2. PARTIDO DE CARA NOVA
PED 2013
Há dez anos, o Partido dos/as Trabalhadores/as deu início ao desenvolvimento prático
de seu programa político nacional através da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. Essa
conquista e os avanços consequentes resultaram em outras eleições da legenda nas disputas
presidenciais de 2006, reelegendo Lula, e nas eleições de 2010 que culminaram na condução
da companheira Dilma Rousseff ao executivo nacional.
Muito avançamos, principalmente, no tocante às políticas sociais. Conseguimos criar
condições econômicas e políticas para por em prática uma de nossas principais bandeiras que
consiste no combate à miséria e pobreza. Cerca de cinqüenta milhões de brasileiros/as saíram
das classes D e E, e ingressaram na C; milhões de jovens foram beneficiados pelo ProUni,
ProNatec e Projovem; 21 mil jovens foram beneficiados com bolsas no exterior; foram
construídas 290 escolas técnicas e 14 universidades públicas; o governo desenvolveu
mecanismos de valorização do salário mínimo; o combate a pobreza se tornou uma política de
estado e mais de 36 milhões de pessoas saíram da pobreza absoluta; foram construídas,
recuperadas e duplicadas 4.525km de rodovias; 20 aeroportos e 18 portos foram
modernizados e ampliados; mais de um milhão de moradias entregues no projeto Minha Casa,
Minha Vida. Invertemos prioridades. Demonstramos que crescimentos econômico e social
podem caminhar lado a lado.
Em Pernambuco, não foi diferente. O PT, a frente da prefeitura do Recife, desenvolveu
ações, programas e políticas públicas que se tornaram referências nacionais: Samu, Academia
das Cidades, a institucionalização da cultura, amplificação dos mecanismos de controle social,
Orçamento Participativo, entre outros. Foram experiências exitosas e referências na
administração pública.
No entanto, não foi feita a devida defesa do legado e o partido começa a transparecer
cansaço e falta de renovação. Reformas estruturais para maior consolidação e
desenvolvimento de nossa democracia foram prorrogadas, devido a não construção de uma
base de sustentação sólida do nosso governo que nos permitisse avançar neste aspecto. O
maior empecilho para as reformas estruturais de nossa democracia foi o alinhamento
exacerbado aos setores que conservam este frágil modelo democrático que levariam ao
esgotamento político dos últimos dias. Ficou nítido que o PT deixou de ouvir e ir às ruas.
Ao entrarmos na lógica da manutenção e ampliação dos espaços de poder, entramos
também numa lógica de pragmatismo que se tornou nocivo inclusive para as relações internas
do Partido. A cooptação de quadros importantes das bases partidárias e movimentos sociais
para as instâncias governamentais resultou numa escassez de agentes de diálogo, e a vigilância
das práticas políticas para o processo de renovação das agendas e formação de novos quadros
ocupou lugar secundário no âmbito partidário. A supervalorização do pragmatismo eleitoral,
talvez principal força motivadora deste processo, resultou num desenvolvimento em
desarmonia com as mudanças sociais. Uma contradição, se percebermos que parte
significativa desta mudança foi proporcionada e ampliada por nossas gestões frente ao
3. Governo Federal. Mais um reflexo de nossa negligência referente ao distanciamento e na
escassez de diálogo com a base e a população acerca de nossos principais programas e ações.
O Partido dos/as Trabalhadores/as atravessa mais uma vez o Processo de Eleições
Diretas – PED, mecanismo estatutário do PT e reflexo de sua democracia, dada a pluralidade
de forças políticas que constituem o Partido. Este Processo definirá a condução política
partidária por um período de três anos e nós, do Partido de Cara Nova, estamos nos
posicionando enquanto uma alternativa de renovação no cenário político desta disputa.
Nossa decisão em integrar o pleito se deu por não vislumbrarmos outras possibilidades
de mudança consistente da política instituída em nosso Partido. Desta forma, decidimos nos
organizar enquanto Chapa e dispor do nome do companheiro Wladimir Quirino, enquanto
alternativa à presidência do Partido dos/as Trabalhadores/as no Estado de Pernambuco.
