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Outubro | Novembro 2013

Estilo Damha | 1
2 | Estilo Damha

Outubro | Novembro 2013
Outubro | Novembro 2013

Estilo Damha | 3
Expediente

Quem somos?
A Damha Urbanizadora é uma empresa parte do Grupo Encalso Damha, conglomerado empresarial fundado em 1964, que
atua nos seguintes segmentos: Engenharia Civil, Agronegócios,
Shopping Center, Concessão de Rodovias, Energia e Empreendimentos Imobiliários.
Presente no cenário nacional desde 1979, a Damha desenvolve e
executa loteamentos fechados e condomínios residenciais, reconhecidos pela alta qualidade urbanística e construtiva. Em seus
projetos, aplica o que há de melhor em conceito de urbanismo no
País e infraestrutura qualificada, em perfeita harmonia com o meio
ambiente. Ao projetar empreendimentos que integram padrão diferenciado de moradia, lazer e segurança, a Damha transforma o
cotidiano dos moradores e das cidades em que se insere.
A Damha Urbanizadora conta atualmente com 52 empreendimentos e aproximadamente 20 mil unidades comercializadas e está
presente em 16 Estados brasileiros. Em 2012, obteve crescimento
de 67%, alcançando um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 585 milhões. O land bank total é de aproximadamente 100 milhões de m².

!

Escreva sua opinião sobre a revista.
Sugira matérias. Mande fotos dos
eventos do seu condomínio.

Fale conosco:

Expediente
DAMHA URBANIZADORA

REVISTA ESTILO DAMHA

José Paranhos
Diretor Superintendente

Daniele Globo
Editora

Diretores e Gerentes
Akira Wakai
Amauri Barbosa Junior
Carlos Eduardo Meyer Freire
Fernanda Toledo
Juliana Liberati
Luiz Lissner
Maurício Cavalheire
Nélio Galvão
Paulo Montini

Edson Suguihara
Nicole Thomaso
Assistentes
Fotos: Beatriz LVM, Dirlene Ribeiro
Martins, Edgard Cesar, Genilson
Nunes, Juan Cogo, Kris Tavares,
Marcelo Corrêa, Marcos Hermes,
Maxizoo, Nilton Santolin,
Thatiana Miloso e Vanusa Campo

Textos e revisão: Editora 10
(Décio Junior, Dirlene Ribeiro
Martins, Marília Dominicci,
Maysa Rodrigues, Patrícia Volpe
e Thatiana Miloso), Fabiano Menna,
Henrique Fruet, Nicole Tomaso
e Rodrigo Brandão
Tiragem: 20 mil unidades
Foto Capa: Marcelo Corrêa

A revista Estilo Damha é uma publicação bimestral da Damha Urbanizadora e distribuída
gratuitamente a todos os clientes e moradores dos empreendimentos Damha.

Auditado pela

SELO FSC

São Carlos (SP) - Fone (16) 3413 4637

4 | Estilo Damha

Outubro | Novembro 2013
Carta do Presidente

Noventa milhões em ação,
Pra frente Brasil,
Do meu coração...

A

s pessoas com mais de 50 anos devem se
lembrar do hino da Copa do Mundo de 1970.
Eu, à época com 15 anos, ficava emocionado
ao ouvir a composição de Miguel Gustavo e ver
que todos os brasileiros estavam vibrando com
aquele futebol épico da nossa seleção de ouro.
Éramos 90 milhões de brasileiros, e nem faz tanto
tempo assim, embora hoje já sejamos impressionantes
200 milhões.
Muita coisa mudou desde então, é claro, a começar
pelo próprio futebol, assim como a televisão, os carros,
os hábitos, o conhecimento e até o clima, imagine só!
Tudo se intensificou também. O ritmo de vida, a velocidade da informação, as transformações tecnológicas, os
problemas urbanos.
A despeito da intensificação desses problemas urbanos,
onde estão mais de 85% dos 200 milhões de brasileiros,
há, ao longo de décadas, um consistente movimento migratório das pessoas do campo para as cidades. Elas têm
preferido conviver com o trânsito complicado, a poluição,
o alto custo das moradias, entre outras questões, a permanecerem no campo. Afinal, é nas cidades que ocorrem
mais intensamente as trocas, é onde estão as estruturas
de saúde, é onde há diversidade de trabalho, é onde se
encontram os centros de conhecimento.
Esses movimentos migratórios, somados ao grande
crescimento populacional, têm exigido das cidades, entre
muitas outras coisas importantes, a expansão territorial,
a construção de um grande número de moradias e a
reformulação das vias.
Há uma corrente de urbanistas que defende maior
concentração populacional, com mais verticalização, para
a redução do custo dos serviços urbanos, redução dos
deslocamentos das pessoas e diminuição da emissão
de poluentes produzida com esses deslocamentos. Faz
muito sentido.
Entretanto, para além do racional, as cidades têm de
servir aos seus habitantes com ambientes humanizados,
com bons serviços e espaços públicos, com boa rede de
transporte de massa, parques e áreas verdes de dimensões adequadas. Elas foram feitas pelo homem e para o
homem, e cabe aos planejadores urbanos trabalhar com a
exata compreensão do que é realmente melhor, tendo em

vista essa importante máxima. Afinal, daquelas que figuram
entre as melhores do mundo para se viver, entre elas Viena, Berna, Copenhague, Amsterdã, Bruxelas, Melbourne
e Estocolmo, nenhuma conquistou esse status pela alta
concentração populacional, mas, sim, por atributos que
as tornaram mais humanizadas, somados aos serviços
públicos de grande qualidade.
De um ponto de vista mais amplo, é inimaginável crer
que as principais cidades brasileiras continuem no modelo
estrutural de hoje, que não é tão diferente do da época da
Copa de 70, sob pena de haver colapso muito em breve,
não somente pelo aspecto da mobilidade urbana, tema
mais latente, como também, ainda que em prazo mais
alargado, no uso dos recursos hídricos, dos energéticos,
da emissão de gás carbônico e do volume de resíduos.
Em menos de um ano nos veremos novamente torcendo
pela seleção brasileira, e não mais 90, mas sim 200 milhões
de brasileiros estarão em ação, curtindo intensamente o
evento histórico, dessa vez sediado em nosso país. Na
ocasião, bilhões de reais terão sido gastos no evento, parte
em obras de infraestrutura que há muito já deveriam ter
sido feitas, parte em obras que não nos serão tão úteis.
O que importa é que a Copa do Mundo no Brasil tem a
propriedade de trazer para discussão os grandes temas
urbanos atuais e se constitui em excelente oportunidade
para a melhoria da nossa qualidade de vida na urbe.
Vamos torcer pela nossa seleção, sem dúvida, com a
esperança de que sejamos vencedores, e vamos torcer,
inclusive, e desde já, para que o legado desses jogos não
se limite à conquista de um novo título mundial de futebol,
mas, também, à conquista de efetivas melhorias na vida
das pessoas que habitam as cidades e são influenciadas
direta, ou indiretamente, pela Copa do Mundo no Brasil.
Todos juntos vamos
Pra frente Brasil, Brasil!!!

JOSÉ PARANHOS

Diretor Superintendente
Damha Urbanizadora

Outubro | Novembro 2013

Estilo Damha | 5
6 | Estilo Damha

Outubro | Novembro 2013
Editorial

Um ano,
muitos desafios,
alegrias imensas

U

m ano, 365 dias, sete edições, 140 mil
exemplares, 95 mil leitores, 40 profissionais envolvidos diretamente, 36 cidades,
16 estados. Lugares fantásticos, sabores
intensos, histórias envolventes, gente do
bem, gente que manda bem, casas para inspirar,
carros para sonhar, entrevistados incríveis, leitores
que entusiasmam.
No mês em que a revista Estilo Damha completa seu
primeiro ano de vida, temos, sim, muito a comemorar. Primeiro porque se aventurar a fazer uma revista
institucional envolve desafios inimagináveis. E fazer
uma revista institucional que ultrapasse as barreiras
corporativas, incluindo em seu conteúdo informações
de qualidade que vão além do dia a dia da empresa,
com temas superinteressantes que contribuem com
o repertório cultural de nossos leitores, é algo deliciosamente laborioso.
É claro que todo esse trabalho só é possível porque
a Damha Urbanizadora acredita neste projeto. Porque
ela acredita que o relacionamento com seus clientes
jamais deve acabar após a conclusão de um negócio.
Porque ela tem ciência de seu papel como agente
transformador.
A cada edição, nos esforçamos para melhorar o
que nos comprometemos a fazer. É por isso que ainda
estamos experimentando, testando novas fórmulas,
novas ideias para transformar a Estilo Damha em uma
leitura prazerosa e aguardada.
Nesta edição comemorativa, fomos até o Rio de
Janeiro para entrevistar o ator Thiago Lacerda, que
estrelou uma campanha da Damha Urbanizadora
em Campos dos Goytacazes. Esbanjando simpatia

Outubro | Novembro 2013

e simplicidade, ele falou por quase duas horas, num
bate-papo delicioso em que contou sobre os rumos de
sua carreira, o peso de ser um galã, a vida de homem
de família, enfim, tantos temas que nos permitiram
conhecer melhor esse grande nome da dramaturgia
nacional. E admirá-lo ainda mais.
Também estampamos nas páginas desta edição
duas cidades que em breve receberão novos lançamentos Damha: Catanduva, a pequena notável, e
Araraquara, a terra da laranja que desponta como um
dos principais centros econômicos do interior paulista.
Entre tantas outras matérias que recheiam esta edição especial, não poderíamos também deixar de falar
sobre um projeto que está dando o que falar na Casa
Cor Brasília, evento que vai até o dia 5 de novembro
na capital federal. Para mostrar aos brasilienses o
conceito de “morar bem” em um lote de 390 m² (tamanho médio dos nossos terrenos em Brasília), a Damha
levou ao maior evento de Arquitetura e Decoração
do Centro-Oeste brasileiro uma casa surpreendente
projetada pelo renomado escritório Studio Zuba, de
Brasília. Fomos conferir o resultado dessa ação e
constatamos que os esforços para fazer o projeto sair
do papel valeram a pena: a casa ficou linda e tem
arrancado elogios dos visitantes do evento.
Por fim, gostaria de parabenizar aqui a todos que
participam e colaboram com a Estilo Damha. Contamos com o apoio e participação de vocês para que
venham novos aniversários!
Boa leitura!

