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Grupo de Acompanhantes da UTI: Estratégia de Intervenção Terapêutica em Hospital
                               Pediátrico de Salvador.
Adriana Duarte Athayde, Andreza Mariana Carvalho Oliveira, Camila Luzia Cruz Baqueiro,
                  Carolina Trindade West e Layla Dourado de Castro.
                              Hospital Martagão Gesteira

Introdução: A construção processual de estratégias de intervenção terapêutica nos variados
serviços de saúde pressupõe o desenvolvimento continuado de práticas humanizadas,
organizadas em concordância com os princípios e diretrizes preconizados pelo SUS e mais
especialmente pela Política de Humanização da Saúde. Neste sentido, compreende-se que
a formação de um espaço de escuta materializa uma importante estratégia de interferência
no processo de saúde, capaz de promover o empoderamento dos diversos atores sociais
envolvidos – usuários, profissionais, familiares - acreditando que estes são capazes de
transformar a realidade social e a si próprios. Em consonância com a necessidade de se
repensar as práticas desenvolvidas no âmbito hospitalar, especialmente no que concernem
as particularidades observadas em hospital pediátrico, a exemplo da presença permanente
de familiares no processo de adoecimento e recuperação das crianças, a construção de um
grupo de acompanhantes da UTI considera a importância de um espaço formalizado para a
escuta de uma experiência particular. Diante disto, torna-se urgente a reorganização da
assistência, historicamente centrada no atendimento ao paciente, para que se possa enfim
considerar a importância de uma atenção especializada ao acompanhante. Na medida em
que a dimensão subjetiva é tomada como foco permanente de atenção pode-se pensar a
construção de processos integradores, comprometidos com a produção de saúde e com a
produção de sujeitos.
Objetivo: O grupo de acompanhantes da UTI tem por objetivo a construção de um espaço
compartilhado de fala, escuta e reflexão subjetiva dos diversos aspectos relacionados à
experiência do processo de hospitalização infantil. Neste sentido, os encontros possibilitam
aos acompanhantes um acolhimento de suas angústias, possibilidades e temores
envolvidos, que incluem a representação social e individual desta unidade, aspectos
psicológicos da criança hospitalizada, cuidados especiais direcionados aos pacientes e
percepção dos responsáveis sobre o atendimento.
Material e Método: Os procedimentos metodológicos utilizados na construção semanal deste
grupo envolvem o convite aos acompanhantes da UTI pediátrica (entendendo-se por
acompanhante não apenas o familiar, mas a pessoa que acompanha naquele dia a criança),
de modo que eles expressem o seu desejo ou não em fazer parte do grupo. Participam
ainda do encontro os profissionais do Serviço de Psicologia do Hospital Martagão Gesteira
(psicóloga e/ou estagiária) e ocasionalmente do Serviço Social. O grupo acontece em sala
reservada na UTI e tem duração média de uma hora, com número de participantes variado
por semana. São utilizados como materiais para reflexão textos e dinâmicas diversas.
Resultados: As discussões e reflexões construídas ao longo dos encontros semanais
revelam uma variedade importante de temáticas e considerações, na medida em que a
formação de cada grupo é singular e atesta uma dinâmica única. Neste sentido, vale
destacar aqui os pontos de sustentação e questões que se repetem com freqüência no
relato das experiências de cada acompanhante, quais sejam: Possibilidade de
aprendizagem a partir da vivência em Unidade de Terapia Intensiva infantil; Importância do
acompanhante como co - participante no processo de cuidado; Capacidade de resiliência
apresentada pela criança; Expectativas envolvidas no processo de hospitalização infantil;
Angústias relacionadas à duração da internação; Percepção da UTI; Manipulações
realizadas nas crianças e o sentimento de impotência diante da situação vivida.
Discussão/Conclusão: A experiência no Grupo de Acompanhantes da UTI possibilita a
vivência de um processo importante de reelaboração dos aspectos relacionados à vida de
cada sujeito e no seu vínculo com a criança. Neste sentido, torna-se indispensável o
incentivo a este processo de reflexão, de forma que os “modos de estar no mundo” destas
acompanhantes e de suas famílias possam ser re-siginifacados a partir das experiências
vivenciadas. Diante disso, não são incomuns relatos de ganho e aprendizado diário,
intensificação da capacidade de resiliência e força envolvida neste, por vezes longo, período
de hospitalização. Fez-se necessário ainda a legitimação dos discursos e posicionamentos
defendidos, oferecendo um importante espaço de escuta onde cada participante possa se
posicionar livremente diante de suas percepções e experiências particulares. As discussões
possibilitaram ainda a sensibilização dos acompanhantes acerca de sua importância no
processo de hospitalização das crianças. Neste sentido, um destaque especial foi
direcionado ao debate sobre o lugar ocupado por esses acompanhantes na UTI. O ambiente
hospitalar, longe de reservar grandes semelhanças com o espaço residencial ou familiar,
ainda assim pode guardar importantes relações, pois também aqui (ou principalmente) o
familiar próximo é uma figura de apoio à criança, em que frequentemente ela deposita
confiança, se reconhece, e pode se sentir mais confortável diante de uma paisagem que lhe
é tão estranha. A tentativa aqui empreendida envolve a possibilidade de melhor dimensionar
o bem que esses acompanhantes podem realizar e de fato realizam por suas crianças,
atenuando desta forma a sensação de impotência e culpa frequentemente evocada.
Referências:
BOUSSOL, R. S.; ANGELOLL, M. Buscando preservar a integridade da unidade familiar: a
família vivendo a experiência de ter um filho na UTI. Revista da Escola de Enfermagem da
USP. v. 35, n 2, p. 172 – 179. jun. 2001.
HAYAKAWAL,, L. Y.; MARCONI, S. S.; HIGARASHIL, I. H.; WAIDMAI, M. A. P. Rede social
de apoio à família de crianças internadas em uma unidade de terapia intensiva pediátrica.
Revista Brasileira de Enfermagem. v. 63, n 3, p. 440 – 445. mai./jun. 2010.
Visita ao site: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/humanizasus_2004.pdf

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  • 2. Resultados: As discussões e reflexões construídas ao longo dos encontros semanais revelam uma variedade importante de temáticas e considerações, na medida em que a formação de cada grupo é singular e atesta uma dinâmica única. Neste sentido, vale destacar aqui os pontos de sustentação e questões que se repetem com freqüência no relato das experiências de cada acompanhante, quais sejam: Possibilidade de aprendizagem a partir da vivência em Unidade de Terapia Intensiva infantil; Importância do acompanhante como co - participante no processo de cuidado; Capacidade de resiliência apresentada pela criança; Expectativas envolvidas no processo de hospitalização infantil; Angústias relacionadas à duração da internação; Percepção da UTI; Manipulações realizadas nas crianças e o sentimento de impotência diante da situação vivida. Discussão/Conclusão: A experiência no Grupo de Acompanhantes da UTI possibilita a vivência de um processo importante de reelaboração dos aspectos relacionados à vida de cada sujeito e no seu vínculo com a criança. Neste sentido, torna-se indispensável o incentivo a este processo de reflexão, de forma que os “modos de estar no mundo” destas acompanhantes e de suas famílias possam ser re-siginifacados a partir das experiências vivenciadas. Diante disso, não são incomuns relatos de ganho e aprendizado diário, intensificação da capacidade de resiliência e força envolvida neste, por vezes longo, período de hospitalização. Fez-se necessário ainda a legitimação dos discursos e posicionamentos defendidos, oferecendo um importante espaço de escuta onde cada participante possa se posicionar livremente diante de suas percepções e experiências particulares. As discussões possibilitaram ainda a sensibilização dos acompanhantes acerca de sua importância no processo de hospitalização das crianças. Neste sentido, um destaque especial foi direcionado ao debate sobre o lugar ocupado por esses acompanhantes na UTI. O ambiente hospitalar, longe de reservar grandes semelhanças com o espaço residencial ou familiar, ainda assim pode guardar importantes relações, pois também aqui (ou principalmente) o familiar próximo é uma figura de apoio à criança, em que frequentemente ela deposita confiança, se reconhece, e pode se sentir mais confortável diante de uma paisagem que lhe é tão estranha. A tentativa aqui empreendida envolve a possibilidade de melhor dimensionar o bem que esses acompanhantes podem realizar e de fato realizam por suas crianças, atenuando desta forma a sensação de impotência e culpa frequentemente evocada. Referências: BOUSSOL, R. S.; ANGELOLL, M. Buscando preservar a integridade da unidade familiar: a família vivendo a experiência de ter um filho na UTI. Revista da Escola de Enfermagem da USP. v. 35, n 2, p. 172 – 179. jun. 2001. HAYAKAWAL,, L. Y.; MARCONI, S. S.; HIGARASHIL, I. H.; WAIDMAI, M. A. P. Rede social de apoio à família de crianças internadas em uma unidade de terapia intensiva pediátrica. Revista Brasileira de Enfermagem. v. 63, n 3, p. 440 – 445. mai./jun. 2010. Visita ao site: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/humanizasus_2004.pdf