1) As instalações elétricas brasileiras apresentam muitas irregularidades que colocam em risco a segurança, como fios desencapados e falta de ligação à terra. 2) A falta de conscientização e a contratação de eletricistas não qualificados são apontados como as principais causas deste problema. 3) Mesmo em construções formais, a execução da instalação elétrica nem sempre é feita de forma adequada por profissionais habilitados.
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
Perigo iminente
1. Capa
36 37
Segurança nas instalações
Brasileiro do Cobre (Procobre) e coordenadora do Programa Casa
Divulgação/Barreto Engenharia
Segura – projeto de conscientização e orientação sobre os riscos
de acidentes causados por instalações elétricas inadequadas e
Perigo
o impacto destas instalações no consumo excessivo de energia,
na desvalorização das edificações e na segurança dos imóveis.
Ainda segundo Milena, com relação a edifícios, percebe-se que
há uma preocupação maior por parte dos síndicos em investir na
segurança das pessoas. Na amostra de 500 edifícios realizada
pelo Programa Casa Segura, foi verificado que cerca de 40% dos
iminente
síndicos, dependendo da cidade, quando descobrem a existência
de algum problema na instalação, tomam uma atitude por terem
uma responsabilidade civil envolvida.
Ações como esta contribuem para que as chances de o
empreendimento resultar em boa qualidade sejam maiores,
uma vez que a instalação elétrica atende o mínimo exigido
Emenda de eletrodutos embutida na alvenaria
pelas normas e pela legislação vigente.
O número de instalações elétricas irregulares no Brasil continua sendo No entanto, um dos problemas existentes está relacionado à
(sem caixa de passagem)
alarmante. A falta de conscientização da sociedade sobre a importância execução das instalações elétricas, etapa que tem apresentado
certa variação. Mesmo que o projeto seja elaborado por profis-
na instalação e precisa ser averiguado”, esclarece o engenheiro.
Mas os entraves não param por aí. No âmbito técnico, os problemas
do assunto é apontada como a causa principal deste cenário sionais habilitados, as execuções nem sempre são. Geralmente,
se contratada uma empresa instaladora registrada no Conselho
são ainda maiores, pois resultam em prejuízos materiais e humanos,
ocasionando mortes por choque elétrico ou por incêndio de origem
Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), a qual atesta que o elétrica. Algumas das principais anomalias encontradas são: inexistência
profissional está legalmente habilitado, não costuma haver pro- de sistemas de aterramento e do condutor de proteção, ou presença
Por Luciana Freitas blemas, e a probabilidade de a instalação ser segura é grande. de condutor de proteção inadequado; ausência de coordenação entre
C
Sem dúvida, essa readequação é de extrema importância para condutores e dispositivos de proteção, contribuindo para a ocorrência
onsideradas verdadeiras “bombas-relógio”, as insta- são obras governamentais e 23% estão relacionados a construtoras. atender a demanda de energia hoje solicitada dentro de uma de sobrecargas e curtos-circuitos, sem atuação dos devidos protetores,
lações elétricas brasileiras são ameaças constantes Anualmente, há um índice de 40% de reformas no País, seja em residência ou apartamento. “Há muito o que ser feito no merca- e componentes com grau de proteção (IP) inadequado.
quando o assunto é segurança. Fios desencapados, casas ou apartamentos, e a instalação elétrica acaba sendo incluída – do informal. Não adianta fecharmos os olhos para uma situação De acordo com Eduardo Daniel, engenheiro eletricista e supe-
emendas e derivações inadequadas, falta de ligação ainda que não sejam levados em conta todos os aspectos importantes. que é realidade no País. Estamos trabalhando no âmbito formal, rintendente da Certiel Brasil, de maneira geral, a primeira irregu-
do condutor-terra nas tomadas, entre outras irregula- No âmbito formal do mercado, isto é, quando há uma cons- mas sabemos que a informalidade é muito maior”, atesta Paulo laridade encontrada são problemas de instalação propriamente
ridades, ilustram a realidade da grande maioria das instalações, trutora sustentando o empreendimento, existe a contratação de Barreto, engenheiro eletricista e diretor-técnico da Barreto En- ditos. “Temos visto alguns problemas de montagem na instalação
principalmente nas chamadas autoconstruções ou construções um projeto de instalações elétricas feita por um profissional le- genharia Ltda., empresa especializada em consultoria, projetos, em conexões, a utilização incorreta de condutores, principalmente
unifamiliares, que representam cerca de 70% do mercado. galmente habilitado, e também a figura da empresa instaladora treinamento e perícia na área de instalações elétricas. em pontos especiais nos quais a NBR 5410 determina o uso de
Neste cenário altamente crítico, o cidadão constrói ou refor- representada por este profissional. “Quando se trata de construções O problema está no fato de empreendimentos que mesmo condutores elétricos de baixa emissão de fumaça e com ausência
ma sua casa por conta própria, (contratando um leigo), e nisso industrializadas, isto é, prédios e condomínios, as construtoras executados por construtoras não oferecem a devida segurança, de halogênio, entre outras falhas”, afirma.
