O documento descreve as vanguardas artísticas europeias do início do século XX, incluindo o Cubismo, o Futurismo, o Expressionismo, o Dadaísmo e o Surrealismo. Essas correntes surgiram na Europa após a Primeira Guerra Mundial e a Revolução Industrial e questionavam os padrões artísticos tradicionais, buscando criar novas formas de expressão coerentes com a realidade da época. Essas vanguardas influenciaram fortemente as artes no Brasil e em todo o mundo.
2. O que foram as vanguardas europeias ?
As vanguardas europeias foram manifestações artístico-
literárias surgidas na Europa, nas duas primeiras décadas do
Século XX, e vieram provocar uma ruptura da arte moderna com
a tradição cultural do século anterior.
Com o advento da tecnologia, as consequências da Revolução
Industrial, a Primeira Guerra Mundial e atmosfera política
que resultou destes grandes acontecimentos, surgiu um sentimento
nacionalista, um progresso espantoso das grandes potências
mundiais, e uma disputa pelo poder. Várias correntes ideológicas
foram criadas, como o nazismo, o fascismo e o comunismo, e
também com a mesma terminação “ismo” surgiram
os movimentos artísticos que chamamos de vanguardas. Todos
pautavam-se no mesmo objetivo, que era o questionamento, a
quebra dos padrões, o protesto contra a arte conservadora, a criação
de novos padrões estéticos, que fossem mais coerentes com a
realidade histórica e social do século que surgia.
3. O que foram as vanguardas europeias?
Estas manifestações se destacaram por sua
radicalidade, a qual proporcionou que
influenciassem a arte em todo o mundo.
No Brasil não poderia ser diferente, uma vez que
este era o exato momento da história em que as
manifestações artísticas estavam crescendo em nosso
país, e que a maioria dos artistas se espelhavam nas
tendências europeias, fosse para imitar-lhes, fosse
para combater-lhes.
4. Os 5 “ismos”
No Brasil não poderia ser diferente, uma vez que este era o
exato momento da história em que as manifestações artísticas
estavam crescendo em nosso país, e que a maioria
dos artistas se espelhavam nas tendências europeias, fosse
para imitar-lhes, fosse para combater-lhes.
As vanguardas europeias passaram pela Literatura Brasileira
deixando sua contribuição, especialmente ao somarem com
a Semana de Arte Moderna e o movimento
modernista, pois juntos vieram romper com a antiga
estética que até então reinava em nosso país.
As cinco correntes vanguardistas que mais influenciaram o
fazer literário no Brasil foram: Expressionismo, Cubismo,
Futurismo, Dadaísmo e Surrealismo.
Vejamos um pouco de cada uma delas:
6. Cubismo
Teve maior representatividade entre os anos de 1907 e
1914, mais especificamente na pintura. Seu propósito era
decompor, fragmentar as formas geométricas. Investia
na subjetividade de interpretação das obras, afirmando
que um mesmo objeto poderia ser visto de vários
ângulos. Na literatura, caracteriza-se pela representação
de uma realidade fragmentada, que é retratada por
palavras dispostas simultaneamente, com o objetivo de
formar uma imagem. Os principais artistas que
representaram esta vanguarda foram: Pablo Picasso,
Fernand Léger, André de Lothe, Juan Gris e Georges
Braque, na pintura, e Apollinaire e Cendras na literatura.
7. Cubismo
O movimento cubista teve início na frança, em 1907,
com o quadro Les demoiselles d’Avignon, do pintor
espanhol Pablo Picasso. A partir de então, em torno
de Picasso e do poeta francês Apollinaire formou-se
um grupo de artistas que cultivaria as técnicas
cubistas até o término da Primeira Guerra Mundial,
em 1918.
9. Características cubistas na LITERATURA
Na literatura, essas técnicas da pintura
correspondem à fragmentação da realidade, à
superposição e simultaneidade de planos – por
exemplo, reunir assuntos aparentemente sem nexo,
misturar assuntos, espaços e tempos diferentes.
Assim, a literatura cubista apresenta características
como ilogismo, humor, antiintelectualismo e
instantaneísmo.
17. Futurismo
Em 1909, a Europa é surpreendida pelo surgimento de
uma nova vanguarda: o Futurismo. Com propostas mais
organizadas que o Cubismo, o Futurismo é divulgado
através de um manifesto assinado pelo seu lider, Fillipo
Tommaso Marinetti. O grande estardalhaço do
Futurismo é provocado pela polêmica figura de
marinetti, que lança mais de 30 manifestos definindo
diversos aspectos da nova vanguarda. Em todos, a
mesma proposta violenta de destruição total do passado;
a mesma exaltação pelas formas do mundo moderno:
automóveis, aviões, em um eterno culto à velocidade que
Marinetti, fascinado pelas novas tecnologias, vê como
uma força mística.
