O livro acadêmico é um dos tipos clássicos de literatura científica. Embora presente em todas as áreas do conhecimento, a sua relevância na comunicação da pesquisa é destacada com mais ênfase nas áreas de humanas, literatura, letras e artes. Nos demais campos predomina quase que exclusivamente a comunicação via artigos em periódicos ou em proceedings de conferências e congressos. Este fato é evidenciado pela composição temática das coleções de livros indexados e publicados pelo programa SciELO Livros, pelos índices bibliográficos internacionais e pela distribuição das citações dos artigos dos periódicos SciELO.
Além das editoras comerciais, a grande maioria das universidades e institutos de pesquisa e desenvolvimento e uma minoria de sociedades científicas e associações profissionais dos países da Rede SciELO operam editoras que além dos livros de texto e de divulgação científica publicam obras que comunicam resultados de pesquisas. Ao mesmo tempo, os sistemas nacionais de avaliação da produção científica contam com metodologias ou sistemas de avaliação de livros complementando os de periódicos. Em menor escala que os periódicos, a publicação de livros acadêmicos é também parte integral das infraestruturas de pesquisa.
A publicação online de livros acadêmicos e sua indexação além de ampliar radicalmente a sua visibilidade em relação à versão em papel o que contribui para aumentar o uso e impacto por citações. Uma das consequências positivas da publicação online e indexação é permitir a inserção e a interoperabilidade dos livros acadêmicos no fluxo de comunicação científica. Em particular, o Programa SciELO tem como uma das suas funções maximizar a interoperabilidade entre as pesquisas o que requer além dos periódicos a disponibilidade online dos livros seguindo padrões internacionais.
O escopo deste grupo de trabalho é analisar a relevância do livro acadêmico na comunicação da pesquisa, o estado atual e tendências da publicação online, indexação e avaliação de livros acadêmicos nos países da Rede SciELO e os desafios para a adoção de padrões que maximizem a sua visibilidade, uso e impacto.
José Leopoldo Ferreira Antunes - Caminhos da internacionalização dos periódic...
Flávia Rosa, Susane Barros - Reflexões sobre o livro acadêmico no contexto da comunicação científica
1. Reflexões sobre o livro
acadêmico no contexto
da comunicação
científica
Flávia Rosa
Susane Barros
2. Os gregos
Grécia Antiga – 700 a.C.
Revolução da palavra escrita
Discussões e reuniões na periferia de
Atenas
Cultura letrada do pensamento
moderno
3. A comunicação
situa-se no
próprio coração
da ciência.
É para ela tão
vital quanto a
própria pesquisa.
A. J. Meadows,
1999
Compartilhamento de
ideias entre pares
Sistema de
comunicação científica
Aristóteles
Da oralidade para o
registro
4. Surgimento de universidades – Idade
Média
Transmissão do conhecimento com base
nos ensinamentos da Igreja
Exposição da posição de autoridades
Aristóteles
Hipócrates
Tomás de Aquino
5. Surgimento das universidades
Consolidação de uma comunidade leitora
Desenvolvimento de um comércio de
cópias manuscritas
Tipos móveis de Gutenberg
Fonte: Dreamstime.
7. Até metade do
século XVII...
Cientistas
atuando
isoladamente
Sem apoio
institucional
De forma
amadora
Troca de
correspondências
Ilustração de Bernardo França para a Revista Galileu
8. Segunda metade do século XVII
Primeiras iniciativas de trabalho coletivo
Reuniões patrocinadas pela Royal Society
de Londres
Criação de academias e sociedades –
Ciência organizada
Surgimento do periódico científico
9. O periódico científico
Compilação de cartas trocadas
Journal de Sçavans (Paris) – Dennis de Sallo
Philosophical Transactions of The Royal Society of
London – Henry Oldenburg
Registro de propriedade
Preservação do conhecimento
Agilidade na comunicação dos resultados
10. Comunicação científica
"[...] a totalidade das publicações, recursos,
oportunidades, sistemas institucionais e costumes que
afetam a transmissão direta ou indireta de mensagens
científicas entre os cientistas.” (MENZEL, 1958, grifo nosso)
“[...] o espectro total de atividades associadas com a
produção, a disseminação e o uso da informação, a
partir do momento em que o cientista tem a ideia para
sua pesquisa, até que a informação sobre os resultados
desta pesquisa seja aceita como constituinte do
conhecimento científico.” (GARVEY, 1979, p. ix, tradução
nossa)
11. Fluxo da comunicação científica
Canais informais Canais formais
Fontes
terciárias
Fontes
secundárias
Fontes
primárias
Início da pesquisa Fim da pesquisa
Preprints
Palestras
Artigos
Bases de dados
Livros
Diretórios
11
INDEXAÇÃO - 1960
Eugene Garfield
Institute for Scientifc
Information
12. Comunicação científica no ambiente
eletrônico
Primeiras pesquisas sobre
comunicação científica
– Década de 1980
•James Hills (1983)
•Charles W. Steinfield (1986)
•A. J. Meadows (1999)
•P. Buckle (1992)
1
Transformações culturais
e sociais impulsionadas
pelas TIC
Canais informais
2
Internet – ampliação do
alcance e circulação da
informação
3
13. Configuração atual do ciclo
Targino (2007).
Produção
Elaboração,
apresentação e
submissão
Publicação e
disseminação
Acesso e uso
14. Ciência aberta
“A condução da ciência de um
modo que outros possam
colaborar e contribuir, em que os
dados de pesquisa, as notas de
laboratório e outros processos
científicos estejam livremente
disponíveis, com termos que
permitam reuso, redistribuição e
reprodução da pesquisa.”
(COMISSÃO EUROPEIA, [2015]
apud DELFANTI; PITRELLI, 2016, p.
60)
15. Configuração emergente
Targino (2007).
Produção
Repositórios de dados
Científicos
Compartilhamento
Elaboração,
apresentação e
Submissão
Repositórios de preprints
Compartilhamento
Publicação e
Disseminação
Compartilhamento
Acesso e uso
Compartilhamento
16. Configuração atual - Avaliação por pares
Configuração emergente - Preprints
Periódico Editor Comunidade científicaPareceristas
Comunidade
Comunidade
científica
PareceristasEditor
Servidor
Periódico
Original
Original
Continuum
17. Modelo atual Modelo emergente
Pesquisa feita de forma privada,
depois submetida a periódicos;
Dados são privados até a
publicação; Resumo do artigo é
disponível após a publicação.
Compartilhamento de dados em
todos os estágios da pesquisa,
cientistas colaboram, achados
são disseminados on-line via
blogs, redes sociais, wikis,
internet.
Literatura científica sob barreiras
de pagamento com editores
cobrando pelo acesso.
Descobertas científicas on-line e
sem custos com editores usando
novos modelos de negócio.
Papers têm os direitos autorais
protegidos de forma genérica.
Diferentes licenças são possíveis:
copyright, Creative Commons,
domínio público etc.
Machado (2015).
19. Pesquisa da ABEU
De acordo com a pesquisa (70% dos
respondentes) aumentou o número de editoras
que adotam uma política para o livro digital
2015
39,3%
2018
52,9%
20. Pesquisa da ABEU
Houve também um aumento percentual no que
se refere ao investimento em acesso aberto pelas
editoras universitárias.
2015
35,7%
2018
61,2%
21. “Parece ser verdade que, independentemente
da disciplina, a disponibilidade de documentos
em linha estimula maior utilização de seus
equivalentes impressos. O que equivale dizer que
o acesso eletrônico e o acesso impresso em geral
se complementam, ao invés de um substituir o
outro.” (WILLIS et al., 1994 apud MEADOWS, 1999,
p. 238)
22. Pontos para reflexão
Se as editoras universitárias publicam pesquisas
financiadas com recursos públicos qual a
dificuldade em:
1) publicar em suporte eletrônico?
2) publicar em acesso aberto?
23. Publicações definitivas de resultados
de pesquisa
Periódico Livro
Lido?
Citado?
Tem prestígio?
Público-alvo é atingido?
Tempo de publicação?
É indexado?
Lido?
Citado?
Tem prestígio?
Público-alvo é atingido?
Tempo de publicação?
É indexado?
24. Quais os desafios para a adoção de
padrões internacionais na disponibilização
online de livros? Que padrões são esses?
De que forma as editoras universitárias
poderão estar alinhadas à ciência aberta?
25. Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDITORAS UNIVERSITÁRIAS. Pesquisa ABEU 2018. 2018. Disponível em:
<http://www.abeu.org.br/farol/abeu/blog/abeu/abeu-divulga-mais-completa-pesquisa-realizada-com-
editoras-universitarias/12999>.
DELFANTI, A. PITRELLI, N. Ciência aberta: revolução ou continuidade? In: ALBAGLI, S.; MACIEL, M. L.;
ABDO, A. H. Ciência aberta, questões abertas. Brasília: IBICT; Rio de Janeiro: Unirio, 2015. p. 59-70.
Disponível em: <
http://livroaberto.ibict.br/bitstream/1/1060/1/Ciencia%20aberta_questoes%20abertas_PORTUGUES_DIGIT
AL%20%285%29.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2018.
GARVEY, William D. Communication: the essence of science. Oxford: Pergamon, 1979.
MACHADO, J. Dados abertos e ciência aberta. In: ALBAGLI, S.; MACIEL, M. L.; ABDO, A. H. (Org.). Ciência
aberta, questões abertas. Brasília, DF: Ibict; Rio de Janeiro: Unirio, 2015. p. 201-227. Disponível em: <
http://livroaberto.ibict.br/bitstream/1/1060/1/Ciencia%20aberta_questoes%20abertas_PORTUGUES_DIGIT
AL%20%285%29.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2018.
MEADOWS, A. J. A comunicação científica. Brasília: Briquet de Lemos/Livros, 1999.
MENZEL, H. The flow of information among scientists - problems, opportunities and research questions.
New York: Columbia University, Bureau of Applied Social Research, 1958.
TARGINO, M. das G. O óbvio da informação científica: acesso e uso. Transinformação, Campinas, v.
19, n. 2, p. 97-105, ago. 2007. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-37862007000200001&lng=en&nrm=iso>.
Acesso em: 11 jul. 2018.