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FERNANDO  PESSOA
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Heteronimia: podemos considerá-los outros EUS que habitam o poeta – inclusive, tais “eus” possuem diferentes  biografias, traços físicos, profissões – a mais importante característica: cada heterônimo possui um tipo de abordagem/visão de escrita Antônio José Saraiva: “A sua obra, como já foi dito, é uma literatura inteira, isto é, um conjunto de autores a que ele chamou os seus heterônimos, cada um dos quais tem um estilo e uma atitude que os distingue dos mais.”
Luís Augusto Fischer: “É como se esses  eus  múltiplos e diferentes explodissem dentro do artista, gerando poesias singularmente diversas.” Álvaro de Campos  “ Multipliquei-me, para me sentir Para me sentir, precisei sentir tudo. (...) E há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente”
Álvaro de Campos   > Engenheiro, formado em Glasgow > Homem voltado para seu tempo – exaltação da modernidade: máquinas, multidões, velocidade - associação com o Futurismo > Questões existenciais/metafísicas > Angústia  > Melancolia  > Indignação (falsidade, valores)
Ode triunfal À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica Tenho febre e escrevo.  Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,  Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos. Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!  Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!  (...)  Porque o presente é o todo o passado e todo o futuro E há Platão e Virgílio dentro das máquinas  das luzes elétricas Ah,poder exprimir-me todo como um motor se exprime! Ser completo como uma máquina! Poder ir na vida triunfante como um automóvel último modelo! (...) Eu podia morrer triturado por um motor Com o sentimento de deliciosa entrega duma mulher possuída.
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POEMA EM LINHA RETA Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo  Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas  Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante Que tenho sofrido enxovalhos e calado (...) Toda a gente que eu conheço e que fala comigo Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida... Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo? Então sou só eu que é vil e errôneo neste mundo?
Alberto Caeiro  > Considerado o mestre dos outros heterônimos > Foge do conhecimento dos livros, de teorias filosóficas e científicas - antimetafísico > Retrata o campo exaltando a natureza - viver simplesmente > Linguagem coloquial >  O Guardador de Rebanhos  (49 poemas)
I  - Pensar incomoda como andar à chuva Quando o vento cresce e parece que chove mais Não tenho ambições nem desejos Ser poeta não é uma ambição minha É a minha maneira de estar sozinho. (...) E ao lerem os meus versos pensem Que sou qualquer coisa natural
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VI - Pensar em Deus é desobedecer Deus, Porque Deus quis que o não conhecêssemos, Por isso se nos não mostrou… Sejamos simples e calmos, Como os regatos e as árvores, E Deus amar-nos-á fazendo de nós Belos como as árvores e os regatos, E dar-nos-á verdor na sua primavera, E um rio aonde ir ter quando acabemos
X – “Ola , guardador de rebanhos, Aí à beira da estrada, Que te diz o vento que passa?” “ Que é vento, e que passa, e que já passou antes, e que passará depois. E a ti, o que te diz?” “ Muita coisa mais do que isso. Fala-me de muitas outras cousas. De memórias e de saudades E de cousas que nunca foram.” “ Nunca ouviste passar o vento. O vento só fala do vento. O que lhe ouviste foi mentira E a mentira está em ti.”
XXIX- O mistério das coisas, onde está ele? Onde está ele que não aparece Pelo menos a mostrar-nos que é mistério? Que sabe o rio disso e que sabe a árvores? E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso? Sempre que olho para as coisas no que os homens pensam delas, Rio como um regato que soa fresco numa pedra. Porque o único sentido oculto das coisas É elas não terem sentido oculto nenhum.
Ricardo Reis > Amante das culturas grega e latina. > Criador de odes  > Valoriza a vida campestre > A passagem do tempo  > CARPE DIEM > Morte como destino inevitável > Considerado o heterônimo clássico de Pessoa > Vida equilibrada, sem exageros  > Presença da mitologia pagã
“ Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.  (Enlacemos as mãos.) Depois pensemos, crianças adultas, que a vida Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa, Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,  Mais longe que os deuses. Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos. Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio. Mais vale saber passar silenciosamente (...) Amemo-nos tranqüilamente, pensando que podíamos, Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias, Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro  Ouvindo correr o rio e vendo-o.”
“ Tão cedo passa tudo quanto passa! Morre tão jovem ante os deuses quanto Morre! Tudo é tão pouco! Nada se sabe, tudo se imagina. Circunda-te de rosas, ama, bebe E cala. O mais é nada!”
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“ Uns, com os olhos postos no passado,  Vêem o que não vêem: outros, fitos  Os mesmos olhos no futuro, vêem  O que não pode ver-se.  Por que tão longe ir pôr o que está perto —  A segurança nossa? Este é o dia,  Esta é a hora, este o momento, isto  É quem somos, e é tudo.  Perene flui a interminável hora  Que nos confessa nulos. No mesmo hausto  Em que vivemos, morreremos. Colhe  o dia, porque és ele.”
Fernando Pessoa > Ortônimo (ou heterônimo) > Mensagem  (publicada em 1934, é a única obra que o poeta viu ser lançada, um ano antes de sua morte) – canta os mitos e heróis passados de Portugal. > A obra  Mensagem  está dividido em três partes: e - 1a. Parte -  Brasão : conta-se a história das glórias portuguesas - 2a. Parte -  Mar   Português : são apresentadas as navegações e conquistas marítimas de Portugal - 3a. Parte -  O Encoberto : o mito sebastianista de retorno de Portugal às épocas de glória é o foco principal
X - Mar Português Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quere passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e abysmo deu, Mas nelle é que espelhou o céu.
>  Saudade > Solidão > Nostalgia > Melancolia  > Tédio
Quando Ela Passa Quando eu me sento à janela P’los vidros  que a neve embaça Vejo a doce imagem dela Quando passa… passa… passa… Lançou-me a mágoa sem véu: -  Menos um ser neste mundo E mais um anjo no céu. Quando eu me sento à janela, P’los vidros que a neve embaça Julgo ver a imagem dela Que já não passa… não passa…
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Bernardo Soares > Considerado pelo próprio Fernando Pessoa um “semi-heterônimo” - mistura os estilos do ortônimo (ou heterônimo) Fernando Pessoa e do heterônimo Álvaro de Campos
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(UFRGS/99) Leia a estrofe abaixo, de  Autopsicografia , de Fernando Pessoa. “ O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente.” Em relação a esses versos, considere as afirmações abaixo I – Demonstram a separação entre o sujeito poético e sujeito empírico, própria da poesia moderna. II – Expressam a fusão das dores fingidas e das dores sentidas no ato poético. III – Revelam o caráter hipócrita do poeta, cujo texto iguala a poesia à mentira.
(UFRGS/00) Quanto à criação dos heterônimos de Fernando Pessoa, considere as seguintes afirmações. I – Alberto Caeiro, autor de  O guardador de rebanhos , é o poeta integrado à natureza.  II – Os heterônimos, marca da obra pessoana, caracterizam-se por adotarem estilos diferentes. III – Ricardo Reis, autor de odes de modelo clássico, distingue-se pela temática urbana de seus poemas.
(UFRGS/01) Leia o texto abaixo. “ Passa uma borboleta por diante de mim E pela primeira vez no Universo eu reparo Que as borboletas não têm cor nem movimento,  Assim como as flores não têm perfume nem cor. A cor é que tem cor nas asas da borboleta, No movimento da borboleta o movimento é que se move. O perfume é que tem perfume no perfume da flor. A borboleta é apenas borboleta E a flor é apenas flor.”
A leitura do texto nos permite concluir que Fernando Pessoa fala pela voz de  (a) Ricardo Reis, por remeter a temas e formas da poesia clássica. (b) Alberto Caeiro, pelo tratamento simples da natureza com a qual se sente intimamente ligado. (c) Álvaro de Campos, que representa o mundo moderno e a vanguarda futurista. (d) Pessoa, ele mesmo, por expressar traços marcantes da poesia do século XX (e) Bernardo Soares, por adotar uma atitude intimista.
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fernando pessoa

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  • 4. Heteronimia: podemos considerá-los outros EUS que habitam o poeta – inclusive, tais “eus” possuem diferentes biografias, traços físicos, profissões – a mais importante característica: cada heterônimo possui um tipo de abordagem/visão de escrita Antônio José Saraiva: “A sua obra, como já foi dito, é uma literatura inteira, isto é, um conjunto de autores a que ele chamou os seus heterônimos, cada um dos quais tem um estilo e uma atitude que os distingue dos mais.”
  • 5. Luís Augusto Fischer: “É como se esses eus múltiplos e diferentes explodissem dentro do artista, gerando poesias singularmente diversas.” Álvaro de Campos “ Multipliquei-me, para me sentir Para me sentir, precisei sentir tudo. (...) E há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente”
  • 6. Álvaro de Campos > Engenheiro, formado em Glasgow > Homem voltado para seu tempo – exaltação da modernidade: máquinas, multidões, velocidade - associação com o Futurismo > Questões existenciais/metafísicas > Angústia > Melancolia > Indignação (falsidade, valores)
  • 7. Ode triunfal À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica Tenho febre e escrevo. Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto, Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos. Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno! Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria! (...) Porque o presente é o todo o passado e todo o futuro E há Platão e Virgílio dentro das máquinas das luzes elétricas Ah,poder exprimir-me todo como um motor se exprime! Ser completo como uma máquina! Poder ir na vida triunfante como um automóvel último modelo! (...) Eu podia morrer triturado por um motor Com o sentimento de deliciosa entrega duma mulher possuída.
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  • 11. POEMA EM LINHA RETA Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante Que tenho sofrido enxovalhos e calado (...) Toda a gente que eu conheço e que fala comigo Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida... Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo? Então sou só eu que é vil e errôneo neste mundo?
  • 12. Alberto Caeiro > Considerado o mestre dos outros heterônimos > Foge do conhecimento dos livros, de teorias filosóficas e científicas - antimetafísico > Retrata o campo exaltando a natureza - viver simplesmente > Linguagem coloquial > O Guardador de Rebanhos (49 poemas)
  • 13. I - Pensar incomoda como andar à chuva Quando o vento cresce e parece que chove mais Não tenho ambições nem desejos Ser poeta não é uma ambição minha É a minha maneira de estar sozinho. (...) E ao lerem os meus versos pensem Que sou qualquer coisa natural
  • 14.
  • 15. VI - Pensar em Deus é desobedecer Deus, Porque Deus quis que o não conhecêssemos, Por isso se nos não mostrou… Sejamos simples e calmos, Como os regatos e as árvores, E Deus amar-nos-á fazendo de nós Belos como as árvores e os regatos, E dar-nos-á verdor na sua primavera, E um rio aonde ir ter quando acabemos
  • 16. X – “Ola , guardador de rebanhos, Aí à beira da estrada, Que te diz o vento que passa?” “ Que é vento, e que passa, e que já passou antes, e que passará depois. E a ti, o que te diz?” “ Muita coisa mais do que isso. Fala-me de muitas outras cousas. De memórias e de saudades E de cousas que nunca foram.” “ Nunca ouviste passar o vento. O vento só fala do vento. O que lhe ouviste foi mentira E a mentira está em ti.”
  • 17. XXIX- O mistério das coisas, onde está ele? Onde está ele que não aparece Pelo menos a mostrar-nos que é mistério? Que sabe o rio disso e que sabe a árvores? E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso? Sempre que olho para as coisas no que os homens pensam delas, Rio como um regato que soa fresco numa pedra. Porque o único sentido oculto das coisas É elas não terem sentido oculto nenhum.
  • 18. Ricardo Reis > Amante das culturas grega e latina. > Criador de odes > Valoriza a vida campestre > A passagem do tempo > CARPE DIEM > Morte como destino inevitável > Considerado o heterônimo clássico de Pessoa > Vida equilibrada, sem exageros > Presença da mitologia pagã
  • 19. “ Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. (Enlacemos as mãos.) Depois pensemos, crianças adultas, que a vida Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa, Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado, Mais longe que os deuses. Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos. Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio. Mais vale saber passar silenciosamente (...) Amemo-nos tranqüilamente, pensando que podíamos, Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias, Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro Ouvindo correr o rio e vendo-o.”
  • 20. “ Tão cedo passa tudo quanto passa! Morre tão jovem ante os deuses quanto Morre! Tudo é tão pouco! Nada se sabe, tudo se imagina. Circunda-te de rosas, ama, bebe E cala. O mais é nada!”
  • 21.
  • 22. “ Uns, com os olhos postos no passado, Vêem o que não vêem: outros, fitos Os mesmos olhos no futuro, vêem O que não pode ver-se. Por que tão longe ir pôr o que está perto — A segurança nossa? Este é o dia, Esta é a hora, este o momento, isto É quem somos, e é tudo. Perene flui a interminável hora Que nos confessa nulos. No mesmo hausto Em que vivemos, morreremos. Colhe o dia, porque és ele.”
  • 23. Fernando Pessoa > Ortônimo (ou heterônimo) > Mensagem (publicada em 1934, é a única obra que o poeta viu ser lançada, um ano antes de sua morte) – canta os mitos e heróis passados de Portugal. > A obra Mensagem está dividido em três partes: e - 1a. Parte - Brasão : conta-se a história das glórias portuguesas - 2a. Parte - Mar Português : são apresentadas as navegações e conquistas marítimas de Portugal - 3a. Parte - O Encoberto : o mito sebastianista de retorno de Portugal às épocas de glória é o foco principal
  • 24. X - Mar Português Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quere passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e abysmo deu, Mas nelle é que espelhou o céu.
  • 25. > Saudade > Solidão > Nostalgia > Melancolia > Tédio
  • 26. Quando Ela Passa Quando eu me sento à janela P’los vidros que a neve embaça Vejo a doce imagem dela Quando passa… passa… passa… Lançou-me a mágoa sem véu: - Menos um ser neste mundo E mais um anjo no céu. Quando eu me sento à janela, P’los vidros que a neve embaça Julgo ver a imagem dela Que já não passa… não passa…
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  • 28. Bernardo Soares > Considerado pelo próprio Fernando Pessoa um “semi-heterônimo” - mistura os estilos do ortônimo (ou heterônimo) Fernando Pessoa e do heterônimo Álvaro de Campos
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  • 30. (UFRGS/99) Leia a estrofe abaixo, de Autopsicografia , de Fernando Pessoa. “ O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente.” Em relação a esses versos, considere as afirmações abaixo I – Demonstram a separação entre o sujeito poético e sujeito empírico, própria da poesia moderna. II – Expressam a fusão das dores fingidas e das dores sentidas no ato poético. III – Revelam o caráter hipócrita do poeta, cujo texto iguala a poesia à mentira.
  • 31. (UFRGS/00) Quanto à criação dos heterônimos de Fernando Pessoa, considere as seguintes afirmações. I – Alberto Caeiro, autor de O guardador de rebanhos , é o poeta integrado à natureza. II – Os heterônimos, marca da obra pessoana, caracterizam-se por adotarem estilos diferentes. III – Ricardo Reis, autor de odes de modelo clássico, distingue-se pela temática urbana de seus poemas.
  • 32. (UFRGS/01) Leia o texto abaixo. “ Passa uma borboleta por diante de mim E pela primeira vez no Universo eu reparo Que as borboletas não têm cor nem movimento, Assim como as flores não têm perfume nem cor. A cor é que tem cor nas asas da borboleta, No movimento da borboleta o movimento é que se move. O perfume é que tem perfume no perfume da flor. A borboleta é apenas borboleta E a flor é apenas flor.”
  • 33. A leitura do texto nos permite concluir que Fernando Pessoa fala pela voz de (a) Ricardo Reis, por remeter a temas e formas da poesia clássica. (b) Alberto Caeiro, pelo tratamento simples da natureza com a qual se sente intimamente ligado. (c) Álvaro de Campos, que representa o mundo moderno e a vanguarda futurista. (d) Pessoa, ele mesmo, por expressar traços marcantes da poesia do século XX (e) Bernardo Soares, por adotar uma atitude intimista.
  • 34.