O documento descreve o Livro de Horas do século XIV, notadamente as Riquíssimas Horas do Duque de Berry, iluminado pelos irmãos Limbourg. Contém detalhes sobre as técnicas de iluminura utilizadas e minuciosas representações da vida cotidiana nos calendários do manuscrito.
1. Livro de Horas – séc. XIV
No final do século XIV, os estilos artísticos
evoluiram para o gótico internacional, que
influenciou o conjunto das artes e artesanatos da
Europa ocidental. A finalidade da pintura já não
era contar uma história sagrada da maneira mais
clara e impressionante possível, mas representar
um fragmento da natureza da maneira mais fiel
possível.
Inicia-se o processo de voltar-se para a natureza,
tema retomado com grande expressividade na
Renascença.
2. Página de um Livro de Horas -
Anunciação
Miniatura
Iluminura
3. O livro de horas foi o best seller no
final da Idade Média, e seu uso era
limitado à leitura privada, alheia às
cerimônias públicas e coletivas.
Todos tinham seu Livro de Horas,
muitas vezes o único da estante,
mesmo os analfabetos, que
decoravam suas orações.
4. As Riquíssimas Horas do Duque
de Berry
O mais conhecido e o mais belo entre os Livros de
Horas, foi executado, por encomenda do duque,
pelos irmãos Limbourg. O duque e os artistas,
porém, morreram antes do término da obra, cujas
miniaturas exibem, num colorido luminoso,
admiráveis representações da vida cotidiana.
5. Os Iluminadores
Desde o século XII, começaram a instalar-se nas
principais cidades européias vários ateliês de
iluminura, formados por profissionais que foram
arrebatando as comunidades religiosas a edição
de manuscritos, pondo fim ao secular monopólio
dos mosteiros.
6. A s Riquíssimas Horas foram
pintadas pelos três irmãos
Limbourg — Paul, Hermann e
Jean, artistas flamengos
contratados pelo duque de Berry
por volta de 1405.
7. O s Limbourg utilizaram uma grande variedade de
cores obtidas através de minerais, plantas ou
produtos químicos, misturados com goma arábica
para ligar a tinta. Entre as cores incomuns que
utilizaram estão o verde íris, obtido esmagando-se
flores e massicote (óxido de chumbo), o azul
ultramarino, feito de lápis-lazúli orientais triturados.
Esta cor era usada para representar os azuis
brilhantes. Era, evidentemente, de um valor
inestimável!
O s detalhes extremamente precisos são
característicos do estilo dos Limbourg, que exigia
lupas e pincéis finíssimos.
8. O s quadros seguintes fazem parte
do Calendário das Riquíssimas
Horas. Pintado entre 1412 e 1416,
constitui a mais bela parte do
manuscrito e, certamente, um dos
grandes tesouros da França.
9. Janeiro
O mês dos presentes de Ano Novo.
Em certas famílias, não celebrava-
se o Natal — dava-se a cada ano
um presente, chamado étrennes.
Esta palavra remonta a um
costume romano segundo o qual o
patrão oferecia um subsídio anual
a seus clientes. (do latim strena,
em português resultou estréia.)
10.
11. Fevereiro
O inverno numa aldeia de
camponeses. Vemos os habitantes
se aquecendo junto ao fogo,
enquanto no segundo plano a vida
cotidiana — corte da madeira,
conduzir os animais à feira —
segue seu curso.
12.
13. Março
Primeiros trabalhos agrícolas do
ano, semeadura, lavra e outros. O
castelo que se avista ao fundo é o
de Lusignan, um dos preferidos do
duque.
14.
15. Abril
A chegada da primavera, da
esperança e da vida — a relva está
verde e o jovem casal de noivos
troca os anéis em primeiro plano,
acompanhados de seus familiares
e amigos. O castelo, outro domínio
do duque, é o de Dourdan.
16.
17. Maio
A festa do bonito mês de maio,
durante a qual as pessoas deviam
vestir-se de verde, com a libré de
maio. Os cavaleiros e amazonas
são jovens nobres, entre eles
avistamos príncipes e princesas.
Ao fundo, um castelo que julga-se
ser o Palais de la Cité, em Paris.
18.
19. Junho
Estação da colheita — os
camponeses ceifam os prados em
harmonia. Atrás, o Palais de la Cité
e a Sainte-Chapelle. Esta, situada
à direita, ainda está intacta nos
dias de hoje.
20.
21. Julho
Ainda a colheita: tosam-se ovelhas
e colhe-se o feno. O castelo que se
avista ao fundo é o que se erguia
outrora às margens do Clain, em
Poitiers.
22.
23. Agosto
Mês da falcoaria; os nobres,
levando os falcões, vão à caça,
enquanto que no segundo plano os
camponeses acabam a colheita e
nadam. Atrás deles, o castelo de
Etampes.
24.
25. Setembro
Considerada a mais famosa
iluminura dos Limbourg. Os
camponeses fazem a vindima.
Levam as uvas ao castelo de
Saumur, magnificamente pintados
com inúmeros detalhes.
26.
27. Outubro
Os aldeões se ocupam em lavrar e
semear a terra à sombra do Louvre
— o palácio real de Charles V em
Paris.
28.
29. Novembro
Trata-se da colheita da bolota do
carvalho no outono. Um camponês
derruba com uma vara as bolotas e
frutos da faia, com que seus porcos se
alimentam.
Este quadro foi concluído por Jean
Colombe, após a morte dos irmãos
Limbourg, que pintaram apenas o
tímpano zodiacal na parte superior.
30.
31. Dezembro
Na floresta de Vincennes, famosa
por sua caça, um javali acossado é
decepado pelos cães. Ao fundo, o
castelo de Vincennes, por muito
tempo residência do rei da França.