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     SANEAMENTO BÁSICO E AS IMPLICAÇÕES PARA AS NASCENTES: O
           BAIRRO DA BOMBA, NA CIDADE DE SERRINHA-BA.


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                                                              Ana Cláudia Valverde Santos2
                                                 1-Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
                                                                        monise.fsa@hotmail.com
                                                      2-Universidade do Estado da Bahia-UNEB
                                                                     claudiatapuio@hotmail.com




RESUMO


A água constitui um dos elementos mais importantes para o desenvolvimento da vida.
Nessa perspectiva, ela se encontra em diversos ambientes, sendo vinculada também ao
desenvolvimento humano, estando ao lado do surgimento das mais diversas sociedades.
Contudo, esse desenvolvimento nem sempre dar-se-á de forma harmoniosa. À medida que
o homem se apropria do espaço, ocasiona muitas vezes um desequilíbrio ambiental. A
exemplo disso, o Bairro da Bomba, localizado na cidade de Serrinha, Bahia, aponta
características desse tipo de desequilíbrio. No início da formação do açude, que deu nome
ao bairro, os moradores utilizavam-no para abastecimento de casas, atividade pesqueira e
até mesmo para o lazer. Com o decorrer dos anos e o crescimento desordenado do bairro,
bem como a falta de políticas públicas, como saneamento básico ocasionou a destruição do
açude, devido a grande quantidade de dejetos que são despejados in natura no referido.
Com isso, esse estudo propõe a revitalização desse espelho d’água, a partir de um projeto
que proporcione o tratamento do esgoto que é derramado, bem como transformar a área em
volta em um ambiente próprio para a prática de esportes e lazer, que acarretará, não só
uma mudança ambiental, mas também social, modificando a imagem de um bairro que por
sua localização e estrutura é visto como um espaço sem atrativos para a sua população e
para a cidade como um todo.

PALAVRAS-CHAVE: açude, saneamento básico, desequilíbrio ambiental, revitalização.




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 INTRODUÇÃO



O aumento da atividade humana tem provocado importantes alterações e
consequentes impactos sobre o meio ambiente. O planejamento ambiental tem
adquirido destaque em décadas recentes, dado o interesse em redirecioná-lo para
considerar não somente os ambientes criados e modificados pelos seres humanos,
mas também o ambiente natural ao seu redor.
A crescente necessidade de apresentar soluções e estratégias que interrompam e
revertam os efeitos da degradação ambiental e do esgotamento dos recursos
naturais vem se fortalecendo cada vez mais, provocando uma série de
questionamentos, como por exemplo: Como enfrentar o conjunto de problemas
ambientais, detectados principalmente nas grandes cidades? Como elaborar e
desenvolver estratégias eficazes para saná-los? Como garantir a aplicabilidade
dessas estratégias?
As respostas para tais questionamentos devem ser decorrentes de uma mudança,
de uma revisão do binômio homem/natureza. Para tanto é necessário não mais
dissociar o ambiente urbano do ambiente natural, é necessário ver a cidade como
um sistema ecológico, que possui fragilidades e que também é vulnerável, uma vez
que depende de outros sistemas para se manter. Portanto, o homem não pode
exercer somente o papel controlador desse sistema, ele faz, antes de mais nada,
parte dele.
Desta maneira, na perspectiva de Corrêa, (2005) a problemática ambiental urbana
deve ser analisada dentro de uma perspectiva ambiental extra-urbana, isto é, a
cidade e o homem não estão desligados dos elementos naturais (ex.: água, ar, solo),
todos fazem parte de um sistema natural global, sobre o qual o homem vem atuando
e intervindo sem considerar as consequências de suas próprias atividades, que




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surtem efeito cumulativo, comprometendo o presente e principalmente o futuro de
sua própria existência.
Assim, serão analisadas as questões de saneamento básico e as suas implicações
para a nascente do Bairro da Bomba, localizada na cidade de Serrinha, Bahia.
A partir do estudo sobre o desenvolvimento do Bairro da Bomba, foi feita a
fundamentação teórico-conceitual através de pesquisa bibliográfica utilizando
publicação de artigo, livros e sites de pesquisas confiáveis, com a finalidade de obter
subsídios necessários para descrever sobre o tema proposto.
Paralelamente        ao    levantamento    bibliográfico,   será   feito   um     levantamento
cartográfico, como também um levantamento de fotos antigas e recentes do referido
bairro que permeará todo o período de construção do referido artigo. É importante
ressaltar ainda a visita in locu, através de observação semi-estruturada, entrevistas
e aplicação de formulários para melhor compreensão da dinâmica existente no
objeto de estudo.
Para, assim, Identificar o processo de formação do Bairro da Bomba a partir da
utilização do espelho d’água, perceber de que modo o crescimento desse Bairro
contribuiu para a degradação do manancial. A partir daí então, propor uma
intervenção pública que venha contribuir com a revitalização do açude da Bomba e
consequentemente uma melhor estrutura do bairro.
Compreende-se também que para que a abordagem do mencionado bairro se faça
de forma clara e concisa, faz se necessário entender como se deu a formação da
cidade na qual o bairro está inserido.



O PROCESSO DE FORMAÇÃO DO BAIRRO NO CONTEXTO DA CIDADE



O “município de Serrinha está localizado na região econômica nordeste, semi-árido,
com coordenadas 11º39’28” de latitude Sul e 39º00’18” e longitude Oeste, a 360
metros do nível do mar. A latitude da sede é de 365 metros do nível do mar (Estação



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da Leste), 377 metros ( no antigo marco da praça Miguel Carneiro) e 371, 3 metros
(na praça Luís Nogueira).
Segundo o governo do Estado, Serrinha é classificada como sede da região
administrativa 12, microrregião do Sisal, englobando 18 municípios. Concentra
serviços como o Hospital Regional, Direc, Dires, Ciretran, Delegacia Regional de
Polícia, também é sub-sede de outros órgão como Embasa, Coelba, etc.
A cidade dista 181 quilômetros de Salvador, sendo entrecortada pela BR-116, pela
BA-324 e pela BA-049. Seus limites municipais são: ao Norte, com Teofilândia,
Barrocas e Araci; ao Sul, com Lamarão e Santa Bárbara, a Oeste com Ichú e
Conceição do Coité e a Leste com Biritinga.




Mapa 1: Localização do município de Serrinha no contexto baiano




Fonte: www.sei.gov.com.br




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A cidade enquanto forma de expressão de processos sociais reflete as
características da sociedade, assim é um produto da articulação das atividades
humanas ao longo da história. Nesse contexto, Carlos 2008 diz:


                          “A cidade é uma realização humana, uma criação que vai se
                          constituindo ao longo do processo histórico e que ganha
                          materialização concreta, diferenciada, em função de determinações
                          históricas específicas... A cidade, em cada uma das diferentes
                          etapas do processo histórico, assume formas, características e
                          funções distintas. Ela seria assim, em cada época, o produto da
                          divisão, do tipo e dos objetos de trabalho, bem como do poder nela
                          centralizado.” (CARLOS, 2008, p.57)


Assim tendo por base a importância do processo histórico de formação das cidades
vale salientar que a história de Serrinha, segundo Franco 1996, pode ser dividida em
três períodos: o que vai de 1612 a 1891, com a abertura da estrada das boiadas que
ligava a capital da colônia ao alto sertão do São Francisco até o Piauí.
O sítio urbano da cidade tem sua formação inicial com a compra do sitio Serrinha
pelo Coronel Bernardo da Silva, sua principal função na época era servir de local de
descanso para os tropeiros que ali passavam; o período entre 1880 e 1969, que tem
como principais características crescimento da população, implantação da ferrovia e
de serviços como água encanada e tratada e a construção da BR-116, tendo
influenciando esta última na expansão da cidade a exemplo da ferrovia.
O período de 1969 até os dias atuais tem como um de seus principais aspectos a
instalação da Companhia Vale do Rio Doce no município de Teofilândia, o que
impulsionou o comércio de Serrinha, pois grande parte da população ingressou na
empresa e também os serviços prestados cresceram. Outro fato importante desse
período é a instalação da Faculdade de Educação em 1989 e a consolidação do
município como centro regional de serviços estaduais.
Durante muito tempo o município ocupou uma área muito extensa, com superfície de
3.464 km², correspondente a 0,7% da área total do Estado. Houve a emancipação
de distritos e povoados como Araci e Ichú que integravam o seu território original, e
mais recentemente o município perdeu parte de seu território, com a desvinculação

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do distrito de Barrocas, no ano de 2000. Atualmente, possui uma superfície de 568
km², segundo dados do IBGE.
De acordo com o contexto histórico da formação da cidade de Serrinha, podem-se
destacar dois fatores: a implantação da ferrovia em 1880 e da BR-116; como sendo
de suma importância para o crescimento social e econômico da cidade. Sendo o
primeiro fator de importância relevante para este estudo por influenciar de forma
direta na formação do Bairro da Bomba.



O OBJETO DE ESTUDO: BAIRRO DA BOMBA

Para analisarmos o objeto de estudo faz-se necessário conceituar o que vem a ser
bairro. Para Rossi, apud Serpa, 2007:


                          “O bairro está intimamente ligado a evolução e à natureza da cidade:
                          o bairro é uma unidade morfológica e estrutural, caracterizado por
                          uma certa paisagem urbana, por um certo conteúdo social e por uma
                          função; o bairro é também um fator social baseado na segregação de
                          classes ou de raça, nas funções econômicas.” (ROSSI,1998, apud
                          SERPA, 2007, p.28)

A partir de tais considerações pode-se afirmar que a formação do bairro da bomba
está intimamente ligada a evolução da cidade de Serrinha. Este teve seu
desenvolvimento vinculado à construção da ferrovia, ao qual trouxe nova
mentalidade nas relações sociais e trabalhistas melhorando o abastecimento de
água com a construção do açude da Bomba, dotado de uma bomba a vapor que
puxava água para abastecer as locomotivas, casas dos funcionários e ainda gerava
energia, dando origem ao nome do bairro.
A água exerceu o papel de atrativo para que a população viesse a se instalar ao
redor do açude fazendo uso desta para pesca, consumo doméstico e favorecendo o
desenvolvimento da agricultura local.




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O referido bairro localiza-se no centro – oeste da cidade de Serrinha. Sua área situa-
se no quadrante, compreendido entre o início da Rua Manoel Novais e a Rua
Antônio Rodrigues Nogueira, limitando-se com o bairro Vila de Fátima.


Mapa 1: Localização do Bairro da Bomba




Fonte: www.google.com.br


Devido a sua localização periférica, geográfica e social na cidade de Serrinha, como
em diversas outras cidades do país, o bairro da Bomba é composto por população
financeiramente carente. Segundo dados da associação dos moradores do bairro,
2007, o mesmo é composto por 1.300 famílias e aproximadamente 4.500
moradores.       É constituído por 15 ruas, sendo que estas não possuem rede de
esgoto e apenas parte delas são pavimentadas. As residências despejam seus
dejetos para o açude, sendo um dos principais fatores de impactos ambientais do
mesmo.
Não existindo posto de saúde, devido à proximidade com alguns hospitais públicos,
não existe colégio de 2º grau, nem sede para a associação de moradores. As únicas


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áreas de lazer existentes são um campo e uma praça pública, que se encontra em
péssimo estado de conservação. São oferecidos trabalhos sociais que vem
contribuindo para a diminuição do índice de violência no bairro.




 O BAIRRO DA BOMBA NA CONTEXTUALIZAÇÃO TEMPO-ESPAÇO



A água é um recurso natural essencial para a sobrevivência de todas as espécies
que habitam a Terra, os alimentos que ingerimos dependem diretamente da água
para a sua produção. Necessitamos da água também para a higiene pessoal, para
lavar roupas e utensílios e para a manutenção da limpeza de nossas habitações. Ela
é utilizada na produção de energia elétrica, na limpeza das cidades, na construção
de obras, no combate a incêndios e na irrigação de jardins, entre outros. Está
diretamente ligada ao desenvolvimento das civilizações as quais em sua maioria
surgiram em torno de rios a exemplo do Nilo, Tigre e o Eufrates.
O açude da bomba construído no início da década de 1950 tinha água potável e de
boa qualidade (FIGURA 1), a qual abastecia grande parte da cidade principalmente
os moradores mais próximos. Segundo informativo mensal da Ass. dos Moradores
do bairro publicado em abril de 2006:

                          “Quem o conheceu há 55 anos certamente têm saudades de sua
                          água azul clara, numa extensão de 300m x 100m, com suas
                          pequenas ondas, e que nas tardes de domingos e feriados era ali o
                          ponto de encontro de muitos amigos que se distraiam e se aliviavam
                          do cansaço do dia-a-dia de trabalho, através das pequenas e simples
                          pescarias de anzóis”. (INFORMATIVO MENSAL, ed. 14, 2006




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                                 FIGURA 1: Açude da Bomba, 1970




       Fonte: Arquivo da Ass.de Moradores, 1970.


Hoje, do velho tanque da bomba resta apenas a lembrança, pois foram canalizadas
enormes redes de esgotos sem tratamento para dentro do açude, transformando
suas águas em depósito de lixo onde encontra-se hoje semi-aterrado (FIGURA 2),
dando origem a um matagal, criadouros de cobras e todo tipo de insetos nocivos a
saúde do ser humano.


                                FIGURA 2: Açude da Bomba, 2010.




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Fonte: Harianderson Oliveira
Assim, a presença do açude passou a ser um fator prejudicial à saúde dos
moradores que fazem uso deste, devido a falta de saneamento básico, entendido
aqui nas palavras de Spósito (2004):


                        “... refere-se aos elementos da infraestrutura de uma cidade
                          necessários para a manutenção de boas condições para a saúde
                          pública. As redes de água e esgoto são os elementos mais
                          conhecidos e disseminados por todas as cidades. Também pode ser
                          colocada nesse conceito, a canalização (a céu aberto ou
                          subterrâneo) de córregos. Deve ser diferenciado de saúde pública,
                          que é mais abrangente, porque, colocam-se também a qualidade da
                          água, o ataque as doenças transmissíveis por insetos ou animais,
                          para a preservação da saúde dos cidadãos.” (SPÓSITO, 2004, p.73)


A falta de saneamento básico configura-se como um grave problema para a
qualidade da água. No Brasil, segundo o Ministério das Cidades, cerca de 60
milhões de brasileiros (9,6 milhões de domicílios urbanos) não são atendidos pela
rede de coleta de esgoto e, destes, aproximadamente 15 milhões (3,4 milhões de
domicílios) não têm acesso à água encanada. Ainda mais alarmante é a informação
de que, quando coletado, apenas 25% do esgoto é tratado, sendo o restante
despejado “in natura”, ou seja, sem nenhum tipo de tratamento, nos rios ou no mar.
Segundo Rivière,1989:


                          “Existem dois tipos de despejos que contaminam a água: o lixo
                          orgânico – proveniente de excremento humanos e de animais e do
                          descarte das partes fibrosas de vegetais colhidos e não consumidos;
                          e o lixo industrial – gerado pelos processos industriais e pelo
                          descarte que, cedo ou tarde, se faz dos produtos fabricados pelas
                          indústrias”.(RIVIÈRE,1989,disponível em geosites.com)




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Figura 3: Bairro da Bomba, 2010.




