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A Tecnologia de Informação e Comunicação na Educação
                                                              Rogério da Costa Ribeiro
       O presente estudo é parte de uma atividade mais ampla que inclui discussão
sobre o tema e leitura do livro “Educação e Comunicação: O ideal de inclusão pelas
tecnologias de informação: otimismo exacerbado e lucidez pedagógica” da autora Suely
Galli Soares, especificamente do Capitulo III intitulado Internet e inclusão: otimismos
exacerbados e lucidez pedagógica, na disciplina Comunicação e Tecnologia em
Supervisão Pedagógica e Formação de Formadores do curso de pós-graduação em
Supervisão Pedagógica e Formação de Formadores com acesso ao Mestrado Europeu
em Ciências da Educação. O objetivo desse artigo é desencadear a reflexão sobre
tecnologia e inclusão como eixo das análises sobre sociedade, educação, sobretudo a
formação de professores para responder a demanda por inclusão digital.
       A autora explica que a globalização, promovida pelo crescimento da
comunicação eletrônica e das empresas transnacionais, afeta a interação dos estados
nacionais tornando-os constituintes do mundo global, rompendo os limites das
fronteiras geográficas no âmbito econômico e, cultural dos povos. Neste contexto há de
se considerar a relação globalização e comunicação global em que a internet, ferramenta
projetada pelas empresas transnacionais em parceria com as ‘forças armadas, expande-
se gradativamente aos diversos setores da sociedade e da produção humana.
       O avanço e o uso da internet afetam a estrutura de desenvolvimento das
telecomunicações, a qual na Europa para Bernatzk (2001) está estruturada em dois
modelos: um idealista, que abarca toda a sociedade e outro estratégico, que se restringe
a determinados usuários específicos. Dentre estes modelos, Galli Soares (2006 p.100),
apoiada também nas análises de Mansell (2001), foca-se no modelo idealista chamando-
o de otimismo exacerbado. A autora pontua que “os aspectos positivos das tecnologias
merecem reconhecimento, no entanto, afirmações sobre facilidades e democratizações
dos benefícios extensivos a todas as pessoas são dados que devem ser questionados
(...)”. Ressalta que as TIC’s proporcionam inúmeros benefícios e possibilidades à
sociedade, mas é necessário primar pela lucidez pedagógica.
       No nosso entendimento, e como pesquisador interessado no ensino e
aprendizagem por meio das tecnologias, este estudo se propõe identificar e apresentar
subsídios para uma reflexão crítica sobre a relevância da EaD, como modalidade
significativa e de qualidade, superando o estigma de educação de segunda linha e/ou
paliativa e provisória como já foi e, por vezes, ainda tem sido taxada no cenário
educacional brasileiro. Esta perspectiva tem seus fundamentos basilares acompanhados
e orientados pela supervisão pedagógica contextualizada nesta modalidade de ensino.
       Essa lucidez a que a autora se refere está interligada ao fazer educativo
permeado pelo diálogo constante e democrático com as TIC’s, desencadeando o acesso
de um maior número de pessoas ao mundo do saber, mediante as novas possibilidades
metodológicas que viabilizam e proporcionam o desenvolvimento de habilidades e
competências, dotando o sujeito de empreendedorismo, estimulando sua capacidade de
empreender, de se atualizar e se adaptar às necessidades do mundo social
contemporâneo, competitivo em constantes mudanças.
       Dentre essas questões destacamos a necessidade de se conhecer a legislação que
orienta essa modalidade do ensino em nosso país.
       A autora traz para nossa reflexão dados sobre como a gestão nacional do sistema
de ensino brasileiro tem se ocupado com discussões e projetos de modernização dos
processos administrativos e pedagógicos ainda que modestas dozes. O governo
brasileiro tem incentivado a criação e difusão de projetos em EAD, tendo em vista a
democratização do acesso ao conhecimento e ampliação da formação escolar dos
brasileiros, por meio das ações do MEC, em todos os níveis de ensino, inclusive na
educação superior.
       Neste nível de ensino, há de se considerar a base legal fornecida pela Portaria n°
2.253, de 18 de outubro de 2001 que possibilita a oferta de Disciplinas na modalidade
EAD em Cursos Reconhecidos nas Instituições de Ensino Superior, com base no art. 81
da Lei n° 9.394/1996 e no art. 1° do Decreto n° 2.494, de 10 de fevereiro de 1998.
Amparado legalmente, o currículo de cada curso superior pode oferecer até 20% de sua
carga horária por meio de disciplinas não-presenciais em curso presencial.
       No entanto, somente as Instituições de Ensino Superior nomeadas Universidade
ou Centro Universitário em seu credenciamento pelo MEC podem optar pela oferta de
disciplinas em seus cursos na modalidade EAD, em parte ou no todo da disciplina, com
as devidas reformulações pedagógicas de seu projeto de curso.
       Entretanto, a modalidade à distância não está restrita ao uso da mediação pelo
computador via internet, mas, prevê-se a utilização também de outros ferramentais
como vídeos e materiais impresso. A opção pela modalidade a distância requer cautela e
discernimento, sobretudo pedagógico, na adoção de um determinado ferramental. A
adoção desmedida pelas tecnologias virtuais como solução à demanda educacional pode
geral um agravamento do referido problema social, uma vez que seu acesso e domínio
do ferramental não fazem parte do cotidiano de todo cidadão brasileiro.
       Contudo, a utilização das TIC’s pode, na concepção de Galli Soares (2006
p.103), “[...] instalar uma nova fonte de autonomia pela prática da pesquisa, por parte do
docente e do acadêmico, em posse do acesso ao ferramental, conhecimento sobre seu
funcionamento e suas aplicações facilitadoras da produção dos saberes”.
       Nessa produção de saberes sobre as quais a autora nos remete, inclui o uso das
TIC’s de acesso democratizado e de qualidade aos meios tecnológicos utilizados, bem
como a adoção de linguagem e comunicação apropriada ao projeto educacional
desenvolvido, viabilizando a implementação da interdisciplinaridade. Isto requer
confiabilidade no ferramental, por parte do educador que exerce a docência e
familiaridade com o ferramental por parte do educando. Este contexto de ensino
aprendizagem processado nas TIC’s exige uma mudança substancial na postura
profissional do docente, mudança que se efetiva no manuseio do ferramental,
exercitando o desejo de conhecer a tecnologia utilizada, suas interfaces, bem como,
aprimoramento da metodologia de trabalho acadêmico e construção de uma nova forma
de identificação com o abjeto científico da área de pesquisa.
