e IV, apenas.
(E)

I, II, III e IV.

Gabarito: B
Autores: Jorge Luiz de Andrade Trindade e Denizar Melo
Comentário:
A demanda de trabalho do fisioterapeuta vem sofrendo algumas alterações
nos últimos tempos. Muitas dessas alterações ocorrem pela mudança de
paradigmas profissional e da saúde no país.1 Assim, o fisioterapeuta muitas vezes
atua em cenários diferentes, como as empresas, por exemplo, desenvolvendo
temas de interesse da população (no caso, trabalhadores) e situações de risco à
saúde destes.
A educação transforma o trabalhador num sujeito ativo e participante,
conhecedor de sua própria saúde. Promover a saúde vem dar nova estruturação
à visão de assistência ao trabalhador. É um processo pelo qual, através de ações,

40

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
capacita-se a população para que busque meios que evite deixá-la vulnerável ao
adoecimento, afetando a sua qualidade de vida.2
As

ações

de

promoção

e

educação

em

saúde

do

trabalhador

compreendem: a consulta e o atendimento, a solicitação de exames e
procedimentos complementares, o ensino e orientação dos trabalhadores em
relação à alimentação, hidratação, repouso, exercícios, postura, funcionamento
de órgãos, aparelhos e sistemas, vida afetiva familiar e sexual, recreação, asseio
corporal e ambiental.3 Podem ser implementadas por meio de consultas,
palestras, debates, grupos de ensino, distribuição de material educativo.
Assim, a construção do conhecimento na prática de saúde do trabalhador,
implica na ordenação de elementos relativos a temas diversos, muitas vezes com o
intuito de prevenir agravos à saúde relativos ao grupo em seu contexto de trabalho.
O tema “prevenção de algias e afecções da coluna vertebral” pressupõe

orientações sobre as estruturas corporais, atividade física regular e posturas a
serem adotadas nas atividades diárias e laborais.
A alternativa III fala sobre “indicação de tratamentos específicos para as
afecções e algias detectadas”. O que contrapõe o propósito de trabalho
pretendido, ou seja, as ações de prevenção primária ou educação em saúde.
Essa alternativa implica em avaliação individual e prescrição de tratamentos
específicos a transtornos musculoesqueléticos.
Referências
1.
Rebelatto JR, Botomé SP. Fisioterapia no Brasil: fundamentos para uma
ação preventiva e perspectivas profissionais. São Paulo: Manole; 1999.
2.
Westphal MF, Almeida ES. Gestão de Serviços de Saúde. São Paulo:
Edusp; 2001.
3.

Carvalho, GM. Enfermagem do Trabalho. São Paulo: EPU; 2001.

ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

41
QUESTÃO 25
Um Fisioterapeuta da equipe do PSF de uma cidade de porte médio do interior
identificou, numa visita domiciliar, uma paciente de 78 anos com história de queda
na semana anterior, acamada, com sinais e sintomas de fratura do quadril direito,
queixa de dor local à palpação e à movimentação passiva. Apesar de um quadro
de fragilidade física, caracterizado por perda de peso não intencional, fadiga autorelatada e diminuição da força de preensão da mão dominante, a paciente
apresentava

condições

cognitivas

preservadas.

Dadas

as

condições

apresentadas pela paciente, quais as condutas do Fisioterapeuta mais plausíveis
e recomendadas?
(A)

Orientar os familiares da paciente sobre posicionamento no leito, colocação
de compressas úmidas quentes no local da dor e exercícios passivos nos
membros inferiores.

(B)

Incentivar a compra de uma cadeira de rodas enquanto espera o resultado
da aplicação do programa de exercícios terapêuticos.

(C) Encaminhar o caso para o serviço de assistência social do município, uma
vez que se trata de um caso de negligência por parte da família.
(D) Estabelecer um protocolo de exercícios terapêuticos baseado em
movimentos passivos e ativo-assistidos para ser realizado diariamente
durante 30 dias.
(E)

Solicitar uma avaliação do paciente por parte dos outros profissionais da
equipe para tomada de decisão sobre os procedimentos do caso clínico da
paciente.

Gabarito: E
Autores: Jorge Luiz de Andrade Trindade e Denizar Melo
Comentário:
O Programa de Saúde da Família (PSF) é uma estratégia de reorientação
do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes
multiprofissionais

em

unidades

básicas

de

saúde.

Essas

equipes

são

responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias,
localizadas em uma área geográfica delimitada. As equipes atuam com ações de
promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos
mais frequentes, e na manutenção da saúde dessa comunidade. Criado em 1994
pelo Ministério da Saúde, o Programa Saúde da Família (PSF), tem como
42

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
principal propósito: reorganizar a prática da atenção à saúde em novas bases e
substituir o modelo tradicional, levando a saúde para mais perto da família e, com
isso, melhorar a qualidade de vida dos brasileiros. A estratégia do PSF prioriza as
ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde das pessoas, de forma
integral e contínua.1 O atendimento é prestado na unidade básica de saúde ou no
domicílio, pelos profissionais. O Programa de Saúde da Família define que para
uma atenção familiar básica é necessária uma equipe mínima de profissionais,
denominada equipe de saúde da família (ESF), composta de: um médico
generalista, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e cinco a seis agentes
comunitários de saúde, podendo ainda contar com outros profissionais. A
presença destes outros profissionais (dentistas, nutricionistas, fisioterapeutas,
etc.) poderá ocorrer de acordo com a realidade do município através de atuação
direta (atuando junto com a equipe básica) ou prestando atendimento quando
solicitado sua presença através de redes de apoio, como no caso do Núcleo de
Apoio de Saúde da Família (NASF), por exemplo. Assim, esses profissionais e a
população acompanhada criam vínculos de corresponsabilidade, o que facilita a
identificação e o atendimento aos problemas de saúde da comunidade.1
O PSF visa realizar as ações de promoção à saúde, bem como a
prevenção e difere de modelos tradicionais que tem por objetivo a cura de
doenças e o tratamento clássico, realizado no âmbito hospitalar2.
A equipe de saúde da família é constituída por diversos profissionais que
se responsabilizam por uma determinada população, de uma determinada
localidade, onde realizam ações de promoção da saúde, prevenção, tratamento e
reabilitação de agravos. Essa equipe é sediada na localidade, em uma Unidade
de Saúde da Família – uma unidade que vem para substituir as antigas Unidades
de Saúde3.
Essa unidade trabalha mediante os seguintes princípios4:
• Caráter substitutivo;
• Integralidade e hierarquização;
• Territorialização e adscrição de clientela;
• Equipe multiprofissional.
Uma das especificidades que chama a atenção segundo, Ronzani et
al.(2008), na proposta inicial do PSF, diz respeito à atuação dos profissionais, que
ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

43
devem ter, além da capacidade técnica, um envolvimento e uma identificação com
essa proposta de trabalho, que muitas vezes demanda criatividade, iniciativa e
vocação para trabalhos comunitários e em grupo.
As experiências relatadas na inclusão do fisioterapeuta nas ações da
equipe de Saúde da Família indicam resultados significativos para a população.5,6
A questão acima aponta a atuação do fisioterapeuta na Estratégia de
Saúde da Família, na qual o profissional, através de uma de suas ações (Visitas
domiciliares), identifica situações adversas da saúde da população. Considerando
o exposto acima e atuação em equipe, podemos pressupor a discussão de cada
caso com a equipe para uma tomada de decisão em relação à saúde da
comunidade na qual atua. Portanto, a resposta mais plausível em relação à
conduta do profissional é a “E”, uma vez que:
Resposta “A”: os sinais e sintomas de fratura são impeditivos para
mobilização da região, principalmente realizada por leigos;
Resposta “B”: antes de iniciar o programa de exercícios é necessária
avaliação interdisciplinar, buscando a real origem dos sintomas e dos sinais;
Resposta

“C”:

o

enunciado

da

questão

não

oferece

subsídios

identificadores de maus-tratos;
Resposta “D”: a avaliação criteriosa e precisa da equipe interdisciplinar é
fundamental para verificação das reais condições do paciente e estabelecer
condutas adequadas
Referências
1.
Gastão W, de Sousa Campos MCS, Minayo MA, et al. (orgs). Tratado de
Saúde Coletiva. 2ª. ed. São Paulo – Rio de Janeiro: Hucitecf – Fiocruz; 2008.
2.
Ronzani TM, et al. O Programa de Saúde da Família segundo
profissionais de saúde, gestores e usuários. Ciência & Saúde Coletiva. 2008;
13(1):23-34.
3.
Trad LAB, et al. O Impacto Sócio-Cultural do Programa de Saúde da Família
(PSF): uma proposta de avaliação. Caderno de Saúde Pública. 1998; 14(2):429435.
4.
Brasil, Ministério da Saúde. Programa Saúde da Família/Ministério da
Saúde, Secretaria Executiva. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2001.
5.
Baraúna M, et al. A importância da inclusão do fisioterapeuta no Programa
de Saúde da Família. Fisioterapia Brasil. 2008; 9(2):64-69.
6.
Trelha CS, et al. O fisioterapeuta no Programa de Saúde da Família em
Londrina (PR). Revista Espaço Para a Saúde. 2007; 8(2):20-25.
44

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
QUESTÃO 26
Um paciente de 35 anos é encaminhado por um perito do INSS para o setor de
fisioterapia apresentando história de dor na região lombossacra e parestesia de
membro inferior direito. A carta de encaminhamento do perito solicita um relatório
fisioterapêutico sobre as condições cinético-funcionais do paciente. Durante a
avaliação, o paciente reclama que não consegue trabalhar há mais de um ano e
que a única alternativa para sua situação é ser aposentado por invalidez. Ao
exame físico, o Fisioterapeuta não constata alterações clínicas que possam estar
desencadeando as dores relatadas. Ao realizar o teste da elevação da perna
retificada, o paciente informa que não consegue realizar a elevação. O
Fisioterapeuta decide aplicar o Teste de Hoover, ilustrado na figura abaixo.

HOPPENFELD, Stanley. Propedêutica ortopédica: coluna e extremidades.
Rio de Janeiro: Atheneu, 2001.

Com o auxílio das informações contidas no caso clínico e na figura acima, podese concluir que o teste representado
(A)

é utilizado para tensionar as estruturas da medula espinal.

(B)

destina-se a elevar a pressão intratecal.

(C) tem por finalidade determinar se o paciente está simulando ao afirmar que
não pode elevar a perna.
(D) tem como objetivo testar o encurtamento dos músculos isquiotibiais.
(E)

visa a comprimir o disco intervertebral pelas vértebras.

Gabarito: C
Autoras: Carla S. de Almeida e Verônica Frison

ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

45
Comentário:
O Teste de Hoover é utilizado para avaliar se o paciente está simulando
alguma dor. A manobra consiste na realização ativa da elevação de um membro
inferior, enquanto as mãos do examinador apoiam os calcanhares. A resposta
normal produz no membro que não está sendo elevado uma força contrária, que
pode ser sentida pela mão do examinador. A ausência dessa força para baixo
sugere simulação; portanto, a alternativa correta é a letra C.
A questão A não está correta, pois a angulação do Teste de Hoover não é
suficiente para provocar tensão nas estruturas neurais. O teste que coloca tensão
nos tecidos neurais pode ser o laségue ou mesmo o slump test.
A questão B não está correta, pois o teste que visa aumentar a pressão
intratecal é manobra de valsava, na qual se cria um aumento da pressão intraabdominal com a glote fechada.
A questão D não está correta, pois novamente a angulação na qual o teste
de Hoover é executado, não é suficiente para avaliar a retração dos músculos
isquiotibiais.
A questão E não está correta, pois para promover uma compressão discal
são necessários movimentos que aproximem os corpos vertebrais, o que pode
gerar dor irradiada para o membro inferior decorrente de hérnia de disco.
Referências
1.

Magee DJ. Avaliação musculoesquelética. Barueri: Manole; 2005.

2.

Butler DS. Mobilização do sistema nervoso. Barueri: Manole; 2003.

3.
Hoppenfeld S. Propedêutica ortopédica: coluna e extremidades. São
Paulo: Atheneu; 2001.

46

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
QUESTÃO 27
Paralisia Cerebral (PC) é um grupo de desordens do desenvolvimento do
movimento e da postura, devido à lesão não progressiva no encéfalo imaturo,
com etiologia e quadro clínicos diversos. Na PC, as desordens motoras estão
freqüentemente associadas às alterações sensoriais, cognitiva, comunicativa,
perceptiva e/ou comportamental. Com o auxílio desta definição, julgue as
afirmações que se seguem.
I – A lesão que causa a PC poderá ocorrer no período pré-, peri- ou pós-natal
até os 2 – 3 anos de vida.
II – Devido à diversidade da etiologia, as manifestações clínicas da PC não são
facilmente observadas.
III – O diagnóstico da PC é baseado em alterações predominantemente motoras.
IV – Devido ao caráter predominantemente motor, raramente são encontrados
distúrbios sensoriais associados ao quadro de PC.
V – Tanto a lesão no encéfalo quanto os sinais e sintomas característicos da PC
não são progressivos.
Estão corretas, apenas, as afirmações
(A)

I e II.

(B)

I e III.

(C) I e V.
(D) II e IV.
(E)

III e V.

Gabarito: B
Autoras: Carla S. de Almeida e Flavia Franz
Comentário:
Como citado no enunciado da questão, a Paralisia Cerebral (PC) é um
grupo de desordens do desenvolvimento do movimento e da postura nos
primeiros anos de idade (até três anos), devido à lesão não progressiva no
encéfalo imaturo, em uma fase de interferência no desenvolvimento do Sistema
Nervoso Central (SNC), que está em transformação. Tem etiologia e quadro
ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

47
clínicos diversos e a lesão pode acontecer no período pré-, peri e pós-natal. No
período pré-natal, os principais fatores etiológicos são infecções e parasitoses
(lues, rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus, HIV); intoxicações (drogas, álcool,
tabaco); radiações (diagnósticas ou terapêuticas); traumatismos (direto no
abdome ou queda sentada da gestante); fatores maternos (doenças crônicas,
anemia grave, desnutrição, mãe idosa). No período perinatal, pode-se conhecer o
grau de asfixia aguda pelas condições vitais do recém-nascido (RN), que se
medem pelo índice de Apgar, sendo significativa a asfixia aguda quando mantida
em observações sucessivas (1', 5', 10', 15', 20'). Também a asfixia crônica, que
ocorre durante a gestação, podendo resultar em um recém-nascido com boas
condições vitais, mas com importante comprometimento cerebral. A asfixia
crônica pode estar relacionada à insuficiência placentária, da qual resultam fetos
pequenos ou dismaturos. A hipoxemia (diminuição da concentração de O2 no
sangue) associada à isquemia (diminuição da perfusão de sangue no cérebro) e
as alterações metabólicas levam à alterações bioquímicas, biofísicas e
fisiológicas, que se traduzem por manifestações clínicas secundárias ao
comprometimento fisiológico ou estrutural.
Entre os fatores pós-natais, devem ser considerados os distúrbios
metabólicos

(hipoglicemia,

hipocalcemia,

hipomagnesemia);

as

infecções

(meningites por bactérias gram-negativos, estreptococos e estafilococos); as
encefalites pós-infecciosas e pós-vacinais, a hiperbilirrubinemia; os traumatismos
craniencefálicos; as intoxicações (por produtos químicos ou drogas); os processos
vasculares (tromboflebites, embolias e hemorragias); e a desnutrição, que
interfere de forma decisiva no desenvolvimento do cérebro da criança.
Nesse sentido, a afirmativa I está correta. A afirmativa III está correta
também, pois as causas manifestam-se, principalmente, por uma desordem do
movimento e da postura. Esse prejuízo motor é o que predomina dentre os
sintomas e sinais apresentados pelos pacientes; porém, quase nunca é o único,
pode existir retardo mental, alterações visuais, auditivas, cognitivas e alterações
sensoriais, o que explica a incoerência da afirmativa IV. Assim como esta, a
afirmativa II não está correta, pois o diagnóstico pode ser facilmente realizado.
Caso a mãe tenha feito um pré-natal correto, o diagnóstico será precoce, ou, após
o nascimento, os problemas tônicos e musculares são evidentes conforme a
48

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
criança vai se desenvolvendo, tais como: o fraco desenvolvimento motor em
relação

as

suas

aquisições

motoras

que

deveriam

estar

aparecendo

progressivamente e estabilizando para aquela idade (como a sucção, o controle
cefálico, controle de tronco, etc.), a fraqueza muscular, a alteração tônica ou a
falta de coordenação se tornam evidentes, são sinais precoces que chamam a
atenção para a necessidade de avaliações mais detalhadas e acompanhamento
neurológico. A afirmativa V está errada, pois a lesão encefálica, embora seja
considerada não progressiva, seus sinais e sintomas variam e interferem em um
sistema em desenvolvimento, com modificações de tônus, postura e movimento;
portanto, Alternativa B.
Referências
1.
Rotta NT. Paralisia cerebral, novas perspectivas terapêuticas. Jornal de
Pediatria. 2002; 78(1):S48-S54.
2.
Diament A. Encefalopatia crônica na infância (paralisia cerebral). In: Diament
A, Cypel A (Ed.). Neurologia Infantil. 3ª. ed. São Paulo: Atheneu, 1996. p. 781798.
3.

