O documento analisa a relação entre investimentos públicos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) nas universidades brasileiras e a produção intelectual entre 2007-2011. Estabelece hipóteses sobre a correlação entre investimentos por docente/discente e publicações/patentes. Os resultados mostram uma correlação positiva moderada entre investimentos e produção, com concentração desta última nas regiões Sudeste e Sul.
Sala de aula invertida: uma análise das contribuições e de perspectivas para ...
Investimentos em P&D e Produção Intelectual Brasileira
1. Autores: PINHEIRO JUNIOR L. P.; ROSA, R. A.; KURIBARA F. M.; CHEROBIM, A. P. M. S.
PPGADM-UFPR - Mestrado em Administração – Inovação e Tecnologia
2. 2
• Luiz Pereira Pinheiro Junior
• Mestrado em Administração – Inovação e Tecnologia
• Programa de Pós-Graduação em Administração – PPGADM
• Grupos/Projetos de Pesquisa dos Professores:
• EGITS: Estudos em Gestão da Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade
• FINAN: Investimentos em Inovação e Tecnologia e o Impacto na
Competitividade e Geração de Valor da Firma
• Interesses de pesquisa: Indicadores e métricas de inovação, governo
eletrônico, desempenho, tecnologia da informação (TI), sistemas de
informação (SI), (ADI) implementação de nota fiscal eletrônica,
factura electrónica, eletronic invoice.
3. 3
A relação entre os investimentos em P&D nas universidades públicas e a
produção intelectual brasileira
• Fomento Ciência Tecnologia e Inovação (CT&I)
• Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)
• Investimentos Públicos em CT&I -> P&D
• Docentes
• Discentes
• Resultados
• Publicações em Periódicos Científicos
• Patentes
4. Nos trabalhos de Hollanda (2003), Guinter (2007) e Nazareno et al. (2010) se
constatam a produção intelectual, seja ela técnica ou bibliográfica, realizam-se
análises, porém poucos estudos relacionam a produção com o financiamento,
que é o objeto de fomento para essa modalidade de pesquisa.
A necessidade de se entender esta relação, embasa-se na descoberta de quanto o
investimento representa em resultado na produção, visto a uma janela de
causalidade e temporalidade que é o tempo médio para o resultado surtir o seu efeito.
Diante isso se justifica a necessidade de correlacionar indicadores de dispêndios,
estes que possuem origem do governo ou de organizações privadas, que
fomentam a CT&I do país.
Corrobora com esta justificativa o surgimento de outros indicadores, visto que além
da utilização dos dados de dispêndios e produção, identificam-se neste artigo a
segmentação de publicação técnica em patentes e publicações bibliográficas,
observando e categorizando a participação por docentes e discentes emergindo
indicadores de produtividade.
.
4
5. PatentesPublicações
Bibliográficas
5
Qual a relação entre os investimentos públicos e a produção intelectual
brasileira?
Verificar a relação existente entre os investimentos públicos e a produção
intelectual brasileira entre os anos de 2007-2011.
Investimentos
6. 6
Patentes: Uma vertente paralela dos indicadores de dispêndios em produção
intelectual é a conversão por meio dos depósitos de patentes acadêmicas no Brasil.
Tais documentos são realizados em parceria com Núcleos de Inovação Tecnológicas
(NITs) e envolvem a participação pesquisadores, docentes e podem relacionar-se na
co-titularidade com a iniciativa privada (OLIVEIRA; VELHO, 2009; MUELLER,
PERUCCHI, 2014).
As autoras Mueller e Perucchi (2014) caracterizam as “patentes acadêmicas” aquelas
depositadas em parcerias com pesquisadores, empresas, universidades e
institutos de pesquisas, conceituando assim esse resultado, como um “produto”
dos investimentos realizados em ciência e tecnologia na pesquisa e desenvolvimento.
Produção Científica-Bibliográfica: Para correlacionar os dispêndios nas
universidades e institutos de pesquisa, segundo Muller (2008) o elemento de
resultado e mensuração da ciência nas universidades e institutos de pesquisas,
associa-se a dois indicadores de produtividade: produção científica, sendo o
tratamento de forma bibliométrica, e patentes.
