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CATÁLOGO
Mulheres cientistas
  na/da Bahia
Coordenadora do Projeto
           Suely Aldir Messeder

                 Estagiária
       Alaine Priscila Matos Espínola

Projeto Gráfico, Projeto Visual e Editoração
        Amanda Lima Amaral Miguel
Apresentação


       A história do Brasil é contada à luz de homens que o exploraram e o
desbravaram, além de outros que se saíram vitoriosos em lutas por independência,
lutas religiosas e atuações com visibilidade cultural e cientifica. Nada se fala sobre
mulheres que descobriram e dominaram províncias, que compravam escravos para
libertá-los, que perdiam fortunas para salvar uma população inteira da peste na Bahia,
nem daquelas que fizeram ciência no século XIX. Essa mesma história é a que durante
muito tempo proibiu mulheres de atuarem em espaços públicos e/ou omitirem sua
participação enquanto cidadã e continua, mesmo no século XXI, concentrando nas
mãos de homens a produção do conhecimento e tecnologias.
       Embora a visibilidade na produção de saberes seja predominantemente
masculina, além de haver dificuldades de inserção do gênero feminino nos centros de
produção cientifica, sabemos que existiram mulheres que transgrediram esses
espaços. Infelizmente, os resquícios do machismo impedem a visibilidade dessas
cientistas, as quais são excluídas do processo de formação e desenvolvimento do
nosso país. Por isso, o conhecimento das mulheres que ajudaram a formar o Brasil é
recontar sua história e democraticamente, dar visibilidade a artistas, cientistas,
políticas, índias e negras escondidas pela bibliografia oficial.
       Sob essa perspectiva de apagamento social do gênero feminino e, sobretudo,
denunciando o androcentrismo presente em nossa e muitas sociedades, surge o
Catálogo de Mulheres Cientistas vinculado ao Projeto intitulado Mapeamento das
Mulheres Cientistas no Estado da Bahia, coordenado pela Professora Doutora Suely
Messeder.
O Projeto


       Em 2000, Schuma Schumaher publica pela Editora Jorge Zahar o Dicionário de
Mulheres do Brasil com o intuito de tornar visível o papel da mulher na construção do
nosso país. O projeto foi elogiado e apontado como um dos primeiros passos para a
democratização do conhecimento no Brasil. Dez anos depois, o Museu de Ciências e
Tecnologias do Estado da Bahia publica uma exposição intitulada “Ciência com
Dendê”, com a finalidade de tornar público cientistas baianos que contribuíram para a
história da ciência. Surpreendentemente, essa publicação só contemplou cientistas
homens. A mostra “Ciência com Dendê” é uma prova que, mesmo com tantas
discussões de gênero, democracia, teorias feministas, entramos no século XXI e a
atuação, o saber, a fala e o olhar feminino na história do país permanecem excluídos.
       Assim, o Projeto nasce e sob a óptica reflexiva entre esses dois eventos
pensamos: poderia questionar-se aos organizadores que homenagearam estes
cientistas se eles ou elas tinham conhecimento da existência de mulheres no fazer
cientifico? Ou se eles/as atendiam a ciência androcêntrica? Ou se eles/as apenas
invisibilizaram intencionalmente as mulheres? Essas e outras questões conduziram o
Projeto Mapeamento das Mulheres Cientistas no Estado da Bahia cujo resultado é o
Catálogo de Mulheres Cientistas.
Metodologia


       Apesar do Dicionário de Mulheres ser uma grande publicação e referencia para
o nosso Projeto, ele não agrupa o fazer cientifico das mulheres ali expostas. Isso
porque o labor cientifico das mulheres cientistas não foi o objetivo desta publicação.
Por isso, em junho de 2010, iniciamos a pesquisa Mapeamento das Mulheres Cientistas
do Estado da Bahia, para identificar as mulheres baianas ou aquelas que trabalham na
Bahia que atuam e/ou atuaram nas grandes áreas do conhecimento.
       A metodologia aplicada consistiu em pesquisas na internet, considerando os
órgãos e as fundações de pesquisa do governo do estado da Bahia e do governo
federal. Além das visitas exploratórias aos núcleos de pesquisa das universidades
baianas e entrevistas com professores/as pesquisadores/as, coordenadores/as de
colegiado e diretores/as de departamento da UNEB.
       O resultado parcial desta pesquisa detectou um total de 715 professoras
pesquisadoras trabalhando nas instituições públicas de nível superior da Bahia.
Se a conclusão de dois meses de pesquisa revelou 715 pesquisadoras atuantes em
2010 – só no Estado da Bahia –, imaginem quantas mulheres contribuíram para o
desenvolvimento deste país? Quantas Francisca Fraguer Froés não são lembradas? Até
quando as referencias femininas ocuparão o lugar de irrelevância em nossa sociedade?
Como tornar visível a produção das mulheres no mundo da Ciência?
       É no discurso teórico-metodológico da Teoria Feminista que se identifica e
torna-se possível a produção das mulheres no mundo das ciências. O conhecimento da
Teoria Feminista possibilita a crítica à ciência patriarcal, ao sexismo e a necessidade de
uma revisão histórica que possibilite a visibilidade das mulheres. Nesta construção,
critica-se ao androcentrismo, constata-se a segregação hierárquica e institucional,
revela-se a necessidade de outras visões e da consideração outros valores, questiona-
se o mito da neutralidade e a visão onisciente da razão.
Sumário


1.    Alda Motta
2.    Amélia Rodrigues
3.    Ana Alice Costa
4.    Ana Célia da Silva
5.    Ana Ribeiro
6.    Anfrísia Santiago
7.    Cecília Sardenberg
8.    Dinaelza Soares Santana Coqueiro
9.    Dinalva Oliveira Teixeira
10.   Edith Mendes da Gama e Abreu
11.   Efigênia Veiga
12.   Francisca Praguer Fróes
13.   Glafira Ramos
14.   Henriqueta Martins Catharino
15.   Ialorixá Mãe Stella de Oxossi
16.   Leolina Costa
17.   Leolinda de Figueiredo Daltro
18.   Linda Rubim
19.   Lígia Bellini
20.   Maria José de Castro Rebelo Mendes
21.   Maria Luísa Bittencourt
22.   Marieta Alves
23.   Mary Castro
24.   Niomar Muniz Sodré
25.   Violante Atalipa Ximenes Bivar e Velasco
Alda Britto da Motta
Socióloga




       Possui graduação em Ciências
Sociais pela Universidade Federal da
Bahia (1967), mestrado em Ciências
Sociais pela Universidade Federal da
Bahia (1977) e doutorado em Educação
pela Universidade Federal da Bahia (1999)
. Atualmente é Professor e Pesquisador da
Universidade Federal da Bahia. Tem
experiência na área de Sociologia.
Atuando principalmente nos seguintes
temas: Idosos, Gênero, Educação
continuada.

FONTES:
http://lattes.cnpq.br/0837207761621512
Amélia Rodrigues (1861 - 1926)
                                                         Escritora, jornalista e educadora




       Nasceu em 26 de maio de 1861, na             Fidelis, Amélia viveu alguns anos em
freguesia de Oliveira dos Campinhos, na             Niterói (RJ), retornando a Salvador meses
cidade de Santo Amaro (BA). Mesmo sem               antes de sua morte, em 22 de agosto de
disporem de recursos, seus pais, Maria              1926, aos 65 anos de idade.
Ro q u e l i n a e F é l i x Ro d r i g u e s , a
encaminharam para os estudos primários              FONTES:
com o padre Alexandrino do Prado. Com               Lizir Arcanjo Alves (org.), Mulheres Escritoras
12 anos, escreveu os primeiros poemas e,            na Bahia. As Poetisas (1822-1918);
                                                    Nova Era, 6.5.193;
aos 18, já os publicava em periódicos na
                                                    ATarde, 27.51961,28.5.1961,11.8.1998 e
Bahia.
                                                    28.11.1988 * Colaboração Especial de Maria
       Classificou-se em primeiro lugar
                                                    Júlia Alves de Souza.
em concurso público para professora
primária, começando a lecionar e Arraial
da Lapa. Em 1883, transferiu-se para sua
cidade natal e, nesse mesmo ano, foi
publicado “Filenila”, seu primeiro grande
poema. Começava assim, aos 22 anos, sua
intensa atividade literária, escrevendo
vários poemas, peças teatrais, romances,
ensaios e artigos. Em 1891, foi nomeada
para uma cadeira no magistério público
de Salvador. Na capital baiana, criou o
Instituto Maternal, que gozaria de
excelente reputação na época.
       Publicou a obra poética Bem-me-
queres em 1906, além de textos infantis.
Aposentada, continuou colaborando
ativamente na imprensa baiana. Fundou,
com uma editoria só de mulheres, a
revista A Paladina e o periódico A Voz, da
Liga das Senhoras Católicas, de circulação
nacional. Escreveu ainda para diversas
revistas, como O Pantheon, O Álbum, A
Renascença e O Livro. Também colaborou
para jornais, sob o pseudônimo de Juca
Ana Alice Alcantara Costa
Socióloga




       Possui graduação em Ciências          FONTES:
Sociais pela Universidade Federal da         http://lattes.cnpq.br/7859802314913314
Bahia (1975), mestrado em Sociologia
pela Universidad Nacional Autonoma de
Mexico (1981), doutorado em Sociologia
Política também pela Universidad
Nacional Autonoma de Mexico (1996) e
Pós-doutorado no Instituto de Estudios
de la Mujer da Universidad Autonoma de
Madrid (2004). Professora Associada do
Departamento de Ciências Políticas da
Universidade Federal da Bahia, do
Programa de Pós-Graduação em Estudos
Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero
e Feminismo (PPGNEIM) e do Programa
de Pós-Graduação em História (PPGHist),
também pesquisadora do Núcleo de
Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher,
órgão suplementar da UFBa.
       Bolsista (2006/2011) do Consórcio
do Programa de Pesquisas (Research
Programme Consortium - RPC) sobre o
Empoderamento das Mulheres (Pathways
of Women s Empowerment), financiado
pelo Department for International
Development - DFID da Grã- Bretanha.
       Tem experiência na área de Ciência
Política, com ênfase em Atitude e
Ideologias Políticas, atuando
principalmente nos seguintes temas:
gênero, cidadania, condição feminina,
comportamento político, políticas
publicas e feminismo.
Ana Celia da Silva
                                                       Pedagoga




       Possui graduação em Pedagogia
pela Universidade Federal da Bahia
(1968), Mestrado em Educação pela
Universidade Federal da Bahia (1988) e
Doutorado em Educação pela
Universidade Federal da Bahia (2001). Fez
curso de Especialização em Introdução
aos Estudos Africanos em 1986 pelo
Centro de Estudos Afro Orientais/UFBA,
com duração de 640 horas.
       Atualmente é professor Adjunto da
Universidade do Estado da Bahia. no
Departamento de Educação, Campus I e
no Mestrado em Educação e
Contemporaneidade. Tem experiência na
área de Educação, com ênfase em
Currículos Específicos para Níveis e Tipos
de Educação, atuando principalmente
nos seguintes temas: estereótipos em
relação ao negro no livro didático de
Língua Portuguesa das séries iniciais,
desconstrução, representação social do
negro nos livro didático de Língua
Portuguesa das séries iniciais e educação
das relações étnicos raciais.
       Eleita Membro Titular do Conselho
Estadual de Cultura, referendada pela
Assembléia Legislativa em 18 de outubro
de 2007, para compor a Câmara de
Política Sócio Cultural, publicado no D. O.
de 18 de outubro de 2007.
(Texto informado pelo autor)

FONTES:
http://lattes.cnpq.br/7501565836028985
Ana Ribeiro (1843-1930)
Escritora



       Nasceu em 31 de janeiro de 1843,        Com seus três filhos já crescidos, e depois
em Vila de Itapicuru (BA), filha de Ana        da morte de seu pai, começou sua fértil
Maria da Anunciação Ribeiro, mulher            produção literária. Seus primeiros escritos
instruída e religiosa, e de Matias de Araújo   datam de 1875 e, na década seguinte,
Góis. Aos dois anos mudou-se com a             encontram-se vários artigos seus
família para Catu, cidade do recôncavo         publicados em periódicos regionais, com
baiano. A infância e a adolescência de Ana     a Gazeta de Noticias, de Salvador, A
Ribeiro de Góis Bittencourt foram              Verdade, da cidade de Alagoinhas e o
marcadas por uma conjuntivite mal              Almanaque de Lembranças Luso-
diagnosticada, que só aos 20 anos foi          Brasileiro. O primeiro livro de ficção, A
curada. Sua educação não era sistemática,      filha de Jephté, foi editado em 1882 e, do
tendo sido alfabetizada por sua mãe. Aos       mesmo período, Anjo do perdão sai
10 anos, começou seus estudos regulares        publicado no formato de folhetim em
com duas filhas de famílias amigas,            jornais da Bahia.
aprendendo línguas, literatura e música,              Ao analisarem a vida e obra de Ana
como convinha de sua época.                    Ribeiro, Nanci Fontes e Ívia Alves
       A inflamação nos olhos fez com          levantam a hipótese de que a rigidez do
que Ana passasse longos períodos de            pai, homem acostumado a ser obedecido,
isolamento no escuro de seu quarto.            foi mais determinante do que as
Vieram daí o gosto pela narração, a            obrigações domésticas para explicar o
capacidade de memorizar histórias              tardio ingresso de Ana na literatura.
ouvidas e as longas conversas solidárias,      Mesmo considerando o relativo atraso
experiências que despertaram                   para o inicio de sua atividade como
naturalmente seu talento para a ficção.        autora, ela escreveu, até a década de
       Aos 22 anos, após sofrer a perda de     1920, sete romances, vários contos,
seu primeiro noivo, vitima da tuberculose,     artigos e poesias. Seus textos são
casou-se com o estudante de medicina           impregnados de religiosidade e de
Sócrates de Araújo Bittencourt. O casal foi    modelos éticos destinados às jovens. Em
morar em Salvador, onde Ana completou          revistas católicas, como O Mensageiro da
seus estudos e pôde vivenciar a                Fé, publicou artigos sobre feminismo e
estimulante vida cultural na capital baiana    cidadania, defendendo a educação para
da época do poeta Castro Alves. Em 1868,       as mulheres como um valor universal. Nos
o agravamento do estado de saúde do pai        seus últimos anos, escreveu seu livro de
de Ana fez com que voltassem a viver no        memórias. Longos serões no campo,
engenho da família, em Catu.                   título dado por sua bisneta Maria Clara
Ana Ribeiro (1843-1930)
                                                                 Escritora



Mariani e publicado em 1994. esta obra
foi escrita com o propósito de manter
vivas as lembranças de seus
antepassados, as histórias ouvidas de sua
mãe e dos tios, o que resultou em um
belíssimo retrato da vida cotidiana do
interior baiano no século XIX, um
testemunho equivalente aos livros de
viagem dos estrangeiros e comerciantes,
importantes documentos que registram
referencias fundamentais para o
conhecimento de uma época da história
brasileira.
       Ana morreu em 1930, aos 87 anos
de idade, em Salvador (BA).

FONTES:
Maria Clara Mariani Bittencourt, “Introdução”,
in Longos serões no campo;
Nanci Rita Vieira Fontes e Ívia Alves, “Ana
Ribeiro”, in Zahidé L. Muzart, Escritoras
brasileiras do século XIX.
Anfrísia Santiago (1894-1970)
Educadora e historiadora



       Nasceu em 21 de setembro de
1894, na cidade de Salvador (BA).
Diplomada pela Escola Normal da Bahia
aos 16 anos de idade, dedicou-se durante
60 anos à educação. Exerceu o magistério
na rede oficial de ensino de 1911 a 1925,
quando se afastou prematuramente por
motivo de doença grave. Após seu
restabelecimento, lecionou língua
vernácula na Escola Normal da Bahia. Foi
diretora do departamento de Educação
do estado, Anísio Teixeira.
       Como historiadora, deu
importantes contribuições às pesquisas
históricas e genealógicas, colaborando
com diversos intelectuais de sua geração.
Foi sócia do Instituto Histórico e
Geográfico da Bahia e do Instituto
Genealógico da Bahia, participando
também da criação do Centro de Estudos
Baianos. Foi condecorada com o grau de
Cavaleiro da Ordem Nacional do Mérito
Educativo pelo presidente da República; e
com a medalha de prata da Ordem do
Mérito Educacional da Bahia, concedido
post-mortem pelo governo do estado.
       Faleceu em 27 de abril de 1970.