Umpred DA. Fisioterapia neurológica. 2ª. ed. São Paulo: Manole; 1994.

ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

49
QUESTÃO 28
Os nervos cranianos contêm fibras sensitivas e/ou motoras que emergem através
de forames ou fissuras situadas no crânio. São em número de 12 pares,
identificados de I a XII. O Nervo Facial (NC VII) possui importante função motora
e sensitiva da face, assim como participa na inervação parassimpática. Entre
outros sinais, uma lesão periférica próxima à origem desse nervo fará com que o
paciente apresente quadro clínico de
(A)

paralisia motora dos músculos faciais das partes superiores e inferiores no
lado ipsilateral da lesão e perda do paladar nos dois terços anteriores da
língua.

(B)

paralisia motora dos músculos faciais da parte inferior do lado ipsilateral da
lesão e incapacidade de olhar para baixo quando o olho é aduzido.

(C) paralisia motora dos músculos faciais da parte superior do lado contralateral
da lesão e perda da audição unilateral progressiva.
(D) paralisia motora dos músculos faciais das partes superiores e inferiores no
lado contralateral da lesão, acompanhada de ptose e pupila dilatada.
(E)

paralisia dos músculos faciais da parte superior do lado homolateral da
lesão, acompanhada de perda da constrição pupilar e defeitos no campo
visual.

Gabarito: A
Autoras: Verônica Frison e Adriana Macagnan
Comentário:
A resposta correta é a letra A. O nervo facial é responsável pela inervação
dos músculos da mímica facial, pelo paladar nos 2/3 anteriores da língua, pela
salivação (com exceção da glândula parótida) e lacrimejamento. Age na
estimulação das glândulas lacrimal, submandibular e sublingual, bem como na
membrana mucosa do nariz, palato duro e mole. É responsável pela gustação dos
2/3 anteriores da língua, do palato duro e mole. Por último, é responsável pela
sensibilidade geral da pele atrás da orelha externa, pequena área de pele atrás da
orelha, parede do meato acústico e da membrana timpânica externa com
suplementação do nervo mandibular.
A alternativa B está errada por dois motivos: primeiro pelo fato de
descrever apenas a paralisia motora dos músculos faciais da parte inferior, o que
não é característica do nervo facial, pois ele inerva os músculos do quadrante
50

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
inferior e superior da hemiface ipsilateral e a incapacidade de olhar para baixo
quando o olho é aduzido é função do músculo oblíquo superior inervado pelo
quarto par craniano, nervo troclear.
A alternativa C está errada pelo fato de descrever a paralisia motora dos
músculos faciais da parte superior do lado contralateral, é sabido que a inervação
pelo nervo facial é de toda hemiface ipsilateral. Além disso, a perda da audição
unilateral progressiva pode se dever a outros fatores, que não exclusivamente a
lesão de nervos cranianos.
A alternativa D está errada por descrever a inervação da hemiface
contralateral, no momento que a inervação é da hemiface ipsilateral e, ptose e
pupila dilatada são sinais clínicos de lesão do terceiro par craniano, nervo
oculomotor e fibras simpáticas do gânglio cervical superior.
Por último, a alternativa E está errada por descrever como função do nervo
facial a constrição pupilar relacionas ao nervo oculomotor e fibras simpáticas do
gânglio cervical superior e, defeitos no campo visual são funções do segundo par
craniano, nervo óptico.
Referências
1.
Guyton AC. Tratado de fisiologia médica. 11ª. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2006.
2.
Nunes Ml, Marrone ACH. Semiologia neurológica. Porto Alegre:
EDIPUCRS; 2002.

ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

51
QUESTÃO 29
Uma mulher, após dar à luz seu primeiro filho de parto natural, vem apresentando
há seis meses queixa de perda de urina, aos médios esforços como tossir e
espirrar. Sobre esse caso, analise as afirmações a seguir.
A situação apresentada por essa mulher pode levá-la a um quadro de
sintomatologia depressiva e isolamento social.
PORQUE
A incontinência urinária pode ser resultante de lesão da fáscia e do estiramento
da musculatura perineal em decorrência de dificuldades durante o parto natural e
da elevada prevalência da depressão pós-parto em mulheres puérperas.
Com base na leitura acima, conclui-se que
(A)

as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira.

(B)

as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira.

(C) a primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa.
(D) a primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira.
(E)

as duas afirmações são falsas.

Gabarito: C
Autora: Mara Regina Knorst
Comentário:
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a incontinência
urinária (IU) afeta mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo
considerado um problema de saúde pública.
Os fatores envolvidos na fisiopatologia da IU incluem: a pressão extraabdominal sobre o colo da bexiga, a presença de uma uretra curta, diminuição de
estrogênio e lesão do mecanismo do esfíncter, nervo pudendo, fáscia e músculos
do assoalho pélvico, normalmente relacionado ao dano neuromuscular do
assoalho pélvico durante o parto vaginal.1

52

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
A IU é um problema de saúde e pode causar problemas de higiene,
podendo restringir o emprego e oportunidades educacionais, conduzir a
embaraço, exclusão e isolamento social.2
Pacientes que apresentam perda urinária desenvolvem modificações
comportamentais para se adaptar a inconveniência e reduzir o impacto dos
sintomas. Entre essas modificações podemos citar: aumento da frequência
urinária, descoberta da localização de banheiros, diminuição da ingesta de
líquidos, limitação da atividade física e, muitas vezes, limitação de atividades
sociais, podendo resultar em isolamento e depressão.2
Portanto, ao analisarmos a questão podemos dizer que a primeira
afirmativa é verdadeira, pois a incontinência urinária temporária ou permanente é
muitas vezes aflitiva e humilhante. O odor e o constrangimento levam muitas
vezes ao afastamento, isolamento, depressão, e perda da autoestima.2,3
Já a segunda afirmação é falsa, pois a lesão da fáscia e do estiramento da
musculatura perineal em decorrência de dificuldades durante o parto natural
podem ocorrer1 e no período do puerpério principalmente na primeira semana
muitas mulheres apresentam depressão4, porém esta não leva a incontinência
urinária e sim a incontinência urinária pode levar a depressão.
Referências:
1.

Moreno AL. Fisioterapia em Uroginecologia. São Paulo: Manole; 2004.

2.
Freitas F, et al. Rotinas em ginecologia. 5ª. ed. Porto Alegre: Artmed;
2006.
3.
Baracho E. Fisioterapia aplicada à obstetrícia, uroginecologia e
aspectos de mastologia. 4ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2007.
4.

Freitas F, et al. Rotinas em obstetrícia. 5ª. ed. Porto Alegre: Artmed; 2006.

ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

53
QUESTÃO 30
Paciente de 5 anos de idade apresenta diagnóstico de mielomeningocele, nível
lombar alto. Nesse caso, qual o procedimento fisioterapêutico mais adequado?
(A)

Fortalecer a musculatura dos membros superiores e inferiores e do tronco;
prevenir deformidades de membros inferiores e do tronco; realizar o treino
de ortostatismo no parapodium e a deambulação fazendo uso de órtese
longa bilateral com cinto pélvico e auxílio de andador ou muletas.

(B)

Fortalecer a musculatura dos membros superiores e inferiores e do tronco;
prevenir deformidades de membros inferiores e do tronco; realizar o treino
de ortostatismo no parapodium e a deambulação fazendo uso de goteiras
suropodálicas.

(C) Direcionar a terapia para o fortalecimento da musculatura dos membros
superiores e do tronco; prevenir deformidades de membros inferiores através
de alongamentos passivos; preparar o paciente para fazer uso de cadeiras
de rodas.
(D) Direcionar a terapia para o fortalecimento da musculatura dos membros
superiores e do tronco; prevenir deformidades; estimular o ortostatismo
somente com o uso do parapodium e realizar alongamentos passivos.
(E)

Direcionar a terapia para o fortalecimento e o alongamento da musculatura
de membros inferiores; prevenir deformidades de membros inferiores,
fazendo uso de goteiras suropodálicas e estimular o ortostatismo.

Gabarito: A
Autoras: Carla S. de Almeida e Flavia Franz
Comentário:
A mielomeningocele é uma malformação do sistema nervoso central
comum ao nascimento, sendo considerada um defeito complexo do fechamento
do tubo neural. Está associada a frequentes e severas sequelas neurológicas,
que podem causar significativa morbidade e mortalidade. Os problemas físicos
comumente associados à mielomeningocele incluem graus variados de déficits
neurológicos

e

sensório-motores,

disfunções

urogenitais

e

intestinais,

malformações esqueléticas e a hidrocefalia. Para o tratamento fisioterapêutico, o
profissional deve fortalecer a musculatura dos membros superiores, pois a criança
vai precisar dela nas trocas de postura e no uso de muletas, já que os membros
inferiores e tronco não têm seu potencial de força preservado. Os membros
inferiores devem ser fortalecidos, assim como o tronco, para tentar melhorar as
funções do paciente, nos músculos que podem ter um potencial a serem
54

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
trabalhados. A criança com mielomeningocele tende a ter deformidades devido a
contraturas dos tecidos moles e deformidades ósseas, devido a falta de oposição
à ação dos músculos, da gravidade e da postura; assim, a criança deve
experimentar e treinar o ortostatismo no parapodium (mesa para ortostatismo) de
forma mais precoce possível e treinar a marcha com o uso de órtese longa
bilateral com cinto pélvico, já que sua lesão é alta e a criança não terá o controle
da musculatura pélvica de forma eficiente, necessitando do auxílio de andador ou
muletas. Com isso a alternativa A é a mais correta.
Quanto à alternativa B, não está correta somente porque o texto fala em o
paciente utilizar órtese suropodálicas, sendo que esta não é suficiente para ele,
pois para usar essa órtese precisa de controle da musculatura pélvica e de tronco,
o que esse paciente não tem de forma efetiva. A alternativa C não está correta
porque não menciona o trabalho de força de membros inferiores e coloca o
paciente em cadeira de rodas, não favorecendo a função de deambular que o
paciente pode ter em potencial. A alternativa D não está correta porque também
diminui a potencialidade do paciente em deambular, o estimulando apenas ao uso
do parapodium e de alongamentos passivos de membros inferiores. E, por fim, a
alternativa E não está correta porque utiliza as goteiras suropodálicas, já
comentada em alternativa anterior.
Referências
1.
Nejat F, et al. Intelligence quotient in children with meningomyeloceles: a
case-control study. Journal of Neurosurgery. 2007; 106 (2): 106-110.
2.
Plaum PE, Riemer G, Froslie KF. Risk factors for pressure sores in adult
patients with myelomeningocele: a questionnaire-based study. Cerebrospinal
Fluid Research. 2006; 3 (14): 1-8.
3.
Zambelli H, et al. Assessment of neurosurgical outcome in children prenatally
diagnosed with myelomeningocele and development of a protocol for fetal surgery
to prevent hydrocephalus. Child’s Nervous System. 2007; 23 (4): 421-425.
4.
Liptak GS, et al. Do grip and pinch strength predict neurologic complications
in children with spina bifida and hydrocephalus? Pediatric Neurosurgery. 2006;
42 (4): 208-213.
5.
Ulsenheirmer MMM, et al. Myelomeningocele: a Brazilian university hospital
experience. Arquivos de Neuropsiquiatria. 2004; 62 (4): 963-968.
6.
Carvalho JA. Órteses: um recurso terapêutico complementar. São Paulo:
Manole, 2006.

ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

55
QUESTÃO 31
Maria tem uma filha de 12 anos chamada Carla e, nos últimos meses, tem ficado
muito preocupada, pois Carla tem apresentado um crescimento muito rápido e
alteração na coluna vertebral. Tais alterações caracterizam-se principalmente por
desvio lateral da coluna dorsal, assimetria na altura dos ombros e na crista ilíaca.
Maria procurou um Fisioterapeuta que, durante sua avaliação, utilizou o seguinte
teste: Carla foi posicionada em pé, com os braços ao longo do corpo e os pés em
posição natural. O Fisioterapeuta solicitou que ela inclinasse o corpo para a
frente. Durante a realização do teste, o Fisioterapeuta ficou atrás de Carla, com
os olhos no mesmo nível das vértebras. O teste realizado é chamado de Adam e
tem por objetivo identificar
(A)

possíveis alterações dos membros inferiores e a mensuração do grau de
escoliose.

(B)

alterações relacionadas à hiperlordose lombar e indicar quais músculos
devem ser trabalhados na reabilitação.

(C) o grau do ângulo de Cobb relacionado à escoliose toracodorsal e de rotação
vertebral.
(D) a ocorrência de gibosidades (um lado mais alto que o outro no tronco),
indicando uma possível escoliose.
(E)

a ocorrência de cifose torácica e rotação vertebral de origem idiopática.

Gabarito: D
Autoras: Carla S. de Almeida e Viviane Fração
Comentário:
O Teste de Adam é um teste simples, descrito no enunciado da questão, e
é realizado para verificar pontualmente a escoliose através da gibosidade, ou
seja, uma elevação na coluna vertebral onde vértebras já fizeram uma rotação no
local da curvatura escoliótica. O Teste de Adam não mede as possíveis
alterações dos membros inferiores e nem mede o grau de escoliose. Nesse caso,
é o ângulo de cobb que mede o grau da escoliose, mas não por meio do Teste de
Adam e sim, por meio de um exame radiológico com vista ântero-posterior ou
póstero-anterior, onde uma linha perpendicular é traçada à margem superior da
vértebra que mais se inclina na direção da concavidade e uma linha, também
traçada na borda inferior da vértebra inferior, com a maior angulação na direção
56

Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
da concavidade. O ângulo dessas linhas, que se transeccionam, é notado e
registrado. As alterações relacionadas à hiperlordose lombar e a ocorrência de
cifose torácica também não são medidas pelo Teste de Adam, e sim pelo ângulo
de cobb, em exame radiológico na vista lateral; portanto, as alternativas A, B, C
e E estão equivocadas.
Ângulo de Cobb:

Mensuração da Escoliose pelo Método de Cobb (fisioweb.com.br)

Referências
1.
Pereira LM. et al. Escoliose: triagem em escolares de 10 a 15 anos. Revista
Saúde. 2005; 1(2): 134-143.
2.
Sizinio HK. Ortopedia e traumatologia: princípios e prática. 4ª. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2009.