7. 7
Discentes: Verificam-se dificuldades no gerenciamento dos recursos que são
direcionados a pós-graduação no Brasil, pois eles são subdivididos em destinação
ao ensino ou direcionamento á pesquisa. Para obter título na pós-graduação o
acadêmico tem que realizar a pesquisa, e assim concomitantemente (HOLLANDA,
2003).
Docentes: Os pesquisadores que atuam em P&D nas IES, normalmente são
docentes que possuem plano de carreira e dedicação exclusiva à instituição,
esse agente é o utilizador dos dispêndios disponibilizados para a IES que, para tanto,
possui função relevante na operacionalização da produção intelectual, sendo assim,
os discentes de pós-graduação, que são orientados pelo pesquisador direcionam
suas temáticas para uma determinada área e contribuem para a produção
intelectual naquele sentido (MULLER, 2008).
Polos: Estudos que mostram que existe uma concentração da geração de patentes
por universidades em determinados estados do país (OLIVEIRA; VELHO, 2009;
MUELLER, PERUCCHI, 2014) assim como no ano de 2000, identificam uma
concentração de geração de patentes em geral também por estado (ALBUQUERQUE
et al., 2002)
8. 8
Variáveis Definição Constitutiva (D.C.) Definição Operacional (D.O.)
Publicação por Docente
São classificadas em produções
acadêmicas (artigos) considerando os
docentes (professores) de Pós Graduação
(stricto sensu) de Universidades e Institutos
de Pesquisa autores parciais de publicações
em Journals (OECD, 2002; GUINTER, 2007).
A variável foi mensurada com os
investimentos por docentes para
verificar a sua correlação, conforme H1.
Publicação por Discente
São classificadas em produções
acadêmicas (artigos) considerando os
discentes (alunos) de Pós Graduação (stricto
sensu) de Universidades e Institutos de
Pesquisa autores parciais de publicações em
Journals (OECD, 2002; GUINTER, 2007).
A variável foi mensurada com os
investimentos por discentes para
verificar sua correlação, conforme H4.
Investimento por Docente
São classificados em recursos investidos
em docentes que garantem o
funcionamento das atividades com a
remuneração, distribuição de bolsas,
manutenção e aquisição de infraestrutura
para pesquisa (HOLLANDA, 2003).
A variável foi mensurada com o
resultado em número de publicações
para verificar sua correlação, conforme
H3 e H6.
Investimento por Discente
São classificados em recursos investidos
em docentes que garantem o
funcionamento das atividades como a
remuneração, distribuição de bolsas,
manutenção e aquisição de infraestrutura
para pesquisa (HOLLANDA, 2003).
A variável foi mensurada com o
resultado em número de publicações e
patentes para verificar sua correlação,
conforme H4 e H7.
9. 9
Variáveis Definição Constitutiva (D.C.) Definição Operacional (D.O.)
Patentes por Docente
São classificadas em produções
técnicas (patentes) considerando os
docentes (professores) de Pós
Graduação (stricto sensu) de
Universidades e Institutos de Pesquisa
autores parciais
(OECD, 2002; GUINTER, 2007; INPI,
2014).
A variável foi mensurada com os
investimentos por docentes para
verificar a sua correlação, conforme
H2.
Patentes por Discente
São classificadas em produções
técnicas (patentes) considerando os
discentes (alunos) de Pós Graduação
(stricto sensu) de Universidades e
Institutos de Pesquisa autores parciais
(OECD, 2002; GUINTER, 2007; INPI,
2014).
A variável foi mensurada com os
investimentos por discentes para
verificar a sua correlação, conforme
H6.
Polos Tecnológicos
Trata-se da concentração e
conglomerados na geração de
publicações e patentes em
determinadas regiões do País
(ALBUQUERQUE et al, 2002; OLIVEIRA;
VELHO, 2009; MUELLER, PERUCCHI,
2014).
A variável foi mensurada com as
publicações e patentes com testes de
Clusters, conforme H5 e H8.
10. H1 - Para as publicações por docente feitas entre 2007 e 2011 encontrar se há uma
melhor correlação dos investimentos por docente feitos no mesmo período, no
período de 2006 a 2010 ou 2005 a 2009.
