6. - O avanço científico e tecnológico no início
do século XX traz novas perspectivas à
humanidade.
- As invenções contribuem para um
clima de conforto e praticidade. Afinal, o telefone, a
lâmpada elétrica, o automóvel e o telégrafo
começam a influenciar, definitivamente, a vida das
pessoas.
- Além dessas, a arte mostrou um inovado
meio de comunicação, diversão e entretenimento: o
cinema.
7. - É em meio a tanto progresso que a 1ª
Guerra Mundial eclode. Em meio a tantos
acontecimentos, havia muito que se dizer, e por
isso, a literatura é vasta nos primeiros anos do
século XX.
- Logo, os estilos literários vão desde os
poetas parnasianos e simbolistas (que ainda
produziam) até os que se concentravam na política
e nas peculiaridades de sua região.
Chamamos de Pré-Modernismo a essa fase
de transição literária entre as escolas anteriores e a
ruptura dos novos escritores com as mesmas.
8. Enquanto a Europa preparava-se para a
guerra, o Brasil vivia a chamada política do “café-
com-leite”, onde os grandes latifundiários do café
dominavam a economia(domínio paulista/mineiro
nas eleições presidenciais).
Ao passo que esta classe dominante e
consumista seguia a moda europeia, as agitações
sociais aconteciam, principalmente no Nordeste.
9. Na Bahia, ocorre a famosa “Revolta de
Canudos”, que inspirava a obra “Os Sertões” do
escritor Euclides da Cunha. Em 1910, a rebelião
“Revolta da chibata” era liderada por João Cândido,
o “Almirante Negro”, contra os maltratos vividos na
Marinha.
10. Pré-modernismo
Período que não é um
movimento literário, mas sim
uma época de transição das
estéticas vigentes ainda em fins
do século XIX e início do XX
(Realismo-Naturalismo,
Simbolismo e Parnasianismo)
para o Modernismo.
11. O fator característico dessa fase
é o nacionalismo temático: um
nacionalismo com olhar crítico,
questionador, muito diferente da
visão idealizada dos românticos e
muito próximo da perspectiva de
país contornada pelo
Modernismo a partir de 1922.
12. A literatura passa a ser um
instrumento para que os
brasileiros conheçam melhor
o seu Brasil. O fazer literário
se torna uma forma de ação
social.
13. No entanto, essa literatura
não era a que agradava aos
governantes do país: para
os tais, o texto literário
deveria expor a face bela e
modernizante que o Brasil
vivia.
14. Era o período da Belle époque -
expressão francesa que
denomina o período entre 1885 e
1918, no qual Paris exportava
cultura e modelos de
comportamento -, e o Brasil
passava por melhorias urbanas,
especialmente no Rio de Janeiro,
então capital brasileira.
15.
16. Desigualdades sociais
Essa não era, entretanto, a
verdade geral. Havia enormes
diferenças sociais entre as regiões
brasileiras. A literatura então se
engaja e denuncia as inverdades
da propaganda oficial, que
procurava transmitir a sensação
de que a República (1888) era a
chegada da modernidade e da
democracia para o país como um
todo.
18. O Brasil não-oficial
Os escritores pré-
modernistas se encarregaram
de revelar o Brasil não-oficial,
não propagandeado, o país
dos contrastes, os locais onde
a modernidade não chega,
inclusive, até os dias de hoje.
19. Os tipos humanos marginalizados,
como o sertanejo nordestino, o
habitante dos subúrbios cariocas, o
caipira paulista, ganharam espaço -
e com eles a realidade de que faziam
parte. O Brasil encontrou-se com os
diferentes "Brasis" nesse trabalho
de investigação e análise da
realidade cultural.
20. Características
Ruptura com o passado: inovação nas obras,
rompimento com os moldes pré-estabelecidos
das obras dos períodos anteriores. A linguagem
de Augusto dos Anjos, por exemplo, é cheia de
palavras não-poéticas (cuspe, vômito, escarro,
vermes...), oposição direta ao modelo
parnasiano, ainda em vigor na época.
