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Pré-Modernismo (1902- 1922)
Que país é esse?
Profª karin
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
- O avanço científico e tecnológico no início
do século XX traz novas perspectivas à
humanidade.
- As invenções contribuem para um
clima de conforto e praticidade. Afinal, o telefone, a
lâmpada elétrica, o automóvel e o telégrafo
começam a influenciar, definitivamente, a vida das
pessoas.
- Além dessas, a arte mostrou um inovado
meio de comunicação, diversão e entretenimento: o
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- É em meio a tanto progresso que a 1ª
Guerra Mundial eclode. Em meio a tantos
acontecimentos, havia muito que se dizer, e por
isso, a literatura é vasta nos primeiros anos do
século XX.
- Logo, os estilos literários vão desde os
poetas parnasianos e simbolistas (que ainda
produziam) até os que se concentravam na política
e nas peculiaridades de sua região.
Chamamos de Pré-Modernismo a essa fase
de transição literária entre as escolas anteriores e a
ruptura dos novos escritores com as mesmas.
Enquanto a Europa preparava-se para a
guerra, o Brasil vivia a chamada política do “café-
com-leite”, onde os grandes latifundiários do café
dominavam a economia(domínio paulista/mineiro
nas eleições presidenciais).
Ao passo que esta classe dominante e
consumista seguia a moda europeia, as agitações
sociais aconteciam, principalmente no Nordeste.
Na Bahia, ocorre a famosa “Revolta de
Canudos”, que inspirava a obra “Os Sertões” do
escritor Euclides da Cunha. Em 1910, a rebelião
“Revolta da chibata” era liderada por João Cândido,
o “Almirante Negro”, contra os maltratos vividos na
Marinha.
Pré-modernismo
Período que não é um
movimento literário, mas sim
uma época de transição das
estéticas vigentes ainda em fins
do século XIX e início do XX
(Realismo-Naturalismo,
Simbolismo e Parnasianismo)
para o Modernismo.
O fator característico dessa fase
é o nacionalismo temático: um
nacionalismo com olhar crítico,
questionador, muito diferente da
visão idealizada dos românticos e
muito próximo da perspectiva de
país contornada pelo
Modernismo a partir de 1922.
A literatura passa a ser um
instrumento para que os
brasileiros conheçam melhor
o seu Brasil. O fazer literário
se torna uma forma de ação
social.
No entanto, essa literatura
não era a que agradava aos
governantes do país: para
os tais, o texto literário
deveria expor a face bela e
modernizante que o Brasil
vivia.
Era o período da Belle époque -
expressão francesa que
denomina o período entre 1885 e
1918, no qual Paris exportava
cultura e modelos de
comportamento -, e o Brasil
passava por melhorias urbanas,
especialmente no Rio de Janeiro,
então capital brasileira.
Desigualdades sociais
Essa não era, entretanto, a
verdade geral. Havia enormes
diferenças sociais entre as regiões
brasileiras. A literatura então se
engaja e denuncia as inverdades
da propaganda oficial, que
procurava transmitir a sensação
de que a República (1888) era a
chegada da modernidade e da
democracia para o país como um
todo.
Brasil e seus brasis:
desigualdade social
O Brasil não-oficial
Os escritores pré-
modernistas se encarregaram
de revelar o Brasil não-oficial,
não propagandeado, o país
dos contrastes, os locais onde
a modernidade não chega,
inclusive, até os dias de hoje.
Os tipos humanos marginalizados,
como o sertanejo nordestino, o
habitante dos subúrbios cariocas, o
caipira paulista, ganharam espaço -
e com eles a realidade de que faziam
parte. O Brasil encontrou-se com os
diferentes "Brasis" nesse trabalho
de investigação e análise da
realidade cultural.
Características
Ruptura com o passado: inovação nas obras,
rompimento com os moldes pré-estabelecidos
das obras dos períodos anteriores. A linguagem
de Augusto dos Anjos, por exemplo, é cheia de
palavras não-poéticas (cuspe, vômito, escarro,
vermes...), oposição direta ao modelo
parnasiano, ainda em vigor na época.
Denúncia da realidade brasileira: o Brasil deixa
de ser idealizado e os verdadeiros problemas
são mostrados, avesso da idealização
romântica.O Brasil não-oficial dos nordestinos,
caboclos e caipiras é exposto.
