SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  10
Télécharger pour lire hors ligne
Presenças Africanas
na cultura Brasileira
“Presenças Africanas na Cultura Brasileira”,
pertence ao primeiro capítulo do livro, cujo título
é: “Diversidade Cultural e currículos escolares”.
PEREIRA, Edimilson de Almeida. Malungos na escola:
questões sobre culturas afrodescendentes e educação.
São Paulo: Paulinas, 2007.
Presenças Africanas na cultura
Brasileira
Segundo dados reconhecidos por diversos estudiosos, o Brasil recebeu cerca de
quarenta por cento dos quase dez milhões de africanos que foram transportados para as
Américas no período compreendido entre os séculos XVI e XIX. Esses números, por si só,
indicam as estreitas ligações que, ao longo do tempo, foram tecidas entre o Brasil e o
continente africano. Pensar o brasil a partir desse fato significa dar atenção a uma gama
de elementos culturais relacionados à diáspora africana que se tornaram parte de nossa
percepção do mundo e de nossas práticas cotidianas.
Apesar disso, o tratamento que a sociedade brasileira dispensou aos africanos e
aos seus descendentes foi marcado, em geral, pelo preconceito e pela violência. A partir
da implantação do regime escravista, aos olhos das elites brasileiras os aspectos referentes
às culturas africanas passaram a representar o exótico e o estranho, não sendo levados em
conta como um fator, entre outros, de formação de nossas identidades. Essa maneira de
perceber os africanos e a África foi acolhida por outros segmentos de nossa população,
não obstante o papel decisivo que os africanos e os afro-brasileiros desempenhavam,
juntamente com outros grupos, na formação de nossa sociedade.
No Século XIX (quando o Brasil se afastava de Portugal, rumo à sua
independência) nossos escritores e artistas elegeram a figura do índio e o esplendor da
natureza como símbolos de nossa nacionalidade. Isso ocorreu na medida em que o
português foi sendo identificado como a figura do ex-colonizador e o negro africano,
por sua vez, com a imagem do atraso e da ignorância. A idealização do índio na
literatura romântica produzida no Brasil e a rejeição dos demais grupos étnicos do País
caracterizam-se como um procedimento reducionista. Ou seja, esse modo de ver e
afirmar a identidade nacional baseou-se na fixação de valores que ora idealizam um
grupo, ora idealizavam outro.
Reconhecer as especificidades dos diferentes contingentes culturais que dão
forma à nação brasileira é uma condição fundamental para construirmos uma
sociedade justa e solidária, que tenha no diálogo e no respeito ao outro o ponto de
partida para a promoção do bem comum. No presente tópico faremos um recorte no
mosaico cultural brasileiro, procurando apreender as práticas culturais e os valores de
procedência africana que ajudaram a construí-lo. Espera-se que esse exercício
contribua para entendermos as nossas próprias fronteiras culturais, estreitando, a partir
daí, nossos gestos de cooperação e interação.
Essa presença africana, como salienta Roberto Benjamim (2004), mostra-se de
maneira concreta quando, por exemplo, em viagens através do País nos deliciamos com o
acarajé (bolo de feijão temperado e moído com camarão seco, cebola e sal, frito no azeite-de-
dendê), o vatapá (papa de farinha de mandioca temperada com azeite-de-dendê e pimenta),
o abará (bolo de feijão e azeite-de-dendê, enrolado em folha de bananeira), o munguzá (feito
com milho em grão, podendo ser servido salgado ou doce), o cuscuz (bolo de farinha de milho,
arroz ou mandioca cozido no vapor). Os modos de preparar os alimentos demonstram como
nossos antepassados africanos investiram na inserção de seus hábitos em nosso cotidiano. O
gosto por determinados ingredientes e a sua introdução na cozinha brasileira revelam, de
alguma maneira, a necessidade que os africanos tinham de interagir com a realidade que lhes
era apresentada. Nesse caso, a troca de sabores representava também uma troca de saberes
entre os diferentes grupos da sociedade brasileira.
A dança e música brasileira ressoam numa variedade de estilos as heranças
africanas, seja na intensidade dos batuques, seja no ritmo sincopado do samba. Os batuques
foram praticados em diversas regiões, principalmente naquelas onde a escravidão atuou como
impulsionadora das atividades econômicas e sociais. Sob várias denominações, os batuques
permitiam aos africanos e aos seus descendentes reafirmar seus laços de pertencimento ao
grupo, bem como comentar fatos do cotidiano. Em sua forma mais conhecida, o batuque
consiste numa dança em que os participantes se colocam de frente uns para os outros. O ponto
alto ocorre quando homens e mulheres se aproximam para o gesto da umbigada.
No conjunto das celebrações em que o canto e a dança remetem aos
ancestrais africanos e aos santos católicos, há que se destacar o Jongo (Rio de Janeiro,
São Paulo) e o Candombe (Minas Gerais). Ambos consistiam em canto e dança
acompanhados pelos toques dos tambores. No Jongo os instrumentos são chamados de
tambu (tambor maior) e candongueiro (tambor menor), além da inguaia (chocalho). No
Candombe, os tambores recebem nomes diferentes nas várias localidades; uma
sequência possível de nomes é Santana, Santaninha, jeremia mais o guaia (chocalho) e
a puitá (cuíca).
O samba, tal como o Blues, apresenta questões que indicam a complexidade
de sua formação, desenvolvimento e transformação. A “pequena África”, nome que se
dava à casa de Tia Ciata, situada no centro do Rio de Janeiro antigo, funcionou como
um lugar de reunião de afro-brasileiros. Desses encontros nasceram atividades que
marcaram, passo a passo, a inserção do samba nos grandes centros urbanos. Essa
linhagem do samba, entranhada nas vias da cidade, forneceu elementos que ajudaram
a configurar o carnaval das grandes escolas e dos desfiles públicos.
Na vivência religiosa dos brasileiros, as presenças africanas ~soa profundas e complexas.
Por um lado, temos o Candoblé, religião de origem africana ou, como também é chamada, a religião
dos orixás. Os orixás, de procedência ioruba, segundo os preceitos sagrados, cuidam de partes
específicas do mundo e da natureza. Há orixás que zelam pela colheita, pelo raio, pela chuva, pelo
