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Como enxergo editais de cultura,
como o governo enxerga editais
de cultura
Por Marcelo Alves
De vez em quando somos surpreendidos nas redes sociais com um meme de quatro imagens
sobre um mesmo objeto, porém visto de forma diferente, por pessoas diferentes.
Um exemplo foi o meme sobre o professor: quando eu digo que sou professor; como o aluno vê;
como os pais de alunos veem o professor; como a sociedade vê o professor.
Acredito que este formato derivou de alguns exercícios de entrevista e seleção de pessoal nas
empresas.
O que vou fazer aqui é um exercício bem simples sobre editais de cultura, de forma geral, não
sendo restrito à esfera municipal, estadual ou federal.
E o tom é muito mais um alerta, um desabafo.
Como enxergo editais de cultura.
Quando leio um, imagino as várias oportunidades em realizar um belo trabalho na área cultural,
ter fundos para desenvolver uma produção, seja na área da literatura ou afins (campo que
costumo atuar com mais frequência, mas não restrito a isso).
Também acredito que haverá menos burocracia, menos papel e documento para entregar, mais
agilidade no processo e clareza cada vez maior no texto dos editais.
Também enxergo mais regularidade, de modo que possamos estar preparados para próximo ano
para um novo edital.
Com regras claras, tendo em vista a produção e realização e sem detalhes e pormenores, letras
pequenas de um contrato arisco.
Editais de cultura cuja intenção, sim, seja a de preservar o patrimônio da cultura brasileira, para
que fortaleça, cada dia mais, na sua identidade ante outros países e pessoas, que nos faça
questionar qual nosso papel no mundo.
Mas também o de movimentar uma cadeia de economia criativa, capaz de gerar negócios,
direitos autorais e licenciamento de produtos, fortalecendo uma rede de empreendedores que
transformam a cultura em um negócio com ativos.
E que possa ultrapassar fronteiras, levando nosso modo de vida, nosso modo de pensar o mundo,
como ele é, como deveria ser, como foi.
Agora vou fazer um exercício maroto: enxergar como o governo percebe editais de cultura.
Como governo, vou dispor uma verba que tenha números gordos e redondos (mas nem tanto
assim, pois verba para cultura não é prioridade, nunca foi).
Vou fazer uma bela publicidade, uma característica do meu governo.
Mas os números gordos e redondos, nas entrelinhas, vão ser pequenos e magros, bem magros,
para atingir o maior número possível de proponentes, afinal quem trabalha com cultura,
produtores culturais, artistas etc. não estão ali para ganhar dinheiro, já houve quem disse que
somos todos vagabundos, inclusive.
Mas esse maior número possível de proponentes também vão ser reduzidos, pois teremos
detalhes técnicos jurídicos e financeiros que alguns poucos conseguirão ser aprovados:
documentos, documentos, principalmente se for pessoa jurídica e mais ainda se for pessoa física.
Se houver captação, um prazo mínimo possível para que o proponente se esforce mais e faça
valer o dinheiro que o governo abriu mão (aqui estou sendo o mais irônico possível, pois é dever
do governo dispor recursos. Leiam a Constituição no Art. 215. Título VIII da Ordem Social).
Dizer que o governo abriu mão de valores para realizar editais de cultura esconde um outro
discurso muito perigoso e perverso.
Mas continuemos com o exercício.
Dependendo do edital, havendo projetos, que sejam pagos às custas dos proponentes primeiro, e
se estiver com toda a documentação para análise será aprovado.
Caso seja comprovada toda documentação, o valor será pago depois que realizado pelo
proponente, preferencialmente, em duas vezes, e se houver erário suficiente.
Não é todo edital que isso ocorre, mas já aconteceu, por exemplo.
E a publicidade foi linda e maravilhosa com um belo storytelling.
De tudo isso, dois problemas chamam bastante a minha atenção: um excesso burocrático em todo
o processo e a falta de visão sobre cultura e economia criativa.
Quem dilapida o patrimônio brasileiro, e se ainda não foi pego, vai continuar dilapidando e
passando por cima de todo excesso burocrático.
Mas quem não faz isso, muitas vezes esbarra em uma muralha burocrática que poucos
ultrapassam (e criou-se um outro mercado só para esse serviço: os que são pagos somente para
ultrapassar a muralha).
Pouco avanço foi realizado se contarmos o período em que o conceito de economia criativa
surgiu, nos anos 90.
Na área audiovisual houve avanços significativos.
E nas outras áreas?
Por que importamos tantas peças teatrais e não exportamos as nossas?
Por que importamos tantos autores literários estrangeiros e não damos atenção devida para os
nossos?
A sociedade precisa mudar e pensar para que o governo reflita e saiba como agir no trabalho e
manutenção da cultura.
E um edital de cultura precisa demonstrar esse reflexo.
Por exemplo, temos a TV Brasil e parte o coração ver que não seremos a BBC de Londres por
que, aos poucos, estão acabando com a TV Brasil.
E ainda tem gente que chama artista de vagabundo…
Como você enxerga os editais de cultura?