inclui-se um arquiteto, decorador ou empreiteiro, que arrebanham são submetidas obrigatoriamente a uma série de documentações, considerando que a construtora pode não contratar uma insta- Outra problemática típica é a falta de ligação do condutor-terra
eletricistas para trabalharem na obra, o que faz com que ela fique e entre elas, está o projeto elétrico”, conta Edson Martinho, en- ladora. “Às vezes, a construtora possui uma equipe própria de nas tomadas que possuem o terceiro orifício, o que mascara o
sem um devido responsável técnico, e amplia em muito o grau genheiro eletricista e diretor executivo da Associação Brasileira encanadores, eletricistas, azulejistas, pedreiros, e submete todos perigo real da instalação. “Se observada por fora, são vistos os
de periculosidade envolvendo choques elétricos e incêndios. de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), ao mesmo nível. Neste caso, a execução da instalação nem sempre três furos, o que aparentemente indica que a tomada oferece se-
Obras referentes a instalações correspondem, em média, a cuja missão é conscientizar por meio da informação e formação estará sob supervisão de um profissional legalmente habilitado, gurança; no entanto, quando se desmonta ou se faz o ensaio no
15% dos custos da obra, e no planejamento físico, as instalações de profissionais, toda a população brasileira para os perigos que ficando na mão do dirigente da obra”, explica Barreto. produto, constata-se que o condutor de proteção da instalação – se
pertencem ao grupo de serviços que determinam o caminho a eletricidade, quando mal utilizada, pode causar. Quando se trata de aspectos organizacionais, a primeira é que existia – não estava conectado à tomada, o que quer dizer
crítico da obra; portanto, a responsabilidade do instalador é Neste sentido, nas últimas décadas, houve uma evolução significativa “anomalia” (termo usual que remete a uma série de falhas, que o terceiro furo não tinha utilidade”, manifesta Eduardo Daniel.
enorme para o sucesso da construção. na segurança das instalações, a começar pelo início dos trabalhos defeitos e irregularidades) que ocorre, é a inexistência de Em edifícios, é exigido o uso de condutores com baixa emissão
José Silvio Valdissera, engenheiro civil e presidente do Sindicato mediante a elaboração de um projeto. As obras formais, incluindo o projeto, o que tornam grandes os riscos. de fumaça, que nem sempre são usados, por exemplo, em ligações
da Indústria da Instalação do Estado de São Paulo (Sindinstala- “boom” da construção civil, além de uma série de lançamentos de “Em outros casos, o projeto pode até existir, mas normalmente internas de luminárias, um ponto exigido pela norma. Lamentavel-
ção) explica que quando o proprietário da obra contrata o serviço apartamentos, conjuntos habitacionais e condomínios, são execu- é de autoria de leigos, isto é, projetistas de carreira que atuam em mente, muitas vezes, o produto é especificado, mas não é instalado.
de instalações analisando todos os aspectos (preço, qualidade, tadas mediante um projeto específico, que, felizmente, na maioria escritórios de engenharia, sem formação técnica, que passam a Em diagnósticos feitos em instalações pré-existentes, a
segurança financeira, responsabilidade técnica), o padrão de dos casos, é elaborado por um profissional legalmente habilitado. oferecer este tipo de serviço por conta própria”, destaca Barreto. situação mais preocupante é a ausência de aterramento em
qualidade da execução das instalações é excelente; porém, se o “Quando analisamos as construções industrializadas, pode- Outra falha que ocorre na grande maioria das obras é alteração praticamente 90% dos edifícios, o que revela que a probabi-
contratante somente visa preço e despreza as outras variáveis, a mos afirmar que nos últimos sete anos, houve o cumprimento de projeto sem consulta ao projetista, o que também pode in- lidade de um choque elétrico é muito grande, ao passo que
tendência é a deterioração da execução. “Quando o contratante de pelo menos cerca de 80% da NBR 5410 – norma que rege correr em riscos na instalação, uma vez que o projeto já traçado praticamente 90% das novas instalações possuem o fio-terra
só analisa preço, invariavelmente as boas técnicas são deixadas as instalações elétricas de baixa tensão. No entanto, quando estabeleceu uma série de critérios a serem seguidos. nas grandes capitais. “Quando nos voltamos ao mercado ‘for-
de lado e os materiais aplicados são de origem duvidosa”, afirma. traçamos um panorama das principais capitais, em uma amostra “A pessoa que não participou do projeto não conhece as pre- miguinha’, isto é, às casas, sabemos que a aplicação ainda é
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 500 edifícios, constatamos que a situação é caótica e que de missas, as considerações, os fatores técnicos, a especificação de muito baixa. Por isso, a nossa maior preocupação é atingir o
a cada ano, são inaugurados cerca de 1,7 milhão domicílios; desse fato não há preocupação em readequar as instalações elétricas”, material, a dimensão de um cabo, a mudança de um trajeto ou consumidor final, e o grande influenciador para isso é o eletri-
total, 35% são apartamentos e 65%, casas. Dos apartamentos, 12% revela Milena Guirão Prado, gerente de marketing no Instituto de eletroduto para bandeja ou vice-versa. Isso tem implicações cista, pois é ele quem o acompanha e pode alertá-lo sobre a
2. Capa
38 39
Segurança nas instalações
a instalação. “Um problema é resolvido (o disjuntor não abre Adote hábitos inteligentes que visem a segurança e reduzam o
Divulgação/Abracopel
mais), mas começa-se a aquecer os condutores, podendo derre-
ter a isolação e gerar curtos-circuitos e incêndios”, argumenta.
consumo de energia. Confira algumas dicas primordiais:
Mesmo diante da evolução da qualidade dos produtos, ainda • Não sobrecarregue as instalações elétricas. Elas devem ser projetadas de modo que seja possível prevenir perigos, como incêndios
são encontrados diversos problemas críticos que comprometem e curtos-circuitos devido ao superaquecimento dos fios.
a segurança, principalmente no que se refere a aterramento e • Não faça gambiarras. Instalações elétricas provisórias ou precárias podem provocar choques elétricos e incêndios.
outros itens de segurança contra choques. Em grande parte dos • Evite o uso de “benjamins” ou “Ts” para evitar sobrecarga. Prefira sempre instalar mais tomadas.
casos, a qualidade da energia chega de forma apropriada ao • Instale o fio-terra e dispositivos DR. Evite choques elétricos.
equipamento; contudo, muitas vezes, a instalação deixa a desejar • Use circuitos separados para iluminação e tomadas.
no que diz respeito à segurança do usuário. • O quadro de luz deve estar sempre limpo, ventilado e desimpedido, longe de botijões de gás.