mar, pela afetividade, etc. Entre os mais conhecidos, estão Exu (mensageiro e guardião das
encruzilhadas), Ogum (deus da guerra, do ferro e da tecnologia), Xangô (deus da justiça e do trovão),
Iemanjá (deusa da maternidade, do mar) Iansã (deusa das tempestades, dos raios, dos ventos), Oxum
(deusa da fertilidade, do amor) Nanã (deusa da lama, da terra), Oxalá (deus da criação). Nas sessões
de Candomblé, os orixás se manifestam através da incorporação, atuando como intermediários entre
os seres humanos e a natureza. Por isso, eles estão inseridos em nossa vida social, atendendo às
expectativas de brasileiros e estrangeiros em relação ao sagrado.
Por outra parte, temos o Congado, que aproxima heranças africanas de origem banto,
aspectos sagrados do catolicismo e, em algumas regiões, aspectos de culturas indígenas. No
Congado, os devotos cantam e dançam, ao som dos tambores, para louvar os antepassados, os
deuses Zambi e Calunga (divindades do panteão banto) e os santos católicos (entre eles, Nossa
Senhora do Rosário, são Benedito, santa Efigênia, são João e são Jorge, etc.). Uma das características
do Congado é o cortejo dos ternos ou guardas, que percorrem as ruas, visitam igrejas, cantando e
dançando ao som de músicas sagradas. O Congado e Candomblé constituem vivências religiosas nas
quais muitos brasileiros de diferentes origens étnicas encontram os valores para se relacionar com o
mundo. Como práticas religiosas, o Congado e o Candomblé apresentam uma série de preceitos que,
uma vez conhecidos, ajudam os devotos a fazer suas escolhas pessoais e firmar alianças com seus
semelhantes. Além disso, essas práticas os situam dentro de uma ordem social que tem nas heranças
africanas a base para o diálogo com as demais matrizes culturais da sociedade brasileira.
A presença das culturas africanas em nossa vida social não poderia deixar de se
expressar também no campo da língua que falamos. Pesquisas como a da professora Sônia
Queiroz apontam para a diversidade e a complexidade dessa interferência. Além dos
contatos entre os africanos no Brasil que, num primeiro momento, contribuíram para a
formação dos “falares de emergência” – no dizer da professora Yeda Pessoa de Castro (ver
QUEIROZ, 1998:101) -, há que se considerar os vínculos sociais linguísticos estabelecidos entre
negros e brancos. De acordo com Sônia Queiroz, a intensificação desse contato, “verificada
sobre tudo a partir do período mineratório, quando o negro é utilizado também no trabalho
doméstico, teria gerado novas misturas: o ‘dialeto das minas’, nas vilas de mineração e o
‘dialeto rural’, nas fazendas de gado.
O livro A influência africana no português do Brasil, de Renato Mendonça – embora com
pontos de vista, conclusões e metodologias de pesquisa passíveis de serem criticados e
reinterpretados pelos estudos sociolinguísticos contemporâneos – constitui uma interessante
abordagem da relação entre o português e as diferentes línguas africanas. Além disso, a
obra trabalha com dados que nos permitem dimensionar a interferência dos africanos e de
seus descendentes na língua falada no território brasileiro, de modo particular nas estruturas
fonéticas. Vejamos alguns exemplos:
ASSIMILAÇÃO
• O fonema j passa para a sibilante z: Jesus > Zesús / José
> Zosé.
ROTACIONISMO
• A inexistência do r nas línguas banto originou a
substituição do r forte português pela linguodental l ou
seu abrandamento em r fraco: rapaz > lapassi / carro >
calo.
REDUÇÃO
• Os dois ditongos ei e ou, por influência africana,
reduziram-se na língua popular do Brasil:
• ei > ê – cheiro > chêro / peixe > pêxe / beijo > bêjo
[...]
• ou > ô – lavoura > lavôra / couve > côve / louco >
lôco (MENDONÇA, 1973: 61-66)
No entanto, pesquisadores como a professora Yeda Pessoa de Castro (2001 e
2002) demonstraram, recentemente, que as interferências africanas no campo da língua vão
além dos aspectos sintáticos, fonéticos e morfológicos. Ou seja, as relações das línguas
africanas com o português criaram recursos de comunicação que contribuíram para que os
afrodescendentes, mas não apenas eles, expressassem sua visão de mundo, suas
experiências sociais e suas formulações ideológicas, desde que passaram a se entender
como sujeitos pertencentes a uma sociedade multiétnica e multicultural. Ao avanças nessa
perspectiva, que vincula os usos da língua às circunstâncias históricas e sociais, Yeda Pessoa
levanta uma intrigante questão, que considera relevante a descrição do português e das
línguas africanas do grupo banto e Kwa. Segundo ela, o reconhecimento da influência dos
africanos em nossa língua e, diríamos nós, também na articulação de um certo perfil da
sociedade brasileira envolve
a decisão política de admitir a necessidade de trabalhar uma linguística afro-brasileira e
buscar mecanismos para implantar, em programas de iniciação científica e de
pesquisa, cursos de capacitação docente nas áreas de competência em questão, a
fim de legitimar as línguas africanas no Brasil, dando visibilidade aos seus falantes para
que possamos recuperar o passo da história que perdemos, ou seja, admitir que o
africano adquiriu o português como segunda língua e foi o principal responsável pela
difusão da língua portuguesa no território brasileiro (CASTRO, 2001: 78)
É importante frisar que o inventário aqui apresentado se
abre diante de nós como um mapa social, político e cultural. E como
todo mapa, adquire sentido e, realmente aponta direções, quando nos
dispomos a interpretá-lo. Veja-se, por exemplo, como a interpretação
desse tipo de mapa nos apresenta antigas questões sob novos ângulos
– tal é o caso das línguas africanas e suas relações com o português -,
indicando que a elaboração de sentido para os fatos constitui uma das
mais importantes atividades do sujeito. Por isso, essa tarefa cabe a
todos nós que queremos entender-nos como participantes da
sociedade brasileira. Sendo assim, além de reconhecer esta ou aquela
influência, desse ou daquele grupo cultural, é necessário
compreendermos os modos como essas influências contribuíram – e
continuam contribuindo – para sermos o que somos, como indivíduos e
como sociedade.
PEREIRA, Edimilson de Almeida. Malungos na escola:
questões sobre culturas afrodescendentes e educação.
São Paulo: Paulinas, 2007. p. 22-27