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Como enxergo editais de cultura e como o governo enxerga editais de cultura

  • 1. Como enxergo editais de cultura, como o governo enxerga editais de cultura Por Marcelo Alves De vez em quando somos surpreendidos nas redes sociais com um meme de quatro imagens sobre um mesmo objeto, porém visto de forma diferente, por pessoas diferentes. Um exemplo foi o meme sobre o professor: quando eu digo que sou professor; como o aluno vê; como os pais de alunos veem o professor; como a sociedade vê o professor. Acredito que este formato derivou de alguns exercícios de entrevista e seleção de pessoal nas empresas. O que vou fazer aqui é um exercício bem simples sobre editais de cultura, de forma geral, não sendo restrito à esfera municipal, estadual ou federal. E o tom é muito mais um alerta, um desabafo. Como enxergo editais de cultura. Quando leio um, imagino as várias oportunidades em realizar um belo trabalho na área cultural, ter fundos para desenvolver uma produção, seja na área da literatura ou afins (campo que costumo atuar com mais frequência, mas não restrito a isso). Também acredito que haverá menos burocracia, menos papel e documento para entregar, mais agilidade no processo e clareza cada vez maior no texto dos editais. Também enxergo mais regularidade, de modo que possamos estar preparados para próximo ano para um novo edital.
  • 2. Com regras claras, tendo em vista a produção e realização e sem detalhes e pormenores, letras pequenas de um contrato arisco. Editais de cultura cuja intenção, sim, seja a de preservar o patrimônio da cultura brasileira, para que fortaleça, cada dia mais, na sua identidade ante outros países e pessoas, que nos faça questionar qual nosso papel no mundo. Mas também o de movimentar uma cadeia de economia criativa, capaz de gerar negócios, direitos autorais e licenciamento de produtos, fortalecendo uma rede de empreendedores que transformam a cultura em um negócio com ativos. E que possa ultrapassar fronteiras, levando nosso modo de vida, nosso modo de pensar o mundo, como ele é, como deveria ser, como foi. Agora vou fazer um exercício maroto: enxergar como o governo percebe editais de cultura. Como governo, vou dispor uma verba que tenha números gordos e redondos (mas nem tanto assim, pois verba para cultura não é prioridade, nunca foi). Vou fazer uma bela publicidade, uma característica do meu governo. Mas os números gordos e redondos, nas entrelinhas, vão ser pequenos e magros, bem magros, para atingir o maior número possível de proponentes, afinal quem trabalha com cultura, produtores culturais, artistas etc. não estão ali para ganhar dinheiro, já houve quem disse que somos todos vagabundos, inclusive. Mas esse maior número possível de proponentes também vão ser reduzidos, pois teremos detalhes técnicos jurídicos e financeiros que alguns poucos conseguirão ser aprovados: documentos, documentos, principalmente se for pessoa jurídica e mais ainda se for pessoa física. Se houver captação, um prazo mínimo possível para que o proponente se esforce mais e faça valer o dinheiro que o governo abriu mão (aqui estou sendo o mais irônico possível, pois é dever do governo dispor recursos. Leiam a Constituição no Art. 215. Título VIII da Ordem Social). Dizer que o governo abriu mão de valores para realizar editais de cultura esconde um outro discurso muito perigoso e perverso. Mas continuemos com o exercício. Dependendo do edital, havendo projetos, que sejam pagos às custas dos proponentes primeiro, e se estiver com toda a documentação para análise será aprovado. Caso seja comprovada toda documentação, o valor será pago depois que realizado pelo proponente, preferencialmente, em duas vezes, e se houver erário suficiente. Não é todo edital que isso ocorre, mas já aconteceu, por exemplo. E a publicidade foi linda e maravilhosa com um belo storytelling. De tudo isso, dois problemas chamam bastante a minha atenção: um excesso burocrático em todo o processo e a falta de visão sobre cultura e economia criativa. Quem dilapida o patrimônio brasileiro, e se ainda não foi pego, vai continuar dilapidando e passando por cima de todo excesso burocrático. Mas quem não faz isso, muitas vezes esbarra em uma muralha burocrática que poucos ultrapassam (e criou-se um outro mercado só para esse serviço: os que são pagos somente para ultrapassar a muralha). Pouco avanço foi realizado se contarmos o período em que o conceito de economia criativa surgiu, nos anos 90. Na área audiovisual houve avanços significativos. E nas outras áreas? Por que importamos tantas peças teatrais e não exportamos as nossas? Por que importamos tantos autores literários estrangeiros e não damos atenção devida para os nossos? A sociedade precisa mudar e pensar para que o governo reflita e saiba como agir no trabalho e manutenção da cultura. E um edital de cultura precisa demonstrar esse reflexo. Por exemplo, temos a TV Brasil e parte o coração ver que não seremos a BBC de Londres por que, aos poucos, estão acabando com a TV Brasil. E ainda tem gente que chama artista de vagabundo… Como você enxerga os editais de cultura? Gostaria de compartilhar sua opinião conosco?
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