Outro erro que costuma ser cometido é o fato de que muitos • Não deixe aparelhos elétricos ao alcance das crianças.
indivíduos montam seus próprios quadros de distribuição, com a • Quando for trocar uma lâmpada, desligue o disjuntor.
finalidade de baixar custos e promover soluções caseiras. • Feche a água pelo registro antes de mudar a chave seletora quente/frio do chuveiro ou da torneira elétrica.
O quadro muitas vezes não tem o espaço adequado para a ins- • Nunca puxe o fio para desligar um aparelho da tomada.
talação de equipamentos reserva, não há a infraestrutura de fixação • Leia atentamente as instruções do fabricante ao instalar aparelhos elétricos.
dos componentes de maneira adequada e diversas vezes não são • Limpe os eletrodomésticos só depois de retirá-los da tomada.
utilizados barramentos na conexão interna. “Em alguns casos, a • Verifique se os aparelhos elétricos não estão com os fios desencapados.
própria instaladora compra o cabo, faz um rabicho de cerca de três • Se as lâmpadas ou aparelhos elétricos de sua residência queimam com frequência, os disjuntores desarmam ou as tomadas e os fios
metros na instalação e interliga a rede (a parte fixa da instalação) com estão ficando quentes, chame um eletricista qualificado.
a luminária. Assim sendo, sabemos que deve ser usado o cabo com • Cuidado com instalações elétricas em lugares úmidos, como lavanderias, garagens e jardins.
baixa emissão de fumaça, mas muitas vezes o instalador compra um • Quando houver tempestade com descargas atmosféricas (raios), desligue os aparelhos das tomadas e evite atender o telefone.
outro cabo e orienta sua instalação em algum ponto”, relata Daniel. • Somente pessoas com conhecimento técnico devem executar trabalhos em instalações elétricas.
A composição de todos estes fatores é que acarreta a falta de • A manutenção das instalações elétricas é muito importante na economia de energia. Além de valorizar seu imóvel, também aumenta
segurança de usuários e instalações. Infelizmente, a cultura do cida- o conforto pela possibilidade do uso de novos equipamentos de forma segura.
dão brasileiro se baseia em não realizar a manutenção da instalação • Revisões periódicas são importantes na manutenção da fiação elétrica e na prevenção de fugas de corrente.
elétrica de forma rotineira, mas toma providências apenas quando • Não utilize benjamins e extensões. Elas sobrecarregam a rede elétrica e oferecem riscos de incêndio.
Tipo de improviso comum encontrado nas instalações surgem problemas. Em outras palavras, a sociedade (no âmbito casas) • Iluminação: abra as janelas e aproveite a luz natural. Pinte as paredes em cores claras, que refletem luz e dispensam o uso de lâm-
opta pela manutenção corretiva e não pela preventiva. padas de alta potência.
importância da readequação das instalações”, declara Milena. “No caso do mercado corporativo, envolvendo locais onde • Limpe as luminárias e lustres. O acúmulo de pó reduz o nível de iluminação.
Além disso, a segunda grande constatação é que 85% desses há uma dinâmica de cargas maior e mais frequente, talvez as • Lâmpadas fluorescentes são mais econômicas e iluminam tão bem quanto as incandescentes. As lâmpadas de vapor de sódio também
edifícios têm problemas de para-raios, que não funcionam ade- instalações elétricas ganhem um pouco mais de atenção, mas têm grande poder de iluminação além de consumirem menos energia se comparadas com as de mercúrio.
quadamente, fato inadmissível em um país como o Brasil, que mesmo assim, ainda deixam muito a desejar”, lamenta Daniel. • Iluminação externa: células fotoelétricas são ideais para ambientes externos, pois desligam-se automaticamente de acordo com a
apresenta alta incidência de descargas. Para sanar estes problemas, a verificação prescrita pelo capítulo 7 luminosidade do dia.
Fonte: Programa Casa Segura
Muitas instalações antigas estão obsoletas e demandam urgen- da NBR 5410, seria um divisor de águas no setor. Infelizmente, não é
temente um retrofit. “Diversas instalações foram feitas em épocas feita essa verificação final e muito menos de maneira periódica, o que
passadas de modo correto, mas agora, partem para a obsolescência dificulta muito a garantia da boa qualidade das instalações. “Ainda mais utilizado do que era há cinco anos”, recorda. dutor de proteção (fio-terra); porém, quando o assunto é sistema
de uma maneira natural, pois a carga que deve ser atendida hoje nem conseguimos sensibilizar as autoridades sobre a importância Muitos consideram o DR como um “dedo-duro”, por sua função de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) ainda são re-
já não está adequada à capacidade da instalação”, justifica Daniel. desse assunto; elas sabem, mas fingem que não conhecem. Essa de detectar correntes de fuga geradas por qualquer instalação queridas muitas ações a serem tomadas para garantir seu uso,
Nos últimos anos, houve um aumento significativo do uso de seria uma ação interessante, a exemplo do que é feito em outros elétrica malfeita. “O problema está em se instalar equipamentos mesmo existindo uma legislação nacional para isso.