       Vale pontuar que algumas universidades brasileiras tem investido no âmbito da
EAD. Dentre as quais destacamos que no Estado de São Paulo Brasil, a UNICAMP
(Universidade Estadual de Campinas) realiza diversas pesquisas e ações educativas por
meio de novos ambientes educacionais com teor acadêmico e social, pautado na leitura
crítica dos desafios didático-pedagógicos. Igualmente a PUC-Campinas (Pontifícia
Universidade Católica de Campinas), PUC-São Paulo e USP (Universidade de São
Paulo) realizam diversas ações em prol da formação de professores, mediadas pelas
TIC’s, devido sua flexibilização de acesso e dinamização do tempo e espaço de estudo
dos docentes em exercício de docência. Desta forma, a cultura de formação de
professores, ensino e pesquisa, próprios do fazer institucional das universidades, estão
agregados ao compromisso pela disseminação e uso responsável da TIC’s.
       Tais iniciativas promovem mudanças e desenvolvem novos paradigmas que
sinalizam as transformações presentes e em curso no meio educacional e de professores.
       A mudança de paradigma latente nos professores e na formação continuada
necessária para que esta se efetive em posturas frente às novas perspectivas almejadas
pelos recursos e ambientes educacionais se constituem em desafios à prática pedagógica
pautada no uso das TIC’s.
Em épocas não muito remota, o professor necessitava dominar o referencial
teórico contido em enciclopédias e bibliotecas para ser bem sucedido ao ministrar suas
aulas e referendar o estudo, pesquisa e produção de conhecimento por parte do aluno.
       Neste contexto, faz-se mister pontuar que antes somente o professor tinha acesso
aos clássicos e livros basilares do exercício acadêmico. Atualmente, com o acervo
complexo      proporcionado   pelos   ambientes    informatizados   e   comunicacionais
hipermediáticos, flexíveis e voláteis, do ciberespaço possibilitam que o aluno tenha
tanto acesso quanto o professor. Esta mudança de eixo no meio acadêmico põe em
cheque a prática docente e exige um redirecionamento, ou seja, o professor precisa se
debruçar em seu tempo de estudo com pesquisa de fontes confiáveis e sites afins com
sua área de conhecimento, disciplina e nível de ensino para indicá-las como estudo
complementares aos seus alunos.
       Entretanto, tal necessidade pertencente ao âmbito da formação continuada do
educador tem sido inebriada com paliativos de eficácia questionável, como o conhecido
horário de trabalho pedagógico coletivo (HTPC), que frequentemente é questionado o
seu teor transformador, apesar de estar inserido na jornada semanal do educador.
       Tem-se discutido amplamente a questão da profissionalização da docência, a
qual no sentido anglo-saxônico designa a transformação de um ofício em uma profissão,
enquanto esta no sentido clássico francês designa a transformação de uma práxis
desinteressada e ocasional em um ofício, munido de reconhecimento e de formação
específica.
       Esta questão da ocasionalidade, emaranhada às vísceras de uma parcela da
educação brasileira, agrava-se ao darmo-nos conta de que se coloca em risco a
qualidade e compromisso docente pela busca de complementação de renda através da
docência. Este dado está interligado a outros de âmbito trabalhista, econômico e social
do povo brasileiro.
       Contudo, a profissionalização do professor é complexa e polêmica, uma vez que
toca no âmago da especificidade do processo educacional que tange habilidades e
competências profissional que transpassa o limiar da técnica e outras competências
mensuráveis, próprias de outras atividades.
       Este turvo horizonte requer ações contextualizadas no âmbito da formação dos
profissionais da educação. Segundo Galli Soares:
Tornam-se, assim, urgentes ações capazes de contextualizar a realidade da formação do
       professor, das condições de trabalho na escola, das políticas do MEC em nome da formação
       continuada, da emergência das tecnologias de informação e comunicação no meio educacional,
       do descompasso entre o desenvolvimento científico e tecnológico da sociedade atual e a prática
       de ensino predominante na escola e finalmente o paradigma de ensino e aprendizagem a partir do
       advento das tecnologias. (GALLI SOARES, 2006 p. 108-109)



       Semelhantemente a outros segmentos produtivos que buscam qualificar-se em
relação a seus processos, a formação continuada frente à profissionalização
correspondente à necessidade de qualificação da educação e suas relações.
       Faz-se necessário indagar se é aceitável que a educação, diferentemente de
outras áreas, fique à deriva desta realidade emergente ou se urge que seja reduzido o
distanciamento entre a formação dos profissionais da educação e as exigências da
sociedade em seu auge de desenvolvimento tecnológico. Frente a esta questão nodal nos
defrontamos com a constatação de Castanho (2000), ou seja, segundo a autora em
educação se vive a chamada transição de paradigmas, despontando um paradigma
conectado à forma como se concebe a construção do conhecimento na estrutura
cognitiva do aluno.
       Nesta mesma linha de raciocínio, Galli Soares (2006 p.109) explicita que “o
paradigma educacional emergente da sociedade informatizada [...] poderá elevar o
conceito de educação e da qualidade da relação ensino e aprendizagem” [...].
       Desta forma, este novo olhar pautado no uso das TIC’s de forma responsável e
emancipatória aproxima a educação dos multimeios informatizados e comunicacionais
de modo didático, pedagógico, com uma visão ampla e crítica, amparado pelos ideais de
cidadania. Esta visão educativa almeja para todos o direito de usufruto dos benefícios
das TIC’s na práxis e formação do professor, descortinando a emancipação social.
       Essa emancipação no entanto está intimamente ligada aos sistemas de
comunicação, seus veículos e conteúdos que correspondem a objetivos da mera
comunicação muitas vezes tomados equivocadamente por interesses de ensino e
aprendizagem.