Regionalismo: descrição do universo
brasileiro: o norte e nordeste são
mostrados por meio da obra de Euclides
do Cunha; o interior paulista com
Monteiro Lobato; o Espírito Santo com
Graça Aranha e o subúrbio carioca com
Lima Barreto.
Ligação com fatos políticos,
econômicos e sociais: diminui a
distância entre a realidade e a ficção.
Em Triste fim de Policarpo Quaresma,
de Lima Barreto, por exemplo, é
retratado o governo de Floriano
Peixoto e a Revolta da Armada; Os
Sertões, de Euclides da Cunha,
demonstra a crueldade da Guerra de
Canudos; Canaã, de Graça Aranha,
documenta a imigração alemã no
Espírito Santo.
O marco do Pré-Modenismo no Brasil é a publicação, em
1902, de Os Sertões, obra na qual Euclides da Cunha
denuncia o absurdo da Guerra de Canudos. Com forte teor
determinista, segundo o qual o homem é fruto do meio, é o
primeiro pré-modernista a aproximar literatura e História. A
estrutura do livro é a seguinte:
•A terra: caracteriza o sertão nordestino: clima, solo, relevo,
vegetação...
•O homem: quem é o sertanejo e quem foi Antônio
Conselheiro.
•A luta: confronto: narração da luta entre as tropas oficiais
e os seguidores de Conselheiro. O livro termina com a
descrição da queda do Arraial de Canudos e a destruição
de todas as casas erguidas no local.
Mapa do estado da Bahia
com destaque para uma
cidadezinha quase na
fronteira com o Estado de
Pernambuco, que leva o
nome da histórica
Canudos, a 10 km da
cidade original
A Guerra de Canudos
ocorreu entre os anos de 1896
e 1897 no sertão da Bahia.
Seu líder messiânico foi
Antônio Conselheiro, que
estabeleceu uma comunidade
em Canudos. Seu intuito era
governá-la e torna-lá auto-
sustentável.
A Guerra de Canudos foi um conflito singular na
história dos primeiros anos do Brasil República, que
aconteceu no período do governo do primeiro
presidente civil da história de nosso país: presidente
Prudente de Moraes (1894-1898).
Após quatro expedições militares, no dia 5 de outubro
de 1897, um ano de incensáveis lutas e uma feroz
resistência por parte de seus defensores, o arraial
chamado Belomonte, fundado por Antônio
Conselheiro no Nordeste da Bahia, foi finalmente
tomado pelo exército.
Os número final de mortes na
Guerra de Canudos é assustador.
Mais de 5.000 homens mortos em
batalha. Ao fim da guerra, um dos
aspectos positivos foi a volta do
debate sobre o povo sertanejo no
Brasil. Milhares de homens que
tentavam sobreviver à miséria e à
falta de recursos.
Dois olhares sobre um mesmo conflito:
Euclides da Cunha, no final de Os Sertões, registrava:
“Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a
história, resistiu até ao esgotamento completo.
Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do
termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram
os seus últimos defensores, todos morreram.
Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos
e uma criança, na frente dos quais rugiam
raivosamente 5 mil soldados.
Forremo-nos à tarefa de descrever os seus
últimos momentos. Nem poderíamos fazê-lo. Esta
página, imaginamo-la sempre profundamente
emocionante e trágica; mas cerramo-la vacilante e
sem brilhos...”
Já Olavo Bilac, poeta parnasiano, escrevendo
sobre o mesmo episódio, comemorava:
“Enfim, arrasada a cidadela maldita!enfim,
dominado o antro negro, cavado no centro do
robusto sertão, onde o Profeta das longas
barbas sujas concentrava sua força diabólica,
feita de fé e de patifaria, alimentada pela
superstição e pela rapinagem…”
Antônio Conselheiro:
“O sertão vai virar mar”
•Hoje, o arraial de Canudos, à beira do rio
Vaza-barris, em pleno sertão baiano,
encontra-se submerso nas águas do açude
de Cocorobó.
•
• E mais: para reforçar a profecia do
beato, outra imensa região do sertão
baiano virou mar. No vale do rio São
Francisco foi construída a imensa
barragem de Sobradinho, deixando
submersas várias cidades.
Outros autores
Lima Barreto: a vida nos subúrbios
cariocas. Afonso Henriques de Lima
Barreto nasceu no Rio de Janeiro em
13 de maio de 1881. Era mestiço,
pobre e socialista, vítima de toda
sorte de preconceitos. Teve também
problemas com alcoolismo, o que
resultou em sua internação em um
hospício, entre 1914 e 1919. Morreu
em 1922.