aparelhos eletrônicos e de eletrodomésticos, e hoje são consumi- países”, sugere Daniel. E complementa sua opinião ao acrescentar antigos, como geladeiras, chuveiros, entre outros, pois isso gera “O SPDA está deixando muito a desejar, justamente porque
das seis vezes mais energia em comparação com 30 anos atrás. que “o Brasil possui normas adequadas para tudo. Em relação ao o desarme do DR, que é instantâneo, garantindo a segurança da é um elemento pouco visto na instalação elétrica. O problema
O problema é que as instalações elétricas continuam precárias, que prescrevem as normas, não estamos devendo nada para qual- pessoa que estiver no local”, salienta Martinho. é que qualquer instalação funciona bem sem ele, uma vez que
sem que haja uma mudança, provocando a degradação da insta- quer norma internacional. O problema maior é o não cumprimento Grande parcela da população nem sequer conhece o dispositivo e só é usado em casos de emergência”, afirma Eduardo Daniel.
lação, incluindo o envelhecimento de componentes, aparecimento delas e a ausência de verificação final”. muito menos sua utilidade. “Acredito que este teria de ser um trabalho Por legislação, é exigida a verificação da inspeção do SPDA a
de falhas e aquecimento de condutores. “Constatamos que pelo desenvolvido pelas próprias indústrias fabricantes deste produto, cada cinco anos. Daniel garante que em muitos dos casos verifi-
menos 60% dos edifícios apresentavam superaquecimento, o que no sentido de esclarecer as informações ao morador da casa, que cados, o equipamento está em condições inadequadas, inclusive
demonstra que é preciso redimensionar a instalação e fazer no- Elementos de segurança às vezes não sabe olhar para sua caixa de distribuição e identificar em edifícios famosos em São Paulo, até mesmo com certificação
vos circuitos para atender a carga da instalação”, orienta Milena. Para garantir a segurança, a instalação deve estar equipada todos os materiais que ali estão instalados”, orienta Milena Prado. LEED. O usuário começa a perceber a necessidade do SPDA quando
A manutenção é outra vertente em estado crítico, pois comu- com todos os itens necessários, o que por diversas vezes não O condutor de proteção ganhou mais repercussão por conta os problemas surgem nos equipamentos. “Não adianta haver uma
mente é feita de maneira incorreta. Para exemplificar, pensemos acontece em construções informais. Por outro lado, praticamente dos equipamentos eletrônicos (computadores basicamente), legislação se não tiver quem verifique, se não vira ‘canetada’. E
em uma instalação com um disjuntor de 25A, aplicado para 100% das novas construções já utilizam os principais elementos porém, seu uso continua tímido. este é o nosso temor em relação à certificação das instalações, pois
proteger condutores. Com a elevação das cargas, há também o de segurança, uma vez que seguem a norma. O problema per- Outro elemento compulsório é o dispositivo de proteção contra se assim acontecer, nada será agregado à segurança”, expressa.
aumento da demanda, o que faz com que o disjuntor se abra siste nas autoconstruções, pois ainda falta uma conscientização surtos (DPS), o qual também ainda não é aplicado como deveria. A Sistemas de aterramento interno também são pouco represen-
quando a carga ultrapassa o que ele suporta. e conhecimento por parte dos usuários das instalações. Eduardo norma exige sua utilização, mas ele não protege o usuário, e sim, tativos, mas sua frequência tem aumentado por conta do uso de
Eduardo Daniel enfatiza que quando um disjuntor é substitu- Daniel explica que se tratando de novas instalações, o uso do os equipamentos contra queimas. “Com a vida, quase ninguém computadores. Milena Prado afirma que uma pesquisa feita pelo
ído por outro considerado mais potente – com uma capacidade dispositivo DR, por exemplo, atualmente está muito mais comum se preocupa, mas com o equipamento, sim”, observa Martinho. Programa Casa Segura, no final de 2010, com 300 residências,
de abertura maior –, significa que não se está mais protegendo do que antes. “Ainda está longe ainda de ser 100%, mas é muito Além disso, hoje são encontradas muitas instalações com con- apontou que em 30% delas é utilizado o fio-terra, quando há a
3. Capa
40 41
Segurança nas instalações
Estatísticas das Instalações Elétricas na América latina
do ser humano para que ele comece a entender que instalação
Divulgação/Certiel Brasil
Fio-terra Fio-terra
elétrica é necessária; a outra é pela legislação aliada à fiscali-
2004 2011 2006 2011
Casas Edifícios zação, porque se houver uma legislação, mas sem fiscalização,
não há o cumprimento da lei”, justifica Martinho.
95% 90% 95%
Neste sentido, é travada uma complexa briga jurídica, pois há
76%
70%
60% 60% 62% 60% quem afirme que uma norma técnica não pode ser obrigatória
50% 50% 50%
40% 40% 45% porque não é disponibilizada gratuitamente; por outro lado, o Có-
33% 35%
25% 30% digo de Defesa do Consumidor (CDC) remete ao seu cumprimento
15%
como sendo obrigatório. Isso revela que o grande problema no
Brasil não gira somente em torno da legislação, mas também, de
Brasil Chile Colômbia México Peru Brasil Chile Colômbia México Peru seu cumprimento por falta de fiscalização e de cultura que a exija.
