Adolphe Ferrière foi um importante educador suíço do movimento da Escola Nova. Ele acreditava que a escola deveria ser ativa, centrada na criança e em seu desenvolvimento espontâneo. Ferrière fundou o Bureau International d'Éducation Nouvelle e ajudou a difundir as ideias da Escola Nova na Europa e América do Sul. Sua visão de escola ativa valorizava a autonomia, liberdade, criatividade e interesses das crianças.
1. Adolphe Ferrière
Trabalho realizado à
disciplina Alternativas
Pedagógicas da
Educação Infantil.
Professores: Aristeo Filho
Grupo: e Alexandra Pena
Isabela Jardim
Perseu Silva
Renata Motta
Simone Cupello
Rio de Janeiro
Maio/2012
2. A escola tradicional já deu o que tinha
que dar, já viveu o que tinha que
viver (Ferrière apud Nóvoa, 1995: 25).
3. “Queiram ouvir esta história.
Um belo dia, deu o diabo uma saltada à terra, e
verificou, não sem despeito, que ainda cá se
encontravam homens que acreditassem no bem.
Como não falta a Belzebú um fino espírito de
observação, pouco tardou em se aperceber que
essas criaturas apresentavam caracteres comuns:
eram boas, e por isso acreditavam no bem; eram
felizes, e por conseqüências boas; viviam tranqüilas,
e por isso eram felizes. O diabo concluiu, do seu
ponto de vista, que as coisas não iam bem, e que se
tornava necessário modificar isto.
4. E disse consigo: ‘A infância é o porvir da raça; comecemos,
pois, pela infância.’
E apresentou-se perante os homens como enviado de Deus,
como reformador da sociedade. ‘Deus’, disse Belzebú, ‘exige a
mortificação da carne, e é mister começar desde criança. A
alegria é pecado. Rir é uma blasfemia. As crianças não devem
conhecer alegrias nem risos. O amor de mãe é um perigo:
afemina a alma dum rapaz; é preciso separar mãe e filho, para
que coisa alguma se oponha à sua comunhão com Deus.
Torna-se necessário que a juventude saiba que a vida é
esforço. Façam-na trabalhar (...); encham-na de
aborrecimento. Que seja banido tudo quanto possa desperta-
lhe interesse: só é proveitoso o trabalho desinteressado; se
nele se mistura prazer, está tudo perdido!’
Eis o que disse o diabo. A multidão, beijando a terra, exclamou:
- Queremos-nos salvar! Que devemos fazer?
- Criem a escola.”
(Ferrière, 1928: 11-12.)
5. a relação entre a escola e a criação
diabólica foi considerada ofensiva a
uma das instituições mais
importantes e sagradas da sociedade
(Peres, 2002)
6. Bibliografia
Pedagogo suiço (1879-1960), nacido em Genebra.
Ficou completamente surdo com 20 anos. Ele
acreditava que tinha vocação para vida pública,
mas, este fato o levou a tornar-se um educador.
Em 1908, ele conheceu Isabelle Bugnion
(1885-1969), professora de ciências naturais. Eles
se casaram em 1910. Ela foi assistente de seu
marido e, acima de tudo, trabalhou como
intérprete por causa de sua surdez. Eles tiveram
um filho, Claude Ferrière (1916-2002).
Obras principais:
A escola ativa, 1920.
A educação autônoma, 1926.
A liberdade da criança na escola ativa, 1928.
Transformemos a escola, 1929.
A educação na família - Novos problemas
educacionais, 1932.
7. um dos nomes mais expressivos no movimento
Escola Nova;
fundou o Bureau International d´Éducation Nouvelle
e, junto com Pierre Bovet e Edouard Claparède, o
Institut Jean Jacques Rousseau;
ajudou na criação da Ligue Internacional pour
l`Éducation Nouvelle;
redator dos 30 pontos da Educação Nova, publicado
pela primeira vez no livro de Faria Vasconcelos, Une
École Nouvelle (1915) , que, segundo Gadotti
(1993:143), podem ser resumidos da seguinte
maneira: a Educação Nova seria integral (intelectual,
moral e física); ativa; prática (com trabalhos manuais
obrigatórios, individualizada); autônoma (campestre
em regime internato e co-educação).