DANIELE GLOBO

Editora

Estilo Damha | 7
Índice

42
Turismo:
Londres, muito
além da terra
da rainha

10
33
40
53
58
62
64
67
68
74

Futuros Lançamentos:
Catanduva e Araraquara
Nossa Capa:
Thiago Lacerda
Coluna Comportamento:
Seja o chefe que você gostaria de ter tido
Coluna Automóveis:
O maior salão de automóvel do mundo
Gastronomia:
Esquina Mocotó
Coluna Gastronomia:
Tirando uma casquinha da sogra
Comportamento:
Supermulheres
Coluna Economia:
Seu planejamento vai falhar
e não é o fim do mundo
Faça o Bem:
Remédicos do Riso
Coluna Consumo:
Chega de branco, a ordem são os coloridos!

76
79
96
100
104
108
112
113
126

Viagem do Leitor:
Chapada Diamantina
Esportes:
Ana Mesquita
My Pet:
Adoção
Música:
Milton Nascimento
Cultura:
Salão Internacional de Humor
Varal Cultural:
O que vem por aí
Coluna Moda:
Para vestir-se bem
Damha News:
O que aconteceu na Damha
Coluna Condomínio:
Associação de condomínios e loteamentos

84
Arquitetura:
Casa Cor
Brasília
8 | Estilo Damha

Outubro | Novembro 2013
Colaboradores
OPINIÃO DOS LEITORES
Parabéns pelo texto da Coluna de Moda! Realmente, quando
não estamos bem parece que tudo dá errado. Quando sua
autoestima está bem, você se veste melhor, conversa melhor
e se torna mais bonita, eu pelo menos penso assim...
Janaína Nelli
Secretária, Lençóis Paulista (SP)
A matéria sobre o filme Elena muito me despertou a atenção
para um tema essencial e tabu dos nossos dias: o suicídio.
Com afeto e leveza nada apelativos, a reportagem nos mostra
com delicadeza os meandros trágicos pelos quais os envolvidos pelo drama se acham enleados e como sublimar/digerir a
dor infinita pela perda irreparável por meio de uma perspectiva poética e sensível. Levando-se em conta que no Brasil 26
pessoas se matam por dia, o assunto foi muito apropriado.
Ricardo Nascimento
Professor de literatura, Ribeirão Preto (SP)
A revista está cada vez mais interessante, ainda mais com a
coluna sobre automóveis.
João Paulo Egídio
Desenhista Industrial, São Carlos (SP)

Outubro | Novembro 2013

Ótimas dicas a do Eduardo Amuri (Coluna Economia)! Como
profissional do ensino de línguas, ainda agregaria que aulas
particulares ou em grupos pequenos são vantajosas pela possibilidade de pagar apenas as aulas, de fato, vistas. As escolas populares chegam a cobrar até mês de férias dos alunos.
Stella Dana
Pesquisadora, São Paulo (SP)
Linda matéria sobre o cinema brasileiro. Casou bem com a
entrevista com o Lázaro e a Thais.
Aline Jordão
Estudante, Belo Horizonte (MG)
É muito gratificante ver Feira de Santana, a cidade que administro pela terceira vez, ser destacada em uma publicação
nacional de qualidade. São matérias sobre o artista plástico
Gil Mário, criador de projetos de monumentos implantados no
meu segundo governo, e sobre a comunidade São Francisco
de Assis, bairro sustentável com ações da Damha Urbanizadora. Ambas dão visibilidade positiva e elevam a cidade.
José Ronaldo de Carvalho
Prefeito de Feira de Santana (BA)

Estilo Damha | 9
EspecialCidades
Catanduva

CATANDUVA,
A PEQUENA NOTÁVEL
Com elevado Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o município
do noroeste paulista se destaca como a 44ª melhor cidade para se
viver no Brasil, provando que tamanho não é documento
Texto e fotos: Thatiana Miloso

10 | Estilo Damha

Outubro | Novembro 2013
EspecialCidades
Catanduva

Outubro | NovembroNove de Julho, no coração de Catanduva: ar de cidade do interior, mas com muitos atrativos a oferecer
Estilo Damha | 11
Praça 2013
FuturosLançamentos
Catanduva

Com economia pujante e indicadores sociais positivos, Catanduva se destaca no interior paulista

V

iajar pelo noroeste paulista pode revelar surpresas
que vão muito além das belas paisagens típicas
do cerrado brasileiro. No estado que leva consigo
o status de mola propulsora da economia nacional, as margens das rodovias são capazes de revelar cidades
que nada se parecem ao antigo e ultrapassado conceito de
interior que tanto insistimos em ter em mente: nas entrelinhas
desta palavra, pequeno não mais significa precário, distante
não significa isolado e simplicidade não significa matutice ou
timidez. Agora o interior é cool, é o lugar para quem busca a
qualidade de vida e o equilíbrio que se perderam pelas ruas
e becos das grandes metrópoles.
Os dispositivos interioranos de cultura e lazer são bons o
suficiente para atrair um número cada vez maior de pessoas
que estão deixando o frenesi das capitais para viver a vida
tranquila do interior. Para essa gente, cidades como Catanduva (384 Km da capital) tornaram-se ideais de vida. Com
apenas 95 anos, o município coleciona atrações e indicadores bons o suficientes para deixar qualquer grande centro
urbano com uma pontinha de inveja. O alto IDH avaliado
pela Organização das Nações Unidas (ONU) e a 44ª posição
no ranking Desenvolvimento Municipal da Federação das
Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) são apenas alguns dos
indícios de que vale a pena investir, morar ou simplesmente
conhecer a “pequena notável” do noroeste paulista.
A cidade que emergiu às margens do Rio São Domingos
12 | Estilo Damha

e que cresceu impulsionada pela ferrovia, teve no cultivo
do café uma das molas propulsoras para seu desenvolvimento econômico. Até hoje a atividade ainda é um marco
de Catanduva, tendo na Cocam sua principal representante. A empresa, que diariamente presenteia a população
com o aroma inconfundível da torra dos grãos, é a única
fábrica do Brasil a descafeinar café verde, obtendo como
subproduto a cafeína anidra purificada.
O cultivo da cana-de-açúcar também é popular entre os
habitantes, o que coloca a região como um dos principais
polos canavieiros do estado. Mas o que os catanduvenses
gostam mesmo de contar – com a boca cheia – é que o
município é a “Capital Nacional dos Ventiladores”. O título é
absolutamente justo: 90% dos ventiladores brasileiros são
fabricados lá, e o setor é responsável por empregar 60%
de toda mão de obra disponível na cidade.
Se a oferta de empregos vai bem, o mesmo se pode
dizer em relação à educação. São oito instituições de
ensino superior, entre elas a tradicional Faculdade
de Medicina de Catanduva (Fameca), que já formou
milhares de médicos e contribui decisivamente com
a economia local. Essa vocação para a área médica
é bastante perceptível quando se anda pelas ruas do
município: são tantos consultórios, hospitais (quatro) e
outros dispositivos ambulatoriais que, na saúde ou na
doença, é sempre bom estar por lá!
Outubro | Novembro 2013
FuturosLançamentos
Catanduva (SP)

Principal tela de Benedito Calixto na Matriz de São Domingos: delicadeza e sensibilidade ao retratar cenas bíblicas

Nas paredes
da igreja, Calixto
Matriz de São Domingos guarda maior coleção de telas
do artista Benedito Calixto, um dos principais expoentes
da pintura brasileira do início do século XX
Outubro | Novembro 2013

Estilo Damha | 13
FuturosLançamentos
Catanduva

Matriz de São Domingos: de arquitetura simples e harmoniosa, igreja integra o roteiro turístico do estado de São Paulo

C

aminhar pelas ruas centrais de Catanduva é um
exercício capaz de despertar diferentes sensações. Se, por um lado, prevalece o ar de cidade
do interior, por outro, a beleza das construções,
o comércio com lojas de bom gosto e a limpeza das ruas
dão certo quê de lugar incomum, que não se parece nem
com as pequenas nem com as grandes cidades que estamos habituados a encontrar pelo Brasil.
É bem no meio desse cenário curioso que desponta
a Praça da Matriz, local que guarda um dos principais
tesouros da cidade: a Matriz de São Domingos. A pa14 | Estilo Damha

róquia integra o roteiro turístico do estado de São Paulo
não apenas pela beleza de sua arquitetura, mas também
por abrigar o maior conjunto de obras do artista Benedito
Calixto, um dos grandes expoentes da pintura brasileira.
As 19 telas de Calixto expostas na igreja ilustram os
apóstolos de Cristo e algumas das cenas bíblicas mais
célebres da história do catolicismo. São verdadeiras obras
de arte que saltam aos olhos dos fiéis e que impressionam
pela grandiosidade, beleza e leveza dos traços. E não precisa ser expert no assunto para saber que ali encontram-se
verdadeiras preciosidades da arte brasileira.
Outubro | Novembro 2013
FuturosLançamentos
Catanduva (SP)
As pinturas começaram a ser produzidas em 1925, ano de
inauguração da paróquia, após uma visita de Benedito Calixto
ao local. A presença do artista em Catanduva deveu-se a um
convite do padre português Albino Alves da Cunha e Silva
(1882-1973), primeiro vigário do município e homem muito à
frente de seu tempo. Além da devoção às questões religiosas, o padre dedicou toda a sua vida ao desenvolvimento
da cidade, contribuindo para a fundação da Santa Casa de
Misericórdia (hoje chamada de Hospital Padre Albino), do Lar
dos Velhos, além das faculdades de medicina, administração
de empresas e educação física. Seu enorme empenho em
prol do município lhe rendeu duas belas homenagens: além
de ter seu túmulo abrigado na Matriz de São Domingos, padre
Albino também ganhou um museu com seu nome, onde estão
guardados alguns de seus objetos pessoais.