Fonte: Procobre
Pesquisa de Mercado - Novas Construções
Indo mais a fundo, para gerar essa mudança de cultura neces-
sária, é preciso ir além de promover trabalhos junto às mídias. Quadro de entrada de apartamento sem proteção contra contatos
Milena Prado explica que por mais que a população seja cons- diretos e com condutores expostos
atuação de um empreiteiro na obra. “Este índice ainda é conside- Paulo Barreto contrapõe e afirma que se levarmos em conta cientizada a saiba da gravidade do problema, se não houver uma
ravelmente baixo, mas muito melhor do que há 10 anos, que era o crescimento da população, as ocorrências diminuíram. “Nas lei e benefícios por se fazer a reforma, dificilmente este processo não certificados ou com certificados cancelados apresentaram
zero”, profere. Dentro da instalação, os gastos com aterramento três últimas décadas, houve um aumento da responsabilidade e funcionará, pois o brasileiro se adéqua quando há fiscalização uma redução (de 33% para 21%). A situação é preocupante e foi
representam de 10% a 15%, sendo que 10% do valor da instalação do senso crítico dos riscos de instalações elétricas irregulares, e multas. “Poderiam ser envolvidos bancos que incentivem a gerada pela falta de cancelamentos de certificados (diferente do
elétrica significa 0,5% do custo total da obra. e com isso, houve uma elevação significativa de projetos e de reforma e ofereçam crédito para a instalação elétrica”, sugere. ano de 2010) e pela migração dos fabricantes com problemas
execuções de acordo com as normas”, declara. Outra alternativa proposta por ela é a criação de um comitê para para novas certificadoras.
ouvir a cadeia e entidades de classe, de modo a realizar a apre- Contudo, ainda assim, se compararmos a qualidade dos produtos
E os acidentes não param por aí O xis da questão está sentação de um dossiê dos problemas ocorridos para a Agência hoje comercializados no mercado com a qualidade das instalações
Os acidentes relacionados a eletricidade são amplamente Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em Brasília, a fim de fomentar a propriamente ditas, a melhoria da qualidade dos itens é muito
divulgados ao mercado pelo seu caráter de importância e de na conscientização mudança cultural. “Quem sabe assim, as concessionárias de energia maior, porque todos eles praticamente contam com uma certificação
alerta, com a finalidade de serem evitados. No Brasil, não exis- A precariedade das instalações elétricas tem sua origem na tenham permissão por parte da Aneel para entrarem na residência compulsória. Logicamente ainda existem problemas de produtos
tem estatísticas atualizadas e precisas quanto a acidentes com cultura da sociedade, que pouco conhece o assunto e não investe do consumidor e fazerem a verificação, pois até o momento, elas só piratas e não conformes, mas mesmo em disjuntores, por exemplo,
a rede elétrica. Sabe-se que nos Estados Unidos, cerca de cinco em recursos que garantam sua própria segurança. “O ponto que chegam até o padrão de entrada da unidade consumidora”, propõe. em que se tem casos até mesmo de falsificação de marca, a falta
mil pessoas chegam anualmente aos prontos socorros vitimadas considero mais alarmante nisso tudo está ligado à cultura do Como forma de despertar a atenção e o interesse da popu- de qualidade é muito menor do que era há 10 anos.
por choques elétricos, e aproximadamente mil casos fatais são próprio brasileiro, que não tem o hábito de fazer uma instalação lação sobre o assunto, o Programa Casa Segura, juntamente Quando se trata de condutores, se analisarmos o monitoramento
creditados anualmente a este fator. elétrica segura, mas, sim, para funcionar. Esse é o primeiro passo com a rede da C&C – Casa e Construção, criou um produto de controle de qualidade realizado, veremos que o índice atual
A grande maioria dos acidentes se dá pela falta de informação que temos de dar, pois mudança de cultura é um processo longo chamado “Assistência Elétrica”, disponível para compra em de conformidade ultrapassa 95%. “Em muitos países, como os
das pessoas que utilizam ou trabalham com a eletricidade, o que e leva muitos anos”, declara Edson Martinho. algumas lojas da rede, por meio do qual o próprio consumidor Estados Unidos, não existe uma legislação para estas questões,
faz com que a instalação elétrica seja mal executada, desprovida Para ilustrar o que deveria acontecer com as instalações elétri- pode fazer o diagnóstico de sua instalação elétrica. porque o mercado exige segurança e qualidade, enquanto nós,
de dispositivos de proteção. cas, o engenheiro cita o exemplo do uso do cinto de segurança. Ainda para este ano, o Casa Segura está programando um trabalho infelizmente, ainda precisamos desta ‘figura antipática’ da certi-
“Quando acontece o acidente, é traçado como fatalidade, o que “Há vinte anos, sua obrigatoriedade começou com uma fiscali- em parceria com treinamentos ministrados no homecenter da Dicico, ficação compulsória”, compara Daniel.
na verdade não é. Ainda estou tentando encontrar ao menos um zação; depois, foi feita uma campanha muito forte, e é isso que que visa justamente alertar os consumidores sobre os riscos da eletri- A melhoria da qualidade dos produtos também se deve à
caso que seja realmente uma fatalidade, mas até agora, pelo que vai criando uma cultura. Hoje em dia é muito comum as pessoas cidade e entregar-lhes um guia de bolso para atentarem à qualidade conscientização do próprio fabricante em investir cada vez mais
acompanho, o motivo dos acidentes está sempre relacionado a entrarem no carro e colocarem o cinto de segurança automati- das instalações. O trabalho está em fase inicial, porém deve estar em em seus produtos. O outro viés que existe é o tecnológico.