8. Cambi (1999:525) aponta que os grandes
temas da pedagogia do ativismo são:
“puericentrismo”;
valorização do “fazer”;
“motivação”;
centralidade do “estudo de ambiente”;
“socialização;
“antiautoritarismo”;
“antiintelectualismo”;
9. profeta da Educação Nova, advogado
entusiasta da Pedagogia Funcional (Émile
Planchard);
apóstolo convencido e incansável, mais
fascinante filósofo da educação
renovada (Lourenço Filho);
grande apóstolo da Educação Nova
(António Sérgio);
o mais ardente divulgador da escola ativa
e da educação nova na Europa (Moacir
Gadotti)
10. De 1900 até 1910, metefísica era o meu principal
interesse. De 1910 até 1920, mudei para
psicologia. De 1920 até 1930 foi a teoria da
educação que ocupou o lugar principal, e de 1930
até 1940, sociologia. E, desde 1940, tenho
caminhado na filosofia, até o pescoço, sem
mencionar a mente e a alma (Ferrière, Mon grand journal,
23 de janeiro de 1944, apud Hameline, 1993, tradução do grupo).
Ferrière era um pensador e um homem de ação,
sempre rejeitava o título de pedagogo, que
considerava restrito. Em 1924, declarou não ter lido
uma só obra teórica pedagógica. Em 1931, afirmou
ser um ignorante das teorias pedagógicas.
De 1918 a 1923 foi editor do jornal L'Essor, onde
publicou editoriais políticos até 1953, quando se
retirou da vida pública.
Para Ferrière, seu interesse por educação era
apenas mais uma faceta da sua atividade pública.
11. Atendendo ao pedido da Liga
Internacional da Escola Nova do
Chile e em busca de divulgar suas
ideias, Ferrière esteve em diversos
países da América do Sul. Foram, ao
todo, 78 conferências. O final do
trajeto era o Brasil. Mas, devido a
Revolução de 30, não pode
desembarcar no Rio de Janeiro,
seguindo para a Europa.
12. Ciência e Modernidade
Ferrière estava marcado pelo processo de uma ciência positiva
para a Pedagogia;
Experimentações; generalizações; leis universais;
Leis do progresso, da economia (máximo de efeitos
úteis, mínimos de esforços inúteis), da consagração e
desenvolvimento da energia, do progresso por
diferenciação e consagração, da manifestação
sucessiva dos instintos, tendências, interesses, foram
por ele tratadas.
A Escola Ativa resumia-se em três palavras para
Ferrière: Ciência, Verdade e Fé (Peres, 2002:11,12).
Fortalecimento da Psicologia Educacional como ciência da
infância e da escola;
13. Escola Nova
Apesar das divergências entre os
escolanovistas, a questão central era
a crítica a escola tradicional;
O movimento esteve presente no
mundo ocidental entre o final do
século XIX e início do século XX;
Apesar da crítica à escola, era nesta
que depositavam expectativas;
14. A Escola Nova representa o mais
rigoroso movimento de renovação da
educação depois da criação da escola
pública burguesa (Gadotti, 1993:142);
O movimento das “escolas novas” foi
acompanhado e sustentado, ao longo
de toda sua fase de desenvolvimento,
por um intenso trabalho de teorização,
destinado a trazer à luz os fundamentos
filosóficos e científicos dessa ampla
renovação da pedagogia (Cambi,
1999:525)
15. Escola Nova é um dos nomes dados a um movimento de renovação
do ensino que foi especialmente forte na Europa, na América e no
Brasil, na primeira metade do século XX . "Escola Ativa" ou "Escola
Progressiva" são termos mais apropriados para descrever esse
movimento que, apesar de muito criticado, ainda pode ter muitas
ideias interessantes a nos oferecer.
Os primeiros grandes inspiradores da Escola Nova foram o escritor Jean-
Jacques Rousseau (1712-1778) e os pedagogos Heinrich Pestalozzi
(1746-1827) e Freidrich Fröebel (1782-1852). O grande nome do
movimento na América foi o filósofo e pedagogo John Dewey
(1859-1952). O psicólogo Edouard Claparède (1873-1940) e o
educador Adolphe Ferrière (1879-1960), entre muitos outros, foram os
expoentes na Europa.
No Brasil, as ideias da Escola Nova foram introduzidas já em 1882 por
Rui Barbosa (1849-1923). No século XX, vários educadores se
destacaram, especialmente após a divulgação do Manifesto dos
Pioneiros da Educação Nova, de 1932. (...)
