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XII Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação – UnB-FCI, Brasília, 23-26/10/2011




             O sistemismo de Bunge:
          fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação



    ROTEIRO
    1. Enredo (motivação, introdução)
    2. Abordagens sistêmicas - na área e em geral
    3. Elementos do sistemismo
           Postulados, modelo de sistema, regras gerais da pesquisa sistemista

    4. Perspectivas de pesquisa em sistemas de informação
    5. Aplicação: Plataforma Lattes
    6. Caminhos para a descrição e explicação
    7. Considerações finais


    Esta apresentação disponível em http://www.slideshare.net/vmkern


XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação
Enredo...

   • Sistemas de informação muito complexos
          • frequentemente entendidos de forma fragmentada até por seus protagonistas



                                                                                     Segundo Christian Fuchs
                                                                                 (“The internet as a self-organizing
                                                                                         socio-technological
                                                                                    system”, Cybernetics and
                                                                                    Human Knowing v. 12, n.
                                                                                              3, 2005).



   • Como compreender grandes sistemas de informação?
          • Sistemismo (Bunge) – postulados, modelo de sistema, regras metodológicas gerais
          • Sistema sociotecnológico (Fuchs)  formulação segundo o sistemismo
          • Aplicação (Plataforma Lattes)  estudo-piloto, perspectivas metodológicas e práticas

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Abordagens sistêmicas...

   • Na ciência da informação
          • Mencionam “teoria de sistemas” sem nomear autor (Bertalanffy?)
            Shera (1973), Assis (1981), Souza (2007)
          • Bertalanffy
            Borges (2000) – também cita Churchman, Sayão (2001), Robredo (2003), Araújo (2009)
          • Luhman
            Marcial et al. (2007), Lima, Carvalho e Lima (2011)


   • 66 anos do artigo em alemão, 43 do livro em inglês...
          • ... e a teoria geral dos sistemas permanece uma promessa ou nem isso
          • “O valor da teoria geral dos sistemas para os bibliotecários está por ser testado, mas certamente ela
            promete uma revolução profunda na ciência e em outras áreas do pensamento e, agora, aparenta
            poder dar aos bibliotecários insights e compreensão que estiveram faltando por muito tempo”
            (SHERA, 1973, p. 94 – em inglês na Ci. Inf., há 38 anos!)
          • Não há teoria de sistemas no estudo de Freire (2008) sobre a epistemologia da área.
          • Não é mera coincidência que Shera se refira aos potenciais benefícios da teoria geral de sistemas
            “desde um quadro de referência holístico” (1973, p. 94, grifo meu) ...

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Abordagens sistêmicas ... são holistas (!)

   • O sistemismo de Bunge (1997, 2003) é uma abordagem sistêmica
          • Qual o problema com as teorias e abordagens sistêmicas preexistentes?
                 • R: Servem para fazer a crítica da ciência tradicional, mas são pouco efetivas para explicar
                   sistemas ou embasar investigação sistêmica.

   • Para Bunge, não são sistêmicas, mas holistas
                                         Ontologia                                               Epistemologia       Metodologia
INDIVIDUALISMO: “enfoca a composição de sistemas e se recusa a admitir                           Racionalismo        Análise:
quaisquer entidades supra-individuais ou suas propriedades” (BUNGE, 2003, p.                     ou empirismo.       micror-
38).                                                                                                                 redução.

HOLISMO: aborda sistemas como todos (objetos complexos), “mas se recusa                          Intuicionismo.      Síntese:
tanto a analisá-los quanto a explicar a emergência e a análise das totalidades em                                    macror-
termos de seus componentes e das interações entre eles” (BUNGE, 2003, p. 38).                                        redução.

SISTEMISMO: Refuta e conjuga individualismo e holismo. “não é uma teoria                         Realismo            Análise e
para substituir outras teorias, mas uma estratégia para desenhar projetos de                     científico.         síntese.
pesquisa cujo intuito é descobrir algumas características de sistemas de um tipo
particular” (BUNGE, 2004, p. 191)

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Elementos do sistemismo

                Postulados:

                • “Toda coisa, seja concreta ou abstrata, é um sistema ou
                  um componente ou potencial componente de sistema”.
                • “Os sistemas têm características sistêmicas (emergentes)
                  que seus componentes não têm”.
                • “Todos os problemas deveriam ser abordados de forma
                  sistêmica em vez de em forma fragmentada”.
                • “Todas as idéias deveriam ser unidas em sistemas
                  (preferencialmente teorias)”; e
                • “O teste de qualquer coisa, seja idéia, método ou
                  artefato, supõe a validade de outros itens que são
                  tomados como pontos de referência (benchmark)
                  provisoriamente”.
XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação   5
Elementos do sistemismo


   Modelo: Todo sistema concreto pode ser descrito por meio de sua...
   • Composição (C – composition): coleção de partes ou elementos componentes.
   • Ambiente (E – environment): coleção de itens que não fazem parte do sistema mas
     atuam ou sofrem ação por algum componente.
   • Estrutura (S – structure): coleção de ligações entre componentes e entre esses e
     itens do ambiente.
   • Mechanism (M – mechanism): coleção de processos que geram a novidade
     qualitativa (BUNGE, 1997), i. e., que promovem ou obstruem as
     transformações, causando a emergência ou o desmantelamento do sistema ou de
     alguma de suas propriedades.


   Simbolicamente:                          ( ) = <C(σ), E(σ), S(σ), M(σ)>

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Elementos do sistemismo

    Modelo: Exemplos sucintos (Bunge)
                         C                        E                             S                                           M
                                       Ambiente (Environment)
Sistema          Composição                                        Estrutura (Structure)                               Mecanismo
Átomo          Partículas e            Coisas (partículas        Campos que mantêm o                                Processos de
               campos                  e campos) com as          átomo unido e suas                                 emissão e absorção




                                                                                               Força das ligações
               associados.             quais o átomo             interações com itens do                            de luz, combinação
                                       interage.                 ambiente.                                          etc.
Organis-          e mesossistemas      Meio rico em              Ligações (diretas/                                 Metabolismo e ou-
mo             físicos e químicos,     nutrientes e fluxos       indiretas, físicas/ químicas,                      tros processos de
               espec. água,            de energia com            covalentes ou não) que                             manutenção e autor-
               carboidratos,           variações (Pressão,       mantém                                             reparo, expressão e
               lipídios, proteínas e   Temp. etc.)               unido, mais as ligações                            repressão de genes
               ácidos nucleicos.       estreitas.                com itens do ambiente.                             etc.




                                                                                               Tamanho do sistema
Empresa Funcionários                   Mercado e                 Rel. de trabalho internas,                         Atividades que
               (personnel) e           governo.                  relações entre componen-                           resultam nos produ-
               gerência.                                         tes e itens do ambiente.                           tos da empresa.

Comuni- Pessoas que                   Cultura(s) em que Coleção de relações de                        Produção, transmis-
dade lin- falam a mesma               a língua é usada.          comunicação linguística. são e recepção de
             língua.                                                                                  símbolos.
guística – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação 7
 XII ENANCIB
Elementos do sistemismo
           Importância do mecanismo
           • Explicar satisfatoriamente é revelar o mecanismo subjacente
                 •    Contra-exemplos:
                      alergia: idéia ridicularizada até que o mecanismo antígeno-anticorpo foi explicado.
                      deriva continental: Wegener, o dono da idéia, só tinha evidência circunstancial
                      (“olha o mapa da África e da América do Sul...”). A hipótese foi desprezada por
                      décadas até se explicar o movimento das placas tectônicas.

           • Associação (e.g., correlação estatística) não explica
                 •    Lei probabilística é diferente; tem poder explicativo porque descreve
                      mecanismos randômicos (aleatórios)
           • Há brigas homéricas em ramos da ciência sobre a origem dos
             fenômenos – se a biologia, psiquismo e outras características
             individuais determinam a essência de uma pessoa ou se o homem é
             produto do meio. Nem uma nem outra...
             Nem agencystructure, nem structureagency, mas ambas

               [isto é, iniciativa individual (agency) e influência do ambiente (structure)]

XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação   8
Elementos do sistemismo

   • Sistema – Função específica – Mecanismo (exemplos)
          • Rio                             Drenagem                                Fluxo de água
          • Organismo                       Manutenção                              Metabolismo
          • Escola                          Aprendizagem                            Ensino, estudo, discussão
          • Fábrica                         Produção de mercadorias                 Trabalho, gestão
          • Corte de justiça                Busca da justiça                        Litígio
          • Comun. acadêmica                Controle de qualidade                   Revisão pelos pares (peer review)


   • Representação: Diagramas de Boudon-Coleman
   Explicação do atraso agrícola francês comparado ao avanço britânico no Séc. XVIII (Alexis de Tocqueville):
   Macronível                 centralização política              empobrecimento e alienação
   (sistema)
   Micronível                 ausência do nobre proprietário          estagnação cultural, fraqueza de laços sociais
   (individual)

   “Reengenharia e downsizing afetam a distribuição de renda”:
   Macronível          downsizing/reengineering           aumento da desigualdade de renda

   Micronível                 perda de empregos bem-pagos              declínio da renda dos trabalhadores
XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação   9
Elementos do sistemismo

   Regras gerais da pesquisa sistemista (BUNGE, 1997, p. 458):

   • 1.          Colocar todo fato social em seu contexto mais amplo (ou sistema).
   • 2.          Dividir cada sistema em sua composição, ambiente e estrutura.
   • 3.          Distinguir os vários níveis de sistema e exibir suas relações.
   • 4.     Procurar os mecanismos que mantêm um sistema funcionando ou levam à sua
     decadência ou crescimento.
   • 5.     Ter razoável certeza de que o mecanismo proposto é compatível com as leis e as
     normas relevantes e conhecidas e, se possível, verificar a hipótese ou teoria mecanísmica
     manipulando experimentalmente as variáveis referidas.
   • 6.      Mantidas as demais condições, preferir hipóteses, teorias e explicações
     mecanísmicas (dinâmicas) às fenomenológicas (cinemáticas) e, em seu turno, preferir essas
     descrições cinemáticas aos modelos de equilíbrio e às descrições de dados.
   • 7.      Em caso do mau funcionamento do sistema, examinar todas as quatro fontes
     possíveis – composição, ambiente, estrutura e mecanismo – e tentar reparar o sistema
     alterando alguma ou todas as fontes.

XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação   10
Perspectivas de pesquisa sistemista em S. I.

   • Sistema é abstração; pessoas diferentes vêem sistemas diferentes
          • Fuchs: IETF vê internet como tecnológica, com processos mecanísticos

          • CNPq sobre a Plataforma Lattes
                 • “[...] é a base de dados de currículos, instituições e grupos de
                   pesquisa das áreas de Ciência e Tecnologia” [desde ~2007 no sítio web]
                 • Representa(va) “a integração de seus sistemas de informação
                   gerenciais, instrumento fundamental não somente para as atividades de
                   financiamento, mas também no tratamento e na difusão de informações
                   necessárias para a formulação e a gestão de políticas de ciência e tecnologia”
                   (SABBATINI, 2001)
                 • Contraste entre visão sistêmica, que dá conta de “colocar todo fato social em seu
                   contexto mais amplo" (BUNGE, 1997, p. 458) e...
                 • Visão filosoficamente individualista, que “enfoca a composição de sistemas e se
                   recusa a admitir quaisquer entidades supra-individuais ou suas propriedades”
                   (BUNGE, 2003, p. 38)
XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação   11
Perspectivas de pesquisa sistemista em S. I.

   • Plataforma Lattes: visão sistêmica na concepção (ca. 1998)
          • ... explica algumas decisões de projeto
            tais como...
          • O CV é do indivíduo  redundância
            (quebra regra clássica da teoria de bancos de
            dados)

          • As palavras-chave são da escolha do
            indivíduo  diversidade
            (quebraria regra da recuperação de informação
            bibliográfica se o CV tivesse o mesmo objetivo
            das bases bibliográficas, mas o objetivo é ser um
            rastro da competência individual.
            Vide Portal Inovação)

          • Essa visão sistêmica na concepção
            teve formulação informal, não baseada
            em teoria(s) de sistemas


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Plataforma Lattes: Descrição (parte 1) e agenda
   de pesquisa sistemista (parte 2)
   • Sistemismo: “poder heurístico e sistematizador”                                                   (BUNGE, 1997, p. 457)

   • Ilustração desse poder heurístico via descrição da PL
   • Contexto mais amplo: sistema nacional de inovação (OECD, 1997)
       Papel assumido pelo CNPq: agência
      inserida no SNI, patrocinador da
      Plataforma, com atendimento
      privilegiado, mas não o “dono do
      sistema” (PACHECO; KERN, 2003)
      a ponto de tomar decisões sem
      considerar os demais interessados.
      [1: Colocar todo fato social em seu
      contexto mais amplo ou sistema]




XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação   13
Plataforma Lattes: Descrição


   • Sistema sociotecnológico                     (FUCHS, 2005)
      Há agentes tecnológicos que atuam em colaboração dinâmica com as pessoas, fazendo
      análises, sínteses e estabelecendo vínculos – por exemplo, os indexadores, os construtores de
      résumés, os aplicativos gráficos de redes sociais e os criadores de links entre um CV e outras
      bases (Scielo, por exemplo).
      Há um artefato essencial, objeto da colaboração sociotecnológica.
      [2: Delinear a composição, o ambiente e a estrutura do sistema]




XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação   14
Flagrante de um sistema sociotecnológico...




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Plataforma Lattes: Descrição



   Principal macrossistema
   A Plataforma Lattes está inserida no sistema nacional de inovação, para o qual
   representa uma fonte de informação crítica e de alto valor agregado –
   afinal, permite identificar a competência acadêmica nacional de forma simples e
   rápida. O SNI, por sua vez, é a fonte do financiamento de todo o setor
   acadêmico, incluindo o CNPq, patrocinador da Plataforma.

   Principal microssistema
   No nível micro, o indivíduo é o principal elemento. As relações mais importantes
   são a entrada e a saída de dados entre a Plataforma Lattes e os indivíduos
   detentores de currículos ou consultantes

   [3: Distinguir os vários níveis de sistema e exibir suas relações]




XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação   16
Plataforma Lattes: Agenda de pesquisa sistemista

   • Hipóteses mecanísmicas – exemplos (KERN, 2010)

          • Apropriação individual do currículo vitae




          • Evolução do esquema curricular por consenso da comunidade




   [4: Procurar (conjeturar) mecanismos de emergência, crescimento, manutenção e decadência]


XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação   17
Plataforma Lattes: Agenda de pesquisa sistemista

   • A formulação de hipóteses mecanísmicas (que deriva da regra geral
     4) é ponto de partida para...


   • Desenho de experimentos que verifiquem essas hipóteses
      [5: Ter razoável certeza de que o mecanismo proposto é compatível com as leis e as normas relevantes e
      conhecidas e, se possível, verificar a hipótese ou teoria mecanísmica manipulando experimentalmente as
      variáveis referidas]

   • Estágios avançados do processo de pesquisa, nos quais se
     consolidam conclusões sobre as hipóteses mecanísmicas e
     se promovem ou se propõem intervenções no sistema.
      [6: Mantidas as demais condições, preferir hipóteses, teorias e explicações mecanísmicas (dinâmicas) às
      fenomenológicas (cinemáticas) e, em seu turno, preferir essas descrições cinemáticas aos modelos de
      equilíbrio e às descrições de dados]
      [7: Em caso do mau funcionamento do sistema, examinar todas as quatro fontes possíveis –
      composição, ambiente, estrutura e mecanismo – e tentar reparar o sistema alterando alguma ou todas as
      fontes]
XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação   18
Perspectivas de pesquisa sistemista: caminhos

   • Descrever sistemas de informação
          • Relacionada às etapas 1 a 3 do roteiro de pesquisa sistemista
            (Identificar o sistema, descrever composição-ambiente-estrutura, distinguir níveis de sistema e suas
            relações)
          • Requer técnicas de pesquisa descritiva, envolvendo coleta e sistematização
            de informações, classificação e síntese
            (Para esse tipo de pesquisa parecem especialmente talhados os pesquisadores da área da
            informação;
            (Os pesquisadores e desenvolvedores de software não têm preparo e raramente têm interesse em
            descrever sistemas; antes, esperam que especialistas no negócio lhes dêem “requisitos” – um
            diálogo precário e frequentemente falho)




                                                  “O sistema”
                                                  (tecnológico)
                                                  (Na verdade, “o software”)
          “Requisitos”             IN                                                     OUT               “Requisitos”




XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação   19
Perspectivas de pesquisa sistemista: caminhos

   • Explicar sistemas de informação
          • Outras áreas que se dedicam aos sistemas de informação
            (computação/informática, administração) não se dedicam a explicar como
            funcionam – sociotecnologicamente.




                                                                ?
XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação   20
Considerações finais



   • Primeiro texto em português sobre o sistemismo
   • Abordagem à descrição e investigação de sistemas de
     informação
          • Fundamento teórico: sistemismo de Bunge (postulados, modelo de sistema, regras
            metodológicas)

          • Fundamento conceitual: sistema sociotecnológico de Fuchs (sistema cujas
            propriedades emergem da colaboração dinâmica entre pessoas e agentes tecnológicos)




   • Trabalhos futuros
          • Articulação metodológica
          • Pesquisas aplicadas (a partir deste referencial)


XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação   21
Citações                nesta apresentação, para registro (vide artigo para lista completa)



   ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila. Correntes teóricas da ciência da informação. Ciência da Informação, v. 38, n. 3, p. 192-204, dez. 2009.
   ASSIS, Edvaldo de. A biblioteca universitária e as teorias dos sistemas. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, v.
   14, n. 3/4 p. 174-178, jul./dez. 1981.
   BORGES, Maria Alice Guimarães. A compreensão da sociedade da informação. Ciência da Informação, v. 29, n. 3, p.25-32, dez. 2000.
   BUNGE, Mario. Emergence and convergence: Qualitative novelty and the unity of knowledge. University of Toronto Press, 2003. 330 p.
   BUNGE, Mario. How does it work? The search for explanatory mechanisms. Philosophy of the Social Sciences, v. 34, n. 2, p. 182-
   210, 2004.
   BUNGE, Mario. Mechanism and explanation. Philosophy of the Social Sciences, v. 27, n. 4, p. 410-465, 1997.
   FREIRE, I. M. Um olhar sobre a produção científica brasileira na temática epistemologia da ciência da informação. Tendências da
   Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, v. 1, n. 1, p. 1-31, 2008.
   FUCHS, Christian. The internet as a self-organizing socio-technological system. Cybernetics and Human Knowing, v. 12, n. 3, p. 57-
   81, 2005.
   KERN, V. M. Plataformas e-gov como sistemas sociotecnológicos. In: ROVER, A. J.; GALINDO, F. (Orgs.). O governo eletrônico e suas
   múltiplas facetas. LEFIS (Legal Framework for the Information Society) Series, v. 10. Zaragoza/Espanha: Prensas Universitarias de
   Zaragoza, 2010, p. 39-67.
   LIMA, C. R. M.; CARVALHO, L. S.; LIMA, J. R. T. Notas para uma administração discursiva das organizações. DataGramaZero, v. 11, n.
   6, p. 1-14, dez. 2010.
   LUHMANN, Niklas. Social systems. Palo Alto-CA: Stanford University Press, 1995. 627 p.
   MARCIAL, E. C.; RAMOS, H. S. C.; SHINTAKU, M.; RODRIGUES, R. C.; VASCONCELOS, W. Epistemologia da Ciência da Informação: a
   presença do paradigma social de Capurro na literatura. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA
   INFORMAÇÃO, 8., 2007. Anais... Salvador: ANCIB, 2007.
   OECD (Organisation for Economic Co-operation and Development). National innovation systems. Paris: OECD, 1997.
   PACHECO, Roberto C. S.; KERN, Vinícius M. Arquitetura conceitual e resultados da integração de sistemas de informação e gestão da
   ciência e tecnologia. DataGramaZero, v. 4, n. 2, 2003.
   ROBREDO, Jaime. Epistemologia da Ciência da Informação revisitada. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA
   INFORMAÇÃO, 5., 2003. Anais... Belo Horizonte: ANCIB, 2003.
   SABBATINI, M. Lattes, o cómo gestionar la ciencia brasileña en la red. e-ciencia (Portal de Ciencia y Tecnología), 18 jun. 2001.
   SHERA, Jesse H. Toward a theory of Librarianship and information science. Ciência da Informação, v. 2, n. 2, p. 87-97, 1973.
   SOUZA, Maria da Paixão Neres de. Abordagem inter e transdisciplinar em ciência da informação. In: TOUTAIN, Lídia Maria Batista
   Brandão (Org.). Para entender a ciência da informação. Salvador: EDUFBA, 2007. p. 75-90.


XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação        22
UFSC/CED/CIN – Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação




                                                         OBRIGADO!
                                                 kern@cin.ufsc.br, www.kern.prof.ufs
                                                                c.br




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Sistemismo de Bunge em Sistemas de Informação

  • 1. XII Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação – UnB-FCI, Brasília, 23-26/10/2011 O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação ROTEIRO 1. Enredo (motivação, introdução) 2. Abordagens sistêmicas - na área e em geral 3. Elementos do sistemismo Postulados, modelo de sistema, regras gerais da pesquisa sistemista 4. Perspectivas de pesquisa em sistemas de informação 5. Aplicação: Plataforma Lattes 6. Caminhos para a descrição e explicação 7. Considerações finais Esta apresentação disponível em http://www.slideshare.net/vmkern XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação
  • 2. Enredo... • Sistemas de informação muito complexos • frequentemente entendidos de forma fragmentada até por seus protagonistas Segundo Christian Fuchs (“The internet as a self-organizing socio-technological system”, Cybernetics and Human Knowing v. 12, n. 3, 2005). • Como compreender grandes sistemas de informação? • Sistemismo (Bunge) – postulados, modelo de sistema, regras metodológicas gerais • Sistema sociotecnológico (Fuchs)  formulação segundo o sistemismo • Aplicação (Plataforma Lattes)  estudo-piloto, perspectivas metodológicas e práticas XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação 2
  • 3. Abordagens sistêmicas... • Na ciência da informação • Mencionam “teoria de sistemas” sem nomear autor (Bertalanffy?) Shera (1973), Assis (1981), Souza (2007) • Bertalanffy Borges (2000) – também cita Churchman, Sayão (2001), Robredo (2003), Araújo (2009) • Luhman Marcial et al. (2007), Lima, Carvalho e Lima (2011) • 66 anos do artigo em alemão, 43 do livro em inglês... • ... e a teoria geral dos sistemas permanece uma promessa ou nem isso • “O valor da teoria geral dos sistemas para os bibliotecários está por ser testado, mas certamente ela promete uma revolução profunda na ciência e em outras áreas do pensamento e, agora, aparenta poder dar aos bibliotecários insights e compreensão que estiveram faltando por muito tempo” (SHERA, 1973, p. 94 – em inglês na Ci. Inf., há 38 anos!) • Não há teoria de sistemas no estudo de Freire (2008) sobre a epistemologia da área. • Não é mera coincidência que Shera se refira aos potenciais benefícios da teoria geral de sistemas “desde um quadro de referência holístico” (1973, p. 94, grifo meu) ... XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação 3
  • 4. Abordagens sistêmicas ... são holistas (!) • O sistemismo de Bunge (1997, 2003) é uma abordagem sistêmica • Qual o problema com as teorias e abordagens sistêmicas preexistentes? • R: Servem para fazer a crítica da ciência tradicional, mas são pouco efetivas para explicar sistemas ou embasar investigação sistêmica. • Para Bunge, não são sistêmicas, mas holistas Ontologia Epistemologia Metodologia INDIVIDUALISMO: “enfoca a composição de sistemas e se recusa a admitir Racionalismo Análise: quaisquer entidades supra-individuais ou suas propriedades” (BUNGE, 2003, p. ou empirismo. micror- 38). redução. HOLISMO: aborda sistemas como todos (objetos complexos), “mas se recusa Intuicionismo. Síntese: tanto a analisá-los quanto a explicar a emergência e a análise das totalidades em macror- termos de seus componentes e das interações entre eles” (BUNGE, 2003, p. 38). redução. SISTEMISMO: Refuta e conjuga individualismo e holismo. “não é uma teoria Realismo Análise e para substituir outras teorias, mas uma estratégia para desenhar projetos de científico. síntese. pesquisa cujo intuito é descobrir algumas características de sistemas de um tipo particular” (BUNGE, 2004, p. 191) XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação 4
  • 5. Elementos do sistemismo Postulados: • “Toda coisa, seja concreta ou abstrata, é um sistema ou um componente ou potencial componente de sistema”. • “Os sistemas têm características sistêmicas (emergentes) que seus componentes não têm”. • “Todos os problemas deveriam ser abordados de forma sistêmica em vez de em forma fragmentada”. • “Todas as idéias deveriam ser unidas em sistemas (preferencialmente teorias)”; e • “O teste de qualquer coisa, seja idéia, método ou artefato, supõe a validade de outros itens que são tomados como pontos de referência (benchmark) provisoriamente”. XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação 5
  • 6. Elementos do sistemismo Modelo: Todo sistema concreto pode ser descrito por meio de sua... • Composição (C – composition): coleção de partes ou elementos componentes. • Ambiente (E – environment): coleção de itens que não fazem parte do sistema mas atuam ou sofrem ação por algum componente. • Estrutura (S – structure): coleção de ligações entre componentes e entre esses e itens do ambiente. • Mechanism (M – mechanism): coleção de processos que geram a novidade qualitativa (BUNGE, 1997), i. e., que promovem ou obstruem as transformações, causando a emergência ou o desmantelamento do sistema ou de alguma de suas propriedades. Simbolicamente: ( ) = <C(σ), E(σ), S(σ), M(σ)> XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação 6
  • 7. Elementos do sistemismo Modelo: Exemplos sucintos (Bunge) C E S M Ambiente (Environment) Sistema Composição Estrutura (Structure) Mecanismo Átomo Partículas e Coisas (partículas Campos que mantêm o Processos de campos e campos) com as átomo unido e suas emissão e absorção Força das ligações associados. quais o átomo interações com itens do de luz, combinação interage. ambiente. etc. Organis- e mesossistemas Meio rico em Ligações (diretas/ Metabolismo e ou- mo físicos e químicos, nutrientes e fluxos indiretas, físicas/ químicas, tros processos de espec. água, de energia com covalentes ou não) que manutenção e autor- carboidratos, variações (Pressão, mantém reparo, expressão e lipídios, proteínas e Temp. etc.) unido, mais as ligações repressão de genes ácidos nucleicos. estreitas. com itens do ambiente. etc. Tamanho do sistema Empresa Funcionários Mercado e Rel. de trabalho internas, Atividades que (personnel) e governo. relações entre componen- resultam nos produ- gerência. tes e itens do ambiente. tos da empresa. Comuni- Pessoas que Cultura(s) em que Coleção de relações de Produção, transmis- dade lin- falam a mesma a língua é usada. comunicação linguística. são e recepção de língua. símbolos. guística – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação 7 XII ENANCIB
  • 8. Elementos do sistemismo Importância do mecanismo • Explicar satisfatoriamente é revelar o mecanismo subjacente • Contra-exemplos: alergia: idéia ridicularizada até que o mecanismo antígeno-anticorpo foi explicado. deriva continental: Wegener, o dono da idéia, só tinha evidência circunstancial (“olha o mapa da África e da América do Sul...”). A hipótese foi desprezada por décadas até se explicar o movimento das placas tectônicas. • Associação (e.g., correlação estatística) não explica • Lei probabilística é diferente; tem poder explicativo porque descreve mecanismos randômicos (aleatórios) • Há brigas homéricas em ramos da ciência sobre a origem dos fenômenos – se a biologia, psiquismo e outras características individuais determinam a essência de uma pessoa ou se o homem é produto do meio. Nem uma nem outra... Nem agencystructure, nem structureagency, mas ambas [isto é, iniciativa individual (agency) e influência do ambiente (structure)] XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação 8
  • 9. Elementos do sistemismo • Sistema – Função específica – Mecanismo (exemplos) • Rio Drenagem Fluxo de água • Organismo Manutenção Metabolismo • Escola Aprendizagem Ensino, estudo, discussão • Fábrica Produção de mercadorias Trabalho, gestão • Corte de justiça Busca da justiça Litígio • Comun. acadêmica Controle de qualidade Revisão pelos pares (peer review) • Representação: Diagramas de Boudon-Coleman Explicação do atraso agrícola francês comparado ao avanço britânico no Séc. XVIII (Alexis de Tocqueville): Macronível centralização política empobrecimento e alienação (sistema) Micronível ausência do nobre proprietário estagnação cultural, fraqueza de laços sociais (individual) “Reengenharia e downsizing afetam a distribuição de renda”: Macronível downsizing/reengineering aumento da desigualdade de renda Micronível perda de empregos bem-pagos declínio da renda dos trabalhadores XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação 9
  • 10. Elementos do sistemismo Regras gerais da pesquisa sistemista (BUNGE, 1997, p. 458): • 1. Colocar todo fato social em seu contexto mais amplo (ou sistema). • 2. Dividir cada sistema em sua composição, ambiente e estrutura. • 3. Distinguir os vários níveis de sistema e exibir suas relações. • 4. Procurar os mecanismos que mantêm um sistema funcionando ou levam à sua decadência ou crescimento. • 5. Ter razoável certeza de que o mecanismo proposto é compatível com as leis e as normas relevantes e conhecidas e, se possível, verificar a hipótese ou teoria mecanísmica manipulando experimentalmente as variáveis referidas. • 6. Mantidas as demais condições, preferir hipóteses, teorias e explicações mecanísmicas (dinâmicas) às fenomenológicas (cinemáticas) e, em seu turno, preferir essas descrições cinemáticas aos modelos de equilíbrio e às descrições de dados. • 7. Em caso do mau funcionamento do sistema, examinar todas as quatro fontes possíveis – composição, ambiente, estrutura e mecanismo – e tentar reparar o sistema alterando alguma ou todas as fontes. XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação 10
  • 11. Perspectivas de pesquisa sistemista em S. I. • Sistema é abstração; pessoas diferentes vêem sistemas diferentes • Fuchs: IETF vê internet como tecnológica, com processos mecanísticos • CNPq sobre a Plataforma Lattes • “[...] é a base de dados de currículos, instituições e grupos de pesquisa das áreas de Ciência e Tecnologia” [desde ~2007 no sítio web] • Representa(va) “a integração de seus sistemas de informação gerenciais, instrumento fundamental não somente para as atividades de financiamento, mas também no tratamento e na difusão de informações necessárias para a formulação e a gestão de políticas de ciência e tecnologia” (SABBATINI, 2001) • Contraste entre visão sistêmica, que dá conta de “colocar todo fato social em seu contexto mais amplo" (BUNGE, 1997, p. 458) e... • Visão filosoficamente individualista, que “enfoca a composição de sistemas e se recusa a admitir quaisquer entidades supra-individuais ou suas propriedades” (BUNGE, 2003, p. 38) XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação 11
  • 12. Perspectivas de pesquisa sistemista em S. I. • Plataforma Lattes: visão sistêmica na concepção (ca. 1998) • ... explica algumas decisões de projeto tais como... • O CV é do indivíduo  redundância (quebra regra clássica da teoria de bancos de dados) • As palavras-chave são da escolha do indivíduo  diversidade (quebraria regra da recuperação de informação bibliográfica se o CV tivesse o mesmo objetivo das bases bibliográficas, mas o objetivo é ser um rastro da competência individual. Vide Portal Inovação) • Essa visão sistêmica na concepção teve formulação informal, não baseada em teoria(s) de sistemas XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação 12
  • 13. Plataforma Lattes: Descrição (parte 1) e agenda de pesquisa sistemista (parte 2) • Sistemismo: “poder heurístico e sistematizador” (BUNGE, 1997, p. 457) • Ilustração desse poder heurístico via descrição da PL • Contexto mais amplo: sistema nacional de inovação (OECD, 1997) Papel assumido pelo CNPq: agência inserida no SNI, patrocinador da Plataforma, com atendimento privilegiado, mas não o “dono do sistema” (PACHECO; KERN, 2003) a ponto de tomar decisões sem considerar os demais interessados. [1: Colocar todo fato social em seu contexto mais amplo ou sistema] XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação 13
  • 14. Plataforma Lattes: Descrição • Sistema sociotecnológico (FUCHS, 2005) Há agentes tecnológicos que atuam em colaboração dinâmica com as pessoas, fazendo análises, sínteses e estabelecendo vínculos – por exemplo, os indexadores, os construtores de résumés, os aplicativos gráficos de redes sociais e os criadores de links entre um CV e outras bases (Scielo, por exemplo). Há um artefato essencial, objeto da colaboração sociotecnológica. [2: Delinear a composição, o ambiente e a estrutura do sistema] XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação 14
  • 15. Flagrante de um sistema sociotecnológico... XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação 15
  • 16. Plataforma Lattes: Descrição Principal macrossistema A Plataforma Lattes está inserida no sistema nacional de inovação, para o qual representa uma fonte de informação crítica e de alto valor agregado – afinal, permite identificar a competência acadêmica nacional de forma simples e rápida. O SNI, por sua vez, é a fonte do financiamento de todo o setor acadêmico, incluindo o CNPq, patrocinador da Plataforma. Principal microssistema No nível micro, o indivíduo é o principal elemento. As relações mais importantes são a entrada e a saída de dados entre a Plataforma Lattes e os indivíduos detentores de currículos ou consultantes [3: Distinguir os vários níveis de sistema e exibir suas relações] XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação 16
  • 17. Plataforma Lattes: Agenda de pesquisa sistemista • Hipóteses mecanísmicas – exemplos (KERN, 2010) • Apropriação individual do currículo vitae • Evolução do esquema curricular por consenso da comunidade [4: Procurar (conjeturar) mecanismos de emergência, crescimento, manutenção e decadência] XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação 17
  • 18. Plataforma Lattes: Agenda de pesquisa sistemista • A formulação de hipóteses mecanísmicas (que deriva da regra geral 4) é ponto de partida para... • Desenho de experimentos que verifiquem essas hipóteses [5: Ter razoável certeza de que o mecanismo proposto é compatível com as leis e as normas relevantes e conhecidas e, se possível, verificar a hipótese ou teoria mecanísmica manipulando experimentalmente as variáveis referidas] • Estágios avançados do processo de pesquisa, nos quais se consolidam conclusões sobre as hipóteses mecanísmicas e se promovem ou se propõem intervenções no sistema. [6: Mantidas as demais condições, preferir hipóteses, teorias e explicações mecanísmicas (dinâmicas) às fenomenológicas (cinemáticas) e, em seu turno, preferir essas descrições cinemáticas aos modelos de equilíbrio e às descrições de dados] [7: Em caso do mau funcionamento do sistema, examinar todas as quatro fontes possíveis – composição, ambiente, estrutura e mecanismo – e tentar reparar o sistema alterando alguma ou todas as fontes] XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação 18
  • 19. Perspectivas de pesquisa sistemista: caminhos • Descrever sistemas de informação • Relacionada às etapas 1 a 3 do roteiro de pesquisa sistemista (Identificar o sistema, descrever composição-ambiente-estrutura, distinguir níveis de sistema e suas relações) • Requer técnicas de pesquisa descritiva, envolvendo coleta e sistematização de informações, classificação e síntese (Para esse tipo de pesquisa parecem especialmente talhados os pesquisadores da área da informação; (Os pesquisadores e desenvolvedores de software não têm preparo e raramente têm interesse em descrever sistemas; antes, esperam que especialistas no negócio lhes dêem “requisitos” – um diálogo precário e frequentemente falho) “O sistema” (tecnológico) (Na verdade, “o software”) “Requisitos” IN OUT “Requisitos” XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação 19
  • 20. Perspectivas de pesquisa sistemista: caminhos • Explicar sistemas de informação • Outras áreas que se dedicam aos sistemas de informação (computação/informática, administração) não se dedicam a explicar como funcionam – sociotecnologicamente. ? XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação 20
  • 21. Considerações finais • Primeiro texto em português sobre o sistemismo • Abordagem à descrição e investigação de sistemas de informação • Fundamento teórico: sistemismo de Bunge (postulados, modelo de sistema, regras metodológicas) • Fundamento conceitual: sistema sociotecnológico de Fuchs (sistema cujas propriedades emergem da colaboração dinâmica entre pessoas e agentes tecnológicos) • Trabalhos futuros • Articulação metodológica • Pesquisas aplicadas (a partir deste referencial) XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação 21
  • 22. Citações nesta apresentação, para registro (vide artigo para lista completa) ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila. Correntes teóricas da ciência da informação. Ciência da Informação, v. 38, n. 3, p. 192-204, dez. 2009. ASSIS, Edvaldo de. A biblioteca universitária e as teorias dos sistemas. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, v. 14, n. 3/4 p. 174-178, jul./dez. 1981. BORGES, Maria Alice Guimarães. A compreensão da sociedade da informação. Ciência da Informação, v. 29, n. 3, p.25-32, dez. 2000. BUNGE, Mario. Emergence and convergence: Qualitative novelty and the unity of knowledge. University of Toronto Press, 2003. 330 p. BUNGE, Mario. How does it work? The search for explanatory mechanisms. Philosophy of the Social Sciences, v. 34, n. 2, p. 182- 210, 2004. BUNGE, Mario. Mechanism and explanation. Philosophy of the Social Sciences, v. 27, n. 4, p. 410-465, 1997. FREIRE, I. M. Um olhar sobre a produção científica brasileira na temática epistemologia da ciência da informação. Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, v. 1, n. 1, p. 1-31, 2008. FUCHS, Christian. The internet as a self-organizing socio-technological system. Cybernetics and Human Knowing, v. 12, n. 3, p. 57- 81, 2005. KERN, V. M. Plataformas e-gov como sistemas sociotecnológicos. In: ROVER, A. J.; GALINDO, F. (Orgs.). O governo eletrônico e suas múltiplas facetas. LEFIS (Legal Framework for the Information Society) Series, v. 10. Zaragoza/Espanha: Prensas Universitarias de Zaragoza, 2010, p. 39-67. LIMA, C. R. M.; CARVALHO, L. S.; LIMA, J. R. T. Notas para uma administração discursiva das organizações. DataGramaZero, v. 11, n. 6, p. 1-14, dez. 2010. LUHMANN, Niklas. Social systems. Palo Alto-CA: Stanford University Press, 1995. 627 p. MARCIAL, E. C.; RAMOS, H. S. C.; SHINTAKU, M.; RODRIGUES, R. C.; VASCONCELOS, W. Epistemologia da Ciência da Informação: a presença do paradigma social de Capurro na literatura. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 8., 2007. Anais... Salvador: ANCIB, 2007. OECD (Organisation for Economic Co-operation and Development). National innovation systems. Paris: OECD, 1997. PACHECO, Roberto C. S.; KERN, Vinícius M. Arquitetura conceitual e resultados da integração de sistemas de informação e gestão da ciência e tecnologia. DataGramaZero, v. 4, n. 2, 2003. ROBREDO, Jaime. Epistemologia da Ciência da Informação revisitada. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 5., 2003. Anais... Belo Horizonte: ANCIB, 2003. SABBATINI, M. Lattes, o cómo gestionar la ciencia brasileña en la red. e-ciencia (Portal de Ciencia y Tecnología), 18 jun. 2001. SHERA, Jesse H. Toward a theory of Librarianship and information science. Ciência da Informação, v. 2, n. 2, p. 87-97, 1973. SOUZA, Maria da Paixão Neres de. Abordagem inter e transdisciplinar em ciência da informação. In: TOUTAIN, Lídia Maria Batista Brandão (Org.). Para entender a ciência da informação. Salvador: EDUFBA, 2007. p. 75-90. XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação 22
  • 23. UFSC/CED/CIN – Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação OBRIGADO! kern@cin.ufsc.br, www.kern.prof.ufs c.br XII ENANCIB – GT8 – Kern, V.M. O sistemismo de Bunge: fundamentos, abordagem metodológica e aplicação a sistemas de informação 23