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DISCIPLINA: UM DOS DESAFIOS DOS TEMPOS MODERNOS

                                                                    Valderez Cardoso da Silva Souza
                                                                               Sonia Maria Morelli

RESUMO: Este artigo consiste em uma abordagem sobre a disciplina em sala de aula.
Dentro do contexto da pós-modernidade, a indisciplina tem causado graves problemas. O
professor autoritário da educação tradicional e a abertura da educação moderna mais liberal
contribuíram para que os alunos perdessem a questão do limite, do respeito e da
responsabilidade. O professor não possui subsídios que lhe ofereçam fórmulas milagrosas.
Sabe-se que a educação vai além das quatro paredes de uma sala de aula, é mais
questionável; vivencia as expectativas de novos valores. O professor deve refletir sobre sua
prática pedagógica, qual postura e atitude deve tomar. Vencer os desafios, mostrar uma
nova realidade vivenciada pelo aluno como forma prática de conduzi-los ao saber, através
de técnicas para vencer, não é tarefa fácil, mas, é preciso dispormos de recursos para que a
disciplina aconteça e o aprendizado tenha seu valor real.


PALAVRAS-CHAVES: Aluno, Disciplina, Professor, Sala de Aula.



          A falta de disciplina em sala de aula e na escola é, atualmente, um dos grandes
desafios colocados para os educadores. Estamos vivendo a crise da disciplina no contexto
da pós-modernidade. O que se tem constatado é a oscilação estéril entre o autoritarismo da
educação tradicional, e o espontaneísmo da educação moderna.
          Pesquisas pedagógicas têm mostrado o quanto se perde tempo em sala de aula com
questões de disciplina, em detrimento da interação do aluno com o conhecimento e sua
realidade, e tem-se tentado identificar as causa da indisciplina.
          Onde se manifesta: No corredor, no pátio, nas imediações da escola e,
principalmente, na sala de aula, enfoque principal deste artigo.
          Como se manifesta: Conversas paralelas, dispersão; o professor entra na sala e é
como se não tivesse entrado; dá os conteúdos e maioria não faz; quando vem a professora
substituta, é dia de fazer bagunça; alunos não trazem material; negam-se a participar da
aula; parece que nada interessa; saem para o corredor entre uma aula e outra; fazem
bagunça em sala de aula quando não há professor; os irmãos entram no meio da aula para
pedir material, lanche; riscam carteiras até estragar, comem e mascam chicletes durante a



    Graduanda em Letras Português/Inglês pela Universidade Paranaense - Cianorte. valderezcss@hotmail.com

    Mestre em Letras, professora de Literatura Brasileira da Universidade Paranaense – Cianorte.
aula; respondem ironicamente aos professores; saem no meio da explicação, levantam-se e
falam com o colega.
          Diante da presença e da dificuldade de enfrentar a situação, chegamos a ouvir de
educadores que o problema da disciplina sempre existiu na escola, que não é problema
novo e sempre vai existir. “Isto é lamentável”, diz Vasconcelos (1994), pois leva a uma
posição       de   conformismo     e   comodismo.     É    semelhante     a    dizer   que     a
pobreza/exploração/dominação sempre existiu e que, portanto sempre continuará existindo.
          Uma das dificuldades de enfrentar a problemática disciplinar é que o educador não
dispõe de uma concepção, que ofereça um método, que lhe sirva de ferramenta eficiente.
          De modo geral, o educador está marcado pela concepção idealista, isto é: tem uma
série de idéias bonitas sobre disciplina, mas não sabe por que não as consegue colocar em
prática. Para isto concorre a falta de análise dos determinantes, de clareza de objetivos, de
mediações concretas, bem como a falta de interação entre estas três dimensões básicas.
          A construção da disciplina consciente e interativa é necessária, possível e urgente.
Deve-se buscar conscientização da comunidade educativa em torno de um novo sentido de
disciplina.
          Como se dá a conscientização? Pela dialética: ação-reflexão-ação. Tem-se, pois que
partir da realidade, refletir sobre ela e despertar o desejo, a vontade política, o
compromisso de se construir algo diferente. Além de refletir sobre esta prática, precisa-se,
portanto de uma boa teoria que ajude a explicar a realidade, para depois definir aonde ir e o
que fazer.
          Segundo Vasconcelos (1994, p.18), o movimento geral da reflexão que se faz,
articula-se em torno de três grandes eixos: “Análise da realidade” – como se manifesta e
como se pode compreender o problema; “Projeção das finalidades” - qual disciplina, (ás
vezes falta clareza do que se quer e para onde dirigir o esforço); e as “Formas de
mediação”, isto é, o que fazer (muito vem sendo feito), mas a questão é fazer o que é
necessário.
          O problema da disciplina, para ser devidamente equacionado deve ser tratado em
torno de suas múltiplas relações:
                                          Sujeitos                            Comunitária
          Sociedade ↔ Escola              Projetos           Estruturas       Administrativa
                                          Recursos                            Pedagógica
          É fundamental que o projeto de enfrentamento do problema seja construído e
assumido pelo coletivo escolar. Segundo Tiba (1996, p. 99) “A disciplina escolar é um
conjunto de regras que devem ser obedecidas para o êxito do aprendizado escolar. Portanto
ela é uma qualidade de relacionamento humano entre o corpo docente e os alunos de uma
sala de aula (...)”. É preciso levar em conta as características de cada um dos envolvidos:
professor, aluno e ambiente. O professor é essencial para a socialização comunitária, e tem
basicamente quatro funções: o de ser professor propriamente dito; o de ser coordenador de
grupo de alunos; ser membro do corpo docente; e empregado de uma instituição. O aluno,
por sua vez, é peça-chave para a disciplina e o sucesso do aprendizado e, ultimamente, não
tem motivação para estudar. Conforme Tiba (1996, p.100), “Estudar para quê?” Muitas
vezes os pais pagam caro por isso, os filhos estudam e são animados, mas têm sempre que
ganhar algo em troca. O mesmo acontece em sala de aula; só fazem tarefas e trabalhos se
valer nota.
       Tiba (1996, p.101) critica o sistema educacional do ensino fundamental e médio,
por ser aprovativo; isso que acaba por estimular o aluno em ter que receber nota em troca
da execução de atividades, que são necessárias para reforçar a aprendizagem. Argumenta
que, no vestibular, o fator forte é acumular sabedoria: quanto mais conhecimento, menos
dependerá da sorte. “Os melhores alunos são os que têm interesse em aprender, porque a
sabedoria (o acúmulo de conhecimentos) é um valor desde cedo muito bem considerado na
sua educação familiar.”
       Além disso, o ambiente físico, ou seja, as condições prediais das salas de aula,
quentes e mal ventiladas, pequenas, escuras, e os fatores psicológicos como barulho,
conflitos, etc., dificultam a aprendizagem e interferem na disciplina dos alunos.
       Outro fator que interfere na disciplina, são as chamadas “escolas empresas”, um
professor que trabalha numa instituição e sempre protege o aluno, seu “cliente”,
independentemente do fato de este ter ou não razão, na hora de tomar alguma decisão
disciplinar nem sempre tem respaldo da instituição.
       Tiba (1996, p.105), faz uma analogia interessante: O professor precisa ser como um
grande cozinheiro. Na classe, a informação é o alimento recebido, e a digestão dessa
informação é tarefa do aluno a ser executada em casa e consiste num acúmulo de
sabedoria, que nada mais é do que o conhecimento armazenado, para ser utilizado a
qualquer momento. “O professor precisa despertar no aluno a função de discípulo, cativá-
lo para que ache interessante o tópico que está sendo estudado.” É necessário que o aluno
aprenda a se “alimentar”.
       Segundo Gentile (2002, p.16-18), o professor pode fazer da indisciplina uma grande
aliada: “Ela atrapalha e incomoda, mas se for trabalhada de forma adequada, pode ajudá-lo
a conquistar a turma.” Um exemplo citado pela autora é o caso da psicóloga Freller,
professora de Psicologia Escolar do Instituto de Psicologia da USP. Ela ressalta que a
bagunça e a inquietação, muitas vezes “... é uma das maneiras que as crianças e os
adolescentes têm de comunicar que algo não vai bem.” Por trás de uma guerra de papel
podem estar problemas psíquicos ou familiares; ou um aviso de que o estudante não está
integrado ao processo de ensino e aprendizagem.
       A estratégia é transformar a contestação em aliada, dando atenção ao jovem e
ajudando-o a entender o que o incomoda. Muitas vezes, a saída é colocar os alunos para
ajudar o professor através de trabalhos em grupos, encenação de algum conteúdo, dando
importância ao que estão dizendo, pois todos gostam de ser ouvido.
       O convite à participação, o bom humor, o domínio da movimentação cênica, os
recursos audiovisuais são fortes aliados dos professores. Os alunos aprendem muito mais
com imagens do que com símbolos. O professor deve usar esses e outros recursos para
tornar a aula uma experiência de vida e não uma simples transferência de conteúdos de
uma pessoa para a outra.
       Por outro lado, o professor deve manter-se firme, não rancoroso, falar com
autoridade, não significa ser autoritário, demostrar ao aluno que ele está ali, para ministrar
a aula, que tem a voz e a vez, e irá ensinar o que está proposto para aquele dia. Deve
posicionar-se como o comandante da sala de aula, tudo o que acontecer durante a aula, será
sob seu comando e orientação. Para isso, o professor deve estar munido de um bom
planejamento, devidamente preparado, de acordo com o conteúdo e a faixa etária dos
alunos, bem detalhado, com atividades que envolva o aluno no contexto e no desenrolar da
aula. Acredita-se que esse é se não o melhor, a principal ferramenta a disposição do
professor, para que aula transcorra da melhor maneira possível.




                           REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS


GENTILE, Paola. A indisciplina como aliada. Revista Nova Escola. São Paulo: Abril,
nº.149, janeiro/fevereiro de 2002.

TIBA I. Disciplina, O limite na medida certa. 8. ed. São Paulo: Editora Gente, 1996.

VASCONCELOS, C. S. Disciplina: Construção da Disciplina Consciente e Interativa em
Sala de Aula e na Escola. 3. ed. São Paulo: Libertad, 1994.

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  • 1. DISCIPLINA: UM DOS DESAFIOS DOS TEMPOS MODERNOS Valderez Cardoso da Silva Souza Sonia Maria Morelli RESUMO: Este artigo consiste em uma abordagem sobre a disciplina em sala de aula. Dentro do contexto da pós-modernidade, a indisciplina tem causado graves problemas. O professor autoritário da educação tradicional e a abertura da educação moderna mais liberal contribuíram para que os alunos perdessem a questão do limite, do respeito e da responsabilidade. O professor não possui subsídios que lhe ofereçam fórmulas milagrosas. Sabe-se que a educação vai além das quatro paredes de uma sala de aula, é mais questionável; vivencia as expectativas de novos valores. O professor deve refletir sobre sua prática pedagógica, qual postura e atitude deve tomar. Vencer os desafios, mostrar uma nova realidade vivenciada pelo aluno como forma prática de conduzi-los ao saber, através de técnicas para vencer, não é tarefa fácil, mas, é preciso dispormos de recursos para que a disciplina aconteça e o aprendizado tenha seu valor real. PALAVRAS-CHAVES: Aluno, Disciplina, Professor, Sala de Aula. A falta de disciplina em sala de aula e na escola é, atualmente, um dos grandes desafios colocados para os educadores. Estamos vivendo a crise da disciplina no contexto da pós-modernidade. O que se tem constatado é a oscilação estéril entre o autoritarismo da educação tradicional, e o espontaneísmo da educação moderna. Pesquisas pedagógicas têm mostrado o quanto se perde tempo em sala de aula com questões de disciplina, em detrimento da interação do aluno com o conhecimento e sua realidade, e tem-se tentado identificar as causa da indisciplina. Onde se manifesta: No corredor, no pátio, nas imediações da escola e, principalmente, na sala de aula, enfoque principal deste artigo. Como se manifesta: Conversas paralelas, dispersão; o professor entra na sala e é como se não tivesse entrado; dá os conteúdos e maioria não faz; quando vem a professora substituta, é dia de fazer bagunça; alunos não trazem material; negam-se a participar da aula; parece que nada interessa; saem para o corredor entre uma aula e outra; fazem bagunça em sala de aula quando não há professor; os irmãos entram no meio da aula para pedir material, lanche; riscam carteiras até estragar, comem e mascam chicletes durante a  Graduanda em Letras Português/Inglês pela Universidade Paranaense - Cianorte. valderezcss@hotmail.com  Mestre em Letras, professora de Literatura Brasileira da Universidade Paranaense – Cianorte.
  • 2. aula; respondem ironicamente aos professores; saem no meio da explicação, levantam-se e falam com o colega. Diante da presença e da dificuldade de enfrentar a situação, chegamos a ouvir de educadores que o problema da disciplina sempre existiu na escola, que não é problema novo e sempre vai existir. “Isto é lamentável”, diz Vasconcelos (1994), pois leva a uma posição de conformismo e comodismo. É semelhante a dizer que a pobreza/exploração/dominação sempre existiu e que, portanto sempre continuará existindo. Uma das dificuldades de enfrentar a problemática disciplinar é que o educador não dispõe de uma concepção, que ofereça um método, que lhe sirva de ferramenta eficiente. De modo geral, o educador está marcado pela concepção idealista, isto é: tem uma série de idéias bonitas sobre disciplina, mas não sabe por que não as consegue colocar em prática. Para isto concorre a falta de análise dos determinantes, de clareza de objetivos, de mediações concretas, bem como a falta de interação entre estas três dimensões básicas. A construção da disciplina consciente e interativa é necessária, possível e urgente. Deve-se buscar conscientização da comunidade educativa em torno de um novo sentido de disciplina. Como se dá a conscientização? Pela dialética: ação-reflexão-ação. Tem-se, pois que partir da realidade, refletir sobre ela e despertar o desejo, a vontade política, o compromisso de se construir algo diferente. Além de refletir sobre esta prática, precisa-se, portanto de uma boa teoria que ajude a explicar a realidade, para depois definir aonde ir e o que fazer. Segundo Vasconcelos (1994, p.18), o movimento geral da reflexão que se faz, articula-se em torno de três grandes eixos: “Análise da realidade” – como se manifesta e como se pode compreender o problema; “Projeção das finalidades” - qual disciplina, (ás vezes falta clareza do que se quer e para onde dirigir o esforço); e as “Formas de mediação”, isto é, o que fazer (muito vem sendo feito), mas a questão é fazer o que é necessário. O problema da disciplina, para ser devidamente equacionado deve ser tratado em torno de suas múltiplas relações: Sujeitos Comunitária Sociedade ↔ Escola Projetos Estruturas Administrativa Recursos Pedagógica É fundamental que o projeto de enfrentamento do problema seja construído e assumido pelo coletivo escolar. Segundo Tiba (1996, p. 99) “A disciplina escolar é um
  • 3. conjunto de regras que devem ser obedecidas para o êxito do aprendizado escolar. Portanto ela é uma qualidade de relacionamento humano entre o corpo docente e os alunos de uma sala de aula (...)”. É preciso levar em conta as características de cada um dos envolvidos: professor, aluno e ambiente. O professor é essencial para a socialização comunitária, e tem basicamente quatro funções: o de ser professor propriamente dito; o de ser coordenador de grupo de alunos; ser membro do corpo docente; e empregado de uma instituição. O aluno, por sua vez, é peça-chave para a disciplina e o sucesso do aprendizado e, ultimamente, não tem motivação para estudar. Conforme Tiba (1996, p.100), “Estudar para quê?” Muitas vezes os pais pagam caro por isso, os filhos estudam e são animados, mas têm sempre que ganhar algo em troca. O mesmo acontece em sala de aula; só fazem tarefas e trabalhos se valer nota. Tiba (1996, p.101) critica o sistema educacional do ensino fundamental e médio, por ser aprovativo; isso que acaba por estimular o aluno em ter que receber nota em troca da execução de atividades, que são necessárias para reforçar a aprendizagem. Argumenta que, no vestibular, o fator forte é acumular sabedoria: quanto mais conhecimento, menos dependerá da sorte. “Os melhores alunos são os que têm interesse em aprender, porque a sabedoria (o acúmulo de conhecimentos) é um valor desde cedo muito bem considerado na sua educação familiar.” Além disso, o ambiente físico, ou seja, as condições prediais das salas de aula, quentes e mal ventiladas, pequenas, escuras, e os fatores psicológicos como barulho, conflitos, etc., dificultam a aprendizagem e interferem na disciplina dos alunos. Outro fator que interfere na disciplina, são as chamadas “escolas empresas”, um professor que trabalha numa instituição e sempre protege o aluno, seu “cliente”, independentemente do fato de este ter ou não razão, na hora de tomar alguma decisão disciplinar nem sempre tem respaldo da instituição. Tiba (1996, p.105), faz uma analogia interessante: O professor precisa ser como um grande cozinheiro. Na classe, a informação é o alimento recebido, e a digestão dessa informação é tarefa do aluno a ser executada em casa e consiste num acúmulo de sabedoria, que nada mais é do que o conhecimento armazenado, para ser utilizado a qualquer momento. “O professor precisa despertar no aluno a função de discípulo, cativá- lo para que ache interessante o tópico que está sendo estudado.” É necessário que o aluno aprenda a se “alimentar”. Segundo Gentile (2002, p.16-18), o professor pode fazer da indisciplina uma grande aliada: “Ela atrapalha e incomoda, mas se for trabalhada de forma adequada, pode ajudá-lo
  • 4. a conquistar a turma.” Um exemplo citado pela autora é o caso da psicóloga Freller, professora de Psicologia Escolar do Instituto de Psicologia da USP. Ela ressalta que a bagunça e a inquietação, muitas vezes “... é uma das maneiras que as crianças e os adolescentes têm de comunicar que algo não vai bem.” Por trás de uma guerra de papel podem estar problemas psíquicos ou familiares; ou um aviso de que o estudante não está integrado ao processo de ensino e aprendizagem. A estratégia é transformar a contestação em aliada, dando atenção ao jovem e ajudando-o a entender o que o incomoda. Muitas vezes, a saída é colocar os alunos para ajudar o professor através de trabalhos em grupos, encenação de algum conteúdo, dando importância ao que estão dizendo, pois todos gostam de ser ouvido. O convite à participação, o bom humor, o domínio da movimentação cênica, os recursos audiovisuais são fortes aliados dos professores. Os alunos aprendem muito mais com imagens do que com símbolos. O professor deve usar esses e outros recursos para tornar a aula uma experiência de vida e não uma simples transferência de conteúdos de uma pessoa para a outra. Por outro lado, o professor deve manter-se firme, não rancoroso, falar com autoridade, não significa ser autoritário, demostrar ao aluno que ele está ali, para ministrar a aula, que tem a voz e a vez, e irá ensinar o que está proposto para aquele dia. Deve posicionar-se como o comandante da sala de aula, tudo o que acontecer durante a aula, será sob seu comando e orientação. Para isso, o professor deve estar munido de um bom planejamento, devidamente preparado, de acordo com o conteúdo e a faixa etária dos alunos, bem detalhado, com atividades que envolva o aluno no contexto e no desenrolar da aula. Acredita-se que esse é se não o melhor, a principal ferramenta a disposição do professor, para que aula transcorra da melhor maneira possível. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS GENTILE, Paola. A indisciplina como aliada. Revista Nova Escola. São Paulo: Abril, nº.149, janeiro/fevereiro de 2002. TIBA I. Disciplina, O limite na medida certa. 8. ed. São Paulo: Editora Gente, 1996. VASCONCELOS, C. S. Disciplina: Construção da Disciplina Consciente e Interativa em Sala de Aula e na Escola. 3. ed. São Paulo: Libertad, 1994.