18. continuação
Adotando uma perspectiva violenta, agressiva e
iconoclasta, os futuristas exaltam “a bofetada e o soco”
como meio de despertar o público da passividade em que
se encontra. Por que o desejo de destruição, o fascínio
pela guerra, o amor à violência?
Embora não haja uma única resposta para tais perguntas,
a exaltação da violência pode ser interpretada como um
desejo de levar a humanidade a um ponto sem retorno. “
Nós queremos demolir os museus, as bibliotecas (...)”
significa eliminar a possibilidade de o passado ser
retomado como modelo, porque, com a destruição de
seus símbolos e de sua memória, ele não existirá mais
como referência.
21. Trecho do primeiro manifesto futurista
O primeiro manifesto futurista em 1909, por Filippo Tommasio
Marinnetti.
Nós queremos cantar o amor, o hábito à energia e à temeridade.
Os elementos essenciais de nossa poesia serão a coragem, a audácia
e a revolta.
Tendo a literatura até aqui enaltecido a imobilidade pensativa, o
êxtase e o sono, nós queremos exaltar o movimento agressivo, a
insônia febril, o passo ginástico, o salto mortal, a bofetada e o soco.
Nós declaramos que o esplendor do mundo se enriqueceu com uma
beleza nova: a beleza da velocidade. Um automóvel de corrida com
seu cofre adornado de grossos tubos como serpentes de fôlego
explosivo... um automóvel rugidor, que parece correr sobre a
metralha, é mais belo que a Vitória de samotrácia. (...)
22. Influências futuristas na literatura
As principais manifestações ocorrem na poesia italiana.
Sempre a serviço de causas políticas, a primeira
antologia sai em 1912. O texto é marcado pela destruição
da sintaxe, dos conectivos e da pontuação, substituída
por símbolos matemáticos e musicais. A linguagem é
espontânea e as frases são fragmentadas para expressar
velocidade. Os autores abolem os temas líricos e
incorporam à poesia palavras ligadas à tecnologia. As
ideias de Marinetti, mais atuante como teórico do que
como poeta, influenciam o poeta cubista francês
Guillaume Apollinaire (1880-1918). Na Rússia, o
futurismo expressa-se principalmente na literatura.
23. Manifesto técnico da literatura Futurista
As propostas representam uma verdadeira revolução
literária. Dentre elas destacam-se:
A destruição da sintaxe e a disposição das “palavras
em liberdade”;
A abolição dos adjetivos e dos advérbios;
O emprego do substantivo duplo (praça-funil,
mulher-golfo, por exemplo) em lugar do substantivo
acompanhado de adjetivo;
A abolição da pontuação, que seria substituída por
sinais da matemática (+,-,:, =, >, < ) e pelos sinais
musicais
24. Uma literatura agressiva e provocadora
A violência que destrói as certezas e os modelos obriga o
leitor a reagir. O processo de recepção da nova arte passa
a ser, assim, mais dinâmico e interativo.
Marinetti recomenda que os textos futuristas destruam a
sintaxe, apresentando os substantivos “ao acaso, como
nascem”. Os verbos devem ser usados no infinitivo, para
que o leitor seja levado a participar da construção do
sentido do texto. O líder futurista também recomenda
abolir a pontuação, os adjetivos e os advérbios. O
objetivo é sempre o mesmo: impedir que a literatura
continue a exalar “a imobilidade pensativa”.
26. Trecho de um poema futurista: Álvaro de Campos
[...]
Sentir tudo de todas as maneiras,
Viver tudo de todos os lados,
Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao
mesmo tempo,
Realizar em si toda a humanidade de todos os
momentos
Num só momento difuso, profuso, completo,
longínquo.
29. Expressionismo
No começo do século XX, na França e na Alemanha,
surge um grupo de pintores chamados
expressionistas. Curiosamente, o objetivo dos
integrantes desse grupo era combater o
Impressionismo, tendência da qual eles provinham.
O impressionismo consistia em uma corrente da
pintura que valorizava a impressão, isto é, era uma
arte sensorial e subjetiva quanto ao modo de
captação da realidade. Na relação entre o artista
impressionista e a realidade, o movimento de criação
vai do mundo exterior para o mundo interior.
30. Expressionismo
Já no Expressionismo ocorre o oposto: o movimento
de criação parte da subjetividade do artista, do seu
mundo interior, em direção ao mundo exterior.
Assim, para o artista expressionista, a obra de arte é
reflexo direto de seu mundo interior e toda a atenção
dada à expressão, isto é, ao modo como forma e
conteúdo livremente se unem para dar ao modo
como forma e conteúdo livremente se unem para dar
vazão às sensações do artista no momento da
criação.