H2 - Para as patentes por docente feitas entre 2007 e 2011 encontrar se há uma
melhor correlação dos investimentos por docente feitos no mesmo período, no
período de 2006 a 2010 ou 2005 a 2009.
H3 - Há relação positiva entre os investimentos por docente em P&D nas
universidades públicas brasileiras e o número de publicações destas universidades
por docente
H4 – Há relação positiva entre os investimentos por discente em P&D nas
universidades públicas brasileiras e o número de publicações destas universidades
por discente
10
11. H5 - Há diferença significativa de concentração de publicações por docente entre
os polos tecnológicos
H6 - Há relação positiva entre os investimentos por docente em P&D nas
universidades públicas brasileiras e o número de patentes publicadas nestas
universidades por docente
H7 - Há relação positiva entre os investimentos por discente em P&D nas
universidades públicas brasileiras e o número de patentes publicadas nestas
universidades por discente
H8 - Há diferença significativa de concentração de patentes por docente entre os
polos tecnológicos (*)
(*) número de docentes exceto de cursos das áreas de conhecimento Linguística,
Letras e Artes, Ciências Sociais Aplicadas e Ciências Humanas.
11
12. Positivista - Quantitativa – (Babbie, 2009)
Dados secundários:
Técnicas Estatística: Correlação e Análise de Clusters
Softwares: Microsoft Excel 2013 , Statistical Package for the Social Sciences v. 20
População: A população alvo utilizada neste estudo, foram classificadas entre os
docentes e discentes dos cursos de pós-graduação stricto sensu das universidades
e institutos públicos de pesquisa do Brasil, constam nela Universidades Federais
e Estaduais.
12
Patentes Prod. Bibliog. Investimentos
Docentes
Discentes
Thomson
Innovation
SCImago Lab -
Elsevier (2014)
MCTI (2014) Geocapes (2014)
13. Realizados os testes de correlação de Spearman, ao testar a hipótese H1, verifica-se
que a publicação por docente é explicada melhor se correlacionada com a mesma
janela de tempo, ou seja, entre 2007 e 2011. Isto pois 0,444 > 0.329 > 0.294, com
significância para todos < que 0,05
Já no teste relacionado a hipótese H2 realizado com as patentes, identifica-se que a
janela que melhor explica sua produção é entre 2005 e 2009, sendo o valor da
correlação de 0,565, enquanto com a janela do mesmo ano a correlação é de 0,389.
Já entre os anos de 2006 e 2010 não é identificado correlação.
Verifica-se que esta correlação identificada está classificada neste caso como
positiva média. Como se utilizou os dados de publicação de patentes, que ocorre no
mínimo 18 meses após a submissão da patente ao Instituto Nacional de Propriedade
Industrial, encontrar uma melhor correlação de 3 anos entre o investimento e a
produção de patentes por docente é justificável.
13
14. Também através do teste de correlação de Spearman verifica-se nas hipóteses H3 e
H4 a ocorrência de correlação positiva média (0,444) entre investimento por
docente e publicação por docente entretanto a correlação entre publicação e
discente se mostra positiva, mas fraca (0,288).
Na hipótese H5 verifica-se uma concentração de publicações por docente na região
Sul e Sudeste, que das 18 universidades do cluster de maior produtividade por
docente, 16 são destas duas regiões, 11 do Sudeste, 5 do Sul, com outras 2 da região
Nordeste.
No cluster de menor produtividade por docente encontra-se 1 universidade da
região Centro-Oeste, 11 da região Nordeste, 1 da região Norte.
Esta concentração da produtividade na região Sul e Sudeste complementa o estudo
de Albuquerque et al. (2002), além das publicações serem mais volumosas nestas
regiões, a separação por cluster mostra que há mais universidades com maior
produtividade por docente nestas regiões que nas demais.
14
15. Em relação às hipóteses H6 e H7 utilizando o teste de correlação de Spearman
verifica-se uma correlação positiva média entre investimento por docente e
patentes por docente (0,565) assim como, investimento por discente e patentes
por discente (0,439).