ENADE Comentado 2007: Fisioterapia

57
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia
ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia

Contenu connexe

Tendances

Manual TéCnico Pré Natal E PuerpéRio AtençãO Qualificada E Humanizada
Manual TéCnico   Pré Natal E PuerpéRio   AtençãO Qualificada E HumanizadaManual TéCnico   Pré Natal E PuerpéRio   AtençãO Qualificada E Humanizada
Manual TéCnico Pré Natal E PuerpéRio AtençãO Qualificada E HumanizadaBiblioteca Virtual
 
Manual ms pré natal de baixo risco
Manual ms   pré natal de baixo riscoManual ms   pré natal de baixo risco
Manual ms pré natal de baixo riscoCocota Medicina
 
Guia didatico de esportes coletivos terrestres
Guia didatico de esportes coletivos terrestresGuia didatico de esportes coletivos terrestres
Guia didatico de esportes coletivos terrestresJussiani Rosana
 
Diretrizes atencao pessoa_paralisia_cerebral
Diretrizes atencao pessoa_paralisia_cerebralDiretrizes atencao pessoa_paralisia_cerebral
Diretrizes atencao pessoa_paralisia_cerebralMauro Perez
 
Manual administrativo-clube-de-desbravadores
Manual administrativo-clube-de-desbravadoresManual administrativo-clube-de-desbravadores
Manual administrativo-clube-de-desbravadoresDesbravadoresBaluart
 
Pesquisa sobre perfil cursos de administração rs
Pesquisa sobre perfil cursos de administração rsPesquisa sobre perfil cursos de administração rs
Pesquisa sobre perfil cursos de administração rsCorreios
 
Matematica - todos ps planos
Matematica - todos ps planosMatematica - todos ps planos
Matematica - todos ps planosMaria Vieira
 
Anotacoes enfermagem
Anotacoes enfermagemAnotacoes enfermagem
Anotacoes enfermagemdsinha1
 
Livro professores do brasil impasses e desafios
Livro professores do brasil impasses e desafiosLivro professores do brasil impasses e desafios
Livro professores do brasil impasses e desafiosJOAO AURELIANO
 
Ciências da natureza - Referencial curricular
Ciências da natureza - Referencial curricularCiências da natureza - Referencial curricular
Ciências da natureza - Referencial curricularMaria Vieira
 
Caderno atencao pre_natal_baixo_risco
Caderno atencao pre_natal_baixo_riscoCaderno atencao pre_natal_baixo_risco
Caderno atencao pre_natal_baixo_riscopaulinhavelten
 
Educação infantil
Educação infantilEducação infantil
Educação infantilMaria Vieira
 

Tendances (18)

Regimento escolar
Regimento escolarRegimento escolar
Regimento escolar
 
Sebentaginastica
SebentaginasticaSebentaginastica
Sebentaginastica
 
Professores do Brasil - Impasses e desafios
Professores do Brasil - Impasses e desafiosProfessores do Brasil - Impasses e desafios
Professores do Brasil - Impasses e desafios
 
Manual TéCnico Pré Natal E PuerpéRio AtençãO Qualificada E Humanizada
Manual TéCnico   Pré Natal E PuerpéRio   AtençãO Qualificada E HumanizadaManual TéCnico   Pré Natal E PuerpéRio   AtençãO Qualificada E Humanizada
Manual TéCnico Pré Natal E PuerpéRio AtençãO Qualificada E Humanizada
 
Manual ms pré natal de baixo risco
Manual ms   pré natal de baixo riscoManual ms   pré natal de baixo risco
Manual ms pré natal de baixo risco
 
Philippi por - suple - 2004
Philippi   por - suple - 2004Philippi   por - suple - 2004
Philippi por - suple - 2004
 
cozinheiro[1]
cozinheiro[1]cozinheiro[1]
cozinheiro[1]
 
Guia didatico de esportes coletivos terrestres
Guia didatico de esportes coletivos terrestresGuia didatico de esportes coletivos terrestres
Guia didatico de esportes coletivos terrestres
 
Diretrizes atencao pessoa_paralisia_cerebral
Diretrizes atencao pessoa_paralisia_cerebralDiretrizes atencao pessoa_paralisia_cerebral
Diretrizes atencao pessoa_paralisia_cerebral
 
Manual administrativo-clube-de-desbravadores
Manual administrativo-clube-de-desbravadoresManual administrativo-clube-de-desbravadores
Manual administrativo-clube-de-desbravadores
 
Pesquisa sobre perfil cursos de administração rs
Pesquisa sobre perfil cursos de administração rsPesquisa sobre perfil cursos de administração rs
Pesquisa sobre perfil cursos de administração rs
 
Matematica - todos ps planos
Matematica - todos ps planosMatematica - todos ps planos
Matematica - todos ps planos
 
Anotacoes enfermagem
Anotacoes enfermagemAnotacoes enfermagem
Anotacoes enfermagem
 
Livro professores do brasil impasses e desafios
Livro professores do brasil impasses e desafiosLivro professores do brasil impasses e desafios
Livro professores do brasil impasses e desafios
 
19226
1922619226
19226
 
Ciências da natureza - Referencial curricular
Ciências da natureza - Referencial curricularCiências da natureza - Referencial curricular
Ciências da natureza - Referencial curricular
 
Caderno atencao pre_natal_baixo_risco
Caderno atencao pre_natal_baixo_riscoCaderno atencao pre_natal_baixo_risco
Caderno atencao pre_natal_baixo_risco
 
Educação infantil
Educação infantilEducação infantil
Educação infantil
 

Similaire à ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia

Livro de Medicamentos, NR 32 para Enfermeiros, Biossegurança e Manual de Enfe...
Livro de Medicamentos, NR 32 para Enfermeiros, Biossegurança e Manual de Enfe...Livro de Medicamentos, NR 32 para Enfermeiros, Biossegurança e Manual de Enfe...
Livro de Medicamentos, NR 32 para Enfermeiros, Biossegurança e Manual de Enfe...Gabriela Montargil
 
246238339 caderno-marista-para-o-enem-matematica-e-suas-tecnologias-1
246238339 caderno-marista-para-o-enem-matematica-e-suas-tecnologias-1246238339 caderno-marista-para-o-enem-matematica-e-suas-tecnologias-1
246238339 caderno-marista-para-o-enem-matematica-e-suas-tecnologias-1Júlio César
 
PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE RONDÔNIA
PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE RONDÔNIAPLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE RONDÔNIA
PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE RONDÔNIAvalmirsouto
 
Diretrizes brasileiras de ventilação mecânica – 2013
Diretrizes brasileiras de ventilação mecânica – 2013Diretrizes brasileiras de ventilação mecânica – 2013
Diretrizes brasileiras de ventilação mecânica – 2013Glaudstone Agra
 
Livro como escrever um trabalho cientifico
Livro como escrever um trabalho cientificoLivro como escrever um trabalho cientifico
Livro como escrever um trabalho cientificoJoe Ribeiro
 
Livro como escrever um trabalho cientifico
Livro como escrever um trabalho cientificoLivro como escrever um trabalho cientifico
Livro como escrever um trabalho cientificoNadia Krubskaya Bisch
 
Livro como escrever um trabalho cientifico
Livro como escrever um trabalho cientificoLivro como escrever um trabalho cientifico
Livro como escrever um trabalho cientificogisa_legal
 
Perfil de competências do especialista em Medicina Geral e Familiar
Perfil de competências do especialista em Medicina Geral e FamiliarPerfil de competências do especialista em Medicina Geral e Familiar
Perfil de competências do especialista em Medicina Geral e FamiliarMgfamiliar Net
 
Educação saúde e acolhimento
Educação saúde e acolhimentoEducação saúde e acolhimento
Educação saúde e acolhimentoElis Santiago
 
Codigo de etica do estudante de medicina
Codigo de etica do estudante de medicinaCodigo de etica do estudante de medicina
Codigo de etica do estudante de medicinagisa_legal
 
Livro_Psicologia da Aprendizagem. teorias básicaspdf
Livro_Psicologia da Aprendizagem. teorias básicaspdfLivro_Psicologia da Aprendizagem. teorias básicaspdf
Livro_Psicologia da Aprendizagem. teorias básicaspdfSamaraXavier20
 
Minha dissertação 2004
Minha dissertação 2004Minha dissertação 2004
Minha dissertação 2004Adriana Quevedo
 
Bases Conceituais da Saúde
Bases Conceituais da Saúde Bases Conceituais da Saúde
Bases Conceituais da Saúde Atena Editora
 

Similaire à ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia (20)

Livro de Medicamentos, NR 32 para Enfermeiros, Biossegurança e Manual de Enfe...
Livro de Medicamentos, NR 32 para Enfermeiros, Biossegurança e Manual de Enfe...Livro de Medicamentos, NR 32 para Enfermeiros, Biossegurança e Manual de Enfe...
Livro de Medicamentos, NR 32 para Enfermeiros, Biossegurança e Manual de Enfe...
 
Nr 32
Nr 32Nr 32
Nr 32
 
246238339 caderno-marista-para-o-enem-matematica-e-suas-tecnologias-1
246238339 caderno-marista-para-o-enem-matematica-e-suas-tecnologias-1246238339 caderno-marista-para-o-enem-matematica-e-suas-tecnologias-1
246238339 caderno-marista-para-o-enem-matematica-e-suas-tecnologias-1
 
Saúde Brasil 2030
Saúde Brasil 2030Saúde Brasil 2030
Saúde Brasil 2030
 
PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE RONDÔNIA
PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE RONDÔNIAPLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE RONDÔNIA
PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE RONDÔNIA
 
Manual rotinas
Manual rotinas Manual rotinas
Manual rotinas
 
Diretrizes brasileiras de ventilação mecânica – 2013
Diretrizes brasileiras de ventilação mecânica – 2013Diretrizes brasileiras de ventilação mecânica – 2013
Diretrizes brasileiras de ventilação mecânica – 2013
 
Caderno marista
Caderno maristaCaderno marista
Caderno marista
 
Livro como escrever um trabalho cientifico
Livro como escrever um trabalho cientificoLivro como escrever um trabalho cientifico
Livro como escrever um trabalho cientifico
 
Livro como escrever um trabalho cientifico
Livro como escrever um trabalho cientificoLivro como escrever um trabalho cientifico
Livro como escrever um trabalho cientifico
 
Livro como escrever um trabalho cientifico
Livro como escrever um trabalho cientificoLivro como escrever um trabalho cientifico
Livro como escrever um trabalho cientifico
 
Saude do-idoso-web1
Saude do-idoso-web1Saude do-idoso-web1
Saude do-idoso-web1
 
Leite
LeiteLeite
Leite
 
Perfil de competências do especialista em Medicina Geral e Familiar
Perfil de competências do especialista em Medicina Geral e FamiliarPerfil de competências do especialista em Medicina Geral e Familiar
Perfil de competências do especialista em Medicina Geral e Familiar
 
Educação saúde e acolhimento
Educação saúde e acolhimentoEducação saúde e acolhimento
Educação saúde e acolhimento
 
Codigo de etica do estudante de medicina
Codigo de etica do estudante de medicinaCodigo de etica do estudante de medicina
Codigo de etica do estudante de medicina
 
Livro rmf cfinal
Livro rmf cfinalLivro rmf cfinal
Livro rmf cfinal
 
Livro_Psicologia da Aprendizagem. teorias básicaspdf
Livro_Psicologia da Aprendizagem. teorias básicaspdfLivro_Psicologia da Aprendizagem. teorias básicaspdf
Livro_Psicologia da Aprendizagem. teorias básicaspdf
 
Minha dissertação 2004
Minha dissertação 2004Minha dissertação 2004
Minha dissertação 2004
 
Bases Conceituais da Saúde
Bases Conceituais da Saúde Bases Conceituais da Saúde
Bases Conceituais da Saúde
 