Denúncia da realidade brasileira: o Brasil deixa
de ser idealizado e os verdadeiros problemas
são mostrados, avesso da idealização
romântica.O Brasil não-oficial dos nordestinos,
caboclos e caipiras é exposto.
21. Regionalismo: descrição do universo
brasileiro: o norte e nordeste são
mostrados por meio da obra de Euclides
do Cunha; o interior paulista com
Monteiro Lobato; o Espírito Santo com
Graça Aranha e o subúrbio carioca com
Lima Barreto.
22. Ligação com fatos políticos,
econômicos e sociais: diminui a
distância entre a realidade e a ficção.
Em Triste fim de Policarpo Quaresma,
de Lima Barreto, por exemplo, é
retratado o governo de Floriano
Peixoto e a Revolta da Armada; Os
Sertões, de Euclides da Cunha,
demonstra a crueldade da Guerra de
Canudos; Canaã, de Graça Aranha,
documenta a imigração alemã no
Espírito Santo.
23. O marco do Pré-Modenismo no Brasil é a publicação, em
1902, de Os Sertões, obra na qual Euclides da Cunha
denuncia o absurdo da Guerra de Canudos. Com forte teor
determinista, segundo o qual o homem é fruto do meio, é o
primeiro pré-modernista a aproximar literatura e História. A
estrutura do livro é a seguinte:
•A terra: caracteriza o sertão nordestino: clima, solo, relevo,
vegetação...
•O homem: quem é o sertanejo e quem foi Antônio
Conselheiro.
•A luta: confronto: narração da luta entre as tropas oficiais
e os seguidores de Conselheiro. O livro termina com a
descrição da queda do Arraial de Canudos e a destruição
de todas as casas erguidas no local.
24.
25.
26.
27. Mapa do estado da Bahia
com destaque para uma
cidadezinha quase na
fronteira com o Estado de
Pernambuco, que leva o
nome da histórica
Canudos, a 10 km da
cidade original
28. A Guerra de Canudos
ocorreu entre os anos de 1896
e 1897 no sertão da Bahia.
Seu líder messiânico foi
Antônio Conselheiro, que
estabeleceu uma comunidade
em Canudos. Seu intuito era
governá-la e torna-lá auto-
sustentável.
29. A Guerra de Canudos foi um conflito singular na
história dos primeiros anos do Brasil República, que
aconteceu no período do governo do primeiro
presidente civil da história de nosso país: presidente
Prudente de Moraes (1894-1898).
Após quatro expedições militares, no dia 5 de outubro
de 1897, um ano de incensáveis lutas e uma feroz
resistência por parte de seus defensores, o arraial
chamado Belomonte, fundado por Antônio
Conselheiro no Nordeste da Bahia, foi finalmente
tomado pelo exército.
30. Os número final de mortes na
Guerra de Canudos é assustador.
Mais de 5.000 homens mortos em
batalha. Ao fim da guerra, um dos
aspectos positivos foi a volta do
debate sobre o povo sertanejo no
Brasil. Milhares de homens que
tentavam sobreviver à miséria e à
falta de recursos.
31. Dois olhares sobre um mesmo conflito:
Euclides da Cunha, no final de Os Sertões, registrava:
“Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a
história, resistiu até ao esgotamento completo.
Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do
termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram
os seus últimos defensores, todos morreram.
Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos
e uma criança, na frente dos quais rugiam
raivosamente 5 mil soldados.
Forremo-nos à tarefa de descrever os seus
últimos momentos. Nem poderíamos fazê-lo. Esta
página, imaginamo-la sempre profundamente
emocionante e trágica; mas cerramo-la vacilante e
sem brilhos...”