Vista geral da Matriz de São Domingos, igreja que abriga o maior conjunto de obras de Benedito Calixto
Outubro | Novembro 2013

Estilo Damha | 15
FuturosLançamentos
Catanduva

Castelinho, casarão tombado pelo Condephaat e que funciona atualmente como Pinacoteca Municipal

Objetos antigos expostos no Museu Municipal: história preservada
16 | Estilo Damha

Outubro | Novembro 2013
FuturosLançamentos
Catanduva (SP)

Biblioteca municipal: mais de 50 mil títulos disponíveis para a população

Os museus, aliás, são uma paixão dos catanduvenses.
Além do Museu Padre Albino, a cidade também conta com
o Museu da Cachaça (leia texto nas próximas páginas)
e com o Museu Municipal – antigo Museu da Imagem e
Som –, que reúne desde artigos usados pelos heróis da
Revolução de 1932 e da II Guerra Mundial até objetos
de comunicação do início do século XX e pertences dos
imigrantes que viveram no município.
Como uma boa cidade que adora a cultura, Catanduva
também sabe dar valor às letras. A Biblioteca Municipal,
localizada no mesmo prédio do Museu, abriga um acervo de
mais de 50 mil títulos, das mais variadas vertentes da literatura a conceituadas obras das ciências físicas e matemáticas.
Esculturas, pinturas, desenhos e exposições de artisOutubro | Novembro 2013

tas locais e regionais também têm espaço garantido na
cidade: periodicamente eles são expostos na Pinacoteca
Municipal, também conhecida como “Castelinho”.
O nome é uma alusão à arquitetura do casarão onde a
Pinacoteca está instalada, localizado na Praça da Independência e construído entre 1919 e 1925. Os historiadores
da cidade dizem que, ao projetar a imponente residência,
o primeiro proprietário, Emílio Barrinuevo, se inspirou nos
castelos medievais europeus, com suas torres e recortes
monárquicos típicos das moradias dos antigos lordes
feudais. O prédio foi tombado pelo Conselho Municipal
de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e
Turístico (Condephaat) de Catanduva em 2001, garantindo
que sua história perdure por gerações e gerações.
Estilo Damha | 17
FuturosLançamentos
Catanduva (SP)

Jamón e cachaça,
prazeres gastronômicos
Catanduva é a terra da “Jamones Salamanca”,
única empresa brasileira a produzir o jamón serrano,
famoso presunto cru espanhol

Pernis em estágio de cura na “Jamones Salamanca”: ousadia ao produzir o jamón serrano em solo brasileiro
18 | Estilo Damha

Outubro | Novembro 2013
FuturosLançamentos
Catanduva

Maria Teresa Bernardo Chumah, herdeira de um dos fundadores e hoje responsável pela produção do presunto cru

P

ara os amantes da boa comida, Catanduva
também é o lugar certo para um roteiro gastronômico peculiar: a cidade é a única do país
a produzir o saborosíssimo jamón serrano,
embutido espanhol considerado uma das iguarias mais
apreciadas da culinária internacional.
A ideia de produzir o genuíno jamón foi de três irmãos
espanhóis, vindos da região de Salamanca, que imigraram
para o Brasil em meados da década de 1960. Depois de
alguns anos fabricando embutidos como linguiças, mortadela e salsichas, eles decidiram ampliar os negócios
com um plano audacioso: produzir, em solo tupiniquim, o
tradicional presunto cru ibérico.
O processo é tão artesanal e específico que até hoje,
quase 40 anos depois do primeiro jamón produzido pelos
irmãos “Salamanca”, nenhuma outra empresa brasileira
ousou fabricar o alimento. Maria Teresa Bernardo Chumah,
gerente de produção da “Jamones Salamanca” e filha de
um dos fundadores, revela que o que torna essa iguaria tão
especial é o fato de o processo de desidratação ocorrer
Outubro | Novembro 2013

naturalmente. “O tempo mínimo de cura dos pernis é de
12 meses, chegando a 18 meses. Durante esse período, a
temperatura das câmaras varia de -2oC até a temperatura
ambiente”, conta.
Atualmente a fábrica comercializa cerca de três mil peças de pernil por mês, o que equivale a 30 toneladas do
produto. Essa respeitável quantia só é possível porque os
herdeiros dos imigrantes espanhóis souberam não apenas
preservar as raízes do negócio, mas também agregar
tecnologia e alta qualidade à produção dos jamones: o
processo continua artesanal, mas câmaras frias que armazenam até 5 mil peças e que permitem o controle preciso
da temperatura foram fundamentais para a produção em
alta escala da “Jamones Salamanca”.
Além do jamón serrano, a empresa também fabrica três
tipos de salame, lombo, copa e linguiça. O presunto continua sendo o carro-chefe, mas a diversificação também é
importante para a expansão dos negócios. Um exemplo
perfeito de que a modernização é uma ótima estratégia
para manter a tradição.
Estilo Damha | 19
FuturosLançamentos
Catanduva (SP)

F o to
: Di

v ulg

aç ã

o

No engenho
ou museu,
a cachaça
é protagonista

Pintura que retrata a produção da cachaça: história nas paredes do Engenho Santo Mario
20 | Estilo Damha

Outubro | Novembro 2013
FuturosLançamentos
Catanduva (SP)

O

utro tour gastronômico imperdível para quem
visita Catanduva é o Engenho Santo Mario, que
no último mês de setembro completou 30 anos
de fundação. O local, situado às margens da
Rodovia Comendador Pedro Monteleone, é resultado do
sonho de Mario Seghese, mais conhecido como Seo Mario,
filho de imigrantes italianos que transformou a fazenda da
família em um dos melhores polos produtores de cachaça
de alambique do Brasil.
A cana-de-açúcar usada como matéria-prima da bebida
é produzida na própria fazenda, por meio de técnicas
não impactantes ao solo, em uma demonstração clara de
respeito ao meio ambiente. A partir dela são produzidas
quatro linhas de produtos: as cachaças premium artesanais, as cachaças tradicionais, coquetéis de cachaça e
licores. As bebidas são comercializadas no empório que
a família Seghese mantém na fazenda.
“Ao longo desses 30 anos, o objetivo de toda a família
sempre foi o de conquistar o reconhecimento dos nossos
clientes quanto à qualidade das bebidas do Engenho.

Hoje, estamos incorporando produtos selecionados de
outras marcas, como doces, massas, vinhos e embutidos,
de modo a tornar nosso ponto na fazenda uma espécie
de empório gourmet, com ampla oferta de sabores”, conta
Mario Sérgio Seghese, filho do fundador e um dos herdeiros responsáveis pela direção do negócio.
Quem visita o Engenho Santo Mario também tem a oportunidade de conhecer o Museu da Cachaça, construído
ao lado do empório para receber a coleção particular de
cachaças do “Seo Mario”. São mais de cinco mil garrafas
produzidas por alambiques de todo o Brasil. Pitoresco, o
local é reconhecido como o maior museu do tipo de todo o
país, o que faz do lugar um roteiro obrigatório e imperdível
para os apreciadores da mais popular bebida brasileira.

▪

Foto: Divulgaçã

o

Museu da Cachaça, no Engenho Santo Mario: coleção particular com mais de 5 mil garrafas. No destaque, o Empório
do Engenho Santo Mario, local onde são comercializados todos os tipos de bebidas produzidas na fazenda
Outubro | Novembro 2013

Estilo Damha | 21
A LISTA DOS

ORGULHOS
Araraquara, a cidade onde Mário de Andrade escreveu
Macunaíma, foge da preguiça do personagem principal
do livro e atinge níveis de desenvolvimento econômico e
social sem precedentes em sua história
Textos: Rodrigo Brandão
Fotos: Kris Tavares
22 | Estilo Damha

Outubro | Novembro 2013
Outubro | Novembro 2013

Vista aérea Damha | 23
Estilo da cidade
FuturosLançamentos
Araraquara (SP)

O marco central do município. A ocupação urbana de Araraquara se deu ao redor da capela erguida em 1816
em louvor a São Bento, padroeiro da cidade. As feições e dimensões da atual Matriz datam de 1957

“A

Ferroviária, um dia, foi imponente e gloriosa”, em
referência ao período de conquistas do time de
futebol. “A terra da laranja”, em alusão à Cutrale,
gigante global do setor. “A cidade de Ignácio de
Loyola Brandão”, sobre o escritor e cronista e sua relação
com a terra natal, relatada e revisitada em livros e crônicas.
É com uma dessas saudações que, geralmente, um araraquarense gostaria de ser recebido Brasil afora..
Não obstante a grandiosidade das três menções, a lista
de orgulhos de Araraquara (SP) vai além. Os mais recentes
aportaram, respectivamente, no final do segundo semestre
de 2012 e no primeiro semestre deste ano: o anúncio da
instalação de uma unidade da Random em 2017, com
investimentos de R$ 500 milhões – a indústria de vagões e
semirreboques canavieiros vai gerar 2.500 empregos diretos
e indiretos –, e a divulgação do Atlas PNUD (Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento), da ONU, que coloca Araraquara com o sétimo IDH (Índice de Desenvolvimento

24 | Estilo Damha

Humano) mais alto do Estado e o 14º mais alto do País.
A posição privilegiada é resultado de investimentos
consistentes e sistemáticos em Saúde e Educação e da
diversificação da economia. Numa leitura mais ampla, é
provável que a Embraer seja o símbolo desse movimento.
Apesar de implantada em Gavião Peixoto, município vizinho,
a companhia aeronáutica impulsionou dois setores: o mercado imobiliário de Araraquara e a abertura de indústrias
de TI (Tecnologia da Informação), como a EDS, hoje HP.
Na esteira do processo de industrialização, cursos técnicos, superiores e de pós-graduação foram lançados por
instituições de ensino. Só a Unesp tem quatro unidades na
cidade: a Faculdade de Odontologia (FO) e a Faculdade
de Ciências Farmacêuticas (FCF), no Centro; o Instituto de
Química (IQ), no Quitandinha; e o campus da Faculdade
de Ciências e Letras (FCL), no km 1 da rodovia que liga
Araraquara a Jaú, que abriga os cursos de Administração
Pública, Economia, Ciências Sociais, Pedagogia e Letras.
Outubro | Novembro 2013
FuturosLançamentos
Araraquara (SP)

A ferrovia foi decisiva tanto na moldagem urbana da cidade quanto no desenvolvimento econômico do município

Faculdades Logatti, Uniara e Unip completam o universo
acadêmico de Araraquara.
Em 2011, uma década após o início das atividades da Embraer, a Big Dutchman, líder mundial na produção e comercialização de equipamentos para avicultura e suinocultura,
inaugurou seu parque fabril em Araraquara. Nesse ínterim,
outras empresas de destaque na geração de empregos e
na arrecadação municipal se juntaram às tradicionais Lupo,
Nigro, Nestlé, Iesa, Sachs e Heineken.
A própria agroindústria se modernizou. A Raízen assumiu
o controle da Usina Tamoio e da Usina Zanin, que compõem
o setor sucroalcooleiro regional ao lado das usinas Santa
Cruz (Américo Brasiliense) e Maringá.
O cenário atual abrange ainda a pujança do setor de
comércio e serviços (a reformulação do Shopping Jaraguá,
focada na expansão, prevê a abertura de 70 novas lojas,
salas de cinema de última geração e mais 900 novas vagas
de estacionamento), a expressão cultural (uma vocação
Outubro | Novembro 2013

inquestionável, da qual os araraquarenses não abrem mão)
e um desafio que vai remodelar a cidade: a retirada dos
trilhos da região central.
Com o novo contorno ferroviário, abre-se uma área de
mais de um milhão de metros quadrados para um novo
desenho urbanístico, pautado pela ocupação sustentável e
a integração do Centro com a Vila Xavier, uma espécie de
segunda cidade dentro de Araraquara.
Enquanto debate seu futuro urbano e sonha com um
novo cartão-postal, para figurar com outros já consagrados, como a Fonte Luminosa, a Igreja Matriz e a Torre da
Lupo, da antiga fábrica no Centro, retratada por Loyola
em Dentes ao Sol, Araraquara prospera como jamais
antes. E o mais importante: sem perder a esperança de
que a Ferroviária retornará e brilhará na elite do futebol
paulista, sem perder seu amor pela arborização, sem
perder a exigência pela manutenção dos indicadores,
sempre altos, de qualidade de vida.
Estilo Damha | 25
FuturosLançamentos
Araraquara (SP)

Arena da Fonte:
as mulheres também jogam

Arena da Fonte: um dos orgulhos do araraquarense

M

unicipalizado, o estádio “Doutor Adhemar de Barros” –
ou Fonte Luminosa, em menção ao bairro – tornou-se
o primeiro do País a atender a todas as exigências da
FIFA (entidade que controla o futebol mundial).
A cidade aguarda com ansiedade o retorno da Ferroviária à
primeira divisão do Paulista, chance que a equipe terá a partir
de janeiro de 2014, quando disputa a Série A-2.
Enquanto o futebol masculino batalha para reencontrar seu
lugar ao sol, o feminino tem feito bonito com a camisa da Ferroviária. Em julho deste ano, representando Araraquara nos Jogos
Regionais, as “Guerreiras Grenás” conquistaram a medalha de
ouro, com vitória sobre Franca nos pênaltis, na Arena. E estão na
semifinal do Paulista, com vaga garantida para a Copa do Brasil
de 2014, o mais importante torneio nacional de futebol feminino.
26 | Estilo Damha

Outubro | Novembro 2013
FuturosLançamentos
Araraquara (SP)

As coxinhas douradas de Bueno:
a força da palavra

P

Foto: Dirlene Ribeiro Martins

ara Ignácio de Loyola Brandão, o caso do Bar
e Mercearia Freitas e as coxinhas douradas
de Bueno de Andrada, distrito de Araraquara,
revelam na prática uma convicção que o autor
mantinha na teoria: a força das palavras.
O Caderno 2 do Estadão de 23 de março de 2001 é
inesquecível para Sônia e Freitas, proprietários do estabelecimento. Aquela edição trazia um texto que, despretensiosamente, mudaria a vida do casal. Em “As coxinhas
douradas de Bueno de Andrada”, Loyola descreve o
distrito. “Penso na mania que temos de dizer: ‘Ah, preciso
ir à Toscana, a Toscana é linda’. Lindíssima, concordo.
No entanto, aquele trecho que conduz [de Araraquara] a
Bueno e Silvânia [distrito de Matão] não fica devendo”. E
prossegue: “Bueno de Andrada é uma pequena vila, três
ou quatro ruas, silenciosa, limpa”. Até que o texto chega
à mercearia. “A coxinha me atraía. ‘Quem faz?’. A senhora
respondeu, orgulhosa: ‘Eu’. Pedi uma, era saborosa, massa
de batata, crocante, recheio generoso, frango desfiado
em quantidade, bem temperado. Letícia, minha sobrinha,
comeu duas, considerou almoçada.”
Se o texto tinha em sua gênese a relação entre a ferrovia e Bueno de Andrada na infância do escritor, terminou
como uma dica contra o estresse da semana e o marasmo
do domingo. Araraquara, as cidades vizinhas e o Brasil,
quando por aquelas bandas, aderiram ao hábito. E, apesar
de recente, o passeio se tornou tradicional na região. Passando pelo Bar e Mercearia Freitas, a parada é obrigatória.

Rua Cinco:
as copas que
se beijam

A

pesar do nome oficial, “Voluntários da Pátria”,
em homenagem a 30 voluntários araraquarenses na Guerra do Paraguai (1864), prevalece o
nome prosaico: Rua Cinco.
Inicialmente Rua Alegre, consta do primeiro mapa urbano de Araraquara, datado de 1877. Em 1908, a cidade
passa por um processo de reurbanização. Os oitis da Rua
Cinco chegam três anos depois, em 1911. São eles que,
combinados ao bucolismo e ao charme dos paralelepípedos, conferem à via a beleza que a caracteriza: o “túnel
verde” se forma quando as copas dos oitis se encontram,
fechando naturalmente a rua.
Outubro | Novembro 2013

Um recanto verde em meio ao concreto 27
Estilo Damha |
FuturosLançamentos
Foto: Arquivo

Araraquara (SP)

Ao lado de Ruth Cardoso e Zé Celso Martinez, Loyola Brandão é um dos muitos nomes famosos da cidade

Cultura:
pensadores e artistas
de ontem, hoje e sempre

A

lista de araraquarenses célebres na área de
humanas ou na cena cultural é vasta. Pio
Lourenço Corrêa, por exemplo – que pode ser
menos famoso do que seus pares –, foi, além
de fazendeiro, um linguista. É autor da obra Monografia do
Nome Araraquara, em que defende a tradução de “Araraquara” como “Morada do sol”, e não “Cova (ou buraco) das
araras”. Trocou vasta correspondência com o modernista
Mário de Andrade. O livro Pio & Mário – Diálogo da Vida
Inteira, que compila o conjunto de cartas, foi lançado em
2009, no SESC Araraquara, com a presença de Antonio
Candido, que assinou o prefácio. Candido foi casado com
Gilda Rocha de Mello e Souza, filósofa, crítica literária,
ensaísta e professora universitária, que passou a infância
em Araraquara. A apresentação do livro foi escrita por ela.
Ruth Cardoso e Heleieth Saffioti são outros dois casos
28 | Estilo Damha

de araraquarenses ilustres no ambiente acadêmico. A
primeira dispensa apresentações. A segunda, socióloga,
que na verdade é natural de Ibirá, mas que despontou na
carreira universitária pela Unesp Araraquara, foi, em 2005,
uma das 51 brasileiras incluídas na lista de indicação coletiva “1000 Mulheres” para receber o Prêmio Nobel da Paz.
Wallace Leal Valentin Rodrigues foi o principal expoente daquela Araraquara efervescente. “Padrinho artístico”
de gente como o escritor Ignácio de Loyola Brandão e os
diretores de teatro (e irmãos) Zé Celso Martinez Corrêa e
Luiz Antonio Martinez Corrêa, Wallace Leal foi diretor do
Teatro Experimental de Comédia de Araraquara (TECA),
um dos mais expressivos coletivos artísticos do Estado
na década de 1950. Apesar de relacionado à dramaturgia, foi com o TECA que dirigiu o filme Santo Antônio e
a Vaca, de 1958.
Outubro | Novembro 2013
FuturosLançamentos
Foto: Divulgação

Araraquara (SP)

FILOSOFIA E FUTEBOL:
O DIA EM QUE SARTRE
E PELÉ ESTIVERAM
EM ARARAQUARA

Bazzani, maior ídolo da Ferroviária, e Pelé: eles se enfrentaram em 1960, naquele
jogo que aconteceu no dia em que Pelé e Sartre estiveram em Araraquara.

Araraquara não foi menos significativa na pintura. Mário
Ybarra de Almeida e Ernesto Lia são nomes que a cidade
reverencia. O pintor e artista plástico Ernesto Lia foi laureado com a Grande Medalha de Ouro, do Salão dos Artistas
Unidos do Brasil, em reconhecimento à sua abrangência
dentro da arte brasileira. Lívio Abramo foi um gravador,
desenhista e pintor de renome internacional. Morreu em
1992, em Assunção, onde fundou o Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico do Paraguai.
Baluarte da dança contemporânea, Gilsamara Moura
foi diretora, coreógrafa e dançarina do espetáculo O
Homem Que Odiava a Segunda-Feira, baseado no livro
de contos de Loyola. Paulo Martelli foi considerado um
Outubro | Novembro 2013

O filósofo francês Jean-Paul Sartre
havia acabado de lançar Crítica da
Razão Dialética. Interessado em se
aprofundar sobre a aproximação
entre existencialismo e marxismo,
o filósofo Fausto Castilho, professor
da Faculdade de Filosofia Ciências
e Letras (FFCL), posteriormente
incorporada à Unesp Araraquara,
enviou-lhe uma pergunta. Sartre
considerou-a complexa demais: a indagação só poderia ser respondida
numa palestra. Estava organizada “A
Conferência de Araraquara”, como
ficou conhecida.
Na plateia do auditório da FFCL
estavam, dentre outros, Simone de
Beauvoir, Jorge Amado, Antonio
Candido, Gilda Rocha de Mello e
Souza, José Celso Martinez Corrêa,
Bento Prado Jr., Fernando Henrique
Cardoso, Ruth Cardoso, Jorge Nagle e Luiz Roberto Salinas Fortes,
autor da tradução de Sartre no Brasil – A Conferência de Araraquara.
Naquele mesmo domingo, 4 de setembro de 1960, o Santos, campeão
do Paulista daquele ano, adentrava
o campo da Fonte Luminosa com
Mauro Ramos de Oliveira, Zito,
Dorval, Pagão e Pelé para enfrentar
a Ferroviária de Faustino, Dudu,
Baiano, Bazzani e Beni. Os anfitriões
foram implacáveis com os visitantes:
a Ferroviária goleou o alvinegro
praiano por 4 a 0.

dos melhores violonistas de sua geração pelas revistas
norte-americanas Soundboard Magazine e Guitar Magazine. É apontado como um dos principais especialistas
em transcrições de obras do compositor alemão Johann
Sebastian Bach para o violão erudito. E, finalmente, Teroca, engenheiro de formação, sambista de vocação, vem,
com suas composições, conquistando o reconhecimento
da crítica mais exigente do gênero. Em seu segundo e
último álbum, Elos do Samba, gravou com bambas como
Monarco (da Portela), Chapinha (do Samba da Vela), Zé
Luiz (do Império Serrano) e Délcio de Carvalho (autor de
“Sonho meu”, composto com Dona Ivone Lara e gravado
por Maria Bethânia, Gal Costa e Clementina de Jesus).
Estilo Damha | 29
FuturosLançamentos
Araraquara (SP)

Foto: Arquivo

Os girassóis:
uma década de
desenvolvimento urbano

Um dos Residenciais Damha na cidade de Araraquara

Q

uando a Damha Urbanizadora anunciou pública
e oficialmente sua chegada a Araraquara, no
início de 2004, comunicando o lançamento do
Parque Residencial Damha para o primeiro
semestre do ano seguinte, a campanha publicitária que
divulgava seu ingresso no mercado imobiliário local dizia,
por meio de três placas de outdoor, uma ao lado da outra:
“Chegamos”. “Para ficar”. “Nossa casa, sua casa”.
Antes, porém, das obras de urbanização que a Damha
realizou no Jardim Botânico, como a criação da Avenida
Dom Carlos Carmelo e a revitalização do Bosque do Botânico, e do próprio empreendimento residencial, chamou
a atenção da cidade uma esquina toda de girassóis que
a empresa plantou em frente à portaria do loteamento,
àquela altura ainda no papel.
“A estratégia visava embelezar a região, estabelecendo
um link com o próprio nome do bairro, numa preliminar do
30 | Estilo Damha

projeto de transformação que tínhamos preparado para o
Botânico”, relembra o diretor de Relações Institucionais
do Grupo Encalso, Marcelo Eugênio da Paz, responsável
à época pela implantação.
Em quase uma década de atividades ininterruptas em
Araraquara, a Damha Urbanizadora remodelou a região.
Além do Parque Residencial Damha, vieram o Village
Damha I, em 2008, e o Village Damha II, em 2011. Nesse
espaço de tempo, o Jardim Botânico se tornou o vetor do
desenvolvimento urbano de Araraquara. A infraestrutura da
Damha beneficiou uma série de incorporadoras e construtoras que empreenderam depois. A Avenida Dom Carlos
Carmelo consolidou-se como um corredor utilizado para
levar ao Centro. E o Bosque do Botânico, além de dispor
do novo Estádio Municipal, funciona abertamente como
parque, frequentado por pessoas que praticam corridas
e caminhadas.
Outubro | Novembro 2013
FuturosLançamentos
Araraquara (SP)

Outubro | Novembro 2013

Estilo Damha | 31
NossaCapa

Thiago
Lacerda,

Foto: Marcelo Corrêa

Thiago Lacerda

um homem de famíl ia

Seja na TV, cinema ou teatro, ele
esbanja talento e alça voos cada
vez mais altos na dramaturgia
brasileira. Em entrevista à revista
Estilo Damha, o versátil galã de
múltiplas faces (todas lindas)
prova que, acima de tudo,
é um homem de família
Texto: Thatiana Miloso e Daniele Globo
32 | Estilo Damha

Outubro | Novembro 2013
NossaCapa

Foto: Divulgação

Thiago Lacerda

Thiago como Hamlet: “Interpretá-lo foi incrível e inesquecível”

Q

uando Terra Nostra estreou em rede nacional, em setembro de 1999, a empatia dos
brasileiros com a novela foi imediata. A história da luta dos imigrantes italianos que
vieram ao Brasil em busca de uma vida melhor fisgou
em cheio milhares de telespectadores que viam o drama de seus próprios pais e avós exibido para todo o
país, em pleno horário nobre. Mas não foi somente a
familiaridade com o enredo que fez o público – feminino, principalmente! – parar diante das telas da TV:
o jovem protagonista, interpretado pelo então novato
Thiago Lacerda, hipnotizou as telespectadoras com
seu romântico Matteo, jovem italiano cheio de sonhos
que veio ao Brasil para trabalhar nas lavouras de café.
Com o desenrolar da trama, a atuação do ator convenceu e, rapidamente, ele provou que não era apenas
mais um rostinho bonito que emergia em cena. DiretoOutubro | Novembro 2013

res e críticos de TV ficaram à espreita e não demorou
muito para perceberem que um nome de peso surgia
na dramaturgia brasileira.
De lá para cá, 14 anos se passaram e muita coisa mudou na vida de Thiago Lacerda. Interpretar Matteo lhe
deu visibilidade e ele soube aproveitar como ninguém
cada oportunidade que bateu à sua porta. Hoje, aos 35
anos e com uma serenidade surpreendente, o ator ainda
é uma estrela em ascensão. Seja na TV, no cinema ou
no teatro, Thiago é absoluto. Garoto-propaganda de um
novo produto da Damha Urbanizadora, ele concedeu entrevista exclusiva à equipe da revista Estilo Damha durante os intervalos da gravação da campanha publicitária,
gravada na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.
Logo após sua chegada ao estúdio, poucos minutos
foram suficientes para perceber que Thiago é daquelas
pessoas cujo magnetismo contagia a todos.
Estilo Damha | 33
NossaCapa
Thiago Lacerda

Ao mesmo tempo em que a beleza incontestável lhe dá
certo ar majestoso, o carisma e a simplicidade o fazem
parecer um cara comum, como se fosse aquele velho
amigo que você não vê faz tempo e que tem muita coisa
para contar. Em meio a uma rotina tumultuada, a palavra
pressa definitivamente parece não existir em seu vocabulário – ao menos quando se trata de um compromisso
profissional: mesmo após um dia intenso de trabalho –
que começou às 9h no Projac e terminou por volta das
3h30 da madrugada com as gravações para a Urbanizadora – ele ainda encontrou disposição para conversar
com a revista Estilo Damha. Em quase duas horas de
entrevista, o ator falou de sua carreira, personagens, aspirações, projetos futuros e família, deixando claro que,
como um bom ator, tem muito a dizer.

Muito mais
que um galã

P

34 | Estilo Damha

Foto: Marcelo Corrêa

ara surpresa dos fãs, a carreira de ator foi um
acaso na vida de Thiago Lacerda. “Meu projeto era trabalhar em banco, nunca havia pensado em fazer teatro. Mas, de tanto as pessoas
insistirem, acabei fazendo um teste e foi aí que algo realmente aconteceu comigo. Logo que terminei a primeira
cena, foi como um estalo, e então descobri que era isso
o que queria para minha vida”, relembra.
A grande estreia na TV ocorreu em 1997, no seriado
Malhação, e desde então Thiago atuou em mais de uma
dezena de novelas, além de acumular no currículo uma
longa lista de participações em seriados, humorísticos,
minisséries e outros formatos produzidos especialmente
para a televisão. Ele não tem problema nenhum em admitir que a beleza é responsável por boa parte de sua química com a TV e, sem falsa modéstia ou culpa, assume
que sempre será galã nas telas da televisão. “É um veículo que tem uma estética e é impossível fugir dela. Obviamente, não aceito um papel porque o personagem é ou
não galã, mas sim porque ele me desafia e me interessa.
Galã é um rótulo que o cinema americano estabeleceu
a partir da década de 30, e isso nunca me preocupou.”

Outubro | Novembro 2013
NossaCapa
Thiago Lacerda

Thiago enfatiza que é preciso entender a dinâmica de
“Hamlet é o personagem mais investigado do mundo.
cada meio, e a TV, como um veículo de comunicação de
Interpretá-lo foi incrível e inesquecível, transformou demassa, tem um público com necessidade estética, o que
finitivamente o ator que eu era. Poderíamos fazer essa
dificulta romper com os velhos padrões estabelecidos.
peça durante muito tempo, de milhões de formas di“A autonomia que temos na TV é menor, mesmo porque,
ferentes, pois Shakespeare permite isso. A cada nova
quando um ator atua neste meio, ele passa a fazer parte
experiência, saímos diferentes. É o mecanismo shakesde um mecanismo que foge ao seu controle, pois a estrupeariano em que cada palavra te leva a uma próxima, é
tura envolvida é muito grande. Mas confesso que, messempre um novo abismo.”
mo quando atuo no teatro, onde tenho mais autonomia,
A experiência com Hamlet – que saiu de cartaz no últinão procuro romper com minha estética, não tento fugir
mo mês de junho – foi tão intensa e profunda que Thiago
disso. É por isso que meu Hamlet foi bonito, meu Calígula
já tem planos de interpretar nos palcos mais um personafoi bonito. Minha única preocupação é contar histórias
gem do dramaturgo inglês. Os detalhes ainda são guarque me interessem, que me deem tesão independente
dados a sete chaves, mas o ator adianta que a nova
do meio onde elas estejam.”
produção também será dirigida pelo renomado
Embora o meio não seja o fator crucial na
diretor Ron Daniels, responsável por trazer
hora de aceitar um papel, a autonomia
Hamlet ao Brasil. O projeto ainda não
“Interpretar
permitida no teatro e a oportunidade
tem data para sair do papel, mas ele
Hamlet foi
de levar para os palcos personagens
garante que a peça está de pé. “Por
nada convencionais atingiram em
o que posso dizer
incrível e inesquecível, enquanto, sim este projeto, só é que
cheio o âmago do ator. A investigavou fazer
precitransformou
ção – a qual prefere chamar de “carso organizar minha vida para que o
pintaria” – envolvida na construção
teatro não atrapalhe a TV e a TV não
definitivamente
do personagem, a possibilidade de
atrapalhe o teatro.”
o ator que
provocação e interação com o públiA TV, no caso, é a novela Joia Rara,
co, além de todo o processo de leitura
que estreou na Rede Globo no último
eu era.”
e experimentação envolvido, seduziram
mês de setembro. Na trama de Thelma
Thiago. “O que pega de mais maravilhoso é a
Guedes e Tuca Rachid, ele interpreta o openecessidade que o ator tem de fazer teatro, é quarário Toni, terceiro personagem italiano de sua carse uma obrigação técnica. Ao mesmo tempo, representar
reira. “Embora ele não esteja na trama central da novela,
sobre os palcos permite uma autonomia única. Como é
é um personagem maravilhoso”, conta Thiago. Além do
que eu vou conseguir convencer a Globo de que quero
interesse pelo personagem, um dos motivos que levou o
interpretar Macbeth, de Shakespeare, por exemplo? No
ator a aceitar o convite para atuar na novela é o fato de
teatro eu consigo reunir pessoas, elaborar um projeto e
ela ser dirigida por Amora Mautner, com quem ele ansialevar isso em cena, o que é maravilhoso.”
va por trabalhar. “Para mim, o que a Amora tem feito é
E ele provou que realmente tem talento para isso. Nos
uma das coisas mais interessantes que acontecem hoje
últimos anos, Thiago Lacerda interpretou nos teatros
na televisão brasileira. Sua proposta de fazer televisão
brasileiros personagens complexos e grandiosos como
é revolucionária, e seus dois últimos trabalhos provaram
Calígula, em uma readaptação da peça de Albert Caisso. Se Joia Rara tiver a metade do que teve a novela
mus, e Hamlet, de William Shakespeare, na obra consiCordel Encantado [também dirigida pela Amora], já fico
derada pelo ator o texto mais importante do Ocidente.
muito feliz. Ela é realmente uma figura especial.”

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Estilo Damha | 35
NossaCapa
Thiago Lacerda

No cinema,
um épico

O

estava fazendo para observar o personagem em cena.”
O filme recém-chegado aos cinemas conta com um elenco de peso, com nomes como Fernanda Montenegro, Marjorie Estiano, Mayana Moura e Vanessa Loés. Na data da
entrevista para a revista Estilo Damha, o ator ainda não havia assistido ao longa-metragem, mas a expectativa era a
melhor possível. “Tenho certeza de que será um bom filme,
principalmente porque foi fiel à obra de Erico Veríssimo.”
Com um rol tão grande de papéis de destaque na TV,
cinema e teatro, foram tantos personagens marcantes
que Thiago não conseguiria eleger seu preferido. Ele
reconhece que o italiano Matteo, primeiro protagonista,
mudou sua vida. “Da mesma forma que Irmãos Coragem
e Roque Santeiro, Terra Nostra foi um marco para sua
época, e a repercussão do Matteo foi algo realmente incrível. Terra Nostra pontuou uma época. Por outro lado,
há também outros personagens especiais, como o Garibaldi, que sempre foi o meu hobby.”

Foto: Divulgação

nipresente, não foi só na TV que Thiago Lacerda entrou “em cartaz”. Em setembro ele também chegou às telas do cinema com o filme O
Tempo e o Vento, adaptação de Jayme Monjardim da célebre obra de Erico Veríssimo, O Continente.
No longa-metragem que narra a história da luta das
famílias Terra Cambará e Amaral – e a consequente formação do Rio Grande do Sul – Thiago interpreta o herói
Capitão Rodrigo, personagem que até hoje é considerado um dos mais marcantes da literatura brasileira. “Tenho
certeza de que qualquer homem que eu conheço gostaria de ser o Capitão Rodrigo; ele é um desses personagens que exercem um fascínio mágico nas pessoas.
Quando eu estava no set de filmagem e incorporava o
Capitão, desde o figurino até o jeito com que fumava seu
palheiro, sentia que todas as pessoas lá presentes estavam comigo. Até o cachorro que visitava diariamente o
set [e o qual Thiago acabou adotando] parava tudo o que

Capitão Rodrigo, personagem de Thiago Lacerda em O Tempo e o Vento: herói fascinante
36 | Estilo Damha

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Foto: Divulgação

Thiago Lacerda

Antes de interpretar Giuseppe Garibaldi
na minissérie A Casa das Sete Mulheres,
exibida pela Globo em 2003, ele conta que
o interesse pelo general italiano era tanto
que houve uma época em que dedicava
suas horas vagas para estudar a biografia
do herói da Revolução Farroupilha. “Sempre achei Garibaldi fascinante, estudava a
vida dele. Mas Hamlet e Calígula também
são extraordinários, então, é muito difícil escolher apenas um personagem, pois cada
um tem sua especificidade.”
Mesmo com um currículo tão vasto e diversificado, a verdade é que Thiago Lacerda nunca se preocupou em se reinventar
como artista para se adaptar às particularidades dos diferentes meios e personagens.
Ele garante que sua versatilidade é resultado de uma inquietação constante por novas
experiências e que sua única preocupação
como ator é procurar papéis desafiadores,
que o estimulem a estar na frente das câmeras ou mesmo sobre os palcos. “Nunca
me conformo com o que já fiz, quero sempre um papel mais interessante, e é assim
que encaro meu trabalho. Não se trata de
querer me reinventar, mas sim de querer fazer coisas que me instiguem. Não gosto da
ideia de me acomodar, e acho que é isso
que me leva sempre para frente.”
Dono de opiniões fortes e um humor um
tanto sagaz, Thiago defende com unhas e
dentes que um ator que se recusa a investigar caminhos é um ator que não entende
seu papel. “O ator tem que estar em todos
os lugares, tem que fazer tudo: dublagem,
locução, evento em praça pública. Eu tenho que sair do Projac e fazer uma campanha como esta para a Damha, isto faz
parte do meu mecanismo, da minha roda.
É assim que entendo a profissão.”

Na novela Joia Rara, ele faz o operário Toni,
terceiro personagem italiano de sua carreira
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Estilo Damha | 37
NossaCapa
Foto: Divulgação

Thiago Lacerda

Thiago contracena com Fernanda Montenegro no épico O Tempo e o Vento, filme recém-chegado às telas do cinema

Casamento, filhos e fama

E

mbora a enorme quantidade de compromissos profissionais torne a rotina de Thiago um
pouco caótica, ele consegue encontrar paz e
tranquilidade quando está em casa, junto com
a família. Casado há 12 anos com a atriz Vanessa Lóes,
o ator é pai de Gael e Cora, 4 e 2 anos, respectivamente. Sobre o casamento que já dura mais de uma década
– algo um tanto incomum num meio em que os relacionamentos parecem ser tão voláteis – ele é absolutamente sincero ao admitir que nem tudo são flores na vida a
dois. “O casamento é maravilhoso enquanto dura, mas é
uma loucura como todo casamento. Temos todos os problemas que qualquer casal tem, e acho que, enquanto
existir um plano em comum, uma parceria, amor e tudo
o mais, as coisas caminham. Mas não acho que as relações no meio artístico durem menos; o que acontece é
que estamos na mídia e, quando acontece algo que não
é legal, todos ficam sabendo. É um leão por dia e, se não
correr atrás, a casa cai.”
Num mundo cibernético em que os smartphones permitem a qualquer um fotografar e gravar vídeos de tudo e
de todos, Thiago até que consegue, na medida do possível, manter seus filhos e seu relacionamento com Vanessa longe dos holofotes. O segredo para isso? “O grande
lance é não fazer da minha vida pessoal o meu negócio,
e tem muita gente que faz exatamente isso. Eu vivo de
contar histórias e meus filhos não têm nada a ver com
isso. Minha preocupação é estar aqui pelos motivos certos, minha profissão é outra, não é exibir ninguém, não é
tomar champanhe de roupão e colar de rubi.”
Sim, Thiago é avesso à ideia de um mundo supérfluo
38 | Estilo Damha

que muitos tentam associar à vida das celebridades e,
com certa pitada de ironia, diz entender esse tipo de trabalho, mas que simplesmente não compactua com ele.
E quando se trata de Thiago Lacerda, impossível não
perguntar qual o segredo para manter a boa forma, tão
apreciada cada vez que ele aparece nas telas da TV, cinema ou mesmo sobe aos palcos. Modesto, parece não
concordar com o elogio. “Tenho me cuidado muito mal,
não acho que estou em boa forma. Desde que meus filhos nasceram tenho tentado me encaixar na loucura que
minha vida se transformou. Quando não estou trabalhando, estou com meus filhos. E quando não estou com eles,
estou com minha mulher, então não sobra tempo para me
cuidar. É claro que isso não está certo, porque depois
dos 35 o buraco é mais embaixo.”
Com um tom de culpa, Thiago assume que precisa
adotar uma alimentação mais saudável e que voltar a
praticar natação, esporte ao qual dedicou boa parte
da infância e adolescência, está nos planos. “Às vezes, a responsabilidade que tenho com meu trabalho
é maior do que a responsabilidade que tenho comigo
mesmo, e isso não é legal. Preciso repensar tudo isso
e me cuidar mais.”
Com a vida pessoal e beleza colocadas em pauta, finalizamos a entrevista. Ao final de quase duas horas de
uma conversa deliciosa, algo ficou bastante claro: dono
de uma personalidade intensa e com um profissionalismo
que chega a espantar, o ator merece cada degrau que
venceu rumo a sua escalada para o sucesso. Que venham mais papéis, mais desafios e mais Thiago Lacerda
com bons personagens para encantar o público.

▪

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NossaCapa
Thiago Lacerda

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Estilo Damha | 39
ColunaComportamento
Mara Behlau

SEJA O CHEFE QUE
VOCÊ GOSTARIA
DE TER TIDO
Fotos: Divulgação

Encontro com James Hunter

T

ive o privilégio de ser palestrante na 15ª
CONESCAP, em Gramado (RS), o maior
evento dos empresários de serviços, promovido pela FENACON, cujo tema foi “Credibilidade, sensibilidade e visão estratégica”.
Para mim, o interesse dessa categoria no poder da
comunicação para os negócios foi tanto uma honra
quanto um grande desafio. A responsabilidade de falar
para essa plateia aumentou ao saber que dividiria o dia
com James Hunter, autor de O Monge e o Executivo,
best-seller sobre liderança. Conversei mais de duas horas com ele, sobre o desafio, as agruras e a responsabilidade de ser líder em casa e no trabalho. Dr. Hunter
tem uma conversa leve, com atitude comunicativa perfeita: fala simples, sorriso nos lábios e olhar de quem
já viu de tudo e continua com esperança. Falar difícil
é fácil! O difícil mesmo é falar fácil e transmitir uma
mensagem clara. Como consultora em comunicação,
percebo que muitas vezes as pessoas complicam para
parecerem importantes, enquanto o ideal é simplificar!
Quero aproveitar este espaço privilegiado na revista Estilo Damha para destacar alguns pontos do que
aprendi com James Hunter, nessa conversa que ficará registrada, em minha memória e em meu coração,
como um momento especial.
Essa foi a 22ª visita do Prof. Hunter ao Brasil, que já
fez conferências em 28 cidades brasileiras, desde 2005,
logo após seu livro ter sido publicado em português. O
Prof. Hunter destacou que nada é mais poderoso do que
uma ideia cujo momento finalmente chegou, e este é o
momento da liderança servidora. Liderança é um grande problema no mundo atual. As pessoas demandam
liderança, e as ideias para resolver esse problema, veiculadas em seu primeiro livro, são conhecidas há mais

de dois mil anos. O Prof. Hunter diz que apenas reuniu
ideias de filósofos, pensadores e religiosos em um livro,
por meio de uma metáfora, para deixar um legado à sua
família, principalmente ao perceber a fragilidade de nossa existência e o fato de ter uma filha pequena. Essas
ideias, embora sejam milenares, fazem sentido nos dias
de hoje e precisam ser relembradas constantemente.
A principal mensagem é a de que não somos perfeitos, não somos os melhores cônjuges, empresários,
gerentes, filhos, mas temos de ser melhores a cada dia.
A busca pela qualidade humana deve ser um marcador
essencial. A liderança servidora é dar ao outro, não o
que ele quer, mas, sim, tudo o que precisa. É essencial
reconhecer a necessidade de nossos filhos, familiares,
amigos, colaboradores e fazer de tudo para contemplar o que é preciso para o desenvolvimento de cada
um. Isso exige enorme trabalho, e a maior parte das
pessoas tem preguiça de fazê-lo, por esse motivo, são
poucos os líderes servidores. Os elementos básicos
desse tipo de líder são: respeito, paciência, gentileza,
humildade, generosidade, honestidade e dizer a verdade sobre a performance de seus colaboradores. Concordar com isso é fácil, porém, é muito difícil colocar
em prática tais qualidades e os princípios de liderança:
ouvir melhor, comunicar melhor e agir de forma respeitosa em relação aos outros.
Liderança é caráter em ação, é fazer a coisa certa,
mesmo quando você não quer. Não se nasce um líder
servidor; isso é uma escolha e, para tanto, você tem
de ultrapassar as necessidades de seu ego. Gerenciamento é o que você faz, liderança é sobre quem você é.
A universidade não o ensinará a ser líder. Um bom gestor não será necessariamente um grande líder, e muitos
grandes líderes são gestores muito limitados.

Mara Behlau – Fonoaudióloga e doutora em Distúrbios da Comunicação Humana, consultora e coach certificada
pelo Neuroleadership Group (NLG). Professora de Comunicação para Negócios no INSPER e também docente
do Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana na UNIFESP. Qualificada no instrumento
Emotional Quocient Inteligence – EQi-2.0.
40 | Estilo Damha

Outubro | Novembro 2013
ColunaComportamento
Mara Behlau

Registro do meu encontro com James Hunter

Liderança é diferente de poder, liderança é autoridade.
Autoridade é a habilidade de as pessoas realizarem a
sua vontade, de bom grado, por sua influência pessoal. Quando alguém com autoridade fala, as pessoas o
seguem, por serem inspiradas. Autoridade não é cargo!
Liderança é amor, e amor não é algo que você sente,
como estar apaixonado. O verdadeiro amor trata do que
você faz, sua atitude: é o ato de dedicar-se aos outros, de
identificar e atender às necessidades legítimas do outro.
Você sabe que foi um bom líder quando deixa as pessoas melhores do que as encontrou.
O que nos impede de ser um líder servidor? Principalmente preguiça e procrastinação. James Hunter escreveu
Outubro | Novembro 2013

seu primeiro livro em seis semanas, seu segundo, em seis
anos e o terceiro, a ser lançado nos EUA e no Brasil no final deste ano, levou oito anos para ser finalizado. Na nova
obra os personagens do primeiro livro retornam ao monastério, para serem questionados por Simeon sobre as
mudanças que se comprometeram a fazer em suas vidas.
Esse livro explora o quanto é difícil mudar, pois ter apenas
intenção, sem ação de mudança, não leva a nada.
Seja o chefe que você gostaria de ter tido e ajude os
que estão à sua volta a crescerem, desenvolvendo uma
liderança servidora, independentemente do cargo e posição que ocupa na sociedade. A mensagem é clara,
simples e inspiradora!

▪

Estilo Damha | 41
Turismo
Londres
Fotos: Divulgação

Torre que abriga o Big Ben,
o relógio mais famoso do mundo

LONDRES,
MUITO ALÉM DA TERRA DA RAINHA

A charmosa cabine telefônica que
resiste ao tempo e continua sendo um
dos principais símbolos de Londres

42 | Estilo Damha

Foto: Beatriz LVM

Outubro | Novembro 2013
Turismo
Londres

Palácio de Buckingham, residência
oficial da rainha Elizabeth II

Com passeios e programas para todos os gostos
e bolsos, a cosmopolita capital do Reino Unido é o
destino perfeito para uma viagem inesquecível
Texto: Thatiana Miloso

Millennium Bridge com a St. Paul’s
Cathedral ao fundo: a fusão perfeita
do novo com o antigo

Outubro | Novembro 2013

Estilo Damha | 43
Turismo
Londres

O majestoso Palácio de Westminster, que abriga as Câmaras do Parlamento do Reino Unido

C

om o nascimento de George Alexander Louis,
ou simplesmente bebê real, os holofotes do
mundo se voltaram mais uma vez para Londres,
a esfuziante capital da Inglaterra. Mas a cidade,
cosmopolita por natureza, definitivamente não precisa do
(simpático) príncipe William ou de Kate Middleton, nem de
toda a pompa da realeza, para ganhar atenção planetária.
A cada rua, a cada esquina e, se possível, a cada pub,
Londres é capaz de revelar surpresas incríveis, num cenário
em que a charmosa arquitetura vitoriana se funde harmoniosamente com os imponentes edifícios pós-modernos,
símbolos do poderio econômico inglês. Como dizia Samuel
Johnson, um dos principais pensadores britânicos, “quando
um homem se cansa de Londres, ele está cansado da vida”.
Clichê ou não, a frase traduz perfeitamente o sentimento
que a capital do Reino Unido é capaz de despertar em seus
visitantes – até mesmo os mais céticos.
Se Londres está nos seus planos de viagem e você é
daqueles que gosta de bater perna e esmiuçar seus destinos turísticos, é bom reservar ao menos cinco dias para
conhecer a joia da coroa britânica. Embora o lado B da
cidade seja interessantíssimo, vale muito a pena começar
explorando seus principais cartões-postais, até porque
44 | Estilo Damha

muitos deles estão próximos uns dos outros e caminhar
entre eles é um exercício delicioso para os olhos e para
a alma. Se o metrô for seu meio de locomoção, a estação
Westminster é o seu ponto de parada – e, ao mesmo
tempo, o ponto de partida para uma jornada inesquecível
na terra da rainha!
Do lado de fora da estação, é impossível não se impressionar com a grandiosidade do Palácio de Westminster,
também chamado de Houses of Parliament, local onde
estão instaladas as duas Câmaras do Parlamento do Reino
Unido. O suntuoso prédio milenar de estilo neogótico, com
mais de mil salas, cem escadarias e cinco quilômetros
de corredores, abriga a Elizabeth Tower, popularmente
conhecida como Torre do Big Ben.
Todos os dias, milhares de turistas param diante do maior
relógio da Inglaterra para ouvir as badaladas do famoso
sino, que a cada hora ecoam pela capital inglesa. Muitos
britânicos e até mesmo os turistas que visitam a cidade
consideram o Palácio de Westminster muito mais majestoso que o Palácio de Buckingham, residência oficial da
rainha. Não é para menos: a sede do Parlamento realmente
impressiona e se impõe como uma verdadeira obra-prima
edificada às margens do Rio Tâmisa .
Outubro | Novembro 2013
Turismo

