O documento discute três procedimentos internos de controle do discurso segundo Foucault: 1) o comentário, que nega a interpretação e vê a linguagem como transparente; 2) a autoria, que ilude sobre a origem das ideias, na verdade produto do contexto; e 3) a disciplina, que isola campos de saber por meio de métodos e conceitos rígidos.
1. Procedimentos Internos de controle
e delimitação do discurso
Como sistemas de exclusão que são internos ao
discurso Foucault se refere aos que são exeercidos
na linguagem e pela linguagem.
•Comentário
•Autoria
•Disciplina
2. O princípio do comentário
negar a existência da interpretação
Considera a linguagem transparente.
Portadora de uma “verdade” que advém do “especialista”
Autoridade que organiza os sentidos
Ex: textos bíblicos no sermão do padre ou do pastor. Ou
ainda, o discurso de determinado lider de um partido
político sobre o Marxismo para seus seguidores.
Esses intérpretes negam o fato de que estão anexando seus
valores e suas próprias crenças a suas palavras. De modo a ter
sua interpretação associada à verdade que clamam proferir, se
apegam na visão de que a linguagem é transparente, idêntica a
si própria, inequívoca, como defendia a velha perspectiva
estruturalista saussuriana.
3. Os diferentes marxismos e
cristianismos ratificam a
presença da interpretação e a
existência do comentário.
Do mesmo modo, podemos
mencionar as diferentes
interpretações de uma lei para um
advogado de acusação e um outro
de defesa.
4. O princípio de Autoria.
A ilusão da origem do dizer:
tendemos a acreditar que somos a origem do que nós
pensamos, dizemos e fazemos.
Os seres humanos são seres sociais e, portanto, eles
são um produto da sua origem sócio-histórica.
Não podemos realmente dizer que nossas idéias são
originais, tampouco que pertencem a quem quer que
seja, uma vez que elas são produto de um contexto e
de um interdiscurso.
Quando Foucault fala de uma voz que fala antes
dele, está precisamente se referindo ao conceito de
interdiscurso, ou seja, todos os dizeres e sabers que
circulam e circularam antes de suas palavras.
5. O Restart, por exemplo, nada mais é do que uma
releitura da Blitz e de boybands inglesas e
americanas, assim como o Rouge era uma cópia das
Spicy Girls.
Foucault propõe que os textos (significados e
discursos) sempre existirão encadeados a outros
textos e discursos.
Esses textos dizem o que já foi dito antes ao dizer
algo a mais;
O que Foucault e software livre têm em comum?
De acordo com a perspectiva Foucaultiana, não faria sentido pagarmos direitos
autorais por qualquer tipo de produção intelectual (software, musica, livros)
pois tudo aquilo que é produzido por um suposto “autor” só veio a existir
graças aos outros “autores” anônimos que o precederam. Algo que é
produzido, de acordo com o pensamento Foucaultiano, sempre o é baseado
em um conhecimento/conceito/estética similar.
6. disciplina
Número de métodos, abordagens e conceitos que funcionam
para produzir um meio isolado de ação
ação rarefeita acessível somente a uns poucos.
As disciplinas vêm negar a existência do comentário
alegando serem precisas e objetivas – especialmente no
contexto positivista no qual Foucault estava inserido. Elas
são compostas por verdades e lacunas. Podemos
estabelecer um paralelo entre a disciplina e a linguagem e
as “verdades disciplinares” e a polissemia.
A disciplina funciona para tornar rarefeitos os meios de criação e circulação
do saber refletindo, ainda, valores sociais. Do mesmo modo, a polissemia é
delimitada e moldada pela linguagem, que reflete a sociedade.
Estamos restritos, bitolados, pela disciplina em nossa busca pela “ verdade”.
7. AD e a disciplina
A AD foi – e de certo modo ainda é – marginalizada por
não se restringir a uma única área do
conhecimento, constituído-se como saber interdisciplinar.
Para estudar o discurso, os Analistas precisam lançar mão de
conceitos oriundos da filosofia, da psicologia, da
lingüística, da historia, da psicanálise e da sociologia sem
serem, contudo, filósofos, psicanalistas ou sociólogos.
Quem estuda o discuso não é, portanto, especialista em
nenhuma das áreas mencionadas e pode vir a ser excluído
dos domínios acadêmicos, assim como aquele que estuda
literatura popular pode vir a ser excluído dos estudos
literários que partam de uma concepção canônica de
literatura.