Entendemos que a nossa participação nos espaços de decisão e debate político é fundamental
para promover efeitos impactantes das mudanças que almejamos construir cotidianamente,
junto aos/às companheiros/as cujas causas somam-se às nossas.
Defender o nosso legado é o princípio essencial de se criar um ambiente propício ao
fortalecimento do PT. Não legado de fábulas, cultos a personalidades ou figuras. Mas,
defender as ações e programas que transformaram a vida de milhares de pessoas.
Não temos absolutamente nada contra a candidatura de nenhuma força interna. Afinal
de contas, compreendemos a legitimidade de múltiplas candidaturas, dada a pluralidade
interna do Partido, pois, como dito acima, reflete a democracia em que se constitui o PT. A
coexistência de interesses variados e, em certos momentos, conflitantes, acarreta em disputa.
Na inexistência de consenso, o sistema de eleições diretas é acionado. Assim sendo, a disputa
torna-se inevitável.
Nossa maior motivação em participar do PED reside, como dito, na discordância da
condução da política atual. Destacamos a escassez de diálogo, pois compreendemos que não
existe mais, nas forças que dirigem o PT, disposição e interesse para se implementar uma
política de emancipação: um modelo de política que proporcione liberação das
desigualdades nos âmbitos das relações pessoais e, consequentemente, das relações
políticas.
Temos consciência que o PT precisa ser de e para todos seus filiados, e que estes não
sejam meros coadjuvantes, e sim protagonistas e atuantes na luta diária, em busca de
reaproximar o partido das ruas, dos movimentos sociais, das pautas mais atuais e emergenciais
da população.
Entendemos que é de fundamental importância a instituição do princípio político de
emancipação, uma vez que condiz com as práticas solidárias, de companheirismo que
defendemos e praticamos. A dependência política dos indivíduos, em hipótese alguma, se
constitui num meio de desenvolvimento da democracia, e tampouco dos sujeitos dependentes
em seres humanos solidários/as e companheiros/as. A relação de dependência atravanca o
desenvolvimento intelectual, humano e, desta forma, político.
Nada mais somos que o processo de reflexividade do Partido dos/as Trabalhadores/as,
pois nossa formação se deu através do monitoramento de ações que ora reproduzíamos e que,
diariamente, combatemos. Nos constituímos em examinadores/as de nossas práticas políticas.
E, da mesma forma que os partidos e sistema políticos enfrentam uma crise de
representatividade, a política ministrada internamente vêm na mesma lógica. Se o PT deixou
as ruas, é hora de as ruas invadirem o PT.
4. As dinâmicas do PT não podem ficar restritas às dinâmicas eleitorais, internas e
externas do partido, e compreendemos que a ação institucional no governo e nos parlamentos
não são suficientes para enraizar o PT e fortalecer seu projeto de transformação social no
Brasil. Tivemos, em junho deste ano, manifestações protagonizadas por jovens em todo o
Brasil, inclusive em Pernambuco. Manifestações estas que comprovaram que os jovens se
tornaram sujeitos de direito, e colocaram novas indagações e tornam fundamental ao PT uma
reformulação positiva de sua estratégia partidária, baseada na renovação e na reorganização,
por isso propomos:
1. Que o PT contribua para a formação das novas gerações, criando espaços sociais,
culturais, físicos e virtuais de interlocução, formação política e organização.
Transformando o partido em um espaço de convivência, próximo às bases e no
qual a juventude seja protagonista nas ações e decisões partidárias;
2. Fortalecer os setoriais, direcionando 30% do fundo partidário para suas ações,
como forma de ampliar sua capacidade de formulação e o alcance deles junto às
instâncias de base e aos militantes, aperfeiçoando, inclusive, as relações em
conjunto com as bancadas parlamentares;
3. Realização de seminários semestrais, atendendo tanto a RMR quanto as outras
regiões do estado, objetivando trazer o debate do PT para os filiados,
transformando-o em filiados militantes, capazes de propor e de pautar o partido a
respeito das necessidades da população e de formas de protagonizar o
desenvolvimento social em todo estado;
4. Interiorizar o PT, levando formação política a outros municípios fora da RMR,
estreitando relações, disseminando o pensamento petista nessas regiões e
levantando pautas específicas desses municípios para incorporar na luta partidária;
5. Valorizar e investir na realização do Encontro Regional dos Estudantes Petistas,
voltando para os movimentos sociais, especificamente, neste caso, o movimento
estudantil e para as lutas encampadas pelas bases partidárias;
6. Campanha de filiação partidária, para que o partido não envelheça e aja,
realmente, renovação de quadros militantes;
7. Fortalecer a luta de combate às discriminações sexistas, raciais e LGBTT, através da
realização de campanhas e fóruns específicos;
8. Voltar às ruas, participar ativamente das lutas dos movimentos sociais de forma
em geral e voltar a ser pautado pelas bandeiras dos movimentos sindicais,
estudantil, negro, LGBT, feminista, etc;
9. Fazer valer o Plano Municipal de Cultura, aprovado em gestão petista, no Recife e
levá-lo para o interior, como forma de incentivar e valorizar o desenvolvimento
cultural nos demais municípios;
10. Seminário de formação voltado às mulheres petistas, como forma de garantir a
paridade qualificada, com quadros atuantes e que participem, realmente, da vida
partidária. Não, meramente, para ocupar espaços;
11. O Brasil quer a Reforma Política. Pesquisa IBOPE divulgada recentemente mostra
que a Presidenta Dilma acertou ao propor um plebiscito para debater a Reforma
Política. 84% dos brasileiros almejam a Reforma Política. O Partido de Cara Nova
defende que o processo de elaboração da Reforma Política advenha da população.
5. O Congresso Nacional se mostra incapaz de elaborar uma Reforma Política que
atenda as necessidades da nossa estrutura democrática. Inclusive o próprio PT.
Precisamos renovar o partido e ampliar o debate sobre a Reforma Política nas
diversas instâncias do PT e pressionar os parlamentares escutarem as vozes da
ruas;
12. Democratizar as comunicações e ampliar a liberdade de expressão no Brasil, o que
exige um compromisso com a ampliação do número de vozes que ocupam o
espaço público. Nos comprometendo com a luta pela democratização da
comunicação, através da aprovação do Marco Civil da Internet no Congresso
Nacional e da renovação do marco regulatório das comunicações;
13. Estreitar a relação entre a sociedade e o partido, e entre os filiados e o diretório,
através de fóruns sistemáticos e permanentes e de canais de comunicação
virtuais, que proporcionem maior interação e mais proximidade do partido com as
bases.
Com apreço,
Partido de Cara Nova
Perfil do nosso candidato a presidente do Diretório Estadual do Pt-PE
Wladimir Quirino
Para representar nossa chapa, nós, militantes do movimento Partido de Cara Nova, decidimos
pelo nome do companheiro Wladimir Quirino, como alternativa de renovação ao Partido dos
Trabalhadores.
6. Wladimir Quirino tem 33 anos e 11 de militância dentro do Partido dos Trabalhadores.
Formado em história pela Universidade Católica de Pernambuco, começou sua militância no
movimento estudantil, participando do Diretório Acadêmico do seu curso e logo ingressou no
Diretório Central dos Estudantes da mesma universidade.
Foi da Federação do Movimento Estudantil de História e sempre militou na juventude do PT,
dentro da tendência Construindo um Novo Brasil, participando de um agrupamento interno
composto essencialmente de jovens, mas que tem agregado pessoas de todas as idades.
Atualmente, compõe o Diretório Estadual do partido e é secretário executivo de meio
ambiente na prefeitura do Paulista.
O nome de Wladimir agrega valores de companheirismo, horizontalidade e renovação e
representa a juventude petista que acredita na construção de um novo PT, de volta às ruas,
próximo às bases e dialogando com os movimentos sociais, renovando sem perder a essência.