FONTES:
Jornal A Tarde, 17.9.1994, 20.9.1994,
22.9.1994 e 19.11.1994 – *Colaboração
especial de Maria Julia Alves de Sousa.
Cecilia Maria Bacellar Sardenberg
                                                                          Antropóloga




       Possui graduação em Antropologia        Antropológica, atuando principalmente
Cultural - Illinois State University (1977),   nos seguintes temas: estudos feministas,
mestrado em Antropologia Social -              estudos sobre mulheres e relações de
Boston University (1981) e doutorado em        gênero, feminismo e políticas públicas,
Antropologia Social - Boston University        gênero e desenvolvimento, gênero e
(1997). Atua como Professor Associado I        corpo.
no Departamento de Antropologia e no
Programa de Pós-Graduação em Estudos           FONTES:
Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero      http://lattes.cnpq.br/5848359202151995
e Feminismo-PPG-NEIM da Universidade
Federal da Bahia, sendo, atualmente,
coordenadora pelo NEIM do
PROCAD/CAPES com a Universidade
Federal de Santa Catarina. É membro
fundadora do NEIM-Núcleo de Estudos
Interdisciplinares sobre a Mulher,
Coordenadora Nacional do OBSERVE -
Observatório de Monitoramento da
Aplicação da Lei Maria da Penha, e líder
do grupo de pesquisa vinculado ao
OBSERVE.
       Vem atuando junto ao IDS-Institute
of Development Studies, Inglaterra, como
Coordenadora (2006/2011) do Grupo da
América Latina do Consórcio do
Programa de Pesquisas (Research
Programme Consortium - RPC) sobre o
Empoderamento das Mulheres (Pathways
of Women s Empowerment), financiado
pelo Department for International
Development - DFID da Grã- Bretanha, e
liderando o grupo de pesquisa do Projeto
Trilhas do Empoderamento e Mulheres.
       Tem experiência na área de
Antropologia, com ênfase em Teoria
Dinaelza Soares Santana Coqueiro (1949-74)
Ativista política, vitima da ditadura militar




       Nasceu em 22 de março de 1949           FONTES:
em Vitória da Conquista (BA). Era filha de     Ana Maria Colling, A resistência da mulher à
Junília Soares Santana e de Antonio            ditadura militar no Brasil;
Pereira de Santana. Estudou o primário e       Maria do Amparo Almeida Araujo et al.,
                                               Dossiê dos mortos e desaparecidos políticos
o secundário no interior da Bahia, em
                                               a partir de 1964.
Jequié, e, em 1969, foi estudar geografia
na Pontifícia Universidade Católica (PUC)
de Salvador. Era um ano de enorme
agitação no meio estudantil e Dinaelza
envolveu-se com a política fazendo parte
da comissão executiva do Diretório
Central dos Estudantes da Universidade e
militando no Partido Comunista do Brasil
(PC do B).
       Casou-se com Vandik Reidner
Pereira Coqueiro e, quando o PC do B
decidiu desencadear a luta armada no
interior do Brasil, ambos foram para a
região do Araguaia, em Xambiobá e
Marabá, local escolhido para o levante,
onde desapareceram no enfrentamento
com os militares.
       Seus companheiros a viram viva e
em liberdade pela ultima vez em 30 de
dezembro de 1973. o relatório do
Ministério do Exército diz que ela utilizava
os codinomes Dinorá e Maria Dina na
clandestinidade.
       Segundo informações dos
moradores da região, foi aprisionada por
tropas do Exército.
       Um relatório do Ministério da
Marinha diz que foi morta em 8 de abril de
1974.
Dinalva Oliveira Teixeira (1945-74)
                                       Ativista política e vítima da ditadura militar




         Nasceu em Argoin, município de        desapareceu após tiroteio no
Castro Alves (BA), em 16 de maio de 1945.      acampamento, onde estava gravemente
filha de Elza Conceição Bastos e de Viriato    enferma e em adiantado estado de
Augusto Oliveira, estudou em Salvador,         gravidez. Pelo depoimento de moradores
formando-se em geologia pela                   da região e de membros do Exército, teria
Universidade Federal da Bahia (UFBA), em       sido presa na serra das Andorinhas.
1 9 6 8 . Par ti ci po u do m o v i m e n to   Dinalva parece ter sido a última
estudantil com Antonio Carlos Monteiro         guerrilheira morta, após quatro meses de
Teixeira, seu colega de turma, com quem        perseguição das forças militares, o que,
se casou em 1969. os dois mudaram-se           de acordo com relatório do Ministério da
para o Rio de Janeiro (RJ) para                Marinha, aocnteceu em julho de 1974.
trabalharem no Ministério das Minas e
Energia.                                       FONTES:
         Militares do Partido Comunista do     Ana Maria Coling, A Resistência da mulher
Brasil (PC do B), em maio de 1970 embora       à ditadura militar no Brasil;
foram para a região do Araguaia                Maria do Amparo Almeida Araújo et al.,
participar do movimento armado                 Dossiê dos mortos e desaparecidos
desencadeado pelo par tido, que                políticos a partir de 1964.
pretendia formar um Exército Popular
Guerrilheiro. Os militares faziam
treinamento e mantinham contatos com
os camponeses para preparar a revolução
que, segundo esperavam, derrubaria o
regime militar. Na região, foi professora,
parteira, e também a única mulher da
guerrilha a ocupar o cargo de vice-
comandante de uma grupo militar, era
considerada uma estrategista da ação
armada. Por várias vezes, escapou do
cerco militar e o testemunho de ex-
guerrilheiros indica que se destacava pela
coragem e habilidade com as armas.
         A última vez que foi vista com vida
e em liberdade pelos companheiros foi no
dia 25 de dezembro de 1973.
Edith Mendes da Gama e Abreu (1903-82)
Educadora, escritora e feminista




         Nasceu em 13 de outubro de 1903,                Em nome da FBPF, fez gestões junto
em Feira de Santana (BA). Filha de Maria          ao governador baiano Juraci Magalhães
Augusta Falcão Mendes da Costa e de               para que este recomendasse à bancada
João Mendes da Costa, que foi prefeito            de seu estado vetar o projeto de lei do
dessa cidade entre 1931 e 1933. casou-se          general Goes Monteiro que vinculava o
com Jaime Cunha Gama e Abreu,                     cargo público à mulher que tivesse, como
paraense, engenheiro e professor da               o homem, a carteira de reservista. Apesar
Escola Politécnica da Universidade                de adversária política do governador,
Federal da Bahia. Cursou pedagogia,               conseguiu convencê-lo. Outra questão
filosofia e literatura e ciências sociais em      que demonstra seu talento para a
Salvador e no Rio de Janeiro.                     negociação foi sua atuação em face do
         Aos 15 anos, pronunciou sua              anteprojeto do Código Eleitoral, que
primeira conferencia, sob o título “A             apresentava restrições ao voto feminino.
Mulher”, no Grêmio Rio Branco, em Feira           Diante de sua argumentação, o relator,
de Santana. Com apenas 18 anos, presidiu          deputado João Cabral, retirou essas
a Federação Baiana pelo Progresso                 restrições.
Feminino logo que esta foi criada, em 9 de               Na eleição de 1933, foi convidada
agosto de 1922, e até o inicio da década          pelo partido Autonomista, de oposição a
de 1930. ao longo desses anos, tornou-se          Juraci Magalhães, a candidatar-se à
brilhante conferencista e uma das                 Assembléia Estadual Constituinte, mas
mulheres que mais batalharam pela                 recusou o convite, sugerindo o nome da
ampliação da cidadania feminina na                advogada Maria Luísa Bittencourt*, que
B a h i a . F o i t a m b é m d i re to r a d o   foi indicada e eleita para o cargo. Com a
Departamento de Ação Cultural da                  redemocratização do país em 1945, Edith
Federação Brasileira pelo Progresso               candidatou-se á Assembléia Legislativa
Feminino (FBPF*), membro do Conselho              da Bahia pela União Democrática
de Educação e Cultura do Estado da                Nacional (UND), mas não conseguiu se
Bahia, presidente da Sociedade Baiana de          eleger. Depois dessa tentativa frustrada
Combate à Lepra, da Pró-Mater da Bahia e          de obter um mandato político, dedicou-
conselheira do Abrigo de Salvador.                se a atividades literárias, jornalísticas e
Participou ativamente dos movimento               educacionais. Entrou para a Academia de
sociais ao lado de Bertha Lutz*, que              Letras da Bahia em 1938 e durante quase
conhecera por intermédio de Moniz                 44 anos teve ali destacado desempenho.
Sodré e Ana Amélia Carneiro de                    Publicou entre outras obras, Problemas
Mendonça*.                                        do coração (1971), A Cigana (1949), O
Edith Mendes da Gama e Abreu (1903-82)
                                                  Educadora, escritora e feminista




romance, estudo literário (1958), Um
baiano eminente (1971), Só mulheres
(colaboração, 1978), O que a vida me tem
dito (1978).
       Professora inspetora do ensino
secundário do Ministério da Educação e
Cultura junto a diversos educandários
baianos, formuladora da política
educacional do seu estado, Edith foi
também fundadora e professora
catedrática da Faculdade de Filosofia da
Bahia, criada em 1942. entrou para o
Instituo Histórico e Geográfico da Bahia,
onde realizou algumas pesquisas sobre
vultos femininos. Faleceu no dia 20 de
janeiro de 1982, deixando como exemplo
a sua luta para escapar do destino
reservado à maioria das mulheres
nascidas no começo do século XX.

FONTES:
Afrânio Coutinho, Brasil e brasileiros de hoje.
Aline Alcântara Costa, As donas no poder -
mulher e política na Bahia;
Arquivo da FBPF, cx 7; Edivaldo M.
Boaventura, Edith Mendes da Gama e Abreu,
1984.
Efigênia Veiga (séc. XIX)
Médica



       Terceira mulher a se formar em
medicina na Bahia, a quarta no Brasil.
Concluiu o curso no ano de 1890, na
Faculdade de Medicina da Bahia, onde
Rita Lobato e Amélia Pedroso Benebien já
haviam se formado desde 1887.

FONTES:
Adalzira Bittencourt, Dicionário
biobibliográfico de mulheres ilustres,
notáveis e intelectuais do Brasil; Sacramento
Blake, Dicionário bibliográfico brasileiro.
Francisca de Sande (? - 1702)
                                                                                Enfermeira



       Era filha de Clara de Sande e de         enfermeira do Brasil. Foi casada com o
Francisco Fernandes do Sim. Projetou-se         mestre-de-campo Nicolau Aranha
por sua atuação durante a epidemia de           Pacheco, com quem teve quatro filhos:
febre amarela que se alastrou na vila de        Pedro, Francisco, Maria Francisca e
Salvador, em 1686. enquanto toda a elite        Francisca Clara. Faleceu em 21 de abril de
fugia da então capital da colônia, com          1702 e foi sepultada no Convento da
medo de contágio, Francisca de Sande, já        Piedade.
viúva, fez de sua casa um improvisado
hospital onde cuidou de doentes                 FONTES:
provenientes da Santa Casa da                   Inês Sabino, Mulheres Ilustres do Brasil;
Misericórdia que, superlotada, não podia        Joaquim Manuel de Macedo, Mulheres
atender a mais ninguém. Era um nobre            célebres;
                                                A Tarde, 7.5.1946;
solar localizado na atual avenida Sete de
                                                Valentim Benicio da Silva, “A mulher na
Setembro, centro de Salvador.
                                                evolução do Brasil” Revista do IHGB, jul/1951;
       Recolhia também aqueles que
                                                Waldemar Matos, D. Francisca de Sande: a
preferiam se internar diretamente ali, e        primeira enfermeira do Brasil;
para todos providenciava tratamento,            Rocha Pita, História da América portuguesa.
pagando por sua própria conta médicos,
medicamentos e alimentação dos
pacientes. Documentos da época dizem
que gastou praticamente todo o
patrimônio, “constituído de bens
herdados dos seus pais e deixados por
s e u m a r i d o”, e q u e d i s p e n d e u
“considerável soma de galinhas, frangos,
camas, roupas e tudo o que podia ser
preciso para a saúde e asseio dos
doentes”.
       Francisca percorria a cidade,
acompanhada de seus escravos, pronta a
providenciar socorro. Passada a epidemia,
a população de Salvador e o rei de
Portugal agradeceram sua atitude
generosa. Por essa atitude, Francisca foi
considerada por alguns a primeira
Francisca Praguer Fróes (1872-1931)
Médica e feminista



       Nasceu em 1872, em Cachoeira, na        Rio de Janeiro no dia 21 de novembro de
Bahia. Era filha de Francisca Barreto          1931.
Praguer e do engenheiro de minas
Henrique Praguer. Sua mãe era uma              FONTES:
mulher inteligente e educada, que              Academia Literária Feminina do Rio Grande
ensinou a filha a lutar pela igualdade.        do Sul, 50 anos de literatura – perfil das
                                               patronas;
Francisca sempre afirmava ser “feminista
                                               Adalzira Bittencourt, Dicionário
por herança”.
                                               biobibliográfico de mulheres ilustres,
       Foi das primeiras mulheres a se
                                               notáveis e intelectuais do Brasil;
formar em medicina no Brasil, concluindo       Ana Alice A. Costa, As donas no poder;
o curso em 1893, na Faculdade de               Sacramento Blake, Dicionário Bibliográfico
Medicina da Bahia. Casou-se com João           brasileiro.
Américo Garcez Fróes, com quem teve
dois filhos, sendo um deles o médico e
poeta Heitor Praguer Fróes. Seus
trabalhos científicos atestam que foi uma
profissional muito eficiente: Estatística da
clinica obstétrica da Faculdade de
Medicina da Bahia (1903); Propriedades
galalotogênicas do extrato do algodoeiro
(1908); Secreção láctea suplementar e
profilaxia matrimonial; trabalhos
apresentados na Semana Médica do
Centenário da Bahia em 1923; Higiene e
maternidade (1931).
       Entusiasmada com a luta feminista
pelo direito ao voto, par ticipou
ativamente da Federação das Ligas para o
Progresso Feminino, na seção da Bahia,
que deu origem à Federação Baiana pelo
Progresso Feminino, vinculada à
Federação Brasileira pelo Progresso
Feminino (FBPF*). Além de médica e
militante da causa feminista, foi também
poeta de grande sensibilidade. Faleceu no
Glafira Ramos
                                                Farmacêutica



Primeira mulher baiana a se formar como
farmacêutica em 1892.

FONTES:
http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.js
f?id=858935
Henriqueta Martins Catharino (1866-1969)
Educadora



        Filha de Bernardo Catharino,         que Henriqueta tivesse uma primorosa
português, nascido na aldeia de Poyares      educação formal e uma extensa base
em 3 de julho de 1861 (falecido em 23 de     cultural, através de freqüentes viagens à
fevereiro de 1944), e de Úrsula Costa        Europa, principalmente à França. Estudou
Martins Catharino, nascida em 28 de          em casa com professores escolhidos
setembro de 1868 de tradicional família      pessoalmente por sua mãe e orientados
feirense (falecida em 9 de setembro de       pela professora Cândida Campos de
1924).                                       Carvalho, mulher de rígida formação
        Bernardo Catharino chegou ao         religiosa, aspecto fundamental para a
Brasil em 1875, com apenas 14 anos de        e d u c a ç ã o d e u m a j o v e m . Pa r a
idade, seguindo direto para a cidade de      complementar os conhecimentos, contou
Feira de Santana, onde obteve o seu          com a professora alemã Fraulein Louise
primeiro e único emprego na firma Costa      Von Schiller, que ministrava aulas de
e Irmão, chegando, em pouco tempo, a         alemão, inglês e francês e com Maria
sócio. Casou-se em 2 de fevereiro de 1883    Eulina e Sílvio Deolino Froes, professores
com Úrsula, com quem teve 14 filhos. Em      de piano, e Vieira de Campos, de desenho
1889, assumiu a direção da firma Moraes      e pintura. Foi essa múltipla e sólida
e Cia, transformando-a, em pouco tempo,      formação, aliada ao grande
na primeira do estado em termos de           reconhecimento e influência herdados da
capital e volume de negócios. Em 1912,       família, que alicerçou a obra de
assumiu a direção da Cia União Fabril da     Henriqueta Catharino.
Bahia, que estava em processo de                     Ainda não havia completado 30
falência, recuperando-a e tornando-a         anos, na primeira década deste século,
uma poderosa empresa industrial. Em          quando fundou a P.L.B.- Propaganda das
1932, fundiu a Cia Progresso Industrial da   Boas Leituras - espécie de biblioteca para
Bahia com a União Fabril da Bahia, que       empréstimo de livros, bem como as
passou a ser uma das maiores empresas        "Tardes de Costura", destinadas à
do Norte/Nordeste do país. Morreu em         confecção de roupas para pessoas
1944, deixando um exemplo de trabalho e      carentes. Destas duas experiências
abnegação, exemplo este que Henriqueta       nasceria o Instituto Feminino da Bahia. A
seguiu firmemente, haja vista a sua          participação do Instituto Feminino na
memorável frase : "Não nasci para vítima,    história da cidade tem início em 1923,
nem carpideira".                             com a criação da Casa São Vicente por
        A larga visão de seu pai, aliada à   Henriqueta Mar tins Catharino e
formação religiosa de sua mãe, permitiu      Monsenhor Flaviano Osório Pimentel, seu
Henriqueta Martins Catharino (1866-1969)
                                                                                   Educadora



primeiro idealizador, que tinha como        gênero na Bahia e de cunho
principal objetivo ser uma obra de          essencialmente regional.
"proteção à mulher que trabalha".                   Em 1933, por ocasião do
Funcionava como uma agência de              C o n g re s s o E u c a r í s t i c o N a c i o n a l ,
empregos e ministrava cursos de curta       organizou uma exposição de Arte Antiga
duração através da Escola Comercial         com peças doadas por famílias baianas, a
Feminina.                                   exemplo de bordados do século XVIII e
        Em 1924, com a morte de sua mãe,    XIX, vestidos antigos, jóias, imagens com
Henriqueta herdou um imóvel na praça        ricas alfaias, mobiliário etc. O êxito desta
da Piedade, para onde transferiu a Casa     exposição estimulou o prosseguimento
São Vicente, pois, com o crescimento da     das iniciativas culturais, ocorrendo à
obra, a sede tornara-se pequena. Em         presidente-fundadora a idéia de
março de 1928, a então Escola Comercial     "colecionar o que fez ou possuiu a mulher
e suas várias seções foi transferida para   baiana"; iniciava-se a partir de então o
um novo espaço, sendo no ano seguinte       atual acervo do Museu Henriqueta
oficializada pelo governo, quando passou    Catharino. Com a morte de Monsenhor
a se chamar Instituto Feminino da Bahia,    Flaviano em 1933, Henriqueta teve de
órgão de Utilidade Pública - sem fins       prosseguir sozinha em sua "missão".
lucrativos. Em 1950, já instalado em sua            Em 1937, Henriqueta iniciou a
sede definitiva, transformou-se em          construção da sede definitiva do Instituto
Fundação Instituto Feminino da Bahia. As    Feminino onde se transferiria em 1939,
atividades se multiplicavam,                ampliando de tal forma os seus atividades
principalmente nos cursos formais de        que se viu obrigada a subdividi-lo em três
Contabilidade, Ginasial e Secretariado -    departamentos: de Cultura, de Economia
os mais importantes.                        Doméstica e de Assistência Social. Ao
        Ao lado do rigor pedagógico         Departamento de Cultura, cabia a
aliava-se o seu pensamento cristão de "     Biblioteca, Museus, Escola Técnica de
tudo fazer para a maior glória de Deus".    Comércio Feminina, Ginásio Feminino,
Em 1931, com o objetivo de preservar a      curso de Secretariado, Auxiliar de
arte popular, Henriqueta Martins            Comércio, Escola de Datilografia, Cursos
Catharino adquiriu uma coleção de           de Línguas, Literatura, Taquigrafia,
escultura de madeira executada por          Mecanografia, Filosofia e Religião. Fazia
artistas populares de Santo Estevão de      parte do Departamento de Economia
Jacuípe, dando assim início ao futuro       Doméstica a Pensão São José, o
Museu de Arte Popular, primeiro do          Restaurante e os Cursos de Corte e
Henriqueta Martins Catharino (1866-1969)
Educadora



