A Estética Audiovisual do Queens Of The Stone Age: A animação do universo singular de ".... Like Clockwork"
1. A ESTÉTICA AUDIOVISUAL DO
QUEENS OF THE STONE AGE
A ANIMAÇÃO DO UNIVERSO SINGULAR DE
...LIKE CLOCKWORK
YVONE DELPOIO MARQUES DE OLIVEIRA
3. se relacionada
a outros sentidos
MÚSICA
GERA
EMOÇÕES
tocante poético
e sensorial
>
EMOÇÕES
+ INTENSAS
com
estímulo visual
INTENSIFICA
SENSAÇÕES
>
>
ESTADO DE SINESTESIA produção de duas ou mais
sensações com um único estímulo
4. antecede o
CINEMA SONORO
IMAGEM + MÚSICA
Eram animações de cores em formas naturais ou geométricas que seguiam as músicas
IMAGEM + MÚSICA SE COMPLEMENTAM
MÚSICAS VISUAIS
EXPERIMENTAÇÕES DE ARTISTAS COMO KANDISNKI DENIS, 2010
5. +
PODER DE CONSTRUÇÃO DE IMAGINÁRIOS
DENIS (2010)
VIDEOCLIPE
ANIMAÇÃO
utiliza cada vez mais a
o
6. Intensificação da EXPERiÊNCIA do espectador
Ouve a música + visualiza o UNIVERSO criado para ela
A imagem é destinada a agradar seu espectador, a oferecer-lhe sensações (aisthésis) específicas”
(AUMONT, 2012)
>
Imerge / MERGULHA no espetáculo audiovisual>
>
COMPLEMENTARIDADE>
ANÁLISE
Concepção da animação de um videoclipe da banda de rock Queens Of The Stone Age
8. ROCK’N ROLLou apenas Rock
SURGIU NOS ANOS 50
NOS EUA
SIMPLICIDADE + FÁCIL ASSIMILAÇÃO
TOTALMENTE
INTERNACIONAL
RELEVÂNCIA
MUNDIAL NA MÚSICA
UMA FORMA DE VER E
ENFRENTAR O MUNDO E AS COISAS
REPETIÇÃO (sem ser tediante)
OBJETIVIDADE E IRREVERÊNCIA
+ QUE UM TIPO DE MÚSICA,
É UMA MANEIRA DE SER /
UM ESTADO DE ESPÍRTO
CHACON, 1989
MUGNAINI JR., 2007
9. BILL HALLEY & HIS COMETS
TRANSGRESSÃO Música “Rock Around The Clock” (1955)
Filme “Sementes da Violência
10. derivado da
BLUES
PENTATÔNICA (BLUES E ROCK)
Siginifica triste, melancólico,
deprimido. A música expressa
bem essas sensações de
melancolia (ou “alegria triste”)
Surgiu nos anos 60. Blues
superamplificado com
temática aflitiva, sombria e
tenebrosa (Relacionado ao
tipo de música que o
QOTSA toca)
de escravos africanos
WORK SONGS -> canções com 5 notas
MÚSICA NEGRA AMERICANA
HEAVY
METAL>
MUGNAINI JR., 2007
11. ESTILO MAIS AGRESSIVO E MASCULINIZADO
INFLUENCIOU OUTROS SUBGÊNEROS COMO O
AS MUDANÇAS E INFLUÊNCIAS DAS DIVERSAS VERTENTES
DO ROCK TAMBÉM REFLETEM NA VARIAÇÃO ESTÉTICA DE
ACORDO COM SEUS SUBGÊNEROS E TEMAS
HEAVY METAL
HARD ROCK
Muito preto, couro, e acessórios com tachas e spikes, elementos derivados da estética
fetichista (influência da cultura sadomasoquista) e da cultura da motocicleta (“bikers”)
dos anos 50 e 60
Botas de motocicleta, acessorios como tachas, cruzes, caveira, símbolos de caos e perigo.