LIMA BARRETO
O romance mais conhecido do autor
é Triste fim de Policarpo Quaresma.
Policarpo é considerado o Dom
Quixote Nacional: aquele que
acredita em um ideal, se dá por ele,
não busca vantagens pessoais e,
por causa desse mesmo idealismo,
é tido como louco, quando na
verdade, é apenas alguém puro de
intenções.
Monteiro Lobato: descrição do
caipira paulista; denúncia da
realidade brasileira
Autor das famosas histórias do Sítio
do Pica-pau Amarelo, viveu no interior
e pôde observar as dificuldades e os
vícios característicos da vida rural,
fatos desconhecidos do Brasil
"oficial".
No livro Urupês (1918), Lobato traça o
perfil do caipira que vivia pelo interior
de São Paulo. É nessa obra que dá
forma ao Jeca Tatu, símbolo do atraso
e da miséria do caboclo brasileiro.
Augusto dos Anjos: a marca da
angústia e do pessimismo (o poeta
do desencanto)
•Autor que recebeu influência de
várias estéticas, mas não se limita
a nenhuma: do Simbolismo
recupera o gosto pelas imagens
fortes, que despertam sensações,
(no caso do autor, de asco e horror)
e a preocupação com a construção
formal do poema.
linguagem singular
•O uso de termos científicos marca a
inspiração do Naturalismo. A
preferência pelo soneto traz ecos do
Parnasianismo. É por essa fusão de
escolas literárias que é difícil rotulá-
lo como pertencente à uma
determinada escola.
“Tome, Dr., esta tesoura, e ... corte
Minha singularíssima pessoa.
Que importa a mim que a bicharia
roa
Todo meu coração, depois da
morte?!”
Resumo das
características
As duas principais características desse
movimento são:
conservadorismo – que cultivavam os
valores naturalistas(observação fiel da
realidade , mostrando que o indivíduo é
determinado pelo ambiente e pela
hereditariedade;
renovação – falavam sobre a realidade
brasileira e as tensões vividas pela
sociedade do período e os dilemas vividos
pela sociedade na época.
Ruptura com o passado
Os autores adotaram inovações que feriam o
academicismo.
Regionalismo
A realidade rural brasileira é exposta sem os traços
idealizadores do Romantismo. A miséria do homem
do campo é apresentada de forma chocante.
Literatura-denúncia
Os livros são escritos em tom de denúncia da
realidade brasileira. O Brasil oficial (cidades da
Região Sul, belezas do litoral, aspectos positivos da
civilização urbana) é substituído por um Brasil não-
oficial (sertão nordestino, caboclos interioranos,
realidade dos subúrbios).
Contemporaneidade
A literatura retrata fatos políticos, situação econômica e social
contemporâneos, diminuindo a distância entre realidade e
ficção. Vejamos obras e autores que exemplificam isso:
a) Triste fim de Policarpo Quaresma, de LIma Barreto –
Retrata o governo de Floriano Peixoto e a Revolta da
Armada.
b) Os Sertões, de Euclides da Cunha – Faz um relato da
Guerra de Canudos, mostrando-a como uma das primeiras
manifestações pela terra no Brasil.
c) Cidades Mortas, de Monteiro Lobato – Mostra a
passagem do café pelo Vale do Paraíba paulista.
d) Canaã, de Graça Aranha – Exibe um documento sobre a
imigração alemã no Espírito Santo.
Euclides da Cunha (1866-
1909) - carioca
Obras:
Os Sertões (1902) - Retrata a Guerra
dos Canudos, sendo publicado nos
seguintes idiomas: alemão, chinês,
francês, inglês, dinamarquês,
espanhol, holandês, italiano e sueco.
Contrastes e Confrontos (1907) - Pode-
se dizer que é uma obra científica e
uma obra de arte. Trata-se de uma
obra única na história das letras
brasileiras.
À Margem da História (1909) -
Publicação póstuma, reúne os artigos
de Euclides sobre a Amazônia antes e
após sua viagem à região. Os ensaios
amazônicos reforçam a tese de uma
formação histórica marcada por
contrastes e antagonismos. O dever da
ciência e dos intelectuais era, para
Euclides da Cunha, promover o
encontro entre Estado e nação.