31. Expressionismo
A base do Expressionismo é o resultado de um
processo criativo que supõe a perda do controle
consciente durante a produção da obra de arte. A
realidade não deve mais ser percebida em planos
distintos (físico, psíquico, etc.), mas sim
transformada em expressão.
O movimento expressionista é bastante influenciado
pela Primeira Guerra Mundial, e seus quadros
ressaltam um lado obscuro da humanidade,
retratando faces marcadas pela angústia e pelo
medo.
33. Sangue no céu
de Nordstrand
Na tela O grito, as
linhas retorcidas e as
cores fortes
contribuem para
criar um clima de
aflição e angústia que
parecem ecoar no
grito que dá nome à
obra. Em seu diário,
Munch escreve
sobre o entardecer de
Nordstrand, cidade
da Noruega, que
inspirou o quadro:
34. Sangue no céu
de Nordstrand
“ Eu estava a passear cá
fora com dois amigos e
o sol começava a pôr-se,
de repente o céu ficou
vermelho, cor de
sangue. Eu parei,
sentia-me exausto e
apoiei-me a uma cerca,
havia sangue e línguas
de fogo por cima do
fiorde azul-escuro e da
cidade. Os meus amigos
continuaram a andar e
eu ali fiquei, de pé, a
tremer de medo, e senti
um grito infindável
atravessar a Natureza”.
36. Segundo o próprio Tazara: “Dadá
não significa nada”.
Em 1916, durante a
Primeira Guerra
Mundial, o romeno
Tristan Tzara espanta o
mundo com mais uma
vanguarda: o Dadaísmo,
ou Dadá, a mais radical
e a menos compreensível
de todas as vanguardas.
O Dadá vem para abolir
de vez a lógica, a
organização, o olhar
racional , dando à arte
um caráter de
espontaneidade total. A
falta de sentido já é
anunciada no nome
escolhido para a
vanguarda.
37. “Sou por princípio contra os
manifestos, como sou também
contra os princípios”.
O principal problema de
todas as manifestações
artísticas está, segundo
os dadaístas, em almejar
algo impossível: explicar
o ser humano. Em mais
uma afirmação
retumbante, Tzara
decreta: “A obra de arte
não deve ser a beleza em
si mesma, porque a
beleza está morta”.
Em 21 de fevereiro de
1935, Tzara declara suas
opiniões sobre as
próprias vanguardas de
modo desafiador:
38. A destruição também é criação
O movimento promovia o
"terrorismo cultural",
pois negava todas as tradições
sociais e artísticas. Tinha
como base o niilismo
(descrença absoluta), o
ilogismo (ausência de lógica ou
de regras) e o slogan "a
destruição também é criação".
Na arte, havia grande
admiração pela arte abstrata e
cultuava a realidade mágica da
infância: "Mona Lisa com
bigodes, de Marcel Duchamp
39. O Dadá e o contexto histórico
O Dadaísmo surgiu na Suíça durante a Primeira
Guerra Mundial. A suíça era um país neutro no
conflito, e serviu de abrigo para alguns intelectuais
“fugidos da guerra”. O ponto de encontro era na
cidade de Zurique, mais especificamente no espaço
cultural Cabaret Voltaire, onde nasce o movimento.
Criado a partir do clima de instabilidade, medo e
revolta provocado pela guerra, o movimento dadá
pretendia ser uma reposta à nítida decadência da
civilização representada pelo conflito. Daí provém
40. O Dadá e o contexto histórico
a irreverência, o deboche, a agressividade e o
ilogismo dos textos e das manifestações dadaístas.
Os dadás entendiam que, com a Europa banhada de
sangue, o cultivo da arte não passava de hipocrisia e
presunção. Por isso, adotaram a postura de
ridicularizá-la, agredi-la, destruí-la.
42. Ready-made
Marcel Duchamp (1887-
1968) criou uma técnica
chamada “ready-made”.
Com essa técnica,
Duchamp satirizava o
mito mercantilista da
civilização capitalista
extraindo um objeto do
seu uso cotidiano e, sem
nenhuma ou com
pequenas alterações ,
atribuia-lhe um valor
artístico.
43. Ready-made
Ficaram famosos certos
objetos, como um urinol
de porcelana ( A fonte ),
uma roda de bicicleta
enxertada numa cadeira,
um rolo de cordas, uma
ampola de vidro, um
suporte para garrafas,
todos elevados por
Duchamp à condição de
objetos de arte.
47. Duchamp e seu discípulo
A Fonte é um urinol de
porcelana branco, considerado
uma das obras mais
representativas do dadaísmo na
França, criada em 1917, sendo
uma das mais notórias obras do
artista Marcel Duchamp.
O objeto foi vandalizado em 6
de janeiro de 2006, no centro
Pompidou, em Paris, por um
francês de 77 anos que atacou
com um martelo.