>
>
SOM QOTSA
13. KYUSS
É PRECEDIDA PELA
BREVE EXISTÊNCIA DA
1989
PALM SPRINGS /
CALIFÓRNIA
CONSIDERADA
PRINCIPAL BANDA DE
STONER ROCK INTEGRAVA A CENA MUSICAL
PALM DESERT
GENERATOR PARTIES
JAMS NO DESERTO
+ DROGAS E ALUCINÓGENOS
(como peiote)
1995
14. JOSH HOMME
Em 1997 Criou a banda Gamma Ray trabalhando com
uma rotatividade de músicos. Mais tarde virou a atual
QUEENS OF THE STONE AGE!
(QOTSA)
É o único integrante que está na banda desde o começo.
(CRIADOR, COMPOSITOR, VOCALISTA, GUITARRISTA E LÍDER)
A ALMA E A FORÇA DA BANDA
15. O som da banda costuma variar de uma faixa de música para outra e de um disco para outro.
Desde MÚSICAS RÁPIDAS E PESADAS até SUAVES BALADAS
QOTSA
17. Lançado mundialmente em 4 de junho de 2013
6º álbum da banda (depois de um hiato de 6 anos)
Topo da parada Billboard 200 (grande potencial + divulgação
artística)
Álbum com mais experimentações e diversificado musicalmente,
focado nas letras e no vocal.
LIKE CLOCKWORK...
>
>
>
>
18. Quase morreu durante uma cirurgia no joelho em 2010.
De cama por 3 meses em uma profunda depressão,
se esforçou para achar novamente
a MAGIA, o MISTÉRIO e o EXCITAMENTO.
A INSPIRAÇÃO
ACABAR COM A BANDA?
Apesar de pensar na desistência, com o tempo, a banda subiu em suas prioridades.
Não se sentia pronto e nas condições de fazer um novo álbum, mas com
o estímulo dos integrantes concordou que iniciassem o projeto.
EXPERIÊNCIA TRAUMÁTICA de Josh Homme
19. A MÚSICA PREVALECEU ENTRE SUAS ESCOLHAS
“... Então de repente você começa a dizer, ‘Não. Música é algo lindo.’ Você pode fazer alguém
chorar e você pode dizer coisas que de outra maneira nunca poderá dizer. Então, porque você
não acreditaria nisto? Porque você escolheria ser amargo ao invés de escolher fazer música?
Ser amargo é bruto. Não leva a nada.”
JOSH HOMME
A banda ficou RECLUSA em estúdio passando por altos e baixos,
por isso “...LIKE CLOCKWORK”, quando achavam que estavam
avançando, acabavam voltando para trás, COMO UM RELÓGIO
Boneface (o artista) também esteve com a banda
dentro do estúdio, em um espaço reservado para ele.
INCAPACITADO DE SAIR DA NEBLINA, OS CONVIDOU A ENTRAR NELA
23. EMPRESA BANDA
É o que os consumidores pensam à respeito de uma empresa em relação
às promessas e expectativas que residem sobre ela, ou seja:
O QUE REPRESENTA NA MENTE DO CONSUMIDOR
Uma marca de uma banda tem que ser forte o bastante para
se destacar, visando os seus fãs (consumidores da sua música).
ALINA WHEELER, 2008
>
A MARCA
CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE
A identidade é tangível e APELA PARA OS SENTIDOS.
COMUNICAR, EXPRESSAR, APOIAR,
SINTETIZAR E VISUALIZAR A MARCA>
É A EXPRESSÃO VISUAL E VERBAL DE UMA MARCA!
24. Layout EQUILIBRADO,
SIMÉTRICO, REGULAR, com grande
CONTRASTE entre figura e fundo
A criação da identidade, no caso, permite a construção e
conscientização do universo do álbum, de suas músicas e da banda
Queens Of The Stone Age.
BONEFACE
“Cara de Osso”
Britânico / 25 anos
25. PALETA DE CORES DO ÁLBUM
VERMELHO
PREDOMINANTE
COR
“É usada para evocar emoção, expressar personalidade e estimular associações.”
>
+ DESTAQUE / + VIBRANTE
pelas áreas pretas e brancas
COR PRINCIPAL
dispositivo mnemônico de
fácil associação da cor
à banda / marca / álbum
>
>
> COR QUENTE
sons graves na música
(Pedrosa, 2002)
> COR POR EXCELÊNCIA
a primeira de todas as
cores (Farina, Peres e
Bastos, 2006)
ALINA WHEELER, 2008
> IMPULSIONA A
ATENÇÃO
excitante ao olhar
evidencia o álbum
como um todo
“it’s like ‘fuck you, look at this”
BONEFACE
26. As outras cores (preto, branco e azul) são bem SATURADAS
O esquema de cores para o álbum mais alegre e vibrante
(abundância de vermelho), se diferencia um pouco do curta-
metragem, que é mais sombrio e escuro, mas ainda é perceptível
a utilização destas cores do álbum, principalmente do preto, que
preenche quase toda a animação e também do vermelho.
COR
>
O contraste do preto e do branco estão em equilíbrio, suas áreas
estão balanceadas (As áreas pretas maiores que as brancas para
compensar a vibração que o branco irradia (Arnheim, 2005).
>
>
27. Aspecto SUJO, NATURAL, CRU (sem correções de manchas
no computador)
CARÁTER MANUAL
>
>
O próprio artista desenhou e compôs as formas
das letras em um PROCESSO MANUAL, gravando
grandes folhas de papel, rabiscando e riscando
algumas letras nelas de forma rápida e suja.
Relacionado a construção do universo da animação: Uma cidade
DESTRUÍDA e DECADENTE, que está além da salvação.
Relacionado ao jeito
de pintar e a estética
do EXPRESSIONISMO
ABSTRATO e ao
ACTION PAITING
POLLOCK
28. CARÁTER MANUAL
HANDLETTERING (processo manual de desenhar letras)
Tendência no design atualmente, paradoxalmente, apesar e em
oposição aos computadores. Surgiu nos anos 90 como uma reação ao
fácil acesso a diferentes tipos a partir do computador pessoal.
A MÃO É + PODEROSA QUE O PIXEL!
HELLER E ILLIC, 2006
CRIAR NO PAPEL é muito MAIS EFICAZ para uma comunicação SEM RESTRIÇÕES
LETRA +EMOTIVA +EXPRESSIVA +INFORMAL>
29. FIGURA CENTRAL
Cena do casal se assemelha ao ato precedente de um ataque de um vampiro para
morder a vítima (“beijo do vampiro”) -> cartaz filme “O Drácula”
Vestimentas semelhantes de um vampiro: Capa preta + gravata borboleta (roupa
de outra época -> imortais)
Máscara em forma de crânio (indica morte / morto-vivo) / presente em vários
momentos da animação
Boneface -> não apresenta quem é você (personagem) de verdade, deixando livre para fazer o
que quiser / permite que o personagem tenha outra camada de personalidade (dualidade) / o
artista também usa uma máscara que é na verdade um capacete para aparecer em público
O “Q” cortado na transversal (raio/ jato de tinta) também remete ao action paiting (sentido
contrário à làgrima)
Está em pedaços, destruído como a cidade decadente (aspecto deteriorante)
O contraste figura-fundo (preto) é mais evidenciado que na contra-capa (com fundo vermelho)
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>
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30. Todo branco em contraste com a capa, mas com mesmo esquema de
cores
O raio azul tem linhas retas (não um jato de tinta) em contraponto com
o personagem desenhado / detalhado com muitas linhas em preto e
branco
Não é possível identificar com clareza se ele tira ou coloca o rario em
seu corpo
Também usa máscara como um bandido / vilão de HQ que vai até o
nariz
CD INTERNO
CAPAS ALTERNATIVAS LP
Usadas Imagens do clipe “ I Appear Missing” (analisado), por
serem imagens mais marcantes e que funcionaria melhor para
embalagem.
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>
32. Início déc 50
vídeos como
forma de publicidade
VIDEOCLIPE
Ligado ao rock -> “Rock Around
The Clock” Bill Harley (TV)
“Jailhouse Rock” - filme
Elvis Plesley (1º videoclipe)
Nos anos 60, os Beatles
já usavam animação
em seus clipes (DENIS, 2010)
ANIMAÇÃO
+ E mesmo nos anos 30
estúdios produziam
animações que pareciam
videoclipes (DENIS, 2010)
FIlmes musicais que usam amplamente a animação:
O Submarino Amarelo (Yellow Submarine - George Dunning, 1968) dos Beatles
Baby Snakes (Frank Zappa, 1979)
Pink Floyd the Wall (Alan Parker, 1982)
considerado um longo
videoclipe, utilizou variadas
técnicas de animação
Nos anos 80 videoclipes
+ explorados (como a
animação) / Criação MTV
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>
>
>
33. ANIMAÇÃO NO
VIDEOCLIPE
Com a animação é possível CRIAR UM UNIVERSO, um imaginário direcionado à banda e
sua música, e assim criar uma identidade original para os músicos.
As possibilidades são INFINITAS e TUDO É POSSÍVEL de ser criado! É um CAMPO
ABERTO.
É intrínseca à animação a capacidade de construir um mundo gráfico ou material com
uma realidade própria.
Deixa de ser “básico” para atingir o domínio do ARTÍSTICO e do EXPERIMENTAL.
TOTAL CONTROLE sobre cada imagem
Superior ao cinema no sentido que é + LIVRE e AUTÔNOMA em relação à matéria.
DENIS, 2010
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34. Fim anos 80/ Início anos 90
Produção dos álbuns + identidade visual para capa e videoclipes
estabelecem um paralelo, se complementam.
Atualmente
É utilizada para definir um visual específico de cantor ou banda
ANIMAÇÃO NO
VIDEOCLIPE
“A animação está agora na moda. Para dar a uma banda ou a um cantor uma imagem mais dinâmica, as
produtoras recorrem cada vez mais ao desenho animado, à animação em 3D ou ao stop motion para criar
um marketing adaptado para um público habituadissimo a esse tipo de universo visual.”
DENIS, 2010
No caso de QOTSA a ideia fazer a animação surgiu do próprio Homme
que entrou em contato diretamente com o artista.
>
>
35. “GO WITH
THE FLOW”
2002 - Música de 3º disco da banda criado pelo coletivo Shynola
Abundância de vermelho (+ preto e branco)
Rotoscopia (ref. Lucy In The Sky with Diamonds)
Silhuetas (ref. O Senhor do Anéis - animação)
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>
36. O CURTA METRAGEM
ARTE
SEÇÃO OPERACIONAL
(manuseio de instrumentos
e formulação de processos)
SEÇÃO EXPRESSIVA
(elaboração de
representações simbólicas)
>
>
>
>
Universo + profundo (detalhes / camadas)
O artista nunca havia feito animação antes (Homme: sem impedimentos das regras da animação para
poder criar)
Vivenciou a atmosfera da banda desde o início do processo do álbum, em um espaço criado dentro do
estúdio de gravação, criando a partir ainda de versões inacabadas das músicas, presente quando ainda
estavam sendo evoluídas.
Lucena Jr. defende em Arte da Animação - Técnica e Estética que a arte independe da técnica para que
se manifeste, mesmo que sejam interligadas, podem ser pensadas separadamente.
A ARTE SE REVELA NO ÂMBITO DA EXPRESSÃO ATRAVÉS DE SÍMBOLOS ESTÉTICOS em que a
materialização a técnica colabora.
>
37. O CURTA METRAGEM
15 minutos: “I Appear Missing, Kalopsia, Keep Your Eyes Peeled, If I Had A Tail, My God Is The Sun”
Divulgadas separadamente, “I Appear Missing” foi o primeiro clipe e lançado antes do disco
Temas centrais: morte e destruição (um possível recomeço)
História como um jogo de videogame, sendo que para cada personagem há um estágio específico
“Boss Fight” (grande batalha contra o chefão de fase ou
do jogo - maior e pior inimigo virtual)
Ao final, o curta repete a primeira cena, como um
“Game Over” (personagem caindo)
Teor agressivo, tanto pelas cores, como pelas mensagens,
pichações, palavrões, ofensas, símbolos de violência
(ex: caveira, brutalidade, selvageria, brigas, explosão, richa
de carros e muito sangue.
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38. >
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Processo realizado em 4 meses, simplificado ao usual. Produção independente e autoral, sem muitas
pessoas envolvidas ou hierarquização como em uma grande produção (apenas Boneface + Liam Brazier,
o animador)
1º elaborado cada personagem com a ideia básica de
suas ações e algumas características específicas
(Model sheets - define os aspectos visuais constantes
dos personagens).
Depois foram desenvolvidos os storyboards de cada animação, e em seguida foram direto à animação.
Não houve redação da ideia / argumento (roteiro) ou a decomposição de cada plano do storyboard para
determinar seus elementos (cenário, personagens, underlay, overlay, efeitos, sombras e luzes…)
40 a 50 composições para cada clipe (250 total) -> em um filme animado de 12 min há quase 16.000
imagens (Denis, 2010), mas a ilusão de movimento (efeito phi ) é fluída -> A persistência retiniana
permite “enganar” o olho a 24 imgs por segundo (o mesmo acontece com 12 x 2)
>
39. >
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>
>
Trajetória de um homem desacordado, enfaixado e machucado, com sangue no nariz e na boca.
Acorda em um deserto, com o auxílio de um corvo, mas pelas suas expressões e movimentos stá atordoado e estranho.
Articulações se movem como uma marionete, como se estivesse ausente de seu corpo.
Ao se levantar, é arrastado por uma força exterior e invisível que o leva em meio ao deserto.
Não há nada e ninguém, exceto por um posto de gasolina de madeira aparentemente e um senhor sentado no posto.
Vai em direção à uma cidade escura, pouco visível, misteriosa (sombras em frente a prédios), coberta por névoa.
Chega a um penhasco e é atraído para o céu, lentamente (em contrapartida a música está em um pico mais alto / +
“volume”).
Logo após, cai inevitavelmente ao chão em meio aos prédios, após a força “estranha” parecer lhe soltar -> “It’s only
falling in love, because you hit the ground” (Apaixonar-se te leva ao chão) -> Auge da música e do clipe.
Sincronismo que pode ter sido encaixado no final (o artista já havia pensando nas imagens / imaginário ainda com a
versão inacabada sem a letra (reflete sucintamente a frase.
Altos e baixos da música entre os refrões e versos foram guias para as escolhas das ações.
“Silêncio” (- tensão) nas cenas em que a música é mais “baixa” (homem apenas flutua) / + Tensão quando a música
chega a altos picos (“andando violentamente, ou voando de um penhasco”).
>
41. PALETA DE CORES
Iª FASE
“A cor é rica e complexa na animação, variando de um autor para outro tão seguramente
(e sem dúvida até mais) como no cinema em filmagem real”
SEBASTIEN DENIS (2010)
Único entre os cinco clipes com cenário de cores mais claras -> tons pastéis até metade do vídeo
Ao final vai se tornando cada vez mais escuro e com cores mais saturadas,
Uma introdução às músicas seguintes do curta-metragem, que tem cenários mais escuros e predominância da cor
preta -> Noite, escuridão, perigo, maldade, insegurança e aniquilamento (Pedrosa, 2002) - elementos que são
intensos no decorrer do curta, pela noite e madrugada (becos e ruas vazias, cenas brigas em um bar e uma rixa de
carros e motos em alta velocidade)
Boneface -> I Appear Missing é como um último respiro antes de cair para as profundezas escuras
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42. AMARELO
Neste ponto os tons pastéis amarelos estão muito presentes utilizados para a areia e o
deserto (ligação com origem do QOTSA).
O céu nesta fase é representado em tons pastéis esverdeados, se aproximando da coloração da
areia amarela.
O amarelo também é usado na abertura do videoclipe para o título da música
(como uma ficha que apresenta seu esquema de cores específico).
Representa a luz solar, esperança e estimulação, afetivamente relacionado à iluminação e
comum a construção de situações antitéticas (Farina, Peres e Bastos, 2006).
Apropriado pela associação da primeira parte como um espaço mais solar e iluminado
>
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43. PRETO / DETALHES ROXO
Em contraste com o cenário -> tons escuros de preto com detalhes de roxo - noite, sonho, mistério,
misticismo e espiritualidade (Farina, Peres e e Bastos, 2006) usados para o personagem central, para
o corvo que o acompanha, para o lobo e um dos ratos (também podem representar perigo, maldade e
insegurança).
Evidencia a estranheza estabelecida ao personagem-> desconexo a este lugar solar e deserto /
também região de clima quente que “pede” roupas claras, pois refletem os raios solares e amenizam a
sensação de calor (FARINA, PERES e BASTOS, 2006), enquanto ele está com roupas escuras e também
sociais que o destoam do espaço (estado periférico de solidão e afastamento.
>
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44. >
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VERMELHO / BRANCO
Branco -> Camisa, faixas, placas / Vermelho -> Sangue, placas
Cores intensas e vibrantes
Branco -> adição de todos os comprimentos de onda / também é a cor do vazio (apesar de
normalmente indicar pureza), carência afetiva, solidão. É ausência de cor! Coberto pelas faixas,
quase não vemos sua pele, como um fantasma
Vermelho -> + saturada de todas as cores, maior visibilidade dentre todas cores (0,02
segundos de percepção pelos olhos). Estimulante, agressivo, dinâmico, instiga atenção.
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OCRES / MARRONS
Montanhas, postes, cactos
Escurecimento do vermelho com preto (Pedrosa, 2002)
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45. Após passagem montanhosa (como um portal) as cores se tornam mais escuras e saturadas
Vermelho e suas nuances (laranja e violeta) predominam, como na cena do posto de gasolina e da vista do
horizonte
O céu se torna azul escuro vibrante, tons violetas tomam o céu como um anoitecer,
Quando é atraído para cima (céu novamente mais claro, amarelado e alaranjado), mas logo cai em meio a
nuvens tenebrosas, vermelhas e escuras (como o fogo e a “força que o faz jorrar [o sangue], o terror, ou a
morte, e por sua reminiscência, o luto” - PEDROSA, 2002)
Até chegar à escuridão da cidade e cair ao chão -> decadência e o inferno (apresentada pela cidade destruída)
2ª FASE
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47. O CORVO
Hábitos necrófagos (se alimenta de restos de animais mortos), plumagem escura e voz sepulcral - “forças do
mal”/ morte
Ainda antes desta conexão, no velho continente, significado especial envolta ao mistério, com elevado valor
simbólico -> agente terrestre de forças sobrenaturais
Aproximação e familiaridade com o homem ainda nas fases primitivas da evolução das sociedades -> durante
a caça o corvo seguia os homens para se aproveitar dos restos de comida (e quando era possível também
restos de cadáveres humanos) - Daí a proximidade do homem cheio de sangue, prestes a morrer?
Divergências de representações: veneração e repulsa / profeta e mágico / poder de se transformar em
pessoas
Aparência forte e de domínio perante as outras aves (mascote na guerra)
Associado a crescimentos e declínios do homem
Dualidade na animação-> Não há clareza se é o “mocinho” ou “bandido” no todo e em cada animação. Está em
todas as músicas, mas nem sempre exatamente da mesma forma -> Às vezes, expressões mais suaves
(como neste clipe) ou aspecto mais macabro (olhos brilhantes e amarelos)
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48. Ratos -> nojentos, sujos e
podres / personificados
usando “acessórios” de
estética do rock como
piercings, tatuagens
“Velho” > à sombra, de
chapéu e máscara /
tatuagem de corvo como uma
cruz (aspecto misterioso e
estética do rock)
49. CENÁRIO
Uso de fotografias como cenário de fundo (paisagens do céu e também para os prédios)
Novidade para o artista, permitindo trabalhar mais rapidamente, sem precisar desenhar tudo
Técnica de usar camadas com cenários separados das figuras vem do início da animação -> surgimento do
acetato (1914), folha de celulóide transparente (substituído agora pelo computador)
Com esta técnica se pode ter cenários mais complexos, com maior atenção plástica, com uso de planos e
sem limitações expressivas, aperfeiçamento da ilusão de profundidade e ganho na autonomia dos
movimentos.
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50. Há diversos símbolos e mensagens, quase sempre em forma de pichação, às vezes escondidos
-> Cartazes, placas, montanhas, ruas, paredes e até mesmo nos personagens. Formas
expressivas de violência e agressividade
Artifício para “apimentar as coisas”, dando uma vaga ideia do que está acontecendo, sem que
se saiba o que é exatamente.
Em todo o curta e também em alguns outros materiais (livreto, cartas de divulgação) a
sequência 999, também está muito inserida, uma referência ao “666” (ao contrário / invertida
verticalmente), o “número da besta” - sinal do diabo.
Dimensão misteriosa e curiosa - Boneface não pôde esclarecer ainda muito sobre isso, mas
havia um propósito maior
MENSAGENS “ESCONDIDAS”
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51. EXPRESSIONISMO
Traços não são totalmente definidos, desenho de muitas linhas que intensificam expressões e gestos carregados
de emoção + Cores que dão ênfase constante à expressividade -> Relacionado a uma arte expressionista
Houve uma corrente artística (início do séc XX) com rótulo de expressionismo, mas nunca houve de fato um
movimento que se autodenominou desta forma, o termo era uma tendência para definir uma gama de correntes
internacionais surgidas pós impressionismo e que achavam ser anti-impressionistas (LYNTON, 2000)
Na Alemanha moderna o expressionismo floresceu de forma abundante com artistas como Van Gogh, Gauguin,
Cézanne, Toulouse-Lautrec (reação francesa contra
o impressionismo) Influência para os jovens artistas
alemães (do que o impressionismo que havia
chegado na mesma época - DUBE, 1976)
O individualismo é presente mesmo com artistas
integrantes de coletivos, decorrendo no uso da
arte para a transmissão de expressão da experiência
de cada um (LYNTON, 2000).
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52. EXPRESSIONISMO
Egon Schiele se relaciona com as ilustrações de Boneface e também com temática
da morte e a da existência humana
Figuras atormentadas e ansiosas, tem um sentido de ameaça, medo e dor. (Dube,
1976)
O quadro “Auto-Retrato” (1910) relaciona-se ao personagem da animação, o homem
“morto-vivo”, que se movimenta como uma marionete. O corpo no quadro é
desconjuntado com os dedos forçosamente esticados (DUBE, 1976).
A figura humana e os retratos são os temas principais dos desenhos de Schiele
além disso em suas paisagens “há cidades e vilas, desertas e silenciosas”,
não há sinal de animais ou seres humanos, apenas árvores mortas ou
prestes a morrer que também pode ser relacionado ao deserto e a cidade
decadente da animação.
“Schiele tinha absoluta consciência da condição ameaçadora da existência. “Sou um ser
humano, amo a morte e amo a vida.” O crescimento e o declínio, a vida e a morte, foram
temas dominantes de inúmeros quadros nos anos seguintes [a 1910], [...].”
Auto Retrato
(Egon Schiele, 1910)
Dube, 1976
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54. CONSIDERAÇÕES
FINAIS
A expressividade do vídeo de animação pelo poder de criação inesgotável é extremamente eficaz para
a identidade da banda -> corresponde à expressividade da música e também à expressividade
inerente ao rock.
Criação do imaginário juntamente à banda, sendo desenvolvido desde a fase de construção do álbum
(gravação / produção) -> aspecto de maior potencial para criar uma animação intrínseca as
particularidades do álbum (e suas músicas)
Cores - e suas correspondências (emoção) + formas estéticas como o handlettering (processo
manual) e a ilustração de sentido expressionista para criar um aspecto decadente (que corresponde
a linguagem do álbum / tipo de música)
Imagens que seguem a sensações que a música transmite (picos + pesados ou leves)
Vínculo com a condição humana (tema da morte - e vida)
Desvendar o processo do conceito criativo para uma animação -> cenários, personagens, cores e
linguagem construídos e escolhidos
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