ENADE Comentado 2007: Discussão das questões de Fisioterapia

  • 1.
  • 3. Chanceler Dom Dadeus Grings Reitor Joaquim Clotet Vice-Reitor Evilázio Teixeira Conselho Editorial Ana Maria Lisboa de Mello Elaine Turk Faria Érico João Hammes Gilberto Keller de Andrade Helenita Rosa Franco Jane Rita Caetano da Silveira Jerônimo Carlos Santos Braga Jorge Campos da Costa Jorge Luis Nicolas Audy – Presidente José Antônio Poli de Figueiredo Jurandir Malerba Lauro Kopper Filho Luciano Klöckner Maria Lúcia Tiellet Nunes Marília Costa Morosini Marlise Araújo dos Santos Renato Tetelbom Stein René Ernaini Gertz Ruth Maria Chittó Gauer EDIPUCRS Jerônimo Carlos Santos Braga – Diretor Jorge Campos da Costa – Editor-chefe
  • 4. Denizar Alberto da Silva Melo Mara Regina Knorst Fabrício Edler Macagnan Márcio Vinícius Fagundes Donadio (Organizadores) ENADE COMENTADO 2007 Fisioterapia Porto Alegre 2010
  • 5. © EDIPUCRS, 2010 CAPA Vinícius de Almeida Xavier DIAGRAMAÇÃO Gabriela Viale Pereira REVISÃO Rafael Saraiva EDIPUCRS – Editora Universitária da PUCRS Av. Ipiranga, 6681 – Prédio 33 Caixa Postal 1429 – CEP 90619-900 Porto Alegre – RS – Brasil Fone/fax: (51) 3320 3711 e-mail: edipucrs@pucrs.br - www.pucrs.br/edipucrs Questões retiradas da prova do ENADE 2007 da área de Fisioterapia Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) E56 ENADE comentado 2007 : fisioterapia [recurso eletrônico] / organizadores, Denizar Alberto da Silva Melo ... [et al.]. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : EDIPUCRS, 2010. 83 p. 1. Ensino Superior – Brasil – Avaliação. 2. Exame Nacional de Desempenho de Estudantes. 3. Fisioterapia – Ensino Superior. I. Melo, Denizar Alberto da Silva. Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader Modo de Acesso: <http://www.pucrs.br/edipucrs/enade/fisioterapia2007.pdf> ISBN 978-85-7430-983-5 (on-line) CDD 378.81 Ficha Catalográfica elaborada pelo Setor de Tratamento da Informação da BC-PUCRS.
  • 6. SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 7 COMPONENTE ESPECÍFICO QUESTÃO 11 ........................................................................................................... 10 Emerson Boschi, Ivan Fernandes e Viviane Fração QUESTÃO 12 ........................................................................................................... 16 Denizar Melo e Verônica Frison QUESTÃO 13 ........................................................................................................... 18 Denizar Melo e Adriana Kessler QUESTÃO 14 ........................................................................................................... 20 Adriana Kessler, Jorge Luiz de Andrade Trindade, Mara Regina Knorst e Thais de Lima Resende QUESTÃO 15 - ANULADA ....................................................................................... 23 QUESTÃO 16 ........................................................................................................... 24 Jorge Luiz de Andrade Trindade e Thais de Lima Resende QUESTÃO 17 ........................................................................................................... 27 Jorge Luiz de Andrade Trindade e Thais de Lima Resende QUESTÃO 18 ........................................................................................................... 29 Emerson Boschi e Luana Caloy QUESTÃO 19 - ANULADA ....................................................................................... 31 QUESTÃO 20 ........................................................................................................... 32 Denizar Melo e Márcio Donadio QUESTÃO 21 ........................................................................................................... 34 Mara Regina Knorst e Thais de Lima Resende QUESTÃO 22 ........................................................................................................... 36 Mara Regina Knorst e Thais de Lima Resende QUESTÃO 23 ........................................................................................................... 38 Adriana Kessler e Thais de Lima Resende QUESTÃO 24 ........................................................................................................... 40 Jorge Luiz de Andrade Trindade e Denizar Melo
  • 7. QUESTÃO 25 ........................................................................................................... 42 Jorge Luiz de Andrade Trindade e Denizar Melo QUESTÃO 26 ........................................................................................................... 45 Carla S. de Almeida e Verônica Frison QUESTÃO 27 ........................................................................................................... 47 Carla S. de Almeida e Flavia Franz QUESTÃO 28 ........................................................................................................... 50 Verônica Frison e Adriana Macagnan QUESTÃO 29 ........................................................................................................... 52 Mara Regina Knorst QUESTÃO 30 ........................................................................................................... 54 Carla S. de Almeida e Flavia Franz QUESTÃO 31 ........................................................................................................... 56 Carla S. de Almeida e Viviane Fração QUESTÃO 32 ........................................................................................................... 58 Fabrício Edler Macagnan QUESTÃO 33 ........................................................................................................... 61 Fabrício Edler Macagnan QUESTÃO 34 ........................................................................................................... 63 Emerson Boschi, Viviane Fração e Adriana Macagnan QUESTÃO 35 ........................................................................................................... 67 Jorge Luiz de Andrade Trindade e Fabrício Edler Macagnan QUESTÃO 36 ........................................................................................................... 70 Mara Regina Knorst e Thais de Lima Resende QUESTÃO 37 - DISCURSIVA .................................................................................. 73 QUESTÃO 38 - DISCURSIVA .................................................................................. 75 QUESTÃO 39 - DISCURSIVA .................................................................................. 77 QUESTÃO 40 - DISCURSIVA .................................................................................. 80 LISTA DE CONTRIBUINTES ................................................................................... 82
  • 8. APRESENTAÇÃO A formação dos(as) profissionais da Saúde, em nível de Graduação, está amparada pela Lei nº 9.394/1996, Lei de Diretrizes e Bases, que fundamenta a Educação Superior no Brasil, e nas Políticas de Saúde vigentes. Considerando os desafios de formar profissionais/cidadãos com competências e habilidades para dar conta da complexa realidade da saúde, nacional e mundial, a criação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES, Lei nº 10.861/2004 propõe parâmetros essenciais para a avaliação da Educação Superior. O SINAES preconiza uma formação que atenda a princípios de qualidade e relevância voltados para as necessidades de desenvolvimento do país. Assim, a avaliação permanente de todos os processos formativos precisa estar incorporada no cotidiano das instituições de ensino, aproximando-a da realidade social de cada área. O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes – ENADE – constituise em uma das etapas de avaliação do SINAES. Seu propósito é avaliar o desempenho dos estudantes, identificando se as condições de ensino, o conhecimento, as competências e as habilidades pretendidas e a metodologia utilizada estão em conformidade com os princípios e orientações das Diretrizes Curriculares do Curso em avaliação. As Diretrizes Curriculares da Área da Saúde orientam para a formação de um novo profissional/cidadão, alinhando-a aos princípios do Sistema Único de Saúde – SUS, para atender às demandas da saúde, na sociedade contemporânea. Para isso, e também conforme as referidas diretrizes, é necessária a formação generalista com o desenvolvimento de competências comuns às profissões, bem como as específicas de cada uma delas para que a saúde seja atendida de maneira integral. Portanto, a premissa da interdisciplinaridade como forma de ser, de fazer, de conhecer e de conviver, precisa estar incorporada na concepção dos profissionais, a qual também está subjacente na avaliação da qualidade dos cursos nessa área. O ENADE Comentado, do Curso de Graduação em Fisioterapia, da Faculdade de Enfermagem, Nutrição e Fisioterapia – FAENFI – tem como propósito discutir, com a comunidade acadêmica da Faculdade, as questões que compuseram o ENADE 2007, promovendo e ampliando debates relativos às ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 7
  • 9. práticas e ao cenário da Saúde no qual se insere a Fisioterapia. Ao mesmo tempo como instrumento de avaliação, oportuniza reflexões acerca do processo pedagógico desenvolvido ao longo do Curso. A prova do ENADE/2007 do Curso de Fisioterapia é composta por 40 questões, assim constituídas: 10 questões de formação geral, 30 questões de conteúdo específico, sendo 26 com respostas objetivas e 4 questões discursivas. Também integra a Prova do ENADE um questionário no qual o estudante refere sua percepção acerca do curso e estrutura do mesmo, no contexto da Universidade. Nesta publicação são apresentadas as 30 questões específicas da área da Fisioterapia e discutidas as 26 questões objetivas, do ENADE 2007. As discussões estão fundamentadas em publicações e nas políticas de saúde vigentes, devidamente referenciadas para que o leitor possa ampliar a reflexão acerca das temáticas abordadas pelas questões. As referências foram inseridas conforme as orientações de Vancouver, comumente utilizadas na documentação em Saúde. Ressaltamos que a realização deste e-book só foi possível pelo envolvimento do corpo docente do Curso de Fisioterapia. Agradecemos de maneira muito especial a toda equipe da FAENFI que assumiu com responsabilidade e competência a elaboração do presente e-book. Nosso agradecimento à Prof.ª Dr. Solange Medina Ketzer, Pró-Reitora de Graduação/PUCRS, extensivo à sua equipe pelo apoio e estímulos permanentes. Esta publicação eletrônica – ENADE Comentado 2007: Fisioterapia – FAENFI – insere-se na coleção da EDIPUCRS. Almejamos que o referido material possa ser um instrumento de consulta para estudantes, docentes e profissionais de saúde, bem como de revisão e reformulação de metodologias de ensino e de aprendizagem. Beatriz Sebben Ojeda Diretora da Faculdade de Enfermagem, Nutrição e Fisioterapia – FAENFI 8 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 11. QUESTÃO 11 Os processos de reabilitação de lesões musculoesqueléticas devem basear-se, principalmente, nas respostas fisiológicas dos tecidos após a lesão. Assim, o Fisioterapeuta precisa entender o processo de cicatrização para poder supervisionar e intervir eficientemente nesse processo. Com base na figura ao lado, analise as afirmativas a seguir. I Como resposta a um trauma, o dano imediato do tecido é chamado de lesão primária, a qual ocorre ao mesmo tempo do trauma, não havendo possibilidade de evitá-la. PRENTICE, Voight, 2003. II A resposta secundária à lesão ocorre em tecidos que não foram diretamente atingidos pelo trauma e pode ser inibida ou minimizada pela ação do Fisioterapeuta. III A resposta inflamatória segue-se às lesões primária e secundária nas quais se pode observar, em graus diferentes, os sinais inflamatórios de calor, rubor, tumor, dor e impotência funcional. IV O ciclo de dor e espasmo muscular atua como reação de proteção a danos maiores, e a atuação do Fisioterapeuta é de fundamental importância para a quebra desse ciclo. V As diversas fases do processo de reparo não interferem na redução do risco de recidiva das lesões musculoesqueléticas. Estão corretas, apenas, as afirmações (A) I, II e III. (B) I, III e IV. (C) II, III e V. (D) I, II, III e IV. (E) I, II, III e V. Gabarito: D Autores: Emerson Boschi, Ivan Fernandes e Viviane Fração 10 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 12. Comentário: A resposta do organismo aos danos traumáticos primários leva à destruição tecidual adicional, conhecida como lesão secundária. A lesão primária é o dano tecidual causado diretamente pelo trauma. A lesão secundária é o dano tecidual que ocorre na periferia, em resposta a lesão primária; é causada pelas alterações enzimáticas e hipóxia no tecido. As enzimas destinadas a digerir os detritos celulares são ativadas e liberadas dos lisossomos das células mortas. Se tais enzimas entrarem em contato com as células vivas adjacentes, elas passam a degradar sua membrana celular, causando mais morte celular e a chamada lesão enzimática secundária. A lesão hipóxica secundária resulta de liberação inadequada de oxigênio para os tecidos da periferia de uma lesão traumática primária. O fluxo sanguíneo é interrompido nos vasos lesados distais ao local da lesão e diminui nos outros vasos da região, devido à estase e à aglutinação inflamatórias. A falta de oxigênio finalmente ocasiona edema e rompimento celular, acidose e digestão lisossômica, de acordo com a descrição anterior. A degradação da membrana celular e a liberação intracelular de enzimas lisossômicas levam à morte celular. Os detritos que são formados adicionam-se ao hematoma e assim, aumenta a área de lesão tecidual. As estruturas adjacentes às regiões traumatizadas podem, independente do trauma inicial, ser também agredidas de forma primária ou secundária e ter seus próprios quadros de comprometimento. Essa lesão adicional resulta em perturbações microcirculatórias secundárias, como a vasorreação em resposta à dor, à hipovolemia, ao choque e às adaptações metabólicas ao trauma. Ao se realizar o exame físico em pacientes vítimas de traumatismos musculoesqueléticos, em diferentes etapas da sua recuperação, podem ser identificadas diversas condições dependentes ou não na lesão principal, entre elas o edema, as aderências e a rigidez articular. Para que se possa prevenir ou minimizar a ocorrência dessas condições há que se entender a fisiopatologia das lesões dos tecidos moles. O processo de cicatrização envolve uma sequência de eventos celulares, fisiológicos e bioquímicos que buscam restaurar a homeostasia local. ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 11
  • 13. Em resposta à ruptura das fibras de colágeno e de vasos, ocorrem a hemorragia e a resposta humoral, com a ativação dos mecanismos de coagulação e a liberação de fatores inflamatórios quimiotáxicos e vasoativos. O edema se instala em resposta ao processo hemorrágico, à vasodilatação e ao aumento da permeabilidade vascular local. Essa é a fase inflamatória aguda, com duração aproximada de três dias e caracterizada por aumento do calor local, vermelhidão, podendo levar à incapacidade funcional, além do edema. Nas primeiras 24 horas após o trauma, tem início o processo de reparação tecidual, que se intensifica ao longo dos três dias subsequentes, caracterizando a fase de reparação tecidual proliferativa. Há o aumento da migração de fibroblastos nos tecidos lesionados, com a função de sintetizar fibras colágenas, que são depositadas no local de forma aleatória. Também há neoformação vascular, garantindo o restabelecimento da permeabilidade e a drenagem de exsudatos inflamatórios. A ação de macrófagos é intensificada para a remoção de células mortas e coágulos. O equilíbrio entre síntese e degradação de colágeno é essencial para a reparação tecidual após uma lesão. O tecido cicatricial, apesar da sua eficiência como reparador, não tem a mesma resistência e elasticidade que o tecido sadio não lesionado. Para a aquisição do resultado ideal e condições semelhantes àquelas pré-lesões, é necessário que haja maturação cicatricial. Nessa fase seguinte de remodelação, a área traumatizada já obteve a cicatrização pelo depósito de fibras colágenas e os sinais e sintomas iniciais se resolvem. Entretanto, o tecido neoformado é estruturalmente desorganizado e desalinhado, com pouca resistência a forças tensivas, uma vez que esta é diretamente proporcional ao alinhamento das fibras colágenas. A fase de remodelação varia na duração, podendo alcançar até 18 meses, como no caso de lesões ligamentares. Uma outra reação orgânica ao trauma também é observada nos músculos esqueléticos: a contração protetora em resposta a uma perturbação física. O mecanismo de trauma pode comprometer a integridade muscular por mecanismos de fora para dentro (compressão externa) ou de dentro para fora, pelo aumento do volume interno (hemorragia, hematoma). No caso do aumento do volume interno, o tecido muscular extrapola a capacidade do seu continente, no caso o 12 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 14. invólucro representado pelo epimísio e fáscia, determinando, por exemplo, as síndromes compartimentais. Independentemente do processo ser por compressão externa ou por aumento do volume interno, a pressão tecidual encontra-se aumentada, o que reduz a perfusão capilar e a microcirculação muscular, determinando a formação do edema pós-isquêmico. Dessa forma, estabelece-se um processo contínuo em que a pressão tecidual aumentada reduz a perfusão, o que causa o edema intersticial, levando a hipóxia e a acidose, que, por sua vez, faz aumentar a permeabilidade e que novamente aumentam a pressão tecidual. Os recursos fisioterapêuticos para a prevenção e o tratamento do edema, das aderências e da rigidez são: a cinesioterapia, a termoterapia, a hidroterapia e a eletroterapia. Esses recursos têm, em primeira instância, a propriedade de reduzir a dor e o edema reacional. A médio e longo prazos objetivam a manutenção ou a recuperação da amplitude funcional de movimento, a flexibilidade, a resistência, a velocidade muscular, a agilidade e a propriocepção. O resfriamento local propiciado pela crioterapia e utilizado nas fases iniciais pós-trauma (primeiras 48 horas) promove a analgesia e o controle de edema. A analgesia ocorre devido à diminuição da velocidade de disparo e de condução dos estímulos nociceptivos pelos receptores periféricos. A resposta vasoconstritora ao frio promove a redução do fluxo sanguíneo regional, auxiliando no controle do edema. Nas fases subsequentes de reparação proliferativa (do 3º dia à 3ª semana) e da remodelação do tecido cicatricial (até 18 meses), o uso do banho de contraste pode ser indicado para estimular a resposta vascular. A manutenção da aplicação de crioterapia para o controle da dor e a redução do espasmo muscular pode ser instituída como alternativa à aplicação da termoterapia superficial, levando-se em conta a preferência do indivíduo e as respostas funcionais obtidas. Não há consenso para a aplicação padronizada do frio ou do calor nessas fases, porém o aquecimento tecidual induzido por meios terapêuticos aumenta a circulação local e regional, reduz a viscosidade dos tecidos e melhora a elasticidade do colágeno. Também propicia a redução da velocidade de disparo dos fusos musculares e nociceptores, o que leva à redução da dor e ao ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 13