32. Já Olavo Bilac, poeta parnasiano, escrevendo
sobre o mesmo episódio, comemorava:
“Enfim, arrasada a cidadela maldita!enfim,
dominado o antro negro, cavado no centro do
robusto sertão, onde o Profeta das longas
barbas sujas concentrava sua força diabólica,
feita de fé e de patifaria, alimentada pela
superstição e pela rapinagem…”
35. •Hoje, o arraial de Canudos, à beira do rio
Vaza-barris, em pleno sertão baiano,
encontra-se submerso nas águas do açude
de Cocorobó.
•
• E mais: para reforçar a profecia do
beato, outra imensa região do sertão
baiano virou mar. No vale do rio São
Francisco foi construída a imensa
barragem de Sobradinho, deixando
submersas várias cidades.
36. Outros autores
Lima Barreto: a vida nos subúrbios
cariocas. Afonso Henriques de Lima
Barreto nasceu no Rio de Janeiro em
13 de maio de 1881. Era mestiço,
pobre e socialista, vítima de toda
sorte de preconceitos. Teve também
problemas com alcoolismo, o que
resultou em sua internação em um
hospício, entre 1914 e 1919. Morreu
em 1922.
37. LIMA BARRETO
O romance mais conhecido do autor
é Triste fim de Policarpo Quaresma.
Policarpo é considerado o Dom
Quixote Nacional: aquele que
acredita em um ideal, se dá por ele,
não busca vantagens pessoais e,
por causa desse mesmo idealismo,
é tido como louco, quando na
verdade, é apenas alguém puro de
intenções.
38. Monteiro Lobato: descrição do
caipira paulista; denúncia da
realidade brasileira
Autor das famosas histórias do Sítio
do Pica-pau Amarelo, viveu no interior
e pôde observar as dificuldades e os
vícios característicos da vida rural,
fatos desconhecidos do Brasil
"oficial".
No livro Urupês (1918), Lobato traça o
perfil do caipira que vivia pelo interior
de São Paulo. É nessa obra que dá
forma ao Jeca Tatu, símbolo do atraso
e da miséria do caboclo brasileiro.
39. Augusto dos Anjos: a marca da
angústia e do pessimismo (o poeta
do desencanto)
•Autor que recebeu influência de
várias estéticas, mas não se limita
a nenhuma: do Simbolismo
recupera o gosto pelas imagens
fortes, que despertam sensações,
(no caso do autor, de asco e horror)
e a preocupação com a construção
formal do poema.
40. linguagem singular
•O uso de termos científicos marca a
inspiração do Naturalismo. A
preferência pelo soneto traz ecos do
Parnasianismo. É por essa fusão de
escolas literárias que é difícil rotulá-
lo como pertencente à uma
determinada escola.
41. “Tome, Dr., esta tesoura, e ... corte
Minha singularíssima pessoa.
Que importa a mim que a bicharia
roa
Todo meu coração, depois da
morte?!”
44. As duas principais características desse
movimento são:
conservadorismo – que cultivavam os
valores naturalistas(observação fiel da
realidade , mostrando que o indivíduo é
determinado pelo ambiente e pela
hereditariedade;
renovação – falavam sobre a realidade
brasileira e as tensões vividas pela
sociedade do período e os dilemas vividos
pela sociedade na época.
45. Ruptura com o passado
Os autores adotaram inovações que feriam o
academicismo.
Regionalismo
A realidade rural brasileira é exposta sem os traços
idealizadores do Romantismo. A miséria do homem
do campo é apresentada de forma chocante.
Literatura-denúncia
Os livros são escritos em tom de denúncia da
realidade brasileira. O Brasil oficial (cidades da
Região Sul, belezas do litoral, aspectos positivos da
civilização urbana) é substituído por um Brasil não-
oficial (sertão nordestino, caboclos interioranos,
realidade dos subúrbios).