Monteiro Lobato
(1882-1948)
Obras:
Urupês (1918) - Aborda a decadência da
agricultura no Vale do Paraíba, após o
“ciclo” do café.
Idéias de Jeca Tatu (1919) - História de
Vilela, Camilo e Rita envolvidos em um
triângulo amoroso.
A Menina do Narizinho Arrebitado
(1920) - Tem como personagens
principais Emília e Narizinho em mais
uma de suas histórias inéditas.
O Pica-Pau Amarelo (1939) - Aborda a
Turma do Sítio (Emília, Narizinho,
Pedrinho, Marquês de Rabicó,
Conselheiro, Quindim, Visconde de
Sabugosa, Dona Benta, Tia Nastácia, Tio
Barnabé, Cuca, Saci, etc) vivendo
situações e aventuras que mexem com
a imaginação da criançada.
Lima Barreto (1881-
1922) - carioca
Obras:
Recordações do Escrivão Isaías
Caminha (romance – 1909)
Triste Fim de Policarpo Quaresma
(romance – 1911)
Numa e Ninfa (romance – 1915)
Morte e M. J. Gonzaga de Sá
(romance – 1919)
Os Bruzundangas (crônica – 1923)
Clara dos Anjos (romance – 1924)
Histórias e Sonhos (contos – 1956)
Diário Íntimo (memórias – 1956)
Cemitério dos Vivos (memórias –
1956)
AUGUSTO DOS ANJOS
(1884-1914)
PARAIBANO
OBRAS:
Saudade (poema - 1900) - Mostra que
tanto os atos bons quanto os ruins do
passado de alguém são necessários
para completar o indivíduo.
Eu e Outras Poesias (único livro de
poemas - 1912) - Articula o trinômio
como reflexo de um momento histórico
marcado por um sentimento de perda,
um mal-estar disseminado entre os
intelectuais, uma angústia diante da
falência da Civilização Ocidental e dos
ideais do Progresso.
Psicologia de um Vencido (soneto) -
Com o uso de palavras rebuscadas e
repleto de simbolismo, este soneto
aborda o pessimismo marcante e
retrata a tragédia da morte com
naturalidade.
Versos íntimos - Como todos os outros
poemas e sonetos de Anjos, este
também aborda a morte e o próprio
"eu" o centro do seu pensamento.
Graça Aranha (1868-
1931) – maranhense
Obras:
Canaã (1902/romance)
Estética da Vida (1921/ensaio)
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Pré-Modernismo: período de transição entre estéticas do séc. XIX e o Modernismo

  • 1. Pré-Modernismo (1902- 1922) Que país é esse? Profª karin
  • 2.
  • 3. Que país é esse?
  • 4. Que país é esse?
  • 5. Que país é esse?
  • 6. - O avanço científico e tecnológico no início do século XX traz novas perspectivas à humanidade. - As invenções contribuem para um clima de conforto e praticidade. Afinal, o telefone, a lâmpada elétrica, o automóvel e o telégrafo começam a influenciar, definitivamente, a vida das pessoas. - Além dessas, a arte mostrou um inovado meio de comunicação, diversão e entretenimento: o cinema.
  • 7. - É em meio a tanto progresso que a 1ª Guerra Mundial eclode. Em meio a tantos acontecimentos, havia muito que se dizer, e por isso, a literatura é vasta nos primeiros anos do século XX. - Logo, os estilos literários vão desde os poetas parnasianos e simbolistas (que ainda produziam) até os que se concentravam na política e nas peculiaridades de sua região. Chamamos de Pré-Modernismo a essa fase de transição literária entre as escolas anteriores e a ruptura dos novos escritores com as mesmas.
  • 8. Enquanto a Europa preparava-se para a guerra, o Brasil vivia a chamada política do “café- com-leite”, onde os grandes latifundiários do café dominavam a economia(domínio paulista/mineiro nas eleições presidenciais). Ao passo que esta classe dominante e consumista seguia a moda europeia, as agitações sociais aconteciam, principalmente no Nordeste.
  • 9. Na Bahia, ocorre a famosa “Revolta de Canudos”, que inspirava a obra “Os Sertões” do escritor Euclides da Cunha. Em 1910, a rebelião “Revolta da chibata” era liderada por João Cândido, o “Almirante Negro”, contra os maltratos vividos na Marinha.
  • 10. Pré-modernismo Período que não é um movimento literário, mas sim uma época de transição das estéticas vigentes ainda em fins do século XIX e início do XX (Realismo-Naturalismo, Simbolismo e Parnasianismo) para o Modernismo.
