ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
Neto - Comunicação e informação: entre eufemismos e determinismos
1. Comunicação e Informação:
entre eufemismos e determinismos
Pedro Pereira Neto
Escola Superior de Comunicação Social (IPL)
Centro de Investigação e Estudos em Sociologia (IUL)
Instituto de Ciências Sociais (UL)
V Encontro de Comunicação e Design Multimédia
Coimbra, 3 de Maio de 2012
2. “(...) many parties have an interest in overstating the
impact of new communication technologies. For
journalists and academics, sensational reports of a
transformed future draw attention from readers, editors
and funding bodies. For companies, the introduction
and dissemination of new technologies provide new
market opportunities. For politicians and policymakers,
predicting and supporting transformation can appear
progressive”
Hesmondhalgh, D. (2007)
3. Eufemismos e determinismos
pró-descontinuidade:
– nova Economia
• mesmo após a bolha .com
– novas formas de exercício de poder
• e de controlo
– novos figurinos de organização social
• e de condicionamento
– novas práticas comunicativas e de construção de sentido
• novas ideias?
4. Implicações dos eufemismos e determinismos
pró-descontinuidade
– Incapacidade de reconhecimento das premissas técnico-
ideológicas
• que subjazem aos enunciados
– como somos levados a compreender
• que condicionam as conclusões
– como somos levados a concluir
– Entendimento dos fenómenos de forma generalizante
• quando são circunstanciais
– Entendimento dos fenómenos lidos a partir do objecto
• quando devem ser compreendidos a partir do
utilizador
• quando devem ser compreendidos a partir do
contexto
6. Holismo e continuidade
– Política:
• a soma das novas práticas não equivale a superação dos
regimes
• o traço distintivo do início do séc. XXI é a continuidade, não a
ruptura
– Técnica:
• a tecnologia é fruto de necessidades e adaptação a/de
costumes
– não pode ser situada fora da sociedade
– Sociedade:
• confunde-se mudança tecnológica com mudança social, mas
– mudança social e tecnológica têm velocidades diferentes
– o acesso e a literacia não são universais: as áreas e
utilizadores já literados adoptam (mais) as novas tecnologias
– Comunicação:
• a intensificação (potencial) do contacto não elimina
especificidades
– dos utilizadores
– do conteúdo
8. Jornalismo de Imprensa e Internet:
eufemismos e determinismos
Entre os aspectos que tornam o estudo da Internet relevante para
o campo específico do Jornalismo encontram-se:
– o formato digital dos seus conteúdos, potencialmente
copiáveis sem perda de qualidade;
– a sua natureza potencialmente hipertextual e
multimediática;
– a comunicação potencialmente interactiva que permite,
tornando dialógica a sua natureza monológica
– a potencial facilidade da sua utilização, associável a
diversas plataformas
9. Jornalismo de Imprensa e Internet:
realidades
É a rentabilidade – e não a disponibilidade tecnológica – o factor
determinante nas opções tomadas por media conduzidos
como empresas
Tendências:
– concentração em grandes grupos económicos
– incremento da concorrência intra- e inter-media
– emergência de iniciativas de jornalismo online
Factos: online como “montra” promocional
– área ocupada por publicidade intra-grupo online é, em
média, dez vez superior
– área ocupada por publicidade a entidades terceiras na
edição em papel é 3.5 vezes superior (para o mesmo
número de anúncios)
10. Jornalismo de Imprensa e Internet:
realidades
Multimedialidade e constrangimentos logísticos
– velocidade de acesso
– plataformas de acesso
– recursos humanos especializados
– know-how da parte dos leitores
Factos: ganho marginal
– velocidade e plataformas de acesso em crescimento
– recursos humanos residualmente info-literados
– utilização de imagens video é ainda marginal
– fotografias, quadros ou tabelas em menor número que
texto
11. Jornalismo de Imprensa e Internet:
realidades
Imediatismo e opções estratégicas:
– duas práticas possíveis:
• rentabilização do investimento já realizado através da
reutilização de conteúdos; ou
• criação de novos conteúdos concebidos
exclusivamente para publicação na Internet
Factos:
– renovação de conteúdos assinalável
– incidência significativa de reutilização
• de conteúdos próprios
• de conteúdos de agências
12. Jornalismo de Imprensa e Internet:
realidades
Hipertextualidade:
– espaço editorial ampliado
– estruturação do conteúdo de forma diferente
– implantação de mecanismos de validação externa de
conteúdo
Factos: prevalência da lógica print
– formato não-linear de escrita apenas marginal
• hiperligações ao fundo do texto ou lateralmente
– referências a conteúdos editoriais no seio do mesmo site
• hiperligações próprias do site ou da secção, mas não
da peça