       Os sistemas de comunicação são o processamento multimídico que veicula de
diferentes maneiras a informação, por meio de diversos ferramentais, ocasionando
mudanças no âmbito da comunicação e organização social. Segundo Galli Soares:


       Os sistemas de comunicação [...] tornou a sociedade mais inteligente e veloz nos processos que
       eliminam o dispêndio de tempo e a locomoção no ir e vir [...] modificando as perspectivas de
       comunicação e organização das pessoas de qualquer idade [...]. (GALLI SOARES, 2006 p.110)
A Velocidade e fluxo de informações que são veiculadas pelos sistemas de
comunicação, mais precisamente no âmbito virtual da internet, possuem dois aspectos
que coexistem simultaneamente, um positivo e outro negativo. O aspecto positivo
consiste nos avanços tecnológicos criados pelo ser humano, culminando na
ressignificação da relação do mesmo com o âmbito temporal e espacial da convivência
social. O aspecto negativo consiste na vulnerabilidade em que se enquadra o ser
humano, ou seja, acelera-se de tal forma os processos que se gera uma ansiedade social
pela “imediaticidade das coisas”, deixando uma lacuna no processo de transformação do
fluxo contínuo de informações em conhecimento.
       Nesse contexto inserimos as aprendizagens proporcionadas ou esvaziadas nessa
modalidade a distancia, objeto de nosso estudo e interesse como pesquisador.
       As ações realizadas à distância tem se tornado comum na atual sociedade,
munida pela TIC, com a possibilidade de interagir no âmbito global em diversos escalas
e alcances, descortinando a transformação acelerada do meio social devido o intenso e
veloz fluxo das informações veiculadas na rede internet.
       Ao indagar a ação à distância nos vem à memória o processo ensino e
aprendizagem incorporados pela prática da educação à distância. Processo que era
mediado pela comunicação radiofônica, cadernos instrucionais via correio e as tele-
aulas via televisão. Em ambos os casos o educando assume a responsabilidade de
realizar um determinado processo de aprendizagem, mediado pelo instrumento de
ensino disponibilizado, que no término de cada etapa tem de apresentar um determinado
retorno (atividades realizadas) ao órgão responsável pelas orientações, o qual indicará as
etapas seguintes.
       Neste contexto, trata-se de um sujeito que realiza uma determinada ação distante
ou não geograficamente, mas, que por algum motivo tenha optado em realizar tal ação
fora do âmbito visual ou da presença física do orientador ou responsável pelas
instruções fornecidas.
       Já a partir do desenvolvimento das TIC’s na rede internet as ações à distância
obtiveram novas perspectivas. Em suma, a interação deste sujeito com o seu orientador,
com os demais colegas inseridos no mesmo processo e com o próprio conteúdo,
mediado por ferramentais inovadores no âmbito educacional, mostrou-se capazes de
ressignificar e ampliar a visão social sobre a EAD. O usuário (educando) está distante
do órgão emissor da informação, mas, o gestor da comunicação emitida (educador) e o
usuário (educando) podem estar presente ou próximos, ultrapassando os ditames dos
chamados horários comerciais. O que se observa, no entanto, são as novas exigências
dessa nova forma de comunicação.
       A comunicação para ser eficiente e eficaz exige que o indivíduo desenvolva
inúmeras habilidades e competências, dentre as quais se insere a questão do letramento
e letramento digital. Esta questão do letramento surgiu em resposta à atual condição da
sociedade, cuja capacidade leitora requer que se extrapole para além dos limites do texto
escrito, interligando o texto visual dos meios de comunicação no contexto do mundo
moderno.
       Segundo a autora desse estudo o letramento consiste na “apropriação da leitura
escrita e literaturas, denotando uma experiência em práticas sociais [...] ampliando o
domínio da linguagem, leitura e compreensão da alfabetização e domínio da língua
pátria no contexto das TIC’s, ou seja, trata-se do “domínio de leitura de hipertextos nas
relações com o mundo virtual” (GALLI SOARES, 2006 p. 91). Este conceito pode ser
ampliado se o relacionarmos ao contexto de alfabetização crítica de Paulo Freire, cuja
leitura do mundo precede a leitura da palavra e a apropriação dos fenômenos imbricadas
nas relações sociais.
       Este estado de letramento se mostra necessário, principalmente no uso do
ferramental disponibilizado pela informática e telecomunicações, agregado na rede
internet. Entende-se neste contexto por ferramental tecnológico as inúmeras
possibilidades de interação própria do contexto das TIC’s inseridas no processo de
construção de aprendizagens que culminam na elaboração do conhecimento. Segundo as
pesquisas de Galli Soares:


       A informação só produz conhecimento quando trabalhada, ou seja refletida num dado contexto
       de interesse e necessidade do saber. Pois, somente a partir da elaboração cognitiva é que ocorre a
       construção de novos saberes, causados pela informação, tramitados na rede. (GALLI SOARES,
       2006 p. 123)



       Este processo torna-se dinâmico pela interatividade e conectividade gerada pelo
hipertexto, o qual apresenta várias possibilidades para o trânsito ou navegação do leitor
numa experiência agregada de informações que oportuniza a interpretação com a
ampliação do exercício de realizar relações e formas. Tais possibilidades podem indicar
novas sínteses, oportunizando a ampliação da pesquisa e a elaboração de conhecimento.
Entretanto, sob o ponto de vista pedagógico, a criação do link, seu contudo e
localização, necessita de uma criteriosa avaliação e planejamento estratégico para que se
constitua em dinamização e interatividade do texto com seu objetivo cognitivo, ou seja,
não se desvie o objeto de estudo com distrações que geram no leitor a sensação de
inutilidade. O link tem uma função de complementaridade e ampliação da informação,
uma possibilidade a critério do leitor em optar qual percurso quer realizar. Assim:


       Esses aspectos, tomados pela visão da aproximação do conhecimento, sintetizam o caráter
       pedagógico das tecnologias de informação e comunicação na internet e produtos da medida em
       que potencializa auto-aprendizagem e opera a construção interativa do conhecimento. (GALLI
       SOARES, 2006 p.124)



       Este novo panorama educacional que descortina um outro olhar pedagógico
construtor desvela a existência de um currículo oculto, ou seja, há um currículo tecido
multidisciplinarmente e pautado em questões sociais, políticas e epistemológicas.
       Desta forma, o ciberespaço , lugar em que a EAD se circunscreve é composto
por tecnologia e pela atuação da ação humana. Segundo Galli Soares, “é um sistema que
possui, como o sistema educacional, um currículo que se mostra na vitrine virtual, e se
oculta na comunicação e produto dela” (GALLI SOARES, 2006 p.128). Os objetivos
que lhe deram origem ou que a conduzem nem sempre estão claros explícitos.
       Há que se considerar no entanto, o quanto as tecnologias de informação e
comunicação dinamizaram as rotinas sociais.
       Para a autora, as TIC’s disceminadas pelos diversos setores da sociedade
modificou o padrão das relações no âmbito urbano e virtual, tornando mais dinâmico e
veloz os processos interligados ao fator tempo e espaço contidos no movimento de
locomoção no ir e vir hodierno. Os multimeios, já ampliados pelos sistemas de telefonia
e fax, influem na mudança organizacional e comunicacional de toda e qualquer idade,
transgredindo o limiar de cunho profissional e social.
       Neste contexto, redefine-se as concepções de lugar situacional, limites antes
impostos pelo avanço da idade e situação de solidão. Há de se considerar que neste
milênio surge o fenômeno sociológico ocasionado pela busca de supressão da solidão e
isolamento comum às pessoas de mais idade por meio da utilização de softwares e sites
de relacionamento ou comunicação por meio de e-mail na internet. Esta nova
possibilidade rompe os limites impostos pelo meio físico e estabelece uma nova cultura
social e comunicacional.
Para alguns pesquisadores como Moran, segundo Galli Soares (2006 p.110), esta
mudança comunicacional se explica pelo “processamento multimídico”, com o qual
surge inúmeras maneiras de se veicular a informação.
       Desta forma, emerge o paradigma educacional do siberespaço que requer um
novo perfil de profissional da comunicação na web, capaz de incorporar a
multiplicidade das áreas implicadas no processo de criação e gestão da comunicação.
Esta nova demanda profissional necessita ser tratada sob o ponto da sociabilidade que
agrega profissionais das áreas da Pedagogia, Artes Plásticas, Arquitetura Tecnológica,
Análise de Sistemas e Telecomunicações e outros para compor o corpo multidisciplinar
capaz de atender as necessidades emergentes.
       Entretanto, este aparato técnico profissional e tecnológico não é suficiente. Faz-
se necessário refletir sobre o conteúdo que dá sustentabilidade a este todo, ou seja, no
âmbito educacional requer a explicitação do conceito de projeto que estabelece os
fundamentos basilares das ações, decisões e expectativas postas.
       Esta definição do conteúdo de um dado site deve se dar pautada em estudos e
planejamento da equipe que efetivará as ações previstas ou explicitadas no projeto. Isto
requer clareza sobre os objetivos e sua aplicação, bem como da metodologia adotada, do
ferramental didático pedagógico e da avaliação a ser implantada.
       Tendo em vista o que se propõe a fazer e onde se pretende chegar, é viável a
utilização de um roteiro pormenorizado da metodologia comunicacional adotada, prever
os possíveis resultados e sinalizar os elementos para a efetivação que contemple a sua
eficácia.
       Tendo em vista o horizonte educacional promissor da EaD, no que tange a sua
expansão pelo território brasileiro, é preciso assegurar a dimensão qualitativa da mesma
e não somente quantitativa. Desta forma, o uso das TIC’s é um dos elementos que se
constitui em questão nodal do processo organizacional da gestão administrativa e de
modo peculiar da supervisão pedagógica, a qual possibilita que se desenvolva um olhar
específico sobre o curso como um todo e o gerenciamento dos elementos pedagógicos
próprios desta modalidade educacional.
       A partir das TIC’s a relação ensino aprendizagem são intrinsecamente afetadas.
Segundo Galli Soares (2006 p.103) “o modelo de ensino pautado nas tecnologias de
informação e comunicação altera a relação ensino e aprendizagem podendo instalar uma
nova fonte de autonomia pela prática da pesquisa” [...].
Esta nova perspectiva que está sendo cunhada no meio educacional envolve
tanto o educador docente e o educando, quanto o educador responsável pela supervisão
pedagógica deste processo educativo. Este profissional que, no âmbito da Educação
Básica pública da maioria dos Estados Brasileiro, está sediado no órgão central das
Secretarias de Educação desraigado da unidade escolar onde o processo ensino
aprendizagem se concretiza, ele tem sua função e atuação também questionada pelo
advento das alterações emergentes do dinamismo do ciberespaço.
         Já no âmbito da Educação Superior, em geral, a supervisão pedagógica de um
dado curso se dá pelo colegiado do mesmo, formado por docentes e pelo coordenador
de curso. Entretanto, no âmbito da EAD esta dimensão da supervisão pedagógica é mais
ampla devido à multiplicidade de profissionais de outras áreas que são agregados à
equipe de trabalho.
         Desta forma, o ciberespaço lugar em que a EAD se circunscreve, é composto por
tecnologia e pela atuação da ação humana. Segundo Galli Soares (2006 p.128), “o
ciberespaço é um sistema que possui, como o sistema educacional, um currículo que se
mostra na vitrine virtual, e se oculta na comunicação e produto dela”. Entretanto os
objetivos que lhe deram origem ou que a conduzem nem sempre estão claros e
explícitos.
         Neste contexto, a supervisão pedagógica realizada por profissionais da educação
munidos de conhecimento e discernimento pedagógico se faz indispensável para que o
uso das TIC’s no âmbito educacional não se torne fim em si mesmo, mas seja tratado
como ferramental que tem o seu devido valor e não deixa a escola em descompasso com
a sociedade, mas possibilita também uma análise critica da escola democrática como
segue:


         Se antes a luta era por uma escola democrática e de qualidade para todos, uma vez que a
         educação não estava a contento da população advinda do sistema público de ensino, agora temos
         uma escola em descompasso com os ritmos da sociedade da informação e comunicação que
         regem a sociedade moderna. (GALLI SOARES, 2006 p. 116)



         Repensar a educação brasileira, a partir do uso das TIC’s, nas práticas
pedagógicas nos possibilita (re)constituir uma proposta de educação mais holística e
integradora que supere a fragmentação dos saberes a partir de um planejamento e ações
colegiadas, desde a origem dos projetos à sua execução e avaliação.
Longe de esgotar essa discussão esse estudo pretende desencadear o debate no
sentido de focalizar a formação do professor para responder as demandas por inclusão
digital numa nova perspectiva da cidadania.

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  • 1. A Tecnologia de Informação e Comunicação na Educação Rogério da Costa Ribeiro O presente estudo é parte de uma atividade mais ampla que inclui discussão sobre o tema e leitura do livro “Educação e Comunicação: O ideal de inclusão pelas tecnologias de informação: otimismo exacerbado e lucidez pedagógica” da autora Suely Galli Soares, especificamente do Capitulo III intitulado Internet e inclusão: otimismos exacerbados e lucidez pedagógica, na disciplina Comunicação e Tecnologia em Supervisão Pedagógica e Formação de Formadores do curso de pós-graduação em Supervisão Pedagógica e Formação de Formadores com acesso ao Mestrado Europeu em Ciências da Educação. O objetivo desse artigo é desencadear a reflexão sobre tecnologia e inclusão como eixo das análises sobre sociedade, educação, sobretudo a formação de professores para responder a demanda por inclusão digital. A autora explica que a globalização, promovida pelo crescimento da comunicação eletrônica e das empresas transnacionais, afeta a interação dos estados nacionais tornando-os constituintes do mundo global, rompendo os limites das fronteiras geográficas no âmbito econômico e, cultural dos povos. Neste contexto há de se considerar a relação globalização e comunicação global em que a internet, ferramenta projetada pelas empresas transnacionais em parceria com as ‘forças armadas, expande- se gradativamente aos diversos setores da sociedade e da produção humana. O avanço e o uso da internet afetam a estrutura de desenvolvimento das telecomunicações, a qual na Europa para Bernatzk (2001) está estruturada em dois modelos: um idealista, que abarca toda a sociedade e outro estratégico, que se restringe a determinados usuários específicos. Dentre estes modelos, Galli Soares (2006 p.100), apoiada também nas análises de Mansell (2001), foca-se no modelo idealista chamando- o de otimismo exacerbado. A autora pontua que “os aspectos positivos das tecnologias merecem reconhecimento, no entanto, afirmações sobre facilidades e democratizações dos benefícios extensivos a todas as pessoas são dados que devem ser questionados (...)”. Ressalta que as TIC’s proporcionam inúmeros benefícios e possibilidades à sociedade, mas é necessário primar pela lucidez pedagógica. No nosso entendimento, e como pesquisador interessado no ensino e aprendizagem por meio das tecnologias, este estudo se propõe identificar e apresentar subsídios para uma reflexão crítica sobre a relevância da EaD, como modalidade significativa e de qualidade, superando o estigma de educação de segunda linha e/ou paliativa e provisória como já foi e, por vezes, ainda tem sido taxada no cenário
  • 2. educacional brasileiro. Esta perspectiva tem seus fundamentos basilares acompanhados e orientados pela supervisão pedagógica contextualizada nesta modalidade de ensino. Essa lucidez a que a autora se refere está interligada ao fazer educativo permeado pelo diálogo constante e democrático com as TIC’s, desencadeando o acesso de um maior número de pessoas ao mundo do saber, mediante as novas possibilidades metodológicas que viabilizam e proporcionam o desenvolvimento de habilidades e competências, dotando o sujeito de empreendedorismo, estimulando sua capacidade de empreender, de se atualizar e se adaptar às necessidades do mundo social contemporâneo, competitivo em constantes mudanças. Dentre essas questões destacamos a necessidade de se conhecer a legislação que orienta essa modalidade do ensino em nosso país. A autora traz para nossa reflexão dados sobre como a gestão nacional do sistema de ensino brasileiro tem se ocupado com discussões e projetos de modernização dos processos administrativos e pedagógicos ainda que modestas dozes. O governo brasileiro tem incentivado a criação e difusão de projetos em EAD, tendo em vista a democratização do acesso ao conhecimento e ampliação da formação escolar dos brasileiros, por meio das ações do MEC, em todos os níveis de ensino, inclusive na educação superior. Neste nível de ensino, há de se considerar a base legal fornecida pela Portaria n° 2.253, de 18 de outubro de 2001 que possibilita a oferta de Disciplinas na modalidade EAD em Cursos Reconhecidos nas Instituições de Ensino Superior, com base no art. 81 da Lei n° 9.394/1996 e no art. 1° do Decreto n° 2.494, de 10 de fevereiro de 1998. Amparado legalmente, o currículo de cada curso superior pode oferecer até 20% de sua carga horária por meio de disciplinas não-presenciais em curso presencial. No entanto, somente as Instituições de Ensino Superior nomeadas Universidade ou Centro Universitário em seu credenciamento pelo MEC podem optar pela oferta de disciplinas em seus cursos na modalidade EAD, em parte ou no todo da disciplina, com as devidas reformulações pedagógicas de seu projeto de curso. Entretanto, a modalidade à distância não está restrita ao uso da mediação pelo computador via internet, mas, prevê-se a utilização também de outros ferramentais como vídeos e materiais impresso. A opção pela modalidade a distância requer cautela e discernimento, sobretudo pedagógico, na adoção de um determinado ferramental. A adoção desmedida pelas tecnologias virtuais como solução à demanda educacional pode
  • 3. geral um agravamento do referido problema social, uma vez que seu acesso e domínio do ferramental não fazem parte do cotidiano de todo cidadão brasileiro. Contudo, a utilização das TIC’s pode, na concepção de Galli Soares (2006 p.103), “[...] instalar uma nova fonte de autonomia pela prática da pesquisa, por parte do docente e do acadêmico, em posse do acesso ao ferramental, conhecimento sobre seu funcionamento e suas aplicações facilitadoras da produção dos saberes”. Nessa produção de saberes sobre as quais a autora nos remete, inclui o uso das TIC’s de acesso democratizado e de qualidade aos meios tecnológicos utilizados, bem como a adoção de linguagem e comunicação apropriada ao projeto educacional desenvolvido, viabilizando a implementação da interdisciplinaridade. Isto requer confiabilidade no ferramental, por parte do educador que exerce a docência e familiaridade com o ferramental por parte do educando. Este contexto de ensino aprendizagem processado nas TIC’s exige uma mudança substancial na postura profissional do docente, mudança que se efetiva no manuseio do ferramental, exercitando o desejo de conhecer a tecnologia utilizada, suas interfaces, bem como, aprimoramento da metodologia de trabalho acadêmico e construção de uma nova forma de identificação com o abjeto científico da área de pesquisa. Vale pontuar que algumas universidades brasileiras tem investido no âmbito da EAD. Dentre as quais destacamos que no Estado de São Paulo Brasil, a UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas) realiza diversas pesquisas e ações educativas por meio de novos ambientes educacionais com teor acadêmico e social, pautado na leitura crítica dos desafios didático-pedagógicos. Igualmente a PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica de Campinas), PUC-São Paulo e USP (Universidade de São Paulo) realizam diversas ações em prol da formação de professores, mediadas pelas TIC’s, devido sua flexibilização de acesso e dinamização do tempo e espaço de estudo dos docentes em exercício de docência. Desta forma, a cultura de formação de professores, ensino e pesquisa, próprios do fazer institucional das universidades, estão agregados ao compromisso pela disseminação e uso responsável da TIC’s. Tais iniciativas promovem mudanças e desenvolvem novos paradigmas que sinalizam as transformações presentes e em curso no meio educacional e de professores. A mudança de paradigma latente nos professores e na formação continuada necessária para que esta se efetive em posturas frente às novas perspectivas almejadas pelos recursos e ambientes educacionais se constituem em desafios à prática pedagógica pautada no uso das TIC’s.
  • 4. Em épocas não muito remota, o professor necessitava dominar o referencial teórico contido em enciclopédias e bibliotecas para ser bem sucedido ao ministrar suas aulas e referendar o estudo, pesquisa e produção de conhecimento por parte do aluno. Neste contexto, faz-se mister pontuar que antes somente o professor tinha acesso aos clássicos e livros basilares do exercício acadêmico. Atualmente, com o acervo complexo proporcionado pelos ambientes informatizados e comunicacionais hipermediáticos, flexíveis e voláteis, do ciberespaço possibilitam que o aluno tenha tanto acesso quanto o professor. Esta mudança de eixo no meio acadêmico põe em cheque a prática docente e exige um redirecionamento, ou seja, o professor precisa se debruçar em seu tempo de estudo com pesquisa de fontes confiáveis e sites afins com sua área de conhecimento, disciplina e nível de ensino para indicá-las como estudo complementares aos seus alunos. Entretanto, tal necessidade pertencente ao âmbito da formação continuada do educador tem sido inebriada com paliativos de eficácia questionável, como o conhecido horário de trabalho pedagógico coletivo (HTPC), que frequentemente é questionado o seu teor transformador, apesar de estar inserido na jornada semanal do educador. Tem-se discutido amplamente a questão da profissionalização da docência, a qual no sentido anglo-saxônico designa a transformação de um ofício em uma profissão, enquanto esta no sentido clássico francês designa a transformação de uma práxis desinteressada e ocasional em um ofício, munido de reconhecimento e de formação específica. Esta questão da ocasionalidade, emaranhada às vísceras de uma parcela da educação brasileira, agrava-se ao darmo-nos conta de que se coloca em risco a qualidade e compromisso docente pela busca de complementação de renda através da docência. Este dado está interligado a outros de âmbito trabalhista, econômico e social do povo brasileiro. Contudo, a profissionalização do professor é complexa e polêmica, uma vez que toca no âmago da especificidade do processo educacional que tange habilidades e competências profissional que transpassa o limiar da técnica e outras competências mensuráveis, próprias de outras atividades. Este turvo horizonte requer ações contextualizadas no âmbito da formação dos profissionais da educação. Segundo Galli Soares:
  • 5. Tornam-se, assim, urgentes ações capazes de contextualizar a realidade da formação do professor, das condições de trabalho na escola, das políticas do MEC em nome da formação continuada, da emergência das tecnologias de informação e comunicação no meio educacional, do descompasso entre o desenvolvimento científico e tecnológico da sociedade atual e a prática de ensino predominante na escola e finalmente o paradigma de ensino e aprendizagem a partir do advento das tecnologias. (GALLI SOARES, 2006 p. 108-109) Semelhantemente a outros segmentos produtivos que buscam qualificar-se em relação a seus processos, a formação continuada frente à profissionalização correspondente à necessidade de qualificação da educação e suas relações. Faz-se necessário indagar se é aceitável que a educação, diferentemente de outras áreas, fique à deriva desta realidade emergente ou se urge que seja reduzido o distanciamento entre a formação dos profissionais da educação e as exigências da sociedade em seu auge de desenvolvimento tecnológico. Frente a esta questão nodal nos defrontamos com a constatação de Castanho (2000), ou seja, segundo a autora em educação se vive a chamada transição de paradigmas, despontando um paradigma conectado à forma como se concebe a construção do conhecimento na estrutura cognitiva do aluno. Nesta mesma linha de raciocínio, Galli Soares (2006 p.109) explicita que “o paradigma educacional emergente da sociedade informatizada [...] poderá elevar o conceito de educação e da qualidade da relação ensino e aprendizagem” [...]. Desta forma, este novo olhar pautado no uso das TIC’s de forma responsável e emancipatória aproxima a educação dos multimeios informatizados e comunicacionais de modo didático, pedagógico, com uma visão ampla e crítica, amparado pelos ideais de cidadania. Esta visão educativa almeja para todos o direito de usufruto dos benefícios das TIC’s na práxis e formação do professor, descortinando a emancipação social. Essa emancipação no entanto está intimamente ligada aos sistemas de comunicação, seus veículos e conteúdos que correspondem a objetivos da mera comunicação muitas vezes tomados equivocadamente por interesses de ensino e aprendizagem. Os sistemas de comunicação são o processamento multimídico que veicula de diferentes maneiras a informação, por meio de diversos ferramentais, ocasionando mudanças no âmbito da comunicação e organização social. Segundo Galli Soares: Os sistemas de comunicação [...] tornou a sociedade mais inteligente e veloz nos processos que eliminam o dispêndio de tempo e a locomoção no ir e vir [...] modificando as perspectivas de comunicação e organização das pessoas de qualquer idade [...]. (GALLI SOARES, 2006 p.110)
  • 6. A Velocidade e fluxo de informações que são veiculadas pelos sistemas de comunicação, mais precisamente no âmbito virtual da internet, possuem dois aspectos que coexistem simultaneamente, um positivo e outro negativo. O aspecto positivo consiste nos avanços tecnológicos criados pelo ser humano, culminando na ressignificação da relação do mesmo com o âmbito temporal e espacial da convivência social. O aspecto negativo consiste na vulnerabilidade em que se enquadra o ser humano, ou seja, acelera-se de tal forma os processos que se gera uma ansiedade social pela “imediaticidade das coisas”, deixando uma lacuna no processo de transformação do fluxo contínuo de informações em conhecimento. Nesse contexto inserimos as aprendizagens proporcionadas ou esvaziadas nessa modalidade a distancia, objeto de nosso estudo e interesse como pesquisador. As ações realizadas à distância tem se tornado comum na atual sociedade, munida pela TIC, com a possibilidade de interagir no âmbito global em diversos escalas e alcances, descortinando a transformação acelerada do meio social devido o intenso e veloz fluxo das informações veiculadas na rede internet. Ao indagar a ação à distância nos vem à memória o processo ensino e aprendizagem incorporados pela prática da educação à distância. Processo que era mediado pela comunicação radiofônica, cadernos instrucionais via correio e as tele- aulas via televisão. Em ambos os casos o educando assume a responsabilidade de realizar um determinado processo de aprendizagem, mediado pelo instrumento de ensino disponibilizado, que no término de cada etapa tem de apresentar um determinado retorno (atividades realizadas) ao órgão responsável pelas orientações, o qual indicará as etapas seguintes. Neste contexto, trata-se de um sujeito que realiza uma determinada ação distante ou não geograficamente, mas, que por algum motivo tenha optado em realizar tal ação fora do âmbito visual ou da presença física do orientador ou responsável pelas instruções fornecidas. Já a partir do desenvolvimento das TIC’s na rede internet as ações à distância obtiveram novas perspectivas. Em suma, a interação deste sujeito com o seu orientador, com os demais colegas inseridos no mesmo processo e com o próprio conteúdo, mediado por ferramentais inovadores no âmbito educacional, mostrou-se capazes de ressignificar e ampliar a visão social sobre a EAD. O usuário (educando) está distante
  • 7. do órgão emissor da informação, mas, o gestor da comunicação emitida (educador) e o usuário (educando) podem estar presente ou próximos, ultrapassando os ditames dos chamados horários comerciais. O que se observa, no entanto, são as novas exigências dessa nova forma de comunicação. A comunicação para ser eficiente e eficaz exige que o indivíduo desenvolva inúmeras habilidades e competências, dentre as quais se insere a questão do letramento e letramento digital. Esta questão do letramento surgiu em resposta à atual condição da sociedade, cuja capacidade leitora requer que se extrapole para além dos limites do texto escrito, interligando o texto visual dos meios de comunicação no contexto do mundo moderno. Segundo a autora desse estudo o letramento consiste na “apropriação da leitura escrita e literaturas, denotando uma experiência em práticas sociais [...] ampliando o domínio da linguagem, leitura e compreensão da alfabetização e domínio da língua pátria no contexto das TIC’s, ou seja, trata-se do “domínio de leitura de hipertextos nas relações com o mundo virtual” (GALLI SOARES, 2006 p. 91). Este conceito pode ser ampliado se o relacionarmos ao contexto de alfabetização crítica de Paulo Freire, cuja leitura do mundo precede a leitura da palavra e a apropriação dos fenômenos imbricadas nas relações sociais. Este estado de letramento se mostra necessário, principalmente no uso do ferramental disponibilizado pela informática e telecomunicações, agregado na rede internet. Entende-se neste contexto por ferramental tecnológico as inúmeras possibilidades de interação própria do contexto das TIC’s inseridas no processo de construção de aprendizagens que culminam na elaboração do conhecimento. Segundo as pesquisas de Galli Soares: A informação só produz conhecimento quando trabalhada, ou seja refletida num dado contexto de interesse e necessidade do saber. Pois, somente a partir da elaboração cognitiva é que ocorre a construção de novos saberes, causados pela informação, tramitados na rede. (GALLI SOARES, 2006 p. 123) Este processo torna-se dinâmico pela interatividade e conectividade gerada pelo hipertexto, o qual apresenta várias possibilidades para o trânsito ou navegação do leitor numa experiência agregada de informações que oportuniza a interpretação com a ampliação do exercício de realizar relações e formas. Tais possibilidades podem indicar novas sínteses, oportunizando a ampliação da pesquisa e a elaboração de conhecimento.
  • 8. Entretanto, sob o ponto de vista pedagógico, a criação do link, seu contudo e localização, necessita de uma criteriosa avaliação e planejamento estratégico para que se constitua em dinamização e interatividade do texto com seu objetivo cognitivo, ou seja, não se desvie o objeto de estudo com distrações que geram no leitor a sensação de inutilidade. O link tem uma função de complementaridade e ampliação da informação, uma possibilidade a critério do leitor em optar qual percurso quer realizar. Assim: Esses aspectos, tomados pela visão da aproximação do conhecimento, sintetizam o caráter pedagógico das tecnologias de informação e comunicação na internet e produtos da medida em que potencializa auto-aprendizagem e opera a construção interativa do conhecimento. (GALLI SOARES, 2006 p.124) Este novo panorama educacional que descortina um outro olhar pedagógico construtor desvela a existência de um currículo oculto, ou seja, há um currículo tecido multidisciplinarmente e pautado em questões sociais, políticas e epistemológicas. Desta forma, o ciberespaço , lugar em que a EAD se circunscreve é composto por tecnologia e pela atuação da ação humana. Segundo Galli Soares, “é um sistema que possui, como o sistema educacional, um currículo que se mostra na vitrine virtual, e se oculta na comunicação e produto dela” (GALLI SOARES, 2006 p.128). Os objetivos que lhe deram origem ou que a conduzem nem sempre estão claros explícitos. Há que se considerar no entanto, o quanto as tecnologias de informação e comunicação dinamizaram as rotinas sociais. Para a autora, as TIC’s disceminadas pelos diversos setores da sociedade modificou o padrão das relações no âmbito urbano e virtual, tornando mais dinâmico e veloz os processos interligados ao fator tempo e espaço contidos no movimento de locomoção no ir e vir hodierno. Os multimeios, já ampliados pelos sistemas de telefonia e fax, influem na mudança organizacional e comunicacional de toda e qualquer idade, transgredindo o limiar de cunho profissional e social. Neste contexto, redefine-se as concepções de lugar situacional, limites antes impostos pelo avanço da idade e situação de solidão. Há de se considerar que neste milênio surge o fenômeno sociológico ocasionado pela busca de supressão da solidão e isolamento comum às pessoas de mais idade por meio da utilização de softwares e sites de relacionamento ou comunicação por meio de e-mail na internet. Esta nova possibilidade rompe os limites impostos pelo meio físico e estabelece uma nova cultura social e comunicacional.
  • 9. Para alguns pesquisadores como Moran, segundo Galli Soares (2006 p.110), esta mudança comunicacional se explica pelo “processamento multimídico”, com o qual surge inúmeras maneiras de se veicular a informação. Desta forma, emerge o paradigma educacional do siberespaço que requer um novo perfil de profissional da comunicação na web, capaz de incorporar a multiplicidade das áreas implicadas no processo de criação e gestão da comunicação. Esta nova demanda profissional necessita ser tratada sob o ponto da sociabilidade que agrega profissionais das áreas da Pedagogia, Artes Plásticas, Arquitetura Tecnológica, Análise de Sistemas e Telecomunicações e outros para compor o corpo multidisciplinar capaz de atender as necessidades emergentes. Entretanto, este aparato técnico profissional e tecnológico não é suficiente. Faz- se necessário refletir sobre o conteúdo que dá sustentabilidade a este todo, ou seja, no âmbito educacional requer a explicitação do conceito de projeto que estabelece os fundamentos basilares das ações, decisões e expectativas postas. Esta definição do conteúdo de um dado site deve se dar pautada em estudos e planejamento da equipe que efetivará as ações previstas ou explicitadas no projeto. Isto requer clareza sobre os objetivos e sua aplicação, bem como da metodologia adotada, do ferramental didático pedagógico e da avaliação a ser implantada. Tendo em vista o que se propõe a fazer e onde se pretende chegar, é viável a utilização de um roteiro pormenorizado da metodologia comunicacional adotada, prever os possíveis resultados e sinalizar os elementos para a efetivação que contemple a sua eficácia. Tendo em vista o horizonte educacional promissor da EaD, no que tange a sua expansão pelo território brasileiro, é preciso assegurar a dimensão qualitativa da mesma e não somente quantitativa. Desta forma, o uso das TIC’s é um dos elementos que se constitui em questão nodal do processo organizacional da gestão administrativa e de modo peculiar da supervisão pedagógica, a qual possibilita que se desenvolva um olhar específico sobre o curso como um todo e o gerenciamento dos elementos pedagógicos próprios desta modalidade educacional. A partir das TIC’s a relação ensino aprendizagem são intrinsecamente afetadas. Segundo Galli Soares (2006 p.103) “o modelo de ensino pautado nas tecnologias de informação e comunicação altera a relação ensino e aprendizagem podendo instalar uma nova fonte de autonomia pela prática da pesquisa” [...].
  • 10. Esta nova perspectiva que está sendo cunhada no meio educacional envolve tanto o educador docente e o educando, quanto o educador responsável pela supervisão pedagógica deste processo educativo. Este profissional que, no âmbito da Educação Básica pública da maioria dos Estados Brasileiro, está sediado no órgão central das Secretarias de Educação desraigado da unidade escolar onde o processo ensino aprendizagem se concretiza, ele tem sua função e atuação também questionada pelo advento das alterações emergentes do dinamismo do ciberespaço. Já no âmbito da Educação Superior, em geral, a supervisão pedagógica de um dado curso se dá pelo colegiado do mesmo, formado por docentes e pelo coordenador de curso. Entretanto, no âmbito da EAD esta dimensão da supervisão pedagógica é mais ampla devido à multiplicidade de profissionais de outras áreas que são agregados à equipe de trabalho. Desta forma, o ciberespaço lugar em que a EAD se circunscreve, é composto por tecnologia e pela atuação da ação humana. Segundo Galli Soares (2006 p.128), “o ciberespaço é um sistema que possui, como o sistema educacional, um currículo que se mostra na vitrine virtual, e se oculta na comunicação e produto dela”. Entretanto os objetivos que lhe deram origem ou que a conduzem nem sempre estão claros e explícitos. Neste contexto, a supervisão pedagógica realizada por profissionais da educação munidos de conhecimento e discernimento pedagógico se faz indispensável para que o uso das TIC’s no âmbito educacional não se torne fim em si mesmo, mas seja tratado como ferramental que tem o seu devido valor e não deixa a escola em descompasso com a sociedade, mas possibilita também uma análise critica da escola democrática como segue: Se antes a luta era por uma escola democrática e de qualidade para todos, uma vez que a educação não estava a contento da população advinda do sistema público de ensino, agora temos uma escola em descompasso com os ritmos da sociedade da informação e comunicação que regem a sociedade moderna. (GALLI SOARES, 2006 p. 116) Repensar a educação brasileira, a partir do uso das TIC’s, nas práticas pedagógicas nos possibilita (re)constituir uma proposta de educação mais holística e integradora que supere a fragmentação dos saberes a partir de um planejamento e ações colegiadas, desde a origem dos projetos à sua execução e avaliação.
  • 11. Longe de esgotar essa discussão esse estudo pretende desencadear o debate no sentido de focalizar a formação do professor para responder as demandas por inclusão digital numa nova perspectiva da cidadania.