  • 11. O fator característico dessa fase é o nacionalismo temático: um nacionalismo com olhar crítico, questionador, muito diferente da visão idealizada dos românticos e muito próximo da perspectiva de país contornada pelo Modernismo a partir de 1922.
  • 12. A literatura passa a ser um instrumento para que os brasileiros conheçam melhor o seu Brasil. O fazer literário se torna uma forma de ação social.
  • 13. No entanto, essa literatura não era a que agradava aos governantes do país: para os tais, o texto literário deveria expor a face bela e modernizante que o Brasil vivia.
  • 14. Era o período da Belle époque - expressão francesa que denomina o período entre 1885 e 1918, no qual Paris exportava cultura e modelos de comportamento -, e o Brasil passava por melhorias urbanas, especialmente no Rio de Janeiro, então capital brasileira.
  • 15.
  • 16. Desigualdades sociais Essa não era, entretanto, a verdade geral. Havia enormes diferenças sociais entre as regiões brasileiras. A literatura então se engaja e denuncia as inverdades da propaganda oficial, que procurava transmitir a sensação de que a República (1888) era a chegada da modernidade e da democracia para o país como um todo.
  • 17. Brasil e seus brasis: desigualdade social
  • 18. O Brasil não-oficial Os escritores pré- modernistas se encarregaram de revelar o Brasil não-oficial, não propagandeado, o país dos contrastes, os locais onde a modernidade não chega, inclusive, até os dias de hoje.
  • 19. Os tipos humanos marginalizados, como o sertanejo nordestino, o habitante dos subúrbios cariocas, o caipira paulista, ganharam espaço - e com eles a realidade de que faziam parte. O Brasil encontrou-se com os diferentes "Brasis" nesse trabalho de investigação e análise da realidade cultural.
  • 20. Características Ruptura com o passado: inovação nas obras, rompimento com os moldes pré-estabelecidos das obras dos períodos anteriores. A linguagem de Augusto dos Anjos, por exemplo, é cheia de palavras não-poéticas (cuspe, vômito, escarro, vermes...), oposição direta ao modelo parnasiano, ainda em vigor na época. Denúncia da realidade brasileira: o Brasil deixa de ser idealizado e os verdadeiros problemas são mostrados, avesso da idealização romântica.O Brasil não-oficial dos nordestinos, caboclos e caipiras é exposto.
  • 21. Regionalismo: descrição do universo brasileiro: o norte e nordeste são mostrados por meio da obra de Euclides do Cunha; o interior paulista com Monteiro Lobato; o Espírito Santo com Graça Aranha e o subúrbio carioca com Lima Barreto.
  • 22. Ligação com fatos políticos, econômicos e sociais: diminui a distância entre a realidade e a ficção. Em Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, por exemplo, é retratado o governo de Floriano Peixoto e a Revolta da Armada; Os Sertões, de Euclides da Cunha, demonstra a crueldade da Guerra de Canudos; Canaã, de Graça Aranha, documenta a imigração alemã no Espírito Santo.
  • 23. O marco do Pré-Modenismo no Brasil é a publicação, em 1902, de Os Sertões, obra na qual Euclides da Cunha denuncia o absurdo da Guerra de Canudos. Com forte teor determinista, segundo o qual o homem é fruto do meio, é o primeiro pré-modernista a aproximar literatura e História. A estrutura do livro é a seguinte: •A terra: caracteriza o sertão nordestino: clima, solo, relevo, vegetação... •O homem: quem é o sertanejo e quem foi Antônio Conselheiro. •A luta: confronto: narração da luta entre as tropas oficiais e os seguidores de Conselheiro. O livro termina com a descrição da queda do Arraial de Canudos e a destruição de todas as casas erguidas no local.
  • 24.
  • 25.
  • 26.
  • 27. Mapa do estado da Bahia com destaque para uma cidadezinha quase na fronteira com o Estado de Pernambuco, que leva o nome da histórica Canudos, a 10 km da cidade original
  • 28. A Guerra de Canudos ocorreu entre os anos de 1896 e 1897 no sertão da Bahia. Seu líder messiânico foi Antônio Conselheiro, que estabeleceu uma comunidade em Canudos. Seu intuito era governá-la e torna-lá auto- sustentável.