13. Jornalismo de Imprensa e Internet:
realidades
Interactividade:
– interacção com os conteúdos
– interacção com outros leitores
– interacção com a redacção
Factos:
– residuais mecanismos de personalização da página por
parte do leitor
– reenvio de artigos ou conteúdos observada em todos
– comentários permitidos
– resistência em divulgar contactos pessoais de editores e
jornalistas
15. Ambientalismo e Internet:
eufemismos e determinismos
– favorável relação custo-eficiência face a consideráveis
limitações impostas pela exiguidade de recursos
financeiros
– impacto simplificador das tarefas quotidianas
• simplificação de processos
• aumento da velocidade/ubiquidade de circulação de
materiais
• alcance social conseguido
– riscos de excessiva centralidade/dependência
16. Ambientalismo e Internet:
realidades
Recursos materiais:
– existência/adequação às necessidades operacionais, incluindo as
estratégias de capacitação material encontradas na sua ausência
• reconhecimento de que o conjunto de meios de que dispõem não
responde totalmente às necessidades identificadas, sobretudo
quando consideradas as desigualdades de natureza geográfica,
hierárquica e organizacional existentes
• recurso a ofertas, software livre e investimentos pontuais
– aproveitamento/utilização
• absoluta centralidade do correio electrónico
• utilização crescente de uma presença em redes sociais online (de
que são neste momento ilustrações máximas o Facebook e o
Twitter)
• reconhecimento de que algum caminho existe ainda a percorrer
na maximização destes recursos, sendo discerníveis medidas no
sentido da inclusão de alguns desenvolvimentos tecnológicos mais
recentes ou cuja banalização se encontra ainda em curso (ex:
comunicações telefónicas via Internet)
17. Ambientalismo e Internet:
realidades
Recursos humanos:
– posse de competências info-literáticas, mas com
relevantes lacunas e desigualdades
• quer de natureza institucional (ou seja, entre núcleos)
• quer de natureza individual (dentro do mesmo núcleo)
– quase absoluta inexistência de formação na área da
Comunicação
• convocadas capacidades pessoais dos activistas,
assumindo-se a polivalência como imperativo
18. Ambientalismo e Internet:
realidades
Hipertextualidade
– investimento da utilização dos sites como plataformas de
promoção das ONGA e da sua actividade, na tentativa
de contornar a crónica sub-representação mediática
– acentuado fechamento dos sites sobre si próprios e sobre
a instituição a que dizem respeito, quer no plano textual,
quer no plano gráfico
– destacada utilização de hiperligações ligadas à
mobilização
– tónica de reserva do contributo solicitado no destinatário
– a própria organização
19. Ambientalismo e Internet:
realidades
Multimedialidade
– Desinvestimento:
• apenas conteúdos vídeo (Quercus), e aplicações de
design em linguagem flash (Quercus e versão do site
da LPN escrito a partir dela) se exceptuam
• inclusão ocasional de fotografia
20. Ambientalismo e Internet:
realidades
Imediaticidade
– actualização ocasional: Quercus com actualizações
diárias, LPN com dois dias, GEOTA com quatro dias
– acentuado desinvestimento nos sites enquanto
plataformas de comunicação em tempo-real
21. Ambientalismo e Internet:
realidades
Interactividade de conteúdo
– projecção eminentemente nacional dos sites
– inexistência de personalização/formatação
• quer em termos temáticos e geográficos
• quer em termos de idioma (sem prejuízo da existência de uma “versão
inglesa” da página da LPN que se resume a um documento em formato
PDF)
– disponibilização de mapas e motores de busca
– inexistência de uma secção de ajuda
• preferência por secções de perguntas frequentes
Interactividade de contacto
– reserva da identidade dos activistas: preferência por comunicação não
individualizada: indicação de contactos por secção/departamento
• nível diacrónico (morada, e-mail, fax)
• nível sincrónico (rede fixa)
– sites não constituem espaços públicos de interacção
• não foi encontrado qualquer fórum ou proposta a participação em
qualquer sondagem
22. Síntese
processo evolutivo – não revolucionário – através do qual
utilizadores incorporam tecnologias no seu quotidiano: uma
evolução por transição, e não ruptura
(mais) um episódio na História da transformação da sociedade
pela complexa acção de necessidades, pressões competitivas
e políticas, e inovações técnicas:
– ao nível económico, os efeitos do aumento de custos de
produção e distribuição
– ao nível técnico, os constrangimentos associados à
desigual distribuição de plataformas de acesso e de
competências
– ao nível cultural, a apropriação de artefactos técnicos
feita a partir de perfis pessoais e profissionais particulares,
e as flutuações verificadas nas características dos
utilizadores