O presidente da CMVM, Carlos Tavares, defende a responsabilização criminal de políticos por má gestão orçamental, como acontecia no tempo de Salazar. Ele também critica a demora dos líderes europeus em apresentar soluções para a crise da Grécia e diz que a saída de um país do euro é improvável, mas a configuração atual da moeda não funciona. O presidente da Madeira, Alberto João Jardim, avisa que só há plano para regular as finanças da região se os madeirenses aprovarem e exige igu
1. NACIONAL
“Terça à Noite”
Carlos Tavares quer
responsabilizar políticos
por má gestão
O presidente da Comissão de Mercado e Valores Mobili-
ários (CMVM), Carlos Tavares, está surpreendido com o
“buraco” das contas da Madeira, mas admite que hou-
RR
ve descontrolo orçamental e defende a responsabiliza-
ção criminal dos políticos por má gestão, à semelhança
do que acontecia no tempo de Salazar. sucessivas que só agitam os mercados. Defende, por
Em entrevista ao programa “Terça à Noite”, da Renas- outro lado, o Primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho,
cença, Carlos Tavares lembra que, na altura em que por ter admitido a possibilidade de um segundo pedido
Miguel Cadilhe era ministro das Finanças, não era pos- de resgate, caso a Grécia entre em incumprimento.
sível esta desorçamentação, porque as contas estavam Na frente interna, o economista considera que a des-
sujeitas a uma forte disciplina. Por isso, espera que o cida da Taxa Social Única (TSU) só faz sentido se for
PÁG. actual Governo reintroduza mecanismos de controlo e
reforce os poderes do Tribunal de Contas.
expressiva, acompanhada pelo agravamento do IVA e
aplicada a todas as empresas.
05 O “buraco” das contas da Madeira está a ser audita-
do, mas, segundo o presidente da Região Autónoma,
Alberto João Jardim, ultrapassa os cinco mil milhões
de euros. A Procuradoria-Geral da República abriu um
Na Renascença, o presidente da CMVM anuncia ainda
a criação do Conselho Consultivo para Pequenas e Mé-
dias Empresas e Mercado de Capitais, para ajudar as
empresas a encontrarem alternativas de financiamen-
processo de inquérito ao caso. to. Carlos Tavares conta que este conselho comece a
trabalhar dentro de um mês.
Sair não, reconfigurar euro sim Sobre a banca, o antigo ministro da Economia denuncia
a falta de concorrência no sector e critica a contesta-
Carlos Tavares diz que não consegue imaginar a saída ção dos bancos ao recurso ao Sistema de Indemnização
de um país do euro, mas avisa que a actual configura- aos Investidores, no caso do BPP. Em causa está a situ-
ção da moeda única não funciona. ação de 4100 investidores, considerados elegíveis, que
Reafirma que a crise ultrapassa em muito a Grécia e continuam à espera de receber parte do que perderam
critica os líderes europeus pela demora na apresenta- - um processo que Carlos Tavares espera que se resolva
ção de soluções e pelo ruído provocado por declarações em breve, com a cedência da banca.
Madeira/Eleições
Jardim avisa que só há plano se madeirenses aprovarem
Alberto João Jardim avisa que o acordo para regular tudo com empreiteiros e credores, e só se podia dar os
as finanças da Madeira não avança sem a anuência da números quando estava tudo acertado”.
região, exigindo iguais condições para o tratamento da Depois de reiterar que “não há nada a esconder”, Jar-
dívida. dim afirmou que teve “a honestidade de pedir a inter-
“Vamos endireitar, regular, agora as finanças da Ma- venção da República antes das eleições”, ao contrário
deira, mas não pensem que Lisboa pode impor à Ma- dos Açores, “que deixaram para Novembro”.
deira uma solução sem haver acordo nosso”, afirmou O responsável adiantou que o “acerto de contas” será
o candidato do PSD às eleições legislativas regionais, feito “com o Governo da República” e não com a troi-
lembrando que “a regularização das finanças implica a ka. “Eu nunca assinei nada com a ‘troika’. Não assi-
aceitação da Assembleia Legislativa da Madeira”. no nada com a troika. Não vou estar aqui para aturar
Num comício em Caniço, concelho de Santa Cruz, Jar- políticas que só pensam no défice”, declarou Jardim.
dim alertou: “É isso que está na Constituição e, se vie- “Também somos portugueses e, portanto, se o Estado
rem com manobras para explorar o povo madeirense, a português vai pagar a dívida a 30 anos, eu exijo que
maioria PSD não assina nada com Lisboa”. também a dívida da Madeira seja paga a 30 anos; se o
O responsável, líder do Executivo madeirense desde Estado português vai pagar a dívida com os juros baixos
1978, tornou a explicar, à sua maneira, a situação fi- que foram criados pelo Banco Central Europeu, então
nanceira da região: “O buraco é muito simples, rouba- são esses mesmos juros baixos que se aplicam à Região
ram-nos o dinheiro, eu não parei, foi preciso acertar Autónoma da Madeira”, considerou.
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r/com renascença comunicação multimédia, 2011