Costura e arte culinária, ficando ao               Henriqueta Catharino define-se como um
Departamento de Assistência Social a               paradigma que deveria ser seguido.
responsabilidade de auxiliar aos menos             Podemos também afirmar que foi um
favorecidos através da Casa de Férias              trabalho de vanguarda. Ao mesmo tempo
S a n t a Te r e z i n h a , a A g ê n c i a d e   em que correspondeu a importantes
Colocações, a Agência de Trabalhos, a              princípios morais de sua época, sua obra
Bethânia e o Círculo da Amizade.                   foi marcada por novas formas de definir
         Aos poucos, consubstanciava-se o          uma postura de preservação da memória
seu ideal cristão de amor ao próximo e             de uma sociedade, que começava a se
sua filosofia educacional, trabalhando             delinear nos meios acadêmicos europeus.
sem cessar na formação intelectual e                      Podemos, sem sombra de dúvida,
moral da mulher. Com o passar do tempo,            afirmar que a abordagem museológica
a importância do Instituto Feminino                aplicada em tão vasta coleção (15 mil
crescia e se solidificava cada vez mais,           peças) representou uma visão de futuro
como bem pode atestar as palavras do               na preservação da Memória Nacional e
escritor Érico Veríssimo em 1951,                  Baiana.
publicadas no Jornal da Bahia: "Não
conheço coisa igual em todos os colégios           FONTES:
do Brasil por onde andei e visitei. E não sei      http://www2.uol.com.br/modabrasil/bahia_li
se vi pelo menos igual nos Estados                 nk/museu/quem_e/index.htm
Unidos...”
         Bondade, abnegação, coragem e
modéstia foram os traços marcantes da
personalidade de Henriqueta, pela
constatação do seu desprendimento ao
colocar os seus bens particulares no
socorro e formação do seu semelhante.
Sua obra continua perpetuada até hoje,
pelo Museu Henriqueta Catharino -
Fundação Instituto Feminino, que cumpre
o papel social deixado pela Escola ,
fechada na década de 80. Difícil é separar
a história do Instituto Feminino da
história da Cidade do Salvador. Não só
isso, como a obra legada por D.
Ialorixá Mãe Stella de Oxossi (1925-)
                                                                       Mãe de Santo



        A Ialorixá Mãe Stella de Oxossi, do          Notabilizou-se por ser a primeira
terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, em Salvador,     iyalorixá de um terreiro tradicional a
recebe nesta quinta-feira, 10 de setembro     combater o sincretismo religioso com a
de 2009 o título de Doutora Honoris           Igreja Católica.
Causa da Universidade Estadual de Bahia              Em 1980 fundou o Museu Ohun
(Uneb).                                       Lailai: o primeiro de um terreiro de
        Maria Stella de Azevedo Santos,       candomblé, auxiliada pela psicóloga Vera
conhecida como Mãe Stella de Oxóssi, Iya      Felicidade de Almeida Campos, a Oni
Odé Kayode, (Salvador, 2 de maio de           Kowê do Opô Afonjá. É a presidente
1925) é a quarta filha de Esmeraldo           emérita do Instituto Alaiandê Xirê, de
Antigno dos Santos e Thomázia de              quem fora a presidente fundadora.
Azevedo Santos. Órfã em tenra idade, foi      Sacerdotisa de vanguarda é respeitada
adotada pela irmã de sua mãe D. Archanja      por suas idéias no longo do território
de Azevedo Fernandes, esposa do               nacional e muitos outros países. Tem
tabelião e proprietário de cartório José      proferido palestras e participado de
Carlos Fernandes.                             seminários em diferentes partes do Brasil
        É a Iyalorixá do Candomblé,           e do mundo.
religiões afro-brasileira. Mãe Stella foi            Em 2001 ganhou o prêmio
iniciada por Mãe Senhora em 1939 e            jornalístico Estadão na condição de
tomou posse como Iyalorixá do Ilê Axé         fomentadora de cultura.
Opó Afonjá por morte de Mãe Ondina de                Em 2005, ao completar oitenta
Oxalá. É a quinta sacerdotisa do              anos, recebeu o título de Doutor Honoris
Candomblé de São Gonçalo do Retiro,           Causa da Universidade Federal da Bahia. É
dirigindo o Opó Afonjá desde o dia 11 de      detentora da comenda Maria Quitéria
junho de 1976.                                (Prefeitura do Salvador), Ordem do
        Mãe Stella estudou no tradicional     Cavaleiro (Governo da Bahia) e da
colégio baiano Nossa Senhora                  comenda do Ministério da Cultura.
Auxiliadora, dirigido pela professora
soteropolitana D. Anfrísia Santiago. É        FONTES:
enfermeira aposentada (funcionária            http://www.culturabaiana.com.br/ialorixa-
pública estadual) formada pela Escola de      mae-stella-de-oxossi-doutor-honoris-
                                              causa-da-uneb/
Enfermagem da Universidade Federal da
Bahia, com especialização em Saúde
Pública. Exerceu a profissão por mais de
trinta anos.
Leolina Costa (1907-63)
Política



       Nasceu em 7 de novembro de 1907         1958 de Mozart Lago, que regulamentava
em Feira de Santana (BA), filha de Maria       os direitos civis da mulher casada. Este
Machado Barbosa e Deocacio Barbosa de          propunha a alteração de alguns artigos
Souza, e viveu em salvador, onde casou-        do decreto-lei nº 4.657 de setembro de
se aos 17 anos. Começou a desenvolver          1942, que define o homem como chefe da
trabalhos sociais na área de saúde ao lado     família. Com isso, Nita Costa acolheu no
médico obstetra Alfredo Magalhães, que         seu parecer uma das reivindicações do
criara o Instituto de Proteção e Assistência   movimento de mulheres terem seus
à infância da Bahia em 1929 ( atendendo        cargos nomeados no feminino, como, por
sobretudo mulheres e crianças carentes) ,      exemplo, “deputada”, “senadora”, “juíza”
do qual se tornou diretora com a morte         etc. candidatou-se, ainda em 1958, a um
do fundador. Leolina Barbosa de Souza          novo mandato pelo PTB, mas não
Costa ou Nita Costa, como era chamada,         conseguiu reeleger-se.
construiu e manteve, através de                       Esteve á frente do Instituto de
associados, comerciantes e industriais, o      Proteção e Assistência à Infância da Bahia
hospital infantil Alfredo Magalhães, na        até seus últimos anos de vida.
capital baiana.                                       Faleceu no dia 7 de março de 1963,
       Mais tarde, procurada por Antonio       em Nova Hamburgo (RS).
Simões, secretário de Saúde no governo
Régis Pacheco, não só cedeu uma ala do         FONTES:
Instituto para       construção de uma         Alzira Abreu e Israel Beloch, Dicionário
maternidade, como fez exaustivas               histórico-biográfico brasileiro- 1930-1981:
                                               Ana Alice Alcântara Costa, As donas no poder
viagens para garantir a aquisição do
                                               : mulher e política na Bahia.
material que viabilizasse seu
funcionamento. A maternidade acabou
recebendo seu nome e transformando-se
na maternidade-escola Nita Costa,
ficando a cargo do governo sua
manutenção, apesar de se encontrar no
prédio do Instituto que dirigia.
       Foi também fundadora do Partido
trabalhista Brasileiro (PTB) na Bahia,
sendo eleita, por essa Legenda, deputada
para Câmara Federa em 1954. Destacou-
se como relatora do projeto nº 3.915 de
Leolinda de Figueiredo Daltro (c.1860-1935)
                                                                         Feminista e indianista



         Nasceu na Bahia, em meados do              que se aproximava do interior, Leolinda ia
século XIX, e mudou-se para o Rio de                encontrando fortes resistências a sua
Janeiro (RJ), onde morou a maior parte de           proposta. A incorporação dos “silvícolas”
sua vida desempenhando um importante                à s o c i e d a d e , re s p e i t a n d o - s e a s
papel político como precursora              do      especificidades culturais desses povos,
feminismo e do movimento em prol dos                afetava os dois principais pilares do poder
índios no Brasil. Teve cinco filhos e criou-        no Brasil em fins do século XIX, que eram
os separada do marido.                              a Igreja e a propriedade latifundiária.
         Foi bem próxima do republicano                    Em razão de suas idéias, Leolinda
Quintino Bocaiúva e amiga pessoal de                sofreu em Uberaba toda sorte de
Orsina da Fonseca *, primeira mulher do             perseguições, chegando a ser
p re s i d e n te H e r m e s d a F o n s e c a .   escorraçada da cidade sendo chamada de
Apaixonada do presidente Hermes da                  “mulher do diabo”. Foi então para
Fonseca. Apaixonada pela idéia de                   Araguari,       cidade vizinha, ainda no
incorporar os índios brasileiros à                  Triângulo Mineiro, de onde iniciou uma
sociedade por meio da educação, usou de             longa viagem, que durou até 1897, pelos
todos os artifícios a seu alcance para, no          sertões de Goiás, atingindo fronteiras do
ano de 1896, iniciar o ambicioso projetos           maranhão e do Pará.
de percorrer o interior do Brasil                          Voltou ao Rio de Janeiro e fundou o
promovendo a alfabetização de tribos                Grêmio Patriótico Leolinda Daltro, com a
indígenas. A proposta de Leolinda era               finalidade de defender a alfabetização
ousada e inovadora. Naquela época, o                dos índios sem a interferência da Igreja.
debate público em torno da questão                  Representando esta entidade, Leolinda
pendia ora em favor da catequização                 passou a freqüentar as comemorações
acompanhada da completa aculturação                 cívicas, como o dia da Bandeira e o de
das tribos, ora favor da sumária                    Tiradentes sempre acompanhada de
eliminação das populações indígenas                 alguns indígenas que permaneciam a seu
remanescentes no Brasil.                            lado desde suas incursões pelo interior.
         Leolinda deixou os filhos com              Isto causava enorme repercussão na
parentes e viajou para o interior de Minas          imprensa, onde muitos se dedicavam a
Gerais , passando antes por São Paulo,              criticá-la e ridicularizá-la.
onde         encontrou       apoio , como                  Na década de 1910, Leolinda foi
fazendeiro e política republicano Eduardo           diretora da Escola de Ciências, Artes e
Prado, Horace Lane, Caio Prado, Martinho            Profissões Orsina da Fonseca, situada na
Prado e Elias fausto. Contudo, á medida             Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro.
Leolinda de Figueiredo Daltro (c.1860-1935)
Feminista e indianista



       Passou a dedicar-se intensamente        participação de cerca de 90 mulheres.
à causa feminista, que reivindicava                    A ousadia de Leolinda e de suas
conquista da cidadania plena para as           companheiras obteve os resultados
mulheres. Com base na omissão da               esperados, pois a polêmica em torno da
Constituinte de 1891 no que se refere ao       cidadania das mulheres tornou-se viva e
voto feminino, Leolinda requereu seu           real. Farta correspondência foi enviada
alistamento eleitoral, porém teve seu          por leitores aos grandes jornais cariocas
pedido recusado. Em protesto, fundou,          daquele periódico. O militar Turíbio
e m d e z e m b r o 1 9 1 0 , o Pa r t i d o   Rabioli, leitor do Jornal do Brasil, enviou
Republicano Feminino* , cujo objetivo era      carta furiosa e indignada em outubro de
mobilizar as mulheres na luta pelo direito     1918 a Carculista, que louvava o fato de
ao voto. Para tanto, contou com o apoio e      Maria José de se inscrever no concurso
o prestígio da primeira-dama Orsina da         público do Itamarati. Acusava também a
Fonseca. Em contrapartida, colaborou           professora Daltro e outras senhoras de
com a política nacionalista do presidente      estarem interessadas na “masculinização
Hermes da Fonseca, que havia instituído        do seu adorável sexo”. Em resposta, Laet
em 1908 uma nova lei de recrutamento           aconselhou o leitor a ouvir com mais
militar que permitiu que Leolinda              atenção o que reivindicavam. Ainda sobre
ajudasse na criação, dois anos mais tarde,     a questão de Maria José de Castro Rabelo,
da Linha de Tiro Feminino, na qual as          o jornal carioca A Rua trouxe, na edição de
mulheres poderiam receber treinamento          5 outubro de 1918, a menção desairosa
com armas de fogo.                             ao Partido Republicano Feminino.
       Por mais de uma década, Leolinda        Registros como estes comprovam que o
e suas companheiras de militância, entre       movimento alcançou uma grande
elas a poetisa Gilka Machado*, ocuparam        mobilização na capital        federal, pois
a cena política carioca colocando em           dividiu opiniões e aproveitou diversas
evidência a questão           do sufrágio      oportunidades para dar visibilidade à
comparecer a todos os eventos que              condição feminina no Brasil.
pudesses causar repercussão na                         Em 1919, já sem o apoio de sua
imprensa. O Partido Republicano                amiga Orsina da Fonseca, que falecera,
Feminino foi o movimento precursor na          Leolinda lançou-se candidata à
luta das mulheres brasileiras em prol do       Intendência Municipal do Distrito federal,
sufrágio e chegou, em novembro de              não conseguindo, contudo, formalizar
1917, a promover uma marcha pelas              sua candidatura. No decorrer dos anos 20,
ruas do centro do Rio de Janeiro, com a        foi se afastando da luta política e passou a
Leolinda de Figueiredo Daltro (c.1860-1935)
                                                    Feminista e indianista



se dedicar, exclusivamente, a seu trabalho
como educadora. Curiosamente, não
integrou a Federação Brasileira pelo
Progresso feminino* (FBPF), organização
política fundada por Bertha Lutz* em
1922. Logo após as mulheres terem
alcançado o direito ao voto, no ano de
1932, Leolinda declarou que morreria
feliz, pois vira vitoriosa pela emancipação
política da mulher.
        Fa l e c e u n u m d e s a s t re d e
automóvel em maio de 1935. Nesta
ocasião, a revista Mulher, editada pela
(FPB), homenageou-a, ressaltando seu
importante papel como precursora do
feminismo no Brasil, e lembrou que sua
luta se dera contra a mais cruel das armas
dos adversários das mulheres, o ridículo.

FONTES:
Conselho Nacional dos Direitos da Mulher
(CDM), A mulher e a Constituinte: O Globo,
8,12,1981;
Ilustração Brasileira, nº38, jun 1935: Jornal do
Brasil, 26.9.1918 e 03/10/1918;
June Hahner, A mulher brasileira e suas lutas
sociais e políticas;
Mulher. Opinião feminina Organizada, mal-
jun/1935;
S. Besse, Restructuring Patriachy.
Linda Rubim
Comunicadora e cineasta



      Possui graduação em Jornalismo
pela Universidade Federal da Bahia
(1975), doutorado em Comunicação pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro
(1999) e pós-doutorado pela
Universidade de Buenos Aires (2006).
Atualmente é Professora Adjunto IV da
Universidade Federal da Bahia. Tem
experiência na área de Comunicação, com
ênfase em Cinema e Televisão, atuando
principalmente nos seguintes temas:
cultura, comunicação, gênero, cinema,
televisão e representações.
Coordenadora do Centro de estudos
Multidisciplinares em Cultura da UFBA.