A Escola Nova recebeu muitas críticas. Foi acusada principalmente de
não exigir nada, de abrir mão dos conteúdos tradicionais e de
acreditar ingenuamente na espontaneidade dos alunos.
Retirado do site: http://www.educacional.com.br/glossariopedagogico/verbete.asp?
idPubWiki=9577
Vídeo: http://www.acervodigital.unesp.br/handle/123456789/75
16. A criança
A criança, muitas vezes se tem dito, não é
um adulto incompleto: é, em cada idade,
um ser ‘sui generis’ (...). Sob vários
aspectos, é um primitivo, um involuído, um
equivalente do selvagem, possuindo, a
mais, todo um mundo de virtualidades
ainda ocultas nas profundezas do seu
organismo físico e psíquico, e que na
altura própria surgirão à superfície
(Ferrière, 1965:24).
17. Formação docente
No livro A escola por medida pelo molde do
professor, Ferrière ocupa-se basicamente do
professor e de sua formação. Certamente
provocando seu colega de Instituto, Edouard
Claparède, que na mesma época escrevera A
escola por medida, cuja centralidade eram os
alunos, as diferenças individuais e os processos
de aprendizagem, Ferrière faz reflexões em torno
de uma questão principal: “porque nos
preocupamos com as aptidões do aluno e não
com as do professor?” (Peres, 2002, p:8).
18. Ele afirmava que o “novo” professor
deveria, entre outras coisas, ter autonomia
pedagógica, dominar a ciência da infância,
ser um observador tenaz, ser um
provocador e condutor da espontaneidade
das crianças, descobrir e despertar o
interesse infantil, “ser contido” e não se
antecipar às necessidades e interesses
das crianças (Peres, 2002:11).
19. Escola Ativa
Tratava-se de um movimento de reacção contra o que
subsistia de medieval na escola, contra seu formalismo e seu
hábito de se colocar à margem da vida, contra a sua
incompreensão radical daquilo que constitui o fundo e a
essência da natureza da criança. Assim, para ele, Escola Ativa
era a escola fundada sobre a ciência da criança, ou em outras
palavras, era a aplicação das leis da psicologia à educação das
crianças.
Para ele, não era possível atuar “sobre” a criança,
mas incitá-la a agir autonomamente.
Ferrière considerava que a Escola Ativa, “pela
primeira vez na História fez justiça à criança” (1965,
p. 23) (Peres, 2002:11).
20. A Escola Ativa era baseada na autonomia dos
educandos, na atividade espontânea, no auto-
governo, na experiência pessoal da criança, na
liberdade, na criatividade, na individualidade e nos
métodos ativos. A Escola Ativa seria, então, a
escola da espontaneidade, da expressão criadora,
da liberdade. Para Ferrière, o fim da Escola Nova
não era “a aquisição de conhecimentos inscritos
num programa, mas a conservação e aumento da
potência do espírito da criança” (1934, p. 52), e
seu objetivo seria o de formar personalidade
equilibradas e harmoniosas, “com o sentido de
serem obreiros ativos e construtivos da justiça e da
paz no mundo” (1934, p. 53) (Peres, 2002:11,12).
21. Observar a criança, despertar nela as suas
curiosidades, esperar que o interesse a leve a
formular perguntas, ajudá-la a achar-lhes a
resposta; gastar poucas palavras e apresentar
muitos factos, fazer observar ao vivo, analisar,
experimentar, fabricar, colecionar: deixar à criança
a liberdade da palavra e da acção na medida
compatível não com uma certa ordem aparente,
mas com o trabalho real; esperar que a
necessidade dum estudo neste ou naquele
domínio se manifeste nitidamente no aluno; nada
forçar para não provocar os seus ‘reflexos de
defesa’ que inibem cedo toda a acção progressiva
espontânea (Ferrière, 1934:191-192).
22. “libertar o aluno da tutela do adulto
para o colocar sob a tutela da própria
consciência moral” (1934:83);
Aluno responsável pela “ordem social
escolar” para posteriormente lidar
com a “ordem política de seu país”;
23. Scuola Adolphe Ferriere – Ferriere:
la suola attiva
Uma escola para as crianças, colocando as
crianças no centro das atenções e permitir-lhes o
pleno desenvolvimento físico e mental de acordo
com sua maneira de ser e de suas próprias
inclinações.