Fonte: Harianderson Oliveira


O despejo de dejetos orgânicos ao longo dos anos no açude provocou a
eutrofização do corpo d’água e conseqüente proliferação de algas, que contribuiu
para o mau cheiro e gosto ruim na água.
Os excrementos humanos contêm alguns dos mais nocivos contaminantes
conhecidos, incluindo microrganismos patogênicos como os agentes da cólera, da
febre tifóide e da desinteria. Com base em entrevista com o presidente da
Associação de Moradores do Bairro, as principais ocorrências de doenças,
provavelmente estão ligadas a poluição do açude, sendo elas: dor de barriga,
alergia, gripe, viroses e desinteria, afetando principalmente as crianças.
Não houve ainda intervenções a serem consideradas, pois a obras realizadas no
bairro relacionadas a infraestrutura foram apenas de pavimentação de parte de suas
ruas , não resolvendo assim, o problema da falta de saneamento básico.




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  UMA PERSPECTIVA PARA A BOMBA

Ao verificar a situação atual do Bairro da Bomba e as implicações do seu
desenvolvimento para o açude que influenciou a sua origem, pode-se propor como
medida de melhoria tanto do espaço social e ambiental, uma intervenção através de
políticas públicas que visem melhorar as condições de vida da população por meio
da revitalização do seu espelho d’água.

Salienta-se que tal intervenção deve estar pautada no planejamento urbano, que
segundo Souza, 2004, é entendido como qualquer tipo de planejamento, é ainda
uma atividade que remete sempre para o futuro. Desse modo, planejar uma
intervenção para o açude da bomba significa não só garantir que a população ali
instalada usufrua do mesmo, mas também que lhes proporcione um local que seja
marco tanto para a geração de hoje, quanto para seus descendentes.

Nesse sentido, o Dique de Tororó, na capital baiana, pode ser citado como exemplo
de um espaço que foi reurbanizado. O dique era uma construção dos holandeses,
que habitaram Salvador a partir de 1624. O mesmo esteve por décadas abandonado
e em 1998 foi revitalizado. O Dique de Tororó é o único manancial natural de
Salvador tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Além
da lagoa, o local tem pista de cooper, raias para a prática de remo, deques para a
pesca, píers para pequenas embarcações, equipamentos de esportes e ginástica,
playgrounds, além do Centro de Atividades e da Praça de Eventos. O centro possui
restaurantes e estacionamento com 150 vagas.

Figura 5: Dique de Tororó, Salvador, Bahia




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Fonte: www.googleimagens.com.br
A revitalização do Dique foi feita em 1998, tornando o local marco de beleza da cidade.


O açude da Bomba assim como o local supracitado, pode deixar de ser um local de
desprezo e poluição, para tornar-se um ponto atrativo e revitalizado não só para a
população de seu bairro, mas, sobretudo para a cidade de Serrinha.
A revitalização pode ser possível, caso haja um projeto de intervenção pública, onde
se proponha a revitalização desse espelho d’água, proporcione o tratamento do
esgoto que lhe é derramado, bem como transformar a área em volta em um
ambiente próprio para a prática de esportes e lazer. Tais modificações acarretarão,
não só uma mudança ambiental, mas também social, modificando a imagem de um
bairro que por sua localização e estrutura é visto como um espaço sem atrativos
para a sua população e para a cidade como um todo.




CONSIDERAÇÕES FINAIS


O estudo aqui desenvolvido procurou abordar as condições de saneamento básico e
as suas implicações para o açude do Bairro da Bomba, na cidade de Serrinha,
Bahia. O aumento da atividade humana nessa área, ao longo do tempo, provocou


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importantes alterações e conseqüentes impactos sobre o meio ambiente. A falta de
saneamento básico configurou-se como um grave problema para a qualidade da
água do manancial em estudo. O despejo de dejetos orgânicos no açude provocou
gradativamente a eutrofização do corpo d’água e conseqüente proliferação de algas,
que contribuiu para o mau cheiro e uso impróprio para o consumo.
No processo de formação do Bairro da Bomba a partir da utilização do espelho
d’água, percebeu-se que o crescimento desse Bairro contribuiu para a degradação
do manancial. Assim, o presente artigo veio como colaborador para medidas vindas
de órgãos competentes, formuladores de políticas e tomadores de decisões na
implementação de políticas preventivas e para a promoção de melhorias para o
açude em estudo.



 REFERÊNCIAS




CARLOS. Ana Fani Alessandri, A cidade. 8.ed. 2ª reimpressão. São Paulo:
Contexto, 2008.

CARLOS, Ana Fani Alessandri. Espaço-tempo na metrópole: a fragmentação da
vida cotidiana. São Paulo: Contexto, 2001.

CORRÊA. Roberto Lobato. Trajetórias geográficas. 3ed. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2005.

PEROCI. Bomba em ação. Informativo mensal da Ass. Beneficente dos moradores
do Bairro da Bomba. N.12, 2006.

SOUZA, Marcelo Lopes de. Mudar a cidade: uma introdução crítica ao
planejamento e à gestão urbanos. 5ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.

SPÓSITO, Eliseu Savério. A vida nas cidades. 5. ed São Paulo: Contexto, 2004.



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Acesso: 10 jul 2010




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                   DESENVOLVIMENTO DE JOGOS EDUCACIONAIS:
                        UM FOCO NA SUSTENTABILIDADE.

                                                                   Adriana Vieira dos Santos*1
                                                               Luis Gustavo Jesus de Araujo*2


   *Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) campus Santo Amaro.

                                                                     1-adrianavieira@ifba.edu.br
                                                                         2-hyperbite@ymail.com

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo discutir sobre a importância da utilização de jogos
na educação como forma de motivação, cognição, interação do aluno com a
aprendizagem. Para tanto, abordaremos o conceito de jogos, analisaremos a
importância do jogo para a educação, apresentaremos a proposta do jogo sobre
Desenvolvimento Sustentável, nas formas analógica e digital e por fim, discutiremos a
relação entre o jogo desenvolvido e ensino-aprendizagem.



Palavras-chave: jogos digitais, educação ambiental, desenvolvimento sustentável.



  INTRODUÇÃO




        Desenvolvimento Sustentável é um tema que está sendo bastante discutido
nas escolas desde os primeiros anos de escolarização do indivíduo em virtude dos
impactos antropogênicos ao ambiente e a veiculação da mídia em torno deste tema.
Muitas vezes, o tema é ensinado e discutido de forma muito teórica o que faz com
que se torne um tema enfadonho para crianças e jovens em idade escolar. Nesse
artigo, propomos a apresentação de um jogo de tabuleiro, lúdico, interativo, prático e
funcional que favorece a exploração, o entendimento do assunto Desenvolvimento




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Sustentável. No jogo, são desenvolvidos aspectos como letramento, atenção,
percepção e afetividade entre os “gamers”.

        Segundo Edgar Morin (2009) “a palavra ensino não me basta, mas a palavra
educação e educação em jogos (grifo nosso) comporta um excesso e uma
carência. A missão do ensino não é transmitir o mero saber, mas uma cultura que
permita compreender a nossa condição (professor e aluno) e nos ajude a viver, e
que favoreça, ao mesmo tempo, um modo de pensar aberto e livre.”



 CONCEITUANDO JOGOS




        É comum ouvir dizer que os jogos em geral e, principalmente, os eletrônicos
não contribuem em nada para o processo de formação do indivíduo, segundo a
crença popular eles incitam a violência e estimulam o sedentarismo e não têm
significação alguma dentro da Escola. Essa opinião está ligada a conceitos da
pedagogia tradicional que excluía o lúdico de qualquer atividade educativa.

        Essa realidade é, inicialmente, modificada com “o Movimento Escola Nova
que traz o jogo como capacidade de atender interesses e necessidades infantis, que
se contrapunha ao ensino tradicional que ignorava esse recurso como auxílio no
ensino.” (SANTOS 2009, p. 03)

        Hoje, com o surgimento de muitos estudos acerca da importância dos jogos
para a aprendizagem e com o desuso da pedagogia tradicional, os jogos vêm
conquistando a sua verdadeira importância no cenário educacional.

        Para iniciar nossa reflexão acerca da importância do jogo no ambiente
educacional é necessário conceituar jogo, para isso recorremos a definição de
SANTANA e ALVES (2009):




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                           “O jogo é uma atividade de caráter lúdico e prazeroso, que
                          possibilita a formação de conceitos, desenvolvendo as
                          habilidades motoras, a afetividade e a sociabilidade daqueles
                          que aceitam o desafio de mergulhar no brincar.” (SANTANA e
                          ALVES 2009; p. 27)



        Nos primeiros anos de vida, as crianças dedicam grande parte do seu tempo
ao brincar. No entanto, quando crescem e ingressam na escola, esse valor é
invertido, passam a dedicar ao brincar um lugar secundário em suas vidas. Para
VENTURA (2010) Brincar não é perda de tempo. Por meio do brincar a criança
hipotetisa o mundo real na fantasia, ela retoma e transforma experiências vividas
anteriormente o que lhe ajuda a formar sua personalidade.

         Apesar de todos os estudos que comprovam os benefícios dos jogos, muitos
educadores, ainda, deixam o lúdico do lado de fora de suas salas de aula imbuídos
pela crença de que a escola é lugar de coisa séria e não de brincadeira, justamente,
por desconhecimento do seu potencial educativo.



  JOGOS E APRENDIZAGEM




        Os jogos podem auxiliar no desenvolvimento das funções lingüística, sensório
motor, cultural, social, psicológica e cognitiva, pois o aprendiz tem que desenvolver
estratégias de sobrevivência e de respeito às regras impostas para vencer o jogo.




                          Para Vigotsky (1984) o brinquedo e os jogos são considerados
                          uma importante fonte de desenvolvimento e aprendizado,
                          portanto a atividade lúdica possibilita a criança satisfazer seus
                          desejos, através da imaginação e do faz-de-conta, logo uma


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                          das características do jogo e do brincar é poder explorar o que
                          Vigotsky (1984) chamou de Zona de Desenvolvimento
                          Proximal, ocasião em que a criança vai além do que sua
                          experiência permite. (Sena e Moura, p.3)



        Os    jogos     são    ferramentas   facilitadoras   do   processo    de   ensino   e
aprendizagem, que através das experiências proporcionadas ao jogador ajudam-no
a construir novos conhecimentos. Pensar a relação jogos e aprendizagem na cultura
digital suscita a idéia de que a Escola precisa reformular sua práxis, pois enquanto
ela queixa-se que seus alunos são dispersos, desinteressados “os games
conseguem envolver crianças, adolescentes e até adultos que permanecem horas
em frente ao computador jogando, concentrados e entretidos.” (Sena e Moura, p.5)

        Mas não basta apenas inserir qualquer tipo de jogo no ambiente educacional
sem que haja um planejamento prévio. De acordo com SILVA e KODAMA:




                          Para usar jogos em sala de aula é necessário que eles sejam
                          escolhidos com o objetivo de fazer com que os alunos
                          ultrapassem a fase de jogar por diversão. Com isso, é
                          importante escolher uma metodologia de trabalho que explore
                          o potencial dos jogos no desenvolvimento das habilidades de
                          raciocínio lógico e intuitivo, como por exemplo, a metodologia
                          de resolução de problemas. (SILVA e KODAMA 2007 apud
                          ORIANI 2010)




        Considerando-se que os jogos podem potencializar a aprendizagem por seu
caráter interativo e de aproximação da escola à realidade do aluno, faz-se
necessário inseri-los no cotidiano escolar por visualizá-lo como um recurso




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pedagógico motivador, que exige uma presença ativa do educando no seu processo
de aprendizagem, o que proporciona o desenvolvimento de sua autonomia.

        Ainda segundo SANTOS, “diferentes teóricos argumentam a favor do lúdico.
Afirmam que os jogos são importantes para as crianças, tendo o educador como
mediador, capaz de estimulá-las com o uso de material diferenciado e utilizando
essa ferramenta como aliada na prática educativa.” (2009, p. 03).

        Com isso, professores da Educação Básica e do Ensino Superior, poderiam
aproveitar as potencialidades dos jogos para a dinamização de suas aulas e o
desenvolvimento na aplicação dos conteúdos, ademais a aproximação na realidade
do aluno favorece, promove e facilita o aprendizado.


   JOGO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: Um Desafio para Todos.




        Desenvolvimento Sustentável é definido segundo o relatório de Brundtland
(1987) produzido na Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
como sendo “o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual,
sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações.
É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.” (ANASTAS;
WARNER, 2000).

        As palavras desenvolver e sustentar parecem antônimas, já que desenvolver
significa fazer um ser vivo crescer; fazer algo progredir, melhorar, aumentar. No
entanto, a palavra sustentar é ter alguma coisa pesada em cima de si; agüentar,
apoiar,    suportar,     suster.     É   cada   vez   mais difícil   combinar     as palavras
desenvolvimento e sustentabilidade tendo em vista uma sociedade sem sol, sem ar,
poluída (SANTOS, 2001).




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         Pensar em desenvolvimento significa pensar em progresso e este pode ser
perigoso se pensado de forma desordenada. Portanto, só podemos pensar em
sustentabilidade se deixarmos de pensar no sistema linear que existe entre consumo
exacerbado e o ato de jogar fora aquilo que consumimos.




- O jogo analógico




        O jogo Desenvolvimento Sustentável: Um Desafio para todos, possui a
tipologia de tabuleiro (PINHEIRO; BRANCO, 2005), podendo ser jogado por crianças
a partir de 7 anos e permitindo e interação de 2 a 3 jogadores no máximo. O jogo
possui como objetivo, o jogador, representado por um peão, dar uma volta no
tabuleiro (saída de uma indústria não sustentável dentro de uma cidade denominada
Esperança) e chegar ao ponto final alcançando uma indústria auto-sustentável. Para
conseguir isto, os participantes deverão responder a perguntas (identificadas no
tabuleiro com o símbolo do desenvolvimento sustentável) e submeterem-se ao
imposto pelas cartas Sorte ou Revés, ao pararem no local sinalizado no tabuleiro
pelas letras S ou R, respectivamente.

        O jogo possui uma narrativa e está enquadrado na categoria Alea
(SANTAELLA et. al., 2009) no qual o senso comum é representado por uma criança
de 9 anos denominada Maria e por seus amiguinhos que moram na cidade de
Esperança. Maria quer melhorar Esperança com atitudes que tornem a cidade mais
do que sustentável, uma cidade que crê nas pessoas e fazem com que tenhamos
uma família na comunidade de Esperança.

        Esse jogo tem a função além de divertir crianças, alertá-las para o sistema em
crise que existe no consumo exacerbado que vem ocorrendo ao longo dos anos no
mundo inteiro. Mesmo sendo considerado um país em desenvolvimento, o Brasil é
que fornece riquezas para alimentar as grandes corporações do mundo inteiro. Já

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perdemos parte dos nossos recursos naturais (água, petróleo etc.) e isso é feito
longe do nosso olhar. Oferecer somente trabalho às pessoas, sem preocupação com
o ambiente, não fará com que Esperança se torne sustentável e isto é representado
no jogo, através de imagens que indicam poluição, consumo, rejeito de materiais etc.

         O sistema deve ser circular, devemos pensar em atos sustentáveis para
salvaguardar pessoas, saúde, alimentação e não o consumo exacerbado, para
encher os bolsos das grandes corporações. Nisso o senso comum tem papel
essencial, mas por não entender como o sistema funciona, continua aceitando o
consumo e o rejeito das coisas consideradas por nós como ultrapassadas.




- O jogo digital




         Em virtude do advento tecnológico e a atratividade que o jogo tem, a união de
tecnologias aos jogos tem se mostrado um fator primordial para a educação
contemporânea. Essa junção potencializa a educação que através do paradigma
tradicional já não desperta mais, nos estudantes, a vontade de aprender. Isso é
notório se observarmos o ambiente onde os estudantes de hoje nasceram, todos
rodeados de computadores, celulares, tablets e que ao chegar à escola se deparam
com o antigo quadro negro (agora a lousa branca e o piloto) e um sistema que usa
ferramentas “de ontem procurando formar pessoas para o amanhã.” (MATTAR,
2010).     Partindo desse pensamento, se fez necessária a transformação do jogo
analógico em jogo digital.

         Para a criação do jogo em sua forma digital foi utilizada a ferramenta Adobe
Flash CS3 Professional. Através da linguagem de alto nível, actionscrip3, foi
possível desenvolver a parte lógica do jogo; desde a escolha dos personagens
(agora denominado ecotime), seus movimentos, ações diferenciadas aos sorteios
das cartas de forma randômica nas casas Sorte ou Revés, carregadas de um

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arquivo eXtensible Markup Language (.xml), e as demais interatividades com o
usuário. A ferramenta também possibilita a criação de animações que aparecem no
decorrer do jogo (figura1). Para ambos os processos foram utilizadas ferramentas
adicionais como o Adobe Illustator CS3 para criação das imagens vetoriais que
possibilitam uma maior qualidade e o Adobe Photoshop CS3 para edição das
imagens contidas no game como cenário, botões, telas e personagens (figura 2).




   Figura 1- Personagens do jogo.
                                                         Figura 2- Menu do jogo




        Na criação do game foi abordado, além do conteúdo pedagógico
indispensável na criação de um objeto educacional, os aspectos atrativos, tendo em
vista que o público alvo tem, por ter nascido em meio a esse turbilhão tecnológico,
um nível de exigência elevado. É necessário encontrar a sinergia entre pedagogia e
diversão nos jogos educacionais. Se por um lado temos que atender ao conteúdo
pedagógico, por outro os nativos digitais não se encantam com qualquer tipo de
design ou jogabilidade, afinal são especialistas em games.

        Em contrapartida temos um sério problema de infraestrutura nas instituições
de ensino, o que não nos permite a criação de jogos que possam competir
diretamente com os oferecidos no mercado com gráfico quase que reais. Sendo
assim, a ferramenta Flash se mostra como uma grande opção, pois fomenta
materiais de boa qualidade que não exigem tanta robustez do computador. Além
desse problema temos a rejeição por parte dos professores que julgam não saber
manusear tais ferramentas, nesse quesito a ferramenta utilizada se mostra mais uma


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vez útil, pois os arquivos gerados pelo Flash são do tipo Shokcwave Flash (.swf) que
podem ser executados em qualquer computador com o plugin Adobe Flash Player,
disponível gratuitamente no site da Adobe, através do navegador.

         A versão digital conta com um potencial gráfico bastante superior,
animações, cores variadas, sons e interatividade. O conjunto dessas características
causa no jogador um estímulo a mais para jogar e por consequência aprender.
Dessa forma o uso do jogo digital que mescla a atratividade do lúdico com a
tecnologia digital reforça ainda mais a aprendizagem. O jogo, em sua forma digital,
ainda requer aperfeiçoamentos e outras modificações estão sendo realizadas no
projeto de extensão que está sendo desenvolvido no Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) localizado no município de Santo Amaro-
Bahia.


  DISCUTINDO ENSINO-APRENDIZAGEM COM O JOGO



         Muitos jogadores aprendem mais sobre conteúdos ditos escolares em games
do que em todos os anos do ensino fundamental e médio, os jogos atraem e
ensinam mais que os livros didáticos. E essa é justamente a proposta da
aprendizagem tangencial: Os jogos podem estimular o aprendizado a partir da
experiência vivenciada. Eles não precisam ser, essencialmente, “educativos” para
trazer conhecimentos aos jogadores.

         O conceito de aprendizagem tangencial não é o que você aprende ao ser
ensinado, mas o que aprende por ser exposto a coisas, em um contexto no qual
você está inserido (MATTAR, 2010). Imbuídos desse sentimento, o jogo projetado
pela equipe é uma aula interativa sobre desenvolvimento sustentável.

         Ao ler a narrativa do jogo Desenvolvimento Sustentável: Um desafio para
todos o “gamer” percebe que aprenderá sobre o conteúdo desenvolvimento
sustentável ou ao menos sobre os temas que permeiam a respeito do tema principal.

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       O jogo também deve ser avaliado pela sua jogabilidade e não somente pelo
conteúdo a ser aprendido e como o conteúdo está sendo trabalhado para garantir às
gerações futuras o direito de repensar e até mesmo reformar o espaço de ensino
aprendizagem (MORIN, 2009). O conhecimento e a informação produzidos pelo jogo
perpassam pelo conhecimento que se produz e reproduz na escola tendo o senso
comum e o cotidiano como focos de aprendizagem (LOPES, 1999).

        Assim como na sala de aula, o jogo contribui para a formação cidadã do
sujeito protagonista do processo ensino-aprendizagem, além de despertar para a
importância da interatividade e da afetividade entre os “gamers”



 CONSIDERAÇÕES FINAIS




        A escola inserida em uma sociedade complexa, deve atentar-se às situações
novas que surgem a cada dia, devendo estar disposta a repensar suas atividades e
aberta a novas formas de educar. Utilizando-se dos mais variados recursos, como os
jogos, para promover diferentes saberes, as muitas culturas e novas educações.

        Nesse mundo tecnológico onde a cor e o movimento fascinam tanto nossos
olhos, a educação tradicional, estática, sem cor e movimento, perde sua posição e
abre espaço para uma educação mais interativa que se utiliza de todos os recursos
didáticos ou não, para incentivar a participação do alunado colaborativamente no
seu processo de aprendizagem e nos dos demais seres envolvidos. Efetivando-se
assim uma educação tão sonhada e pouco realizada pelas propostas pedagógicas
existentes anteriormente.

        O trabalho pedagógico que pode ser desenvolvido com jogos perpassa a
formação do professor e a construção de novos paradigmas, contudo, mudar
conceitos e práticas não é fácil, é necessário um olhar livre das amarras de um



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ensino engessado, tradicional. Dessa forma, favorecer um caminhar entre jogos e
aprendizagem.

        Sendo assim, esperamos o que o jogo proposto possa contribuir para ajudar a
diminuir o quadro agonizante instalado em nossas unidades escolares, incentivando
o professor a melhorar a sua prática diária contribuindo no processo de formação de
um cidadão.

        Considerando a importância de ampliar o conceito de Desenvolvimento
Sustentável para o máximo de pessoas possíveis, torna-se necessário o jogo e as
discussões em sala de aula, outrossim, o entendimento dos problemas que serão
ocasionados pela falta de conscientização das pessoas, haja visto que os problemas
de ordem ambiental acarretarão desequilíbrio em todo ecossistema. É preciso
considerar que, se por um lado a disseminação e propagação do conceito de
desenvolvimento sustentável favorece o progresso, o equilíbrio, a forma como esse
conceito deve ser aplicado em sala de aula, pode promover ou não mudanças de
hábitos e novas formas de comportamento.

        Em uma sociedade com forte influência da globalização não é concebível
pensar uma educação moldada por uma sociedade tradicional, nem a formação de
sujeitos acríticos. É imprescindível nos conscientizarmos de que as mudanças
sociais ocorridas atingem também o papel social da escola, exigindo mudanças da
mesma. Faz-se necessária, então, uma nova escola, adequada às novas demandas
da sociedade e seus indivíduos.



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York: Oxford University Press Inc., 2000, 135 p.




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http://helpx.adobe.com/photoshop/topics.html acesso em 05 de maio de 2012.



ANEXOS

Storyboard do Jogo Desenvolvimento Sustentável: Um Desafio para Todos!




 Figura 1- Logomarca do               jogo          Figura  2-   Narrativa   do    jogo
 Desenvolvimento Sustentável.                       Desenvolvimento Sustentável.




 Figura 3- Desenvolvimento do tabuleiro               Figura 4- Visão frontal do jogo
 do jogo.                                             Desenvolvimento Sustentável.


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 Figura 5- Visão lateral do tabuleiro do               Figura 6- Caixa do jogo
 jogo.                                                 Desenvolvimento Sustentável..




 Figura 7- Logomarca do jogo digital                      Figura 8- Cena do jogo digital




                                Figura 9- Logomarca do Projeto de Extensão
                                desenvolvido no IFBA campus Santo Amaro


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  Processos erosivos e mudanças na paisagem da bacia do Arroio
                Pelotas, município de Pelotas, RS.

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                              *Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia – UFBA.
                                                                        1-georafacruz@yahoo.com




Resumo

Este trabalho tem como objetivo analisar as áreas suscetíveis à erosão na bacia do Arroio
Pelotas sobre a perspectiva da ecodinâmica de Tricart. Os processos erosivos tendem a
instituir uma dinamicidade nas paisagens, principalmente quando relacionadas ao efetivo
trabalho técnico do homem, que constantemente transforma e remodela a morfologia da
paisagem em neocenários antropizados pela técnica. De acordo com IBGE (2002) o
assoreamento está entre os quatros problemas ambientais mais freqüentes no país. Este
problema atinge principalmente a metade sul do Rio Grande do Sul, onde 58% do
assoreamento são ocasionados pela erosão hídrica. Entre as principais causas estavam à
degradação da mata ciliar, o desmatamento e a erosão e/ou deslizamento de encostas.
Neste contexto, se insere a idealização deste estudo, no qual busca identificar e caracterizar
os processos de degradação do solo, com ênfase na definição e análise de áreas
suscetíveis à erosão na região abrangente da bacia do Arroio Pelotas. Em relação ao
procedimento operacional em geoprocessamento, foram levados em consideração os
elementos naturais (tipo de solo, vegetação, declividade, formas de relevo, intensidade de
cobertura vegetal) e humanos (uso da terra) e que, posteriormente, foram atribuídos valores
aos elementos geoambientais e antrópicas. Os resultados obtidos com este estudo
apontaram que cerca de 90% da área da bacia hidrográfica apresenta alguma fragilidade à
erosão. Destes, 8% são consideradas de intensidade forte à erosão; 41% de intensidade
forte à moderada; e 44% de intensidade moderada. Por fim, estes dados poderão subsidiar
atividades relacionadas ao planejamento socioambiental na área da bacia do Arroio Pelotas.

Palavras-chave: erosão dos solos; geoprocessamento; paisagem.




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 INTRODUÇÃO


         A paisagem é para o geógrafo o cerne da pesquisa geográfica, pois é onde
as relações de produção e os fluxos de matéria e energia são materializados.
Moreira (2009) nos diz que a geografia lê o mundo por meio da paisagem. E ainda
coloca a dependência geográfica por esta categoria, pois para Moreira (2009) o
geógrafo não vai adiante sem o recurso da paisagem à sua frente.

         Entre os diversos tipos de mudanças ambientais impostas à paisagem pela
ação humana, a erosão dos solos preocupa de forma mais relevante. Isto devido a
sua relação direta na perda do potencial agrícola, nas ocorrências das enchentes e
nas modificações morfológicas da paisagem num curto período de tempo. Embora a
erosão seja um processo natural do ciclo de evolução do relevo (ciclo de erosão), o
seu processo acelerado, mais conhecido como erosão acelerada, é desencadeado
pela ação humana, ou mais precisamente pelas mudanças da dinâmica do uso da
terra.

         É neste sentido que Faria (1996) nos diz que “a erosão dos solos pode ser
vista por duas maneiras, dependendo do objetivo do estudo: primeiro, como um dos
fatores responsáveis pela evolução do relevo, na perspectiva da Geomorfologia e
neste caso considera-se a escala de milhares ou milhões de anos. Na outra forma, a
erosão dos solos pode ser entendida e relacionada ao ponto de vista pedológico
(agrícola e ambiental)”.

         As mudanças no uso da terra são impostos pela ação do homem, que através
da técnica, ou em outras palavras por um meio instrumentalizado (SANTOS, 1997)
desempenha um papel de agente modelador da paisagem. Estes espaços artificiais,
na forma de sistemas agrícolas, áreas de expansão urbana e de extração de
recursos naturais têm provocado o desencadeado dos processos erosivos num ritmo




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muito rápido, sendo este processo denominado de erosão acelerada 1. Neste sentido,
Guerra e Marçal (2006) colocam que a capacidade do trabalho técnico das
sociedades vem aumentando as taxas de modificações nas paisagens.

        Segundo Bornheim (apud ALMEIDA et al., 2008) “o espetáculo da construção
da história parece totalmente entregue às forças transformadoras da razão
instrumental. E tais forças tendem a desrespeitar, como notório, qualquer limite,
qualquer forma de autocontrole. Elas são constituídas por um complexos de fatores
que se estende do individualismo capitalista à suficiência por assim dizer fatalista
das inovações tecnológicas”.

        Muitas vezes à degradação da paisagem está relacionada ao uso equivocado
da terra, pois, nestes casos, não se levam em consideração às limitações do meio
físico, como, por exemplo, grau de declividade, tipo de solo, áreas de inundações e
de movimento de massas. Neste sentido, Guerra e Marçal (2006) colocam que as
áreas degradadas estão relacionadas a alguma forma de relevo, no qual possui
solos e rochas que sofreram algum tipo de degradação causado, na maioria das
vezes pelo uso inadequado do meio físico do homem.

        A degradação dos solos constitui-se na perda de suas qualidades naturais
(físicas e bioquímicas), geradas em sua maioria pelos processos erosivos,
acarretando impactos tanto de ordem ambiental, como socioeconômicos, pois, em
reciprocidade ao aumento da perda dos solos por erosão, há uma gradativa
diminuição das camadas mais produtivas (horizontes O e A). Ocasionando, com
isso, a lixiviação2 dos nutrientes superficiais e, por fim, provocando uma gradual
redução na produtividade agrícola.



1
  É o aumento da taxa de erosão sobre a erosão geológica ou normal, em decorrência da quebra do
equilíbrio do meio ambiente pelas atividades humanas, principalmente as advindas das alterações
conduzidas na cobertura vegetal, tais como, uso excessivo de pastagens, retirada de madeira por
derrubada ou queima, práticas inadequadas de cultivo, etc. (FENDRICH, 1997).
2
  Processo pelo qual a matéria orgânica e os sais minerais são removidos do solo, de forma
dissolvida, pela percolação da água da chuva (IBGE, 2004).


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        Neste sentido, Bertoni e Neto (2008) lecionam que o solo perdido pela erosão
hídrica é geralmente mais fértil, contendo os nutrientes das plantas, húmus e algum
fertilizante que o lavrador tenha aplicado. Ainda, segundo esses autores, em muitos
países a erosão dos solos tem levado ao abandono de extensas áreas agrícolas
devido à degradação.

        De acordo com os dados da FAO (FAO, 1980), somente 11% dos solos não
apresentam alguma restrição ao seu uso. Estes dados demonstram a escassez
deste recurso natural, já que a sua formação é um processo lento. Em algumas
regiões de degradação acelerada a pedogênese3 não acompanha o mesmo ritmo da
perda dos solos. Araújo et al. (2007) coloca que a degradação das condições do
solo é muito mais séria, no sentido de que não é facilmente reversível, uma vez que
processos de formação e regeneração do solo são muito lentos.

        Ainda, segundo Araújo et al. (2007) as estimativas mundiais de solo perdidos
anualmente variam entre 5 a 12 milhões hectares (de um total de 4,8 bilhões de
hectares de terras cultiváveis e pastos). Conforme, estes autores, em pesquisa
realizada pela FAO (1992), aproximadamente 25 bilhões de toneladas de solo (17
toneladas por hectare cultivado) são erodidos a cada ano.

        Segundo dados do IBGE (2002), o assoreamento está entre os quatro
problemas ambientais mais freqüentes no país. No Rio Grande do Sul este problema
atinge principalmente a metade sul do estado, onde se insere a Bacia do Arroio
Pelotas e que de acordo com Silva (2009), em pesquisa in situ, foram identificados
impactos ambientais relacionados à degradação dos solos e a paisagem. Ainda, o
relatório do IBGE (2002) aponta que nesta região 58% do assoreamento é
ocasionado pela erosão hídrica. Porém, conforme Guerra e Mendonça (2004) em
nosso país ainda não temos estatísticas precisas dos totais de perda de solo, em
nível estadual ou nacional.
3
 Modo pelo qual o solo se origina, com especial referência aos fatores e processos responsáveis
pelo seu desenvolvimento. Os fatores que regulam os processos de formação do solo são: material
de origem, clima, relevo, ação de organismos e o tempo (IBGE, 2004).


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        Alguns estudos, em nosso território, apontam de acordo com Marques (1949
apud BERTONI e NETO, 2008) uma perda por erosão laminar de 500 milhões de
toneladas de terra anualmente. Segundo Bertoni e Neto (2008) a perda de 500
milhões de toneladas de terra por ano corresponde ao desgaste uniforme de uma
camada de 15 cm de espessura numa área de 280.000 hectares de terra. Ainda,
estes autores assinalam que uma diminuição de 5cm da camada superior do solo
resulta em redução de 15% na produção do cultivo de milho; se a redução for de
10cm será de 22%, caso for de 15cm será de 30%, e de 75% na produtividade caso
haja uma redução de 30cm da camada do solo.

        Portanto, com este trabalho objetiva-se a identificação das áreas de
fragilidades ambiental, principalmente em relação os processos erosivos, trazendo à
tona a questão ambiental e das possibilidades do uso das geotecnologias como
ferramenta de auxílio neste processo de análise ambiental. Assim, percebesse a
importância em se abordar a problemática da dinâmica dos processos erosivos, que
são responsáveis pela redução na qualidade dos solos e na degradação da
paisagem.



 ÁREA DE ESTUDO


        A bacia do Arroio Pelotas está localizada entre as coordenadas geográficas

de 31º23’36“S a 31º48’49”S e 52º12’24”W a 52º38’27”W. Esta bacia hidrográfica

possui uma área de 909 Km² (90.900 hectares) e abrange parcialmente quatro

municípios na metade sul do Rio Grande do Sul, que são: Pelotas, Arroio do Padre,

Morro Redondo e Canguçu. Em relação à dinâmica da ocupação da terra,

predominam as atividades agropastoris, que são de grande importância para a

economia local destes municípios.



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        O clima da região é do tipo mesotérmico (subtropical úmido) e que de acordo
com a classificação climática de Köppen é representado pelas letras Cfa, onde “C”
representa o domínio dos climas temperados; “f” chuvas bem distribuídas; e “a” as
áreas de verões quentes. A temperatura média anual oscila entre de 17ºC e 18ºC, e
as precipitações totais anuais variam entre 1.300mm a 1600 mm (aumentando no
sentido leste-oeste).

        A região é marcada por um terreno formado por uma litologia cristalina do
Pré-Cambriano e outra de sedimentos do quaternário e terciário que representam,
respectivamente, a Serra do Sudeste e a Planície Costeira Gaúcha. A paisagem,
ainda, é marcada por um faixa de transição entre os campos sulinos das coxilhas e
as vegetações pioneiras de planície.


 MATÉRIAS E MÉTODOS


        A análise dos processos morfodinâmicos se dá através de uma visão

metodológica sistêmica do meio físico e territorial e, no qual, leva-se em

consideração a fragilidade dos elementos pertinentes à paisagem. De acordo com

Almeida et al. (2008) “a abordagem sistêmica é baseada no princípio de que o meio

ecológico não é um conglomerado de elementos distintos, mas um sistema

possuidor de organização e integração – sustentado no equilíbrio dinâmico de ciclos

e flutuações permanentes e complementares de matéria e energia –, que

redimensionou o pensamento científico moderno”.

        Para a realização deste trabalho deve-se seguir um procedimento

metodológico apropriado a análise das variáveis que compõe a paisagem,

distinguindo meios degradados dos naturalmente equilibrados. Por isso, será


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utilizada a proposta metodológica de Crepani et al. (2008), onde estes autores

analisam as perdas de solos a partir da caracterização morfodinâmica da paisagem,

ancorado nos pressupostos da ecodinâmica de Tricart (1977), onde se estabelece

os critérios morfodinâmicos da paisagem, de acordo com a sua intensidade de

degradação.

        Em relação ao procedimento operacional deve-se proceder segundo o que
propõe Crepani et al. (2008), onde após serem atribuídos valores para as classes
dos respectivos mapas temáticos, devem-se ser feita à integração via álgebra de
mapas em SIG e que, posteriormente, será gerado o mapa de suscetibilidade à
erosão dos solos.

        Referente ao uso do solo, os valores atribuídos (Tabela 1) estavam
relacionados com a temporalidade da cobertura, vegetal, ou seja, em culturas em
que sua vegetação não é totalmente retirada em alguma parte do ano foi
considerada menos propensa à erosão em consideração as culturas de ciclo curto,
como, por exemplo, o milho que passada a época de colheita, o solo fica exposto a
erosividade.



Tabela 1 – Uso do solo e vegetação

                                     Uso do solo e vegetação

              Elementos              Característica de fragilidade       Valor atribuído

   Floresta                                     baixa                             1

   Mata ciliar                                  baixa                             1

   Mata de restinga                             baixa                             1

   Eucalipto (silvicultura)                      alta                             3




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   Banhado                                     baixa                              1

   Campos litorâneos                           baixa                              1

   Campos                                      baixa                              1

   Policultura                                 baixa                              2

   Orizicultura                                 alta                              3

   Lagoa                                            -                             0

   Área Urbana                                  alta                              3

Fonte: Adaptado de XAVIER-DA-SILVA E ZAIDAN, R. T. (2004).




         O tipo de cobertura vegetal, na medida em que protege o solo, diminuindo o
impacto das chuvas sobre ele e interferindo no escoamento superficial, interfere no
cálculo da erodibilidade do solo e, conseqüentemente, na estimativa de perda de
solo (ABDON, 2004).

         Em relação aos solos, a sua classificação de fragilidade (Tabela 2) é dada
pelas suas características físicas (porosidade, profundidade e estrutura das
camadas). Solos como do tipo neossolo litólico apresentam pouca profundidade, o
que justifica uma maior fragilidade à erosão, devido ao valor elevado de escoamento
superficial sobre este tipo de solo.

         Os neossolos litólicos rasos e com seqüência de horizontes A-R têm baixa
capacidade de infiltração e armazenamento de água no solo e alta suscetibilidade à
erosão hídrica, impossibilitando o seu uso com culturas anuais. (STRECK et al.,
2002).




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Tabela 2 – Tipo de solos

                                               Solos

           Grupo de Solos             Características de fragilidade     Valor atribuído

   Neossolo (RD)                                   alta                           3

   Luviossolo (PB)                                 alta                           3

   Argilossolo (PV)                              média                            2

   Planossolo (PL)                               média                            2

   Orgânico (HG)                                  baixa                           1

   Glei (H)                                       baixa                           1

   Aluvião                                        baixa                           1

Fonte: Adaptado de XAVIER-DA-SILVA E ZAIDAN, R. T. (2004).




          Embora a topografia da bacia do Arroio Pelotas não apresente áreas com
declives acentuados, às declividades compreendidas entre 10-20% são suficientes
para desencadear processos erosivos de média intensidade. O relevo da região
caracteriza-se por apresentar formas onduladas com topos convexos, o que
predetermina a ação da erosão laminar. Diante destas características foram
atribuídos valores de baixa a média predisposição à erosão (Tabela 3).



Tabela 3 - Declividade

                                            Declividade

           Declividade (%)            Características de fragilidade     Valor atribuído

   0-5                                            Baixa                           1

   5-10                                           Baixa                           1

   10-20                                         Média                            2




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   >20                                          Média                             2

Fonte: Adaptado de XAVIER-DA-SILVA E ZAIDAN, R. T. (2004).




         Após esta etapa de coleta de dados, passou-se a etapa de geoprocessamento
no ARCGIS. Nesta etapa foram sobrepostos (overlay) os dados de declividade e tipo
de solos, o que gerou um primeiro mapa. Logo, este primeiro mapa foi sobreposto
(overlay) com os dados de uso da terra, tipo cobertura vegetal e intensidade de
massa vegetal. Assim, alcançou-se o resultado do mapa de fragilidade à erosão da
bacia do Arroio Pelotas.



 RESULTADO E DISCUSSÕES


         Baseado no conceito de morfodinâmica de Tricart (1977), os setores
apresentados são: muito forte, forte, moderado-forte, moderado e fraco. Estas
unidades ou setores de fragilidade à erosão são o resultado da interação entre os
fatores geoambientais que determinam a ocorrência de erosão. Portanto, a partir
destes dados gerados podem ser elaborados cenários distintos das possibilidades
de ocorrência de processos erosivos, pois se alterando o potencial de erosividade,
ou seja, a entrada de energia no sistema como, por exemplo, eventos catastróficos
de chuvas ou época de precipitações torrenciais.




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Figura 1 - Mapa de suscetibilidade à erosão da Bacia do Arroio Pelotas




       Em relação aos resultados, obteve-se que mais de 90% da área da bacia do
Arroio Pelotas apresenta algum risco de erosão dos solos (Tabela 4).



Tabela 4 – Unidades de suscetibilidade à erosão

                             Unidades de suscetibilidade à erosão

            Classe                          Área (m²)                    Área (%)

         Muito Forte                          2.392                        0,26

            Forte                             73.305                       8,06

       Moderado-Forte                        373.142                      41,04




V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012               77
V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento.
                                        Santo Amaro – Bahia, 2012



          Moderado                          398.361                       43,81

            Fraco                           61.918                         6,81

            Total                           909.118                        100




1. Setor muito forte

       Área caracterizada por uma alta fragilidade as condições de degradação dos
solos, com predomínio dos processos erosivos. O maior grau de risco à erosão se
deve as declividades acentuadas das bordas do planalto.




2. Setor forte

       As declividades são mais suaves, porém a ação do homem se faz mais
presente. Tanto, através da utilização de maquinários, como no uso da terra para a
agricultura em pequenas e médias propriedades.



3. Setor moderado forte

       Setor marcado pelo uso intensivo do solo pela rizicultura em amplos
latifúndios, que devido a própria natureza de manejo agrícola faz com que o solo
seja exposto aos processos de erosão hídrica.



4. Setor moderado

        Predomínio de baixa declividade, porém com solos bastante suscetíveis à
erosão, como é o caso dos planossolos hidromórficos e associado a áreas de
cobertura vegetal de campos.




V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012             78
V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento.
                                         Santo Amaro – Bahia, 2012



5. Setor fraco

           Predomínio     da    deposição    dos     sedimentos,   que    se   percebe   pelo
assoreamento dos rios, provocando, muitas vezes, enchentes constantes no vale
fluvial.




CONSIDERAÇÕES FINAIS



           A elaboração deste estudo proporcionou, através da síntese cartográfica, a
identificação e caracterização dos processos de degradação do solo, com ênfase na
definição e análise de áreas suscetíveis à erosão na região que abrange a bacia do
Arroio Pelotas, com o auxílio do geoprocessamento.

           Dessa forma, obteve-se como resultado a definição das áreas de
suscetibilidade à erosão na bacia e estabelecidos os setores de acordo com a sua
intensidade de atuação dos processos morfodinâmicos. Assim, foram identificados
cincos unidades distintas caracterizadas como muito forte, forte, moderado-forte,
moderado e fraco, sendo que para tal adotou-se a metodologia de unidades de
fragilidade ambiental fundamentadas no conceito de ecodinâmica de Tricart (1977).

           Os resultados apontaram que aproximadamente 90% da área da bacia do
Arroio Pelotas apresenta risco de erosão de intensidade forte. Sendo que, 75 Km²
apresentam-se como áreas fortemente erodidas, equivalente a cerca de 9% da área
total. E 398 Km² (43% da área) tem risco de perda de solos moderados por erosão.

           As áreas de maior suscetibilidade à erosão são aquelas em que as
declividades são superiores a 20%, apresentam solos do tipo neossolo litólico, estão
associados a cultivos de ciclo curto (milho, fumo e soja), e apresenta desmatamento
da mata nativa.




V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012              79
V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento.
                                        Santo Amaro – Bahia, 2012




 REFERÊNCIAS




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na Bacia Hidrográfica do Rio Taquari, MS, em Decorrência da Pecuária. Tese de
Doutorado. Escola de Engenharia de São Carlos, USP, São Carlos, 2004.


ALMEIDA, J. R.; GUERRA, A. J. T.; NETO, J. B. C.; AGUIAR, L. A.; RODRIGUES,
M. G.; COSTA, M. B. A.; MATOS; R. M. B. Ciências Ambientais. Rio de janeiro:
Editora Thex, 2008.


ARAUJO, G. H. S.; ALMEIDA, J. R.; GUERRA, A. J. T. Gestão Ambiental de Áreas
Degradadas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.


BERTONI, J. e NETO, F. L. Conservação do solo. 6ª ed. São Paulo: Editora Ícone,
2008.


CEPRANI, E.; MEDEIROS, J. S.; PALMEIRA, A. F.; SILVA, F. E. Zoneamento
Ecológico-Econômico. In: Geomorfologia: Conceitos e Tecnologias Atuais. São
Paulo: Oficina de Textos, 2008.


FARIA, A. P. Os Processos Erosivos e as suas Variações nas Escalas Temporal e
Espacial: Revisão e Análise. In: Revista Brasileira de Geografia/IBGE. Rio de
Janeiro, vol.58, n.1/4, p.1-149, jan/dez. 1996.


FENDRICH, R. Drenagem e Controle da Erosão Urbana. 4ª ed. Curitiba:
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GUERRA, A. J. T. e MARÇAL, M. S. Geomorfologia Ambiental. Rio de Janeiro.
Bertrand Brasil, 2006.




V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012             80
V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento.
                                        Santo Amaro – Bahia, 2012



IBGE. Perfil dos Municípios Brasileiros: Meio Ambiente. Rio de Janeiro: IBGE,
2002.


IBGE. Vocabulário Básico de Recursos Naturais e Meio Ambiente. 2ª ed. Rio de
Janeiro: IBGE, 2004.


MOREIRA, R. Para Onde Vai o Pensamento Geográfico?                                Por   Uma
Epistemologia Crítica. São Paulo: Editora Contexto, 2009.


SANTOS, M. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo. Razão e Emoção. 2ª ed.
São Paulo: HUCITEC, 1997.


SILVA, R. C. Análise das Áreas Suscetíveis à Erosão na Bacia do Arroio
Pelotas (RS), com Auxílio do Geoprocessamento. Dissertação de Mestrado. Pós-
Graduação em Geografia, Rio Grande, 2009.


STRECK, E. V.; KÄMPF, N.; DALMOLIN, R. S. D.; KLAMT, E.; NASCIMENTO, P. C.;
SCHNEIDER, P. Solos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: EMATER/RS; UFRGS,
2002.


TRICART, J. Ecodinâmica. Rio de Janeiro: IBGE, 1977.


XAVIER-da-SILVA, J. e ZAIDAN, R. T. Geoprocessamento e Análise Ambiental:
Aplicações. Rio de Janeiro. Editora Bertrand Brasil, 2004.




V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012             81

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  • 1. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 37
  • 2. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 SANEAMENTO BÁSICO E AS IMPLICAÇÕES PARA AS NASCENTES: O BAIRRO DA BOMBA, NA CIDADE DE SERRINHA-BA. Monise da Silva Pereira¹ Ana Cláudia Valverde Santos2 1-Universidade Federal do Recôncavo da Bahia monise.fsa@hotmail.com 2-Universidade do Estado da Bahia-UNEB claudiatapuio@hotmail.com RESUMO A água constitui um dos elementos mais importantes para o desenvolvimento da vida. Nessa perspectiva, ela se encontra em diversos ambientes, sendo vinculada também ao desenvolvimento humano, estando ao lado do surgimento das mais diversas sociedades. Contudo, esse desenvolvimento nem sempre dar-se-á de forma harmoniosa. À medida que o homem se apropria do espaço, ocasiona muitas vezes um desequilíbrio ambiental. A exemplo disso, o Bairro da Bomba, localizado na cidade de Serrinha, Bahia, aponta características desse tipo de desequilíbrio. No início da formação do açude, que deu nome ao bairro, os moradores utilizavam-no para abastecimento de casas, atividade pesqueira e até mesmo para o lazer. Com o decorrer dos anos e o crescimento desordenado do bairro, bem como a falta de políticas públicas, como saneamento básico ocasionou a destruição do açude, devido a grande quantidade de dejetos que são despejados in natura no referido. Com isso, esse estudo propõe a revitalização desse espelho d’água, a partir de um projeto que proporcione o tratamento do esgoto que é derramado, bem como transformar a área em volta em um ambiente próprio para a prática de esportes e lazer, que acarretará, não só uma mudança ambiental, mas também social, modificando a imagem de um bairro que por sua localização e estrutura é visto como um espaço sem atrativos para a sua população e para a cidade como um todo. PALAVRAS-CHAVE: açude, saneamento básico, desequilíbrio ambiental, revitalização. V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 38
  • 3. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 INTRODUÇÃO O aumento da atividade humana tem provocado importantes alterações e consequentes impactos sobre o meio ambiente. O planejamento ambiental tem adquirido destaque em décadas recentes, dado o interesse em redirecioná-lo para considerar não somente os ambientes criados e modificados pelos seres humanos, mas também o ambiente natural ao seu redor. A crescente necessidade de apresentar soluções e estratégias que interrompam e revertam os efeitos da degradação ambiental e do esgotamento dos recursos naturais vem se fortalecendo cada vez mais, provocando uma série de questionamentos, como por exemplo: Como enfrentar o conjunto de problemas ambientais, detectados principalmente nas grandes cidades? Como elaborar e desenvolver estratégias eficazes para saná-los? Como garantir a aplicabilidade dessas estratégias? As respostas para tais questionamentos devem ser decorrentes de uma mudança, de uma revisão do binômio homem/natureza. Para tanto é necessário não mais dissociar o ambiente urbano do ambiente natural, é necessário ver a cidade como um sistema ecológico, que possui fragilidades e que também é vulnerável, uma vez que depende de outros sistemas para se manter. Portanto, o homem não pode exercer somente o papel controlador desse sistema, ele faz, antes de mais nada, parte dele. Desta maneira, na perspectiva de Corrêa, (2005) a problemática ambiental urbana deve ser analisada dentro de uma perspectiva ambiental extra-urbana, isto é, a cidade e o homem não estão desligados dos elementos naturais (ex.: água, ar, solo), todos fazem parte de um sistema natural global, sobre o qual o homem vem atuando e intervindo sem considerar as consequências de suas próprias atividades, que V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 39
  • 4. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 surtem efeito cumulativo, comprometendo o presente e principalmente o futuro de sua própria existência. Assim, serão analisadas as questões de saneamento básico e as suas implicações para a nascente do Bairro da Bomba, localizada na cidade de Serrinha, Bahia. A partir do estudo sobre o desenvolvimento do Bairro da Bomba, foi feita a fundamentação teórico-conceitual através de pesquisa bibliográfica utilizando publicação de artigo, livros e sites de pesquisas confiáveis, com a finalidade de obter subsídios necessários para descrever sobre o tema proposto. Paralelamente ao levantamento bibliográfico, será feito um levantamento cartográfico, como também um levantamento de fotos antigas e recentes do referido bairro que permeará todo o período de construção do referido artigo. É importante ressaltar ainda a visita in locu, através de observação semi-estruturada, entrevistas e aplicação de formulários para melhor compreensão da dinâmica existente no objeto de estudo. Para, assim, Identificar o processo de formação do Bairro da Bomba a partir da utilização do espelho d’água, perceber de que modo o crescimento desse Bairro contribuiu para a degradação do manancial. A partir daí então, propor uma intervenção pública que venha contribuir com a revitalização do açude da Bomba e consequentemente uma melhor estrutura do bairro. Compreende-se também que para que a abordagem do mencionado bairro se faça de forma clara e concisa, faz se necessário entender como se deu a formação da cidade na qual o bairro está inserido. O PROCESSO DE FORMAÇÃO DO BAIRRO NO CONTEXTO DA CIDADE O “município de Serrinha está localizado na região econômica nordeste, semi-árido, com coordenadas 11º39’28” de latitude Sul e 39º00’18” e longitude Oeste, a 360 metros do nível do mar. A latitude da sede é de 365 metros do nível do mar (Estação V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 40
  • 5. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 da Leste), 377 metros ( no antigo marco da praça Miguel Carneiro) e 371, 3 metros (na praça Luís Nogueira). Segundo o governo do Estado, Serrinha é classificada como sede da região administrativa 12, microrregião do Sisal, englobando 18 municípios. Concentra serviços como o Hospital Regional, Direc, Dires, Ciretran, Delegacia Regional de Polícia, também é sub-sede de outros órgão como Embasa, Coelba, etc. A cidade dista 181 quilômetros de Salvador, sendo entrecortada pela BR-116, pela BA-324 e pela BA-049. Seus limites municipais são: ao Norte, com Teofilândia, Barrocas e Araci; ao Sul, com Lamarão e Santa Bárbara, a Oeste com Ichú e Conceição do Coité e a Leste com Biritinga. Mapa 1: Localização do município de Serrinha no contexto baiano Fonte: www.sei.gov.com.br V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 41
  • 6. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 A cidade enquanto forma de expressão de processos sociais reflete as características da sociedade, assim é um produto da articulação das atividades humanas ao longo da história. Nesse contexto, Carlos 2008 diz: “A cidade é uma realização humana, uma criação que vai se constituindo ao longo do processo histórico e que ganha materialização concreta, diferenciada, em função de determinações históricas específicas... A cidade, em cada uma das diferentes etapas do processo histórico, assume formas, características e funções distintas. Ela seria assim, em cada época, o produto da divisão, do tipo e dos objetos de trabalho, bem como do poder nela centralizado.” (CARLOS, 2008, p.57) Assim tendo por base a importância do processo histórico de formação das cidades vale salientar que a história de Serrinha, segundo Franco 1996, pode ser dividida em três períodos: o que vai de 1612 a 1891, com a abertura da estrada das boiadas que ligava a capital da colônia ao alto sertão do São Francisco até o Piauí. O sítio urbano da cidade tem sua formação inicial com a compra do sitio Serrinha pelo Coronel Bernardo da Silva, sua principal função na época era servir de local de descanso para os tropeiros que ali passavam; o período entre 1880 e 1969, que tem como principais características crescimento da população, implantação da ferrovia e de serviços como água encanada e tratada e a construção da BR-116, tendo influenciando esta última na expansão da cidade a exemplo da ferrovia. O período de 1969 até os dias atuais tem como um de seus principais aspectos a instalação da Companhia Vale do Rio Doce no município de Teofilândia, o que impulsionou o comércio de Serrinha, pois grande parte da população ingressou na empresa e também os serviços prestados cresceram. Outro fato importante desse período é a instalação da Faculdade de Educação em 1989 e a consolidação do município como centro regional de serviços estaduais. Durante muito tempo o município ocupou uma área muito extensa, com superfície de 3.464 km², correspondente a 0,7% da área total do Estado. Houve a emancipação de distritos e povoados como Araci e Ichú que integravam o seu território original, e mais recentemente o município perdeu parte de seu território, com a desvinculação V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 42
  • 7. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 do distrito de Barrocas, no ano de 2000. Atualmente, possui uma superfície de 568 km², segundo dados do IBGE. De acordo com o contexto histórico da formação da cidade de Serrinha, podem-se destacar dois fatores: a implantação da ferrovia em 1880 e da BR-116; como sendo de suma importância para o crescimento social e econômico da cidade. Sendo o primeiro fator de importância relevante para este estudo por influenciar de forma direta na formação do Bairro da Bomba. O OBJETO DE ESTUDO: BAIRRO DA BOMBA Para analisarmos o objeto de estudo faz-se necessário conceituar o que vem a ser bairro. Para Rossi, apud Serpa, 2007: “O bairro está intimamente ligado a evolução e à natureza da cidade: o bairro é uma unidade morfológica e estrutural, caracterizado por uma certa paisagem urbana, por um certo conteúdo social e por uma função; o bairro é também um fator social baseado na segregação de classes ou de raça, nas funções econômicas.” (ROSSI,1998, apud SERPA, 2007, p.28) A partir de tais considerações pode-se afirmar que a formação do bairro da bomba está intimamente ligada a evolução da cidade de Serrinha. Este teve seu desenvolvimento vinculado à construção da ferrovia, ao qual trouxe nova mentalidade nas relações sociais e trabalhistas melhorando o abastecimento de água com a construção do açude da Bomba, dotado de uma bomba a vapor que puxava água para abastecer as locomotivas, casas dos funcionários e ainda gerava energia, dando origem ao nome do bairro. A água exerceu o papel de atrativo para que a população viesse a se instalar ao redor do açude fazendo uso desta para pesca, consumo doméstico e favorecendo o desenvolvimento da agricultura local. V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 43
  • 8. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 O referido bairro localiza-se no centro – oeste da cidade de Serrinha. Sua área situa- se no quadrante, compreendido entre o início da Rua Manoel Novais e a Rua Antônio Rodrigues Nogueira, limitando-se com o bairro Vila de Fátima. Mapa 1: Localização do Bairro da Bomba Fonte: www.google.com.br Devido a sua localização periférica, geográfica e social na cidade de Serrinha, como em diversas outras cidades do país, o bairro da Bomba é composto por população financeiramente carente. Segundo dados da associação dos moradores do bairro, 2007, o mesmo é composto por 1.300 famílias e aproximadamente 4.500 moradores. É constituído por 15 ruas, sendo que estas não possuem rede de esgoto e apenas parte delas são pavimentadas. As residências despejam seus dejetos para o açude, sendo um dos principais fatores de impactos ambientais do mesmo. Não existindo posto de saúde, devido à proximidade com alguns hospitais públicos, não existe colégio de 2º grau, nem sede para a associação de moradores. As únicas V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 44
  • 9. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 áreas de lazer existentes são um campo e uma praça pública, que se encontra em péssimo estado de conservação. São oferecidos trabalhos sociais que vem contribuindo para a diminuição do índice de violência no bairro. O BAIRRO DA BOMBA NA CONTEXTUALIZAÇÃO TEMPO-ESPAÇO A água é um recurso natural essencial para a sobrevivência de todas as espécies que habitam a Terra, os alimentos que ingerimos dependem diretamente da água para a sua produção. Necessitamos da água também para a higiene pessoal, para lavar roupas e utensílios e para a manutenção da limpeza de nossas habitações. Ela é utilizada na produção de energia elétrica, na limpeza das cidades, na construção de obras, no combate a incêndios e na irrigação de jardins, entre outros. Está diretamente ligada ao desenvolvimento das civilizações as quais em sua maioria surgiram em torno de rios a exemplo do Nilo, Tigre e o Eufrates. O açude da bomba construído no início da década de 1950 tinha água potável e de boa qualidade (FIGURA 1), a qual abastecia grande parte da cidade principalmente os moradores mais próximos. Segundo informativo mensal da Ass. dos Moradores do bairro publicado em abril de 2006: “Quem o conheceu há 55 anos certamente têm saudades de sua água azul clara, numa extensão de 300m x 100m, com suas pequenas ondas, e que nas tardes de domingos e feriados era ali o ponto de encontro de muitos amigos que se distraiam e se aliviavam do cansaço do dia-a-dia de trabalho, através das pequenas e simples pescarias de anzóis”. (INFORMATIVO MENSAL, ed. 14, 2006 V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 45
  • 10. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 FIGURA 1: Açude da Bomba, 1970 Fonte: Arquivo da Ass.de Moradores, 1970. Hoje, do velho tanque da bomba resta apenas a lembrança, pois foram canalizadas enormes redes de esgotos sem tratamento para dentro do açude, transformando suas águas em depósito de lixo onde encontra-se hoje semi-aterrado (FIGURA 2), dando origem a um matagal, criadouros de cobras e todo tipo de insetos nocivos a saúde do ser humano. FIGURA 2: Açude da Bomba, 2010. V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 46
  • 11. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 Fonte: Harianderson Oliveira Assim, a presença do açude passou a ser um fator prejudicial à saúde dos moradores que fazem uso deste, devido a falta de saneamento básico, entendido aqui nas palavras de Spósito (2004): “... refere-se aos elementos da infraestrutura de uma cidade necessários para a manutenção de boas condições para a saúde pública. As redes de água e esgoto são os elementos mais conhecidos e disseminados por todas as cidades. Também pode ser colocada nesse conceito, a canalização (a céu aberto ou subterrâneo) de córregos. Deve ser diferenciado de saúde pública, que é mais abrangente, porque, colocam-se também a qualidade da água, o ataque as doenças transmissíveis por insetos ou animais, para a preservação da saúde dos cidadãos.” (SPÓSITO, 2004, p.73) A falta de saneamento básico configura-se como um grave problema para a qualidade da água. No Brasil, segundo o Ministério das Cidades, cerca de 60 milhões de brasileiros (9,6 milhões de domicílios urbanos) não são atendidos pela rede de coleta de esgoto e, destes, aproximadamente 15 milhões (3,4 milhões de domicílios) não têm acesso à água encanada. Ainda mais alarmante é a informação de que, quando coletado, apenas 25% do esgoto é tratado, sendo o restante despejado “in natura”, ou seja, sem nenhum tipo de tratamento, nos rios ou no mar. Segundo Rivière,1989: “Existem dois tipos de despejos que contaminam a água: o lixo orgânico – proveniente de excremento humanos e de animais e do descarte das partes fibrosas de vegetais colhidos e não consumidos; e o lixo industrial – gerado pelos processos industriais e pelo descarte que, cedo ou tarde, se faz dos produtos fabricados pelas indústrias”.(RIVIÈRE,1989,disponível em geosites.com) V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 47
  • 12. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 Figura 3: Bairro da Bomba, 2010. Fonte: Harianderson Oliveira O despejo de dejetos orgânicos ao longo dos anos no açude provocou a eutrofização do corpo d’água e conseqüente proliferação de algas, que contribuiu para o mau cheiro e gosto ruim na água. Os excrementos humanos contêm alguns dos mais nocivos contaminantes conhecidos, incluindo microrganismos patogênicos como os agentes da cólera, da febre tifóide e da desinteria. Com base em entrevista com o presidente da Associação de Moradores do Bairro, as principais ocorrências de doenças, provavelmente estão ligadas a poluição do açude, sendo elas: dor de barriga, alergia, gripe, viroses e desinteria, afetando principalmente as crianças. Não houve ainda intervenções a serem consideradas, pois a obras realizadas no bairro relacionadas a infraestrutura foram apenas de pavimentação de parte de suas ruas , não resolvendo assim, o problema da falta de saneamento básico. V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 48
  • 13. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 UMA PERSPECTIVA PARA A BOMBA Ao verificar a situação atual do Bairro da Bomba e as implicações do seu desenvolvimento para o açude que influenciou a sua origem, pode-se propor como medida de melhoria tanto do espaço social e ambiental, uma intervenção através de políticas públicas que visem melhorar as condições de vida da população por meio da revitalização do seu espelho d’água. Salienta-se que tal intervenção deve estar pautada no planejamento urbano, que segundo Souza, 2004, é entendido como qualquer tipo de planejamento, é ainda uma atividade que remete sempre para o futuro. Desse modo, planejar uma intervenção para o açude da bomba significa não só garantir que a população ali instalada usufrua do mesmo, mas também que lhes proporcione um local que seja marco tanto para a geração de hoje, quanto para seus descendentes. Nesse sentido, o Dique de Tororó, na capital baiana, pode ser citado como exemplo de um espaço que foi reurbanizado. O dique era uma construção dos holandeses, que habitaram Salvador a partir de 1624. O mesmo esteve por décadas abandonado e em 1998 foi revitalizado. O Dique de Tororó é o único manancial natural de Salvador tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Além da lagoa, o local tem pista de cooper, raias para a prática de remo, deques para a pesca, píers para pequenas embarcações, equipamentos de esportes e ginástica, playgrounds, além do Centro de Atividades e da Praça de Eventos. O centro possui restaurantes e estacionamento com 150 vagas. Figura 5: Dique de Tororó, Salvador, Bahia V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 49
  • 14. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 Fonte: www.googleimagens.com.br A revitalização do Dique foi feita em 1998, tornando o local marco de beleza da cidade. O açude da Bomba assim como o local supracitado, pode deixar de ser um local de desprezo e poluição, para tornar-se um ponto atrativo e revitalizado não só para a população de seu bairro, mas, sobretudo para a cidade de Serrinha. A revitalização pode ser possível, caso haja um projeto de intervenção pública, onde se proponha a revitalização desse espelho d’água, proporcione o tratamento do esgoto que lhe é derramado, bem como transformar a área em volta em um ambiente próprio para a prática de esportes e lazer. Tais modificações acarretarão, não só uma mudança ambiental, mas também social, modificando a imagem de um bairro que por sua localização e estrutura é visto como um espaço sem atrativos para a sua população e para a cidade como um todo. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo aqui desenvolvido procurou abordar as condições de saneamento básico e as suas implicações para o açude do Bairro da Bomba, na cidade de Serrinha, Bahia. O aumento da atividade humana nessa área, ao longo do tempo, provocou V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 50
  • 15. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 importantes alterações e conseqüentes impactos sobre o meio ambiente. A falta de saneamento básico configurou-se como um grave problema para a qualidade da água do manancial em estudo. O despejo de dejetos orgânicos no açude provocou gradativamente a eutrofização do corpo d’água e conseqüente proliferação de algas, que contribuiu para o mau cheiro e uso impróprio para o consumo. No processo de formação do Bairro da Bomba a partir da utilização do espelho d’água, percebeu-se que o crescimento desse Bairro contribuiu para a degradação do manancial. Assim, o presente artigo veio como colaborador para medidas vindas de órgãos competentes, formuladores de políticas e tomadores de decisões na implementação de políticas preventivas e para a promoção de melhorias para o açude em estudo. REFERÊNCIAS CARLOS. Ana Fani Alessandri, A cidade. 8.ed. 2ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2008. CARLOS, Ana Fani Alessandri. Espaço-tempo na metrópole: a fragmentação da vida cotidiana. São Paulo: Contexto, 2001. CORRÊA. Roberto Lobato. Trajetórias geográficas. 3ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. PEROCI. Bomba em ação. Informativo mensal da Ass. Beneficente dos moradores do Bairro da Bomba. N.12, 2006. SOUZA, Marcelo Lopes de. Mudar a cidade: uma introdução crítica ao planejamento e à gestão urbanos. 5ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008. SPÓSITO, Eliseu Savério. A vida nas cidades. 5. ed São Paulo: Contexto, 2004. V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 51
  • 16. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 RIVIÈRE. J. W. Maurits La. Threats to the world’s water. Scientific American, Special Issue. Mananging Planet Earth, 1989. Texto adaptado. Disponível em: www.geocities.com.br Acesso: 28 set 2009. Disponível em: http://www.guiadasemana.com.br/Salvador/Passeios/Estabelecimento/Dique_do_Tor oro.aspx?id=1954 Acesso: 10 jul 2010 Disponível em: http://www.salvador-bahia.tur.br/portugues/dique-do-tororo-salvador-bahia.htm Acesso: 10 jul 2010 V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 52
  • 17. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 DESENVOLVIMENTO DE JOGOS EDUCACIONAIS: UM FOCO NA SUSTENTABILIDADE. Adriana Vieira dos Santos*1 Luis Gustavo Jesus de Araujo*2 *Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) campus Santo Amaro. 1-adrianavieira@ifba.edu.br 2-hyperbite@ymail.com RESUMO O presente artigo tem por objetivo discutir sobre a importância da utilização de jogos na educação como forma de motivação, cognição, interação do aluno com a aprendizagem. Para tanto, abordaremos o conceito de jogos, analisaremos a importância do jogo para a educação, apresentaremos a proposta do jogo sobre Desenvolvimento Sustentável, nas formas analógica e digital e por fim, discutiremos a relação entre o jogo desenvolvido e ensino-aprendizagem. Palavras-chave: jogos digitais, educação ambiental, desenvolvimento sustentável. INTRODUÇÃO Desenvolvimento Sustentável é um tema que está sendo bastante discutido nas escolas desde os primeiros anos de escolarização do indivíduo em virtude dos impactos antropogênicos ao ambiente e a veiculação da mídia em torno deste tema. Muitas vezes, o tema é ensinado e discutido de forma muito teórica o que faz com que se torne um tema enfadonho para crianças e jovens em idade escolar. Nesse artigo, propomos a apresentação de um jogo de tabuleiro, lúdico, interativo, prático e funcional que favorece a exploração, o entendimento do assunto Desenvolvimento V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 53
  • 18. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 Sustentável. No jogo, são desenvolvidos aspectos como letramento, atenção, percepção e afetividade entre os “gamers”. Segundo Edgar Morin (2009) “a palavra ensino não me basta, mas a palavra educação e educação em jogos (grifo nosso) comporta um excesso e uma carência. A missão do ensino não é transmitir o mero saber, mas uma cultura que permita compreender a nossa condição (professor e aluno) e nos ajude a viver, e que favoreça, ao mesmo tempo, um modo de pensar aberto e livre.” CONCEITUANDO JOGOS É comum ouvir dizer que os jogos em geral e, principalmente, os eletrônicos não contribuem em nada para o processo de formação do indivíduo, segundo a crença popular eles incitam a violência e estimulam o sedentarismo e não têm significação alguma dentro da Escola. Essa opinião está ligada a conceitos da pedagogia tradicional que excluía o lúdico de qualquer atividade educativa. Essa realidade é, inicialmente, modificada com “o Movimento Escola Nova que traz o jogo como capacidade de atender interesses e necessidades infantis, que se contrapunha ao ensino tradicional que ignorava esse recurso como auxílio no ensino.” (SANTOS 2009, p. 03) Hoje, com o surgimento de muitos estudos acerca da importância dos jogos para a aprendizagem e com o desuso da pedagogia tradicional, os jogos vêm conquistando a sua verdadeira importância no cenário educacional. Para iniciar nossa reflexão acerca da importância do jogo no ambiente educacional é necessário conceituar jogo, para isso recorremos a definição de SANTANA e ALVES (2009): V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 54
  • 19. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 “O jogo é uma atividade de caráter lúdico e prazeroso, que possibilita a formação de conceitos, desenvolvendo as habilidades motoras, a afetividade e a sociabilidade daqueles que aceitam o desafio de mergulhar no brincar.” (SANTANA e ALVES 2009; p. 27) Nos primeiros anos de vida, as crianças dedicam grande parte do seu tempo ao brincar. No entanto, quando crescem e ingressam na escola, esse valor é invertido, passam a dedicar ao brincar um lugar secundário em suas vidas. Para VENTURA (2010) Brincar não é perda de tempo. Por meio do brincar a criança hipotetisa o mundo real na fantasia, ela retoma e transforma experiências vividas anteriormente o que lhe ajuda a formar sua personalidade. Apesar de todos os estudos que comprovam os benefícios dos jogos, muitos educadores, ainda, deixam o lúdico do lado de fora de suas salas de aula imbuídos pela crença de que a escola é lugar de coisa séria e não de brincadeira, justamente, por desconhecimento do seu potencial educativo. JOGOS E APRENDIZAGEM Os jogos podem auxiliar no desenvolvimento das funções lingüística, sensório motor, cultural, social, psicológica e cognitiva, pois o aprendiz tem que desenvolver estratégias de sobrevivência e de respeito às regras impostas para vencer o jogo. Para Vigotsky (1984) o brinquedo e os jogos são considerados uma importante fonte de desenvolvimento e aprendizado, portanto a atividade lúdica possibilita a criança satisfazer seus desejos, através da imaginação e do faz-de-conta, logo uma V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 55
  • 20. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 das características do jogo e do brincar é poder explorar o que Vigotsky (1984) chamou de Zona de Desenvolvimento Proximal, ocasião em que a criança vai além do que sua experiência permite. (Sena e Moura, p.3) Os jogos são ferramentas facilitadoras do processo de ensino e aprendizagem, que através das experiências proporcionadas ao jogador ajudam-no a construir novos conhecimentos. Pensar a relação jogos e aprendizagem na cultura digital suscita a idéia de que a Escola precisa reformular sua práxis, pois enquanto ela queixa-se que seus alunos são dispersos, desinteressados “os games conseguem envolver crianças, adolescentes e até adultos que permanecem horas em frente ao computador jogando, concentrados e entretidos.” (Sena e Moura, p.5) Mas não basta apenas inserir qualquer tipo de jogo no ambiente educacional sem que haja um planejamento prévio. De acordo com SILVA e KODAMA: Para usar jogos em sala de aula é necessário que eles sejam escolhidos com o objetivo de fazer com que os alunos ultrapassem a fase de jogar por diversão. Com isso, é importante escolher uma metodologia de trabalho que explore o potencial dos jogos no desenvolvimento das habilidades de raciocínio lógico e intuitivo, como por exemplo, a metodologia de resolução de problemas. (SILVA e KODAMA 2007 apud ORIANI 2010) Considerando-se que os jogos podem potencializar a aprendizagem por seu caráter interativo e de aproximação da escola à realidade do aluno, faz-se necessário inseri-los no cotidiano escolar por visualizá-lo como um recurso V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 56
  • 21. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 pedagógico motivador, que exige uma presença ativa do educando no seu processo de aprendizagem, o que proporciona o desenvolvimento de sua autonomia. Ainda segundo SANTOS, “diferentes teóricos argumentam a favor do lúdico. Afirmam que os jogos são importantes para as crianças, tendo o educador como mediador, capaz de estimulá-las com o uso de material diferenciado e utilizando essa ferramenta como aliada na prática educativa.” (2009, p. 03). Com isso, professores da Educação Básica e do Ensino Superior, poderiam aproveitar as potencialidades dos jogos para a dinamização de suas aulas e o desenvolvimento na aplicação dos conteúdos, ademais a aproximação na realidade do aluno favorece, promove e facilita o aprendizado. JOGO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: Um Desafio para Todos. Desenvolvimento Sustentável é definido segundo o relatório de Brundtland (1987) produzido na Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento como sendo “o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.” (ANASTAS; WARNER, 2000). As palavras desenvolver e sustentar parecem antônimas, já que desenvolver significa fazer um ser vivo crescer; fazer algo progredir, melhorar, aumentar. No entanto, a palavra sustentar é ter alguma coisa pesada em cima de si; agüentar, apoiar, suportar, suster. É cada vez mais difícil combinar as palavras desenvolvimento e sustentabilidade tendo em vista uma sociedade sem sol, sem ar, poluída (SANTOS, 2001). V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 57
  • 22. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 Pensar em desenvolvimento significa pensar em progresso e este pode ser perigoso se pensado de forma desordenada. Portanto, só podemos pensar em sustentabilidade se deixarmos de pensar no sistema linear que existe entre consumo exacerbado e o ato de jogar fora aquilo que consumimos. - O jogo analógico O jogo Desenvolvimento Sustentável: Um Desafio para todos, possui a tipologia de tabuleiro (PINHEIRO; BRANCO, 2005), podendo ser jogado por crianças a partir de 7 anos e permitindo e interação de 2 a 3 jogadores no máximo. O jogo possui como objetivo, o jogador, representado por um peão, dar uma volta no tabuleiro (saída de uma indústria não sustentável dentro de uma cidade denominada Esperança) e chegar ao ponto final alcançando uma indústria auto-sustentável. Para conseguir isto, os participantes deverão responder a perguntas (identificadas no tabuleiro com o símbolo do desenvolvimento sustentável) e submeterem-se ao imposto pelas cartas Sorte ou Revés, ao pararem no local sinalizado no tabuleiro pelas letras S ou R, respectivamente. O jogo possui uma narrativa e está enquadrado na categoria Alea (SANTAELLA et. al., 2009) no qual o senso comum é representado por uma criança de 9 anos denominada Maria e por seus amiguinhos que moram na cidade de Esperança. Maria quer melhorar Esperança com atitudes que tornem a cidade mais do que sustentável, uma cidade que crê nas pessoas e fazem com que tenhamos uma família na comunidade de Esperança. Esse jogo tem a função além de divertir crianças, alertá-las para o sistema em crise que existe no consumo exacerbado que vem ocorrendo ao longo dos anos no mundo inteiro. Mesmo sendo considerado um país em desenvolvimento, o Brasil é que fornece riquezas para alimentar as grandes corporações do mundo inteiro. Já V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 58
  • 23. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 perdemos parte dos nossos recursos naturais (água, petróleo etc.) e isso é feito longe do nosso olhar. Oferecer somente trabalho às pessoas, sem preocupação com o ambiente, não fará com que Esperança se torne sustentável e isto é representado no jogo, através de imagens que indicam poluição, consumo, rejeito de materiais etc. O sistema deve ser circular, devemos pensar em atos sustentáveis para salvaguardar pessoas, saúde, alimentação e não o consumo exacerbado, para encher os bolsos das grandes corporações. Nisso o senso comum tem papel essencial, mas por não entender como o sistema funciona, continua aceitando o consumo e o rejeito das coisas consideradas por nós como ultrapassadas. - O jogo digital Em virtude do advento tecnológico e a atratividade que o jogo tem, a união de tecnologias aos jogos tem se mostrado um fator primordial para a educação contemporânea. Essa junção potencializa a educação que através do paradigma tradicional já não desperta mais, nos estudantes, a vontade de aprender. Isso é notório se observarmos o ambiente onde os estudantes de hoje nasceram, todos rodeados de computadores, celulares, tablets e que ao chegar à escola se deparam com o antigo quadro negro (agora a lousa branca e o piloto) e um sistema que usa ferramentas “de ontem procurando formar pessoas para o amanhã.” (MATTAR, 2010). Partindo desse pensamento, se fez necessária a transformação do jogo analógico em jogo digital. Para a criação do jogo em sua forma digital foi utilizada a ferramenta Adobe Flash CS3 Professional. Através da linguagem de alto nível, actionscrip3, foi possível desenvolver a parte lógica do jogo; desde a escolha dos personagens (agora denominado ecotime), seus movimentos, ações diferenciadas aos sorteios das cartas de forma randômica nas casas Sorte ou Revés, carregadas de um V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 59
  • 24. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 arquivo eXtensible Markup Language (.xml), e as demais interatividades com o usuário. A ferramenta também possibilita a criação de animações que aparecem no decorrer do jogo (figura1). Para ambos os processos foram utilizadas ferramentas adicionais como o Adobe Illustator CS3 para criação das imagens vetoriais que possibilitam uma maior qualidade e o Adobe Photoshop CS3 para edição das imagens contidas no game como cenário, botões, telas e personagens (figura 2). Figura 1- Personagens do jogo. Figura 2- Menu do jogo Na criação do game foi abordado, além do conteúdo pedagógico indispensável na criação de um objeto educacional, os aspectos atrativos, tendo em vista que o público alvo tem, por ter nascido em meio a esse turbilhão tecnológico, um nível de exigência elevado. É necessário encontrar a sinergia entre pedagogia e diversão nos jogos educacionais. Se por um lado temos que atender ao conteúdo pedagógico, por outro os nativos digitais não se encantam com qualquer tipo de design ou jogabilidade, afinal são especialistas em games. Em contrapartida temos um sério problema de infraestrutura nas instituições de ensino, o que não nos permite a criação de jogos que possam competir diretamente com os oferecidos no mercado com gráfico quase que reais. Sendo assim, a ferramenta Flash se mostra como uma grande opção, pois fomenta materiais de boa qualidade que não exigem tanta robustez do computador. Além desse problema temos a rejeição por parte dos professores que julgam não saber manusear tais ferramentas, nesse quesito a ferramenta utilizada se mostra mais uma V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 60
  • 25. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 vez útil, pois os arquivos gerados pelo Flash são do tipo Shokcwave Flash (.swf) que podem ser executados em qualquer computador com o plugin Adobe Flash Player, disponível gratuitamente no site da Adobe, através do navegador. A versão digital conta com um potencial gráfico bastante superior, animações, cores variadas, sons e interatividade. O conjunto dessas características causa no jogador um estímulo a mais para jogar e por consequência aprender. Dessa forma o uso do jogo digital que mescla a atratividade do lúdico com a tecnologia digital reforça ainda mais a aprendizagem. O jogo, em sua forma digital, ainda requer aperfeiçoamentos e outras modificações estão sendo realizadas no projeto de extensão que está sendo desenvolvido no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) localizado no município de Santo Amaro- Bahia. DISCUTINDO ENSINO-APRENDIZAGEM COM O JOGO Muitos jogadores aprendem mais sobre conteúdos ditos escolares em games do que em todos os anos do ensino fundamental e médio, os jogos atraem e ensinam mais que os livros didáticos. E essa é justamente a proposta da aprendizagem tangencial: Os jogos podem estimular o aprendizado a partir da experiência vivenciada. Eles não precisam ser, essencialmente, “educativos” para trazer conhecimentos aos jogadores. O conceito de aprendizagem tangencial não é o que você aprende ao ser ensinado, mas o que aprende por ser exposto a coisas, em um contexto no qual você está inserido (MATTAR, 2010). Imbuídos desse sentimento, o jogo projetado pela equipe é uma aula interativa sobre desenvolvimento sustentável. Ao ler a narrativa do jogo Desenvolvimento Sustentável: Um desafio para todos o “gamer” percebe que aprenderá sobre o conteúdo desenvolvimento sustentável ou ao menos sobre os temas que permeiam a respeito do tema principal. V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 61
  • 26. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 O jogo também deve ser avaliado pela sua jogabilidade e não somente pelo conteúdo a ser aprendido e como o conteúdo está sendo trabalhado para garantir às gerações futuras o direito de repensar e até mesmo reformar o espaço de ensino aprendizagem (MORIN, 2009). O conhecimento e a informação produzidos pelo jogo perpassam pelo conhecimento que se produz e reproduz na escola tendo o senso comum e o cotidiano como focos de aprendizagem (LOPES, 1999). Assim como na sala de aula, o jogo contribui para a formação cidadã do sujeito protagonista do processo ensino-aprendizagem, além de despertar para a importância da interatividade e da afetividade entre os “gamers” CONSIDERAÇÕES FINAIS A escola inserida em uma sociedade complexa, deve atentar-se às situações novas que surgem a cada dia, devendo estar disposta a repensar suas atividades e aberta a novas formas de educar. Utilizando-se dos mais variados recursos, como os jogos, para promover diferentes saberes, as muitas culturas e novas educações. Nesse mundo tecnológico onde a cor e o movimento fascinam tanto nossos olhos, a educação tradicional, estática, sem cor e movimento, perde sua posição e abre espaço para uma educação mais interativa que se utiliza de todos os recursos didáticos ou não, para incentivar a participação do alunado colaborativamente no seu processo de aprendizagem e nos dos demais seres envolvidos. Efetivando-se assim uma educação tão sonhada e pouco realizada pelas propostas pedagógicas existentes anteriormente. O trabalho pedagógico que pode ser desenvolvido com jogos perpassa a formação do professor e a construção de novos paradigmas, contudo, mudar conceitos e práticas não é fácil, é necessário um olhar livre das amarras de um V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 62
  • 27. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 ensino engessado, tradicional. Dessa forma, favorecer um caminhar entre jogos e aprendizagem. Sendo assim, esperamos o que o jogo proposto possa contribuir para ajudar a diminuir o quadro agonizante instalado em nossas unidades escolares, incentivando o professor a melhorar a sua prática diária contribuindo no processo de formação de um cidadão. Considerando a importância de ampliar o conceito de Desenvolvimento Sustentável para o máximo de pessoas possíveis, torna-se necessário o jogo e as discussões em sala de aula, outrossim, o entendimento dos problemas que serão ocasionados pela falta de conscientização das pessoas, haja visto que os problemas de ordem ambiental acarretarão desequilíbrio em todo ecossistema. É preciso considerar que, se por um lado a disseminação e propagação do conceito de desenvolvimento sustentável favorece o progresso, o equilíbrio, a forma como esse conceito deve ser aplicado em sala de aula, pode promover ou não mudanças de hábitos e novas formas de comportamento. Em uma sociedade com forte influência da globalização não é concebível pensar uma educação moldada por uma sociedade tradicional, nem a formação de sujeitos acríticos. É imprescindível nos conscientizarmos de que as mudanças sociais ocorridas atingem também o papel social da escola, exigindo mudanças da mesma. Faz-se necessária, então, uma nova escola, adequada às novas demandas da sociedade e seus indivíduos. REFERÊNCIAS ANASTAS, P.T.; WARNER, J.C. Green Chemistry. Theory and Practice. New York: Oxford University Press Inc., 2000, 135 p. V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 63
  • 28. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 LOPES, A. R. C. Conhecimento Escolar: Ciência e Cotidiano. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1999. 236 p. MATTAR, J. Games em educação: como os nativos digitais aprendem. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. MORIN, E. A Cabeça Bem-Feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Tradução Eloá Jacobina, 16 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009. ORIANI Jr., O. A. Subtração: jogo favorece a abordagem de diferentes significados da operação. Revista do Professor, nº 103, ano XXVI, p.19-24 , Julho/ setembro 2010. PINHEIRO, C. M.; BRANCO, M.A. Entre Combos e Enigmas: A Complexidade da Narrativa dos Games. n. 14, Porto Alegre: Famecos, 2005 SANTAELLA, L. et. al. Mapa do Jogo: A diversidade cultural dos games. São Paulo: Cengage Learning, 2009. SANTANA, C.; ALVES, L. Psicologia ecológica: especialização em EAD. Salvador: UNEB/NEAD, 2009. SANTOS, A. C.; PIOVEZANI, A.; BASSETTO, M.; OLIVEIRA, N.; ZUCA, P. C. O Lúdico a Educação. In: http://www.am.unisal.br/pos/stricto- educacao/coloquio/2009/trab_completo_files/o%20ludico%20na%20educa%C3%A7 %C3%A3o.pdf acesso: 22 nov. 2010 SANTOS, G. M. G. Dicionário Júnior da língua portuguesa. 2 ed. São Paulo: FTD, 2001. SENA, G.; MOURA, J. Jogos Eletrônicos e Educação: Novas Formas de aprender. In: http://www.gamecultura.com.br acesso em: 21 out. 2010 VENTURA, M. M. S. Atividades Lúdicas - jogar e brincar promovem o desenvolvimento do pensar da criança. Revista do Professor, nº 103, ano XXVI, p. 5-8 , Julho/ setembro 2011. http://www.wwf.org.br/informacoes/questoes_ambientais/desenvolvimento_sustentavel/ acesso em: 21 out. 2011 http://www.jogos.antigos.nom.br/jtabuleiro.asp acesso em 02 nov. 2010 http://www.wwf.org.br/informacoes/questoes_ambientais/desenvolvimento_sustentavel/ acesso em 01 abril. 2012 http://help.adobe.com/pt_BR/ActionScript/3.0_ProgrammingAS3/flash_as3_programming acesso em 04 de maio de 2012. V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 64
  • 29. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 http://helpx.adobe.com/content/help/br/illustrator/topics.html acesso em 05 de maio de 2012. http://helpx.adobe.com/photoshop/topics.html acesso em 05 de maio de 2012. ANEXOS Storyboard do Jogo Desenvolvimento Sustentável: Um Desafio para Todos! Figura 1- Logomarca do jogo Figura 2- Narrativa do jogo Desenvolvimento Sustentável. Desenvolvimento Sustentável. Figura 3- Desenvolvimento do tabuleiro Figura 4- Visão frontal do jogo do jogo. Desenvolvimento Sustentável. V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 65
  • 30. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 Figura 5- Visão lateral do tabuleiro do Figura 6- Caixa do jogo jogo. Desenvolvimento Sustentável.. Figura 7- Logomarca do jogo digital Figura 8- Cena do jogo digital Figura 9- Logomarca do Projeto de Extensão desenvolvido no IFBA campus Santo Amaro V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 66
  • 31. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 Processos erosivos e mudanças na paisagem da bacia do Arroio Pelotas, município de Pelotas, RS. Rafael Cruz da Silva*1 *Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia – UFBA. 1-georafacruz@yahoo.com Resumo Este trabalho tem como objetivo analisar as áreas suscetíveis à erosão na bacia do Arroio Pelotas sobre a perspectiva da ecodinâmica de Tricart. Os processos erosivos tendem a instituir uma dinamicidade nas paisagens, principalmente quando relacionadas ao efetivo trabalho técnico do homem, que constantemente transforma e remodela a morfologia da paisagem em neocenários antropizados pela técnica. De acordo com IBGE (2002) o assoreamento está entre os quatros problemas ambientais mais freqüentes no país. Este problema atinge principalmente a metade sul do Rio Grande do Sul, onde 58% do assoreamento são ocasionados pela erosão hídrica. Entre as principais causas estavam à degradação da mata ciliar, o desmatamento e a erosão e/ou deslizamento de encostas. Neste contexto, se insere a idealização deste estudo, no qual busca identificar e caracterizar os processos de degradação do solo, com ênfase na definição e análise de áreas suscetíveis à erosão na região abrangente da bacia do Arroio Pelotas. Em relação ao procedimento operacional em geoprocessamento, foram levados em consideração os elementos naturais (tipo de solo, vegetação, declividade, formas de relevo, intensidade de cobertura vegetal) e humanos (uso da terra) e que, posteriormente, foram atribuídos valores aos elementos geoambientais e antrópicas. Os resultados obtidos com este estudo apontaram que cerca de 90% da área da bacia hidrográfica apresenta alguma fragilidade à erosão. Destes, 8% são consideradas de intensidade forte à erosão; 41% de intensidade forte à moderada; e 44% de intensidade moderada. Por fim, estes dados poderão subsidiar atividades relacionadas ao planejamento socioambiental na área da bacia do Arroio Pelotas. Palavras-chave: erosão dos solos; geoprocessamento; paisagem. V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 67
  • 32. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 INTRODUÇÃO A paisagem é para o geógrafo o cerne da pesquisa geográfica, pois é onde as relações de produção e os fluxos de matéria e energia são materializados. Moreira (2009) nos diz que a geografia lê o mundo por meio da paisagem. E ainda coloca a dependência geográfica por esta categoria, pois para Moreira (2009) o geógrafo não vai adiante sem o recurso da paisagem à sua frente. Entre os diversos tipos de mudanças ambientais impostas à paisagem pela ação humana, a erosão dos solos preocupa de forma mais relevante. Isto devido a sua relação direta na perda do potencial agrícola, nas ocorrências das enchentes e nas modificações morfológicas da paisagem num curto período de tempo. Embora a erosão seja um processo natural do ciclo de evolução do relevo (ciclo de erosão), o seu processo acelerado, mais conhecido como erosão acelerada, é desencadeado pela ação humana, ou mais precisamente pelas mudanças da dinâmica do uso da terra. É neste sentido que Faria (1996) nos diz que “a erosão dos solos pode ser vista por duas maneiras, dependendo do objetivo do estudo: primeiro, como um dos fatores responsáveis pela evolução do relevo, na perspectiva da Geomorfologia e neste caso considera-se a escala de milhares ou milhões de anos. Na outra forma, a erosão dos solos pode ser entendida e relacionada ao ponto de vista pedológico (agrícola e ambiental)”. As mudanças no uso da terra são impostos pela ação do homem, que através da técnica, ou em outras palavras por um meio instrumentalizado (SANTOS, 1997) desempenha um papel de agente modelador da paisagem. Estes espaços artificiais, na forma de sistemas agrícolas, áreas de expansão urbana e de extração de recursos naturais têm provocado o desencadeado dos processos erosivos num ritmo V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 68
  • 33. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 muito rápido, sendo este processo denominado de erosão acelerada 1. Neste sentido, Guerra e Marçal (2006) colocam que a capacidade do trabalho técnico das sociedades vem aumentando as taxas de modificações nas paisagens. Segundo Bornheim (apud ALMEIDA et al., 2008) “o espetáculo da construção da história parece totalmente entregue às forças transformadoras da razão instrumental. E tais forças tendem a desrespeitar, como notório, qualquer limite, qualquer forma de autocontrole. Elas são constituídas por um complexos de fatores que se estende do individualismo capitalista à suficiência por assim dizer fatalista das inovações tecnológicas”. Muitas vezes à degradação da paisagem está relacionada ao uso equivocado da terra, pois, nestes casos, não se levam em consideração às limitações do meio físico, como, por exemplo, grau de declividade, tipo de solo, áreas de inundações e de movimento de massas. Neste sentido, Guerra e Marçal (2006) colocam que as áreas degradadas estão relacionadas a alguma forma de relevo, no qual possui solos e rochas que sofreram algum tipo de degradação causado, na maioria das vezes pelo uso inadequado do meio físico do homem. A degradação dos solos constitui-se na perda de suas qualidades naturais (físicas e bioquímicas), geradas em sua maioria pelos processos erosivos, acarretando impactos tanto de ordem ambiental, como socioeconômicos, pois, em reciprocidade ao aumento da perda dos solos por erosão, há uma gradativa diminuição das camadas mais produtivas (horizontes O e A). Ocasionando, com isso, a lixiviação2 dos nutrientes superficiais e, por fim, provocando uma gradual redução na produtividade agrícola. 1 É o aumento da taxa de erosão sobre a erosão geológica ou normal, em decorrência da quebra do equilíbrio do meio ambiente pelas atividades humanas, principalmente as advindas das alterações conduzidas na cobertura vegetal, tais como, uso excessivo de pastagens, retirada de madeira por derrubada ou queima, práticas inadequadas de cultivo, etc. (FENDRICH, 1997). 2 Processo pelo qual a matéria orgânica e os sais minerais são removidos do solo, de forma dissolvida, pela percolação da água da chuva (IBGE, 2004). V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 69
  • 34. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 Neste sentido, Bertoni e Neto (2008) lecionam que o solo perdido pela erosão hídrica é geralmente mais fértil, contendo os nutrientes das plantas, húmus e algum fertilizante que o lavrador tenha aplicado. Ainda, segundo esses autores, em muitos países a erosão dos solos tem levado ao abandono de extensas áreas agrícolas devido à degradação. De acordo com os dados da FAO (FAO, 1980), somente 11% dos solos não apresentam alguma restrição ao seu uso. Estes dados demonstram a escassez deste recurso natural, já que a sua formação é um processo lento. Em algumas regiões de degradação acelerada a pedogênese3 não acompanha o mesmo ritmo da perda dos solos. Araújo et al. (2007) coloca que a degradação das condições do solo é muito mais séria, no sentido de que não é facilmente reversível, uma vez que processos de formação e regeneração do solo são muito lentos. Ainda, segundo Araújo et al. (2007) as estimativas mundiais de solo perdidos anualmente variam entre 5 a 12 milhões hectares (de um total de 4,8 bilhões de hectares de terras cultiváveis e pastos). Conforme, estes autores, em pesquisa realizada pela FAO (1992), aproximadamente 25 bilhões de toneladas de solo (17 toneladas por hectare cultivado) são erodidos a cada ano. Segundo dados do IBGE (2002), o assoreamento está entre os quatro problemas ambientais mais freqüentes no país. No Rio Grande do Sul este problema atinge principalmente a metade sul do estado, onde se insere a Bacia do Arroio Pelotas e que de acordo com Silva (2009), em pesquisa in situ, foram identificados impactos ambientais relacionados à degradação dos solos e a paisagem. Ainda, o relatório do IBGE (2002) aponta que nesta região 58% do assoreamento é ocasionado pela erosão hídrica. Porém, conforme Guerra e Mendonça (2004) em nosso país ainda não temos estatísticas precisas dos totais de perda de solo, em nível estadual ou nacional. 3 Modo pelo qual o solo se origina, com especial referência aos fatores e processos responsáveis pelo seu desenvolvimento. Os fatores que regulam os processos de formação do solo são: material de origem, clima, relevo, ação de organismos e o tempo (IBGE, 2004). V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 70
  • 35. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 Alguns estudos, em nosso território, apontam de acordo com Marques (1949 apud BERTONI e NETO, 2008) uma perda por erosão laminar de 500 milhões de toneladas de terra anualmente. Segundo Bertoni e Neto (2008) a perda de 500 milhões de toneladas de terra por ano corresponde ao desgaste uniforme de uma camada de 15 cm de espessura numa área de 280.000 hectares de terra. Ainda, estes autores assinalam que uma diminuição de 5cm da camada superior do solo resulta em redução de 15% na produção do cultivo de milho; se a redução for de 10cm será de 22%, caso for de 15cm será de 30%, e de 75% na produtividade caso haja uma redução de 30cm da camada do solo. Portanto, com este trabalho objetiva-se a identificação das áreas de fragilidades ambiental, principalmente em relação os processos erosivos, trazendo à tona a questão ambiental e das possibilidades do uso das geotecnologias como ferramenta de auxílio neste processo de análise ambiental. Assim, percebesse a importância em se abordar a problemática da dinâmica dos processos erosivos, que são responsáveis pela redução na qualidade dos solos e na degradação da paisagem. ÁREA DE ESTUDO A bacia do Arroio Pelotas está localizada entre as coordenadas geográficas de 31º23’36“S a 31º48’49”S e 52º12’24”W a 52º38’27”W. Esta bacia hidrográfica possui uma área de 909 Km² (90.900 hectares) e abrange parcialmente quatro municípios na metade sul do Rio Grande do Sul, que são: Pelotas, Arroio do Padre, Morro Redondo e Canguçu. Em relação à dinâmica da ocupação da terra, predominam as atividades agropastoris, que são de grande importância para a economia local destes municípios. V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 71
  • 36. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 O clima da região é do tipo mesotérmico (subtropical úmido) e que de acordo com a classificação climática de Köppen é representado pelas letras Cfa, onde “C” representa o domínio dos climas temperados; “f” chuvas bem distribuídas; e “a” as áreas de verões quentes. A temperatura média anual oscila entre de 17ºC e 18ºC, e as precipitações totais anuais variam entre 1.300mm a 1600 mm (aumentando no sentido leste-oeste). A região é marcada por um terreno formado por uma litologia cristalina do Pré-Cambriano e outra de sedimentos do quaternário e terciário que representam, respectivamente, a Serra do Sudeste e a Planície Costeira Gaúcha. A paisagem, ainda, é marcada por um faixa de transição entre os campos sulinos das coxilhas e as vegetações pioneiras de planície. MATÉRIAS E MÉTODOS A análise dos processos morfodinâmicos se dá através de uma visão metodológica sistêmica do meio físico e territorial e, no qual, leva-se em consideração a fragilidade dos elementos pertinentes à paisagem. De acordo com Almeida et al. (2008) “a abordagem sistêmica é baseada no princípio de que o meio ecológico não é um conglomerado de elementos distintos, mas um sistema possuidor de organização e integração – sustentado no equilíbrio dinâmico de ciclos e flutuações permanentes e complementares de matéria e energia –, que redimensionou o pensamento científico moderno”. Para a realização deste trabalho deve-se seguir um procedimento metodológico apropriado a análise das variáveis que compõe a paisagem, distinguindo meios degradados dos naturalmente equilibrados. Por isso, será V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 72
  • 37. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 utilizada a proposta metodológica de Crepani et al. (2008), onde estes autores analisam as perdas de solos a partir da caracterização morfodinâmica da paisagem, ancorado nos pressupostos da ecodinâmica de Tricart (1977), onde se estabelece os critérios morfodinâmicos da paisagem, de acordo com a sua intensidade de degradação. Em relação ao procedimento operacional deve-se proceder segundo o que propõe Crepani et al. (2008), onde após serem atribuídos valores para as classes dos respectivos mapas temáticos, devem-se ser feita à integração via álgebra de mapas em SIG e que, posteriormente, será gerado o mapa de suscetibilidade à erosão dos solos. Referente ao uso do solo, os valores atribuídos (Tabela 1) estavam relacionados com a temporalidade da cobertura, vegetal, ou seja, em culturas em que sua vegetação não é totalmente retirada em alguma parte do ano foi considerada menos propensa à erosão em consideração as culturas de ciclo curto, como, por exemplo, o milho que passada a época de colheita, o solo fica exposto a erosividade. Tabela 1 – Uso do solo e vegetação Uso do solo e vegetação Elementos Característica de fragilidade Valor atribuído Floresta baixa 1 Mata ciliar baixa 1 Mata de restinga baixa 1 Eucalipto (silvicultura) alta 3 V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 73
  • 38. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 Banhado baixa 1 Campos litorâneos baixa 1 Campos baixa 1 Policultura baixa 2 Orizicultura alta 3 Lagoa - 0 Área Urbana alta 3 Fonte: Adaptado de XAVIER-DA-SILVA E ZAIDAN, R. T. (2004). O tipo de cobertura vegetal, na medida em que protege o solo, diminuindo o impacto das chuvas sobre ele e interferindo no escoamento superficial, interfere no cálculo da erodibilidade do solo e, conseqüentemente, na estimativa de perda de solo (ABDON, 2004). Em relação aos solos, a sua classificação de fragilidade (Tabela 2) é dada pelas suas características físicas (porosidade, profundidade e estrutura das camadas). Solos como do tipo neossolo litólico apresentam pouca profundidade, o que justifica uma maior fragilidade à erosão, devido ao valor elevado de escoamento superficial sobre este tipo de solo. Os neossolos litólicos rasos e com seqüência de horizontes A-R têm baixa capacidade de infiltração e armazenamento de água no solo e alta suscetibilidade à erosão hídrica, impossibilitando o seu uso com culturas anuais. (STRECK et al., 2002). V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 74
  • 39. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 Tabela 2 – Tipo de solos Solos Grupo de Solos Características de fragilidade Valor atribuído Neossolo (RD) alta 3 Luviossolo (PB) alta 3 Argilossolo (PV) média 2 Planossolo (PL) média 2 Orgânico (HG) baixa 1 Glei (H) baixa 1 Aluvião baixa 1 Fonte: Adaptado de XAVIER-DA-SILVA E ZAIDAN, R. T. (2004). Embora a topografia da bacia do Arroio Pelotas não apresente áreas com declives acentuados, às declividades compreendidas entre 10-20% são suficientes para desencadear processos erosivos de média intensidade. O relevo da região caracteriza-se por apresentar formas onduladas com topos convexos, o que predetermina a ação da erosão laminar. Diante destas características foram atribuídos valores de baixa a média predisposição à erosão (Tabela 3). Tabela 3 - Declividade Declividade Declividade (%) Características de fragilidade Valor atribuído 0-5 Baixa 1 5-10 Baixa 1 10-20 Média 2 V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 75
  • 40. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 >20 Média 2 Fonte: Adaptado de XAVIER-DA-SILVA E ZAIDAN, R. T. (2004). Após esta etapa de coleta de dados, passou-se a etapa de geoprocessamento no ARCGIS. Nesta etapa foram sobrepostos (overlay) os dados de declividade e tipo de solos, o que gerou um primeiro mapa. Logo, este primeiro mapa foi sobreposto (overlay) com os dados de uso da terra, tipo cobertura vegetal e intensidade de massa vegetal. Assim, alcançou-se o resultado do mapa de fragilidade à erosão da bacia do Arroio Pelotas. RESULTADO E DISCUSSÕES Baseado no conceito de morfodinâmica de Tricart (1977), os setores apresentados são: muito forte, forte, moderado-forte, moderado e fraco. Estas unidades ou setores de fragilidade à erosão são o resultado da interação entre os fatores geoambientais que determinam a ocorrência de erosão. Portanto, a partir destes dados gerados podem ser elaborados cenários distintos das possibilidades de ocorrência de processos erosivos, pois se alterando o potencial de erosividade, ou seja, a entrada de energia no sistema como, por exemplo, eventos catastróficos de chuvas ou época de precipitações torrenciais. V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 76
  • 41. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 Figura 1 - Mapa de suscetibilidade à erosão da Bacia do Arroio Pelotas Em relação aos resultados, obteve-se que mais de 90% da área da bacia do Arroio Pelotas apresenta algum risco de erosão dos solos (Tabela 4). Tabela 4 – Unidades de suscetibilidade à erosão Unidades de suscetibilidade à erosão Classe Área (m²) Área (%) Muito Forte 2.392 0,26 Forte 73.305 8,06 Moderado-Forte 373.142 41,04 V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 77
  • 42. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 Moderado 398.361 43,81 Fraco 61.918 6,81 Total 909.118 100 1. Setor muito forte Área caracterizada por uma alta fragilidade as condições de degradação dos solos, com predomínio dos processos erosivos. O maior grau de risco à erosão se deve as declividades acentuadas das bordas do planalto. 2. Setor forte As declividades são mais suaves, porém a ação do homem se faz mais presente. Tanto, através da utilização de maquinários, como no uso da terra para a agricultura em pequenas e médias propriedades. 3. Setor moderado forte Setor marcado pelo uso intensivo do solo pela rizicultura em amplos latifúndios, que devido a própria natureza de manejo agrícola faz com que o solo seja exposto aos processos de erosão hídrica. 4. Setor moderado Predomínio de baixa declividade, porém com solos bastante suscetíveis à erosão, como é o caso dos planossolos hidromórficos e associado a áreas de cobertura vegetal de campos. V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 78
  • 43. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 5. Setor fraco Predomínio da deposição dos sedimentos, que se percebe pelo assoreamento dos rios, provocando, muitas vezes, enchentes constantes no vale fluvial. CONSIDERAÇÕES FINAIS A elaboração deste estudo proporcionou, através da síntese cartográfica, a identificação e caracterização dos processos de degradação do solo, com ênfase na definição e análise de áreas suscetíveis à erosão na região que abrange a bacia do Arroio Pelotas, com o auxílio do geoprocessamento. Dessa forma, obteve-se como resultado a definição das áreas de suscetibilidade à erosão na bacia e estabelecidos os setores de acordo com a sua intensidade de atuação dos processos morfodinâmicos. Assim, foram identificados cincos unidades distintas caracterizadas como muito forte, forte, moderado-forte, moderado e fraco, sendo que para tal adotou-se a metodologia de unidades de fragilidade ambiental fundamentadas no conceito de ecodinâmica de Tricart (1977). Os resultados apontaram que aproximadamente 90% da área da bacia do Arroio Pelotas apresenta risco de erosão de intensidade forte. Sendo que, 75 Km² apresentam-se como áreas fortemente erodidas, equivalente a cerca de 9% da área total. E 398 Km² (43% da área) tem risco de perda de solos moderados por erosão. As áreas de maior suscetibilidade à erosão são aquelas em que as declividades são superiores a 20%, apresentam solos do tipo neossolo litólico, estão associados a cultivos de ciclo curto (milho, fumo e soja), e apresenta desmatamento da mata nativa. V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 79
  • 44. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 REFERÊNCIAS ABDON, M. Os Impactos Ambientais no Meio Físico – Erosão e Assoreamento na Bacia Hidrográfica do Rio Taquari, MS, em Decorrência da Pecuária. Tese de Doutorado. Escola de Engenharia de São Carlos, USP, São Carlos, 2004. ALMEIDA, J. R.; GUERRA, A. J. T.; NETO, J. B. C.; AGUIAR, L. A.; RODRIGUES, M. G.; COSTA, M. B. A.; MATOS; R. M. B. Ciências Ambientais. Rio de janeiro: Editora Thex, 2008. ARAUJO, G. H. S.; ALMEIDA, J. R.; GUERRA, A. J. T. Gestão Ambiental de Áreas Degradadas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. BERTONI, J. e NETO, F. L. Conservação do solo. 6ª ed. São Paulo: Editora Ícone, 2008. CEPRANI, E.; MEDEIROS, J. S.; PALMEIRA, A. F.; SILVA, F. E. Zoneamento Ecológico-Econômico. In: Geomorfologia: Conceitos e Tecnologias Atuais. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. FARIA, A. P. Os Processos Erosivos e as suas Variações nas Escalas Temporal e Espacial: Revisão e Análise. In: Revista Brasileira de Geografia/IBGE. Rio de Janeiro, vol.58, n.1/4, p.1-149, jan/dez. 1996. FENDRICH, R. Drenagem e Controle da Erosão Urbana. 4ª ed. Curitiba: Champagnat, 1997. GUERRA, A. J. T. e MARÇAL, M. S. Geomorfologia Ambiental. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil, 2006. V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 80
  • 45. V Seminário de Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Santo Amaro – Bahia, 2012 IBGE. Perfil dos Municípios Brasileiros: Meio Ambiente. Rio de Janeiro: IBGE, 2002. IBGE. Vocabulário Básico de Recursos Naturais e Meio Ambiente. 2ª ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2004. MOREIRA, R. Para Onde Vai o Pensamento Geográfico? Por Uma Epistemologia Crítica. São Paulo: Editora Contexto, 2009. SANTOS, M. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo. Razão e Emoção. 2ª ed. São Paulo: HUCITEC, 1997. SILVA, R. C. Análise das Áreas Suscetíveis à Erosão na Bacia do Arroio Pelotas (RS), com Auxílio do Geoprocessamento. Dissertação de Mestrado. Pós- Graduação em Geografia, Rio Grande, 2009. STRECK, E. V.; KÄMPF, N.; DALMOLIN, R. S. D.; KLAMT, E.; NASCIMENTO, P. C.; SCHNEIDER, P. Solos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: EMATER/RS; UFRGS, 2002. TRICART, J. Ecodinâmica. Rio de Janeiro: IBGE, 1977. XAVIER-da-SILVA, J. e ZAIDAN, R. T. Geoprocessamento e Análise Ambiental: Aplicações. Rio de Janeiro. Editora Bertrand Brasil, 2004. V SEMAD – 04 a 06 de Junho de 2012 81