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Design? Do que trata o
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Design = Ciência do Projeto
O filósofo brasileiro Álvaro Vieira Pinto (1909-1987) escreveu sobre
as relações existenciais entre ciência e projeto.
Para ele, o mundo em que vivemos é produzido socialmente por
nossas mãos. Não temos contato imediato com a natureza, mas
sim através de mediações.
Para produzir nossa existência e continuar existindo, precisamos
dominar as mediações entre nossa consciência e nosso mundo:
linguagem, técnica, ferramentas e design.
Vieira Pinto define a ciência como autoconsciência máxima possível
em cada cultura humana. Assim, ele reconhece que há uma forma
de ciência em todas as culturas, embora com outros nomes.
A produção de ciência é inerente a qualquer trabalho, porém,
devido às desigualdades sociais, algumas formas de trabalho se
estabelecem culturalmente como mais científicas que outras.
A forma distintiva de trabalho de Design surgiu no século XX a
partir da intensificação da divisão do trabalho na indústria e das
demandas do capital de exploração da subjetividade no consumo.
projeto


trabalho intelectual


trabalho científico


ciência pura


ciência desenvolvida


teoria
uso


trabalho manual


trabalho técnico


ciência aplicada


ciência subdesenvolvida


prática
Para superar essas dicotomias, Vieira Pinto recomenda incluir a
condição existencial do pesquisador como parte do problema de
pesquisa e também como uma mediação metodológica.
A minha condição existencial passou a ser o ponto de partida real
e efetivo para as minhas investigações científicas no Design.
Sou um trabalhador científico localizado num país subdesenvolvido,
que não dá prioridade à ciência para o seu desenvolvimento.
Se reconhecermos que nossa condição é subdesenvolvida e que
não podemos fazer a mesma ciência que as metrópoles coloniais,
podemos então nos debruçar sobre os problemas de nossos povos.
O metropolitanismo nos leva a pensar que as soluções para nossos
problemas estão sempre em outro lugar, em outro tempo, mas
nunca aqui e agora.
Junto com as soluções estrangeiras vêm também os problemas
estrangeiros. Habituamo-nos a resolver os problemas científicos de
outros países e ignoramos as nossas próprias ciências.
Minha tese de doutorado identificou uma prática expansiva de
design que inclui contradições como fonte de mudança nas
atividades e nos espaços que habitamos.
Desde que defendi minha tese na Holanda e retornei ao Brasil,
tenho focado minha pesquisa na contradição da opressão. Eu me
pergunto: como o design oprime e como pode libertar?
Em 2019, realizamos um experimento com estudantes de Design da
UTFPR em que testemunhamos a emergência de um corpo coletivo.
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colonialista para afirmar sua autonomia.
Dentre os desdobramentos desse manifesto, destaca-se a fundação
do Laboratório de Design contra a Opressão (LADO) em 2021.
Uma descoberta importante realizada por pesquisadores do LADO e
da PUCPR é a opressão do usuário, o usuarismo.
Segundo Vieira Pinto,
pesquisadores podem negar suas
origens e servir a outros corpos
coletivos, mas essa não é a
atitude moral mais consistente.
Na condição de
subdesenvolvimento,
pesquisadores devem se
identificar com o povo e com o
povo criar projetos de pesquisa
libertadores.
Assim, seu trabalho científico
contribuirá para um país mais
consciente de suas ciências, de suas
culturas e de seus mundos, enfim,
de quem somos enquanto nação.
Obrigado!
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Design contra opressão no Brasil

  • 1. Nacionalismo autêntico na Pesquisa em Design Frederick van Amstel @usabilidoido DADIN, UTFPR, Brasil www.usabilidoido.com.br
  • 2. A quem interessa o Design? O que pode ser feito com Design? Do que trata o Design?
  • 3. Design = Ciência do Projeto
  • 4. O filósofo brasileiro Álvaro Vieira Pinto (1909-1987) escreveu sobre as relações existenciais entre ciência e projeto.
  • 5. Para ele, o mundo em que vivemos é produzido socialmente por nossas mãos. Não temos contato imediato com a natureza, mas sim através de mediações.
  • 6. Para produzir nossa existência e continuar existindo, precisamos dominar as mediações entre nossa consciência e nosso mundo: linguagem, técnica, ferramentas e design.
  • 7. Vieira Pinto define a ciência como autoconsciência máxima possível em cada cultura humana. Assim, ele reconhece que há uma forma de ciência em todas as culturas, embora com outros nomes.
  • 8. A produção de ciência é inerente a qualquer trabalho, porém, devido às desigualdades sociais, algumas formas de trabalho se estabelecem culturalmente como mais científicas que outras.
  • 9. A forma distintiva de trabalho de Design surgiu no século XX a partir da intensificação da divisão do trabalho na indústria e das demandas do capital de exploração da subjetividade no consumo.
  • 10. projeto trabalho intelectual trabalho científico ciência pura ciência desenvolvida teoria uso trabalho manual trabalho técnico ciência aplicada ciência subdesenvolvida prática
  • 11. Para superar essas dicotomias, Vieira Pinto recomenda incluir a condição existencial do pesquisador como parte do problema de pesquisa e também como uma mediação metodológica.
  • 12. A minha condição existencial passou a ser o ponto de partida real e efetivo para as minhas investigações científicas no Design.
  • 13. Sou um trabalhador científico localizado num país subdesenvolvido, que não dá prioridade à ciência para o seu desenvolvimento.
  • 14. Se reconhecermos que nossa condição é subdesenvolvida e que não podemos fazer a mesma ciência que as metrópoles coloniais, podemos então nos debruçar sobre os problemas de nossos povos.
  • 15. O metropolitanismo nos leva a pensar que as soluções para nossos problemas estão sempre em outro lugar, em outro tempo, mas nunca aqui e agora.
  • 16. Junto com as soluções estrangeiras vêm também os problemas estrangeiros. Habituamo-nos a resolver os problemas científicos de outros países e ignoramos as nossas próprias ciências.
  • 17. Minha tese de doutorado identificou uma prática expansiva de design que inclui contradições como fonte de mudança nas atividades e nos espaços que habitamos.
  • 18. Desde que defendi minha tese na Holanda e retornei ao Brasil, tenho focado minha pesquisa na contradição da opressão. Eu me pergunto: como o design oprime e como pode libertar?
  • 19. Em 2019, realizamos um experimento com estudantes de Design da UTFPR em que testemunhamos a emergência de um corpo coletivo.
  • 20. Esse corpo coletivo quebrou com todas as regras de design colonialista para afirmar sua autonomia.
  • 21. Dentre os desdobramentos desse manifesto, destaca-se a fundação do Laboratório de Design contra a Opressão (LADO) em 2021.
  • 22. Uma descoberta importante realizada por pesquisadores do LADO e da PUCPR é a opressão do usuário, o usuarismo.
  • 23. Segundo Vieira Pinto, pesquisadores podem negar suas origens e servir a outros corpos coletivos, mas essa não é a atitude moral mais consistente.
  • 24. Na condição de subdesenvolvimento, pesquisadores devem se identificar com o povo e com o povo criar projetos de pesquisa libertadores.
  • 25. Assim, seu trabalho científico contribuirá para um país mais consciente de suas ciências, de suas culturas e de seus mundos, enfim, de quem somos enquanto nação.
  • 26. Obrigado! Frederick van Amstel @usabilidoido DADIN, UTFPR, Brasil www.usabilidoido.com.br