Verifica-se a existência de 02 polos de patentes por docentes, destaca-se no polo
de maior produtividade por docente, 02 universidades, a Unicamp e a FURG, sendo
que esta última situa-se entre as 10 maiores produtoras de patentes do Brasil em
números absolutos e devido ao seu tamanho reduzido em relação à outras que
produzem mais patentes, quando se divide este número pelo número de docentes ela
passa a figurar no cluster de maior produtividade.
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16. Verifica-se que a produtividade por docente na produção de artigos e patentes tem
características distintas quando se investe em P&D, sugere-se que ao se investir nas
universidades, artigos que possuem um tempo de publicação menor que patentes,
entretanto cada indicador, tem um propósito distinto e não podem ser comparados, além
disso se analisou os dados somente de maneira quantitativa e não qualitativamente.
Mostra-se que há uma correlação positiva entre investimento por docente e
produtividade por docente entretanto estudos mostram que investimento é somente um
dos fatores que afetam a produtividade e há outros fatores influenciadores. (DUNDAR;
LEWIS, 1998; CARAYOL; MATT, 2004, 2006; KANNEBLEY JÚNIOR; CAROLO; DE NEGRI,
2013)
Nota-se a formação de polos de produtividade por docente, tanto em publicação de
artigos científicos quanto em relação a patentes. Sobre patentes este estudo mostra um
cenário diferente de outros autores que levantaram a existência de polos de produção de
patente por estado em números absolutos (ALBUQUERQUE et al., 2002).
Em suma, este estudo mostra que para o país desenvolver-se o investimento em P&D
precisa atingir níveis mais elevados e precisam ser melhor distribuídos entre os
estados para que o crescimento intelectual ocorra em todos os estados da nação.
16
17. Este estudo possui algumas limitações no que diz respeito a natureza de suas
variáveis. Devido à limitação nos anos de análise optou-se por utilizar o teste de
correlação ao invés de séries temporais. Desse modo, foi necessário criar janelas de
tempo reunindo os anos dos investimentos e das publicações e patentes, o que
limitou a análise acerca do impacto dos investimentos em relação às outras variáveis.
Trabalhou-se também com dados não paramétricos, devido a não normalidade do
comportamento dos dados (sig = 0) e também ao pequeno número da amostra,
utilizando o teste de Spearman para realizar as correlações.
É sugerido aos pesquisadores pesquisas futuras que buscam realizar
comparativos dos investimentos entre países, principalmente países em
desenvolvimento, tais como os da América Latina. Sugere-se também que sejam
trabalhados com outros indicadores de ciência e tecnologia.
17
18. 18
ALBUQUERQUE, E. DA M. E et al. A distribuição espacial da produção científica e tecnológica brasileira: uma descrição de estatísticas de produção local de patentes e
artigos científicos. Revista Brasileira de Inovação, v. 1, n. 2, p. 225–251, 2002.
CARAYOL, N.; MATT, M. Does research organization influence academic production? Research Policy, v. 33, n. 8, p. 1081–1102, out. 2004.
CARAYOL, N.; MATT, M. Individual and collective determinants of academic scientists’ productivity. Information Economics and Policy, v. 18, n. 1, p. 55–72, mar. 2006.
DUNDAR, H.; LEWIS, D. Determinants of research productivity in higher education. Research in Higher Education, v. 39, n. 6, 1998.
GUINTER, N. E. Ciência e Tecnologia em Santa Catarina: A dinâmica da geração e difusão do conhecimento. 212 f. Dissertação (Mestrado em Economia) Programa
de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2007.
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KANNEBLEY JÚNIOR, S.; CAROLO, M. D.; DE NEGRI, F. Impacto dos Fundos Setoriais sobre a produtividade acadêmica de cientistas universitários. Estudos Econômicos
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NAZARENO, L. R. DE; BARION, M. I.; LUNARDI, M. E. Gastos em Ciência e Tecnologia no Estado do Paraná na última década. Revista Paranaense de Desenvolvimento,
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OCDE. Proposed standard practice for surveys on research and experimental development, “Frascati Manual”. Paris: OECD, 2002
OLIVEIRA, R. M. DE; VELHO, L. M. L. S. Patentes acadêmicas no Brasil : uma análise sobre as universidades públicas paulistas e seus inventores. Revista Parcerias
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