FONTES:
http://lattes.cnpq.br/3401953519109459
Lígia Bellini
                                             Historiadora



       Possui graduação em História pela
Universidade Federal da Bahia (1982),
mestrado em Ciências Sociais pela
Universidade Federal da Bahia (1987) e
doutorado em História pela Universidade
de Essex, Reino Unido (1992). Foi
pesquisadora no King’s College (1998-
1999 e 2010-2011) e Heythrop College
(2004-2005), da Universidade de Londres.
É professora da Universidade Federal da
Bahia; autora de A coisa obscura: mulher,
sodomia e Inquisição no Brasil colonial
(São Paulo: Brasiliense, 1989) e diversos
artigos sobre história da cultura do
mundo luso-brasileiro no período
moderno; e co-organizadora de Formas
de crer: ensaios de história religiosa do
mundo luso-afro-brasileiro, séculos XIV-
XXI (Salvador: EDUFBA; Corrupio, 2006) e
Tecendo histórias: espaço, política e
identidade (Salvador: EDUFBA, 2009).

FONTES:
http://lattes.cnpq.br/2961645329761650
Maria José de Castro Rebelo Mendes ( 1891-1936)
Primeira mulher a ingressar no Itamarati




         Nasceu no dia 20 de setembro de      inscrição.
1891 em Salvador (BA). Era filha de                  A recusa do Itamarati ganhou
Josefina de Castro Rebelo Mendes e do         repercussão pública quando sua família
advogado Raimundo Martins Mendes.             procurou Rui Barbosa para examinar
Recebeu da preceptora alemã Matilthe          juridicamente o caso. Sensibilizado com o
Schröeer a educação elementar, em sua         pleito de sua conterrânea, elaborou um
própria casa. Posteriormente, ingressou       parecer sobre a inconstitucional idade da
no Colégio Alemão, localizado no bairro       negativa do Ministério. Pressionado, o
do Rio Vermelho, em Salvador, onde se         ministro Nilo Peçanha acabou deferindo o
formou dominando os idiomas, alemão,          pedido de inscrição da candidata e o seu
inglês, francês e italiano.                   ato foi amplamente comentado na
         Em meados da década de 1910, a       imprensa. Os jornais começaram a tomar
repentina morte do pai no Rio de Janeiro,     partido: uns apregoavam o direito de
em circunstâncias mal esclarecidas,           Maria José e das mulheres a ocuparem
deixou a família em situação financeira       cargos públicos, outros criticavam
difícil. Sua mãe então abriu, com o auxilio   severamente o precedente aberto por
de Mathilthe Schröeder, uma pequena           Nilo Peçanha. No Jornal do Brasil, edição
escola em sua residência, garantindo          de 26 de setembro de 1918, o jornalista
assim o sustento de seus filhos menores.      Carlos de Laet comentou favoravelmente
         Maria José se mudou para casa de     o desfecho dado e noticiou as
parentes no Rio de Janeiro, onde estudou      manifestações públicas de apoio a Maria
e trabalhou dando aulas particulares.         José Rebelo organizadas por Leolinda
Soube através de um primo que haveria         Daltro* e suas colaboradoras.
concurso no Itamarati e, confiante no seu            Maria José teve um desempenho
bom preparo em línguas estrangeiras,          brilhante no dificílimo concurso. A
resolveu se matricular. Empenhou-se para      arguição oral foi realizada em sessão
superar as dificuldades nas matérias que      aberta, com auditório repleto: discorreu
não tinha tanto facilidade e passou a         com firmeza sobre todos os assuntos
freqüentar a Escola de Comércio,              propostos pela banca e classificou-se em
aperfeiçoando-se na datilografia e            primeiro lugar.
ampliando seus conhecimentos de                      Recebeu rasgados elogios, como
contabilidade e economia. Estudou             também críticas vorazes, como a do
sozinha as matérias de direito e, após        vespertino carioca A Rua, que colocava
tanto esforço, o Ministério das Relações      claramente a preocupação com o que
Exteriores não aceitou seu pedido de          chamou de marcha do feminismo no
Maria José de Castro Rebelo Mendes ( 1891-1936)
                                             Primeira mulher a ingressar no Itamarati




Itamarati. Um leitor do Jornal do Brasil, o        nomeado conselheiro na Bélgica e não
militar Turíbio Rabioli, enviou carta se           era permitido a ela, por determinação
manifestando ferozmente contra a                   administrativas, assumir cargo na mesma
posição assumida pelo articulista Carlos           representação que o marido.
de Laet em defesa de Maria José e                         Maria José faleceu no Rio de
indagado aos outros leitores o que                 Janeiro em 29 de outubro de 1936.
sucederia em termos de autoridade no lar                  Em 1938, o então chanceler
se uma funcionária pública viesse a se             Oswaldo Aranha proibiu o ingresso de
casar com outro funcionário, inferior na           mulheres nos quadros do Ministério das
hierarquia. Dizia ainda que os defensores          Relações Exteriores. Somente em 1953,
da jovem baiana nada mais desejavam do             Sandra Maria Cordeiro de melo obteve
que “masculinizar o belo sexo”                     uma liminar na Justiça contra esse veto,
       Alheia a toda essa polêmica, Maria          prestando concurso e ingressando no
José assumiu as funções no Itamarati,              Instituto Rio Branco, criando, assim,
onde sempre manteve seu estilo discreto.           jurisprudência sobre o assunto. O
Em 1921, entrevistada pelo jornal A Noite,         processo de Sandra Maria fez com que,
respondeu que caso viesse a se casar, só           em dezembro de 1954, fosse aprovada
continuaria trabalhando se fosse                   pelo Congresso Nacional a lei que
necessário para complementar o                     garantiu, definitivamente, o acesso das
orçamento familiar e enalteceu o papel da          mulheres à carreira diplomática.
mulher companheira, fiel e mãe
extremosa. Casou-se, em 1922, com                  FONTES:
Henrique Pinheiro de Vasconcelos,                  Arquivo privado da família: Correio da
diplomata que fizera parte da banca de             Manhã, 2.10.1918 e 7.10.1918;
                                                   Jornal do Brasil, 26.9.1918 e 3.10.1918; Jornal
seu concurso para o serviço diplomático.
                                                   do Brasil, 26.9.1918 e 3.10.1918;
       Logo após o casamento, seu
                                                   A Noite, 5.7.1921;
marido foi indicado para representação
                                                   A rua, 5.10.1918;
brasileira na Alemanha, e Maria José               Entrevista com Lara e Iolanda Pinheiro de
solicitou licença no Ministério para               Vasconcelos (filhas) em 13.10.1998.
a c o m pa n h á - l o . U m a n o d e p o i s ,
retornaram ao Brasil, onde viveram por
mais 10 anos e tiveram cinco filhos; um
deles, Guy, seguiu a carreira diplomática.
Em 1934, pediu sua aposentadoria do
serviço público, pois Henrique foi
Maria Luísa Bittencourt (1910-)
Primeira deputada estadual da Bahia




          Nasceu em 1910, em Paripe,                 mulheres, que, como nos outros estados,
subúrbio de Salvador (BA), filha de Isaura           promovia desde 1933 campanhas
Dória Bitterncourt e de Luis de Lima                 eleitorais e acompanhava o desenrolar
Bitterncourt. Diplomou-se pelo Colégio               das eleições.
Pedro II (RJ), ingressando na Faculdade de                  No pleito de 1934, seu nome foi
Direito da Universitária Feminina e                  indicado para concorrer a uma vaga de
p a r t i c i p o u d o C o n g r e s s o Pe n a l   deputada estadual numa lista tríplice.
Penitenciário Brasileiro, onde apresentou            Apoiada pelo grupo de Juracy Magalhães,
a tese “ Reformatório de Mulheres                    interventor da Bahia, candidatou-se às
criminosas”. Esse mesmo trabalho oi                  eleições para Assembléia Legislava.
enviado a um evento sobre o tema                     Elegeu-se como primeira suplente do
realizado em Praga em 1930.                          deputado Humberto Pacheco Miranda e
          Desde seus 20 anos era filiada à           assumiu o mandato em maio de 1935
Federação Brasileira pelo Progresso                  após seu afastamento, tornando-se uma
Feminino*, que conhecera na faculdade.               das nove primeiras deputadas estaduais
Passou a participar das atividades                   brasileiras logo após a conquista do voto
promovidas por essa organização,                     feminino.
destacando-se no Congresso                                  Participou do grupo responsável
Internacional Feminista realizado no Rio             pela elaboração do texto da Constituinte
de janeiro em 1931, onde apresentou                  estadual, sendo relatora dos capítulos
uma tese sobre o regime de família no                referentes à educação       e à ordem
Direito Civil Brasileiro, e na II Conferencia        econômica e social. Após concluir a carta,
Nacional de Educação, em 1932, quando                viajou para fazer uma especialização, em
expôs seus trabalhos acerca do ensino                meados de 1935, em direito
primário, no qual propunha a                         constitucional e finanças públicas na
regulamentação da divisão de                         Universidade de Radcliffe, nos Estados
competência entre a União e os estados.              Unidos, voltando a tempo de elaborar
          Voltou a Bahia e integrou-se ao            outros projetos como a criação do
movimento feminista local. Foi secretário-           Instituto de Fomento Econômico. Além
geral da II Convenção Feminista Nacional,            disso, ainda como membro da FBPF,
realizada em Salvador em 1934, e                     redigiu a proposta de reformulação do
presidente da Comissão de Trabalho                   estatuto jurídico da mulher brasileira,
referente ao Direito Constitucional.                 defendido no III Congresso Nacional
Presidiu ainda a Liga Eleitoral                      Feminista realizado no Rio de Janeiro em
Independente da Bahia, formado por                   outubro de 1936. Esse documento ficou
Maria Luísa Bittencourt (1910-)
                                                Primeira deputada estadual da Bahia




conhecido como Estatuto da mulher e
serviu de base para o projeto de lei que
Bertha Lutz, eleita deputada federal,
apresentou no ano seguinte no legislativo
federal.
       A atuação parlamentar de Maria
Luisa foi breve, interrompida pelo golpe
do estado Novo que fechou o legislativo
em novembro de 1937. Considerada por
sua Inteligência e habilidade, defendeu
ardorosamente a democracia no último
discurso proferido no plenário da
Assembléia legislativa do estado da Bahia.

FONTES:
Ana Alice Alcântara costa, As donas no poder
_ mulher e política na Bahia;
Bahia, As cartas de ontem, 1891 a 1967: FBPF,
Boletim, out/ 1934, dez/1934, set/1936.
Marieta Alves (1892-1981)
Historiadora



       Nasceu em 22 de outubro de 1892,        Janeiro, publicando obras de referência,
na cidade de Salvador (BA). Maria Amália       dentre elas Mestres e ourives de ouro e
de Carvalho Santos era filha de Capitolina     prata da Bahia, editado pelo Museu do
Neves dos Santos e de Isaías de Carvalho       Estado da Bahia em 1962, História arte e
Santos conhecido advogado em seu               tradição da Bahia (1947), Folhas mortas
tempo. Recebeu primorosa educação              que ressuscitam (1975), o Dicionário de
intelectual, tendo estudado no Instituto       artistas e artífices da Bahia (1976), bem
Maria Gomes e se especializado em              como Intelectuais e escritores baianos –
francês, desenho e piano.                      breves biografias (1978). Escreveu ainda
       Começou a escrever em 1915, na          um livro sobre associação Comercial da
revista A Voz, periódico fundado e             Bahia.
dirigido por Amélia Rodrigues*, do qual               Márcia Alves, além de sócia do
foi secretária de redação. Entre 1933 e        Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e
1945, colaborou para a revista ilustrada       titular da cadeira nº 22 do Instituto
Excelsior, do Rio de Janeiro, usando o         genealógico da Bahia, foi correspondente
pseudônimo de Maria Betânia. Lecionou          do Instituto Histórico e Geográfico de São
no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, da       Paulo, que lhe conferiu a Medalha
educadora Anfrísia Santiago*, e no             Cultural Imperatriz Leopoldina. Participou
colégio da Soledade, voltando seus             ativamente das atividades do Instituto
interesses para o campo da história. Em        Feminino, fundado e dirigido pela
1942, já conhecida por seus trabalhos          educadora baiana Henriqueta Martins
nessa área, foi convidada pela Mesa de         Catharino*. Foi professora, secretaria e
Ordem Terceira de São Francisco para           oradora dessa instituição, contribuindo
escrever a história da instituição, trabalho   para organização dos museus de Ate
que resultou em importante livro,              Antiga e de Arte Popular, hoje Museu
publicado em 1947 com o título História        Henriqueta Catharino, importante
da Venerável Ordem Terceira da                 patrimônio cultural da cidade de Salvador.
Penitência do Seráfico Padre São               Por sua intensa atividade intelectual, o
Francisco da Congregação da Bahia.             governo do estado concedeu-lhe a
       Entre 1957 e 1961, escreveu cerca       Medalha do Mérito da Bahia, no grau de
de 300 artigos para o jornal baiano A          cavaleiro.
Tarde. Além de numerosos trabalhos                    Faleceu em 10 de fevereiro de 1981,
apresentados em congressos e                   no Rio de Janeiro.
seminários, participo intensamente da
vida intelectual da Bahia e do Rio de
Marieta Alves (1892-1981)
                                                             Historiadora



FONTES:
A Tarde, 12 e 22,2,1981, 10,3,1981, 21 e
22,10,1992 - *Colaboração especial de Maria
Júlia Alves de Sousa.
Mary Castro
Socióloga




         Possui graduação em Ciências                 até 2007.
Sociais pela Universidade Federal da                        Tem experiência na área de
Bahia (1968), mestrado em Sociologia da               Sociologia, Estudos Culturais e
Cultura pela Universidade Federal da                  Demografia, atuando principalmente nos
Bahia (1970), mestrado em Planejamento                seguintes temas: juventude, migrações
Urbano e Regional pela Universidade                   internacionais, gênero, família, mulher,
Federal do Rio de Janeiro (1979) e                    feminismo, identidades e cidadanias,
doutorado em Sociologia - University of               modernidade e pós-modernidade e
Florida (1989). Atualmente é professora               metodologia de pesquisa. É pesquisadora
aposentada e pesquisadora associada da                CNPq com bolsa produtividade a partir
Universidade Federal da Bahia,                        01.03.2010.
pesquisadora associada da Universidade
Estadual de Campinas/Centro de Estudos                FONTES:
de Migrações Internacionais; professora -             http://lattes.cnpq.br/5471996580293552
pesquisadora da Universidade Católica de
Salvador-Mestrado e Doutorado em
Família na Sociedade Contemporânea e
Programa de Mestrado em Politicas
Sociais e Cidadania; coordenadora do
Grupo Núcleo de Estudos e Pesquisas de
Juventudes, Identidade, Cidadania e
Cultura-NPEJI; membro da Comissão
Nacional de População e
Desenvolvimento; e pesquisadora da
FLACSO-Brasil.
         Foi de 2006-2010 consultora da
R I T L A - Re d e I b e ro - a m e r i c a n a d e
Tecnologia da Informação; pesquisadora
visitante no Centro de Estudos
Portoriquenhos do Hunter College, New
York; e bolsista da Rockfeller Foundation
para estudos de pós-doutorados na
Universidade de Campinas. Foi membro
do Conselho Nacional de Juventude e do
Conselho Nacional de Direitos da Mulher
Niomar Muniz Sodré (c.1916-)
                                                             Jornalista e Empresária




       Niomar Muniz Sodré Bittenourt          processada pela Justiça Militar em 1970,
nasceu em Salvador (BA), filha de Maria       mas conseguiu ser absolvida.
Argola Muniz e Antônio Muniz Sodré de          Em setembro de 1969 já havia desistido
Aragão. Aos 14 anos, quando estudava no       do jornal, submetido então a tremendas
Rio de Janeiro, Niomar começou a              pressões políticas e econômicas;
escrever crônicas, contos e a colaborar em    arrendou-o a um grupo empreiteiro e
jornais. Aos 15 aos, fugiu de casa para se    despediu-se com um artigo que
unir a um primo-irmão, Hélio, com quem        terminava assim “(...) não tenho no
teve seu único filho, Antônio.                momento mais lugar neste país para
       Em 1936, seu pai era diretor do        continuar minha missão, pois entre nós é
importante jornal carioca Correio da          proibido se gente”. Em 1974, depois de
Manhã e apresentou- a Paulo Bittencourt,      longas temporadas em Paris, Niomar
o proprietário. Ela imediatamente pediu       recusou-se a receber o jornal, muito
para colaborara no jornal; seis meses         endividado, antes que terminasse o
depois separava-se do marido para se          contrato, e o Correio da Manhã fechou.
casar com Paulo, vinte anos mais velho.              Em 1985, Niomar recebeu a
       A fundação do Museu de Arte            Medalha Pedro Ernesto, da Câmara de
Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, em           Vereadores do Rio de janeiro, e o título de
1948, foi uma tarefa a que Niomar se          Cidadã do Rio de Janeiro, da Assembléia
dedicou com toda sua energia. Foi             Legislativa do Estado. O grande
diretora-executiva do MAM durante dez         homenagem, à qual estiveram presentes
anos e depois presidente de honra e           expressivas autoridades do cenário
membro do conselho. Em 1963, com a            político nacional.
morte de Paulo Bittencourt, Niomar
assumiu a direção do Correio da Manhã.        FONTES:
       Embora tenha apoiado o golpe           Alzira e Israel Beloch (coord.), Dicionário
militar de 1964. o jornal foi o primeiro a    histórico-biográfico brasileiro;
lutar pela restauração da democracia no       Jornal do Brasil, 14.3.1969;
                                              Correio da manhã, 7.6.1969, 11.9.1969,
país e a denunciar arbitrariedades e
                                              9.6.1974;
tor turas a presos políticos. Em
                                              O Globo, 9.7.1978;
conseqüência, Niomar foi presa e teve
                                              Isto É, 27.11.1985.
seus direitos políticos cassados. Sua
resistência às ingerências dos militares no
Correio da Manhã ficou conhecida nos
meios jornalísticos e, em decorrência, foi
Violante Atalipa Ximenes Bivar e Velasco (c.1816-74)
Pioneira no jornalismo