  • 29. A Guerra de Canudos foi um conflito singular na história dos primeiros anos do Brasil República, que aconteceu no período do governo do primeiro presidente civil da história de nosso país: presidente Prudente de Moraes (1894-1898). Após quatro expedições militares, no dia 5 de outubro de 1897, um ano de incensáveis lutas e uma feroz resistência por parte de seus defensores, o arraial chamado Belomonte, fundado por Antônio Conselheiro no Nordeste da Bahia, foi finalmente tomado pelo exército.
  • 30. Os número final de mortes na Guerra de Canudos é assustador. Mais de 5.000 homens mortos em batalha. Ao fim da guerra, um dos aspectos positivos foi a volta do debate sobre o povo sertanejo no Brasil. Milhares de homens que tentavam sobreviver à miséria e à falta de recursos.
  • 31. Dois olhares sobre um mesmo conflito: Euclides da Cunha, no final de Os Sertões, registrava: “Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados. Forremo-nos à tarefa de descrever os seus últimos momentos. Nem poderíamos fazê-lo. Esta página, imaginamo-la sempre profundamente emocionante e trágica; mas cerramo-la vacilante e sem brilhos...”
  • 32. Já Olavo Bilac, poeta parnasiano, escrevendo sobre o mesmo episódio, comemorava: “Enfim, arrasada a cidadela maldita!enfim, dominado o antro negro, cavado no centro do robusto sertão, onde o Profeta das longas barbas sujas concentrava sua força diabólica, feita de fé e de patifaria, alimentada pela superstição e pela rapinagem…”
  • 34.
  • 35. •Hoje, o arraial de Canudos, à beira do rio Vaza-barris, em pleno sertão baiano, encontra-se submerso nas águas do açude de Cocorobó. • • E mais: para reforçar a profecia do beato, outra imensa região do sertão baiano virou mar. No vale do rio São Francisco foi construída a imensa barragem de Sobradinho, deixando submersas várias cidades.
  • 36. Outros autores Lima Barreto: a vida nos subúrbios cariocas. Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro em 13 de maio de 1881. Era mestiço, pobre e socialista, vítima de toda sorte de preconceitos. Teve também problemas com alcoolismo, o que resultou em sua internação em um hospício, entre 1914 e 1919. Morreu em 1922.
  • 37. LIMA BARRETO O romance mais conhecido do autor é Triste fim de Policarpo Quaresma. Policarpo é considerado o Dom Quixote Nacional: aquele que acredita em um ideal, se dá por ele, não busca vantagens pessoais e, por causa desse mesmo idealismo, é tido como louco, quando na verdade, é apenas alguém puro de intenções.
  • 38. Monteiro Lobato: descrição do caipira paulista; denúncia da realidade brasileira Autor das famosas histórias do Sítio do Pica-pau Amarelo, viveu no interior e pôde observar as dificuldades e os vícios característicos da vida rural, fatos desconhecidos do Brasil "oficial". No livro Urupês (1918), Lobato traça o perfil do caipira que vivia pelo interior de São Paulo. É nessa obra que dá forma ao Jeca Tatu, símbolo do atraso e da miséria do caboclo brasileiro.
  • 39. Augusto dos Anjos: a marca da angústia e do pessimismo (o poeta do desencanto) •Autor que recebeu influência de várias estéticas, mas não se limita a nenhuma: do Simbolismo recupera o gosto pelas imagens fortes, que despertam sensações, (no caso do autor, de asco e horror) e a preocupação com a construção formal do poema.
  • 40. linguagem singular •O uso de termos científicos marca a inspiração do Naturalismo. A preferência pelo soneto traz ecos do Parnasianismo. É por essa fusão de escolas literárias que é difícil rotulá- lo como pertencente à uma determinada escola.
  • 41. “Tome, Dr., esta tesoura, e ... corte Minha singularíssima pessoa. Que importa a mim que a bicharia roa Todo meu coração, depois da morte?!”
  • 42.
  • 44. As duas principais características desse movimento são: conservadorismo – que cultivavam os valores naturalistas(observação fiel da realidade , mostrando que o indivíduo é determinado pelo ambiente e pela hereditariedade; renovação – falavam sobre a realidade brasileira e as tensões vividas pela sociedade do período e os dilemas vividos pela sociedade na época.