(Texto retirado do site da escola, traduzido do italiano pelo Google Tradutor. Imagens do
site)
24. Escola de Educação Infantil
Adolphesempre pensando em nossas crianças.
Nós da Adolphe Ferrière estamos
Ferrière
Assim, planejamos e construímos um mundo todo especial para elas, a
Escola Infantil.
Selecionamos o material pedagógico, aprovado e utilizado por
educadores de todo o mundo, coerente com a nossa proposta de
estimular a ação participativa e criativa da criança. (...)
As salas de aula são bem iluminadas, projetadas para grupos de até 12
alunos. As atividades são programadas passo a passo, levando a uma
alfabetização natural, uma vez que a aprendizagem é baseada tanto na
vivência quanto na experiência. (...)
Filosofia: A Escola Adolphe Ferrière está fundamentada nos estudos do
filósofo suíço Jean Piaget, sendo projetada para atender as
necessidades das crianças, enquanto exploram e vivenciam novos
meios.
Através de um processo dinâmico de ensino e aprendizagem,
desenvolvemos a auto-confiança e a intelectualidade da criança.
(Texto e imagens
retirados do site da
escola.
26. O desenvolvimento da liberdade humana e da
democracia, o incentivo à atividade espontânea da
criança, à autonomia moral e intelectual, o respeito
pela individualidade dos escolares, a busca da justiça,
da paz mundial, da ciência enquanto elemento de
progresso e de verdade, o aperfeiçoamento social,
são os pilares do pensamento de Ferrière (PERES,
2002:12-13).
Ferrière colocou-se numa atitude bem clara de defesa
dos “direitos da criança e de suas “necessidades”
fundamentais, que são ligados a um exercício de livre
atividade. (...) A lição de Ferrière... caracterizou-se
sobretudo pelo amplo trabalho de síntese e de
interpretação da busca dos fundamentos comuns às
várias experiências de educação nova e por haver
dado a esses princípios comuns uma aceoção bio-
psicológico-esperitualista, que estava amplamente
presente na base de muitos desses experimentos
educativos (Cambi, 1999:530).
27. Bibliografia
CAMBI, Franco. Os teóricos do ativismo: Decroly, Claparède, Ferrière e Montessori. In: CAMBI, F.
História da Pedagogia. São Paulo: Editora UNESP, 1999:525-534.
FERRIÈRE, Adolphe. Transformemos a Escola. Apelo aos pais e às autoridades. Tradução de
Álvaro Viena de Lemos e J. Ferreira da Costa. Paris: Livraria Francesa e Estrangeira. 1928.
________. A lei biogenética e a escola ativa. Prefácio de M. B. Lourenço Filho. São Paulo:
Editora Companhia Melhoramentos, 1929.
________. A escola por medida pelo molde do professor. Porto: Editora Educação Nacional,
1934.
________. A Escola Activa. Porto: Editora Nacional de António Figueirinhas, 1934.
________. A Escola Activa. Lisboa: Ed. Aster, 1965.
GADOTTI, Moacir. O pensamento pedagógico da escola nova. In: GADOTTI, M. Histórias das
ideias pedagógicas. São Paulo: Ática, 1993:142-157.
HAMELINE, Daniel. Adolphe Ferrière (1879-1960). Disponível em
http://www.ibe.unesco.org/fileadmin/user_upload/archive/publications/ThinkersPdf/ferriere.pdf
(inglês) ou
http://www.ibe.unesco.org/fileadmin/user_upload/archive/publications/ThinkersPdf/ferrieres.PDF
(espanhol). Acesso em 2/5/2012.
NÓVOA, António. Uma educação que se diz nova. In: CANDEIAS, António; NÓVOA, António;
FIGUEIRA, Manuel H. Sobre a Educação Nova: Cartas de Adolfo Lima a Álvaro Viana Lopes
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______. Relação Sociedade/Escola: novas propostas para um velho problema. Disponível em:
http://www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/24/3/EdSoc_Rela%C3%A7%C3%A3o_escola_sociedade.pdf
Acessado em 10/05/2012.
PERES, Eliane Teresinha. O diabo inventou a escola? A escola ativa na visão de Adolphe Ferrière.
In: 25ª Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação.
Caxambu: ANPEd, 2002. Disponível em: www.anped.org.br/reunioes/25/elianeteresinhaperest02.rtf
. Acesso em 3/5/2012.