  • 15. relaxamento muscular, além de acelerar o processo de cura por aumentar o fluxo local. A seleção adequada e individualizada dos recursos fisioterapêuticos, associada ao posicionamento do segmento lesionado de forma a favorecer a drenagem do exsudato inflamatório e com a indicação de bandagens compressivas, se pertinentes, podem auxiliar no controle do edema reacional. Durante as fases iniciais de reparação tecidual, a cinesioterapia deve ser realizada dentro de limites coerentes. As regiões não envolvidas no trauma devem ter a sua capacidade funcional preservada, enquanto as diretamente acometidas são protegidas para a obtenção da cicatrização ótima. Entretanto, deve-se ter em mente que a restrição prolongada, o repouso e o imobilismo acarretam a persistência do edema local e levam à formação de tecido cicatricial exuberante e desnecessário, com possível limitação da sua extensibilidade. O imobilismo também é responsável pelo encurtamento muscular e pela má perfusão. Na fase proliferativa do processo de reparação tecidual, a mobilização lenta e progressiva deve ser instituída de forma a equilibrar a atividade local e a proteção tecidual, viabilizando a manutenção da função motora. Em contrapartida, o tecido cicatricial não estimulado pela mobilização e pelo alongamento não desenvolverá o alinhamento necessário das fibras de colágeno para a aquisição de força tensiva adequada, podendo comprometer a capacidade funcional do indivíduo. Na medida que a dor, a inflamação e o edema são controlados, os exercícios físicos podem ser intensificados, porém sempre se levando em conta o limite álgico. Nos estágios finais de reparação tecidual, o processo inflamatório já deve ter sido debelado e a ação dos fibroblastos já foi reduzida. O edema e a dor, caso ainda persistam, devem ser de pouca intensidade, indicando o sucesso das medidas adotadas para o seu controle. Portanto, a alternativa “E” está incorreta porque se as diversas fases do processo de reparo não forem respeitadas durante o tratamento das lesões musculoesqueléticas, temos o risco de recidiva da lesão. 14 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 16. Referências 1. Manna AW. Clínica Cirúrgica Ortopédica -Traumatologia. v 3. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2008. 2. Knight KL. Crioterapia no tratamento das lesões esportivas. São Paulo: Manole; 2000. 3. Low, J. Eletroterapia explicada: princípios e prática. 3ª. ed. Barueri: Manole; 2001. 4. Cohen M. Lesões nos esportes: diagnóstico, prevenção e tratamento. Rio de Janeiro: Revinter; 2003. ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 15
  • 17. QUESTÃO 12 A resposta motora humana é elaborada através da integração sensório-motora entre as estruturas do sistema nervoso periférico e o sistema nervoso central, o qual interpreta os impulsos sensoriais aferentes e elabora um sinal motor adequado para a atividade motora desejada. A quantidade de força e a precisão de uma contração muscular estão baseadas numa ordem de recrutamento das fibras musculares, que obedece a critérios de ativação. Com o auxílio dessas informações, é possível afirmar que cada unidade motora (A) é inervada por apenas um neurônio, e o recrutamento das unidades motoras é determinado pelo tamanho dos motoneurônios, sendo que unidades motoras com motoneurônios menores são recrutadas em primeiro lugar. (B) é inervada por apenas um neurônio, e o princípio de recrutamento obedece ao tipo de tarefa a ser realizada, sendo que unidades motoras maiores são recrutadas em primeiro lugar. (C) é inervada por apenas um neurônio, e a ordem de recrutamento obedece a padrões específicos de acordo com o tamanho das fibras musculares, sendo que fibras musculares maiores são ativadas em primeiro lugar. (D) possui vários motoneurônios, e a ordem de recrutamento depende do tamanho da velocidade de condução, sendo que unidades motoras maiores são recrutadas em primeiro lugar. (E) tem um número próprio de motoneurônios de acordo com as tarefas desempenhadas pelo músculo, sendo que unidades motoras com maior número de motoneurônios são ativadas em primeiro lugar. Gabarito: A Autores: Denizar Melo e Verônica Frison Comentário: O motoneurônio, que emerge do corno ventral da medula espinhal, inerva numerosas fibras musculares: esse número depende do tipo de músculo. Todas as fibras musculares inervadas por uma só fibra nervosa motora formam a chamada unidade motora. Quando o sistema nervoso central envia um sinal fraco para contrair determinado músculo, as unidades motoras com fibras pequenas e em menor número são estimuladas preferencialmente em relação às maiores unidades motoras. Em seguida, à medida que aumenta a intensidade do sinal neural, são estimuladas unidades motoras progressivamente maiores, sendo que as unidades 16 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 18. motoras muito grandes chegam a desenvolver, muitas vezes, mais de cinquenta vezes a força contrátil das unidades motoras menores. Isso é chamado de Princípio do Tamanho. Ele é importante por permitir a graduação da força muscular, durante uma contração fraca em pequenas etapas; essas etapas ficam progressivamente maiores quando são necessárias grandes intensidades de força. A causa do princípio do tamanho é que as unidades motoras pequenas são ativadas por fibras nervosas motoras bastante delgadas e os pequenos motoneurônios da medula espinhal são, de longe, muito mais excitáveis que os grandes, de modo que, naturalmente eles são excitados em primeiro lugar. Assim, as alternativas D e E devem ser de início descartadas, pois iniciam descrevendo que cada unidade motora possui vários motoneurônios ou um número próprio de motoneurônios. A alternativa B deve ser descartada por descrever que o princípio do recrutamento obedece ao tipo de tarefas e sabe-se que depende do tamanho do motoneurônio. A alternativa C deve ser descartada por descrever que as fibras musculares maiores são as ativadas em primeiro lugar, enquanto sabe-se que os pequenos motoneurônios, responsáveis pela inervação de fibras delgadas, são mais rapidamente excitáveis, sendo as fibras musculares menores as ativadas em primeiro lugar. Referências 1. Guyton AC. Tratado de fisiologia médica. 11ª. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2006. 2. Aires MM. Fisiologia. 3ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2008. ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 17
  • 19. QUESTÃO 13 Os gráficos demonstram duas pressões do sistema respiratório. Analisando os gráficos, conclui-se que o Gráfico I representa as alterações de pressões durante a respiração (A) mecânica com pressão positiva, e o II, a respiração espontânea, sendo que o traçado A representa a pressão pleural, e o traçado B, a pressão alveolar. (B) mecânica com pressão positiva, e o II, a respiração espontânea, sendo que o traçado A representa a pressão alveolar, e o traçado B, a pressão pleural. (C) espontânea, e o II, a respiração mecânica com pressão positiva, sendo que o traçado A representa a pressão alveolar, e o traçado B, a pressão pleural. (D) espontânea, e o II, a respiração mecânica com pressão positiva, sendo que o traçado A representa a pressão pleural, e o traçado B, a pressão alveolar. (E) espontânea, e o II, a respiração mecânica com pressão negativa, sendo que o traçado A representa a pressão pleural, e o traçado B, a pressão alveolar. Gabarito: C Autores: Denizar Melo e Adriana Kessler Comentário: O gráfico I representa respiração espontânea, na qual a pressão pleural (B), antes que a inspiração comece, é de -5 cmH2O em virtude do recuo elástico do pulmão que contrapõe a tendência de expansão da caixa torácica. A pressão pleural cai durante a inspiração, pois à medida que o pulmão expande, o recuo elástico aumenta promovendo queda de pressão ao longo da via aérea que se associa com uma redução adicional na pressão pleural. Na expiração, a pressão 18 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 20. pleural torna-se progressivamente menos negativa, pois ocorre redução do recuo elástico do pulmão. No entanto, em uma expiração forçada, a pressão pleural pode tornar-se positiva. A pressão alveolar (B), na ausência de fluxo ventilatório (inspiração ou expiração), é zero, porque sem nenhum fluxo aéreo não há queda da pressão ao longo das vias aéreas. Para que o fluxo inspiratório ocorra, a pressão alveolar cai, estabelecendo a pressão de impulsionamento. Em indivíduos normais, a alteração na pressão alveolar é de aproximadamente 1 cmH2O, mas em pacientes obstrutivos ela pode ser muitas vezes maior. Na fase expiratória devido à compressão do gás intra-alveolar pela retração elástica pulmonar, a pressão alveolar torna-se progressivamente positiva, até aproximadamente metade do fluxo expiratório, declinando ao longo da expiração até tornar-se igual a atmosférica. Na ventilação assistida e em modos espontâneos, como a Pressão de Suporte, a contração da musculatura vai depender da demanda metabólica do paciente (controle neural – drive), que vai proporcionar a queda de pressão no circuito do ventilador mecânico e, de acordo com a sensibilidade ajustada, promover a abertura da válvula (disparo), gerando um pico de fluxo inspiratório, aumentando progressivamente a pressão no sistema respiratório do paciente. Na expiração, ao contrário, como a pressão no sistema está elevada, a abertura da válvula expiratória promoverá a saída passiva do volume corrente. No gráfico II trata-se de ventilação mecânica, pois a pressão alveolar (A) se mantém positiva durante todo o ciclo e há inversão na dinâmica da pressão pleural (B), uma vez que na fase inspiratória esta tende a igualar-se a atmosférica e na expiratória decresce progressivamente. À medida que o fluxo de ar adentra o sistema respiratório, a pressão inspiratória vai se elevando, pois é necessária para vencer dois componentes: um resistivo (devido à resistência ao fluxo de ar passando pelas vias aéreas) e outro elástico (decorrente da distensão dos pulmões e da parede torácica)2. Referências 1. West JB. Fisiologia respiratória. 6ª. ed. Barueri: Manole. 2002. Carvalho CRR, Junior CT, Franca SA. III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica: ventilação mecânica: princípios, análise gráfica e modalidades ventilatórias. Jornal Brasileiro de Pneumologia. 2007; 33(supl. 2): S 54-S 70. 2. ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 19
  • 21. QUESTÃO 14 A História Natural da Doença é o conjunto de processos interativos que afetam desde o aparecimento da doença até o resultado final. Com base nessa informação, analise as afirmações a seguir. Uma fratura de quadril em um idoso tem etiologia multifatorial, e suas conseqüências no estado de saúde dependerão das condições clínicas préexistentes no momento da fratura e dos níveis secundário e terciário de atenção à saúde existentes na comunidade onde vive o idoso. PORQUE O homem participa em todas as etapas do processo da História Natural da Doença, sendo gerador das condições favoráveis ao aparecimento de estímulos patológicos e vítima do contexto de agressão à saúde por ele favorecido. Analisando as afirmações acima, conclui-se que (A) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira. (B) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira. (C) a primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa. (D) a primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira. (E) as duas afirmações são falsas. Gabarito: B Autores: Adriana Kessler, Jorge Luiz de Andrade Trindade, Mara Regina Knorst e Thais de Lima Resende Comentário: A questão se refere à História Natural da Doença, tema abordado em epidemiologia. Pereira1 relata que alguns autores definem a História Natural da Doença como o curso de algum agravo à saúde sem a intervenção do homem, que pode modificá-lo através de medidas preventivas ou curativas. Assim sendo, a primeira parte da questão aponta para três aspectos: 20 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 22. 1º o fato de que uma fratura de quadril no idoso tem múltiplas causas (etiologia multifatorial). 2º o fato de que o que acontece depois da fratura depende do estado de saúde desse idoso no momento em que ele sofre a fratura, isto é, quanto mais doenças/ agravos prévios tiver a pessoa que fratura o quadril, mais difícil será a sua recuperação. Isso é particularmente importante em vista do fato de que a taxa de mortalidade ligada a esse agravo pode chegar a 25% e que há relato de que entre 25 e 75% dos que sofrem uma fratura de quadril não retornarão ao seu nível de funcionamento anterior à doença2. 3º o fato de que as consequências da fratura na saúde do idoso também dependerão do acesso e da qualidade do cuidado em saúde que esse idoso receberá a partir do momento em que sofre o agravo. Esse cuidado engloba desde a cirurgia no hospital (atenção terciária) ao atendimento fisioterapêutico a domicílio e/ou clínica (atenção secundária). A segunda parte da questão apresenta uma afirmativa relativa ao fato de que o homem, a partir da sua atuação em seu meio ambiente e do seu modo de vida é responsável por criar condições que favorecem o aparecimento de doenças/agravos que o acometem. Observando o curso clínico da doença podemos verificar uma evolução esperada (prognóstico), considerando desde a instalação desta, até o desfecho final e a capacidade de causar danos ao organismo humano. Perracini e Ramos3 descrevem a influência de fatores socioeconômicos e psicossociais, como fatores que poderiam estar associados a quedas em idosos (uma das maiores causas de fraturas em idosos2), indicando as relações multifatoriais ao agravo de saúde. Os autores também indicam algumas características, tais como patologias prévias, como fatores de vulnerabilidade ligados ao indivíduo. Por outro lado, a questão refere as “consequências no estado de saúde” ligado condicionalmente as “condições clínicas pré-existentes”, ou seja, as características de funcionamento do organismo quando de uma fratura que pode ser potencializado ao associar-se a situações como estado nutricional, por exemplo. Idosos em estados nutricionais precários terão um impacto maior em seu estado de saúde quando sofrem uma fratura de quadril se comparado aqueles que mantêm um bom estado nutricional. ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 21
  • 23. Outro elemento descrito na questão são os níveis de atenção a saúde. Franco e Passos4 comentam que uma das aplicações mais conhecidas e utilizadas para o modelo de multicausalidade de Leavell e Clark é sua proposta de níveis de prevenção vinculadas às etapas da história natural da doença. Assim, os níveis de prevenção compõem uma ordem em que a prevenção primária compreende o período pré-patogênico e as ações de promoção à saúde e proteção específica se fazem presentes. Nessa fase a complexidade de intervenção é definida como atenção primária. No período patogênico encontra-se a prevenção secundária e terciária, cujas ações visam a “progressão da evolução” do processo patológico no organismo1. A prevenção secundária envolve o diagnóstico, tratamento precoce e limitação da invalidez5. Já na prevenção terciária, as ações se dirigem à fase final do processo e visam o desenvolvimento da capacidade residual do indivíduo, cujo potencial funcional foi reduzido pela doença1. Comentando as respostas, poderíamos dizer que a primeira afirmação indica à questão multifatorial da etiologia da fratura de quadril no idoso, das condições clínicas e de atenção a saúde que o indivíduo mantém em seu meio. Na segunda afirmação, podemos observar a indicação do homem tanto como “gerador das condições favoráveis ao aparecimento de estímulos patológicos” como “vítima do contexto de agressão a saúde”. Estas duas afirmações se complementam, no entanto não se justificam entre si. Referências 1. Pereira MG. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2006. 2. Guccione AA. Fisioterapia Geriátrica. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002. 3. Perracini MR, Ramos LR. Fatores associados a quedas em uma coorte de idosos residentes na comunidade. Revista Saúde Pública. 2002; 36(6): 709-716. 4. Franco JF, Passos ADC (org.). Fundamentos de epidemiologia. Barueri: Manole; 2005. 5. Almeida Filho N, Rouquayrol MZ. Introdução à epidemiologia. 4ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2006. 22 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 24. QUESTÃO 15 A Promoção da Saúde pode ser definida como o processo de capacitação dos indivíduos e grupos para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde e para aumentar o próprio controle sobre elas. A Carta de Ottawa (OMS/1996) preconiza cinco campos de atuação para a Promoção da Saúde, sendo um deles o desenvolvimento de saúde ambiental, ou seja, de ambientes favoráveis à saúde. De que forma a Fisioterapia pode atuar diretamente, através de suas ações, no desenvolvimento da saúde ambiental? (A) Elaborando políticas públicas saudáveis. (B) Criando estratégias de cinesioterapia voltadas para o combate à inatividade física. (C) Criando estratégias de modificações equipamentos de trabalho. e adaptações nos locais e (D) Criando estratégias de educação voltadas para a saúde postural do indivíduo. (E) Transmitindo informações úteis às comunidades, como as referentes à coleta seletiva de lixo. ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 23