Contenu connexe

Tendances

Ciência, tecnologia e relações étnico-raciais
Ciência, tecnologia e relações étnico-raciaisCiência, tecnologia e relações étnico-raciais
Ciência, tecnologia e relações étnico-raciaisVitor Vieira Vasconcelos
 
03 chapeuzinho vermelho negra
03 chapeuzinho vermelho negra03 chapeuzinho vermelho negra
03 chapeuzinho vermelho negraprimeiraopcao
 
cultura afro-brasileira
cultura afro-brasileiracultura afro-brasileira
cultura afro-brasileiraculturaafro
 
OT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileira
OT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileiraOT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileira
OT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileiraClaudia Elisabete Silva
 
Literatura afro-brasileira e indígena na escola: A mediação docente na constr...
Literatura afro-brasileira e indígena na escola: A mediação docente na constr...Literatura afro-brasileira e indígena na escola: A mediação docente na constr...
Literatura afro-brasileira e indígena na escola: A mediação docente na constr...Instituto Uka
 
Coleção Historia - Estudos Africanos - Multiplas Abordagens
Coleção Historia - Estudos Africanos - Multiplas AbordagensColeção Historia - Estudos Africanos - Multiplas Abordagens
Coleção Historia - Estudos Africanos - Multiplas AbordagensHistoria_da_Africa
 
Lições Sobre a África (Tese)
Lições Sobre a África (Tese)Lições Sobre a África (Tese)
Lições Sobre a África (Tese)Historia_da_Africa
 
História e cultura afro brasileira e indígena
História e cultura afro brasileira e indígenaHistória e cultura afro brasileira e indígena
História e cultura afro brasileira e indígenaValeria Santos
 
O ensino de História da África e dos Africanos no Brasil
O ensino de História da África e dos Africanos no Brasil O ensino de História da África e dos Africanos no Brasil
O ensino de História da África e dos Africanos no Brasil Historia_da_Africa
 
O ensino de História e Cultura Afro-brasileira a Distancia
O ensino de História e Cultura Afro-brasileira a DistanciaO ensino de História e Cultura Afro-brasileira a Distancia
O ensino de História e Cultura Afro-brasileira a DistanciaZelinda Barros
 
Inclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículos
Inclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículosInclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículos
Inclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículosWilson
 
Projeto Pérola negra
Projeto Pérola negraProjeto Pérola negra
Projeto Pérola negranogcaritas
 
Literatura negra infanto juvenil
Literatura negra infanto juvenilLiteratura negra infanto juvenil
Literatura negra infanto juvenilJuciara Brito
 
Ensino de história e diversidade cultural ricardo oriá
Ensino de história e diversidade cultural   ricardo oriáEnsino de história e diversidade cultural   ricardo oriá
Ensino de história e diversidade cultural ricardo oriáEduardo Dantas
 

Tendances (20)

Ciência, tecnologia e relações étnico-raciais
Ciência, tecnologia e relações étnico-raciaisCiência, tecnologia e relações étnico-raciais
Ciência, tecnologia e relações étnico-raciais
 
03 chapeuzinho vermelho negra
03 chapeuzinho vermelho negra03 chapeuzinho vermelho negra
03 chapeuzinho vermelho negra
 
Monografia Ângela Pedagogia 2009
Monografia Ângela Pedagogia 2009Monografia Ângela Pedagogia 2009
Monografia Ângela Pedagogia 2009
 
cultura afro-brasileira
cultura afro-brasileiracultura afro-brasileira
cultura afro-brasileira
 
cultura afro
cultura afrocultura afro
cultura afro
 
OT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileira
OT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileiraOT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileira
OT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileira
 
Literatura afro-brasileira e indígena na escola: A mediação docente na constr...
Literatura afro-brasileira e indígena na escola: A mediação docente na constr...Literatura afro-brasileira e indígena na escola: A mediação docente na constr...
Literatura afro-brasileira e indígena na escola: A mediação docente na constr...
 
