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Rimas
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
Coincidência sonora a partir da última vogal tônica
do verso
ameba rima com sofá?
Não: ameba sofá
A
B
B
A
C
D
C
D
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Escansão e Metrificação
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias)
Regra 1: Após a divisão silábica, faz-se a contagem
até a última sílaba tônica.
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Mi/nha / ter/ra / tem / pal/mei/ras
Mi/nha / te/rra / tem / pal/mei/ras
Regra 2: Normalmente, quando uma palavra
termina em vogal e a próxima inicia-se com vogal,
as duas sílabas vocálicas se fundem.
On/de / can/ta o / Sa/bi/á
O poeta deixa os versos com a metrificação, o
leitor fará a escansão.
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Exceção na métrica:
É a vaidade, Fábio, nesta vida,
Rosa, que da manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Airosa rompe, arrasta presumida.
(Gregório de Matos)
É a /vai/da/de, /Fá/bio, /nes/ta /vi/da,
Ro/sa,/ que /da /ma/nhã /li/son/je/a/da,
Púr/pu/ras /mil,/ com /am/bi/ção /dou/ra/da,
Ai/ro/sa/ rom/pe,/ ar/ras/ta /pre/su/mi/da.
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É /a /vai/da/de, /Fá/bio, /nes/ta /vi/da,
Ro/sa,/ que /da /ma/nhã /li/son/je/a/da,
Púr/pu/ras /mil,/ com /am/bi/ção /dou/ra/da,
Ai/ro/sa/ rom/pe,/ ar/ras/ta /pre/su/mi/da.
Importante: Nunca contar as sílabas de
apenas um verso, verificar em alguns deles se
existe uma coincidência no número de
sílabas; o poeta, às vezes, pode ser maleável.
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Meu Deus, eu quero a mulher que passa.
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!
(Vinícius)
Meu /Deus, /eu /que/ro a /mu/lher /que /pas/sa.
Seu /dor/so /frio é um /cam/po /de /lí/rios
Tem /se/te /co/res /nos /seus /ca/be/los
Se/te es/pe/ran/ças /na /bo/ca /fres/ca!
Meu /Deus, /eu /que/ro a /mu/lher /que /pas/sa.
Seu /dor/so /frio /é um /cam/po /de /lí/rios
Tem /se/te /co/res /nos /seus /ca/be/los
Se/te es/pe/ran/ças /na /bo/ca /fres/ca!
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Principais medidas dos versos:
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias)
Mi/nha / te/rra / tem / pal/mei/ras,
On/de / can/ta o / Sa/bi/á;
As /a/ves /que a/qui /gor/jei/am,
Não /gor/jei/am /co/mo /lá.
Verso de 7 sílabas: redondilho maior ou heptassílabo
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Eles verdes são,
e tem por usança
na cor, esperança
e nas obras, não.
Vossa condição
não é d’olhos verdes,
porque não me vedes.
(Camões)
E/les /ver/des /são,
e /tem /por /u/san/ça
na /cor, /es/pe/ran/ça
e /nas /o/bras, /não.
Vos/sa /con/di/ção
não /é /d’o/lhos /ver/des,
por/que /não /me /ve/des.
Verso de 5 sílabas:
redondilho menor
ou pentassílabo
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Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E alma de sonhos povoada eu tinha...
(Olavo Bilac)
Che/guei. /Che/gas/te. /Vi/nhas /fa/ti/ga/da
E /tris/te, e /tris/te e /fa/ti/ga/do eu /vi/nha.
Ti/nhas /a al/ma /de /so/nhos /po/vo/a/da,
E al/ma /de /so/nhos /po/vo/a/da eu /ti/nha...
Verso de 10 sílabas: decassílabo
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Pendente a língua rubra, os sentidos atentos,
Inquieta, rastejando os vestígios sangrentos,
A matilha feroz persegue enfurecida,
Alucinadamente, a presa malferida.
(Teófilo Dias)
Pen/den/te a /lín/gua /ru/bra, os /sen/ti/dos /a/ten/tos,
In/quie/ta/, ras/te/jan/do os /ves/tí/gios /san/gren/tos,
A /ma/ti/lha /fe/roz /per/se/gue en/fu/re/ci/da,
A/lu/ci/na/da/men/te, a /pre/sa /mal/fe/ri/da.
Verso de 12 sílabas: dodecassílabo
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Versos livres: sem número de sílabas poéticas
estabelecido
Eia! eia! eia!
Eia eletricidade, nervos doentes da Matéria!
Eia telegrafia-sem-fios, simpatia metálica do Inconsciente!
Eia túneis, eia canais, Panamá, Kiel, Suez!
Eia todo o passado dentro do presente!
Eia todo o futuro já dentro de nós! eia!
(Álvaro de Campos, criação de Fernando Pessoa)
15. AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
(Fernando Pessoa)
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