algum tipo de erro, exceto quando se trata de descarga atmosférica, camente. É mais ou menos nessa linha que precisamos atuar, funcionamento a partir do final de junho, aproximadamente. Os processos de fabricação atualmente estão melhores e bem
em que a pessoa não tem onde se abrigar”, frisa Edson Martinho. para que tenhamos os resultados mais rapidamente”, argumenta. Milena Prado conta que outra ação almejada consiste em um mais acessíveis em termos de custos, o que também auxiliou
A estatística real dos acidentes com eletricidade está mascarada Paulo Barreto é ainda mais conciso ao declarar: “Nós, profissio- trabalho de solicitação a bancos, de modo que verifiquem dentro essa melhoria geral dos componentes.
e muito além dos números noticiados, pois quando ocorre um nais do meio, temos falado o óbvio para nós mesmos, enquanto de seus relatórios de inspeção, a possibilidade de serem listados “Hoje, o discurso é outro, pois houve uma evolução positiva do
acidente relacionado a choque elétrico, o indivíduo dá entrada no o problema está na falta de conscientização social. Os acidentes mais materiais elétricos na instalação. “Quando o banco libera um mercado. No passado, tínhamos riscos de materiais (casos de polí-
pronto-socorro e a causa é atribuída à parada cardiorrespiratória. ocorrem em uma parcela considerável por desleixo e por desconhe- seguro residencial, ele tem de fazer uma inspeção para verificar a cia), ao passo que atualmente, com a certificação compulsória, se a
Muitas pessoas, vítimas de choque elétrico, vêm a óbito e este é cimento da sociedade. Se for feita uma campanha de conscientiza- condição da instalação. Estamos tentando convencer algum deles compra for feita em estabelecimentos formais, como lojas, revendas
um ponto principal que afeta, principalmente, crianças dentro das ção, esclarecimento e orientação, há uma maior probabilidade de a impor mais itens, porque o relatório atual é muito superficial. de materiais elétricos e grandes redes de materiais de construção,
casas. “As pessoas se enganam achando que tapando a tomada sucesso; caso contrário, o insucesso é que ganha terreno”, enfatiza. Acredito que essa também seja outra forma de incentivar uma serão encontrados somente materiais normalizados e com marca
não terão problemas. Às vezes, acabam até mesmo inutilizando Apesar das mobilizações de diversos agentes do mercado, é movimentação na cultura da sociedade”, relata. de conformidade nos que são certificados”, assegura Paulo Barreto.
a tomada para evitar o choque elétrico”, expõe Milena Prado. preciso promover um trabalho muito mais acentuado no que diz Ainda segundo ele, dois tipos de produtos precisam entrar
A adoção do novo padrão de plugues e tomadas é destaca- respeito à mídia de massa, ou seja, campanhas em televisões, na compulsoriedade de certificação o quanto antes: eletrodutos
da pelos especialistas como uma das ações que colaboraram rádios, jornais, revistas, palestras, cursos etc., a fim de aumentar Padrão de qualidade e quadros de distribuição, pois apresentam muitos problemas.
bastante para a diminuição de acidentes, pois os critérios de a consciência de todos, já que cultura não se muda de um dia O ano de 2011 apresentou, em relação a 2010, uma redução “Vejo que os quadros são montados na obra sem qualquer
segurança que foram embutidos são indiscutíveis. para o outro. Ademais, com a sociedade devidamente esclarecida, dos fabricantes com produtos de qualidade (de 54% para 46%) e noção, ensaio e critério. Para efeitos legais, quem monta um
O curto-circuito, isto é, a sobrecarga na instalação também é será possível detectar a má-fé de certos prestadores de serviço. um aumento dos fabricantes com deficiências, embora certificadas quadro se transforma em um fabricante, e, portanto, deve
um dos perigos iminentes, estando relacionado a incêndios que “Sempre costumo dizer que existem duas formas de se promover (de 13% para 33%), segundo dados da Associação Brasileira pela cumprir todos os requisitos que um fabricante/montador de
costumam ser graves na maioria das vezes. a segurança: uma é pela conscientização, isto é, mudar a cultura Qualidade dos Fios e Cabos Elétricos (Qualifio). Os fabricantes quadros está sujeito”, destaca.
4. Capa
42 43
Segurança nas instalações
No que tange a eletrodutos, ele afirma que não têm sido en- era exigido o terra –, podiam ser ligados tanto na tomada antiga Existe um dado que aponta que a obsolescência técnica está es- está embasada nas prescrições da NBR 5410 e nos regulamentos
contradas as famosas mangueiras d’água para uso, o que era como na nova. Hoje em dia, cerca de 80% dos produtos antigos timada em três anos. Desta forma, o ensino deve ser eclético o sufi- das autoridades de concessionárias de energia elétrica.