  • 25. QUESTÃO 16 De acordo com a Declaração de Alma-Ata, promulgada em 1978, no encerramento da Conferência de Alma-Ata (OMS), as ações primárias de saúde pressupõem a participação da população em seu planejamento, organização, execução e controle. Uma das Diretrizes do Sistema Único de Saúde em concordância com este princípio da Declaração de Alma-Ata é a participação da comunidade, ou seja, o exercício do controle social sobre as atividades e os serviços públicos de saúde. Com base no texto acima, nas Diretrizes do SUS e no funcionamento do Sistema de Saúde brasileiro, pode-se afirmar que (A) embora seja uma diretriz constitucional, a participação da comunidade no Sistema de Saúde ainda não foi implantada no Brasil devido à dificuldade de acesso à saúde. (B) embora seja uma diretriz constitucional, a participação da comunidade no Sistema de Saúde ainda não foi implantada no Brasil, devido às dificuldades de financiamento. (C) a participação da comunidade no Sistema de Saúde ocorre de fato, e é feita através das estratégias do Programa Saúde da Família. (D) a participação da comunidade no Sistema de Saúde ocorre de fato, e suas atividades de organização, execução e controle são direcionadas apenas para as ações de promoção da saúde. (E) a participação da comunidade ocorre de fato, e é feita por meio das Conferências e Conselhos de Saúde, nos níveis nacional, estaduais, municipais e distritais. Gabarito: E Autores: Jorge Luiz de Andrade Trindade e Thais de Lima Resende Comentário: A Conferência Internacional sobre os Cuidados Primários de Saúde, realizado em Alma-Ata, foi um marco nas políticas internacionais de saúde. Esta representou o ponto de partida para outras iniciativas, culminado em conferências subsequentes sobre a saúde dos povos. Entre outros, a Declaração de Alma-Ata expressou a necessidade de ação de governos, trabalhadores da área da saúde e da comunidade mundial para promover a saúde de todos os povos do mundo. O quarto item da declaração foi relativo à participação popular: “É direito e dever dos 24 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 26. povos participar individual e coletivamente no planejamento e na execução de seus cuidados de saúde.” 1 No Brasil, desde a Declaração de Alma-Ata, pode se perceber muitas mudanças no modelo de atenção à saúde, entre elas a participação da comunidade, que aparece no artigo 198 da Constituição Federal de 1988 2 como uma das diretrizes para a organização do Sistema Único de Saúde (SUS). Com a implementação do SUS, seus princípios e diretrizes 3, podemos identificar não só os elementos de uma política voltada para a construção iminente de uma ação universal na atenção à saúde da população, como também a participação da mesma como um dos seus princípios. Nesse sentido, o exercício de controle social sobre as atividades e serviços públicos de saúde, caminha para uma prática cada vez mais efetiva. Vasconcelos e Pasche4, ao fazerem referência sobre o “Exercício da participação social no SUS” indicam que a diretriz constitucional da participação comunitária se traduziu na criação das conferências e dos conselhos de saúde nas três esferas de governo (municipal, estadual e nacional) como mecanismos de viabilização da participação da população na condução da política de saúde. A lei nº. 8.142/90 3, que regulamenta a matéria, assegura a composição paritária dessas instâncias, na qual os usuários tem assegurado 50% da representação e os 50% restantes devem contemplar os trabalhadores de saúde, os prestadores de serviços e os gestores. As conferências se reúnem por convocação do gestor ou do conselho de saúde e debatem os temas gerais e específicos da política de saúde, em cada âmbito, com periodicidade definida em lei. As conferências municipais precedem as estaduais e estas a nacional. Em cada uma delas (municipais e estaduais) são escolhidos delegados que representarão o território na discussão nacional.5 Os conselhos de saúde têm caráter permanente e atribuição de deliberar sobre as políticas em cada âmbito de governo (municipal, estadual e nacional). Devem aprovar o plano de saúde, o orçamento setorial, acompanhar a execução das políticas de saúde, avaliar os serviços de saúde e fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros.5 ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 25
  • 27. O desempenho dos conselhos de saúde está condicionado pela organização da sociedade civil em cada contexto o que pode, de certa forma comprometer as suas prerrogativas atribuídas em lei4. Diante do exposto, na questão acima, a alternativa correta é a “E”, pois não dependem, como indicado na alternativa “A”, ao acesso aos serviços de saúde pela população ou a financiamento, como indicado na alternativa “B”. Na alternativa “C” está indicado a participação popular apenas através de estratégias do Programa de Saúde da Família, que prioriza a atenção básica a população local. Já a alternativa “D” indica a participação popular exclusivamente para as ações de promoção da saúde. Na realidade, como exposto acima, as ações envolvem ações em geral que deliberam sobre a saúde geral da população. Referências 1. OPAS. Declaração de Alma-Ata. Disponível em: <http://www.opas.org.br/promocao/uploadArq/Alma-Ata.pdf>. Acesso em 16/9/2009. 2. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília; DF: Senado Federal; 1988. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Lei n.8.080/90, de 19 de setembro de 1990. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm>. Acesso em 22/9/2009. 4. Gastão W, De Sousa Campos MCS, Minayo MA, et al. (orgs). Tratado de Saúde Coletiva. 2ª. ed. São Paulo – Rio de Janeiro: Hucitecf – Fiocruz; 2008. 5. Brasil. Ministério da Saúde. Lei n.8.142/90, de 28 de dezembro de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8142.htm>. Acesso em 22/9/2009. 26 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 28. QUESTÃO 17 O Capítulo da Saúde na Constituição Federal de 1988 afirma que a assistência à saúde deve abranger atividades curativas e, prioritariamente, atividades preventivas. Qual das diretrizes do SUS configura esta afirmação? (A) Regionalização da assistência. (B) Igualdade da assistência. (C) Integralidade da assistência. (D) Universalidade de acesso aos serviços de saúde. (E) Hierarquização das ações de saúde Gabarito: C Autores: Jorge Luiz de Andrade Trindade e Thais de Lima Resende Comentário: O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição Federal em 19881 com o propósito de reduzir a discrepância de atendimento à população brasileira. Anteriormente, a assistência pública a saúde ficava restrita ao Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), o qual o público-alvo era formado pelos empregados que contribuíam com a previdência social; os demais eram atendidos apenas em serviços filantrópicos. No campo da saúde isso significou a possibilidade de superação da oferta estratificada de serviços, que diferenciava os indivíduos em indigentes e segurados da Previdência Social, e trouxe a oportunidade para reduzir a diferença de atendimento aos moradores do campo e da cidade de diferentes partes do país. O SUS se sujeita a regulamentação das Leis n° 8.080/902 e n° 8.142/903. A Lei de n° 8.080 de 19 de setembro de 1990 (Lei Orgânica da Saúde) indica como princípios do SUS a universalidade, a equidade e a integralidade, e também normatiza os princípios organizacionais da regionalização, hierarquização, descentralização, racionalização, resolução, complementaridade do setor privado e participação da comunidade.2 As diretrizes e os princípios do SUS estabelecem como as ações e os serviços de saúde públicos e privados devem ser desenvolvidos.2 ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 27
  • 29. O princípio da Universalidade assegura o direito à saúde a todos os cidadãos e o acesso sem discriminação ao conjunto das ações e serviços de saúde ofertados pelo sistema. Nesse sentido, a busca pelos serviços de saúde em unidades de saúde básicas, garante a população em geral o encaminhamento de ações voltadas à realidade local, sem discriminação ou estratificação do cidadão garantida por força de lei.4 Já a equidade, tem como base o respeito pelas diferenças de grupos sociais, ou seja, a necessidade do sistema considerar de forma igualitária as diferenças existentes entre grupos populacionais. Assim, o indivíduo que mantém uma vulnerabilidade maior em relação à sua saúde, por fatores diversos, tem prioridade e ações diferenciadas na busca de solução e redução das diferenças sociais.4 O terceiro princípio, a integralidade, supõe as dimensões do processo saúde-doença que afetam os indivíduos e as coletividades e pressupõe a prestação continuada do conjunto de ações e serviços, visando garantir a promoção, a proteção, a cura e a reabilitação. Nesse sentido, observamos hoje uma prática de saúde voltada prioritariamente a prevenção e a proteção a saúde através de programas de informação, orientação e ações de prevenção e bem estar da população. E de outra forma, a ampliação à atenção individual em níveis mais complexos de saúde, obedecendo a realidade local e as diversas formas de busca de solução a demanda de populações locais por processos de consórcios entre municípios, por exemplo. Onde estes tentam suprir a carência de assistência, através de trocas de serviços entre si.4 Referências 1. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Lei n.8.080/90, de 19 de setembro de 1990. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm>. Acesso em 22/9/2009. 3. BRASIL. Ministério da Saúde. Lei n.8.142/90, de 28 de dezembro de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8142.htm>. Acesso em 22/9/2009. 4. Gastão WSC, Minayo MA, Akerman M, Júnio MD, Carvalho YM. (orgs). Tratado de Saúde Coletiva. 2ª ed. São Paulo – Rio de Janeiro: Hucitecf – Fiocruz; 2008. 28 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 30. QUESTÃO 18 A “Teoria das Comportas” vem sendo utilizada ao longo dos anos para explicar a ação do TENS no controle da dor. A esse respeito, analise as afirmações a seguir. A “Teoria das Comportas”, sozinha, não consegue esclarecer os mecanismos de analgesia da Estimulação Elétrica Transcutânea Nervosa (TENS). PORQUE Tem sido observado que freqüências altas na programação do TENS causam analgesia por mecanismo diferente, como, por exemplo, a produção de opiáceos endógenos. Analisando as afirmações acima, conclui-se que (A) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira. (B) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira. (C) a primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa. (D) a primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira. (E) as duas afirmações são falsas Gabarito: C Autores: Emerson Boschi e Luana Caloy Comentário: A teoria da comporta da dor fundamenta uma base fisiológica para os efeitos eletroanalgésicos, na qual a meta é ativar seletivamente as fibras aferentes Aβ (TENS Convencional) de diâmetro largo sem ativar concorrentemente as fibras aferentes de pequeno diâmetro Aδ (TENS Acupuntural). Há evidências crescentes de que a TENS Acupuntural, mas não a TENS Convencional, seja mediada por endorfinas. A TENS Acupuntural aumentou os níveis de endorfina no líquido cerebroespinhal em pacientes com dor crônica e a analgesia era revertida por um antagonista de receptores opioide (naloxona). ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 29
  • 31. Contudo, a naloxona não pode reverter a analgesia produzida pela TENS Convencional em pacientes com dor, sugerindo que o mecanismo de analgesia através da Teoria das Comportas não é proporcionado pelas endorfinas. As características elétricas da TENS são escolhidas tendo em vista a ativação seletiva de diferentes populações de fibras nervosas, já que se acredita que isso produza resultados analgésicos diferentes. Fibras nervosas de diâmetro largo, como as Aβ e Aα, tem baixo limiar de ativação por estímulos elétricos quando comparadas com fibras equivalentes de diâmetro pequeno (Aδ e C). A amplitude (intensidade) de corrente necessária para excitar uma fibra nervosa declina com o aumento da duração do pulso e com o aumento da frequência de pulso. Assim, para ativar fibras de diâmetro largo (Aβ) sem ativar fibras de diâmetro menor (Aδ) deve-se selecionar correntes de baixa intensidade e de alta frequência (10 – 200 Hz) com duração de pulso entre 100 e 200µs. Por outro lado, para ativar fibras de pequeno diâmetro (Aδ) necessita-se de baixa frequência de pulsos (< 10Hz) e não alta frequência como sugerido na segunda afirmação. Conclui-se que a Teoria das Comportas sozinha não consegue justificar todas as formas de regulagens e mecanismos neurofisiológicos de analgesia da dor e que a produção/liberação de opiáceos endógenos (endorfinas) através da TENS ocorre por estímulos de baixa frequência (<10 Hz) quando ativada as fibras aferentes de pequeno diâmetro (Aδ). Referências 1. Low J. Eletroterapia explicada: princípios e prática. 3ª ed. Barueri: Manole; 2001. 2. Nelson MR, Hayes WK; Currier PD. Eletroterapia clínica. 3ª ed. Barueri: Manole; 2003. 3. Sheila K. Eletroterapia: prática baseada em evidências. 11ª ed. Barueri: Manole; 2003. 30 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 32. QUESTÃO 19 José, com 52 anos de idade, diabético há mais de dez anos, procura uma clínica para tratamento de uma ulceração plantar. Após avaliação detalhada, o Fisioterapeuta fecha o diagnóstico de pé diabético. A fim de tomar a melhor decisão terapêutica, consulta diversos periódicos da área, analisa os resultados clínicos e experimentais e opta pela aplicação de laser de baixa potência. Ao determinar a dosimetria para o tratamento do Sr. João, o Fisioterapeuta deve considerar (A) pigmentação da pele, área da ulceração, área do feixe do laser, potência do equipamento e tempo de aplicação. (B) tempo de aplicação, forma de aplicação (varredura ou pontual), e comprimento de onda do laser. (C) tempo de instalação do diabetes, existência de áreas de tecido necrótico, condições nutricionais, hidratação e pigmentação. (D) efeitos primários e secundários tais como: bioquímicos, bioelétricos, bioenergéticos, analgésicos, antiinflamatórios e cicatrizantes. (E) potência do equipamento, tipo de laser, forma de aplicação (varredura ou pontual) e efeitos primários e secundários. ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 31
  • 33. QUESTÃO 20 A obtenção da pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (PaO2) para avaliar o grau de hipoxemia utiliza um método invasivo chamado gasometria arterial. A avaliação da saturação percentual de oxigênio da hemoglobina arterial (SpO2), que é um método não invasivo, pode ser feita pela medida de oximetria de pulso. Analisando o gráfico acima e considerando como hipoxemia o valor de 60 mmHg de PaO2, o valor da SpO2 obtido deverá ser de, aproximadamente, (A) 95% (B) 90% (C) 75% (D) 65% (E) 60% Gabarito: B Autores: Denizar Melo e Márcio Donadio Comentário: A saturação de oxigênio da hemoglobina arterial depende da pressão parcial de oxigênio no sangue, ou seja, da fração de gás que está dissolvida no sangue, de maneira que quanto maior a pressão parcial de oxigênio maior será a 32 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 34. saturação da hemoglobina (comportamento este demonstrado no gráfico apresentado na questão). No entanto, a resposta desta questão, não prescinde de conhecimentos de fisiologia, apenas leva em consideração a interpretação do gráfico, visando determinar o valor no eixo das ordenadas (y) representado pela saturação de oxigênio, para um determinado valor dado no eixo das abscissas (x) representado pela pressão arterial de oxigênio, gerado pelo ponto na curva de dissociação da hemoglobina. Referências 1. Aires MM. Fisiologia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2008. 2. Guyton AC. Tratado de fisiologia médica. 11ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2006. ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 33
  • 35. QUESTÃO 21 Um homem com 58 anos comparece ao consultório do Fisioterapeuta com dor lombar. Em relação a esse paciente, o Fisioterapeuta decide, então, tomar as seguintes providências: I – elaborar diagnóstico funcional; II – prescrever antiinflamatórios para iontoforese; III – solicitar radiogramas. Segundo o Código de Ética Profissional da Fisioterapia, aprovado em 1978, é(são) proibida(s) ao Fisioterapeuta a(s) providência(s) (A) II, somente. (B) III, somente. (C) I e II, somente. (D) II e III, somente. (E) I, II e III. Gabarito: A Autoras: Mara Regina Knorst e Thais de Lima Resende Comentário: Em relação às duas providências que não são proibidas ao fisioterapeuta, ou seja, aquelas contidas nas afirmativas I e III encontramos, respectivamente, suporte nos artigos 9º e 13º da Resolução COFFITO 10, o Código de Ética Profissional. No artigo 9º encontra-se a seguinte afirmativa: “O fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional fazem o diagnóstico fisioterápico e/ou terapêutico ocupacional e elaboram o programa de tratamento.” A seguir, no artigo 13º encontramos que “O fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional, à vista de parecer diagnóstico recebido e após buscar as informações complementares que julgar convenientes, avaliam e decidem quanto à necessidade de submeter o cliente à fisioterapia e/ou terapia ocupacional, mesmo quando o tratamento é solicitado por outro profissional.” Com isso entende-se que as afirmativas I e III estão corretas, pois é esperado que o profissional faça um diagnóstico relativo ao seu fazer 34 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 36. (diagnóstico fisioterápico), assim como ele, se julgar que precisa de mais informações, pode buscá-las através de exames complementares (informações complementares). Quanto à providência contida na afirmativa II “(...) prescrever antiinflamatórios para iontoforese”, ela é claramente proibida ao fisioterapeuta e essa proibição encontra-se explicitada no inciso IV do artigo 8º da Resolução COFFITO 10: “É proibido ao fisioterapeuta e ao terapeuta ocupacional, nas respectivas áreas de atuação: (...) IV - prescrever medicamento ou praticar ato cirúrgico”. Referências 1. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Resolução COFFITO - 10. D.O.U nº. 182 de 22/9/1978, Seção I, Parte II, p. 5.265-5.268. Disponível em: http://www.crefito5.com.br/downloads.php?area=4. Acesso em 22/9/2009. ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 35
  • 37. QUESTÃO 22 Um Fisioterapeuta, que realizava atendimento na enfermaria, é chamado com urgência ao ambulatório do hospital para atender a um adolescente com Distrofia Muscular de Duchenne, que se apresenta com intensa dispnéia, devido a hipersecreção. Após realizar a avaliação completa do paciente, o profissional prescreve um tratamento baseado em drenagem postural, tapotagem e aspiração, com o objetivo de desobstruir as vias aéreas desse paciente. Por estar de plantão na enfermaria e não poder abandonar o posto, o Fisioterapeuta solicita que o atendente de enfermagem do ambulatório realize o atendimento. Com base no Código de Ética Profissional, pode-se concluir que a atitude do Fisioterapeuta está (A) correta, pois ele está sobrecarregado e, dessa forma, nenhum paciente ficará sem atendimento. (B) correta, ao escolher o atendente para fazer o atendimento em seu lugar, pois o mesmo está familiarizado com as técnicas. (C) correta, pois escolheu as melhores técnicas para desobstrução das vias aéreas. (D) errada, pois deveria delegar suas funções, somente, para um enfermeiro que possua titulação de nível superior. (E) errada, pois o Fisioterapeuta não deve delegar suas funções a outros profissionais. Gabarito: E Autoras: Mara Regina Knorst e Thais de Lima Resende Comentário: A sustentação para a afirmativa correta, alternativa “E”, é encontrada em três legislações relativas à profissão, explicitadas a seguir em ordem cronológica: Lei 6.316/751, Resolução COFFITO 102 e Resolução COFFITO 803. No Capítulo IV da Lei 6.316/75 (Das Infrações e Penalidades) encontramos no inciso II do artigo 16 que, em relação ao exercício da profissão, constitui infração disciplinar “(...) facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não registrados ou aos leigos”.1 No inciso III do artigo 8º da Resolução COFFITO 10 encontramos que “É proibido ao fisioterapeuta e ao terapeuta ocupacional, nas respectivas áreas de 36 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 38. atuação: (...) concorrer, de qualquer modo para que outrem exerça ilegalmente atividade privativa do fisioterapeuta e/ou terapeuta ocupacional”.2 No artigo 4º da Resolução COFFITO 80 encontramos que “(...) ao profissional FISIOTERAPEUTA é vedado, em atividade profissional nos Serviços de Fisioterapia, atribuir ou delegar funções de sua exclusividade e competência para profissionais não habilitados ao exercício profissional da Fisioterapia.” Portanto, independente do profissional se encontrar sobrecarregado (alternativa A), demonstrar cuidado ao “escolher o atendente” (alternativa B), escolher a terapêutica mais indicada do ponto de vista técnico (alternativa C) ou mesmo escolher um outro profissional de nível superior (alternativa D), permanece o fato de que, de acordo com a sua legislação profissional, o fisioterapeuta não deve delegar suas funções a outros profissionais. Referências 1. Brasil. Lei no. 6.316 de 17 de setembro de 1975. DOU nº. 242 de 18/12/1975, Seção. I, p. 16.805–16.807. Disponível em: http://www.crefito5.com.br/downloads.php?area=4. Acesso em 22/9/2009. 2. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Resolução COFFITO-10. D.O.U nº. 182 de 22/9/1978, Seção I, Parte II. 3. 5.265/5.268. Disponível em: http://www.crefito5.com.br/downloads.php?area=4. Acesso em 22/9/2009. 4. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Resolução COFFITO-80. D.O.U nº. 093 de 21/5/87, Seção I, p. 7.609. Disponível em: http://www.crefito5.com.br/downloads.php?area=4. Acesso em 22/9/2009. ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 37