  • 45. Ruptura com o passado Os autores adotaram inovações que feriam o academicismo. Regionalismo A realidade rural brasileira é exposta sem os traços idealizadores do Romantismo. A miséria do homem do campo é apresentada de forma chocante. Literatura-denúncia Os livros são escritos em tom de denúncia da realidade brasileira. O Brasil oficial (cidades da Região Sul, belezas do litoral, aspectos positivos da civilização urbana) é substituído por um Brasil não- oficial (sertão nordestino, caboclos interioranos, realidade dos subúrbios).
  • 46. Contemporaneidade A literatura retrata fatos políticos, situação econômica e social contemporâneos, diminuindo a distância entre realidade e ficção. Vejamos obras e autores que exemplificam isso: a) Triste fim de Policarpo Quaresma, de LIma Barreto – Retrata o governo de Floriano Peixoto e a Revolta da Armada. b) Os Sertões, de Euclides da Cunha – Faz um relato da Guerra de Canudos, mostrando-a como uma das primeiras manifestações pela terra no Brasil. c) Cidades Mortas, de Monteiro Lobato – Mostra a passagem do café pelo Vale do Paraíba paulista. d) Canaã, de Graça Aranha – Exibe um documento sobre a imigração alemã no Espírito Santo.
  • 47. Euclides da Cunha (1866- 1909) - carioca Obras: Os Sertões (1902) - Retrata a Guerra dos Canudos, sendo publicado nos seguintes idiomas: alemão, chinês, francês, inglês, dinamarquês, espanhol, holandês, italiano e sueco. Contrastes e Confrontos (1907) - Pode- se dizer que é uma obra científica e uma obra de arte. Trata-se de uma obra única na história das letras brasileiras. À Margem da História (1909) - Publicação póstuma, reúne os artigos de Euclides sobre a Amazônia antes e após sua viagem à região. Os ensaios amazônicos reforçam a tese de uma formação histórica marcada por contrastes e antagonismos. O dever da ciência e dos intelectuais era, para Euclides da Cunha, promover o encontro entre Estado e nação.
  • 48. Monteiro Lobato (1882-1948) Obras: Urupês (1918) - Aborda a decadência da agricultura no Vale do Paraíba, após o “ciclo” do café. Idéias de Jeca Tatu (1919) - História de Vilela, Camilo e Rita envolvidos em um triângulo amoroso. A Menina do Narizinho Arrebitado (1920) - Tem como personagens principais Emília e Narizinho em mais uma de suas histórias inéditas. O Pica-Pau Amarelo (1939) - Aborda a Turma do Sítio (Emília, Narizinho, Pedrinho, Marquês de Rabicó, Conselheiro, Quindim, Visconde de Sabugosa, Dona Benta, Tia Nastácia, Tio Barnabé, Cuca, Saci, etc) vivendo situações e aventuras que mexem com a imaginação da criançada.
  • 49. Lima Barreto (1881- 1922) - carioca Obras: Recordações do Escrivão Isaías Caminha (romance – 1909) Triste Fim de Policarpo Quaresma (romance – 1911) Numa e Ninfa (romance – 1915) Morte e M. J. Gonzaga de Sá (romance – 1919) Os Bruzundangas (crônica – 1923) Clara dos Anjos (romance – 1924) Histórias e Sonhos (contos – 1956) Diário Íntimo (memórias – 1956) Cemitério dos Vivos (memórias – 1956)
  • 50. AUGUSTO DOS ANJOS (1884-1914) PARAIBANO OBRAS: Saudade (poema - 1900) - Mostra que tanto os atos bons quanto os ruins do passado de alguém são necessários para completar o indivíduo. Eu e Outras Poesias (único livro de poemas - 1912) - Articula o trinômio como reflexo de um momento histórico marcado por um sentimento de perda, um mal-estar disseminado entre os intelectuais, uma angústia diante da falência da Civilização Ocidental e dos ideais do Progresso. Psicologia de um Vencido (soneto) - Com o uso de palavras rebuscadas e repleto de simbolismo, este soneto aborda o pessimismo marcante e retrata a tragédia da morte com naturalidade. Versos íntimos - Como todos os outros poemas e sonetos de Anjos, este também aborda a morte e o próprio "eu" o centro do seu pensamento.
  • 51. Graça Aranha (1868- 1931) – maranhense Obras: Canaã (1902/romance) Estética da Vida (1921/ensaio) Espírito Moderno (1925/ensaio) A Viagem Maravilhosa (1927/romance)
  • 52. Simões Lopes Neto 1865-1916 - gaúcho Obras: