SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 6
A Glória de Deus no Chamado para Pregar às Nações
Franklin Ferreira
Gostaria de usar o texto de Jeremias 1.4-19 para tratar de três temas vitais ao ministério
cristão de ensino: a vocação, a pregação e seu conteúdo, e a coragem necessária para
permanecer firme. Na verdade, gostaria de usar o texto de Jeremias como um texto de
formação, que entrelace nossas vocações de ensino à vocação de Jeremias, que nos ajude a
recuperar o senso de chamado para pregar a mensagem de Deus às nações. Antes de
continuar, fazem-se necessárias algumas palavras introdutórias. Jeremias, que significa
"aquele que exalta o Senhor", começou seu ministério no reinado de Josias, que iniciou uma
reforma e renovação da aliança, de curta duração. Ele pertencia a uma família de sacerdotes
e recebeu seu chamado quando tinha 18 anos, na segunda década do século sétimo a.C., na
pequena cidade de Anatote, a cinco quilômetros de Jerusalém. Na verdade, Jeremias viveu
em meio a um turbulento momento político na história da região: a Assíria entrara em
declínio como império, o Egito tentava recuperar sua influência, e a Babilônia era o poder em
ascensão no leste. Pouco depois, Josias foi morto em Megido e, em rápida sucessão, três de
seus filhos, Joacaz, Jeoaquim e Zedequias, e um neto, Joaquim, sucederam-no no trono. Por
não temerem a Deus, esses reis conduziram o povo da aliança aos eventos mais
devastadores da história de Judá: a invasão babilônica, a destruição do templo e o exílio no
estrangeiro.
Nós hoje vivemos numa encruzilhada da história. A igreja tem crescido globalmente. Aqui no
Brasil há muitos pastores devotos, crentes sérios, igrejas saudáveis, sinais da obra do
Espírito Santo. Ao mesmo tempo, há superficialidade e infidelidade bíblica, traição
ministerial, divisões, idolatria por crescimento de igreja a qualquer custo. Na esfera pública
temos governos populistas, corrupção, pessoas morrendo em portas de hospitais, violência
crescendo assustadoramente e impunidade ampla, geral e irrestrita. Há preocupantes sinais
de ameaças à liberdade de culto e de expressão. Diante desse quadro, (1) qual deve ser a
imagem cultivada por aqueles chamados a obedecer à ordem de pregar a palavra de Deus?
(2) Qual deve ser o conteúdo de tal mensagem? (3) Como aqueles chamados a pregar essa
soberana Palavra devem se portar?
1. Vocação (4-8)
Vamos nos deter um pouco nos versículos 4-7: O relato começa com a afirmação "a mim me
veio, pois, a palavra do Senhor" (Jr 1.4). Essas palavras ou expressões equivalentes ocorrem
outras vezes no livro (Jr 7.1; 11.1; 14.1; 16.1; 18.1). A palavra way'hi ("continuou a vir")
sugere que este chamado veio não de forma súbita, mas de forma persistente. "Antes que
eu te formasse": estas primeiras palavras do Senhor a Jeremias revelam que foi iniciativa de
Deus o fato de ele ter sido escolhido para ser profeta. O nome de Deus domina a cena:
nessa pequena passagem o nome do Senhor é citado 12 vezes! Ele o predestinou para
anunciar a mensagem, e antes mesmo de seu nascimento, Jeremias foi consagrado
("separado", "santificado") por Deus para essa tarefa (Jr 1.5; cf. Gl 1.15). Desde a
concepção até a consagração, Deus tinha preparado cada etapa do processo, conhecendo
todas as necessidades e sabendo como supri-las. Em outras palavras, Jeremias recebeu o
caráter e a personalidade necessários para a obra profética. "E te constituí": significa "dei",
isto é, antes mesmo de Jeremias nascer ele foi dado. Essa é a maneira de Deus agir. Ele fez
isso com seu próprio Filho, Jesus Cristo (Jo 3.16). Deus o ofereceu às nações. Deus continua
enviando aqueles que ele chama a pregar às nações, em obediência ao chamado e em
imitação a seu Filho (1Co 11.1).
Por outro lado, a reação de Jeremias mostra que ele não era voluntário (Jr 1.6). Ele
menciona sua idade: "Eis que não sei falar, porque não passo de uma criança". Na verdade,
ele não queria dizer que era uma "criança", mas que ainda não chegara aos trinta anos, que
era o tempo quando os levitas iniciavam oficialmente seu ministério, sendo, portanto, muito
jovem para atender o chamado. Mas Deus responde a objeção: "Não digas: Não passo de
uma criança" (Jr 1.7). A compreensão de que ele tinha sido escolhido como instrumento da
revelação de Deus para uma geração endurecida forneceu a convicção de que sua missão
provinha de Deus, e levou-o a proclamar a palavra do Senhor a uma nação teimosa e
rebelde. E ele recebeu forças da comunhão constante com Deus em oração (cf. Jr 12-20, as
cinco "confissões" de Jeremias). "Porque a todos a quem eu te enviar irás; e tudo quanto eu
te mandar falarás": Quanto mais próximo do exílio, o cumprimento da profecia, mais sua
timidez inicial é substituída por coragem, o que mostra o quanto ele amadureceu em sua
vocação.
Como acontece com Jeremias no versículo 8, os servos de Deus receberam muitas vezes a
ordem "não temas", como Abraão (Gn 15.1), Moisés (Nm 21.34; Dt 3.2), Daniel (Dn 10.12,
19), Maria (Lc 1.30), Simão (Lc 5.10) e Paulo (At 27.24). Diante do medo, uma emoção
terrível e paralisante, Deus assegura que sustentará seu servo. Jeremias não estaria livre de
oposição e até de perigo físico, porém cumpriria seu ministério em todas as dificuldades,
porque Deus estaria com ele para fortalecê-lo. Portanto, Jeremias submeteu-se à sua
vocação. E, mesmo sem sair de Jerusalém, ele seria um profeta às nações – a mensagem de
Deus ecoaria por Egito, Filistia, Moabe, Amom, Edom, Damasco, Quedar, Hazor, Elão e
Babilônia (Jr 46-51). Talvez, como Jeremias, nunca viajemos para fora de nosso país para
anunciar a mensagem de Deus. Mas, ainda assim, podemos ser instrumentos para levar a
Palavra de Deus às nações.
Parece que o estilo de vida dos homens que exercem hoje a vocação profética no Brasil está
em ruínas. Esta vocação proclamadora foi substituída por estratégias comandadas por
burocratas religiosos munidos de planos de negócios. Pensa-se hoje no pastor como alguém
"que faz as coisas" ou que "faz as coisas acontecerem". Pastores construtores de templos.
Pastores administradores. Pastores executivos. Pastores seniores. Essa definição se aplica
aos modelos básicos de liderança em nossa cultura: políticos, homens de negócios,
celebridades e atletas. Mas nossa vocação precisa ser modelada por Deus, pelas Escrituras e
pela oração. O elemento central da vocação profética não é de alguém "que faz as coisas", e
sim de alguém colocado na comunidade para estar atento e chamar a atenção ao que Deus
fala em sua Palavra, palavra de juízo e denúncia, mas palavra de graça, misericórdia e
renovação.
Neste sentido, precisamos relembrar: Deus chama alguns membros da santa comunidade
sacerdotal para pregar o evangelho, as boas novas da livre graça de Deus. Essa vocação é
uma obra interna de Deus, que chama os servos da Palavra. E embora seja interno, o
chamado para o ministério inevitavelmente virá acompanhado por um testemunho externo.
Ou seja, aqueles chamados para a pregação da Palavra demonstrarão dons e aptidões para o
exercício do ministério. Eles são equipados pelo Espírito Santo para pastorear, evangelizar,
pregar e ensinar – e frutos visíveis serão evidenciados por conta desse chamado interno. E
será confirmado diante da igreja este chamado interno, por conta dos frutos externos da
obra da graça que já aconteceu interiormente. Portanto, a vocação profética não pode ser
reduzida a mero trabalho. Este pode ser quantificado e avaliado. Pode-se dizer se este
chegou ao fim ou não, assim como se pode ser contratado ou demitido. Uma vocação não é
um trabalho. A vocação profética é sobre a pregação da Palavra, sobre a administração dos
sacramentos, sobre chamar o povo de Deus a adorar o Pai, Filho e Espírito Santo, é sobre
lembrar semanalmente à comunidade da fé os privilégios e responsabilidades da aliança.
Karl Barth afirmou que quem não houver sido chamado para pregar, que não o faça, pois
não será pequeno mal que causará se subir ao púlpito sem haver sido escolhido por Deus
para isto. Por outro lado, se você foi chamado para anunciar a santa Palavra, você só tem
um, e um único oficio: anunciar fielmente "todo o desígnio de Deus" (At 20.27), portando-se
como alguém que pertence exclusivamente ao Senhor.
2. Conteúdo e Pregação (9-16)
Analisando os versículos 9-10, percebemos que tocando na boca do jovem, Deus simboliza a
comunicação de sua mensagem. Agora o Senhor proclama sua mensagem às nações tendo
Jeremias por arauto. Para transmitir esta mensagem, Deus usa metáforas baseadas na
agricultura e na construção, constituída por três pares de verbos, os dois primeiros negativos
e o terceiro positivo: o profeta deve arrancar e derribar, destruir e arruinar para então
edificar e plantar (Jr 1.10). Toda a corrupção na nação deve ser arrancada e derrubada, e
somente depois disto é que se pode edificar e plantar de novo. Portanto, a mensagem do
profeta teria duas funções. Em primeiro lugar, essa mensagem era uma declaração sobre a
maldição da aliança que seria executada em seu devido tempo (Dt 28.1-68). Em segundo
lugar, as bênçãos da aliança se tornariam realidade. Deus quer renovar, reconstruir e
restaurar seu povo, mas antes da renovação é necessária a remoção radical do pecado e da
infidelidade à aliança e eleição. A ruína é inevitável, enquanto a nação persistir no pecado,
mas a palavra de renovação oferece esperança de restauração. Usando a linguagem do Novo
Testamento, Deus tem primeiro de remover o pecado, antes de o pecador começar a crescer
na graça e no conhecimento de Jesus Cristo.
Jeremias, entretanto, é humano. Ele reage inicialmente com medo e inadequação. São
reveladas então a Jeremias duas visões inaugurais, descritas nos versículos 11-13. A
primeira é a de "uma vara de amendoeira" (Jr 1.11). Em hebraico, a palavra "amendoeira"
(shaqéd) e o verbo "eu velo sobre" (shoqéd) têm som semelhante. Há um jogo de palavras
aqui que ilustra a prontidão com que Deus cumpre suas promessas. Sempre que o profeta
visse a cada primavera uma amendoeira em flor, ele seria lembrado de que o Senhor está
observando para assegurar que sejam cumpridas todas as palavras transmitidas em seu
nome (Jr 1.12). A segunda visão tinha um tom mais sinistro, "uma panela ao fogo" (ou
"fervendo"), literalmente uma panela sobre a qual alguém sopra, e cuja boca se inclina do
Norte, indicando que seu conteúdo se derrama em direção ao sul (Jr 1.13). Essa visão indica
a invasão babilônica, que virá do norte (Jr 20.4).
Percebemos nos versículos 14-16 que o exército da Babilônia executará o propósito de Deus
de punir a idolatria de Judá e a quebra da aliança do Sinai. O verbo qtr, "queimar incenso"
(Jr 1.16), é usado em outras passagens significando queimar a gordura dos sacrifícios (cf.
1Sm 2.16; Sl 66.15). A tensão entre o culto aos ídolos e a adoração exclusiva ao Senhor
chegaram ao clímax. A guerra viria para interromper um modo de vida inútil, impuro e
indolente, obrigando o povo a voltar seus olhos para o que é essencial e eterno. Mas
Jeremias não vai trazer o fim por meio da espada ou da ação política. Ele é chamado a
proclamar a palavra do Senhor quantas vezes for necessário, custe o que custar, e um alto
preço será exigido dele.
Aqueles chamados ao ofício de anunciar a Palavra de Deus não são chamados a trocar a
mensagem da aliança pelo discurso político. Nenhuma ideologia é absoluta e nem pode ser
confundida com o evangelho. Sempre que a igreja ou mesmo pastores e teólogos
identificaram determinada ideologia com o reino de Deus ou com a mensagem bíblica, essa
foi não apenas distorcida, mas acabou sendo perdida. Portanto, a preocupação primeira
daqueles chamados a anunciar a Palavra de Deus não é tanto com a mudança da sociedade
civil, mas com a reforma e renovação da igreja por meio da mensagem de Deus. Aqueles
chamados ao ofício de anunciar a palavra de Deus não são chamados para lidar com aqueles
que ouvem e se submetem à mensagem profética como se fossem problemas. É fácil reduzir
as pessoas a problemas, pois na maior parte das vezes é fácil solucionar esses problemas.
Mas os profetas são chamados a conduzir as pessoas dos ídolos a Deus, da rebelião para a
aliança, por meio da Palavra, da adoração e da oração. Aqui somos meros instrumentos nas
mãos de Deus. As pessoas não devem ser vistas como problemas em busca de solução, mas
como pecadores que podem ser renovados à imagem de Deus. Portanto, a vocação é sobre
conduzir as pessoas a Deus, por meio de sua Palavra, em humildade. Trata-se de
permanecer junto ao povo.
A tentação à qual os profetas estão sujeitos é considerar Deus uma mercadoria, utilizá-lo
para legitimar a idolatria (cf. Jr 23.21-40). Qual é, então, o conteúdo da mensagem
profética? Deve-se conhecer o Senhor (Jr 8.7; 24.7; 31.31-34). Este conhecimento se dá por
meio do Messias, o Renovo Justo, descendente de Davi, que executa juízo e justiça na terra
(Jr 33.14-18), a fonte de águas vivas (Jr 2.13), o bálsamo de Gileade (Jr 8.22), o Bom
Pastor (Jr 23.4), o Renovo Justo (Jr 23.5), o Senhor justiça nossa (Jr 23.6), aquele que trará
a nova aliança (Jr 31.31-34). E este novo conhecimento redunda em preocupação pelo aflito
e necessitado e na prática da justiça e retidão.
A mensagem profética é o convite para "voltar" (Jr 4.1-2; cf. 9.24; 22.2, 13, 15; 23.5;
33.15). Este termo e seus cognatos foram usados quase cem vezes neste livro e são o
significado literal da palavra "arrependimento". Implica voltar-se dos próprios caminhos para
a aliança (Jr 6.16), é um chamado à comunidade para um retorno à "verdade", "juízo" e
"justiça". Em suma, o povo é chamado ao arrependimento e ao conhecimento de Deus por
meio do Messias. E o remédio de Deus para o coração enfermo (Jr 17.9) será gravar sua lei
no coração da nova comunidade (Jr 31.31-34). Portanto, o verdadeiro profeta é aquele que
procura distanciar o povo do mal, enfatizando as exigências de Deus na aliança (Jr 23.14,
22).
Usando a linguagem do Novo Testamento, aqueles dentre nós chamados ao santo ministério
da Palavra, devem pregar as realidades grandiosas e magníficas de Deus e do Espírito Santo,
da Escritura e da criação, da cruz de Cristo e da aliança, da salvação e de uma vida santa, a
oração, o batismo, a santa ceia. E isso deve ser pregado no púlpito, nas salas de aula e na
visitação pastoral, ansiando por vidas moldadas pela Palavra de Deus, renovada pelo Espírito
Santo, de uma humildade disposta ao sacrifício, que erguem a Deus um louvor santo,
sofrendo sem perder o contentamento, orando sem cessar, perseverando na santidade.
3. Segurança (17-19)
Na seção composta dos versículos 17-19 podemos ver que o desânimo que o profeta sentiu
ao entender o conteúdo da profecia é combatido por uma ordem direta: "cinge os lombos"
(Jr 1.17), que pode ser traduzida como: "e você, prepare-se!" A frase é um termo militar
hebraico usado para descrever um soldado vestido e devidamente preparado para tomar sua
espada. Antes mesmo de nascer, ele foi convocado para lutar nessa batalha. Não lhe foram
concedidos alguns anos nos quais pudesse refletir e decidir em que lado se posicionaria ou
mesmo se iria lutar. Ele foi escolhido. Deus o chamou para ser um guerreiro. Então, ele deve
ser fiel ao anunciar a Palavra de Deus e não deve temer a ninguém. Mais do que isso, o
Senhor incita Jeremias a se preparar para a batalha. Se Jeremias perder sua coragem, Deus
o abandonará por sua falta de fé: "Não te espantes diante deles, para que eu não te infunda
espanto na sua presença". Devemos entender: há uma verdadeira batalha espiritual sendo
travada. Há maldade, crueldade e infelicidade. Há superstição e ignorância; brutalidade e
dor. Não existe zona neutra no Universo. Cada centímetro quadrado é área de combate.
Deus se levanta contra tudo isso. Ele está salvando, resgatando, abençoando, provendo,
julgando, renovando: "Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e
mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno,
quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina" (2Tm 4.1-2).
Deus, então, faz uma das promessas mais ricas que ele pode fazer aos seus servos: "Tu,
pois, cinge os lombos, dispõe-te e dize-lhes tudo quanto eu te mandar; não te espantes
diante deles, para que eu não te infunda espanto na sua presença. Eis que hoje te ponho por
cidade fortificada, por coluna de ferro e por muros de bronze, contra todo o país, contra os
reis de Judá, contra os seus príncipes, contra os seus sacerdotes e contra o seu povo.
Pelejarão contra ti, mas não prevalecerão". Mesmo com todos contra ele, Deus estará ao seu
lado, fazendo-o invencível. A presença de Deus lhe dá a certeza de que ele será uma
fortaleza invencível, firme como uma "coluna de ferro" e resistente aos ataques como "muros
de bronze". E sua mensagem afetará pessoas de todas as classes sociais em Judá, dos
líderes políticos e sacerdotes ao cidadão comum.
No início do verão de 1942, uma crente luterana, Sophie Scholl, participou da produção e
distribuição de panfletos de um pequeno movimento de resistência pacífica chamado Rosa
Branca. Ela foi presa, junto com seu irmão, Hans Scholl, e outro universitário, Christoph
Probst, em 18 de fevereiro de 1943, depois que o reitor da Universidade de Munique os
surpreendeu distribuindo esses panfletos no pátio da universidade. Em 22 de fevereiro de
1943 os três foram julgados em menos de quatro horas, acusados de alta traição e
decapitados no mesmo dia. Suas últimas palavras foram: "Como podemos esperar que a
justiça prevaleça quando são poucos os que estão dispostos a se doarem individualmente a
uma causa justa? Um dia bonito e ensolarado, e eu tenho de partir, mas o que importa a
minha morte, se através de nós milhares de pessoas forem despertadas e instadas à ação?"
Sophie Scholl foi martirizada com 21 anos. Mesmo tão jovem, ela se opôs ao totalitarismo
nazista, por causa de sua fé, num contexto de repressão, censura e conformismo. Isso é
coragem invencível! Se você foi chamado a anunciar a Palavra, fique firme! A promessa e a
graça de Deus estão com você! Como diz a canção do grupo Logos:
Meu servo, não temas!
Não temas, pois eu te escolhi!
Sei que é difícil, mas confia em mim!
Confia em mim e então,
Tu verás o meu poder!
Durante seus quarenta anos de ministério, Jeremias foi invencível. Diversas vezes passou
por intensa agonia, mas não traiu sua vocação. Ele foi desprezado e perseguido, mas jamais
deixou de anunciar a mensagem de Deus. Ele foi tremendamente pressionado para que
fizesse concessões, desistisse e se escondesse, porém, jamais cedeu. Cada músculo do seu
corpo foi exigido até o limite da fadiga. Mas ele foi corajosamente "coluna de ferro" e "muros
de bronze". Muitos se oporiam, mas Deus prometeu estar com ele e protegê-lo: "Eu sou
contigo, diz o Senhor, para te livrar" (Jr 1.19).
Conclusão
Jeremias foi o profeta mais rejeitado e resistido da história israelita. Ele recebeu a ordem de
não se casar ou ter filhos (Jr 16.1-4), uma experiência incomum de celibato. Experimentou
oposição, castigos e prisões (Jr 11.18-23; 12.6; 18.18; 20.7; 26.9-19; 28.5-17; 37.11-
38.28). Muitas vezes é chamado de o "profeta chorão" (Jr 9.1; 13.17; 14.17). Quando
levado para o Egito, contra a sua vontade, caiu no esquecimento – de acordo com a tradição,
ele morreu naquele país, dez anos depois, apedrejado por seus compatriotas, que ainda se
recusavam a aceitar sua mensagem. Mas não somos chamados a andar por vista, mas por
fé. Jeremias foi grandemente honrado pelos escritores do Novo Testamento. Sua profecia é
citada 40 vezes, a metade no Apocalipse (cf. 50.8; Ap 18.4; 50.32; Ap 18.8; 51.59s; Ap
18.24s). A mais longa citação do Antigo Testamento no Novo Testamento é a passagem da
"nova aliança" (Jr 31.31-34; cf. Hb 8.8-13). As denúncias de Jeremias contra o povo como
incircunciso de coração e ouvido (Jr 6.10; 9.26) foram repetidas por Estevão (At 7.51), uma
pregação que lhe custou a vida. As lições tiradas da visita à casa do oleiro (Jr 18.1-10) foram
aplicadas por Paulo ao chamado dos gentios por Deus (Rm 9.20-24). E Jeremias, que foi
considerado o mais humano dos profetas, recebeu a maior honra, ter sido comparado ao
Filho do Homem (Mt 16.14). Que obedeçamos nossa vocação, preguemos fielmente a
mensagem recebida, que finquemos os pés no chão com coragem, para que em tudo Deus
seja glorificado.
"Todavia, o meu povo trocou a sua Glória por aquilo que é de nenhum proveito. Espantai-vos
disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai estupefatos, diz o Senhor. Porque dois males cometeu o
meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas
rotas, que não retêm as águas" (Jr 2.11-13).
"Dai glória ao Senhor, vosso Deus, antes que ele faça vir as trevas, e antes que tropecem
vossos pés nos montes tenebrosos; antes que, esperando vós luz, ele a mude em sombra de
morte e a reduza à escuridão" (Jr 13.16).
"Não nos rejeites, por amor do teu nome; não cubras de opróbrio o trono da tua glória;
lembra-te e não anules a tua aliança conosco" (Jr 14.21).
"Ó Senhor, Esperança de Israel! Todos aqueles que te deixam serão envergonhados; o nome
dos que se apartam de mim será escrito no chão; porque abandonam o Senhor, a fonte das
águas vivas. Cura-me, Senhor, e serei curado, salva-me, e serei salvo; porque tu és o meu
louvor" (Jr 17.13-14).
Bibliografia:
Issiaka Coulibaly, "Jeremias", em Tokunboh Adeyemo (ed. geral), Comentário bíblico
africano. São Paulo: Mundo Cristão, 2010.
Karl Barth, Carta aos Romanos. São Paulo: Fonte Editorial, 2009.
F. Cawley, "Jeremias", em F. Davidson (ed.), Novo comentário da Bíblia. São Paulo: Vida
Nova, s/d.
J. G. S. S. Thomson, "Jeremias", em J. D. Douglas (ed.), Novo dicionário da Bíblia. São
Paulo: Vida Nova, 1995, p. 794-800.
R. K. Harrison, Jeremias e lamentações; introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova &
Mundo Cristão, 1989.
Eugene H. Peterson, Memórias de um pastor. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
Eugene H. Peterson, Ânimo; o antídoto bíblico contra o tédio e a mediocridade. São Paulo:
Mundo Cristão, 2008.
J. R. Soza, "Jeremias", em T. Desmond Alexander & Brian S. Rosner, Novo dicionário de
teologia bíblica. São Paulo: Vida, 2009, p. 324-329.
O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu
formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de
tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.

Mais conteúdo relacionado

Destaque

2024 State of Marketing Report – by Hubspot
2024 State of Marketing Report – by Hubspot2024 State of Marketing Report – by Hubspot
2024 State of Marketing Report – by HubspotMarius Sescu
 
Everything You Need To Know About ChatGPT
Everything You Need To Know About ChatGPTEverything You Need To Know About ChatGPT
Everything You Need To Know About ChatGPTExpeed Software
 
Product Design Trends in 2024 | Teenage Engineerings
Product Design Trends in 2024 | Teenage EngineeringsProduct Design Trends in 2024 | Teenage Engineerings
Product Design Trends in 2024 | Teenage EngineeringsPixeldarts
 
How Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental Health
How Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental HealthHow Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental Health
How Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental HealthThinkNow
 
AI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdf
AI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdfAI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdf
AI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdfmarketingartwork
 
PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024
PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024
PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024Neil Kimberley
 
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)contently
 
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024How to Prepare For a Successful Job Search for 2024
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024Albert Qian
 
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie Insights
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie InsightsSocial Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie Insights
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie InsightsKurio // The Social Media Age(ncy)
 
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024Search Engine Journal
 
5 Public speaking tips from TED - Visualized summary
5 Public speaking tips from TED - Visualized summary5 Public speaking tips from TED - Visualized summary
5 Public speaking tips from TED - Visualized summarySpeakerHub
 
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd Clark Boyd
 
Getting into the tech field. what next
Getting into the tech field. what next Getting into the tech field. what next
Getting into the tech field. what next Tessa Mero
 
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search Intent
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search IntentGoogle's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search Intent
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search IntentLily Ray
 
Time Management & Productivity - Best Practices
Time Management & Productivity -  Best PracticesTime Management & Productivity -  Best Practices
Time Management & Productivity - Best PracticesVit Horky
 
The six step guide to practical project management
The six step guide to practical project managementThe six step guide to practical project management
The six step guide to practical project managementMindGenius
 
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...RachelPearson36
 

Destaque (20)

2024 State of Marketing Report – by Hubspot
2024 State of Marketing Report – by Hubspot2024 State of Marketing Report – by Hubspot
2024 State of Marketing Report – by Hubspot
 
Everything You Need To Know About ChatGPT
Everything You Need To Know About ChatGPTEverything You Need To Know About ChatGPT
Everything You Need To Know About ChatGPT
 
Product Design Trends in 2024 | Teenage Engineerings
Product Design Trends in 2024 | Teenage EngineeringsProduct Design Trends in 2024 | Teenage Engineerings
Product Design Trends in 2024 | Teenage Engineerings
 
How Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental Health
How Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental HealthHow Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental Health
How Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental Health
 
AI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdf
AI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdfAI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdf
AI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdf
 
Skeleton Culture Code
Skeleton Culture CodeSkeleton Culture Code
Skeleton Culture Code
 
PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024
PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024
PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024
 
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)
 
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024How to Prepare For a Successful Job Search for 2024
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024
 
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie Insights
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie InsightsSocial Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie Insights
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie Insights
 
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024
 
5 Public speaking tips from TED - Visualized summary
5 Public speaking tips from TED - Visualized summary5 Public speaking tips from TED - Visualized summary
5 Public speaking tips from TED - Visualized summary
 
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd
 
Getting into the tech field. what next
Getting into the tech field. what next Getting into the tech field. what next
Getting into the tech field. what next
 
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search Intent
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search IntentGoogle's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search Intent
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search Intent
 
How to have difficult conversations
How to have difficult conversations How to have difficult conversations
How to have difficult conversations
 
Introduction to Data Science
Introduction to Data ScienceIntroduction to Data Science
Introduction to Data Science
 
Time Management & Productivity - Best Practices
Time Management & Productivity -  Best PracticesTime Management & Productivity -  Best Practices
Time Management & Productivity - Best Practices
 
The six step guide to practical project management
The six step guide to practical project managementThe six step guide to practical project management
The six step guide to practical project management
 
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...
 

A glória de deus no chamado para pregar às nações

  • 1. A Glória de Deus no Chamado para Pregar às Nações Franklin Ferreira Gostaria de usar o texto de Jeremias 1.4-19 para tratar de três temas vitais ao ministério cristão de ensino: a vocação, a pregação e seu conteúdo, e a coragem necessária para permanecer firme. Na verdade, gostaria de usar o texto de Jeremias como um texto de formação, que entrelace nossas vocações de ensino à vocação de Jeremias, que nos ajude a recuperar o senso de chamado para pregar a mensagem de Deus às nações. Antes de continuar, fazem-se necessárias algumas palavras introdutórias. Jeremias, que significa "aquele que exalta o Senhor", começou seu ministério no reinado de Josias, que iniciou uma reforma e renovação da aliança, de curta duração. Ele pertencia a uma família de sacerdotes e recebeu seu chamado quando tinha 18 anos, na segunda década do século sétimo a.C., na pequena cidade de Anatote, a cinco quilômetros de Jerusalém. Na verdade, Jeremias viveu em meio a um turbulento momento político na história da região: a Assíria entrara em declínio como império, o Egito tentava recuperar sua influência, e a Babilônia era o poder em ascensão no leste. Pouco depois, Josias foi morto em Megido e, em rápida sucessão, três de seus filhos, Joacaz, Jeoaquim e Zedequias, e um neto, Joaquim, sucederam-no no trono. Por não temerem a Deus, esses reis conduziram o povo da aliança aos eventos mais devastadores da história de Judá: a invasão babilônica, a destruição do templo e o exílio no estrangeiro. Nós hoje vivemos numa encruzilhada da história. A igreja tem crescido globalmente. Aqui no Brasil há muitos pastores devotos, crentes sérios, igrejas saudáveis, sinais da obra do Espírito Santo. Ao mesmo tempo, há superficialidade e infidelidade bíblica, traição ministerial, divisões, idolatria por crescimento de igreja a qualquer custo. Na esfera pública temos governos populistas, corrupção, pessoas morrendo em portas de hospitais, violência crescendo assustadoramente e impunidade ampla, geral e irrestrita. Há preocupantes sinais de ameaças à liberdade de culto e de expressão. Diante desse quadro, (1) qual deve ser a imagem cultivada por aqueles chamados a obedecer à ordem de pregar a palavra de Deus? (2) Qual deve ser o conteúdo de tal mensagem? (3) Como aqueles chamados a pregar essa soberana Palavra devem se portar? 1. Vocação (4-8) Vamos nos deter um pouco nos versículos 4-7: O relato começa com a afirmação "a mim me veio, pois, a palavra do Senhor" (Jr 1.4). Essas palavras ou expressões equivalentes ocorrem outras vezes no livro (Jr 7.1; 11.1; 14.1; 16.1; 18.1). A palavra way'hi ("continuou a vir") sugere que este chamado veio não de forma súbita, mas de forma persistente. "Antes que eu te formasse": estas primeiras palavras do Senhor a Jeremias revelam que foi iniciativa de Deus o fato de ele ter sido escolhido para ser profeta. O nome de Deus domina a cena: nessa pequena passagem o nome do Senhor é citado 12 vezes! Ele o predestinou para anunciar a mensagem, e antes mesmo de seu nascimento, Jeremias foi consagrado ("separado", "santificado") por Deus para essa tarefa (Jr 1.5; cf. Gl 1.15). Desde a concepção até a consagração, Deus tinha preparado cada etapa do processo, conhecendo todas as necessidades e sabendo como supri-las. Em outras palavras, Jeremias recebeu o caráter e a personalidade necessários para a obra profética. "E te constituí": significa "dei", isto é, antes mesmo de Jeremias nascer ele foi dado. Essa é a maneira de Deus agir. Ele fez isso com seu próprio Filho, Jesus Cristo (Jo 3.16). Deus o ofereceu às nações. Deus continua enviando aqueles que ele chama a pregar às nações, em obediência ao chamado e em imitação a seu Filho (1Co 11.1). Por outro lado, a reação de Jeremias mostra que ele não era voluntário (Jr 1.6). Ele menciona sua idade: "Eis que não sei falar, porque não passo de uma criança". Na verdade, ele não queria dizer que era uma "criança", mas que ainda não chegara aos trinta anos, que era o tempo quando os levitas iniciavam oficialmente seu ministério, sendo, portanto, muito
  • 2. jovem para atender o chamado. Mas Deus responde a objeção: "Não digas: Não passo de uma criança" (Jr 1.7). A compreensão de que ele tinha sido escolhido como instrumento da revelação de Deus para uma geração endurecida forneceu a convicção de que sua missão provinha de Deus, e levou-o a proclamar a palavra do Senhor a uma nação teimosa e rebelde. E ele recebeu forças da comunhão constante com Deus em oração (cf. Jr 12-20, as cinco "confissões" de Jeremias). "Porque a todos a quem eu te enviar irás; e tudo quanto eu te mandar falarás": Quanto mais próximo do exílio, o cumprimento da profecia, mais sua timidez inicial é substituída por coragem, o que mostra o quanto ele amadureceu em sua vocação. Como acontece com Jeremias no versículo 8, os servos de Deus receberam muitas vezes a ordem "não temas", como Abraão (Gn 15.1), Moisés (Nm 21.34; Dt 3.2), Daniel (Dn 10.12, 19), Maria (Lc 1.30), Simão (Lc 5.10) e Paulo (At 27.24). Diante do medo, uma emoção terrível e paralisante, Deus assegura que sustentará seu servo. Jeremias não estaria livre de oposição e até de perigo físico, porém cumpriria seu ministério em todas as dificuldades, porque Deus estaria com ele para fortalecê-lo. Portanto, Jeremias submeteu-se à sua vocação. E, mesmo sem sair de Jerusalém, ele seria um profeta às nações – a mensagem de Deus ecoaria por Egito, Filistia, Moabe, Amom, Edom, Damasco, Quedar, Hazor, Elão e Babilônia (Jr 46-51). Talvez, como Jeremias, nunca viajemos para fora de nosso país para anunciar a mensagem de Deus. Mas, ainda assim, podemos ser instrumentos para levar a Palavra de Deus às nações. Parece que o estilo de vida dos homens que exercem hoje a vocação profética no Brasil está em ruínas. Esta vocação proclamadora foi substituída por estratégias comandadas por burocratas religiosos munidos de planos de negócios. Pensa-se hoje no pastor como alguém "que faz as coisas" ou que "faz as coisas acontecerem". Pastores construtores de templos. Pastores administradores. Pastores executivos. Pastores seniores. Essa definição se aplica aos modelos básicos de liderança em nossa cultura: políticos, homens de negócios, celebridades e atletas. Mas nossa vocação precisa ser modelada por Deus, pelas Escrituras e pela oração. O elemento central da vocação profética não é de alguém "que faz as coisas", e sim de alguém colocado na comunidade para estar atento e chamar a atenção ao que Deus fala em sua Palavra, palavra de juízo e denúncia, mas palavra de graça, misericórdia e renovação. Neste sentido, precisamos relembrar: Deus chama alguns membros da santa comunidade sacerdotal para pregar o evangelho, as boas novas da livre graça de Deus. Essa vocação é uma obra interna de Deus, que chama os servos da Palavra. E embora seja interno, o chamado para o ministério inevitavelmente virá acompanhado por um testemunho externo. Ou seja, aqueles chamados para a pregação da Palavra demonstrarão dons e aptidões para o exercício do ministério. Eles são equipados pelo Espírito Santo para pastorear, evangelizar, pregar e ensinar – e frutos visíveis serão evidenciados por conta desse chamado interno. E será confirmado diante da igreja este chamado interno, por conta dos frutos externos da obra da graça que já aconteceu interiormente. Portanto, a vocação profética não pode ser reduzida a mero trabalho. Este pode ser quantificado e avaliado. Pode-se dizer se este chegou ao fim ou não, assim como se pode ser contratado ou demitido. Uma vocação não é um trabalho. A vocação profética é sobre a pregação da Palavra, sobre a administração dos sacramentos, sobre chamar o povo de Deus a adorar o Pai, Filho e Espírito Santo, é sobre lembrar semanalmente à comunidade da fé os privilégios e responsabilidades da aliança. Karl Barth afirmou que quem não houver sido chamado para pregar, que não o faça, pois não será pequeno mal que causará se subir ao púlpito sem haver sido escolhido por Deus para isto. Por outro lado, se você foi chamado para anunciar a santa Palavra, você só tem um, e um único oficio: anunciar fielmente "todo o desígnio de Deus" (At 20.27), portando-se como alguém que pertence exclusivamente ao Senhor. 2. Conteúdo e Pregação (9-16) Analisando os versículos 9-10, percebemos que tocando na boca do jovem, Deus simboliza a comunicação de sua mensagem. Agora o Senhor proclama sua mensagem às nações tendo Jeremias por arauto. Para transmitir esta mensagem, Deus usa metáforas baseadas na agricultura e na construção, constituída por três pares de verbos, os dois primeiros negativos e o terceiro positivo: o profeta deve arrancar e derribar, destruir e arruinar para então
  • 3. edificar e plantar (Jr 1.10). Toda a corrupção na nação deve ser arrancada e derrubada, e somente depois disto é que se pode edificar e plantar de novo. Portanto, a mensagem do profeta teria duas funções. Em primeiro lugar, essa mensagem era uma declaração sobre a maldição da aliança que seria executada em seu devido tempo (Dt 28.1-68). Em segundo lugar, as bênçãos da aliança se tornariam realidade. Deus quer renovar, reconstruir e restaurar seu povo, mas antes da renovação é necessária a remoção radical do pecado e da infidelidade à aliança e eleição. A ruína é inevitável, enquanto a nação persistir no pecado, mas a palavra de renovação oferece esperança de restauração. Usando a linguagem do Novo Testamento, Deus tem primeiro de remover o pecado, antes de o pecador começar a crescer na graça e no conhecimento de Jesus Cristo. Jeremias, entretanto, é humano. Ele reage inicialmente com medo e inadequação. São reveladas então a Jeremias duas visões inaugurais, descritas nos versículos 11-13. A primeira é a de "uma vara de amendoeira" (Jr 1.11). Em hebraico, a palavra "amendoeira" (shaqéd) e o verbo "eu velo sobre" (shoqéd) têm som semelhante. Há um jogo de palavras aqui que ilustra a prontidão com que Deus cumpre suas promessas. Sempre que o profeta visse a cada primavera uma amendoeira em flor, ele seria lembrado de que o Senhor está observando para assegurar que sejam cumpridas todas as palavras transmitidas em seu nome (Jr 1.12). A segunda visão tinha um tom mais sinistro, "uma panela ao fogo" (ou "fervendo"), literalmente uma panela sobre a qual alguém sopra, e cuja boca se inclina do Norte, indicando que seu conteúdo se derrama em direção ao sul (Jr 1.13). Essa visão indica a invasão babilônica, que virá do norte (Jr 20.4). Percebemos nos versículos 14-16 que o exército da Babilônia executará o propósito de Deus de punir a idolatria de Judá e a quebra da aliança do Sinai. O verbo qtr, "queimar incenso" (Jr 1.16), é usado em outras passagens significando queimar a gordura dos sacrifícios (cf. 1Sm 2.16; Sl 66.15). A tensão entre o culto aos ídolos e a adoração exclusiva ao Senhor chegaram ao clímax. A guerra viria para interromper um modo de vida inútil, impuro e indolente, obrigando o povo a voltar seus olhos para o que é essencial e eterno. Mas Jeremias não vai trazer o fim por meio da espada ou da ação política. Ele é chamado a proclamar a palavra do Senhor quantas vezes for necessário, custe o que custar, e um alto preço será exigido dele. Aqueles chamados ao ofício de anunciar a Palavra de Deus não são chamados a trocar a mensagem da aliança pelo discurso político. Nenhuma ideologia é absoluta e nem pode ser confundida com o evangelho. Sempre que a igreja ou mesmo pastores e teólogos identificaram determinada ideologia com o reino de Deus ou com a mensagem bíblica, essa foi não apenas distorcida, mas acabou sendo perdida. Portanto, a preocupação primeira daqueles chamados a anunciar a Palavra de Deus não é tanto com a mudança da sociedade civil, mas com a reforma e renovação da igreja por meio da mensagem de Deus. Aqueles chamados ao ofício de anunciar a palavra de Deus não são chamados para lidar com aqueles que ouvem e se submetem à mensagem profética como se fossem problemas. É fácil reduzir as pessoas a problemas, pois na maior parte das vezes é fácil solucionar esses problemas. Mas os profetas são chamados a conduzir as pessoas dos ídolos a Deus, da rebelião para a aliança, por meio da Palavra, da adoração e da oração. Aqui somos meros instrumentos nas mãos de Deus. As pessoas não devem ser vistas como problemas em busca de solução, mas como pecadores que podem ser renovados à imagem de Deus. Portanto, a vocação é sobre conduzir as pessoas a Deus, por meio de sua Palavra, em humildade. Trata-se de permanecer junto ao povo. A tentação à qual os profetas estão sujeitos é considerar Deus uma mercadoria, utilizá-lo para legitimar a idolatria (cf. Jr 23.21-40). Qual é, então, o conteúdo da mensagem profética? Deve-se conhecer o Senhor (Jr 8.7; 24.7; 31.31-34). Este conhecimento se dá por meio do Messias, o Renovo Justo, descendente de Davi, que executa juízo e justiça na terra (Jr 33.14-18), a fonte de águas vivas (Jr 2.13), o bálsamo de Gileade (Jr 8.22), o Bom Pastor (Jr 23.4), o Renovo Justo (Jr 23.5), o Senhor justiça nossa (Jr 23.6), aquele que trará a nova aliança (Jr 31.31-34). E este novo conhecimento redunda em preocupação pelo aflito e necessitado e na prática da justiça e retidão. A mensagem profética é o convite para "voltar" (Jr 4.1-2; cf. 9.24; 22.2, 13, 15; 23.5; 33.15). Este termo e seus cognatos foram usados quase cem vezes neste livro e são o significado literal da palavra "arrependimento". Implica voltar-se dos próprios caminhos para
  • 4. a aliança (Jr 6.16), é um chamado à comunidade para um retorno à "verdade", "juízo" e "justiça". Em suma, o povo é chamado ao arrependimento e ao conhecimento de Deus por meio do Messias. E o remédio de Deus para o coração enfermo (Jr 17.9) será gravar sua lei no coração da nova comunidade (Jr 31.31-34). Portanto, o verdadeiro profeta é aquele que procura distanciar o povo do mal, enfatizando as exigências de Deus na aliança (Jr 23.14, 22). Usando a linguagem do Novo Testamento, aqueles dentre nós chamados ao santo ministério da Palavra, devem pregar as realidades grandiosas e magníficas de Deus e do Espírito Santo, da Escritura e da criação, da cruz de Cristo e da aliança, da salvação e de uma vida santa, a oração, o batismo, a santa ceia. E isso deve ser pregado no púlpito, nas salas de aula e na visitação pastoral, ansiando por vidas moldadas pela Palavra de Deus, renovada pelo Espírito Santo, de uma humildade disposta ao sacrifício, que erguem a Deus um louvor santo, sofrendo sem perder o contentamento, orando sem cessar, perseverando na santidade. 3. Segurança (17-19) Na seção composta dos versículos 17-19 podemos ver que o desânimo que o profeta sentiu ao entender o conteúdo da profecia é combatido por uma ordem direta: "cinge os lombos" (Jr 1.17), que pode ser traduzida como: "e você, prepare-se!" A frase é um termo militar hebraico usado para descrever um soldado vestido e devidamente preparado para tomar sua espada. Antes mesmo de nascer, ele foi convocado para lutar nessa batalha. Não lhe foram concedidos alguns anos nos quais pudesse refletir e decidir em que lado se posicionaria ou mesmo se iria lutar. Ele foi escolhido. Deus o chamou para ser um guerreiro. Então, ele deve ser fiel ao anunciar a Palavra de Deus e não deve temer a ninguém. Mais do que isso, o Senhor incita Jeremias a se preparar para a batalha. Se Jeremias perder sua coragem, Deus o abandonará por sua falta de fé: "Não te espantes diante deles, para que eu não te infunda espanto na sua presença". Devemos entender: há uma verdadeira batalha espiritual sendo travada. Há maldade, crueldade e infelicidade. Há superstição e ignorância; brutalidade e dor. Não existe zona neutra no Universo. Cada centímetro quadrado é área de combate. Deus se levanta contra tudo isso. Ele está salvando, resgatando, abençoando, provendo, julgando, renovando: "Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina" (2Tm 4.1-2). Deus, então, faz uma das promessas mais ricas que ele pode fazer aos seus servos: "Tu, pois, cinge os lombos, dispõe-te e dize-lhes tudo quanto eu te mandar; não te espantes diante deles, para que eu não te infunda espanto na sua presença. Eis que hoje te ponho por cidade fortificada, por coluna de ferro e por muros de bronze, contra todo o país, contra os reis de Judá, contra os seus príncipes, contra os seus sacerdotes e contra o seu povo. Pelejarão contra ti, mas não prevalecerão". Mesmo com todos contra ele, Deus estará ao seu lado, fazendo-o invencível. A presença de Deus lhe dá a certeza de que ele será uma fortaleza invencível, firme como uma "coluna de ferro" e resistente aos ataques como "muros de bronze". E sua mensagem afetará pessoas de todas as classes sociais em Judá, dos líderes políticos e sacerdotes ao cidadão comum. No início do verão de 1942, uma crente luterana, Sophie Scholl, participou da produção e distribuição de panfletos de um pequeno movimento de resistência pacífica chamado Rosa Branca. Ela foi presa, junto com seu irmão, Hans Scholl, e outro universitário, Christoph Probst, em 18 de fevereiro de 1943, depois que o reitor da Universidade de Munique os surpreendeu distribuindo esses panfletos no pátio da universidade. Em 22 de fevereiro de 1943 os três foram julgados em menos de quatro horas, acusados de alta traição e decapitados no mesmo dia. Suas últimas palavras foram: "Como podemos esperar que a justiça prevaleça quando são poucos os que estão dispostos a se doarem individualmente a uma causa justa? Um dia bonito e ensolarado, e eu tenho de partir, mas o que importa a minha morte, se através de nós milhares de pessoas forem despertadas e instadas à ação?" Sophie Scholl foi martirizada com 21 anos. Mesmo tão jovem, ela se opôs ao totalitarismo nazista, por causa de sua fé, num contexto de repressão, censura e conformismo. Isso é coragem invencível! Se você foi chamado a anunciar a Palavra, fique firme! A promessa e a graça de Deus estão com você! Como diz a canção do grupo Logos:
  • 5. Meu servo, não temas! Não temas, pois eu te escolhi! Sei que é difícil, mas confia em mim! Confia em mim e então, Tu verás o meu poder! Durante seus quarenta anos de ministério, Jeremias foi invencível. Diversas vezes passou por intensa agonia, mas não traiu sua vocação. Ele foi desprezado e perseguido, mas jamais deixou de anunciar a mensagem de Deus. Ele foi tremendamente pressionado para que fizesse concessões, desistisse e se escondesse, porém, jamais cedeu. Cada músculo do seu corpo foi exigido até o limite da fadiga. Mas ele foi corajosamente "coluna de ferro" e "muros de bronze". Muitos se oporiam, mas Deus prometeu estar com ele e protegê-lo: "Eu sou contigo, diz o Senhor, para te livrar" (Jr 1.19). Conclusão Jeremias foi o profeta mais rejeitado e resistido da história israelita. Ele recebeu a ordem de não se casar ou ter filhos (Jr 16.1-4), uma experiência incomum de celibato. Experimentou oposição, castigos e prisões (Jr 11.18-23; 12.6; 18.18; 20.7; 26.9-19; 28.5-17; 37.11- 38.28). Muitas vezes é chamado de o "profeta chorão" (Jr 9.1; 13.17; 14.17). Quando levado para o Egito, contra a sua vontade, caiu no esquecimento – de acordo com a tradição, ele morreu naquele país, dez anos depois, apedrejado por seus compatriotas, que ainda se recusavam a aceitar sua mensagem. Mas não somos chamados a andar por vista, mas por fé. Jeremias foi grandemente honrado pelos escritores do Novo Testamento. Sua profecia é citada 40 vezes, a metade no Apocalipse (cf. 50.8; Ap 18.4; 50.32; Ap 18.8; 51.59s; Ap 18.24s). A mais longa citação do Antigo Testamento no Novo Testamento é a passagem da "nova aliança" (Jr 31.31-34; cf. Hb 8.8-13). As denúncias de Jeremias contra o povo como incircunciso de coração e ouvido (Jr 6.10; 9.26) foram repetidas por Estevão (At 7.51), uma pregação que lhe custou a vida. As lições tiradas da visita à casa do oleiro (Jr 18.1-10) foram aplicadas por Paulo ao chamado dos gentios por Deus (Rm 9.20-24). E Jeremias, que foi considerado o mais humano dos profetas, recebeu a maior honra, ter sido comparado ao Filho do Homem (Mt 16.14). Que obedeçamos nossa vocação, preguemos fielmente a mensagem recebida, que finquemos os pés no chão com coragem, para que em tudo Deus seja glorificado. "Todavia, o meu povo trocou a sua Glória por aquilo que é de nenhum proveito. Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai estupefatos, diz o Senhor. Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas" (Jr 2.11-13). "Dai glória ao Senhor, vosso Deus, antes que ele faça vir as trevas, e antes que tropecem vossos pés nos montes tenebrosos; antes que, esperando vós luz, ele a mude em sombra de morte e a reduza à escuridão" (Jr 13.16). "Não nos rejeites, por amor do teu nome; não cubras de opróbrio o trono da tua glória; lembra-te e não anules a tua aliança conosco" (Jr 14.21). "Ó Senhor, Esperança de Israel! Todos aqueles que te deixam serão envergonhados; o nome dos que se apartam de mim será escrito no chão; porque abandonam o Senhor, a fonte das águas vivas. Cura-me, Senhor, e serei curado, salva-me, e serei salvo; porque tu és o meu louvor" (Jr 17.13-14). Bibliografia: Issiaka Coulibaly, "Jeremias", em Tokunboh Adeyemo (ed. geral), Comentário bíblico africano. São Paulo: Mundo Cristão, 2010. Karl Barth, Carta aos Romanos. São Paulo: Fonte Editorial, 2009. F. Cawley, "Jeremias", em F. Davidson (ed.), Novo comentário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, s/d. J. G. S. S. Thomson, "Jeremias", em J. D. Douglas (ed.), Novo dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1995, p. 794-800.
  • 6. R. K. Harrison, Jeremias e lamentações; introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova & Mundo Cristão, 1989. Eugene H. Peterson, Memórias de um pastor. São Paulo: Mundo Cristão, 2011. Eugene H. Peterson, Ânimo; o antídoto bíblico contra o tédio e a mediocridade. São Paulo: Mundo Cristão, 2008. J. R. Soza, "Jeremias", em T. Desmond Alexander & Brian S. Rosner, Novo dicionário de teologia bíblica. São Paulo: Vida, 2009, p. 324-329. O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.