Historia da Africa
Historia da AfricaHistoria da Africa
Historia da Africa
 
ÁFrica na sala de aula
ÁFrica na sala de aulaÁFrica na sala de aula
ÁFrica na sala de aula
 
Coleção Historia - Estudos Africanos - Multiplas Abordagens
Coleção Historia - Estudos Africanos - Multiplas AbordagensColeção Historia - Estudos Africanos - Multiplas Abordagens
Coleção Historia - Estudos Africanos - Multiplas Abordagens
 
Lições Sobre a África (Tese)
Lições Sobre a África (Tese)Lições Sobre a África (Tese)
Lições Sobre a África (Tese)
 
História e cultura afro brasileira e indígena
História e cultura afro brasileira e indígenaHistória e cultura afro brasileira e indígena
História e cultura afro brasileira e indígena
 
O ensino de História da África e dos Africanos no Brasil
O ensino de História da África e dos Africanos no Brasil O ensino de História da África e dos Africanos no Brasil
O ensino de História da África e dos Africanos no Brasil
 
Literatura afrobrasileira
Literatura afrobrasileiraLiteratura afrobrasileira
Literatura afrobrasileira
 
O ensino de História e Cultura Afro-brasileira a Distancia
O ensino de História e Cultura Afro-brasileira a DistanciaO ensino de História e Cultura Afro-brasileira a Distancia
O ensino de História e Cultura Afro-brasileira a Distancia
 
Inclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículos
Inclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículosInclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículos
Inclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículos
 
Projeto Pérola negra
Projeto Pérola negraProjeto Pérola negra
Projeto Pérola negra
 
Literatura negra infanto juvenil
Literatura negra infanto juvenilLiteratura negra infanto juvenil
Literatura negra infanto juvenil
 
Africa tecnologia
Africa tecnologiaAfrica tecnologia
Africa tecnologia
 
Ensino de história e diversidade cultural ricardo oriá
Ensino de história e diversidade cultural   ricardo oriáEnsino de história e diversidade cultural   ricardo oriá
Ensino de história e diversidade cultural ricardo oriá
 

Similaire à Presenças africanas

Ritmos Afro Brasileiros
Ritmos Afro BrasileirosRitmos Afro Brasileiros
Ritmos Afro Brasileirosculturaafro
 
Atividades os povos africanos topico 4 historia fund
Atividades os povos africanos topico 4 historia fundAtividades os povos africanos topico 4 historia fund
Atividades os povos africanos topico 4 historia fundAtividades Diversas Cláudia
 
Atividades os povos africanos topico 4 historia fund
Atividades os povos africanos topico 4 historia fundAtividades os povos africanos topico 4 historia fund
Atividades os povos africanos topico 4 historia fundAtividades Diversas Cláudia
 
Antropologia e linguística afroasia n12-p211 yéda pessoa de castro
Antropologia e linguística   afroasia n12-p211 yéda pessoa de castroAntropologia e linguística   afroasia n12-p211 yéda pessoa de castro
Antropologia e linguística afroasia n12-p211 yéda pessoa de castroMonitoria Contabil S/C
 
Trab. socio miscigenação cultural brasileira
Trab. socio miscigenação cultural brasileiraTrab. socio miscigenação cultural brasileira
Trab. socio miscigenação cultural brasileiraMinguimingui
 
Cultura iorubá maria inez couto de almeida
Cultura iorubá   maria inez couto de almeidaCultura iorubá   maria inez couto de almeida
Cultura iorubá maria inez couto de almeidaDaniel Torquato
 
Www.dialogarts.uerj.br admin arquivos_emquestao_[1]ioruba
Www.dialogarts.uerj.br admin arquivos_emquestao_[1]iorubaWww.dialogarts.uerj.br admin arquivos_emquestao_[1]ioruba
Www.dialogarts.uerj.br admin arquivos_emquestao_[1]iorubaNika Play
 
Coninter poster religiosidade_pop_relacoes_umbanda_dutra_sanches_dazzi
Coninter poster religiosidade_pop_relacoes_umbanda_dutra_sanches_dazziConinter poster religiosidade_pop_relacoes_umbanda_dutra_sanches_dazzi
Coninter poster religiosidade_pop_relacoes_umbanda_dutra_sanches_dazziAdriana Rocha
 
Cultura indígena e cultura afro uma reflexão histórica
Cultura indígena e cultura afro uma reflexão históricaCultura indígena e cultura afro uma reflexão histórica
Cultura indígena e cultura afro uma reflexão históricaWesly Alves de Sá
 
Memória coletiva como suporte para o Turismo Cultural: Fronteiras Porosas nas...
Memória coletiva como suporte para o Turismo Cultural: Fronteiras Porosas nas...Memória coletiva como suporte para o Turismo Cultural: Fronteiras Porosas nas...
Memória coletiva como suporte para o Turismo Cultural: Fronteiras Porosas nas...Adriana Rocha
 
Trabalho sobre influencia da africa no espaço brasileiro
Trabalho sobre influencia da africa no espaço brasileiroTrabalho sobre influencia da africa no espaço brasileiro
Trabalho sobre influencia da africa no espaço brasileiroHudson Giovanni
 

Similaire à Presenças africanas (20)

A influência africana
A influência africanaA influência africana
A influência africana
 
Ritmos Afro Brasileiros
Ritmos Afro BrasileirosRitmos Afro Brasileiros
Ritmos Afro Brasileiros
 
a congada
a congadaa congada
a congada
 
Resam
ResamResam
Resam
 
Consciêncianegraoficina
ConsciêncianegraoficinaConsciêncianegraoficina
Consciêncianegraoficina
 
