Este documento resume os principais gêneros literários: 1) O lírico, que expressa emoções através de um "eu lírico"; 2) O dramático, que apresenta ações por meio de diálogos e gestos de atores; 3) O narrativo, que inclui romances, novelas e contos; e 4) O épico, que narra feitos heroicos em versos elevados.
2. A literatura, quanto à forma, pode se manifestar em
prosa ou verso.
Quanto ao conteúdo e estrutura, podemos,
inicialmente, enquadrar as obras literárias em três
gêneros:
o lírico, quando um “eu lírico” nos passa uma emoção,
um estado de espírito;
o dramático, quando “atores, num espaço especial,
apresentam, por meio de palavras e gestos, um
acontecimento”;
o épico, quando temos um narrador (este último
gênero inclui todas as manifestações narrativas, desde o
poema épico até o romance, a novela e o conto).
3. Entretanto, por nos parecer mais didática,
adotamos uma divisão em quatro gêneros literários,
desmembrando do épico o gênero narrativo,
enquadrando as narrativas em prosa.
Poderíamos ainda reconhecer o gênero didático,
despido da ficção, não se identificando com a arte
literária, ou, como afirma Wolfgang Kayser, “o didático
costuma ser delimitado como gênero especial que fica
fora da verdadeira literatura”.
4. Seu nome vem de lira, instrumento musical que
acompanhava os cantos dos gregos.
Por muito tempo, até o final da Idade Média, as
poesias eram feitas para serem cantadas.
Nas obras líricas notamos o predomínio dos
sentimentos, da emoção, o que as torna subjetiva.
Pertencem a este gênero os poemas em geral,
destacando-se:
Ode e hino
Elegia
Idílio e écloga
5. Ode e hino: os dois nomes vêm da Grécia e significam “canto”.
Ode é a poesia entusiástica, de exaltação. Hino é a poesia
destinada a glorificar a pátria ou dar louvores às divindades.
Elegia: é a poesia lírica em tom triste. Fala de acontecimentos
tristes ou da morte de alguém. O “Cântico do calvário”, de Fagundes
Varela, sem dúvida é a mais famosa elegia da literatura brasileira,
inspirada na morte prematura de seu filho.
Idílio e écloga: são poesias pastoris, bucólicas. A écloga difere do
idílio por apresentar diálogo.
Epitalâmio: poesia feita em homenagem às núpcias de alguém.
Sátira: poesia que se propõe corrigir os defeitos humanos,
mostrando o ridículo de determinada situação.
6. Quanto ao aspecto formal, as poesias podem apresentar forma
fixa ou livre. Das poesias de forma fixa, a que resistiu ao tempo,
aparecendo até nossos dias, foi o soneto.
O soneto é uma composição poética de catorze versos
distribuídos em dois quartetos e dois tercetos. Apresenta sempre
métrica – mais usualmente, versos decassílabos ou alexandrinos – e
rima.
A palavra soneto significa “pequeno som”. Teria sido usada
pela primeira vez por Jacopo de Lentini, da Escola Siciliana (século
XIII), e mais tarde, difundida por Petrarca (século XIV).
Apesar de ser uma forma poética clássica, o soneto encontra
adeptos no Modernismo, como veremos a seguir:
7. De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
(MORAES, Vinicius de. In: Antologia poética.
Rio de Janeiro, J. Olympio. p. 77.)
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
8. Drama, em grego, significa “ação”. Ao gênero dramático
pertencem os textos, em poesia ou prosa, feitos para serem
representados. Compreende as seguintes modalidades:
Tragédia: é a representação de um fato trágico, apto a
suscitar compaixão e terror.
Comedia: é a representação de um fato inspirado na vida e
no sentimento comum, de riso fácil, em geral criticando os
costumes.
Tragicomédia: é a mistura do trágico com o cômico.
Originalmente, significava a mistura do real com o imaginário.
Farsa: pequena peça teatral, de caráter ridículo e
caricatural, criticando a sociedade e seus costumes; baseia-
se no lema latino Ridendo castigat mores (“Rindo, corrigem-se
os costumes.”).
9. Como já afirmamos, o gênero narrativo é visto como uma
variante moderna do gênero épico, caracterizando-se por se
apresentar em prosa. Manifesta-se nas seguintes modalidades:
Romance: narração de um fato imaginário mais verossímil, que
representa quaisquer aspectos da vida familiar e social do homem.
Podemos dividi-lo em: romance de cavalaria, romance de costumes,
romance policial, romance psicológico, romance histórico etc.
Novela: breve, mas viva narração de um fato humano notável, mais
verossímil que imaginário. É como um pequeno quadro da vida, com um
único conflito. Em geral, apresenta-se dividida em alguns poucos capítulos.
Conto: narração densa e breve de um episódio da vida; mais
condensada do que a novela e o romance. Em geral, não apresenta
divisão em capítulos.
Fábula: narrativa inverossímil, com fundo didático; tem como objetivo
transmitir uma lição de moral.
Crônica: o seu nome já nos dá uma dica: crônica deriva do radical latino
crono, que significa “tempo”.
10. A epopéia é uma poesia de fôlego; é a narração em versos de
um fato grandioso e maravilhoso que interessa a toda uma
coletividade.
É uma poesia objetiva, impessoal, baseada sempre na história de
um povo, exaltando os grandes feitos de um herói
Entre as mais famosas epopéias, destacamos: Ilíada e Odisséia
(Homero, Grécia); Eneida (Virgílio, Roma); Paraíso perdido (Milton,
Inglaterra); Orlando Furioso (Ludovico Ariosto, Itália); Os lusíadas
(Camões, Portugal).
Na literatura brasileira, as principais epopéias foram escritas no
século XVIII: Caramuru (Santa Rita Durão); O Uraguai (Basílio da
Gama); Vila Rica (Cláudio Manuel da Costa).
11. Uma epopéia apresenta-se dividida em cinco partes:
Proposição ou exórdio: é a apresentação do tema e do
herói.
Invocação: o poeta pede auxílio às musas inspiradoras.
Dedicatória: o poeta dedica a obra a um protetor.
Narração: é o desenvolvimento do tema e das aventuras do
herói, com exposição de fatos históricos.
Epílogo: é o remate, o encerramento do poema.
12. “A essência da ficção é, pois, a narrativa. É a sua espinha dorsal,
correspondendo ao velho instinto humano de contar e ouvir estórias,
uma das mais rudimentares e populares formas de entretenimento. Mas
nem todas as estórias são arte. Para que tenha valor artístico, a ficção
exige uma técnica de arranjo e apresentação, que comunicará à
narrativa beleza de forma, estrutura e unidade de efeito.
A ficção distingue-se da história e da biografia, por estas serem
narrativas de fatos reais. A ficção é produto da imaginação criadora,
embora, como toda arte, suas raízes mergulhem na experiência
humana. Mas o que a distingue das outras formas de narrativa é que
ela é uma transfiguração ou transmutação da realidade, feita pelo
espírito do artista, este imprevisível e inesgotável laboratório.
A ficção não pretende fornecer um simples retrato da realidade,
mas antes criar uma imagem da realidade, uma reinterpretação, uma
revisão. É o espetáculo da vida através do olhar interpretativo do
artista, a interpretação artística da realidade.”
(COUTINHO, Afrânio. Notas de teoria literária. 2. ed. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira,1978. p. 31.