outro ponto crítico. “A partir do momento que acontecerem estas adéquam-se ao novo padrão. ciente para permitir ao indivíduo raciocinar no futuro, ainda enquanto Eduardo Daniel esclarece que o que difere a IT-41 do trabalho
certificações, eu diria que, dos materiais mais significativos, o “Há mais de seis meses que não encontro tomadas antigas estudante, e ao mesmo tempo, prepará-lo para o mercado vigente. realizado pela Certiel é que, além da inspeção visual, a associação
mercado estará bem coberto”, sustenta. no mercado, e posso dizer que percorro bastante o comércio de “Não é de hoje que o ensino básico e o fundamental estão uma realiza também os ensaios. “Eu diria que 80% dos problemas ve-
várias cidades. Vejo que estão sendo comercializadas somente lástima. Na verdade, este desastre aconteceu no final dos anos rificados, são encontrados durante a inspeção visual, e os outros
Mercado adaptado tomadas e plugues padrão, o que significa que a sociedade, de 1960, quando houve uma acentuada reforma do ensino na época 20%, nos ensaios. Normalmente, começamos o trabalho da inspeção
A partir de 1º de janeiro de 2012, todo o mercado brasileiro modo geral, e o comércio, em particular, atenderam rapidamente da Ditadura Militar. Em minha opinião, o objetivo foi ‘emburrecer’ a visual antes de terminar a obra, o que facilita bastante”, conta.
teve de se adequar ao novo padrão de plugues e tomadas, se- o que achávamos que levaria um certo tempo”, comenta Yaksic. população e fazer com que ela não pensasse como deveria. Em função O engenheiro civil Adilson Antônio da Silva, major PM e sub-chefe
gundo definição do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade do que ocorreu, estamos colhendo os frutos agora”, ressalta Barreto. do departamento de segurança contra incêndio Corpo de Bombeiros
e Tecnologia (Inmetro). Fabián Yaksic, gerente do departamento De olho na qualificação O outro aspecto problemático é a mão de obra operacional, da da Polícia Militar do Estado de São Paulo, faz uma avaliação das
de tecnologia e política industrial da Associação Brasileira da In- qual fazem parte eletricistas, operadores de máquinas etc. “Este condições após um ano da entrada em vigor da IT-41 e afirma que
dústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) conta que os prazos foram profissional mercado eu diria que é contornável, pois existem instituições que houve um despertar dos profissionais de segurança contra incêndio
bastante “consensados”, com exigências unilateriais por parte do Em vários campos de atividade, o problema brasileiro é a preparam as profissionalizações, como o Senai, que oferece con- para o assunto, aumentando, assim, o grau de consciência. “Após
Inmetro, que permanentemente ouviu a sociedade, e em particular, má formação na educação de base, e no setor de eletricidade dições de o indivíduo ganhar um ofício e receber um treinamento a edição da IT-41, muitos profissionais nos procuram querendo
a Abinee, que por sua vez, ouviu os fabricantes e o comércio para não é diferente. A construção civil é o setor que agrega a maior que o permita ocupar uma função na empresa, à qual cabe o ônus informações sobre segurança nas instalações elétricas. O melhor
saber em quais prazos eles poderiam adequar-se para inserir no quantidade de colaboradores situados na base da pirâmide edu- de treiná-lo especificamente as atividades. Os fabricantes também caminho é realmente o de conscientizar as pessoas para o correto
mercado os novos plugues e tomadas padrão. cacional, e sem um programa de Estado para erradicar de vez o vêm desenvolvendo ações nessa direção”, declara. uso da eletricidade, as quais devem ter ciência dos riscos e sempre
Como forma de evitar acidentes, não é recomendada a utiliza- analfabetismo na nossa sociedade, estamos fadados à ocorrência Para Edson Martinho, os profissionais formados atualmente procurar profissionais habilitados para realizarem serviços nas ins-
ção de adaptadores de forma permanente, mas, sim, de maneira de acidentes. “Por mais que as entidades privadas se esforcem atendem os requisitos mínimos para atuarem no mercado, mas talações elétricas, bem como manutenções periódicas”, recomenda.
temporária. “Como estava havendo a mudança do tipo de toma- com programas de qualificação e reciclagem, não conseguem alerta que é importante que cada um faça posteriormente uma Atualmente, empresas e comércios que precisam do auto de vis-
da, nós insistimos com o Inmetro sobre a criação da certificação atender toda a demanda da educação reprimida”, afirma José especialização ou adequação à sua área. O grande problema não toria do Corpo de Bombeiros (AVCB) se preocupam em obter um
compulsória também dos adaptadores, porque não há sentido, Silvio Valdissera, do Sindinstalação. está nos profissionais de escolas, mas nos que se formam pela documento do engenheiro que ateste que a instalação elétrica está de
digamos, termos uma tomada segura, e um adaptador, que é uma A qualidade da mão de obra, com foco específico em instalações prática, como o eletricista ou instalador. “O profissional relativa- acordo com os requisitos da norma ou com as regras de segurança.
figura provisória, que não atenda a norma alguma. Assim, feliz- elétricas ligadas ao setor de construção civil, demanda investimentos, mente perigoso no mercado é o pai, que aprendeu com o avô, “Ainda não temos uma divisão em percentual de instalações
mente, foi elaborada uma norma para fabricação dos adaptadores, a fim de criar requisitos para a própria certificação voluntária dos que aprendeu com o bisavô, mas que continua fazendo o que novas e antigas de forma conclusiva. O que podemos adiantar é
com as exigências mínimas de segurança”, comemora Yasksic. eletricistas. É importante que as empresas instaladoras e/ou constru- este último fazia, sem evoluir com o tempo”, comenta. que efetivamente estamos melhorando a prevenção contra incên-
O novo padrão sinaliza que a tomada conta com um fio-terra, garan- toras utilizem profissionais capacitados para executar os trabalhos. dios com a aplicação da IT-41”, declara Adilson Silva.