Atividades os povos africanos topico 4 historia fund
Atividades os povos africanos topico 4 historia fundAtividades os povos africanos topico 4 historia fund
Atividades os povos africanos topico 4 historia fund
 
Atividades os povos africanos topico 4 historia fund
Atividades os povos africanos topico 4 historia fundAtividades os povos africanos topico 4 historia fund
Atividades os povos africanos topico 4 historia fund
 
Antropologia e linguística afroasia n12-p211 yéda pessoa de castro
Antropologia e linguística   afroasia n12-p211 yéda pessoa de castroAntropologia e linguística   afroasia n12-p211 yéda pessoa de castro
Antropologia e linguística afroasia n12-p211 yéda pessoa de castro
 
áFrica 2012
áFrica 2012áFrica 2012
áFrica 2012
 
Trab. socio miscigenação cultural brasileira
Trab. socio miscigenação cultural brasileiraTrab. socio miscigenação cultural brasileira
Trab. socio miscigenação cultural brasileira
 
Paper africa
Paper africaPaper africa
Paper africa
 
20171030120022
2017103012002220171030120022
20171030120022
 
Cultura iorubá maria inez couto de almeida
Cultura iorubá   maria inez couto de almeidaCultura iorubá   maria inez couto de almeida
Cultura iorubá maria inez couto de almeida
 
Www.dialogarts.uerj.br admin arquivos_emquestao_[1]ioruba
Www.dialogarts.uerj.br admin arquivos_emquestao_[1]iorubaWww.dialogarts.uerj.br admin arquivos_emquestao_[1]ioruba
Www.dialogarts.uerj.br admin arquivos_emquestao_[1]ioruba
 
010
010010
010
 
Coninter poster religiosidade_pop_relacoes_umbanda_dutra_sanches_dazzi
Coninter poster religiosidade_pop_relacoes_umbanda_dutra_sanches_dazziConinter poster religiosidade_pop_relacoes_umbanda_dutra_sanches_dazzi
Coninter poster religiosidade_pop_relacoes_umbanda_dutra_sanches_dazzi
 
Cultura indígena e cultura afro uma reflexão histórica
Cultura indígena e cultura afro uma reflexão históricaCultura indígena e cultura afro uma reflexão histórica
Cultura indígena e cultura afro uma reflexão histórica
 
Memória coletiva como suporte para o Turismo Cultural: Fronteiras Porosas nas...
Memória coletiva como suporte para o Turismo Cultural: Fronteiras Porosas nas...Memória coletiva como suporte para o Turismo Cultural: Fronteiras Porosas nas...
Memória coletiva como suporte para o Turismo Cultural: Fronteiras Porosas nas...
 
Projeto Afro 2023.doc
Projeto Afro 2023.docProjeto Afro 2023.doc
Projeto Afro 2023.doc
 
Trabalho sobre influencia da africa no espaço brasileiro
Trabalho sobre influencia da africa no espaço brasileiroTrabalho sobre influencia da africa no espaço brasileiro
Trabalho sobre influencia da africa no espaço brasileiro
 

Plus de primeiraopcao

A desigualdade racial
A desigualdade racialA desigualdade racial
A desigualdade racialprimeiraopcao
 
Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no mundo
Educação a distância: conceitos  e história no Brasil e no mundoEducação a distância: conceitos  e história no Brasil e no mundo
Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no mundoprimeiraopcao
 
Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...
Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...
Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...primeiraopcao
 
Indisciplina escolar: diferentes olhares teóricos
Indisciplina escolar: diferentes olhares teóricosIndisciplina escolar: diferentes olhares teóricos
Indisciplina escolar: diferentes olhares teóricosprimeiraopcao
 
Os motivos da indisciplina na escola: a perspectiva dos alunos
Os motivos da indisciplina na escola: a perspectiva dos alunosOs motivos da indisciplina na escola: a perspectiva dos alunos
Os motivos da indisciplina na escola: a perspectiva dos alunosprimeiraopcao
 
Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escola
Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escolaOs desafios da indisciplina em sala de aula e na escola
Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escolaprimeiraopcao
 
Direitos e-normas-disciplinares-dos-alunos
Direitos e-normas-disciplinares-dos-alunosDireitos e-normas-disciplinares-dos-alunos
Direitos e-normas-disciplinares-dos-alunosprimeiraopcao
 
11 cultura afro brasileira e cultura indígena
11 cultura afro brasileira e cultura indígena11 cultura afro brasileira e cultura indígena
11 cultura afro brasileira e cultura indígenaprimeiraopcao
 
08 as tecnologias de comunicação e a construção do conhecimento em comunidade...
08 as tecnologias de comunicação e a construção do conhecimento em comunidade...08 as tecnologias de comunicação e a construção do conhecimento em comunidade...
08 as tecnologias de comunicação e a construção do conhecimento em comunidade...primeiraopcao
 
07 aperfeiçoamento em estudos indígenas
07 aperfeiçoamento em estudos indígenas07 aperfeiçoamento em estudos indígenas
07 aperfeiçoamento em estudos indígenasprimeiraopcao
 
patrimônio cultural povos indígenas
patrimônio cultural   povos indígenaspatrimônio cultural   povos indígenas
patrimônio cultural povos indígenasprimeiraopcao
 
Mitologia dos orixás
Mitologia dos orixásMitologia dos orixás
Mitologia dos orixásprimeiraopcao
 
Desigualdades raciais no brasil
Desigualdades raciais no brasilDesigualdades raciais no brasil
Desigualdades raciais no brasilprimeiraopcao
 
Desigualdades raciais
Desigualdades raciaisDesigualdades raciais
Desigualdades raciaisprimeiraopcao
 
A igualdade que não veio
A igualdade que não veioA igualdade que não veio
A igualdade que não veioprimeiraopcao
 
como fazer sequência didática
como fazer sequência didáticacomo fazer sequência didática
como fazer sequência didáticaprimeiraopcao
 
Formulário Sequência Didática
Formulário Sequência DidáticaFormulário Sequência Didática
Formulário Sequência Didáticaprimeiraopcao
 

Plus de primeiraopcao (20)

A desigualdade racial
A desigualdade racialA desigualdade racial
A desigualdade racial
 
Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no mundo
Educação a distância: conceitos  e história no Brasil e no mundoEducação a distância: conceitos  e história no Brasil e no mundo
Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no mundo
 
Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...
Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...
Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...
 
Indisciplina escolar: diferentes olhares teóricos
Indisciplina escolar: diferentes olhares teóricosIndisciplina escolar: diferentes olhares teóricos
Indisciplina escolar: diferentes olhares teóricos
 
Os motivos da indisciplina na escola: a perspectiva dos alunos
Os motivos da indisciplina na escola: a perspectiva dos alunosOs motivos da indisciplina na escola: a perspectiva dos alunos
Os motivos da indisciplina na escola: a perspectiva dos alunos
 
Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escola
Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escolaOs desafios da indisciplina em sala de aula e na escola
Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escola
 
Direitos e-normas-disciplinares-dos-alunos
Direitos e-normas-disciplinares-dos-alunosDireitos e-normas-disciplinares-dos-alunos
Direitos e-normas-disciplinares-dos-alunos
 
11 cultura afro brasileira e cultura indígena
11 cultura afro brasileira e cultura indígena11 cultura afro brasileira e cultura indígena
11 cultura afro brasileira e cultura indígena
 
08 as tecnologias de comunicação e a construção do conhecimento em comunidade...
08 as tecnologias de comunicação e a construção do conhecimento em comunidade...08 as tecnologias de comunicação e a construção do conhecimento em comunidade...
08 as tecnologias de comunicação e a construção do conhecimento em comunidade...
 
07 aperfeiçoamento em estudos indígenas
07 aperfeiçoamento em estudos indígenas07 aperfeiçoamento em estudos indígenas
07 aperfeiçoamento em estudos indígenas
 
patrimônio cultural povos indígenas
patrimônio cultural   povos indígenaspatrimônio cultural   povos indígenas
patrimônio cultural povos indígenas
 
Cantigas infantis
Cantigas infantisCantigas infantis
Cantigas infantis
 
Receitas africanas
Receitas africanasReceitas africanas
Receitas africanas
 
Contos africanos
Contos africanosContos africanos
Contos africanos
 
Mitologia dos orixás
Mitologia dos orixásMitologia dos orixás
Mitologia dos orixás
 
Desigualdades raciais no brasil
Desigualdades raciais no brasilDesigualdades raciais no brasil
Desigualdades raciais no brasil
 
Desigualdades raciais
Desigualdades raciaisDesigualdades raciais
Desigualdades raciais
 
A igualdade que não veio
A igualdade que não veioA igualdade que não veio
A igualdade que não veio
 
como fazer sequência didática
como fazer sequência didáticacomo fazer sequência didática
como fazer sequência didática
 
Formulário Sequência Didática
Formulário Sequência DidáticaFormulário Sequência Didática
Formulário Sequência Didática
 

Dernier

Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSlides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSilvana Silva
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxIsabellaGomes58
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdfProva uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdfArthurRomanof1
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMVanessaCavalcante37
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxIsabelaRafael2
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasCassio Meira Jr.
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduraAdryan Luiz
 
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autoresSociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autoresaulasgege
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxkarinedarozabatista
 
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologiaAula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologiaaulasgege
 
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfaulasgege
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfManuais Formação
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinhaMary Alvarenga
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesMary Alvarenga
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Centro Jacques Delors
 

Dernier (20)

Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSlides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
 
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdfProva uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditadura
 
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autoresSociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
 
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologiaAula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
 
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
 
Em tempo de Quaresma .
Em tempo de Quaresma                            .Em tempo de Quaresma                            .
Em tempo de Quaresma .
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinha
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
 

Presenças africanas

  • 1. Presenças Africanas na cultura Brasileira “Presenças Africanas na Cultura Brasileira”, pertence ao primeiro capítulo do livro, cujo título é: “Diversidade Cultural e currículos escolares”. PEREIRA, Edimilson de Almeida. Malungos na escola: questões sobre culturas afrodescendentes e educação. São Paulo: Paulinas, 2007.
  • 2. Presenças Africanas na cultura Brasileira Segundo dados reconhecidos por diversos estudiosos, o Brasil recebeu cerca de quarenta por cento dos quase dez milhões de africanos que foram transportados para as Américas no período compreendido entre os séculos XVI e XIX. Esses números, por si só, indicam as estreitas ligações que, ao longo do tempo, foram tecidas entre o Brasil e o continente africano. Pensar o brasil a partir desse fato significa dar atenção a uma gama de elementos culturais relacionados à diáspora africana que se tornaram parte de nossa percepção do mundo e de nossas práticas cotidianas. Apesar disso, o tratamento que a sociedade brasileira dispensou aos africanos e aos seus descendentes foi marcado, em geral, pelo preconceito e pela violência. A partir da implantação do regime escravista, aos olhos das elites brasileiras os aspectos referentes às culturas africanas passaram a representar o exótico e o estranho, não sendo levados em conta como um fator, entre outros, de formação de nossas identidades. Essa maneira de perceber os africanos e a África foi acolhida por outros segmentos de nossa população, não obstante o papel decisivo que os africanos e os afro-brasileiros desempenhavam, juntamente com outros grupos, na formação de nossa sociedade.
  • 3. No Século XIX (quando o Brasil se afastava de Portugal, rumo à sua independência) nossos escritores e artistas elegeram a figura do índio e o esplendor da natureza como símbolos de nossa nacionalidade. Isso ocorreu na medida em que o português foi sendo identificado como a figura do ex-colonizador e o negro africano, por sua vez, com a imagem do atraso e da ignorância. A idealização do índio na literatura romântica produzida no Brasil e a rejeição dos demais grupos étnicos do País caracterizam-se como um procedimento reducionista. Ou seja, esse modo de ver e afirmar a identidade nacional baseou-se na fixação de valores que ora idealizam um grupo, ora idealizavam outro. Reconhecer as especificidades dos diferentes contingentes culturais que dão forma à nação brasileira é uma condição fundamental para construirmos uma sociedade justa e solidária, que tenha no diálogo e no respeito ao outro o ponto de partida para a promoção do bem comum. No presente tópico faremos um recorte no mosaico cultural brasileiro, procurando apreender as práticas culturais e os valores de procedência africana que ajudaram a construí-lo. Espera-se que esse exercício contribua para entendermos as nossas próprias fronteiras culturais, estreitando, a partir daí, nossos gestos de cooperação e interação.
  • 4. Essa presença africana, como salienta Roberto Benjamim (2004), mostra-se de maneira concreta quando, por exemplo, em viagens através do País nos deliciamos com o acarajé (bolo de feijão temperado e moído com camarão seco, cebola e sal, frito no azeite-de- dendê), o vatapá (papa de farinha de mandioca temperada com azeite-de-dendê e pimenta), o abará (bolo de feijão e azeite-de-dendê, enrolado em folha de bananeira), o munguzá (feito com milho em grão, podendo ser servido salgado ou doce), o cuscuz (bolo de farinha de milho, arroz ou mandioca cozido no vapor). Os modos de preparar os alimentos demonstram como nossos antepassados africanos investiram na inserção de seus hábitos em nosso cotidiano. O gosto por determinados ingredientes e a sua introdução na cozinha brasileira revelam, de alguma maneira, a necessidade que os africanos tinham de interagir com a realidade que lhes era apresentada. Nesse caso, a troca de sabores representava também uma troca de saberes entre os diferentes grupos da sociedade brasileira. A dança e música brasileira ressoam numa variedade de estilos as heranças africanas, seja na intensidade dos batuques, seja no ritmo sincopado do samba. Os batuques foram praticados em diversas regiões, principalmente naquelas onde a escravidão atuou como impulsionadora das atividades econômicas e sociais. Sob várias denominações, os batuques permitiam aos africanos e aos seus descendentes reafirmar seus laços de pertencimento ao grupo, bem como comentar fatos do cotidiano. Em sua forma mais conhecida, o batuque consiste numa dança em que os participantes se colocam de frente uns para os outros. O ponto alto ocorre quando homens e mulheres se aproximam para o gesto da umbigada.
  • 5. No conjunto das celebrações em que o canto e a dança remetem aos ancestrais africanos e aos santos católicos, há que se destacar o Jongo (Rio de Janeiro, São Paulo) e o Candombe (Minas Gerais). Ambos consistiam em canto e dança acompanhados pelos toques dos tambores. No Jongo os instrumentos são chamados de tambu (tambor maior) e candongueiro (tambor menor), além da inguaia (chocalho). No Candombe, os tambores recebem nomes diferentes nas várias localidades; uma sequência possível de nomes é Santana, Santaninha, jeremia mais o guaia (chocalho) e a puitá (cuíca). O samba, tal como o Blues, apresenta questões que indicam a complexidade de sua formação, desenvolvimento e transformação. A “pequena África”, nome que se dava à casa de Tia Ciata, situada no centro do Rio de Janeiro antigo, funcionou como um lugar de reunião de afro-brasileiros. Desses encontros nasceram atividades que marcaram, passo a passo, a inserção do samba nos grandes centros urbanos. Essa linhagem do samba, entranhada nas vias da cidade, forneceu elementos que ajudaram a configurar o carnaval das grandes escolas e dos desfiles públicos.
  • 6. Na vivência religiosa dos brasileiros, as presenças africanas ~soa profundas e complexas. Por um lado, temos o Candoblé, religião de origem africana ou, como também é chamada, a religião dos orixás. Os orixás, de procedência ioruba, segundo os preceitos sagrados, cuidam de partes específicas do mundo e da natureza. Há orixás que zelam pela colheita, pelo raio, pela chuva, pelo mar, pela afetividade, etc. Entre os mais conhecidos, estão Exu (mensageiro e guardião das encruzilhadas), Ogum (deus da guerra, do ferro e da tecnologia), Xangô (deus da justiça e do trovão), Iemanjá (deusa da maternidade, do mar) Iansã (deusa das tempestades, dos raios, dos ventos), Oxum (deusa da fertilidade, do amor) Nanã (deusa da lama, da terra), Oxalá (deus da criação). Nas sessões de Candomblé, os orixás se manifestam através da incorporação, atuando como intermediários entre os seres humanos e a natureza. Por isso, eles estão inseridos em nossa vida social, atendendo às expectativas de brasileiros e estrangeiros em relação ao sagrado. Por outra parte, temos o Congado, que aproxima heranças africanas de origem banto, aspectos sagrados do catolicismo e, em algumas regiões, aspectos de culturas indígenas. No Congado, os devotos cantam e dançam, ao som dos tambores, para louvar os antepassados, os deuses Zambi e Calunga (divindades do panteão banto) e os santos católicos (entre eles, Nossa Senhora do Rosário, são Benedito, santa Efigênia, são João e são Jorge, etc.). Uma das características do Congado é o cortejo dos ternos ou guardas, que percorrem as ruas, visitam igrejas, cantando e dançando ao som de músicas sagradas. O Congado e Candomblé constituem vivências religiosas nas quais muitos brasileiros de diferentes origens étnicas encontram os valores para se relacionar com o mundo. Como práticas religiosas, o Congado e o Candomblé apresentam uma série de preceitos que, uma vez conhecidos, ajudam os devotos a fazer suas escolhas pessoais e firmar alianças com seus semelhantes. Além disso, essas práticas os situam dentro de uma ordem social que tem nas heranças africanas a base para o diálogo com as demais matrizes culturais da sociedade brasileira.
  • 7. A presença das culturas africanas em nossa vida social não poderia deixar de se expressar também no campo da língua que falamos. Pesquisas como a da professora Sônia Queiroz apontam para a diversidade e a complexidade dessa interferência. Além dos contatos entre os africanos no Brasil que, num primeiro momento, contribuíram para a formação dos “falares de emergência” – no dizer da professora Yeda Pessoa de Castro (ver QUEIROZ, 1998:101) -, há que se considerar os vínculos sociais linguísticos estabelecidos entre negros e brancos. De acordo com Sônia Queiroz, a intensificação desse contato, “verificada sobre tudo a partir do período mineratório, quando o negro é utilizado também no trabalho doméstico, teria gerado novas misturas: o ‘dialeto das minas’, nas vilas de mineração e o ‘dialeto rural’, nas fazendas de gado. O livro A influência africana no português do Brasil, de Renato Mendonça – embora com pontos de vista, conclusões e metodologias de pesquisa passíveis de serem criticados e reinterpretados pelos estudos sociolinguísticos contemporâneos – constitui uma interessante abordagem da relação entre o português e as diferentes línguas africanas. Além disso, a obra trabalha com dados que nos permitem dimensionar a interferência dos africanos e de seus descendentes na língua falada no território brasileiro, de modo particular nas estruturas fonéticas. Vejamos alguns exemplos:
  • 8. ASSIMILAÇÃO • O fonema j passa para a sibilante z: Jesus > Zesús / José > Zosé. ROTACIONISMO • A inexistência do r nas línguas banto originou a substituição do r forte português pela linguodental l ou seu abrandamento em r fraco: rapaz > lapassi / carro > calo. REDUÇÃO • Os dois ditongos ei e ou, por influência africana, reduziram-se na língua popular do Brasil: • ei > ê – cheiro > chêro / peixe > pêxe / beijo > bêjo [...] • ou > ô – lavoura > lavôra / couve > côve / louco > lôco (MENDONÇA, 1973: 61-66)
  • 9. No entanto, pesquisadores como a professora Yeda Pessoa de Castro (2001 e 2002) demonstraram, recentemente, que as interferências africanas no campo da língua vão além dos aspectos sintáticos, fonéticos e morfológicos. Ou seja, as relações das línguas africanas com o português criaram recursos de comunicação que contribuíram para que os afrodescendentes, mas não apenas eles, expressassem sua visão de mundo, suas experiências sociais e suas formulações ideológicas, desde que passaram a se entender como sujeitos pertencentes a uma sociedade multiétnica e multicultural. Ao avanças nessa perspectiva, que vincula os usos da língua às circunstâncias históricas e sociais, Yeda Pessoa levanta uma intrigante questão, que considera relevante a descrição do português e das línguas africanas do grupo banto e Kwa. Segundo ela, o reconhecimento da influência dos africanos em nossa língua e, diríamos nós, também na articulação de um certo perfil da sociedade brasileira envolve a decisão política de admitir a necessidade de trabalhar uma linguística afro-brasileira e buscar mecanismos para implantar, em programas de iniciação científica e de pesquisa, cursos de capacitação docente nas áreas de competência em questão, a fim de legitimar as línguas africanas no Brasil, dando visibilidade aos seus falantes para que possamos recuperar o passo da história que perdemos, ou seja, admitir que o africano adquiriu o português como segunda língua e foi o principal responsável pela difusão da língua portuguesa no território brasileiro (CASTRO, 2001: 78)
  • 10. É importante frisar que o inventário aqui apresentado se abre diante de nós como um mapa social, político e cultural. E como todo mapa, adquire sentido e, realmente aponta direções, quando nos dispomos a interpretá-lo. Veja-se, por exemplo, como a interpretação desse tipo de mapa nos apresenta antigas questões sob novos ângulos – tal é o caso das línguas africanas e suas relações com o português -, indicando que a elaboração de sentido para os fatos constitui uma das mais importantes atividades do sujeito. Por isso, essa tarefa cabe a todos nós que queremos entender-nos como participantes da sociedade brasileira. Sendo assim, além de reconhecer esta ou aquela influência, desse ou daquele grupo cultural, é necessário compreendermos os modos como essas influências contribuíram – e continuam contribuindo – para sermos o que somos, como indivíduos e como sociedade. PEREIRA, Edimilson de Almeida. Malungos na escola: questões sobre culturas afrodescendentes e educação. São Paulo: Paulinas, 2007. p. 22-27