48. Duchamp e seu discípulo
O vândalo foi detido logo em
seguida e alegou que o ataque
com o martelo era uma
performance artística e que o
próprio Marcel Duchamp teria
apreciado tal atitude. A obra
sofreu apenas escoriações leves.
Em janeiro de 2006, estimava-
se que a obra valeria cerca de 3
milhões de euros.
49. Dadaísmo na literatura
Na literatura, o Dadaísmo procurava chocar o público.
Agressividade, improvisação, desordem, rejeição a qualquer
tipo de racionalização e equilíbrio, estavam presente nos
textos.
O acaso substituiu a inspiração e a brincadeira tomou o
lugar da seriedade. Invenção de palavras com base na
sonoridade.
50. Exemplo de poema dadaísta
Die Schlacht (A Batalha), de Ludwig Kassak
Berr... Bum, bumbum, bum...
Ssi... Bum, papapa,bum, bumm
Zazzau... Dum, bum, bumbumbum
Prä, prä, prä... râ, äh-äh, aa...
Haho...
51. Receita para fazer um poema - por Tristan Tzara
Pegue um jornal
pegue a tesoura
escolha no jornal um artigo do
tamanho que você deseja dar a
seu poema
recorte o artigo
recorte em seguida com atenção
algumas palavras que formam
esse artigo e meta-as num saco
agite suavemente
tire em seguida cada pedaço um
após o outro
copie conscienciosamente na
ordem em que elas são tiradas do
saco
o poema se parecerá com você
e ei-lo um escritor infinitamente
original e de uma sensibilidade
graciosa, ainda que
incompreendido do público
54. Surrealismo
O movimento surrealista tem início na França a
partir da publicação do Manifesto do Surrealismo
(1924), de André Breton. Diversos pintores aderem
ao movimento, interessados nas propostas de
Breton, que, tendo sido psicanalista, procura unir
arte e psicanálise.
Duas são as linhas de atuação do surrealismo em seu
início: as experiências criadoras automáticas e o
imaginário extraído do sonho
57. Surrealismo: O grito da mente
“ O Surrealismo não é um estilo. É o grito da mente que
se volta para si mesma.” Assim o ator e escritor Antonin
Artaud definiu a última das vanguardas europeias.
Fortemente ligado às artes visuais, o Surrealismo é uma
vanguarda interessada em adquirir um maior
conhecimento do ser humano. Seus seguidores
pretendem, por meio da valorização da fantasia, do
sonho, do interesse pelo loucura, liberar o inconsciente
humano, terreno fértil e ainda muito pouco explorado.
O fascínio pelo inconsciente e por todas as formas que
vão além da realidade objetiva aproxima os surrealistas
da teoria psicanalítica de Sigmund Freud.
64. Literatura Surrealista
O grande nome da literatura surrealista é André
Breton. Em 1924, ele publica em Paris o Manifesto
do Surrealismo, em que define o espírito e os
objetivos da nova vanguarda.
Na literatura, a liberação do inconsciente deve ser
alcançada com o auxílio da escrita automática. No
manifesto, André Breton ensina como usar o
automatismo para fazer emergir o inconsciente.
65. Literatura
Surrealista
“Mandem trazer algo
com que escrever,
depois de se haverem
estabelecido em um
lugar tão favorável
quanto possível à
concentração do
espírito sobre si
mesmo. Ponham –se no
estado mais passivo, ou
receptivo que puderem.
Façam abstração de seu
gênio, de seus talentos e
dos de todos os outros .
66. Literatura
Surrealista
“Digam a si mesmos
que a literatura é um
dos mais tristes
caminhos que levam a
tudo. Escrevam
depressa, sem um
assunto preconcebido,
bastante depressa para
não se conterem e não
serem tentados a reler.
A primeira frase virá
sozinha, tanto é
verdade que a cada
segundo é uma frase
estranha a nosso
pensamento consciente
que só pede para se
exteriorizar.”
67. Resultado...
O resultado desse processo é sempre um texto em
que as relações lógicas não servem de apoio para o
leitor, porque as imagens criadas não encontram
equivalente no mundo conhecido. Privado das bases
racionais de análise, não resta ao leitor outra saída a
não ser entregar-se ao universo de sonho proposto
pelo texto.
68. Poema de Murilo Mendes
No Brasil, o Surrealismo
lança suas raízes na obra
do modernista Murilo
Mendes, que procura, em
vários poemas, construir
imagens que trazem à
tona o misterioso
inconsciente.
Aproximação do Terror
Dos braços do poeta
Pende a ópera do mundo
(Tempo, cirurgião do mundo):-
O abismo bate palmas,
A noite aponta o revólver.
Ouço a multidão, o coro do universo,
O trote das estrelas
Já nos subúrbios da caneta:
As rosas perderam a fala.
Entrega-se a morte a domicílio.
Dos braços...
Pende a ópera do mundo.