46. Contemporaneidade
A literatura retrata fatos políticos, situação econômica e social
contemporâneos, diminuindo a distância entre realidade e
ficção. Vejamos obras e autores que exemplificam isso:
a) Triste fim de Policarpo Quaresma, de LIma Barreto –
Retrata o governo de Floriano Peixoto e a Revolta da
Armada.
b) Os Sertões, de Euclides da Cunha – Faz um relato da
Guerra de Canudos, mostrando-a como uma das primeiras
manifestações pela terra no Brasil.
c) Cidades Mortas, de Monteiro Lobato – Mostra a
passagem do café pelo Vale do Paraíba paulista.
d) Canaã, de Graça Aranha – Exibe um documento sobre a
imigração alemã no Espírito Santo.
47. Euclides da Cunha (1866-
1909) - carioca
Obras:
Os Sertões (1902) - Retrata a Guerra
dos Canudos, sendo publicado nos
seguintes idiomas: alemão, chinês,
francês, inglês, dinamarquês,
espanhol, holandês, italiano e sueco.
Contrastes e Confrontos (1907) - Pode-
se dizer que é uma obra científica e
uma obra de arte. Trata-se de uma
obra única na história das letras
brasileiras.
À Margem da História (1909) -
Publicação póstuma, reúne os artigos
de Euclides sobre a Amazônia antes e
após sua viagem à região. Os ensaios
amazônicos reforçam a tese de uma
formação histórica marcada por
contrastes e antagonismos. O dever da
ciência e dos intelectuais era, para
Euclides da Cunha, promover o
encontro entre Estado e nação.
48. Monteiro Lobato
(1882-1948)
Obras:
Urupês (1918) - Aborda a decadência da
agricultura no Vale do Paraíba, após o
“ciclo” do café.
Idéias de Jeca Tatu (1919) - História de
Vilela, Camilo e Rita envolvidos em um
triângulo amoroso.
A Menina do Narizinho Arrebitado
(1920) - Tem como personagens
principais Emília e Narizinho em mais
uma de suas histórias inéditas.
O Pica-Pau Amarelo (1939) - Aborda a
Turma do Sítio (Emília, Narizinho,
Pedrinho, Marquês de Rabicó,
Conselheiro, Quindim, Visconde de
Sabugosa, Dona Benta, Tia Nastácia, Tio
Barnabé, Cuca, Saci, etc) vivendo
situações e aventuras que mexem com
a imaginação da criançada.
49. Lima Barreto (1881-
1922) - carioca
Obras:
Recordações do Escrivão Isaías
Caminha (romance – 1909)
Triste Fim de Policarpo Quaresma
(romance – 1911)
Numa e Ninfa (romance – 1915)
Morte e M. J. Gonzaga de Sá
(romance – 1919)
Os Bruzundangas (crônica – 1923)
Clara dos Anjos (romance – 1924)
Histórias e Sonhos (contos – 1956)
Diário Íntimo (memórias – 1956)
Cemitério dos Vivos (memórias –
1956)
50. AUGUSTO DOS ANJOS
(1884-1914)
PARAIBANO
OBRAS:
Saudade (poema - 1900) - Mostra que
tanto os atos bons quanto os ruins do
passado de alguém são necessários
para completar o indivíduo.
Eu e Outras Poesias (único livro de
poemas - 1912) - Articula o trinômio
como reflexo de um momento histórico
marcado por um sentimento de perda,
um mal-estar disseminado entre os
intelectuais, uma angústia diante da
falência da Civilização Ocidental e dos
ideais do Progresso.
Psicologia de um Vencido (soneto) -
Com o uso de palavras rebuscadas e
repleto de simbolismo, este soneto
aborda o pessimismo marcante e
retrata a tragédia da morte com
naturalidade.
Versos íntimos - Como todos os outros
poemas e sonetos de Anjos, este
também aborda a morte e o próprio
"eu" o centro do seu pensamento.
51. Graça Aranha (1868-
1931) – maranhense
Obras:
Canaã (1902/romance)
Estética da Vida (1921/ensaio)
Espírito Moderno (1925/ensaio)
A Viagem Maravilhosa
(1927/romance)