  • 39. QUESTÃO 23 Helena é uma criança de três anos com diagnóstico de paralisia cerebral. Seu pai é pedreiro e sua mãe deixou o emprego de faxineira para se dedicar ao tratamento da filha, que vem sendo atendida em uma instituição beneficente de reabilitação há dois anos. A criança é asmática, apresenta suspeita de retardo mental e atraso do desenvolvimento motor caracterizado por uma diplegia e uma hipertonia moderada dos membros inferiores. Esta semana, durante a sessão de fisioterapia, onde são realizados exercícios de alongamento e técnicas de aprendizagem motora, a criança apresentou um forte episódio de crise de asma. Do ponto de vista de conduta profissional e do Código de Ética da profissão de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, como deve agir o Fisioterapeuta? (A) Considerando que a criança vem somente duas vezes por semana à sessão de fisioterapia, deve continuar a sessão de tratamento, acrescentando exercícios respiratórios e reforço da orientação quanto à limpeza da poeira doméstica. (B) Deve continuar os exercícios, e solicitar à mãe que compre um broncodilatador para que faça uma nebulização na farmácia antes da próxima sessão de fisioterapia, além de uma boa limpeza no quarto de Helena. (C) Deve suspender a sessão de exercícios imediatamente e providenciar um medicamento broncodilatador na farmácia da instituição para realizar a nebulização na criança e, após isso, orientar a mãe quanto aos agentes causadores da crise de asma. (D) Deve suspender a sessão de exercícios e solicitar à mãe o medicamento broncodilatador prescrito pelo pediatra da criança, para realizar nebulização imediatamente e reforçar as orientações quanto aos agentes causadores da crise asmática. (E) Deve continuar o tratamento acrescentando exercícios respiratórios à sua conduta e, após a sessão, providenciar o encaminhamento da criança a um pronto-socorro médico e advertir a mãe quanto à necessidade de limpeza doméstica adequada. Gabarito: D Autoras: Adriana Kessler e Thais de Lima Resende Comentário: Durante o episódio agudo de crise asmática não é aconselhável a continuidade das atividades motoras, pois elas podem piorar os sinais e os 38 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 40. sintomas.1 Em face dessa informação e considerando que o inciso V do Artigo 8º da Resolução COFFITO 10, o Código de Ética da profissão, estabelece que é proibido ao fisioterapeuta recomendar, prescrever e executar tratamento ou nele colaborar, quando atentório à saúde do cliente,2 conclui-se que a alternativa A é incorreta. A alternativa B apresenta tanto erros do ponto de vista de conduta profissional, quanto duas infrações do Código de Ética da profissão. Como exposto anteriormente, as atividades motoras devem ser interrompidas durante uma crise de asma, pois podem exacerbar sinais e sintomas,1 constituindo, portanto, conduta terapêutica atentória à saúde do cliente, o que infringe o inciso V do Artigo 8º da Resolução COFFITO 10.2 E, ao solicitar à mãe que compre um broncodilatador, infringe o inciso IV do mesmo artigo, que estabelece que é proibido ao fisioterapeuta prescrever medicamento.2 Na alternativa C vê-se dois cursos de ação corretos: suspender a sessão de exercícios imediatamente durante uma crise de asma, pois podem exacerbar sinais e sintomas,1 e orientar a mãe quanto aos agentes causadores da crise de asma.1 Entretanto, ao providenciar um broncodilatador sem prescrição médica infringe o inciso IV do Artigo 8º da Resolução COFFITO 10, que proíbe ao fisioterapeuta a prescrição de medicamentos.2 O profissional, portanto, só poderia realizar a nebulização na vigência de prescrição médica. Em razão dessa infração ética, a alternativa C é incorreta. Na alternativa E entende-se que o tratamento não deve ser continuado, uma vez que pode piorar os sinais e sintomas.1 O curso correto de ação seria o encaminhamento imediato dessa criança a um pronto-socorro médico. Essa afirmativa é errada, uma vez que a conduta terapêutica seria atentória à saúde do cliente, o que infringe o inciso V do Artigo 8º da Resolução COFFITO 10.2 Referências 1. Sociedade Brasileira de Pneumologia. IV Diretrizes Brasileiras para o Manejo da Asma. Jornal Brasileiro de Pneumologia. 2006; 32(7): S447-S474. 2. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Resolução COFFITO-10. D.O.U nº. 182 de 22/9/1978, Seção I, Parte II, p. 5.265/5.268. Disponível em: http://www.crefito5.com.br/downloads.php?area=4. Acesso em 22/9/2009. ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 39
  • 41. QUESTÃO 24 Um grupo de Fisioterapeutas foi convidado a realizar, com os funcionários de uma das agências de um grande Banco, um trabalho de orientação de saúde voltada para a prevenção de algias e afecções da coluna vertebral. No planejamento das estratégias de orientação de saúde, os Fisioterapeutas deverão incluir I – noções básicas de anatomia e biomecânica da coluna vertebral; II – informações quanto à importância da prática de atividade física regular; III – indicação de tratamentos específicos para as afecções e algias detectadas; IV – informações sobre posturas adequadas a serem adotadas no ambiente de trabalho e no dia-a-dia. Estão corretas as ações (A) I, II e III, apenas. (B) I, II e IV, apenas. (C) I, III e IV, apenas. (D) II, III e IV, apenas. (E) I, II, III e IV. Gabarito: B Autores: Jorge Luiz de Andrade Trindade e Denizar Melo Comentário: A demanda de trabalho do fisioterapeuta vem sofrendo algumas alterações nos últimos tempos. Muitas dessas alterações ocorrem pela mudança de paradigmas profissional e da saúde no país.1 Assim, o fisioterapeuta muitas vezes atua em cenários diferentes, como as empresas, por exemplo, desenvolvendo temas de interesse da população (no caso, trabalhadores) e situações de risco à saúde destes. A educação transforma o trabalhador num sujeito ativo e participante, conhecedor de sua própria saúde. Promover a saúde vem dar nova estruturação à visão de assistência ao trabalhador. É um processo pelo qual, através de ações, 40 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 42. capacita-se a população para que busque meios que evite deixá-la vulnerável ao adoecimento, afetando a sua qualidade de vida.2 As ações de promoção e educação em saúde do trabalhador compreendem: a consulta e o atendimento, a solicitação de exames e procedimentos complementares, o ensino e orientação dos trabalhadores em relação à alimentação, hidratação, repouso, exercícios, postura, funcionamento de órgãos, aparelhos e sistemas, vida afetiva familiar e sexual, recreação, asseio corporal e ambiental.3 Podem ser implementadas por meio de consultas, palestras, debates, grupos de ensino, distribuição de material educativo. Assim, a construção do conhecimento na prática de saúde do trabalhador, implica na ordenação de elementos relativos a temas diversos, muitas vezes com o intuito de prevenir agravos à saúde relativos ao grupo em seu contexto de trabalho. O tema “prevenção de algias e afecções da coluna vertebral” pressupõe orientações sobre as estruturas corporais, atividade física regular e posturas a serem adotadas nas atividades diárias e laborais. A alternativa III fala sobre “indicação de tratamentos específicos para as afecções e algias detectadas”. O que contrapõe o propósito de trabalho pretendido, ou seja, as ações de prevenção primária ou educação em saúde. Essa alternativa implica em avaliação individual e prescrição de tratamentos específicos a transtornos musculoesqueléticos. Referências 1. Rebelatto JR, Botomé SP. Fisioterapia no Brasil: fundamentos para uma ação preventiva e perspectivas profissionais. São Paulo: Manole; 1999. 2. Westphal MF, Almeida ES. Gestão de Serviços de Saúde. São Paulo: Edusp; 2001. 3. Carvalho, GM. Enfermagem do Trabalho. São Paulo: EPU; 2001. ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 41
  • 43. QUESTÃO 25 Um Fisioterapeuta da equipe do PSF de uma cidade de porte médio do interior identificou, numa visita domiciliar, uma paciente de 78 anos com história de queda na semana anterior, acamada, com sinais e sintomas de fratura do quadril direito, queixa de dor local à palpação e à movimentação passiva. Apesar de um quadro de fragilidade física, caracterizado por perda de peso não intencional, fadiga autorelatada e diminuição da força de preensão da mão dominante, a paciente apresentava condições cognitivas preservadas. Dadas as condições apresentadas pela paciente, quais as condutas do Fisioterapeuta mais plausíveis e recomendadas? (A) Orientar os familiares da paciente sobre posicionamento no leito, colocação de compressas úmidas quentes no local da dor e exercícios passivos nos membros inferiores. (B) Incentivar a compra de uma cadeira de rodas enquanto espera o resultado da aplicação do programa de exercícios terapêuticos. (C) Encaminhar o caso para o serviço de assistência social do município, uma vez que se trata de um caso de negligência por parte da família. (D) Estabelecer um protocolo de exercícios terapêuticos baseado em movimentos passivos e ativo-assistidos para ser realizado diariamente durante 30 dias. (E) Solicitar uma avaliação do paciente por parte dos outros profissionais da equipe para tomada de decisão sobre os procedimentos do caso clínico da paciente. Gabarito: E Autores: Jorge Luiz de Andrade Trindade e Denizar Melo Comentário: O Programa de Saúde da Família (PSF) é uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Essas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, e na manutenção da saúde dessa comunidade. Criado em 1994 pelo Ministério da Saúde, o Programa Saúde da Família (PSF), tem como 42 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 44. principal propósito: reorganizar a prática da atenção à saúde em novas bases e substituir o modelo tradicional, levando a saúde para mais perto da família e, com isso, melhorar a qualidade de vida dos brasileiros. A estratégia do PSF prioriza as ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde das pessoas, de forma integral e contínua.1 O atendimento é prestado na unidade básica de saúde ou no domicílio, pelos profissionais. O Programa de Saúde da Família define que para uma atenção familiar básica é necessária uma equipe mínima de profissionais, denominada equipe de saúde da família (ESF), composta de: um médico generalista, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e cinco a seis agentes comunitários de saúde, podendo ainda contar com outros profissionais. A presença destes outros profissionais (dentistas, nutricionistas, fisioterapeutas, etc.) poderá ocorrer de acordo com a realidade do município através de atuação direta (atuando junto com a equipe básica) ou prestando atendimento quando solicitado sua presença através de redes de apoio, como no caso do Núcleo de Apoio de Saúde da Família (NASF), por exemplo. Assim, esses profissionais e a população acompanhada criam vínculos de corresponsabilidade, o que facilita a identificação e o atendimento aos problemas de saúde da comunidade.1 O PSF visa realizar as ações de promoção à saúde, bem como a prevenção e difere de modelos tradicionais que tem por objetivo a cura de doenças e o tratamento clássico, realizado no âmbito hospitalar2. A equipe de saúde da família é constituída por diversos profissionais que se responsabilizam por uma determinada população, de uma determinada localidade, onde realizam ações de promoção da saúde, prevenção, tratamento e reabilitação de agravos. Essa equipe é sediada na localidade, em uma Unidade de Saúde da Família – uma unidade que vem para substituir as antigas Unidades de Saúde3. Essa unidade trabalha mediante os seguintes princípios4: • Caráter substitutivo; • Integralidade e hierarquização; • Territorialização e adscrição de clientela; • Equipe multiprofissional. Uma das especificidades que chama a atenção segundo, Ronzani et al.(2008), na proposta inicial do PSF, diz respeito à atuação dos profissionais, que ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 43
  • 45. devem ter, além da capacidade técnica, um envolvimento e uma identificação com essa proposta de trabalho, que muitas vezes demanda criatividade, iniciativa e vocação para trabalhos comunitários e em grupo. As experiências relatadas na inclusão do fisioterapeuta nas ações da equipe de Saúde da Família indicam resultados significativos para a população.5,6 A questão acima aponta a atuação do fisioterapeuta na Estratégia de Saúde da Família, na qual o profissional, através de uma de suas ações (Visitas domiciliares), identifica situações adversas da saúde da população. Considerando o exposto acima e atuação em equipe, podemos pressupor a discussão de cada caso com a equipe para uma tomada de decisão em relação à saúde da comunidade na qual atua. Portanto, a resposta mais plausível em relação à conduta do profissional é a “E”, uma vez que: Resposta “A”: os sinais e sintomas de fratura são impeditivos para mobilização da região, principalmente realizada por leigos; Resposta “B”: antes de iniciar o programa de exercícios é necessária avaliação interdisciplinar, buscando a real origem dos sintomas e dos sinais; Resposta “C”: o enunciado da questão não oferece subsídios identificadores de maus-tratos; Resposta “D”: a avaliação criteriosa e precisa da equipe interdisciplinar é fundamental para verificação das reais condições do paciente e estabelecer condutas adequadas Referências 1. Gastão W, de Sousa Campos MCS, Minayo MA, et al. (orgs). Tratado de Saúde Coletiva. 2ª. ed. São Paulo – Rio de Janeiro: Hucitecf – Fiocruz; 2008. 2. Ronzani TM, et al. O Programa de Saúde da Família segundo profissionais de saúde, gestores e usuários. Ciência & Saúde Coletiva. 2008; 13(1):23-34. 3. Trad LAB, et al. O Impacto Sócio-Cultural do Programa de Saúde da Família (PSF): uma proposta de avaliação. Caderno de Saúde Pública. 1998; 14(2):429435. 4. Brasil, Ministério da Saúde. Programa Saúde da Família/Ministério da Saúde, Secretaria Executiva. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2001. 5. Baraúna M, et al. A importância da inclusão do fisioterapeuta no Programa de Saúde da Família. Fisioterapia Brasil. 2008; 9(2):64-69. 6. Trelha CS, et al. O fisioterapeuta no Programa de Saúde da Família em Londrina (PR). Revista Espaço Para a Saúde. 2007; 8(2):20-25. 44 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 46. QUESTÃO 26 Um paciente de 35 anos é encaminhado por um perito do INSS para o setor de fisioterapia apresentando história de dor na região lombossacra e parestesia de membro inferior direito. A carta de encaminhamento do perito solicita um relatório fisioterapêutico sobre as condições cinético-funcionais do paciente. Durante a avaliação, o paciente reclama que não consegue trabalhar há mais de um ano e que a única alternativa para sua situação é ser aposentado por invalidez. Ao exame físico, o Fisioterapeuta não constata alterações clínicas que possam estar desencadeando as dores relatadas. Ao realizar o teste da elevação da perna retificada, o paciente informa que não consegue realizar a elevação. O Fisioterapeuta decide aplicar o Teste de Hoover, ilustrado na figura abaixo. HOPPENFELD, Stanley. Propedêutica ortopédica: coluna e extremidades. Rio de Janeiro: Atheneu, 2001. Com o auxílio das informações contidas no caso clínico e na figura acima, podese concluir que o teste representado (A) é utilizado para tensionar as estruturas da medula espinal. (B) destina-se a elevar a pressão intratecal. (C) tem por finalidade determinar se o paciente está simulando ao afirmar que não pode elevar a perna. (D) tem como objetivo testar o encurtamento dos músculos isquiotibiais. (E) visa a comprimir o disco intervertebral pelas vértebras. Gabarito: C Autoras: Carla S. de Almeida e Verônica Frison ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 45
  • 47. Comentário: O Teste de Hoover é utilizado para avaliar se o paciente está simulando alguma dor. A manobra consiste na realização ativa da elevação de um membro inferior, enquanto as mãos do examinador apoiam os calcanhares. A resposta normal produz no membro que não está sendo elevado uma força contrária, que pode ser sentida pela mão do examinador. A ausência dessa força para baixo sugere simulação; portanto, a alternativa correta é a letra C. A questão A não está correta, pois a angulação do Teste de Hoover não é suficiente para provocar tensão nas estruturas neurais. O teste que coloca tensão nos tecidos neurais pode ser o laségue ou mesmo o slump test. A questão B não está correta, pois o teste que visa aumentar a pressão intratecal é manobra de valsava, na qual se cria um aumento da pressão intraabdominal com a glote fechada. A questão D não está correta, pois novamente a angulação na qual o teste de Hoover é executado, não é suficiente para avaliar a retração dos músculos isquiotibiais. A questão E não está correta, pois para promover uma compressão discal são necessários movimentos que aproximem os corpos vertebrais, o que pode gerar dor irradiada para o membro inferior decorrente de hérnia de disco. Referências 1. Magee DJ. Avaliação musculoesquelética. Barueri: Manole; 2005. 2. Butler DS. Mobilização do sistema nervoso. Barueri: Manole; 2003. 3. Hoppenfeld S. Propedêutica ortopédica: coluna e extremidades. São Paulo: Atheneu; 2001. 46 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 48. QUESTÃO 27 Paralisia Cerebral (PC) é um grupo de desordens do desenvolvimento do movimento e da postura, devido à lesão não progressiva no encéfalo imaturo, com etiologia e quadro clínicos diversos. Na PC, as desordens motoras estão freqüentemente associadas às alterações sensoriais, cognitiva, comunicativa, perceptiva e/ou comportamental. Com o auxílio desta definição, julgue as afirmações que se seguem. I – A lesão que causa a PC poderá ocorrer no período pré-, peri- ou pós-natal até os 2 – 3 anos de vida. II – Devido à diversidade da etiologia, as manifestações clínicas da PC não são facilmente observadas. III – O diagnóstico da PC é baseado em alterações predominantemente motoras. IV – Devido ao caráter predominantemente motor, raramente são encontrados distúrbios sensoriais associados ao quadro de PC. V – Tanto a lesão no encéfalo quanto os sinais e sintomas característicos da PC não são progressivos. Estão corretas, apenas, as afirmações (A) I e II. (B) I e III. (C) I e V. (D) II e IV. (E) III e V. Gabarito: B Autoras: Carla S. de Almeida e Flavia Franz Comentário: Como citado no enunciado da questão, a Paralisia Cerebral (PC) é um grupo de desordens do desenvolvimento do movimento e da postura nos primeiros anos de idade (até três anos), devido à lesão não progressiva no encéfalo imaturo, em uma fase de interferência no desenvolvimento do Sistema Nervoso Central (SNC), que está em transformação. Tem etiologia e quadro ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 47