        Nasceu na Bahia, em 1º de                   Violante foi considerada por
dezembro de 1816 ou 1817. Seus pais           Joaquim Manuel de Macedo e Afonso
eram Violante Lima de Bivar e o               Costa como a primeira jornalista
conselheiro imperial Diogo Soares da          brasileira, já que Joana Paula era
Silva de Bivar.                               nacionalidade argentina. O historiador
        Recebeu uma educação refinada e       Barros Vidal no livro História e evolução
bem cedo aprendeu o francês, o italiano e     da imprensa brasileira afirma que: “ Com
o inglês. Mudou-se com a família para o       Violante Bivar nasceu também a primeira
Rio de Janeiro, onde se tornou figura de      compreensão, entre nós, do problema da
projeção social nos salões da Corte. Com      emancipação feminina”.
cerca de 20 anos, traduziu a peça O xale            Faleceu a 25 de maio de 1875. No
de Casemiro verde, de Alexandre Dumas e       Rio de Janeiro.
Eugênio Sue, o que lhe valeu a entrada no
grêmio do Conservatório Dramático Rio         FONTES:
de Janeiro.                                   Eliana Vasconcelos, in “Violante de Bivar e
        Casou-se com um oficial da            Velasco”, in Zahidé L. Mozart, Escritoras
                                              brasileiras do século XIX;
marinha, o tenente João Antônio
                                              Maria T.C Crescenti Bernardes, Mulheres de
Boaventura Velasco. Em meados da
                                              ontem?;
década de 1840, conheceu a argentina
                                              Olmio barros Vidal, Precursoras brasileiras.
Joana Paula Manso de Noronha*, que
lançou, em 1852, o primeiro jornal
redigido por mulheres, O jornal das
Senhoras. Violante começou como
colaboradora, mas seis meses depois já o
dirigia. Em 1855, deixou o jornal.
        Publicou, em 1859, uma coletânea,
Algumas traduções das línguas francesa,
italiana e inglesa, com prefácio de Beatriz
Francisca de Assis Brandão*. Em 1865,
sofreu a perda de seu pai e, pouco depois,
também seu marido faleceu. Retornaria
ao mundo das letras, oito anos depois, ao
criar o jornal O Domingo, seguindo a linha
do antigo periódico. O último número de
O Domingo foi o de 9 de maio de 1874.
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Catálogo_Mulheres cientistas na/da Bahia

  • 2. Coordenadora do Projeto Suely Aldir Messeder Estagiária Alaine Priscila Matos Espínola Projeto Gráfico, Projeto Visual e Editoração Amanda Lima Amaral Miguel
  • 3. Apresentação A história do Brasil é contada à luz de homens que o exploraram e o desbravaram, além de outros que se saíram vitoriosos em lutas por independência, lutas religiosas e atuações com visibilidade cultural e cientifica. Nada se fala sobre mulheres que descobriram e dominaram províncias, que compravam escravos para libertá-los, que perdiam fortunas para salvar uma população inteira da peste na Bahia, nem daquelas que fizeram ciência no século XIX. Essa mesma história é a que durante muito tempo proibiu mulheres de atuarem em espaços públicos e/ou omitirem sua participação enquanto cidadã e continua, mesmo no século XXI, concentrando nas mãos de homens a produção do conhecimento e tecnologias. Embora a visibilidade na produção de saberes seja predominantemente masculina, além de haver dificuldades de inserção do gênero feminino nos centros de produção cientifica, sabemos que existiram mulheres que transgrediram esses espaços. Infelizmente, os resquícios do machismo impedem a visibilidade dessas cientistas, as quais são excluídas do processo de formação e desenvolvimento do nosso país. Por isso, o conhecimento das mulheres que ajudaram a formar o Brasil é recontar sua história e democraticamente, dar visibilidade a artistas, cientistas, políticas, índias e negras escondidas pela bibliografia oficial. Sob essa perspectiva de apagamento social do gênero feminino e, sobretudo, denunciando o androcentrismo presente em nossa e muitas sociedades, surge o Catálogo de Mulheres Cientistas vinculado ao Projeto intitulado Mapeamento das Mulheres Cientistas no Estado da Bahia, coordenado pela Professora Doutora Suely Messeder.
  • 4. O Projeto Em 2000, Schuma Schumaher publica pela Editora Jorge Zahar o Dicionário de Mulheres do Brasil com o intuito de tornar visível o papel da mulher na construção do nosso país. O projeto foi elogiado e apontado como um dos primeiros passos para a democratização do conhecimento no Brasil. Dez anos depois, o Museu de Ciências e Tecnologias do Estado da Bahia publica uma exposição intitulada “Ciência com Dendê”, com a finalidade de tornar público cientistas baianos que contribuíram para a história da ciência. Surpreendentemente, essa publicação só contemplou cientistas homens. A mostra “Ciência com Dendê” é uma prova que, mesmo com tantas discussões de gênero, democracia, teorias feministas, entramos no século XXI e a atuação, o saber, a fala e o olhar feminino na história do país permanecem excluídos. Assim, o Projeto nasce e sob a óptica reflexiva entre esses dois eventos pensamos: poderia questionar-se aos organizadores que homenagearam estes cientistas se eles ou elas tinham conhecimento da existência de mulheres no fazer cientifico? Ou se eles/as atendiam a ciência androcêntrica? Ou se eles/as apenas invisibilizaram intencionalmente as mulheres? Essas e outras questões conduziram o Projeto Mapeamento das Mulheres Cientistas no Estado da Bahia cujo resultado é o Catálogo de Mulheres Cientistas.
  • 5. Metodologia Apesar do Dicionário de Mulheres ser uma grande publicação e referencia para o nosso Projeto, ele não agrupa o fazer cientifico das mulheres ali expostas. Isso porque o labor cientifico das mulheres cientistas não foi o objetivo desta publicação. Por isso, em junho de 2010, iniciamos a pesquisa Mapeamento das Mulheres Cientistas do Estado da Bahia, para identificar as mulheres baianas ou aquelas que trabalham na Bahia que atuam e/ou atuaram nas grandes áreas do conhecimento. A metodologia aplicada consistiu em pesquisas na internet, considerando os órgãos e as fundações de pesquisa do governo do estado da Bahia e do governo federal. Além das visitas exploratórias aos núcleos de pesquisa das universidades baianas e entrevistas com professores/as pesquisadores/as, coordenadores/as de colegiado e diretores/as de departamento da UNEB. O resultado parcial desta pesquisa detectou um total de 715 professoras pesquisadoras trabalhando nas instituições públicas de nível superior da Bahia. Se a conclusão de dois meses de pesquisa revelou 715 pesquisadoras atuantes em 2010 – só no Estado da Bahia –, imaginem quantas mulheres contribuíram para o desenvolvimento deste país? Quantas Francisca Fraguer Froés não são lembradas? Até quando as referencias femininas ocuparão o lugar de irrelevância em nossa sociedade? Como tornar visível a produção das mulheres no mundo da Ciência? É no discurso teórico-metodológico da Teoria Feminista que se identifica e torna-se possível a produção das mulheres no mundo das ciências. O conhecimento da Teoria Feminista possibilita a crítica à ciência patriarcal, ao sexismo e a necessidade de uma revisão histórica que possibilite a visibilidade das mulheres. Nesta construção, critica-se ao androcentrismo, constata-se a segregação hierárquica e institucional, revela-se a necessidade de outras visões e da consideração outros valores, questiona- se o mito da neutralidade e a visão onisciente da razão.
  • 6. Sumário 1. Alda Motta 2. Amélia Rodrigues 3. Ana Alice Costa 4. Ana Célia da Silva 5. Ana Ribeiro 6. Anfrísia Santiago 7. Cecília Sardenberg 8. Dinaelza Soares Santana Coqueiro 9. Dinalva Oliveira Teixeira 10. Edith Mendes da Gama e Abreu 11. Efigênia Veiga 12. Francisca Praguer Fróes 13. Glafira Ramos 14. Henriqueta Martins Catharino 15. Ialorixá Mãe Stella de Oxossi 16. Leolina Costa 17. Leolinda de Figueiredo Daltro 18. Linda Rubim 19. Lígia Bellini 20. Maria José de Castro Rebelo Mendes 21. Maria Luísa Bittencourt 22. Marieta Alves 23. Mary Castro 24. Niomar Muniz Sodré 25. Violante Atalipa Ximenes Bivar e Velasco
  • 7. Alda Britto da Motta Socióloga Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (1967), mestrado em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (1977) e doutorado em Educação pela Universidade Federal da Bahia (1999) . Atualmente é Professor e Pesquisador da Universidade Federal da Bahia. Tem experiência na área de Sociologia. Atuando principalmente nos seguintes temas: Idosos, Gênero, Educação continuada. FONTES: http://lattes.cnpq.br/0837207761621512
  • 8. Amélia Rodrigues (1861 - 1926) Escritora, jornalista e educadora Nasceu em 26 de maio de 1861, na Fidelis, Amélia viveu alguns anos em freguesia de Oliveira dos Campinhos, na Niterói (RJ), retornando a Salvador meses cidade de Santo Amaro (BA). Mesmo sem antes de sua morte, em 22 de agosto de disporem de recursos, seus pais, Maria 1926, aos 65 anos de idade. Ro q u e l i n a e F é l i x Ro d r i g u e s , a encaminharam para os estudos primários FONTES: com o padre Alexandrino do Prado. Com Lizir Arcanjo Alves (org.), Mulheres Escritoras 12 anos, escreveu os primeiros poemas e, na Bahia. As Poetisas (1822-1918); Nova Era, 6.5.193; aos 18, já os publicava em periódicos na ATarde, 27.51961,28.5.1961,11.8.1998 e Bahia. 28.11.1988 * Colaboração Especial de Maria Classificou-se em primeiro lugar Júlia Alves de Souza. em concurso público para professora primária, começando a lecionar e Arraial da Lapa. Em 1883, transferiu-se para sua cidade natal e, nesse mesmo ano, foi publicado “Filenila”, seu primeiro grande poema. Começava assim, aos 22 anos, sua intensa atividade literária, escrevendo vários poemas, peças teatrais, romances, ensaios e artigos. Em 1891, foi nomeada para uma cadeira no magistério público de Salvador. Na capital baiana, criou o Instituto Maternal, que gozaria de excelente reputação na época. Publicou a obra poética Bem-me- queres em 1906, além de textos infantis. Aposentada, continuou colaborando ativamente na imprensa baiana. Fundou, com uma editoria só de mulheres, a revista A Paladina e o periódico A Voz, da Liga das Senhoras Católicas, de circulação nacional. Escreveu ainda para diversas revistas, como O Pantheon, O Álbum, A Renascença e O Livro. Também colaborou para jornais, sob o pseudônimo de Juca
  • 9. Ana Alice Alcantara Costa Socióloga Possui graduação em Ciências FONTES: Sociais pela Universidade Federal da http://lattes.cnpq.br/7859802314913314 Bahia (1975), mestrado em Sociologia pela Universidad Nacional Autonoma de Mexico (1981), doutorado em Sociologia Política também pela Universidad Nacional Autonoma de Mexico (1996) e Pós-doutorado no Instituto de Estudios de la Mujer da Universidad Autonoma de Madrid (2004). Professora Associada do Departamento de Ciências Políticas da Universidade Federal da Bahia, do Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo (PPGNEIM) e do Programa de Pós-Graduação em História (PPGHist), também pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher, órgão suplementar da UFBa. Bolsista (2006/2011) do Consórcio do Programa de Pesquisas (Research Programme Consortium - RPC) sobre o Empoderamento das Mulheres (Pathways of Women s Empowerment), financiado pelo Department for International Development - DFID da Grã- Bretanha. Tem experiência na área de Ciência Política, com ênfase em Atitude e Ideologias Políticas, atuando principalmente nos seguintes temas: gênero, cidadania, condição feminina, comportamento político, políticas publicas e feminismo.
  • 10. Ana Celia da Silva Pedagoga Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Federal da Bahia (1968), Mestrado em Educação pela Universidade Federal da Bahia (1988) e Doutorado em Educação pela Universidade Federal da Bahia (2001). Fez curso de Especialização em Introdução aos Estudos Africanos em 1986 pelo Centro de Estudos Afro Orientais/UFBA, com duração de 640 horas. Atualmente é professor Adjunto da Universidade do Estado da Bahia. no Departamento de Educação, Campus I e no Mestrado em Educação e Contemporaneidade. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Currículos Específicos para Níveis e Tipos de Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: estereótipos em relação ao negro no livro didático de Língua Portuguesa das séries iniciais, desconstrução, representação social do negro nos livro didático de Língua Portuguesa das séries iniciais e educação das relações étnicos raciais. Eleita Membro Titular do Conselho Estadual de Cultura, referendada pela Assembléia Legislativa em 18 de outubro de 2007, para compor a Câmara de Política Sócio Cultural, publicado no D. O. de 18 de outubro de 2007. (Texto informado pelo autor) FONTES: http://lattes.cnpq.br/7501565836028985
  • 11. Ana Ribeiro (1843-1930) Escritora Nasceu em 31 de janeiro de 1843, Com seus três filhos já crescidos, e depois em Vila de Itapicuru (BA), filha de Ana da morte de seu pai, começou sua fértil Maria da Anunciação Ribeiro, mulher produção literária. Seus primeiros escritos instruída e religiosa, e de Matias de Araújo datam de 1875 e, na década seguinte, Góis. Aos dois anos mudou-se com a encontram-se vários artigos seus família para Catu, cidade do recôncavo publicados em periódicos regionais, com baiano. A infância e a adolescência de Ana a Gazeta de Noticias, de Salvador, A Ribeiro de Góis Bittencourt foram Verdade, da cidade de Alagoinhas e o marcadas por uma conjuntivite mal Almanaque de Lembranças Luso- diagnosticada, que só aos 20 anos foi Brasileiro. O primeiro livro de ficção, A curada. Sua educação não era sistemática, filha de Jephté, foi editado em 1882 e, do tendo sido alfabetizada por sua mãe. Aos mesmo período, Anjo do perdão sai 10 anos, começou seus estudos regulares publicado no formato de folhetim em com duas filhas de famílias amigas, jornais da Bahia. aprendendo línguas, literatura e música, Ao analisarem a vida e obra de Ana como convinha de sua época. Ribeiro, Nanci Fontes e Ívia Alves A inflamação nos olhos fez com levantam a hipótese de que a rigidez do que Ana passasse longos períodos de pai, homem acostumado a ser obedecido, isolamento no escuro de seu quarto. foi mais determinante do que as Vieram daí o gosto pela narração, a obrigações domésticas para explicar o capacidade de memorizar histórias tardio ingresso de Ana na literatura. ouvidas e as longas conversas solidárias, Mesmo considerando o relativo atraso experiências que despertaram para o inicio de sua atividade como naturalmente seu talento para a ficção. autora, ela escreveu, até a década de Aos 22 anos, após sofrer a perda de 1920, sete romances, vários contos, seu primeiro noivo, vitima da tuberculose, artigos e poesias. Seus textos são casou-se com o estudante de medicina impregnados de religiosidade e de Sócrates de Araújo Bittencourt. O casal foi modelos éticos destinados às jovens. Em morar em Salvador, onde Ana completou revistas católicas, como O Mensageiro da seus estudos e pôde vivenciar a Fé, publicou artigos sobre feminismo e estimulante vida cultural na capital baiana cidadania, defendendo a educação para da época do poeta Castro Alves. Em 1868, as mulheres como um valor universal. Nos o agravamento do estado de saúde do pai seus últimos anos, escreveu seu livro de de Ana fez com que voltassem a viver no memórias. Longos serões no campo, engenho da família, em Catu. título dado por sua bisneta Maria Clara
  • 12. Ana Ribeiro (1843-1930) Escritora Mariani e publicado em 1994. esta obra foi escrita com o propósito de manter vivas as lembranças de seus antepassados, as histórias ouvidas de sua mãe e dos tios, o que resultou em um belíssimo retrato da vida cotidiana do interior baiano no século XIX, um testemunho equivalente aos livros de viagem dos estrangeiros e comerciantes, importantes documentos que registram referencias fundamentais para o conhecimento de uma época da história brasileira. Ana morreu em 1930, aos 87 anos de idade, em Salvador (BA). FONTES: Maria Clara Mariani Bittencourt, “Introdução”, in Longos serões no campo; Nanci Rita Vieira Fontes e Ívia Alves, “Ana Ribeiro”, in Zahidé L. Muzart, Escritoras brasileiras do século XIX.
  • 13. Anfrísia Santiago (1894-1970) Educadora e historiadora Nasceu em 21 de setembro de 1894, na cidade de Salvador (BA). Diplomada pela Escola Normal da Bahia aos 16 anos de idade, dedicou-se durante 60 anos à educação. Exerceu o magistério na rede oficial de ensino de 1911 a 1925, quando se afastou prematuramente por motivo de doença grave. Após seu restabelecimento, lecionou língua vernácula na Escola Normal da Bahia. Foi diretora do departamento de Educação do estado, Anísio Teixeira. Como historiadora, deu importantes contribuições às pesquisas históricas e genealógicas, colaborando com diversos intelectuais de sua geração. Foi sócia do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia e do Instituto Genealógico da Bahia, participando também da criação do Centro de Estudos Baianos. Foi condecorada com o grau de Cavaleiro da Ordem Nacional do Mérito Educativo pelo presidente da República; e com a medalha de prata da Ordem do Mérito Educacional da Bahia, concedido post-mortem pelo governo do estado. Faleceu em 27 de abril de 1970. FONTES: Jornal A Tarde, 17.9.1994, 20.9.1994, 22.9.1994 e 19.11.1994 – *Colaboração especial de Maria Julia Alves de Sousa.
  • 14. Cecilia Maria Bacellar Sardenberg Antropóloga Possui graduação em Antropologia Antropológica, atuando principalmente Cultural - Illinois State University (1977), nos seguintes temas: estudos feministas, mestrado em Antropologia Social - estudos sobre mulheres e relações de Boston University (1981) e doutorado em gênero, feminismo e políticas públicas, Antropologia Social - Boston University gênero e desenvolvimento, gênero e (1997). Atua como Professor Associado I corpo. no Departamento de Antropologia e no Programa de Pós-Graduação em Estudos FONTES: Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero http://lattes.cnpq.br/5848359202151995 e Feminismo-PPG-NEIM da Universidade Federal da Bahia, sendo, atualmente, coordenadora pelo NEIM do PROCAD/CAPES com a Universidade Federal de Santa Catarina. É membro fundadora do NEIM-Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher, Coordenadora Nacional do OBSERVE - Observatório de Monitoramento da Aplicação da Lei Maria da Penha, e líder do grupo de pesquisa vinculado ao OBSERVE. Vem atuando junto ao IDS-Institute of Development Studies, Inglaterra, como Coordenadora (2006/2011) do Grupo da América Latina do Consórcio do Programa de Pesquisas (Research Programme Consortium - RPC) sobre o Empoderamento das Mulheres (Pathways of Women s Empowerment), financiado pelo Department for International Development - DFID da Grã- Bretanha, e liderando o grupo de pesquisa do Projeto Trilhas do Empoderamento e Mulheres. Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Teoria
  • 15. Dinaelza Soares Santana Coqueiro (1949-74) Ativista política, vitima da ditadura militar Nasceu em 22 de março de 1949 FONTES: em Vitória da Conquista (BA). Era filha de Ana Maria Colling, A resistência da mulher à Junília Soares Santana e de Antonio ditadura militar no Brasil; Pereira de Santana. Estudou o primário e Maria do Amparo Almeida Araujo et al., Dossiê dos mortos e desaparecidos políticos o secundário no interior da Bahia, em a partir de 1964. Jequié, e, em 1969, foi estudar geografia na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Salvador. Era um ano de enorme agitação no meio estudantil e Dinaelza envolveu-se com a política fazendo parte da comissão executiva do Diretório Central dos Estudantes da Universidade e militando no Partido Comunista do Brasil (PC do B). Casou-se com Vandik Reidner Pereira Coqueiro e, quando o PC do B decidiu desencadear a luta armada no interior do Brasil, ambos foram para a região do Araguaia, em Xambiobá e Marabá, local escolhido para o levante, onde desapareceram no enfrentamento com os militares. Seus companheiros a viram viva e em liberdade pela ultima vez em 30 de dezembro de 1973. o relatório do Ministério do Exército diz que ela utilizava os codinomes Dinorá e Maria Dina na clandestinidade. Segundo informações dos moradores da região, foi aprisionada por tropas do Exército. Um relatório do Ministério da Marinha diz que foi morta em 8 de abril de 1974.
  • 16. Dinalva Oliveira Teixeira (1945-74) Ativista política e vítima da ditadura militar Nasceu em Argoin, município de desapareceu após tiroteio no Castro Alves (BA), em 16 de maio de 1945. acampamento, onde estava gravemente filha de Elza Conceição Bastos e de Viriato enferma e em adiantado estado de Augusto Oliveira, estudou em Salvador, gravidez. Pelo depoimento de moradores formando-se em geologia pela da região e de membros do Exército, teria Universidade Federal da Bahia (UFBA), em sido presa na serra das Andorinhas. 1 9 6 8 . Par ti ci po u do m o v i m e n to Dinalva parece ter sido a última estudantil com Antonio Carlos Monteiro guerrilheira morta, após quatro meses de Teixeira, seu colega de turma, com quem perseguição das forças militares, o que, se casou em 1969. os dois mudaram-se de acordo com relatório do Ministério da para o Rio de Janeiro (RJ) para Marinha, aocnteceu em julho de 1974. trabalharem no Ministério das Minas e Energia. FONTES: Militares do Partido Comunista do Ana Maria Coling, A Resistência da mulher Brasil (PC do B), em maio de 1970 embora à ditadura militar no Brasil; foram para a região do Araguaia Maria do Amparo Almeida Araújo et al., participar do movimento armado Dossiê dos mortos e desaparecidos desencadeado pelo par tido, que políticos a partir de 1964. pretendia formar um Exército Popular Guerrilheiro. Os militares faziam treinamento e mantinham contatos com os camponeses para preparar a revolução que, segundo esperavam, derrubaria o regime militar. Na região, foi professora, parteira, e também a única mulher da guerrilha a ocupar o cargo de vice- comandante de uma grupo militar, era considerada uma estrategista da ação armada. Por várias vezes, escapou do cerco militar e o testemunho de ex- guerrilheiros indica que se destacava pela coragem e habilidade com as armas. A última vez que foi vista com vida e em liberdade pelos companheiros foi no dia 25 de dezembro de 1973.
  • 17. Edith Mendes da Gama e Abreu (1903-82) Educadora, escritora e feminista Nasceu em 13 de outubro de 1903, Em nome da FBPF, fez gestões junto em Feira de Santana (BA). Filha de Maria ao governador baiano Juraci Magalhães Augusta Falcão Mendes da Costa e de para que este recomendasse à bancada João Mendes da Costa, que foi prefeito de seu estado vetar o projeto de lei do dessa cidade entre 1931 e 1933. casou-se general Goes Monteiro que vinculava o com Jaime Cunha Gama e Abreu, cargo público à mulher que tivesse, como paraense, engenheiro e professor da o homem, a carteira de reservista. Apesar Escola Politécnica da Universidade de adversária política do governador, Federal da Bahia. Cursou pedagogia, conseguiu convencê-lo. Outra questão filosofia e literatura e ciências sociais em que demonstra seu talento para a Salvador e no Rio de Janeiro. negociação foi sua atuação em face do Aos 15 anos, pronunciou sua anteprojeto do Código Eleitoral, que primeira conferencia, sob o título “A apresentava restrições ao voto feminino. Mulher”, no Grêmio Rio Branco, em Feira Diante de sua argumentação, o relator, de Santana. Com apenas 18 anos, presidiu deputado João Cabral, retirou essas a Federação Baiana pelo Progresso restrições. Feminino logo que esta foi criada, em 9 de Na eleição de 1933, foi convidada agosto de 1922, e até o inicio da década pelo partido Autonomista, de oposição a de 1930. ao longo desses anos, tornou-se Juraci Magalhães, a candidatar-se à brilhante conferencista e uma das Assembléia Estadual Constituinte, mas mulheres que mais batalharam pela recusou o convite, sugerindo o nome da ampliação da cidadania feminina na advogada Maria Luísa Bittencourt*, que B a h i a . F o i t a m b é m d i re to r a d o foi indicada e eleita para o cargo. Com a Departamento de Ação Cultural da redemocratização do país em 1945, Edith Federação Brasileira pelo Progresso candidatou-se á Assembléia Legislativa Feminino (FBPF*), membro do Conselho da Bahia pela União Democrática de Educação e Cultura do Estado da Nacional (UND), mas não conseguiu se Bahia, presidente da Sociedade Baiana de eleger. Depois dessa tentativa frustrada Combate à Lepra, da Pró-Mater da Bahia e de obter um mandato político, dedicou- conselheira do Abrigo de Salvador. se a atividades literárias, jornalísticas e Participou ativamente dos movimento educacionais. Entrou para a Academia de sociais ao lado de Bertha Lutz*, que Letras da Bahia em 1938 e durante quase conhecera por intermédio de Moniz 44 anos teve ali destacado desempenho. Sodré e Ana Amélia Carneiro de Publicou entre outras obras, Problemas Mendonça*. do coração (1971), A Cigana (1949), O
  • 18. Edith Mendes da Gama e Abreu (1903-82) Educadora, escritora e feminista romance, estudo literário (1958), Um baiano eminente (1971), Só mulheres (colaboração, 1978), O que a vida me tem dito (1978). Professora inspetora do ensino secundário do Ministério da Educação e Cultura junto a diversos educandários baianos, formuladora da política educacional do seu estado, Edith foi também fundadora e professora catedrática da Faculdade de Filosofia da Bahia, criada em 1942. entrou para o Instituo Histórico e Geográfico da Bahia, onde realizou algumas pesquisas sobre vultos femininos. Faleceu no dia 20 de janeiro de 1982, deixando como exemplo a sua luta para escapar do destino reservado à maioria das mulheres nascidas no começo do século XX. FONTES: Afrânio Coutinho, Brasil e brasileiros de hoje. Aline Alcântara Costa, As donas no poder - mulher e política na Bahia; Arquivo da FBPF, cx 7; Edivaldo M. Boaventura, Edith Mendes da Gama e Abreu, 1984.
  • 19. Efigênia Veiga (séc. XIX) Médica Terceira mulher a se formar em medicina na Bahia, a quarta no Brasil. Concluiu o curso no ano de 1890, na Faculdade de Medicina da Bahia, onde Rita Lobato e Amélia Pedroso Benebien já haviam se formado desde 1887. FONTES: Adalzira Bittencourt, Dicionário biobibliográfico de mulheres ilustres, notáveis e intelectuais do Brasil; Sacramento Blake, Dicionário bibliográfico brasileiro.
  • 20. Francisca de Sande (? - 1702) Enfermeira Era filha de Clara de Sande e de enfermeira do Brasil. Foi casada com o Francisco Fernandes do Sim. Projetou-se mestre-de-campo Nicolau Aranha por sua atuação durante a epidemia de Pacheco, com quem teve quatro filhos: febre amarela que se alastrou na vila de Pedro, Francisco, Maria Francisca e Salvador, em 1686. enquanto toda a elite Francisca Clara. Faleceu em 21 de abril de fugia da então capital da colônia, com 1702 e foi sepultada no Convento da medo de contágio, Francisca de Sande, já Piedade. viúva, fez de sua casa um improvisado hospital onde cuidou de doentes FONTES: provenientes da Santa Casa da Inês Sabino, Mulheres Ilustres do Brasil; Misericórdia que, superlotada, não podia Joaquim Manuel de Macedo, Mulheres atender a mais ninguém. Era um nobre célebres; A Tarde, 7.5.1946; solar localizado na atual avenida Sete de Valentim Benicio da Silva, “A mulher na Setembro, centro de Salvador. evolução do Brasil” Revista do IHGB, jul/1951; Recolhia também aqueles que Waldemar Matos, D. Francisca de Sande: a preferiam se internar diretamente ali, e primeira enfermeira do Brasil; para todos providenciava tratamento, Rocha Pita, História da América portuguesa. pagando por sua própria conta médicos, medicamentos e alimentação dos pacientes. Documentos da época dizem que gastou praticamente todo o patrimônio, “constituído de bens herdados dos seus pais e deixados por s e u m a r i d o”, e q u e d i s p e n d e u “considerável soma de galinhas, frangos, camas, roupas e tudo o que podia ser preciso para a saúde e asseio dos doentes”. Francisca percorria a cidade, acompanhada de seus escravos, pronta a providenciar socorro. Passada a epidemia, a população de Salvador e o rei de Portugal agradeceram sua atitude generosa. Por essa atitude, Francisca foi considerada por alguns a primeira
  • 21. Francisca Praguer Fróes (1872-1931) Médica e feminista Nasceu em 1872, em Cachoeira, na Rio de Janeiro no dia 21 de novembro de Bahia. Era filha de Francisca Barreto 1931. Praguer e do engenheiro de minas Henrique Praguer. Sua mãe era uma FONTES: mulher inteligente e educada, que Academia Literária Feminina do Rio Grande ensinou a filha a lutar pela igualdade. do Sul, 50 anos de literatura – perfil das patronas; Francisca sempre afirmava ser “feminista Adalzira Bittencourt, Dicionário por herança”. biobibliográfico de mulheres ilustres, Foi das primeiras mulheres a se notáveis e intelectuais do Brasil; formar em medicina no Brasil, concluindo Ana Alice A. Costa, As donas no poder; o curso em 1893, na Faculdade de Sacramento Blake, Dicionário Bibliográfico Medicina da Bahia. Casou-se com João brasileiro. Américo Garcez Fróes, com quem teve dois filhos, sendo um deles o médico e poeta Heitor Praguer Fróes. Seus trabalhos científicos atestam que foi uma profissional muito eficiente: Estatística da clinica obstétrica da Faculdade de Medicina da Bahia (1903); Propriedades galalotogênicas do extrato do algodoeiro (1908); Secreção láctea suplementar e profilaxia matrimonial; trabalhos apresentados na Semana Médica do Centenário da Bahia em 1923; Higiene e maternidade (1931). Entusiasmada com a luta feminista pelo direito ao voto, par ticipou ativamente da Federação das Ligas para o Progresso Feminino, na seção da Bahia, que deu origem à Federação Baiana pelo Progresso Feminino, vinculada à Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF*). Além de médica e militante da causa feminista, foi também poeta de grande sensibilidade. Faleceu no
  • 22. Glafira Ramos Farmacêutica Primeira mulher baiana a se formar como farmacêutica em 1892. FONTES: http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.js f?id=858935
  • 23. Henriqueta Martins Catharino (1866-1969) Educadora Filha de Bernardo Catharino, que Henriqueta tivesse uma primorosa português, nascido na aldeia de Poyares educação formal e uma extensa base em 3 de julho de 1861 (falecido em 23 de cultural, através de freqüentes viagens à fevereiro de 1944), e de Úrsula Costa Europa, principalmente à França. Estudou Martins Catharino, nascida em 28 de em casa com professores escolhidos setembro de 1868 de tradicional família pessoalmente por sua mãe e orientados feirense (falecida em 9 de setembro de pela professora Cândida Campos de 1924). Carvalho, mulher de rígida formação Bernardo Catharino chegou ao religiosa, aspecto fundamental para a Brasil em 1875, com apenas 14 anos de e d u c a ç ã o d e u m a j o v e m . Pa r a idade, seguindo direto para a cidade de complementar os conhecimentos, contou Feira de Santana, onde obteve o seu com a professora alemã Fraulein Louise primeiro e único emprego na firma Costa Von Schiller, que ministrava aulas de e Irmão, chegando, em pouco tempo, a alemão, inglês e francês e com Maria sócio. Casou-se em 2 de fevereiro de 1883 Eulina e Sílvio Deolino Froes, professores com Úrsula, com quem teve 14 filhos. Em de piano, e Vieira de Campos, de desenho 1889, assumiu a direção da firma Moraes e pintura. Foi essa múltipla e sólida e Cia, transformando-a, em pouco tempo, formação, aliada ao grande na primeira do estado em termos de reconhecimento e influência herdados da capital e volume de negócios. Em 1912, família, que alicerçou a obra de assumiu a direção da Cia União Fabril da Henriqueta Catharino. Bahia, que estava em processo de Ainda não havia completado 30 falência, recuperando-a e tornando-a anos, na primeira década deste século, uma poderosa empresa industrial. Em quando fundou a P.L.B.- Propaganda das 1932, fundiu a Cia Progresso Industrial da Boas Leituras - espécie de biblioteca para Bahia com a União Fabril da Bahia, que empréstimo de livros, bem como as passou a ser uma das maiores empresas "Tardes de Costura", destinadas à do Norte/Nordeste do país. Morreu em confecção de roupas para pessoas 1944, deixando um exemplo de trabalho e carentes. Destas duas experiências abnegação, exemplo este que Henriqueta nasceria o Instituto Feminino da Bahia. A seguiu firmemente, haja vista a sua participação do Instituto Feminino na memorável frase : "Não nasci para vítima, história da cidade tem início em 1923, nem carpideira". com a criação da Casa São Vicente por A larga visão de seu pai, aliada à Henriqueta Mar tins Catharino e formação religiosa de sua mãe, permitiu Monsenhor Flaviano Osório Pimentel, seu
  • 24. Henriqueta Martins Catharino (1866-1969) Educadora primeiro idealizador, que tinha como gênero na Bahia e de cunho principal objetivo ser uma obra de essencialmente regional. "proteção à mulher que trabalha". Em 1933, por ocasião do Funcionava como uma agência de C o n g re s s o E u c a r í s t i c o N a c i o n a l , empregos e ministrava cursos de curta organizou uma exposição de Arte Antiga duração através da Escola Comercial com peças doadas por famílias baianas, a Feminina. exemplo de bordados do século XVIII e Em 1924, com a morte de sua mãe, XIX, vestidos antigos, jóias, imagens com Henriqueta herdou um imóvel na praça ricas alfaias, mobiliário etc. O êxito desta da Piedade, para onde transferiu a Casa exposição estimulou o prosseguimento São Vicente, pois, com o crescimento da das iniciativas culturais, ocorrendo à obra, a sede tornara-se pequena. Em presidente-fundadora a idéia de março de 1928, a então Escola Comercial "colecionar o que fez ou possuiu a mulher e suas várias seções foi transferida para baiana"; iniciava-se a partir de então o um novo espaço, sendo no ano seguinte atual acervo do Museu Henriqueta oficializada pelo governo, quando passou Catharino. Com a morte de Monsenhor a se chamar Instituto Feminino da Bahia, Flaviano em 1933, Henriqueta teve de órgão de Utilidade Pública - sem fins prosseguir sozinha em sua "missão". lucrativos. Em 1950, já instalado em sua Em 1937, Henriqueta iniciou a sede definitiva, transformou-se em construção da sede definitiva do Instituto Fundação Instituto Feminino da Bahia. As Feminino onde se transferiria em 1939, atividades se multiplicavam, ampliando de tal forma os seus atividades principalmente nos cursos formais de que se viu obrigada a subdividi-lo em três Contabilidade, Ginasial e Secretariado - departamentos: de Cultura, de Economia os mais importantes. Doméstica e de Assistência Social. Ao Ao lado do rigor pedagógico Departamento de Cultura, cabia a aliava-se o seu pensamento cristão de " Biblioteca, Museus, Escola Técnica de tudo fazer para a maior glória de Deus". Comércio Feminina, Ginásio Feminino, Em 1931, com o objetivo de preservar a curso de Secretariado, Auxiliar de arte popular, Henriqueta Martins Comércio, Escola de Datilografia, Cursos Catharino adquiriu uma coleção de de Línguas, Literatura, Taquigrafia, escultura de madeira executada por Mecanografia, Filosofia e Religião. Fazia artistas populares de Santo Estevão de parte do Departamento de Economia Jacuípe, dando assim início ao futuro Doméstica a Pensão São José, o Museu de Arte Popular, primeiro do Restaurante e os Cursos de Corte e
  • 25. Henriqueta Martins Catharino (1866-1969) Educadora Costura e arte culinária, ficando ao Henriqueta Catharino define-se como um Departamento de Assistência Social a paradigma que deveria ser seguido. responsabilidade de auxiliar aos menos Podemos também afirmar que foi um favorecidos através da Casa de Férias trabalho de vanguarda. Ao mesmo tempo S a n t a Te r e z i n h a , a A g ê n c i a d e em que correspondeu a importantes Colocações, a Agência de Trabalhos, a princípios morais de sua época, sua obra Bethânia e o Círculo da Amizade. foi marcada por novas formas de definir Aos poucos, consubstanciava-se o uma postura de preservação da memória seu ideal cristão de amor ao próximo e de uma sociedade, que começava a se sua filosofia educacional, trabalhando delinear nos meios acadêmicos europeus. sem cessar na formação intelectual e Podemos, sem sombra de dúvida, moral da mulher. Com o passar do tempo, afirmar que a abordagem museológica a importância do Instituto Feminino aplicada em tão vasta coleção (15 mil crescia e se solidificava cada vez mais, peças) representou uma visão de futuro como bem pode atestar as palavras do na preservação da Memória Nacional e escritor Érico Veríssimo em 1951, Baiana. publicadas no Jornal da Bahia: "Não conheço coisa igual em todos os colégios FONTES: do Brasil por onde andei e visitei. E não sei http://www2.uol.com.br/modabrasil/bahia_li se vi pelo menos igual nos Estados nk/museu/quem_e/index.htm Unidos...” Bondade, abnegação, coragem e modéstia foram os traços marcantes da personalidade de Henriqueta, pela constatação do seu desprendimento ao colocar os seus bens particulares no socorro e formação do seu semelhante. Sua obra continua perpetuada até hoje, pelo Museu Henriqueta Catharino - Fundação Instituto Feminino, que cumpre o papel social deixado pela Escola , fechada na década de 80. Difícil é separar a história do Instituto Feminino da história da Cidade do Salvador. Não só isso, como a obra legada por D.
  • 26. Ialorixá Mãe Stella de Oxossi (1925-) Mãe de Santo A Ialorixá Mãe Stella de Oxossi, do Notabilizou-se por ser a primeira terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, em Salvador, iyalorixá de um terreiro tradicional a recebe nesta quinta-feira, 10 de setembro combater o sincretismo religioso com a de 2009 o título de Doutora Honoris Igreja Católica. Causa da Universidade Estadual de Bahia Em 1980 fundou o Museu Ohun (Uneb). Lailai: o primeiro de um terreiro de Maria Stella de Azevedo Santos, candomblé, auxiliada pela psicóloga Vera conhecida como Mãe Stella de Oxóssi, Iya Felicidade de Almeida Campos, a Oni Odé Kayode, (Salvador, 2 de maio de Kowê do Opô Afonjá. É a presidente 1925) é a quarta filha de Esmeraldo emérita do Instituto Alaiandê Xirê, de Antigno dos Santos e Thomázia de quem fora a presidente fundadora. Azevedo Santos. Órfã em tenra idade, foi Sacerdotisa de vanguarda é respeitada adotada pela irmã de sua mãe D. Archanja por suas idéias no longo do território de Azevedo Fernandes, esposa do nacional e muitos outros países. Tem tabelião e proprietário de cartório José proferido palestras e participado de Carlos Fernandes. seminários em diferentes partes do Brasil É a Iyalorixá do Candomblé, e do mundo. religiões afro-brasileira. Mãe Stella foi Em 2001 ganhou o prêmio iniciada por Mãe Senhora em 1939 e jornalístico Estadão na condição de tomou posse como Iyalorixá do Ilê Axé fomentadora de cultura. Opó Afonjá por morte de Mãe Ondina de Em 2005, ao completar oitenta Oxalá. É a quinta sacerdotisa do anos, recebeu o título de Doutor Honoris Candomblé de São Gonçalo do Retiro, Causa da Universidade Federal da Bahia. É dirigindo o Opó Afonjá desde o dia 11 de detentora da comenda Maria Quitéria junho de 1976. (Prefeitura do Salvador), Ordem do Mãe Stella estudou no tradicional Cavaleiro (Governo da Bahia) e da colégio baiano Nossa Senhora comenda do Ministério da Cultura. Auxiliadora, dirigido pela professora soteropolitana D. Anfrísia Santiago. É FONTES: enfermeira aposentada (funcionária http://www.culturabaiana.com.br/ialorixa- pública estadual) formada pela Escola de mae-stella-de-oxossi-doutor-honoris- causa-da-uneb/ Enfermagem da Universidade Federal da Bahia, com especialização em Saúde Pública. Exerceu a profissão por mais de trinta anos.
  • 27. Leolina Costa (1907-63) Política Nasceu em 7 de novembro de 1907 1958 de Mozart Lago, que regulamentava em Feira de Santana (BA), filha de Maria os direitos civis da mulher casada. Este Machado Barbosa e Deocacio Barbosa de propunha a alteração de alguns artigos Souza, e viveu em salvador, onde casou- do decreto-lei nº 4.657 de setembro de se aos 17 anos. Começou a desenvolver 1942, que define o homem como chefe da trabalhos sociais na área de saúde ao lado família. Com isso, Nita Costa acolheu no médico obstetra Alfredo Magalhães, que seu parecer uma das reivindicações do criara o Instituto de Proteção e Assistência movimento de mulheres terem seus à infância da Bahia em 1929 ( atendendo cargos nomeados no feminino, como, por sobretudo mulheres e crianças carentes) , exemplo, “deputada”, “senadora”, “juíza” do qual se tornou diretora com a morte etc. candidatou-se, ainda em 1958, a um do fundador. Leolina Barbosa de Souza novo mandato pelo PTB, mas não Costa ou Nita Costa, como era chamada, conseguiu reeleger-se. construiu e manteve, através de Esteve á frente do Instituto de associados, comerciantes e industriais, o Proteção e Assistência à Infância da Bahia hospital infantil Alfredo Magalhães, na até seus últimos anos de vida. capital baiana. Faleceu no dia 7 de março de 1963, Mais tarde, procurada por Antonio em Nova Hamburgo (RS). Simões, secretário de Saúde no governo Régis Pacheco, não só cedeu uma ala do FONTES: Instituto para construção de uma Alzira Abreu e Israel Beloch, Dicionário maternidade, como fez exaustivas histórico-biográfico brasileiro- 1930-1981: Ana Alice Alcântara Costa, As donas no poder viagens para garantir a aquisição do : mulher e política na Bahia. material que viabilizasse seu funcionamento. A maternidade acabou recebendo seu nome e transformando-se na maternidade-escola Nita Costa, ficando a cargo do governo sua manutenção, apesar de se encontrar no prédio do Instituto que dirigia. Foi também fundadora do Partido trabalhista Brasileiro (PTB) na Bahia, sendo eleita, por essa Legenda, deputada para Câmara Federa em 1954. Destacou- se como relatora do projeto nº 3.915 de
  • 28. Leolinda de Figueiredo Daltro (c.1860-1935) Feminista e indianista Nasceu na Bahia, em meados do que se aproximava do interior, Leolinda ia século XIX, e mudou-se para o Rio de encontrando fortes resistências a sua Janeiro (RJ), onde morou a maior parte de proposta. A incorporação dos “silvícolas” sua vida desempenhando um importante à s o c i e d a d e , re s p e i t a n d o - s e a s papel político como precursora do especificidades culturais desses povos, feminismo e do movimento em prol dos afetava os dois principais pilares do poder índios no Brasil. Teve cinco filhos e criou- no Brasil em fins do século XIX, que eram os separada do marido. a Igreja e a propriedade latifundiária. Foi bem próxima do republicano Em razão de suas idéias, Leolinda Quintino Bocaiúva e amiga pessoal de sofreu em Uberaba toda sorte de Orsina da Fonseca *, primeira mulher do perseguições, chegando a ser p re s i d e n te H e r m e s d a F o n s e c a . escorraçada da cidade sendo chamada de Apaixonada do presidente Hermes da “mulher do diabo”. Foi então para Fonseca. Apaixonada pela idéia de Araguari, cidade vizinha, ainda no incorporar os índios brasileiros à Triângulo Mineiro, de onde iniciou uma sociedade por meio da educação, usou de longa viagem, que durou até 1897, pelos todos os artifícios a seu alcance para, no sertões de Goiás, atingindo fronteiras do ano de 1896, iniciar o ambicioso projetos maranhão e do Pará. de percorrer o interior do Brasil Voltou ao Rio de Janeiro e fundou o promovendo a alfabetização de tribos Grêmio Patriótico Leolinda Daltro, com a indígenas. A proposta de Leolinda era finalidade de defender a alfabetização ousada e inovadora. Naquela época, o dos índios sem a interferência da Igreja. debate público em torno da questão Representando esta entidade, Leolinda pendia ora em favor da catequização passou a freqüentar as comemorações acompanhada da completa aculturação cívicas, como o dia da Bandeira e o de das tribos, ora favor da sumária Tiradentes sempre acompanhada de eliminação das populações indígenas alguns indígenas que permaneciam a seu remanescentes no Brasil. lado desde suas incursões pelo interior. Leolinda deixou os filhos com Isto causava enorme repercussão na parentes e viajou para o interior de Minas imprensa, onde muitos se dedicavam a Gerais , passando antes por São Paulo, criticá-la e ridicularizá-la. onde encontrou apoio , como Na década de 1910, Leolinda foi fazendeiro e política republicano Eduardo diretora da Escola de Ciências, Artes e Prado, Horace Lane, Caio Prado, Martinho Profissões Orsina da Fonseca, situada na Prado e Elias fausto. Contudo, á medida Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro.
  • 29. Leolinda de Figueiredo Daltro (c.1860-1935) Feminista e indianista Passou a dedicar-se intensamente participação de cerca de 90 mulheres. à causa feminista, que reivindicava A ousadia de Leolinda e de suas conquista da cidadania plena para as companheiras obteve os resultados mulheres. Com base na omissão da esperados, pois a polêmica em torno da Constituinte de 1891 no que se refere ao cidadania das mulheres tornou-se viva e voto feminino, Leolinda requereu seu real. Farta correspondência foi enviada alistamento eleitoral, porém teve seu por leitores aos grandes jornais cariocas pedido recusado. Em protesto, fundou, daquele periódico. O militar Turíbio e m d e z e m b r o 1 9 1 0 , o Pa r t i d o Rabioli, leitor do Jornal do Brasil, enviou Republicano Feminino* , cujo objetivo era carta furiosa e indignada em outubro de mobilizar as mulheres na luta pelo direito 1918 a Carculista, que louvava o fato de ao voto. Para tanto, contou com o apoio e Maria José de se inscrever no concurso o prestígio da primeira-dama Orsina da público do Itamarati. Acusava também a Fonseca. Em contrapartida, colaborou professora Daltro e outras senhoras de com a política nacionalista do presidente estarem interessadas na “masculinização Hermes da Fonseca, que havia instituído do seu adorável sexo”. Em resposta, Laet em 1908 uma nova lei de recrutamento aconselhou o leitor a ouvir com mais militar que permitiu que Leolinda atenção o que reivindicavam. Ainda sobre ajudasse na criação, dois anos mais tarde, a questão de Maria José de Castro Rabelo, da Linha de Tiro Feminino, na qual as o jornal carioca A Rua trouxe, na edição de mulheres poderiam receber treinamento 5 outubro de 1918, a menção desairosa com armas de fogo. ao Partido Republicano Feminino. Por mais de uma década, Leolinda Registros como estes comprovam que o e suas companheiras de militância, entre movimento alcançou uma grande elas a poetisa Gilka Machado*, ocuparam mobilização na capital federal, pois a cena política carioca colocando em dividiu opiniões e aproveitou diversas evidência a questão do sufrágio oportunidades para dar visibilidade à comparecer a todos os eventos que condição feminina no Brasil. pudesses causar repercussão na Em 1919, já sem o apoio de sua imprensa. O Partido Republicano amiga Orsina da Fonseca, que falecera, Feminino foi o movimento precursor na Leolinda lançou-se candidata à luta das mulheres brasileiras em prol do Intendência Municipal do Distrito federal, sufrágio e chegou, em novembro de não conseguindo, contudo, formalizar 1917, a promover uma marcha pelas sua candidatura. No decorrer dos anos 20, ruas do centro do Rio de Janeiro, com a foi se afastando da luta política e passou a
  • 30. Leolinda de Figueiredo Daltro (c.1860-1935) Feminista e indianista se dedicar, exclusivamente, a seu trabalho como educadora. Curiosamente, não integrou a Federação Brasileira pelo Progresso feminino* (FBPF), organização política fundada por Bertha Lutz* em 1922. Logo após as mulheres terem alcançado o direito ao voto, no ano de 1932, Leolinda declarou que morreria feliz, pois vira vitoriosa pela emancipação política da mulher. Fa l e c e u n u m d e s a s t re d e automóvel em maio de 1935. Nesta ocasião, a revista Mulher, editada pela (FPB), homenageou-a, ressaltando seu importante papel como precursora do feminismo no Brasil, e lembrou que sua luta se dera contra a mais cruel das armas dos adversários das mulheres, o ridículo. FONTES: Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CDM), A mulher e a Constituinte: O Globo, 8,12,1981; Ilustração Brasileira, nº38, jun 1935: Jornal do Brasil, 26.9.1918 e 03/10/1918; June Hahner, A mulher brasileira e suas lutas sociais e políticas; Mulher. Opinião feminina Organizada, mal- jun/1935; S. Besse, Restructuring Patriachy.
  • 31. Linda Rubim Comunicadora e cineasta Possui graduação em Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (1975), doutorado em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1999) e pós-doutorado pela Universidade de Buenos Aires (2006). Atualmente é Professora Adjunto IV da Universidade Federal da Bahia. Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Cinema e Televisão, atuando principalmente nos seguintes temas: cultura, comunicação, gênero, cinema, televisão e representações. Coordenadora do Centro de estudos Multidisciplinares em Cultura da UFBA. FONTES: http://lattes.cnpq.br/3401953519109459
  • 32. Lígia Bellini Historiadora Possui graduação em História pela Universidade Federal da Bahia (1982), mestrado em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (1987) e doutorado em História pela Universidade de Essex, Reino Unido (1992). Foi pesquisadora no King’s College (1998- 1999 e 2010-2011) e Heythrop College (2004-2005), da Universidade de Londres. É professora da Universidade Federal da Bahia; autora de A coisa obscura: mulher, sodomia e Inquisição no Brasil colonial (São Paulo: Brasiliense, 1989) e diversos artigos sobre história da cultura do mundo luso-brasileiro no período moderno; e co-organizadora de Formas de crer: ensaios de história religiosa do mundo luso-afro-brasileiro, séculos XIV- XXI (Salvador: EDUFBA; Corrupio, 2006) e Tecendo histórias: espaço, política e identidade (Salvador: EDUFBA, 2009). FONTES: http://lattes.cnpq.br/2961645329761650
  • 33. Maria José de Castro Rebelo Mendes ( 1891-1936) Primeira mulher a ingressar no Itamarati Nasceu no dia 20 de setembro de inscrição. 1891 em Salvador (BA). Era filha de A recusa do Itamarati ganhou Josefina de Castro Rebelo Mendes e do repercussão pública quando sua família advogado Raimundo Martins Mendes. procurou Rui Barbosa para examinar Recebeu da preceptora alemã Matilthe juridicamente o caso. Sensibilizado com o Schröeer a educação elementar, em sua pleito de sua conterrânea, elaborou um própria casa. Posteriormente, ingressou parecer sobre a inconstitucional idade da no Colégio Alemão, localizado no bairro negativa do Ministério. Pressionado, o do Rio Vermelho, em Salvador, onde se ministro Nilo Peçanha acabou deferindo o formou dominando os idiomas, alemão, pedido de inscrição da candidata e o seu inglês, francês e italiano. ato foi amplamente comentado na Em meados da década de 1910, a imprensa. Os jornais começaram a tomar repentina morte do pai no Rio de Janeiro, partido: uns apregoavam o direito de em circunstâncias mal esclarecidas, Maria José e das mulheres a ocuparem deixou a família em situação financeira cargos públicos, outros criticavam difícil. Sua mãe então abriu, com o auxilio severamente o precedente aberto por de Mathilthe Schröeder, uma pequena Nilo Peçanha. No Jornal do Brasil, edição escola em sua residência, garantindo de 26 de setembro de 1918, o jornalista assim o sustento de seus filhos menores. Carlos de Laet comentou favoravelmente Maria José se mudou para casa de o desfecho dado e noticiou as parentes no Rio de Janeiro, onde estudou manifestações públicas de apoio a Maria e trabalhou dando aulas particulares. José Rebelo organizadas por Leolinda Soube através de um primo que haveria Daltro* e suas colaboradoras. concurso no Itamarati e, confiante no seu Maria José teve um desempenho bom preparo em línguas estrangeiras, brilhante no dificílimo concurso. A resolveu se matricular. Empenhou-se para arguição oral foi realizada em sessão superar as dificuldades nas matérias que aberta, com auditório repleto: discorreu não tinha tanto facilidade e passou a com firmeza sobre todos os assuntos freqüentar a Escola de Comércio, propostos pela banca e classificou-se em aperfeiçoando-se na datilografia e primeiro lugar. ampliando seus conhecimentos de Recebeu rasgados elogios, como contabilidade e economia. Estudou também críticas vorazes, como a do sozinha as matérias de direito e, após vespertino carioca A Rua, que colocava tanto esforço, o Ministério das Relações claramente a preocupação com o que Exteriores não aceitou seu pedido de chamou de marcha do feminismo no
  • 34. Maria José de Castro Rebelo Mendes ( 1891-1936) Primeira mulher a ingressar no Itamarati Itamarati. Um leitor do Jornal do Brasil, o nomeado conselheiro na Bélgica e não militar Turíbio Rabioli, enviou carta se era permitido a ela, por determinação manifestando ferozmente contra a administrativas, assumir cargo na mesma posição assumida pelo articulista Carlos representação que o marido. de Laet em defesa de Maria José e Maria José faleceu no Rio de indagado aos outros leitores o que Janeiro em 29 de outubro de 1936. sucederia em termos de autoridade no lar Em 1938, o então chanceler se uma funcionária pública viesse a se Oswaldo Aranha proibiu o ingresso de casar com outro funcionário, inferior na mulheres nos quadros do Ministério das hierarquia. Dizia ainda que os defensores Relações Exteriores. Somente em 1953, da jovem baiana nada mais desejavam do Sandra Maria Cordeiro de melo obteve que “masculinizar o belo sexo” uma liminar na Justiça contra esse veto, Alheia a toda essa polêmica, Maria prestando concurso e ingressando no José assumiu as funções no Itamarati, Instituto Rio Branco, criando, assim, onde sempre manteve seu estilo discreto. jurisprudência sobre o assunto. O Em 1921, entrevistada pelo jornal A Noite, processo de Sandra Maria fez com que, respondeu que caso viesse a se casar, só em dezembro de 1954, fosse aprovada continuaria trabalhando se fosse pelo Congresso Nacional a lei que necessário para complementar o garantiu, definitivamente, o acesso das orçamento familiar e enalteceu o papel da mulheres à carreira diplomática. mulher companheira, fiel e mãe extremosa. Casou-se, em 1922, com FONTES: Henrique Pinheiro de Vasconcelos, Arquivo privado da família: Correio da diplomata que fizera parte da banca de Manhã, 2.10.1918 e 7.10.1918; Jornal do Brasil, 26.9.1918 e 3.10.1918; Jornal seu concurso para o serviço diplomático. do Brasil, 26.9.1918 e 3.10.1918; Logo após o casamento, seu A Noite, 5.7.1921; marido foi indicado para representação A rua, 5.10.1918; brasileira na Alemanha, e Maria José Entrevista com Lara e Iolanda Pinheiro de solicitou licença no Ministério para Vasconcelos (filhas) em 13.10.1998. a c o m pa n h á - l o . U m a n o d e p o i s , retornaram ao Brasil, onde viveram por mais 10 anos e tiveram cinco filhos; um deles, Guy, seguiu a carreira diplomática. Em 1934, pediu sua aposentadoria do serviço público, pois Henrique foi
  • 35. Maria Luísa Bittencourt (1910-) Primeira deputada estadual da Bahia Nasceu em 1910, em Paripe, mulheres, que, como nos outros estados, subúrbio de Salvador (BA), filha de Isaura promovia desde 1933 campanhas Dória Bitterncourt e de Luis de Lima eleitorais e acompanhava o desenrolar Bitterncourt. Diplomou-se pelo Colégio das eleições. Pedro II (RJ), ingressando na Faculdade de No pleito de 1934, seu nome foi Direito da Universitária Feminina e indicado para concorrer a uma vaga de p a r t i c i p o u d o C o n g r e s s o Pe n a l deputada estadual numa lista tríplice. Penitenciário Brasileiro, onde apresentou Apoiada pelo grupo de Juracy Magalhães, a tese “ Reformatório de Mulheres interventor da Bahia, candidatou-se às criminosas”. Esse mesmo trabalho oi eleições para Assembléia Legislava. enviado a um evento sobre o tema Elegeu-se como primeira suplente do realizado em Praga em 1930. deputado Humberto Pacheco Miranda e Desde seus 20 anos era filiada à assumiu o mandato em maio de 1935 Federação Brasileira pelo Progresso após seu afastamento, tornando-se uma Feminino*, que conhecera na faculdade. das nove primeiras deputadas estaduais Passou a participar das atividades brasileiras logo após a conquista do voto promovidas por essa organização, feminino. destacando-se no Congresso Participou do grupo responsável Internacional Feminista realizado no Rio pela elaboração do texto da Constituinte de janeiro em 1931, onde apresentou estadual, sendo relatora dos capítulos uma tese sobre o regime de família no referentes à educação e à ordem Direito Civil Brasileiro, e na II Conferencia econômica e social. Após concluir a carta, Nacional de Educação, em 1932, quando viajou para fazer uma especialização, em expôs seus trabalhos acerca do ensino meados de 1935, em direito primário, no qual propunha a constitucional e finanças públicas na regulamentação da divisão de Universidade de Radcliffe, nos Estados competência entre a União e os estados. Unidos, voltando a tempo de elaborar Voltou a Bahia e integrou-se ao outros projetos como a criação do movimento feminista local. Foi secretário- Instituto de Fomento Econômico. Além geral da II Convenção Feminista Nacional, disso, ainda como membro da FBPF, realizada em Salvador em 1934, e redigiu a proposta de reformulação do presidente da Comissão de Trabalho estatuto jurídico da mulher brasileira, referente ao Direito Constitucional. defendido no III Congresso Nacional Presidiu ainda a Liga Eleitoral Feminista realizado no Rio de Janeiro em Independente da Bahia, formado por outubro de 1936. Esse documento ficou
  • 36. Maria Luísa Bittencourt (1910-) Primeira deputada estadual da Bahia conhecido como Estatuto da mulher e serviu de base para o projeto de lei que Bertha Lutz, eleita deputada federal, apresentou no ano seguinte no legislativo federal. A atuação parlamentar de Maria Luisa foi breve, interrompida pelo golpe do estado Novo que fechou o legislativo em novembro de 1937. Considerada por sua Inteligência e habilidade, defendeu ardorosamente a democracia no último discurso proferido no plenário da Assembléia legislativa do estado da Bahia. FONTES: Ana Alice Alcântara costa, As donas no poder _ mulher e política na Bahia; Bahia, As cartas de ontem, 1891 a 1967: FBPF, Boletim, out/ 1934, dez/1934, set/1936.
  • 37. Marieta Alves (1892-1981) Historiadora Nasceu em 22 de outubro de 1892, Janeiro, publicando obras de referência, na cidade de Salvador (BA). Maria Amália dentre elas Mestres e ourives de ouro e de Carvalho Santos era filha de Capitolina prata da Bahia, editado pelo Museu do Neves dos Santos e de Isaías de Carvalho Estado da Bahia em 1962, História arte e Santos conhecido advogado em seu tradição da Bahia (1947), Folhas mortas tempo. Recebeu primorosa educação que ressuscitam (1975), o Dicionário de intelectual, tendo estudado no Instituto artistas e artífices da Bahia (1976), bem Maria Gomes e se especializado em como Intelectuais e escritores baianos – francês, desenho e piano. breves biografias (1978). Escreveu ainda Começou a escrever em 1915, na um livro sobre associação Comercial da revista A Voz, periódico fundado e Bahia. dirigido por Amélia Rodrigues*, do qual Márcia Alves, além de sócia do foi secretária de redação. Entre 1933 e Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e 1945, colaborou para a revista ilustrada titular da cadeira nº 22 do Instituto Excelsior, do Rio de Janeiro, usando o genealógico da Bahia, foi correspondente pseudônimo de Maria Betânia. Lecionou do Instituto Histórico e Geográfico de São no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, da Paulo, que lhe conferiu a Medalha educadora Anfrísia Santiago*, e no Cultural Imperatriz Leopoldina. Participou colégio da Soledade, voltando seus ativamente das atividades do Instituto interesses para o campo da história. Em Feminino, fundado e dirigido pela 1942, já conhecida por seus trabalhos educadora baiana Henriqueta Martins nessa área, foi convidada pela Mesa de Catharino*. Foi professora, secretaria e Ordem Terceira de São Francisco para oradora dessa instituição, contribuindo escrever a história da instituição, trabalho para organização dos museus de Ate que resultou em importante livro, Antiga e de Arte Popular, hoje Museu publicado em 1947 com o título História Henriqueta Catharino, importante da Venerável Ordem Terceira da patrimônio cultural da cidade de Salvador. Penitência do Seráfico Padre São Por sua intensa atividade intelectual, o Francisco da Congregação da Bahia. governo do estado concedeu-lhe a Entre 1957 e 1961, escreveu cerca Medalha do Mérito da Bahia, no grau de de 300 artigos para o jornal baiano A cavaleiro. Tarde. Além de numerosos trabalhos Faleceu em 10 de fevereiro de 1981, apresentados em congressos e no Rio de Janeiro. seminários, participo intensamente da vida intelectual da Bahia e do Rio de
  • 38. Marieta Alves (1892-1981) Historiadora FONTES: A Tarde, 12 e 22,2,1981, 10,3,1981, 21 e 22,10,1992 - *Colaboração especial de Maria Júlia Alves de Sousa.
  • 39. Mary Castro Socióloga Possui graduação em Ciências até 2007. Sociais pela Universidade Federal da Tem experiência na área de Bahia (1968), mestrado em Sociologia da Sociologia, Estudos Culturais e Cultura pela Universidade Federal da Demografia, atuando principalmente nos Bahia (1970), mestrado em Planejamento seguintes temas: juventude, migrações Urbano e Regional pela Universidade internacionais, gênero, família, mulher, Federal do Rio de Janeiro (1979) e feminismo, identidades e cidadanias, doutorado em Sociologia - University of modernidade e pós-modernidade e Florida (1989). Atualmente é professora metodologia de pesquisa. É pesquisadora aposentada e pesquisadora associada da CNPq com bolsa produtividade a partir Universidade Federal da Bahia, 01.03.2010. pesquisadora associada da Universidade Estadual de Campinas/Centro de Estudos FONTES: de Migrações Internacionais; professora - http://lattes.cnpq.br/5471996580293552 pesquisadora da Universidade Católica de Salvador-Mestrado e Doutorado em Família na Sociedade Contemporânea e Programa de Mestrado em Politicas Sociais e Cidadania; coordenadora do Grupo Núcleo de Estudos e Pesquisas de Juventudes, Identidade, Cidadania e Cultura-NPEJI; membro da Comissão Nacional de População e Desenvolvimento; e pesquisadora da FLACSO-Brasil. Foi de 2006-2010 consultora da R I T L A - Re d e I b e ro - a m e r i c a n a d e Tecnologia da Informação; pesquisadora visitante no Centro de Estudos Portoriquenhos do Hunter College, New York; e bolsista da Rockfeller Foundation para estudos de pós-doutorados na Universidade de Campinas. Foi membro do Conselho Nacional de Juventude e do Conselho Nacional de Direitos da Mulher
  • 40. Niomar Muniz Sodré (c.1916-) Jornalista e Empresária Niomar Muniz Sodré Bittenourt processada pela Justiça Militar em 1970, nasceu em Salvador (BA), filha de Maria mas conseguiu ser absolvida. Argola Muniz e Antônio Muniz Sodré de Em setembro de 1969 já havia desistido Aragão. Aos 14 anos, quando estudava no do jornal, submetido então a tremendas Rio de Janeiro, Niomar começou a pressões políticas e econômicas; escrever crônicas, contos e a colaborar em arrendou-o a um grupo empreiteiro e jornais. Aos 15 aos, fugiu de casa para se despediu-se com um artigo que unir a um primo-irmão, Hélio, com quem terminava assim “(...) não tenho no teve seu único filho, Antônio. momento mais lugar neste país para Em 1936, seu pai era diretor do continuar minha missão, pois entre nós é importante jornal carioca Correio da proibido se gente”. Em 1974, depois de Manhã e apresentou- a Paulo Bittencourt, longas temporadas em Paris, Niomar o proprietário. Ela imediatamente pediu recusou-se a receber o jornal, muito para colaborara no jornal; seis meses endividado, antes que terminasse o depois separava-se do marido para se contrato, e o Correio da Manhã fechou. casar com Paulo, vinte anos mais velho. Em 1985, Niomar recebeu a A fundação do Museu de Arte Medalha Pedro Ernesto, da Câmara de Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, em Vereadores do Rio de janeiro, e o título de 1948, foi uma tarefa a que Niomar se Cidadã do Rio de Janeiro, da Assembléia dedicou com toda sua energia. Foi Legislativa do Estado. O grande diretora-executiva do MAM durante dez homenagem, à qual estiveram presentes anos e depois presidente de honra e expressivas autoridades do cenário membro do conselho. Em 1963, com a político nacional. morte de Paulo Bittencourt, Niomar assumiu a direção do Correio da Manhã. FONTES: Embora tenha apoiado o golpe Alzira e Israel Beloch (coord.), Dicionário militar de 1964. o jornal foi o primeiro a histórico-biográfico brasileiro; lutar pela restauração da democracia no Jornal do Brasil, 14.3.1969; Correio da manhã, 7.6.1969, 11.9.1969, país e a denunciar arbitrariedades e 9.6.1974; tor turas a presos políticos. Em O Globo, 9.7.1978; conseqüência, Niomar foi presa e teve Isto É, 27.11.1985. seus direitos políticos cassados. Sua resistência às ingerências dos militares no Correio da Manhã ficou conhecida nos meios jornalísticos e, em decorrência, foi
  • 41. Violante Atalipa Ximenes Bivar e Velasco (c.1816-74) Pioneira no jornalismo Nasceu na Bahia, em 1º de Violante foi considerada por dezembro de 1816 ou 1817. Seus pais Joaquim Manuel de Macedo e Afonso eram Violante Lima de Bivar e o Costa como a primeira jornalista conselheiro imperial Diogo Soares da brasileira, já que Joana Paula era Silva de Bivar. nacionalidade argentina. O historiador Recebeu uma educação refinada e Barros Vidal no livro História e evolução bem cedo aprendeu o francês, o italiano e da imprensa brasileira afirma que: “ Com o inglês. Mudou-se com a família para o Violante Bivar nasceu também a primeira Rio de Janeiro, onde se tornou figura de compreensão, entre nós, do problema da projeção social nos salões da Corte. Com emancipação feminina”. cerca de 20 anos, traduziu a peça O xale Faleceu a 25 de maio de 1875. No de Casemiro verde, de Alexandre Dumas e Rio de Janeiro. Eugênio Sue, o que lhe valeu a entrada no grêmio do Conservatório Dramático Rio FONTES: de Janeiro. Eliana Vasconcelos, in “Violante de Bivar e Casou-se com um oficial da Velasco”, in Zahidé L. Mozart, Escritoras brasileiras do século XIX; marinha, o tenente João Antônio Maria T.C Crescenti Bernardes, Mulheres de Boaventura Velasco. Em meados da ontem?; década de 1840, conheceu a argentina Olmio barros Vidal, Precursoras brasileiras. Joana Paula Manso de Noronha*, que lançou, em 1852, o primeiro jornal redigido por mulheres, O jornal das Senhoras. Violante começou como colaboradora, mas seis meses depois já o dirigia. Em 1855, deixou o jornal. Publicou, em 1859, uma coletânea, Algumas traduções das línguas francesa, italiana e inglesa, com prefácio de Beatriz Francisca de Assis Brandão*. Em 1865, sofreu a perda de seu pai e, pouco depois, também seu marido faleceu. Retornaria ao mundo das letras, oito anos depois, ao criar o jornal O Domingo, seguindo a linha do antigo periódico. O último número de O Domingo foi o de 9 de maio de 1874.