Artur polónio como escrever um ensaio filosófico

Rolando Almeida
Rolando AlmeidaProfessor de Filosofia no Ensino Secundário Público - Escola Secundária Jaime Moniz à Escola Gonçalves Zarco

Ensaio

COMO ESCREVER UM ENSAIO FILOSÓFICO1




                                      Artur Polónio
                           CENTRO PARA O ENSINO DA FILOSOFIA
                          SOCIEDADE PORTUGUESA DE FILOSOFIA




       Índice


    1. O que é um ensaio filosófico?
    2. O que se espera que um estudante mostre ao escrever um
       ensaio?
    3. Como escolher o título do ensaio?
    4. Como se prepara um ensaio?
    5. Como se deve estruturar um ensaio?
    6. O que se avalia num ensaio?
    7. Como se classifica um ensaio?




1
  A versão original deste texto é da autoria de Aires Almeida. Posteriormente, essa versão foi
discutida por um grupo de colegas e enriquecida com algumas alterações. Tive o privilégio de
integrar o grupo que discutiu a versão original, e tive oportunidade de sugerir algumas dessas
alterações. A versão que agora se apresenta propõe ainda outras, algumas das quais modificam
substancialmente o texto original. Assim, devo começar por expressar a Aires Almeida e a todos
os colegas que participaram na discussão, muito especialmente a António Paulo Costa e a Pedro
Madeira, os meus agradecimentos. Os erros da versão actual são da minha responsabilidade.
Como leituras complementares, ver James Pryor, «Como se escreve um ensaio de filosofia?»,
http://www.criticanarede.com, e Anthony Weston, A Arte de Argumentar, Lisboa, Gradiva, 1996.
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    1. O que é um ensaio filosófico?


    Um ensaio filosófico é um texto argumentativo em que se defende uma
posição sobre um determinado problema filosófico. Uma vez que a melhor
maneira de formular um problema é fazer uma pergunta, o objectivo de um
ensaio filosófico é responder a uma pergunta e defender essa resposta, ofere-
cendo argumentos e refutando as objecções.




    2. O que se espera que um estudante mostre ao escrever um
ensaio?


    Um ensaio deve mostrar que o seu autor sabe relacionar o problema com
as teorias e argumentos em causa. É por isso que um ensaio deve ter a forma
de resposta a uma pergunta. A essa pergunta há-de ser possível responder
com um «sim» ou com um «não», procurando o estudante, em seguida, ava-
liar criticamente os principais argumentos em confronto, de modo a tomar uma
posição pessoal na disputa.
    Num ensaio, o estudante não pode limitar-se a dar a sua opinião. Tem
também de avançar com argumentos e de responder aos argumentos contrá-
rios. Caso não lhe pareça possível defender uma das partes, deverá dizer, ain-
da assim, porquê.




    3. Como escolher o título do ensaio?


    A melhor maneira de intitular o ensaio é apresentar o mais claramente pos-
sível o problema que se vai tratar. E a melhor maneira de o fazer é colocar
uma pergunta.


    Exemplos de títulos de ensaios podem ser:




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    «Será que os animais têm direitos?»
    «É a existência do mal compatível com a existência de Deus?»
    «Terá a lógica lugar na filosofia?»
    «Deveremos avaliar uma acção unicamente em função das suas conse-
    quências?»
    «Será que todas as obras de arte expressam sentimentos?»


    Títulos como


    «Os direitos dos animais»
    «Deus e o mal»
    «A lógica filosófica»
    «O consequencialismo»
    «A arte e a expressão de sentimentos»


embora possam ser adequados em ensaios mais longos e abrangentes, devem
aqui ser evitados, pois não parecem obrigar os seus autores a tomar posição
nem a ser críticos e argumentativos.




    4. Como se prepara um ensaio?


    Leia criticamente os textos indicados pelo professor, e que tratam do tema
proposto. Nessa leitura, deve procurar identificar as teses em confronto e os
argumentos que as sustentam. Deve ainda procurar assegurar-se de que com-
preende correctamente o que está em causa.
    Uma boa ideia é discutir os problemas e os argumentos com os outros. Fre-
quentemente, isso dar-lhe-á uma ideia mais clara da complexidade dos pro-
blemas e da força dos argumentos.
    Uma vez feita a leitura crítica dos textos e os problemas discutidos, deve
fazer um rascunho. Qual a tese a defender? Que argumentos apresentar, e por
que ordem? Quais as objecções a discutir, e quando? O que se pretende intro-


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duzir pressupõe uma discussão anterior? Tenha em mente que a clareza do
seu ensaio depende em grande parte da sua estrutura; por isso, é importante
começar por determinar o que se propõe fazer e como fazê-lo.




    5. Como se deve estruturar um ensaio?


    Habitualmente, um ensaio tem três partes: a introdução, o corpo do ensaio
e a conclusão. Das regras a seguir indicadas, 1, 2 e 3 aplicam-se à introdução;
4 a 8 ao corpo do ensaio; e 9 à conclusão. Se tudo correr bem, as conclusões
que vai tirar em 9 irão ao encontro do que começou por dizer em 1 e 2.
    Tenha em mente que, num ensaio, apesar da introdução ser a primeira coi-
sa que se lê, é geralmente a última a ser escrita; isto porque só depois da
redacção final é possível ter uma visão de conjunto do ensaio.
    O ensaio deve estruturado de acordo com as seguintes nove regras:


    1. Formule o problema
    2. Diga qual o objectivo do ensaio
    3. Mostre a importância do problema
    4. Identifique as principais teses concorrentes
    5. Apresente a tese que quer defender
    6. Apresente os argumentos a favor dessa proposição
    7. Apresente as principais objecções ao que acabou de ser defendido
    8. Responda às objecções
    9. Tire as suas conclusões


    Formule o problema. Deve começar pelo problema. Mas, muitas vezes,
não basta formular o mais claramente possível o problema para as coisas fica-
rem completamente claras e não haver margem para dúvidas ou ambiguida-
des. Se, por exemplo, se pergunta se os animais têm direitos, é preciso dizer
exactamente que direitos tem em mente e dar exemplos concretos; deve




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igualmente deixar bem claro se está a referir-se a todos os animais — incluin-
do os piolhos e as baratas — ou só a alguns.
    Diga qual o objectivo do ensaio. Um ensaio pode ter diferentes objecti-
vos. Se o seu objectivo é oferecer razões para acreditar numa determinada
tese, então deve dizer que é isso o que vai procurar fazer. Um erro frequente,
ao escrever um ensaio, é não saber exactamente qual o objectivo que se tem
em mente, ao fazê-lo; se não sabemos onde queremos chegar, dificilmente
saberemos que caminho escolher. O resultado disto é, frequentemente, um
ensaio repleto de afirmações vagas e inadequadamente defendidas. Um objec-
tivo claramente definido é mais do que meio caminho andado para um ensaio
bem estruturado.
    Mostre a importância do problema. Deve procurar mostrar por que
razão é importante que nos ocupemos do problema de que se ocupa. Uma
maneira de fazer isso é mostrar o que estaríamos a perder se não o fizésse-
mos. Suponhamos, por exemplo, que se pergunta se a lógica formal tem lugar
na filosofia. Por que razão devemos ocupar-nos disso? Se escolheu ocupar-se
desse problema, é porque o considera importante; nesse caso, sua resposta
deve mostrar, por exemplo, que, se não nos preocupássemos com a forma do
raciocínio, não só nos arriscaríamos a cometer erros de raciocínio, mas tam-
bém a não compreender os raciocínios dos outros.
    Identifique as principais teses concorrentes. Aqui deve, muito breve-
mente, apresentar as teses mais conhecidas que respondem a esse problema.
Se, por exemplo, se pergunta se as nossas acções são boas ou más apenas em
função das suas consequências, deve dizer que há duas teorias principais con-
correntes — o consequencialismo e o deontologismo — e o que defende cada
uma delas.
    Apresente a tese que pretende defender. Neste momento, deve apre-
sentar a sua posição. Isso deve ser feito mostrando qual é a proposição que irá
ser defendida. Por exemplo, em relação ao problema de saber se a existência
do mal é compatível com a existência de Deus, e caso a sua resposta seja
afirmativa, pode tornar clara a sua posição começando por dizer que defende a
proposição expressa pela frase «Deus existe, apesar de existir o mal no mun-


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do», e explicar sucintamente o que isso significa. Em certos casos, é possível e
desejável apresentar exemplos do tipo de ideias que quer defender.
      Apresente os argumentos a favor dessa proposição. Deve apresentar
cuidadosamente os argumentos a favor da proposição que quer defender. Pode
haver vários argumentos. Alguns podem até ser argumentos tradicionais, dis-
cutidos por alguns dos mais conhecidos filósofos. Nesse caso, deve concentrar-
se apenas nos dois ou três que lhe parecem ser os mais fortes2 e expô-los por
palavras suas, tentando mostrar que são válidos e que as suas premissas são
verdadeiras ou, pelo menos, plausíveis. Um erro a evitar é, aqui, é pensar que
não há necessidade de muita argumentação para defender uma proposição que
é, para nós, evidente: afinal, já a aceitamos. Mas, muitas vezes, temos ten-
dência a sobrestimar as nossas convicções. Assim, devemos partir do princípio
de que o leitor — ainda — não aceita a nossa posição, e pensar o ensaio como
uma tentativa de o persuadir.
      Apresente as principais objecções ao que acabou de ser defendido.
Presentemente, deve enfrentar as principais objecções aos seus argumentos,
quer indicando possíveis contra-exemplos ao que é afirmado em alguma das
premissas, quer disputando a sua plausibilidade, quer questionando a validade
dos próprios argumentos. Deve procurar as objecções que lhe parecem mais
fortes e não escolher apenas as mais fracas e fáceis de responder. Nesta parte,
deve apoiar-se nas leituras que lhe foram previamente recomendadas. Deve,
também aqui, apresentar as objecções por palavras suas, e não limitar-se a
citar os autores consultados, pois só assim mostra compreender o que escreve.
      Responda às objecções. Uma vez apresentadas as objecções à sua tese,
deve dizer o que há de errado com elas, ou como lhes responder.
      Tire as suas conclusões. Finalmente, deve resumir muito brevemente o
seu argumento principal e expor as suas dúvidas, caso existam. Mesmo que se
incline mais para uma das respostas concorrentes, não deve hesitar em apre-
sentar os seus pontos fracos. Se lhe parecer haver razões para não tomar
posição na disputa, deve, ainda assim, apresentar essas razões. Note que, na



2
    Deve ter em mente que nenhum argumento é mais forte do que a sua premissa mais fraca.

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conclusão, não deve apresentar seja o que for que não tenha sido dito ante-
riormente.




    6. O que se avalia num ensaio?


    Note que a avaliação que o seu professor fará do seu ensaio em nada
depende do facto de concordar ou não com a conclusão a que você chega. Se
você pretende defender, por exemplo, que Deus existe, apesar de existir o
mal, a avaliação do seu ensaio em nada depende do facto de o seu professor
ser ou não ser ateu. É possível que não estejamos de acordo quanto ao que
seria a melhor solução para o problema que começou por colocar, mas não é
difícil que nos ponhamos de acordo sobre se a maneira como chega à solução a
que chega é correcta ou não.
    Mais especificamente, ao avaliar o seu ensaio o professor pergunta:


    1. O problema está correctamente formulado?
    2. A importância do problema é mostrada?
    3. As principais teses concorrentes são apresentadas?
    4. A tese que se pretende defender é óbvia para o leitor?
    5. Os argumentos apresentados são bons e não há falácias evidentes?
    6. As principais objecções são apresentadas?
    7. As objecções apresentadas são refutadas?
    8. As conclusões seguem-se efectivamente das premissas?


    Além dessas, há mais duas questões a que o seu professor procurará res-
ponder:


    9. A prosa é fácil de ler e de compreender?
    10.As ideias são apresentadas de forma pessoal?




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    7. Como se classifica um ensaio?


    É possível que, no final, o seu ensaio satisfaça alguns critérios totalmente,
alguns parcialmente e, eventualmente, não satisfaça outros.
    É claro que é possível argumentar que todos os critérios são importantes,
mas nem todos são igualmente importantes. Poderemos observar, por exem-
plo, que tornar óbvia para o leitor a tese que se pretende defender é mais
importante do que estabelecer claramente a importância do problema; ou que
é mais importante apresentar bons argumentos do que refutar as objecções.
Mas dificilmente estaríamos de acordo quanto ao que é mais importante. Além
disso, ainda que chegássemos a um sistema rigoroso de atribuição de «pesos»
a cada um dos critérios, aplicá-lo poderia tornar a avaliação de um ensaio de
algumas páginas uma tarefa quase impossível; sem contar que tal sistema
poderia acabar por revelar-se inútil: em matéria de avaliação, não há regras
infalíveis. E, por fim, não é impossível que o que de verdadeiramente impor-
tante se pode dizer de um ensaio é que ele é ou muito bom, ou bom, ou satis-
fatório, ou mau — ou muito mau.
    Para simplificar, poderemos estabelecer o seguinte:


    1. Por cada um dos critérios apresentados que seja totalmente satisfeito o
         ensaio obterá 20 pontos;
    2. Por cada um dos critérios apresentados que seja parcialmente satisfeito
         o ensaio obterá 10 pontos;
    3. Por cada um dos critérios apresentados que não seja satisfeito o ensaio
         obterá 0 pontos.




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  • 1. COMO ESCREVER UM ENSAIO FILOSÓFICO1 Artur Polónio CENTRO PARA O ENSINO DA FILOSOFIA SOCIEDADE PORTUGUESA DE FILOSOFIA Índice 1. O que é um ensaio filosófico? 2. O que se espera que um estudante mostre ao escrever um ensaio? 3. Como escolher o título do ensaio? 4. Como se prepara um ensaio? 5. Como se deve estruturar um ensaio? 6. O que se avalia num ensaio? 7. Como se classifica um ensaio? 1 A versão original deste texto é da autoria de Aires Almeida. Posteriormente, essa versão foi discutida por um grupo de colegas e enriquecida com algumas alterações. Tive o privilégio de integrar o grupo que discutiu a versão original, e tive oportunidade de sugerir algumas dessas alterações. A versão que agora se apresenta propõe ainda outras, algumas das quais modificam substancialmente o texto original. Assim, devo começar por expressar a Aires Almeida e a todos os colegas que participaram na discussão, muito especialmente a António Paulo Costa e a Pedro Madeira, os meus agradecimentos. Os erros da versão actual são da minha responsabilidade. Como leituras complementares, ver James Pryor, «Como se escreve um ensaio de filosofia?», http://www.criticanarede.com, e Anthony Weston, A Arte de Argumentar, Lisboa, Gradiva, 1996.
  • 2. www.cef-spf.org COMO ESCREVER UM ENSAIO FILOSÓFICO 1. O que é um ensaio filosófico? Um ensaio filosófico é um texto argumentativo em que se defende uma posição sobre um determinado problema filosófico. Uma vez que a melhor maneira de formular um problema é fazer uma pergunta, o objectivo de um ensaio filosófico é responder a uma pergunta e defender essa resposta, ofere- cendo argumentos e refutando as objecções. 2. O que se espera que um estudante mostre ao escrever um ensaio? Um ensaio deve mostrar que o seu autor sabe relacionar o problema com as teorias e argumentos em causa. É por isso que um ensaio deve ter a forma de resposta a uma pergunta. A essa pergunta há-de ser possível responder com um «sim» ou com um «não», procurando o estudante, em seguida, ava- liar criticamente os principais argumentos em confronto, de modo a tomar uma posição pessoal na disputa. Num ensaio, o estudante não pode limitar-se a dar a sua opinião. Tem também de avançar com argumentos e de responder aos argumentos contrá- rios. Caso não lhe pareça possível defender uma das partes, deverá dizer, ain- da assim, porquê. 3. Como escolher o título do ensaio? A melhor maneira de intitular o ensaio é apresentar o mais claramente pos- sível o problema que se vai tratar. E a melhor maneira de o fazer é colocar uma pergunta. Exemplos de títulos de ensaios podem ser: CENTRO PARA O ENSINO DA FILOSOFIA 2 SOCIEDADE PORTUGUESA DE FILOSOFIA
  • 3. www.cef-spf.org COMO ESCREVER UM ENSAIO FILOSÓFICO «Será que os animais têm direitos?» «É a existência do mal compatível com a existência de Deus?» «Terá a lógica lugar na filosofia?» «Deveremos avaliar uma acção unicamente em função das suas conse- quências?» «Será que todas as obras de arte expressam sentimentos?» Títulos como «Os direitos dos animais» «Deus e o mal» «A lógica filosófica» «O consequencialismo» «A arte e a expressão de sentimentos» embora possam ser adequados em ensaios mais longos e abrangentes, devem aqui ser evitados, pois não parecem obrigar os seus autores a tomar posição nem a ser críticos e argumentativos. 4. Como se prepara um ensaio? Leia criticamente os textos indicados pelo professor, e que tratam do tema proposto. Nessa leitura, deve procurar identificar as teses em confronto e os argumentos que as sustentam. Deve ainda procurar assegurar-se de que com- preende correctamente o que está em causa. Uma boa ideia é discutir os problemas e os argumentos com os outros. Fre- quentemente, isso dar-lhe-á uma ideia mais clara da complexidade dos pro- blemas e da força dos argumentos. Uma vez feita a leitura crítica dos textos e os problemas discutidos, deve fazer um rascunho. Qual a tese a defender? Que argumentos apresentar, e por que ordem? Quais as objecções a discutir, e quando? O que se pretende intro- CENTRO PARA O ENSINO DA FILOSOFIA 3 SOCIEDADE PORTUGUESA DE FILOSOFIA
  • 4. www.cef-spf.org COMO ESCREVER UM ENSAIO FILOSÓFICO duzir pressupõe uma discussão anterior? Tenha em mente que a clareza do seu ensaio depende em grande parte da sua estrutura; por isso, é importante começar por determinar o que se propõe fazer e como fazê-lo. 5. Como se deve estruturar um ensaio? Habitualmente, um ensaio tem três partes: a introdução, o corpo do ensaio e a conclusão. Das regras a seguir indicadas, 1, 2 e 3 aplicam-se à introdução; 4 a 8 ao corpo do ensaio; e 9 à conclusão. Se tudo correr bem, as conclusões que vai tirar em 9 irão ao encontro do que começou por dizer em 1 e 2. Tenha em mente que, num ensaio, apesar da introdução ser a primeira coi- sa que se lê, é geralmente a última a ser escrita; isto porque só depois da redacção final é possível ter uma visão de conjunto do ensaio. O ensaio deve estruturado de acordo com as seguintes nove regras: 1. Formule o problema 2. Diga qual o objectivo do ensaio 3. Mostre a importância do problema 4. Identifique as principais teses concorrentes 5. Apresente a tese que quer defender 6. Apresente os argumentos a favor dessa proposição 7. Apresente as principais objecções ao que acabou de ser defendido 8. Responda às objecções 9. Tire as suas conclusões Formule o problema. Deve começar pelo problema. Mas, muitas vezes, não basta formular o mais claramente possível o problema para as coisas fica- rem completamente claras e não haver margem para dúvidas ou ambiguida- des. Se, por exemplo, se pergunta se os animais têm direitos, é preciso dizer exactamente que direitos tem em mente e dar exemplos concretos; deve CENTRO PARA O ENSINO DA FILOSOFIA 4 SOCIEDADE PORTUGUESA DE FILOSOFIA
  • 5. www.cef-spf.org COMO ESCREVER UM ENSAIO FILOSÓFICO igualmente deixar bem claro se está a referir-se a todos os animais — incluin- do os piolhos e as baratas — ou só a alguns. Diga qual o objectivo do ensaio. Um ensaio pode ter diferentes objecti- vos. Se o seu objectivo é oferecer razões para acreditar numa determinada tese, então deve dizer que é isso o que vai procurar fazer. Um erro frequente, ao escrever um ensaio, é não saber exactamente qual o objectivo que se tem em mente, ao fazê-lo; se não sabemos onde queremos chegar, dificilmente saberemos que caminho escolher. O resultado disto é, frequentemente, um ensaio repleto de afirmações vagas e inadequadamente defendidas. Um objec- tivo claramente definido é mais do que meio caminho andado para um ensaio bem estruturado. Mostre a importância do problema. Deve procurar mostrar por que razão é importante que nos ocupemos do problema de que se ocupa. Uma maneira de fazer isso é mostrar o que estaríamos a perder se não o fizésse- mos. Suponhamos, por exemplo, que se pergunta se a lógica formal tem lugar na filosofia. Por que razão devemos ocupar-nos disso? Se escolheu ocupar-se desse problema, é porque o considera importante; nesse caso, sua resposta deve mostrar, por exemplo, que, se não nos preocupássemos com a forma do raciocínio, não só nos arriscaríamos a cometer erros de raciocínio, mas tam- bém a não compreender os raciocínios dos outros. Identifique as principais teses concorrentes. Aqui deve, muito breve- mente, apresentar as teses mais conhecidas que respondem a esse problema. Se, por exemplo, se pergunta se as nossas acções são boas ou más apenas em função das suas consequências, deve dizer que há duas teorias principais con- correntes — o consequencialismo e o deontologismo — e o que defende cada uma delas. Apresente a tese que pretende defender. Neste momento, deve apre- sentar a sua posição. Isso deve ser feito mostrando qual é a proposição que irá ser defendida. Por exemplo, em relação ao problema de saber se a existência do mal é compatível com a existência de Deus, e caso a sua resposta seja afirmativa, pode tornar clara a sua posição começando por dizer que defende a proposição expressa pela frase «Deus existe, apesar de existir o mal no mun- CENTRO PARA O ENSINO DA FILOSOFIA 5 SOCIEDADE PORTUGUESA DE FILOSOFIA
  • 6. www.cef-spf.org COMO ESCREVER UM ENSAIO FILOSÓFICO do», e explicar sucintamente o que isso significa. Em certos casos, é possível e desejável apresentar exemplos do tipo de ideias que quer defender. Apresente os argumentos a favor dessa proposição. Deve apresentar cuidadosamente os argumentos a favor da proposição que quer defender. Pode haver vários argumentos. Alguns podem até ser argumentos tradicionais, dis- cutidos por alguns dos mais conhecidos filósofos. Nesse caso, deve concentrar- se apenas nos dois ou três que lhe parecem ser os mais fortes2 e expô-los por palavras suas, tentando mostrar que são válidos e que as suas premissas são verdadeiras ou, pelo menos, plausíveis. Um erro a evitar é, aqui, é pensar que não há necessidade de muita argumentação para defender uma proposição que é, para nós, evidente: afinal, já a aceitamos. Mas, muitas vezes, temos ten- dência a sobrestimar as nossas convicções. Assim, devemos partir do princípio de que o leitor — ainda — não aceita a nossa posição, e pensar o ensaio como uma tentativa de o persuadir. Apresente as principais objecções ao que acabou de ser defendido. Presentemente, deve enfrentar as principais objecções aos seus argumentos, quer indicando possíveis contra-exemplos ao que é afirmado em alguma das premissas, quer disputando a sua plausibilidade, quer questionando a validade dos próprios argumentos. Deve procurar as objecções que lhe parecem mais fortes e não escolher apenas as mais fracas e fáceis de responder. Nesta parte, deve apoiar-se nas leituras que lhe foram previamente recomendadas. Deve, também aqui, apresentar as objecções por palavras suas, e não limitar-se a citar os autores consultados, pois só assim mostra compreender o que escreve. Responda às objecções. Uma vez apresentadas as objecções à sua tese, deve dizer o que há de errado com elas, ou como lhes responder. Tire as suas conclusões. Finalmente, deve resumir muito brevemente o seu argumento principal e expor as suas dúvidas, caso existam. Mesmo que se incline mais para uma das respostas concorrentes, não deve hesitar em apre- sentar os seus pontos fracos. Se lhe parecer haver razões para não tomar posição na disputa, deve, ainda assim, apresentar essas razões. Note que, na 2 Deve ter em mente que nenhum argumento é mais forte do que a sua premissa mais fraca. CENTRO PARA O ENSINO DA FILOSOFIA 6 SOCIEDADE PORTUGUESA DE FILOSOFIA
  • 7. www.cef-spf.org COMO ESCREVER UM ENSAIO FILOSÓFICO conclusão, não deve apresentar seja o que for que não tenha sido dito ante- riormente. 6. O que se avalia num ensaio? Note que a avaliação que o seu professor fará do seu ensaio em nada depende do facto de concordar ou não com a conclusão a que você chega. Se você pretende defender, por exemplo, que Deus existe, apesar de existir o mal, a avaliação do seu ensaio em nada depende do facto de o seu professor ser ou não ser ateu. É possível que não estejamos de acordo quanto ao que seria a melhor solução para o problema que começou por colocar, mas não é difícil que nos ponhamos de acordo sobre se a maneira como chega à solução a que chega é correcta ou não. Mais especificamente, ao avaliar o seu ensaio o professor pergunta: 1. O problema está correctamente formulado? 2. A importância do problema é mostrada? 3. As principais teses concorrentes são apresentadas? 4. A tese que se pretende defender é óbvia para o leitor? 5. Os argumentos apresentados são bons e não há falácias evidentes? 6. As principais objecções são apresentadas? 7. As objecções apresentadas são refutadas? 8. As conclusões seguem-se efectivamente das premissas? Além dessas, há mais duas questões a que o seu professor procurará res- ponder: 9. A prosa é fácil de ler e de compreender? 10.As ideias são apresentadas de forma pessoal? CENTRO PARA O ENSINO DA FILOSOFIA 7 SOCIEDADE PORTUGUESA DE FILOSOFIA
  • 8. www.cef-spf.org COMO ESCREVER UM ENSAIO FILOSÓFICO 7. Como se classifica um ensaio? É possível que, no final, o seu ensaio satisfaça alguns critérios totalmente, alguns parcialmente e, eventualmente, não satisfaça outros. É claro que é possível argumentar que todos os critérios são importantes, mas nem todos são igualmente importantes. Poderemos observar, por exem- plo, que tornar óbvia para o leitor a tese que se pretende defender é mais importante do que estabelecer claramente a importância do problema; ou que é mais importante apresentar bons argumentos do que refutar as objecções. Mas dificilmente estaríamos de acordo quanto ao que é mais importante. Além disso, ainda que chegássemos a um sistema rigoroso de atribuição de «pesos» a cada um dos critérios, aplicá-lo poderia tornar a avaliação de um ensaio de algumas páginas uma tarefa quase impossível; sem contar que tal sistema poderia acabar por revelar-se inútil: em matéria de avaliação, não há regras infalíveis. E, por fim, não é impossível que o que de verdadeiramente impor- tante se pode dizer de um ensaio é que ele é ou muito bom, ou bom, ou satis- fatório, ou mau — ou muito mau. Para simplificar, poderemos estabelecer o seguinte: 1. Por cada um dos critérios apresentados que seja totalmente satisfeito o ensaio obterá 20 pontos; 2. Por cada um dos critérios apresentados que seja parcialmente satisfeito o ensaio obterá 10 pontos; 3. Por cada um dos critérios apresentados que não seja satisfeito o ensaio obterá 0 pontos. CENTRO PARA O ENSINO DA FILOSOFIA 8 SOCIEDADE PORTUGUESA DE FILOSOFIA