  • 49. clínicos diversos e a lesão pode acontecer no período pré-, peri e pós-natal. No período pré-natal, os principais fatores etiológicos são infecções e parasitoses (lues, rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus, HIV); intoxicações (drogas, álcool, tabaco); radiações (diagnósticas ou terapêuticas); traumatismos (direto no abdome ou queda sentada da gestante); fatores maternos (doenças crônicas, anemia grave, desnutrição, mãe idosa). No período perinatal, pode-se conhecer o grau de asfixia aguda pelas condições vitais do recém-nascido (RN), que se medem pelo índice de Apgar, sendo significativa a asfixia aguda quando mantida em observações sucessivas (1', 5', 10', 15', 20'). Também a asfixia crônica, que ocorre durante a gestação, podendo resultar em um recém-nascido com boas condições vitais, mas com importante comprometimento cerebral. A asfixia crônica pode estar relacionada à insuficiência placentária, da qual resultam fetos pequenos ou dismaturos. A hipoxemia (diminuição da concentração de O2 no sangue) associada à isquemia (diminuição da perfusão de sangue no cérebro) e as alterações metabólicas levam à alterações bioquímicas, biofísicas e fisiológicas, que se traduzem por manifestações clínicas secundárias ao comprometimento fisiológico ou estrutural. Entre os fatores pós-natais, devem ser considerados os distúrbios metabólicos (hipoglicemia, hipocalcemia, hipomagnesemia); as infecções (meningites por bactérias gram-negativos, estreptococos e estafilococos); as encefalites pós-infecciosas e pós-vacinais, a hiperbilirrubinemia; os traumatismos craniencefálicos; as intoxicações (por produtos químicos ou drogas); os processos vasculares (tromboflebites, embolias e hemorragias); e a desnutrição, que interfere de forma decisiva no desenvolvimento do cérebro da criança. Nesse sentido, a afirmativa I está correta. A afirmativa III está correta também, pois as causas manifestam-se, principalmente, por uma desordem do movimento e da postura. Esse prejuízo motor é o que predomina dentre os sintomas e sinais apresentados pelos pacientes; porém, quase nunca é o único, pode existir retardo mental, alterações visuais, auditivas, cognitivas e alterações sensoriais, o que explica a incoerência da afirmativa IV. Assim como esta, a afirmativa II não está correta, pois o diagnóstico pode ser facilmente realizado. Caso a mãe tenha feito um pré-natal correto, o diagnóstico será precoce, ou, após o nascimento, os problemas tônicos e musculares são evidentes conforme a 48 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 50. criança vai se desenvolvendo, tais como: o fraco desenvolvimento motor em relação as suas aquisições motoras que deveriam estar aparecendo progressivamente e estabilizando para aquela idade (como a sucção, o controle cefálico, controle de tronco, etc.), a fraqueza muscular, a alteração tônica ou a falta de coordenação se tornam evidentes, são sinais precoces que chamam a atenção para a necessidade de avaliações mais detalhadas e acompanhamento neurológico. A afirmativa V está errada, pois a lesão encefálica, embora seja considerada não progressiva, seus sinais e sintomas variam e interferem em um sistema em desenvolvimento, com modificações de tônus, postura e movimento; portanto, Alternativa B. Referências 1. Rotta NT. Paralisia cerebral, novas perspectivas terapêuticas. Jornal de Pediatria. 2002; 78(1):S48-S54. 2. Diament A. Encefalopatia crônica na infância (paralisia cerebral). In: Diament A, Cypel A (Ed.). Neurologia Infantil. 3ª. ed. São Paulo: Atheneu, 1996. p. 781798. 3. Umpred DA. Fisioterapia neurológica. 2ª. ed. São Paulo: Manole; 1994. ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 49
  • 51. QUESTÃO 28 Os nervos cranianos contêm fibras sensitivas e/ou motoras que emergem através de forames ou fissuras situadas no crânio. São em número de 12 pares, identificados de I a XII. O Nervo Facial (NC VII) possui importante função motora e sensitiva da face, assim como participa na inervação parassimpática. Entre outros sinais, uma lesão periférica próxima à origem desse nervo fará com que o paciente apresente quadro clínico de (A) paralisia motora dos músculos faciais das partes superiores e inferiores no lado ipsilateral da lesão e perda do paladar nos dois terços anteriores da língua. (B) paralisia motora dos músculos faciais da parte inferior do lado ipsilateral da lesão e incapacidade de olhar para baixo quando o olho é aduzido. (C) paralisia motora dos músculos faciais da parte superior do lado contralateral da lesão e perda da audição unilateral progressiva. (D) paralisia motora dos músculos faciais das partes superiores e inferiores no lado contralateral da lesão, acompanhada de ptose e pupila dilatada. (E) paralisia dos músculos faciais da parte superior do lado homolateral da lesão, acompanhada de perda da constrição pupilar e defeitos no campo visual. Gabarito: A Autoras: Verônica Frison e Adriana Macagnan Comentário: A resposta correta é a letra A. O nervo facial é responsável pela inervação dos músculos da mímica facial, pelo paladar nos 2/3 anteriores da língua, pela salivação (com exceção da glândula parótida) e lacrimejamento. Age na estimulação das glândulas lacrimal, submandibular e sublingual, bem como na membrana mucosa do nariz, palato duro e mole. É responsável pela gustação dos 2/3 anteriores da língua, do palato duro e mole. Por último, é responsável pela sensibilidade geral da pele atrás da orelha externa, pequena área de pele atrás da orelha, parede do meato acústico e da membrana timpânica externa com suplementação do nervo mandibular. A alternativa B está errada por dois motivos: primeiro pelo fato de descrever apenas a paralisia motora dos músculos faciais da parte inferior, o que não é característica do nervo facial, pois ele inerva os músculos do quadrante 50 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 52. inferior e superior da hemiface ipsilateral e a incapacidade de olhar para baixo quando o olho é aduzido é função do músculo oblíquo superior inervado pelo quarto par craniano, nervo troclear. A alternativa C está errada pelo fato de descrever a paralisia motora dos músculos faciais da parte superior do lado contralateral, é sabido que a inervação pelo nervo facial é de toda hemiface ipsilateral. Além disso, a perda da audição unilateral progressiva pode se dever a outros fatores, que não exclusivamente a lesão de nervos cranianos. A alternativa D está errada por descrever a inervação da hemiface contralateral, no momento que a inervação é da hemiface ipsilateral e, ptose e pupila dilatada são sinais clínicos de lesão do terceiro par craniano, nervo oculomotor e fibras simpáticas do gânglio cervical superior. Por último, a alternativa E está errada por descrever como função do nervo facial a constrição pupilar relacionas ao nervo oculomotor e fibras simpáticas do gânglio cervical superior e, defeitos no campo visual são funções do segundo par craniano, nervo óptico. Referências 1. Guyton AC. Tratado de fisiologia médica. 11ª. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2006. 2. Nunes Ml, Marrone ACH. Semiologia neurológica. Porto Alegre: EDIPUCRS; 2002. ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 51
  • 53. QUESTÃO 29 Uma mulher, após dar à luz seu primeiro filho de parto natural, vem apresentando há seis meses queixa de perda de urina, aos médios esforços como tossir e espirrar. Sobre esse caso, analise as afirmações a seguir. A situação apresentada por essa mulher pode levá-la a um quadro de sintomatologia depressiva e isolamento social. PORQUE A incontinência urinária pode ser resultante de lesão da fáscia e do estiramento da musculatura perineal em decorrência de dificuldades durante o parto natural e da elevada prevalência da depressão pós-parto em mulheres puérperas. Com base na leitura acima, conclui-se que (A) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira. (B) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira. (C) a primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa. (D) a primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira. (E) as duas afirmações são falsas. Gabarito: C Autora: Mara Regina Knorst Comentário: De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a incontinência urinária (IU) afeta mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo considerado um problema de saúde pública. Os fatores envolvidos na fisiopatologia da IU incluem: a pressão extraabdominal sobre o colo da bexiga, a presença de uma uretra curta, diminuição de estrogênio e lesão do mecanismo do esfíncter, nervo pudendo, fáscia e músculos do assoalho pélvico, normalmente relacionado ao dano neuromuscular do assoalho pélvico durante o parto vaginal.1 52 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 54. A IU é um problema de saúde e pode causar problemas de higiene, podendo restringir o emprego e oportunidades educacionais, conduzir a embaraço, exclusão e isolamento social.2 Pacientes que apresentam perda urinária desenvolvem modificações comportamentais para se adaptar a inconveniência e reduzir o impacto dos sintomas. Entre essas modificações podemos citar: aumento da frequência urinária, descoberta da localização de banheiros, diminuição da ingesta de líquidos, limitação da atividade física e, muitas vezes, limitação de atividades sociais, podendo resultar em isolamento e depressão.2 Portanto, ao analisarmos a questão podemos dizer que a primeira afirmativa é verdadeira, pois a incontinência urinária temporária ou permanente é muitas vezes aflitiva e humilhante. O odor e o constrangimento levam muitas vezes ao afastamento, isolamento, depressão, e perda da autoestima.2,3 Já a segunda afirmação é falsa, pois a lesão da fáscia e do estiramento da musculatura perineal em decorrência de dificuldades durante o parto natural podem ocorrer1 e no período do puerpério principalmente na primeira semana muitas mulheres apresentam depressão4, porém esta não leva a incontinência urinária e sim a incontinência urinária pode levar a depressão. Referências: 1. Moreno AL. Fisioterapia em Uroginecologia. São Paulo: Manole; 2004. 2. Freitas F, et al. Rotinas em ginecologia. 5ª. ed. Porto Alegre: Artmed; 2006. 3. Baracho E. Fisioterapia aplicada à obstetrícia, uroginecologia e aspectos de mastologia. 4ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2007. 4. Freitas F, et al. Rotinas em obstetrícia. 5ª. ed. Porto Alegre: Artmed; 2006. ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 53
  • 55. QUESTÃO 30 Paciente de 5 anos de idade apresenta diagnóstico de mielomeningocele, nível lombar alto. Nesse caso, qual o procedimento fisioterapêutico mais adequado? (A) Fortalecer a musculatura dos membros superiores e inferiores e do tronco; prevenir deformidades de membros inferiores e do tronco; realizar o treino de ortostatismo no parapodium e a deambulação fazendo uso de órtese longa bilateral com cinto pélvico e auxílio de andador ou muletas. (B) Fortalecer a musculatura dos membros superiores e inferiores e do tronco; prevenir deformidades de membros inferiores e do tronco; realizar o treino de ortostatismo no parapodium e a deambulação fazendo uso de goteiras suropodálicas. (C) Direcionar a terapia para o fortalecimento da musculatura dos membros superiores e do tronco; prevenir deformidades de membros inferiores através de alongamentos passivos; preparar o paciente para fazer uso de cadeiras de rodas. (D) Direcionar a terapia para o fortalecimento da musculatura dos membros superiores e do tronco; prevenir deformidades; estimular o ortostatismo somente com o uso do parapodium e realizar alongamentos passivos. (E) Direcionar a terapia para o fortalecimento e o alongamento da musculatura de membros inferiores; prevenir deformidades de membros inferiores, fazendo uso de goteiras suropodálicas e estimular o ortostatismo. Gabarito: A Autoras: Carla S. de Almeida e Flavia Franz Comentário: A mielomeningocele é uma malformação do sistema nervoso central comum ao nascimento, sendo considerada um defeito complexo do fechamento do tubo neural. Está associada a frequentes e severas sequelas neurológicas, que podem causar significativa morbidade e mortalidade. Os problemas físicos comumente associados à mielomeningocele incluem graus variados de déficits neurológicos e sensório-motores, disfunções urogenitais e intestinais, malformações esqueléticas e a hidrocefalia. Para o tratamento fisioterapêutico, o profissional deve fortalecer a musculatura dos membros superiores, pois a criança vai precisar dela nas trocas de postura e no uso de muletas, já que os membros inferiores e tronco não têm seu potencial de força preservado. Os membros inferiores devem ser fortalecidos, assim como o tronco, para tentar melhorar as funções do paciente, nos músculos que podem ter um potencial a serem 54 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 56. trabalhados. A criança com mielomeningocele tende a ter deformidades devido a contraturas dos tecidos moles e deformidades ósseas, devido a falta de oposição à ação dos músculos, da gravidade e da postura; assim, a criança deve experimentar e treinar o ortostatismo no parapodium (mesa para ortostatismo) de forma mais precoce possível e treinar a marcha com o uso de órtese longa bilateral com cinto pélvico, já que sua lesão é alta e a criança não terá o controle da musculatura pélvica de forma eficiente, necessitando do auxílio de andador ou muletas. Com isso a alternativa A é a mais correta. Quanto à alternativa B, não está correta somente porque o texto fala em o paciente utilizar órtese suropodálicas, sendo que esta não é suficiente para ele, pois para usar essa órtese precisa de controle da musculatura pélvica e de tronco, o que esse paciente não tem de forma efetiva. A alternativa C não está correta porque não menciona o trabalho de força de membros inferiores e coloca o paciente em cadeira de rodas, não favorecendo a função de deambular que o paciente pode ter em potencial. A alternativa D não está correta porque também diminui a potencialidade do paciente em deambular, o estimulando apenas ao uso do parapodium e de alongamentos passivos de membros inferiores. E, por fim, a alternativa E não está correta porque utiliza as goteiras suropodálicas, já comentada em alternativa anterior. Referências 1. Nejat F, et al. Intelligence quotient in children with meningomyeloceles: a case-control study. Journal of Neurosurgery. 2007; 106 (2): 106-110. 2. Plaum PE, Riemer G, Froslie KF. Risk factors for pressure sores in adult patients with myelomeningocele: a questionnaire-based study. Cerebrospinal Fluid Research. 2006; 3 (14): 1-8. 3. Zambelli H, et al. Assessment of neurosurgical outcome in children prenatally diagnosed with myelomeningocele and development of a protocol for fetal surgery to prevent hydrocephalus. Child’s Nervous System. 2007; 23 (4): 421-425. 4. Liptak GS, et al. Do grip and pinch strength predict neurologic complications in children with spina bifida and hydrocephalus? Pediatric Neurosurgery. 2006; 42 (4): 208-213. 5. Ulsenheirmer MMM, et al. Myelomeningocele: a Brazilian university hospital experience. Arquivos de Neuropsiquiatria. 2004; 62 (4): 963-968. 6. Carvalho JA. Órteses: um recurso terapêutico complementar. São Paulo: Manole, 2006. ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 55
  • 57. QUESTÃO 31 Maria tem uma filha de 12 anos chamada Carla e, nos últimos meses, tem ficado muito preocupada, pois Carla tem apresentado um crescimento muito rápido e alteração na coluna vertebral. Tais alterações caracterizam-se principalmente por desvio lateral da coluna dorsal, assimetria na altura dos ombros e na crista ilíaca. Maria procurou um Fisioterapeuta que, durante sua avaliação, utilizou o seguinte teste: Carla foi posicionada em pé, com os braços ao longo do corpo e os pés em posição natural. O Fisioterapeuta solicitou que ela inclinasse o corpo para a frente. Durante a realização do teste, o Fisioterapeuta ficou atrás de Carla, com os olhos no mesmo nível das vértebras. O teste realizado é chamado de Adam e tem por objetivo identificar (A) possíveis alterações dos membros inferiores e a mensuração do grau de escoliose. (B) alterações relacionadas à hiperlordose lombar e indicar quais músculos devem ser trabalhados na reabilitação. (C) o grau do ângulo de Cobb relacionado à escoliose toracodorsal e de rotação vertebral. (D) a ocorrência de gibosidades (um lado mais alto que o outro no tronco), indicando uma possível escoliose. (E) a ocorrência de cifose torácica e rotação vertebral de origem idiopática. Gabarito: D Autoras: Carla S. de Almeida e Viviane Fração Comentário: O Teste de Adam é um teste simples, descrito no enunciado da questão, e é realizado para verificar pontualmente a escoliose através da gibosidade, ou seja, uma elevação na coluna vertebral onde vértebras já fizeram uma rotação no local da curvatura escoliótica. O Teste de Adam não mede as possíveis alterações dos membros inferiores e nem mede o grau de escoliose. Nesse caso, é o ângulo de cobb que mede o grau da escoliose, mas não por meio do Teste de Adam e sim, por meio de um exame radiológico com vista ântero-posterior ou póstero-anterior, onde uma linha perpendicular é traçada à margem superior da vértebra que mais se inclina na direção da concavidade e uma linha, também traçada na borda inferior da vértebra inferior, com a maior angulação na direção 56 Denizar Alberto da Silva Melo et al. (Orgs.)
  • 58. da concavidade. O ângulo dessas linhas, que se transeccionam, é notado e registrado. As alterações relacionadas à hiperlordose lombar e a ocorrência de cifose torácica também não são medidas pelo Teste de Adam, e sim pelo ângulo de cobb, em exame radiológico na vista lateral; portanto, as alternativas A, B, C e E estão equivocadas. Ângulo de Cobb: Mensuração da Escoliose pelo Método de Cobb (fisioweb.com.br) Referências 1. Pereira LM. et al. Escoliose: triagem em escolares de 10 a 15 anos. Revista Saúde. 2005; 1(2): 134-143. 2. Sizinio HK. Ortopedia e traumatologia: princípios e prática. 4ª. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. ENADE Comentado 2007: Fisioterapia 57