tindo a segurança dos usuários e da própria instalação. “É importante É possível afirmar que o atendimento às normas já é disseminado A luta pela compulsoriedade Pesquisa desenvolvida pelos bombeiros junto às entidades do setor
que os consumidores exijam no mercado produtos certificados, e que entre os profissionais legalmente habilitados no País. “Não exigimos A principal problemática do Brasil no que se refere à certificação revela inúmeros problemas nas instalações elétricas de edifícios existentes:
todos os construtores, empresas de construção civil e entidades de que os eletricistas conheçam as 1.500 normas do Cobei, até mesmo de instalações elétricas é a falta de apoio do contratante e dos - 60% das instalações são consideradas em condições precárias;
classe estejam permanentemente conscientes – assim como já estão –, porque elas não são feitas para eles, mas, sim, para engenheiros e agentes governamentais. A Certiel Brasil segue em seu segundo 30% são regulares e 10% consideradas boas;
e continuem executando as instalações conforme a NBR 5410 não técnicos as interpretarem e os dirigirem. É importante salientar que o ano efetivo de certificações. No Brasil, o modelo ainda é o de - 20,9% dos edifícios não apresentam condutor de proteção
apenas em construções de grande porte, mas também em residências eletricista não é o profissional que toma decisões; ele executa decisões certificação voluntária, mas o grande objetivo é torná-la compul- (fio-terra); 15,2% não têm aterramento e outros 15,2% apresentam
de menor poder aquisitivo, sempre instalando o fio-terra, com fios e tomadas por um profissional legalmente habilitado”, adverte Barreto. sória. Em novembro deste ano, haverá o evento da International sobrecarga nos circuitos;
cabos adequadamente dimensionados conforme a norma, e plugues No mercado formal, a cada ano ingressam centenas de profis- Federation for the Safety of Electricity Users (Fisuel, na sigla em - Entre os itens básicos – que serão passíveis da inspeção vi-
e tomadas dentro do novo padrão”, recomenda Yaksic. sionais. A questão da mão de obra também requer atenção e está francês), em São Paulo, do qual participarão representantes in- sual –, 14,9% das entidades acreditam que o principal requisito
Nas construções pré-existentes, os próprios consumidores fi- dividida entre dois aspectos: conhecimento, ou seja, formação, ternacionais para dar testemunhos do que tem acontecido no de uma instalação elétrica é ter fio-terra, seguido de existência
nais estão optando por mudar as tomadas. Mesmo os produtos e operacional, isto é, execução e treinamento. exterior. O foco será alertar principalmente as autoridades e órgãos de um sistema de aterramento (12,8%); quadro elétrico compa-
antigos que apresentavam dois pinos redondos – nos quais não O conhecimento necessário para os trabalhos está relacionado reguladores sobre a importância deste assunto. tível com a edificação (12,8%) e presença de dispositivo DR de
a técnicos, tecnólogos e engenheiros formados, o que remete ao “A certificação só é necessária quando não há uma cultura de proteção contra choques elétricos (10,6%).
ensino da área tecnológica. Neste cenário, perdura um grave pro- instalação elétrica correta. Ela é uma garantia de que a instalação De acordo com o documento, os itens principais da inspeção visual
Divulgação/Certiel Brasil
blema discutido em fóruns e também em âmbito governamental. foi feita de acordo com as normas, e que consequentemente, são quadros elétricos, componentes elétricos, linhas elétricas, proteção
Barreto esclarece que o ensino superior ou técnico está impotente atende os requisitos de segurança”, afirma Martinho. contra sobrecargas, curtos-circuitos e choques elétricos, serviços de
e que não há o que fazer para melhorar a formação, porque a Para Milena Prado, quando se trata principalmente de órgãos segurança contra incêndios e documentação relativa à instalação elétrica.
matéria-prima chega sem condições de receber o conhecimento. públicos, como hospitais, escolas, entre outros, as incorporadoras É importante destacar que a inspeção visual das instalações será
“O estudante de curso técnico e de engenharia está tão des- e construtoras deveriam mostrar que estão cumprindo a norma, e realizada por profissional habilitado pelo Crea para este tipo de
preparado que as faculdades, por exemplo, tiveram de readequar nada melhor do que a certificação para revelar isso. “Acredito que serviço, que deverá seguir as instruções da IT-41 e entregar para o
as disciplinas e o conteúdo curricular para falarem a mesma lin- a consciência sobre a importância da certificação das instalações bombeiro a declaração de conformidade da instalação devidamente
guagem deste público, o que é um verdadeiro absurdo”, contesta. deveria partir primeiramente dos órgãos governamentais”, opina. assinada pelo responsável técnico e pelo proprietário da edificação.
Ele conta ainda que o problema está na falta de capacidade Somente obras consideradas em conformidade com as exigências
cognitiva dos profissionais, os quais se formam sem condições da IT-41 terão o auto de vistoria emitido pela corporação.
de estruturar uma conexão entre os conteúdos que receberam IT-41: 1 ano de vigência
durante o curso. “Assim, são criados autômatos ou analfabetos Como sabemos, a certificação de instalações elétricas no Brasil >> As instruções para a obtenção do AVCB podem ser verificadas
funcionais. Precisamos de profissionais criativos em condições ainda não apresenta novidades no âmbito compulsório. O que no endereço eletrônico: www.ccb.policiamilitar.sp.gov.br, onde
Conexão elétrica de dispositivo de proteção com parte dos de acompanhar a evolução tecnológica”, alerta. existe atualmente em funcionamento é a Instrução Técnica nº consta a legislação de segurança contra incêndio do Corpo de
condutores energizados exposta
41/2011, do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, a qual Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo.