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                                                                                                                        dezembro de 2008



                 Nota sobre a ocorrência e observações da
             tiriba‑pérola Pyrrhura lepida (Aves, Psittacidae)
              no estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil
                               Glauco Alves Pereira1, Maurício Cabral Periquito1 e Ciro Albano1,2

1. Observadores de Aves de Pernambuco – OAP. Avenida Agamenon Magalhães, 28, QC‑13, Engenho Maranguape, 53423‑440, Paulista, PE.
   E‑mail: glaucoapereira@yahoo.com.br
2. AQUASIS. Rua Praia de Iparana, s/n, SESC Iparana, Caucaia, CE. E‑mail: ciroalbano@yahoo.com.br

Recebido em 10/01/2007. Aceito em 18/11/2008.



       ABstrACt: Note about the occurrence and observations of the Pearly Parakeet (birds, Psittacidae) in the state of Pernambuco,
       NE Brazil. A group of twelve individuals of Pearly Parakeet was found inhabiting an Atlantic Forest fragment in Recife, NE Brazil.
       The individuals seemed to be well adapted to the place. In non systematic visits to the area between 2004‑2006 we observed some
       items of the diet, defense behavior against predators and population increase. The origin of the individuals is probably of improper
       release or escape from captivity, since this species doesn’t inhabit the Atlantic Forest. Since it is a threatened species, this work
       also aims to contribute to conservation efforts, like reintroduction programs in areas of original distribution where the species is
       extinct.

       KEy-Words: Occurrence, Pearly Parakeet, Pyrrhura lepida, Atlantic Forest, Pernambuco.

       PAlAvrAs-ChAvE: Ocorrência, titiba‑pérola, Pyrrhura lepida, Floresta Atlântica, Pernambuco.




       A tiriba‑pérola Pyrrhura lepida é um psitacídeo re‑                   de 1997, soube da existência da tiriba‑pérola, que é deno‑
presentado por três subespécies que ocorrem nos estados                      minada popularmente por alguns funcionários por jan‑
do Maranhão e Pará (Collar 1997). Duas dessas subes‑                         daia, porém eram em número reduzido comparando com
pécies, P. l. lepida Wagler, 1832, e P. l. caerulescens Neu‑                 o número atual de espécimes.
mann, 1927, são consideradas ameaçadas de extinção,                               No PEDI, essa espécie habita as bordas da mata se‑
estando ambas, na categoria “Em Perigo” (MMA 2003).                          cundária (de 387,4 ha) e áreas próximas, como a Praça
A BirdLife Internacional (2008) não qualifica a espécie                      em frente ao zoológico e o campus da Universidade Fe‑
como ameaçada, no entanto cita a existência de uma pe‑                       deral Rural de Pernambuco. São comumente observadas
quena população que possivelmente esteja declinando ra‑                      nas copas das árvores, e ocasionalmente descem até o sub‑
pidamente devido a perda de hábitat.                                         bosque para se alimentar.
       Encontramos doze indivíduos desta espécie no Par‑                          Aparentemente a espécie se adaptou bem ao local,
que Estadual de Dois Irmãos (PEDI) (08°00’S; 34°56’W),                       um dos itens de sua alimentação são os pequenos frutos
em Recife, Pernambuco. Documentamos as imagens da                            das periquiteiras Trema micrantha (L.) Blume (Ulmace‑
espécie através de uma filmadora (Sony DCR‑HC‑21) e                          ae). Observamos o grupo nessas árvores durante sua fruti‑
uma máquina fotográfica (Canon EOS 300D e lente Ca‑                          ficação em setembro de 2005 e em outubro/novembro de
non IS 100‑400 mm). As vocalizações foram documenta‑                         2006 (Figura 1). L. F. Silveira (com. pess. 2006) também
das com um gravador (Sony TCM 5000‑EV) e microfone                           observou P. lepida alimentando‑se dos frutos desta planta
(Senheiser ME‑67). Este material encontra‑se disponível                      no estado do Pará. Em outros trabalhos, psitacídeos como
para consulta no banco de dados dos Observadores de                          Pyrrhura molinae, Pyrrhura frontalis, Forpus xanthoptery-
Aves de Pernambuco – OAP. De acordo com L. F. Sil‑                           gius e Brotogeris tirica foram observados se alimentando
veira (com. pess. 2006) trata‑se da subespécie nominal                       dos frutos de T. micrantha (Pizo et al. 1995; Argel de Oli‑
P. l. lepida.                                                                veira et al. 1996; Ragusa‑Netto 2007). Avistamos tam‑
       A espécie vem sendo observada no local desde agosto                   bém alguns indivíduos consumirem os frutos do samba‑
de 2004. De acordo com a veterinária do Parque Dois                          cuim Didymopanax morototonii (Aubl.) Decne & Planch
Irmãos (zoológico), Rivânia Oliveira (com. pess. 2006),                      (Araliaceae), em novembro de 2006. Em algumas ocasiões
desde quando começou a trabalhar no zoológico, no ano                        foram observadas se alimentando de liquens ou da casca
396          Nota sobre a ocorrência e observações da tiriba‑pérola Pyrrhura lepida (Aves, Psittacidae) no estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil
                                                 Glauco Alves Pereira, Maurício Cabral Periquito e Ciro Albano




de uma árvore não identificada. Outros elementos, como                              ficaram sobrevoando o fragmento na tentativa de alertar
insetos, algas e caracóis já foram mencionados como parte                           os demais indivíduos do grupo. O comportamento de
da dieta de psitacídeos neotropicais (Roth 1984; Sazima                             sentinela vem sendo estudado em populações de psitací‑
1989).                                                                              deos (Westcott e Cockburn 1988; South e Pruett‑Jones
     Normalmente vocalizam com maior freqüência                                     2000), tendo sido verificado durante o forrageio de Pyr-
quando estão voando, porém permanecem em silêncio                                   rhura frontalis (Kristosch e Marcondes‑Machado 2001).
quando estão pousadas ou forrageando. De acordo com                                 Esses últimos autores observaram uma ave sentinela aler‑
Sick (1997) este comportamento é uma defesa que os                                  tar para um grupo de 10 indivíduos que forrageava, en‑
psitacídeos desenvolveram para despistar eventuais pre‑                             quanto um Mivalgo chimachima se aproximava do local
dadores. O hábito do bando permanecer em silêncio en‑                               onde se alimentavam, após o sinal todo o bando voou.
quanto se alimentava também foi observado em bandos                                       Aparentemente existem dois bandos, um formado
de Pyrrhura frontalis no sudeste do Brasil (Kristosch e                             por nove espécimes e outro por três indivíduos. Obser‑
Marcondes‑Machado 2001) e em bandos de Touit surdus                                 vamos esses dois grupos juntos apenas uma vez. Em al‑
em Pernambuco (Telino‑Júnior et al. 2000).                                          gumas ocasiões, o bando mais numeroso se dividiu em
     Em algumas ocasiões, observamos que durante o for‑                             pequenos sub‑grupos durante o forrageio.
rageio do grupo, alguns indivíduos raramente se alimen‑                                   A tiriba‑pérola ocorre originalmente nas florestas
tavam, estando possivelmente em sentinela, para alertar                             úmidas e matas de transição do leste da Amazônia e Ma‑
ao restante do grupo acerca de qualquer ameaça. Durante                             ranhão (Collar 1997). É pressuposto que, inicialmente,
a aproximação de um gavião‑carijó Rupornis magnirostris                             alguns desses indivíduos foram provenientes de solturas
ao sítio de alimentação das Pyrrhuras, um dos membros                               indevidas ou acidentais. Apesar de existir um zoológico
emitiu um sinal de alerta, e posteriormente quatro delas                            no PEDI, nenhum funcionário do zoológico confirma a




FiGurA 1: Pyrrhura lepida fotografada no Parque Dois Irmãos enquanto se alimentava dos frutos de Trema micrantha (Foto de Ciro Albano).
FiGurE 1: Pearly Parakeet photographed in the Parque Dois Irmãos while fed fruits of Trema micrantha (Photo by Ciro Albano).

                                                         Revista Brasileira de Ornitologia, 16(4), 2008
Nota sobre a ocorrência e observações da tiriba‑pérola Pyrrhura lepida (Aves, Psittacidae) no estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil    397
                                                 Glauco Alves Pereira, Maurício Cabral Periquito e Ciro Albano




fuga de alguma ave dessa espécie de suas dependências,                                                         rEFErêNCiAs
mesmo assim, existe a probabilidade de ter sido espéci‑
mes foragidos do zoológico há muito tempo, não estando                              Argel‑de‑oliveira, M. M.; Castiglioni, G. d. A. e souza, s.
mais na lembrança dos funcionários. No subúrbio da ci‑                                 B. (1996). Comportamento alimentar de aves frugívoras
dade do Recife, onde o PEDI está localizado, muitas pes‑                               em Trema micrantha (Ulmaceae) em duas áreas alteradas do
soas têm o hábito de criar aves silvestres, o que nos leva a                           sudeste brasileiro. Ararajuba, 4(1):51‑55.
                                                                                    Azevedo‑Júnior, s. M.; Coelho, A. G. M.; larrazábal, M.
crer também da possibilidade de alguma fuga de cativeiro
                                                                                       E. de; lyra‑Neves, r. M. e telino‑Júnior, W. r. (1998).
de alguma residência. Os levantamentos da avifauna rea‑                                Conservação e diversidade das aves da Reserva Ecológica de
lizados anteriormente no PEDI não citam a ocorrência de                                Dois Irmãos, p. 241‑250. In: I. C. Machado, A. V. Lopes e
nenhuma ave do gênero Pyrrhura (Berla 1946; Azevedo‑                                   K. C. Porto (eds.) Reserva Ecológica de Dois Irmãos: estudos
Júnior et al. 1998). No estado de Pernambuco há apenas                                 em um remanescente de mata atlântica em área urbana
registros da tiriba‑de‑peito‑cinza Pyrrhura griseipectus que                           (Recife – Pernambuco – Brasil). Recife: SECTIMA, Editora
habita a Reserva Biológica de Serra Negra, no município                                Universitária da UFPE.
de Floresta (Yamashita e Coelho 1985).                                              Berla, h. F. (1946). Lista das aves colecionadas em Pernambuco,
      No PEDI também existem outros psitacídeos, como                                  com descrição de uma subespécie N., de um alótipo fêmea e
o apuim‑de‑cauda‑amarela Touit surdus, o tuim Forpus                                   notas de campo. Bol. Mus. Nac., 65:1‑35.
                                                                                    Birdlife international. (2008). Species factsheet: Pyrrhura
xanthopterygius (Azevedo‑Júnior et al. 1998), a jandaia‑
                                                                                       lepida. Disponível em www.birdlife.org.
verdadeira Aratinga jandaya e o periquito‑de‑asa‑amarela                            Collar, N. J. (1997). Psittacidae, p. 280‑479. In: del Hoyo, J., A.
Brotogeris chiriri (os autores, obs. pess.). Não observamos                             Elliott e J. Sargatal (eds.) Handbook of the Birds of the World. Vol.
nenhum caso de competição entre esses psitacídeos e as                                  4. Sandgrouse to Cuckoos. Barcelona: Lynx Edicions.
Pyrrhuras, no entanto, o possível aumento populacional                              Kristosch, G. C. e Marcondes‑Machado, l. o. (2001). Diet and
                                                                                        feeding behavior of the Reddish‑bellied Parakeet (Pyrrhura
da espécie no futuro poderá provocar algum tipo de com‑                                 frontalis) in an araucaria forest in southeastern Brazil. Ornitologia
petição com outras espécies de aves.                                                    Neotropical, 12:215‑223.
      Por ser considerada uma espécie ameaçada de extin‑                            MMA (Ministério do Meio Ambiente). (2003). Instrução Normativa
ção e estar aparentemente adaptada a um ambiente que                                    MMA de 27 de maio de 2003. Disponível em www.mma.gov.br.
                                                                                    olmos, F.; silva, W. A. G. e Albano, C. (2005). Grey‑breasted Conure
não ocorre originalmente, essas observações demonstram
                                                                                        Pyrrhura griseipectus, an overlooked endangered species. Cotinga,
que a espécie tem potencialidade para recolonizar áreas                                 24:77‑83.
onde foi extinta ou está com populações reduzidas. De                               Pacheco, J. F. (1988). Acréscimos à lista de aves do município do Rio
acordo com Wanjtal e Silveira (2000) a reintrodução de                                  de Janeiro. Bol. FBCN, 23:104‑120.
espécies em habitats fora de sua área de ocorrência origi‑                          Pizo, M. A.; simão, i.e Galetti, M. (1995). Diet and flock size of
                                                                                        sympatric parrots in the Atlantic Forest of Brazil. Orn. Neot.,
nal não devem ocorrer, pois esse processo pode trazer inú‑                              6:87‑95.
meras conseqüências drásticas para o ecossistema, para as                           ragusa‑Netto, J. (2007). Feeding ecology of the green‑cheeked
outras espécies e até mesmo para a própria ave libertada.                               parakeet (Pyrrhura molinae) in dry forests in western Brazil. Brazil.
No Parque Nacional da Tijuca, Rio de Janeiro, houve a                                   J. Biology, 67(2):243‑249.
                                                                                    roth, P. (1984). Repartição do habitat entre psitacídeos simpátricos
reintrodução de exemplares apreendidos em cativeiro da
                                                                                        no sul da Amazônia. Acta Amazônica, 14:175‑211.
tiriba‑grande Pyrrhura cruentata (Sick 1997), porém tal                             sazima, i. (1989). Peach‑fronted Parakeet feeding on winged termites.
população não conseguiu se estabilizar no local (Pache‑                                 Wilson Bull., 101:656‑657.
co 1988), possivelmente devido a um plano não efetivo,                              sick, h. (1997). Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova
com falhas no monitoramento e campanhas de educação                                     Fronteira.
                                                                                    south, J. M. e Pruett‑Jones, s. (2000). Patterns of flock size, diet, and
ambiental.                                                                              vigilance of naturalized Monk Parakeets in Hide, Chicago. The
      Finalmente, sugerimos que observações sejam inten‑                                Condor, 102:848‑854.
sificadas para investigar se a espécie está em expansão em                          telino‑Júnior, W. r.; lyra‑Neves, r. M. e Carneiro, r. s. (2000).
fragmentos florestais próximos ao PEDI, ou se está restri‑                              Observações de Touit surda (Psittacidae) em fragmentos florestais
                                                                                        de Pernambuco, Brasil. Melopsittacus, 3(4):159‑165.
ta a área do Parque.
                                                                                    Wanjtal, A. e silveira, l. F. (2000). A soltura de aves contribui para a
                                                                                        sua conservação? Atualidades Ornit., 98:7.
                                                                                    Westcott, d. A. e Cockburn, A. (1988). Flock size and vigilance in
                   AGrAdECiMENtos                                                       parrots. Australian J. Zool., 36:335‑349.
                                                                                    yamashita, C e Coelho, A. G. M. (1985). Ocorrência de Ara maracana
       A Luis Fábio Silveira e Mário Cohn‑Haft pela confirmação da                      e Pyrrhura leucotis em Serra Negra (PE), p. 255‑256. Em: Resumos
espécie. Ao Parque Dois Irmãos e seus funcionários pelas informações                    do 12º Congresso Brasileiro de Zoologia. Campinas.
e pela autorização em realizar nossos estudos em suas dependências.
A Luis Fábio Silveira, Sônia Roda e a Fernando Pacheco pela leitura
crítica e sugestões ao manuscrito. A André De Luca da SAVE Brasil
pelo envio de bibliografia.




                                                         Revista Brasileira de Ornitologia, 16(4), 2008

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Artigo sobre periquito invasor

  • 1. NotA Revista Brasileira de Ornitologia, 16(4):395-397 dezembro de 2008 Nota sobre a ocorrência e observações da tiriba‑pérola Pyrrhura lepida (Aves, Psittacidae) no estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil Glauco Alves Pereira1, Maurício Cabral Periquito1 e Ciro Albano1,2 1. Observadores de Aves de Pernambuco – OAP. Avenida Agamenon Magalhães, 28, QC‑13, Engenho Maranguape, 53423‑440, Paulista, PE. E‑mail: glaucoapereira@yahoo.com.br 2. AQUASIS. Rua Praia de Iparana, s/n, SESC Iparana, Caucaia, CE. E‑mail: ciroalbano@yahoo.com.br Recebido em 10/01/2007. Aceito em 18/11/2008. ABstrACt: Note about the occurrence and observations of the Pearly Parakeet (birds, Psittacidae) in the state of Pernambuco, NE Brazil. A group of twelve individuals of Pearly Parakeet was found inhabiting an Atlantic Forest fragment in Recife, NE Brazil. The individuals seemed to be well adapted to the place. In non systematic visits to the area between 2004‑2006 we observed some items of the diet, defense behavior against predators and population increase. The origin of the individuals is probably of improper release or escape from captivity, since this species doesn’t inhabit the Atlantic Forest. Since it is a threatened species, this work also aims to contribute to conservation efforts, like reintroduction programs in areas of original distribution where the species is extinct. KEy-Words: Occurrence, Pearly Parakeet, Pyrrhura lepida, Atlantic Forest, Pernambuco. PAlAvrAs-ChAvE: Ocorrência, titiba‑pérola, Pyrrhura lepida, Floresta Atlântica, Pernambuco. A tiriba‑pérola Pyrrhura lepida é um psitacídeo re‑ de 1997, soube da existência da tiriba‑pérola, que é deno‑ presentado por três subespécies que ocorrem nos estados minada popularmente por alguns funcionários por jan‑ do Maranhão e Pará (Collar 1997). Duas dessas subes‑ daia, porém eram em número reduzido comparando com pécies, P. l. lepida Wagler, 1832, e P. l. caerulescens Neu‑ o número atual de espécimes. mann, 1927, são consideradas ameaçadas de extinção, No PEDI, essa espécie habita as bordas da mata se‑ estando ambas, na categoria “Em Perigo” (MMA 2003). cundária (de 387,4 ha) e áreas próximas, como a Praça A BirdLife Internacional (2008) não qualifica a espécie em frente ao zoológico e o campus da Universidade Fe‑ como ameaçada, no entanto cita a existência de uma pe‑ deral Rural de Pernambuco. São comumente observadas quena população que possivelmente esteja declinando ra‑ nas copas das árvores, e ocasionalmente descem até o sub‑ pidamente devido a perda de hábitat. bosque para se alimentar. Encontramos doze indivíduos desta espécie no Par‑ Aparentemente a espécie se adaptou bem ao local, que Estadual de Dois Irmãos (PEDI) (08°00’S; 34°56’W), um dos itens de sua alimentação são os pequenos frutos em Recife, Pernambuco. Documentamos as imagens da das periquiteiras Trema micrantha (L.) Blume (Ulmace‑ espécie através de uma filmadora (Sony DCR‑HC‑21) e ae). Observamos o grupo nessas árvores durante sua fruti‑ uma máquina fotográfica (Canon EOS 300D e lente Ca‑ ficação em setembro de 2005 e em outubro/novembro de non IS 100‑400 mm). As vocalizações foram documenta‑ 2006 (Figura 1). L. F. Silveira (com. pess. 2006) também das com um gravador (Sony TCM 5000‑EV) e microfone observou P. lepida alimentando‑se dos frutos desta planta (Senheiser ME‑67). Este material encontra‑se disponível no estado do Pará. Em outros trabalhos, psitacídeos como para consulta no banco de dados dos Observadores de Pyrrhura molinae, Pyrrhura frontalis, Forpus xanthoptery- Aves de Pernambuco – OAP. De acordo com L. F. Sil‑ gius e Brotogeris tirica foram observados se alimentando veira (com. pess. 2006) trata‑se da subespécie nominal dos frutos de T. micrantha (Pizo et al. 1995; Argel de Oli‑ P. l. lepida. veira et al. 1996; Ragusa‑Netto 2007). Avistamos tam‑ A espécie vem sendo observada no local desde agosto bém alguns indivíduos consumirem os frutos do samba‑ de 2004. De acordo com a veterinária do Parque Dois cuim Didymopanax morototonii (Aubl.) Decne & Planch Irmãos (zoológico), Rivânia Oliveira (com. pess. 2006), (Araliaceae), em novembro de 2006. Em algumas ocasiões desde quando começou a trabalhar no zoológico, no ano foram observadas se alimentando de liquens ou da casca
  • 2. 396 Nota sobre a ocorrência e observações da tiriba‑pérola Pyrrhura lepida (Aves, Psittacidae) no estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil Glauco Alves Pereira, Maurício Cabral Periquito e Ciro Albano de uma árvore não identificada. Outros elementos, como ficaram sobrevoando o fragmento na tentativa de alertar insetos, algas e caracóis já foram mencionados como parte os demais indivíduos do grupo. O comportamento de da dieta de psitacídeos neotropicais (Roth 1984; Sazima sentinela vem sendo estudado em populações de psitací‑ 1989). deos (Westcott e Cockburn 1988; South e Pruett‑Jones Normalmente vocalizam com maior freqüência 2000), tendo sido verificado durante o forrageio de Pyr- quando estão voando, porém permanecem em silêncio rhura frontalis (Kristosch e Marcondes‑Machado 2001). quando estão pousadas ou forrageando. De acordo com Esses últimos autores observaram uma ave sentinela aler‑ Sick (1997) este comportamento é uma defesa que os tar para um grupo de 10 indivíduos que forrageava, en‑ psitacídeos desenvolveram para despistar eventuais pre‑ quanto um Mivalgo chimachima se aproximava do local dadores. O hábito do bando permanecer em silêncio en‑ onde se alimentavam, após o sinal todo o bando voou. quanto se alimentava também foi observado em bandos Aparentemente existem dois bandos, um formado de Pyrrhura frontalis no sudeste do Brasil (Kristosch e por nove espécimes e outro por três indivíduos. Obser‑ Marcondes‑Machado 2001) e em bandos de Touit surdus vamos esses dois grupos juntos apenas uma vez. Em al‑ em Pernambuco (Telino‑Júnior et al. 2000). gumas ocasiões, o bando mais numeroso se dividiu em Em algumas ocasiões, observamos que durante o for‑ pequenos sub‑grupos durante o forrageio. rageio do grupo, alguns indivíduos raramente se alimen‑ A tiriba‑pérola ocorre originalmente nas florestas tavam, estando possivelmente em sentinela, para alertar úmidas e matas de transição do leste da Amazônia e Ma‑ ao restante do grupo acerca de qualquer ameaça. Durante ranhão (Collar 1997). É pressuposto que, inicialmente, a aproximação de um gavião‑carijó Rupornis magnirostris alguns desses indivíduos foram provenientes de solturas ao sítio de alimentação das Pyrrhuras, um dos membros indevidas ou acidentais. Apesar de existir um zoológico emitiu um sinal de alerta, e posteriormente quatro delas no PEDI, nenhum funcionário do zoológico confirma a FiGurA 1: Pyrrhura lepida fotografada no Parque Dois Irmãos enquanto se alimentava dos frutos de Trema micrantha (Foto de Ciro Albano). FiGurE 1: Pearly Parakeet photographed in the Parque Dois Irmãos while fed fruits of Trema micrantha (Photo by Ciro Albano). Revista Brasileira de Ornitologia, 16(4), 2008
  • 3. Nota sobre a ocorrência e observações da tiriba‑pérola Pyrrhura lepida (Aves, Psittacidae) no estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil 397 Glauco Alves Pereira, Maurício Cabral Periquito e Ciro Albano fuga de alguma ave dessa espécie de suas dependências, rEFErêNCiAs mesmo assim, existe a probabilidade de ter sido espéci‑ mes foragidos do zoológico há muito tempo, não estando Argel‑de‑oliveira, M. M.; Castiglioni, G. d. A. e souza, s. mais na lembrança dos funcionários. No subúrbio da ci‑ B. (1996). Comportamento alimentar de aves frugívoras dade do Recife, onde o PEDI está localizado, muitas pes‑ em Trema micrantha (Ulmaceae) em duas áreas alteradas do soas têm o hábito de criar aves silvestres, o que nos leva a sudeste brasileiro. Ararajuba, 4(1):51‑55. Azevedo‑Júnior, s. M.; Coelho, A. G. M.; larrazábal, M. crer também da possibilidade de alguma fuga de cativeiro E. de; lyra‑Neves, r. M. e telino‑Júnior, W. r. (1998). de alguma residência. Os levantamentos da avifauna rea‑ Conservação e diversidade das aves da Reserva Ecológica de lizados anteriormente no PEDI não citam a ocorrência de Dois Irmãos, p. 241‑250. In: I. C. Machado, A. V. Lopes e nenhuma ave do gênero Pyrrhura (Berla 1946; Azevedo‑ K. C. Porto (eds.) Reserva Ecológica de Dois Irmãos: estudos Júnior et al. 1998). No estado de Pernambuco há apenas em um remanescente de mata atlântica em área urbana registros da tiriba‑de‑peito‑cinza Pyrrhura griseipectus que (Recife – Pernambuco – Brasil). Recife: SECTIMA, Editora habita a Reserva Biológica de Serra Negra, no município Universitária da UFPE. de Floresta (Yamashita e Coelho 1985). Berla, h. F. (1946). Lista das aves colecionadas em Pernambuco, No PEDI também existem outros psitacídeos, como com descrição de uma subespécie N., de um alótipo fêmea e o apuim‑de‑cauda‑amarela Touit surdus, o tuim Forpus notas de campo. Bol. Mus. Nac., 65:1‑35. Birdlife international. (2008). Species factsheet: Pyrrhura xanthopterygius (Azevedo‑Júnior et al. 1998), a jandaia‑ lepida. Disponível em www.birdlife.org. verdadeira Aratinga jandaya e o periquito‑de‑asa‑amarela Collar, N. J. (1997). Psittacidae, p. 280‑479. In: del Hoyo, J., A. Brotogeris chiriri (os autores, obs. pess.). Não observamos Elliott e J. Sargatal (eds.) Handbook of the Birds of the World. Vol. nenhum caso de competição entre esses psitacídeos e as 4. Sandgrouse to Cuckoos. Barcelona: Lynx Edicions. Pyrrhuras, no entanto, o possível aumento populacional Kristosch, G. C. e Marcondes‑Machado, l. o. (2001). Diet and feeding behavior of the Reddish‑bellied Parakeet (Pyrrhura da espécie no futuro poderá provocar algum tipo de com‑ frontalis) in an araucaria forest in southeastern Brazil. Ornitologia petição com outras espécies de aves. Neotropical, 12:215‑223. Por ser considerada uma espécie ameaçada de extin‑ MMA (Ministério do Meio Ambiente). (2003). Instrução Normativa ção e estar aparentemente adaptada a um ambiente que MMA de 27 de maio de 2003. Disponível em www.mma.gov.br. olmos, F.; silva, W. A. G. e Albano, C. (2005). Grey‑breasted Conure não ocorre originalmente, essas observações demonstram Pyrrhura griseipectus, an overlooked endangered species. Cotinga, que a espécie tem potencialidade para recolonizar áreas 24:77‑83. onde foi extinta ou está com populações reduzidas. De Pacheco, J. F. (1988). Acréscimos à lista de aves do município do Rio acordo com Wanjtal e Silveira (2000) a reintrodução de de Janeiro. Bol. FBCN, 23:104‑120. espécies em habitats fora de sua área de ocorrência origi‑ Pizo, M. A.; simão, i.e Galetti, M. (1995). Diet and flock size of sympatric parrots in the Atlantic Forest of Brazil. Orn. Neot., nal não devem ocorrer, pois esse processo pode trazer inú‑ 6:87‑95. meras conseqüências drásticas para o ecossistema, para as ragusa‑Netto, J. (2007). Feeding ecology of the green‑cheeked outras espécies e até mesmo para a própria ave libertada. parakeet (Pyrrhura molinae) in dry forests in western Brazil. Brazil. No Parque Nacional da Tijuca, Rio de Janeiro, houve a J. Biology, 67(2):243‑249. roth, P. (1984). Repartição do habitat entre psitacídeos simpátricos reintrodução de exemplares apreendidos em cativeiro da no sul da Amazônia. Acta Amazônica, 14:175‑211. tiriba‑grande Pyrrhura cruentata (Sick 1997), porém tal sazima, i. (1989). Peach‑fronted Parakeet feeding on winged termites. população não conseguiu se estabilizar no local (Pache‑ Wilson Bull., 101:656‑657. co 1988), possivelmente devido a um plano não efetivo, sick, h. (1997). Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova com falhas no monitoramento e campanhas de educação Fronteira. south, J. M. e Pruett‑Jones, s. (2000). Patterns of flock size, diet, and ambiental. vigilance of naturalized Monk Parakeets in Hide, Chicago. The Finalmente, sugerimos que observações sejam inten‑ Condor, 102:848‑854. sificadas para investigar se a espécie está em expansão em telino‑Júnior, W. r.; lyra‑Neves, r. M. e Carneiro, r. s. (2000). fragmentos florestais próximos ao PEDI, ou se está restri‑ Observações de Touit surda (Psittacidae) em fragmentos florestais de Pernambuco, Brasil. Melopsittacus, 3(4):159‑165. ta a área do Parque. Wanjtal, A. e silveira, l. F. (2000). A soltura de aves contribui para a sua conservação? Atualidades Ornit., 98:7. Westcott, d. A. e Cockburn, A. (1988). Flock size and vigilance in AGrAdECiMENtos parrots. Australian J. Zool., 36:335‑349. yamashita, C e Coelho, A. G. M. (1985). Ocorrência de Ara maracana A Luis Fábio Silveira e Mário Cohn‑Haft pela confirmação da e Pyrrhura leucotis em Serra Negra (PE), p. 255‑256. Em: Resumos espécie. Ao Parque Dois Irmãos e seus funcionários pelas informações do 12º Congresso Brasileiro de Zoologia. Campinas. e pela autorização em realizar nossos estudos em suas dependências. A Luis Fábio Silveira, Sônia Roda e a Fernando Pacheco pela leitura crítica e sugestões ao manuscrito. A André De Luca da SAVE Brasil pelo envio de bibliografia. Revista Brasileira de Ornitologia, 16(4), 2008