Foto: Divulgação

Londres

A poucos metros dali, está a Abadia de Westminster,
principal igreja da Inglaterra e famosa por ser o palco de
acontecimentos históricos como a coroação da rainha
Elizabeth II e os casamentos da realeza britânica. Com
18 libras é possível visitar o interior do templo gótico e
conferir de perto a beleza de suas obras de arte e até
mesmo os túmulos dos antigos reis e de personalidades
como Charles Darwin e Isaac Newton.
Após o tour pela Abadia, vale a pena dar uma esticadinha e caminhar até o Palácio de Buckingham.
O percurso é charmoso e há a opção de cruzar o St.
James’s Park, um cinturão verde de 23 hectares cravado no coração de Londres e conhecido por ser o mais
antigo parque real da capital inglesa. Como é de praxe
na cidade, o parque é muito bem cuidado, cheio de
flores, cisnes e gaivotas que povoam seu lago central.
Você ainda pode ter a chance de tirar uma foto com os
exóticos e enormes pelicanos que ficam nas redondezas
da lagoa, à espera da generosidade dos turistas que
os alimentam com restos de pães e outros quitutes que
podem ser comprados no percurso. Mas atenção: alimentar aves e alguns outros animais nas ruas e parques
de Londres pode render uma multa salgada. Na dúvida,
Outubro | Novembro 2013

melhor deixar os cidadãos londrinos alimentarem os
bichinhos.
A caminhada pelo St. James é um passeio e tanto, mas
se a sua intenção é assistir à Troca da Guarda da rainha,
que acontece na frente do Palácio de Buckingham, fique
de olho no relógio. Entre os meses de maio e julho, a
badalada cerimônia acontece diariamente às 11h30, e a
pontualidade é mesmo britânica. Nos demais meses do
ano, a cerimônia acontece no mesmo horário, dia sim, dia
não. Como esse ainda é o evento de Londres que mais
atrai turistas, a dica para garantir um bom lugar é chegar
com pelo menos uma hora de antecedência. Terminada
a Troca da Guarda, aproveite para apreciar o Palácio e,
quem sabe, visitar seus belos jardins e salões de Estado.
Para isso é preciso desembolsar a bagatela de 70 libras,
com direito a uma taça de champanhe. Claro que não é
barato, mas, como diriam muitos por aí, tomar uma taça de
champanhe na residência oficial da rainha não tem preço.
Tour completado, parabéns, seu batismo em Londres
está feito. Agora é organizar os dias de acordo com seus
interesses e continuar explorando o que de melhor a capital
inglesa tem a oferecer. Pode apostar: a cada novo passeio
você vai ficar cada vez mais apaixonado pela cidade!
Estilo Damha | 45
Turismo
Londres

Foto: Beatriz LVM

London Eye,
o novo cartão-postal

London Eye, a imensa roda gigante que oferece uma das melhores vistas da cidade

N

a verdade, a enorme roda gigante situada
na margem sul do Tâmisa – bem próxima ao
Parlamento – não é tão nova assim, já que foi
inaugurada em 1999, como um dos projetos
construídos para marcar a passagem do milênio na capital
inglesa. Mas o que são 14 aninhos para uma cidade que
foi fundada por volta de 43 d.C.?
E se você ouviu dizer que essa atração é “apenas” uma
roda gigante, com certeza a pessoa que lhe contou isso
nunca embarcou nela. Com 135 metros de altura, a London Eye permite ao turista o acesso a uma das melhores
46 | Estilo Damha

e mais exuberantes vistas de Londres. Suas grandes
cabines de vidro fixadas à engrenagem se movimentam
de acordo com a rotação da roda, oferecendo aos visitantes uma incrível vista em 360o da capital inglesa, com
um raio de visão que atinge a respeitável marca de 40
quilômetros. Cada cabine conta com um mapa interativo
que ajuda o público a identificar os principais prédios,
palácios e museus que podem ser avistados das alturas.
A volta completa na roda gigante tem duração de 30
minutos e o valor do ticket para adultos é de, aproximadamente, 20 libras.
Outubro | Novembro 2013
Turismo

Fotos: Divulgação

Londres

Cores e sabores do Borough Market, mercado de rua mais antigo da capital inglesa

Saindo da London Eye, você pode aproveitar para dar
uma caminhada pela margem do Tâmisa até a London
Bridge (sentido leste), um passeio cheio de surpresas que
muitos turistas acabam não fazendo. Além de inúmeros
bares e restaurantes descolados, é possível apreciar no
trajeto preciosidades como o Tate Modern Museum e o
Shakespeare’s Globe Theatre, construção de 1599 que
teve William Shakespeare como um de seus sócios – e
onde, fatalmente, foram representadas peças como Hamlet
e Rei Lear.
Bem em frente ao Tate Modern está a Millennium Bridge,
ponte suspensa pedonal inaugurada no ano 2000. Sua
estrutura em aço e suas linhas futuristas são um prato
cheio para arquitetos, designers e engenheiros que gostam e sabem apreciar as grandes obras da construção
civil. Se essa ponte lhe parecer familiar, não estranhe: a
Millennium Bridge faz uma ponta no filme Harry Potter e o
Enigma do Príncipe, aparecendo nas telas logo no início
do filme, quando é destruída pelos Comensais da Morte.
Para sorte de todos, tudo não passou de efeitos especiais,
e a ponte continua linda e imponente sobre as águas
calmas do Tâmisa.
Uma vez atravessada a Millennium Bridge, vale a pena
dar uns passos a mais e ir até a St. Paul’s Cathedral, igreja
Outubro | Novembro 2013

anglicana do século XVII que é a sede do bispo de Londres. Com a segunda maior cúpula do mundo, a catedral
foi palco do casamento do príncipe Charles com a princesa
Diana e até hoje é considerada uma das construções mais
belas da capital inglesa.
De volta à margem sul do rio e antes que você pense
em se cansar, um pouco mais adiante do Tate Modern
está a Clink Street, uma ruazinha estreita e pitoresca que
é uma das vias de acesso ao Borough Market, o mercado
de rua mais antigo de Londres. Cravado sob um viaduto
ferroviário, o mercado de 1276 não é, digamos, glamoroso como Covent Garden, o que (felizmente) mantém
a multidão de turistas longe de suas barracas cheias de
cores, aromas e sabores incríveis. E se os turistas não
são tão comuns por lá, o mesmo não se pode dizer das
celebridades do mundo da gastronomia: não estranhe
se, entre uma gôndola e outra, você esbarrar em chefs
renomados como Jamie Oliver e Nigella Lawson, figurinhas carimbadas que frequentam o Borough Market
em busca de ingredientes especiais para seus pratos
deliciosos e exclusivos. De cogumelos gigantes a frutas
frescas, queijos gourmets a salames e peixes, o mercado
é uma atração e tanto para quem pretende explorar um
pouco do lado B londrino.
Estilo Damha | 47
Turismo
Londres

No meio do caminho,
um castelo

P

fortaleza medieval em plena área central de Londres
é olhar para a outra margem do Tâmisa e observar os
edifícios futuristas que compõem a paisagem, como a
sede da prefeitura londrina (The Hall) e o 30 St. Mary
Axe (chamado pelos britânicos de “pepino”, graças
à sua singular volumetria). É a fusão perfeita entre o
novo e o antigo, entre o cosmopolita e o medieval, num
cenário que só Londres é capaz de oferecer com tanta
intensidade aos seus visitantes.

Foto: Beatriz LVM

erto do Borough Market, ainda no bairro de
Southwark, está a Tower Bridge, outro cartãopostal de Londres construído sobre o Tâmisa.
Para quem está na margem sul do rio, a ponte
báscula e suas duas torres de estilo gótico vitoriano são
a porta de entrada para a Tower of London, castelo de
1078 que abrigou antigos reis da Inglaterra e que hoje,
entre outras atrações, guarda as Joias da Coroa Britânica. Tão surpreendente quanto se deparar com uma

48 | Estilo Damha Tower Bridge, a ponte báscula com suas torres góticas se erguem imponentes sobre o Tâmisa
Outubro | Novembro 2013
Foto: Divulgação

Shop,
shop,
shop!

Turismo
Londres

Fachada da Selfridges, loja de departamentos que é um dos endereços mais cobiçados da Oxford Street

A

esta altura, você já deve estar pensando que o
verbo comprar não combina de jeito algum com
Londres, já que a moeda londrina vale quase
quatro vezes mais que o real. Okay, fique claro
que não estamos falando de alta costura, mas a verdade
é que a cidade britânica é uma das mais democráticas do
mundo quando se trata de compras. Nesse universo consumista conhecido também como o delicioso ponto fraco
dos simples mortais, a Oxford Street impera como deusa
absoluta, tanto para quem busca preços acessíveis quanto
para quem sonha com as marcas de luxo disponíveis nas
lojas de departamentos.
Logo no início da badalada rua, bem pertinho da estação
de metrô Oxford Circus, já é possível ver as fachadas de
templos do high street como Topshop, Zara, H&M, Mango
e Next, lojas que trazem as principais tendências da estação com preços acessíveis e que frequentemente lançam
coleções em parcerias com estilistas tops. Um pouco
mais adiante estão outros símbolos do fast fashion inglês:
Monsoon, Marks & Spencer, John Lewis, Accessorize (com
preços bem bacanas, diferente das lojas inauguradas no
Brasil), The Body Shop (produtos incríveis para o corpo),
Primark, entre tantas outras. Sobre a última, vale falar que
a rede de loja de departamentos, originária da Irlanda, tem
preços incrivelmente baratos. Muitos itens fashion custam de
1 a 15 libras, incluindo roupas de bebês, vestidos, blusas,
calças, lingerie e acessórios como brincos, anéis, cintos e
cachecóis. Obviamente, a loja está sempre lotada, mas se
você tem paciência, vale muito a pena. Muito mesmo.
Outubro | Novembro 2013

Continuando as andanças pela Oxford Street, a Selfridges é uma atração à parte no endereço consumista mais
cobiçado de Londres. Famosa por suas vitrines maravilhosas, a loja de departamentos é o lugar para quem quer (e
pode) comprar marcas de luxo como Alexander McQueen,
Azzedine Alaïa, Chanel, Céline, Christian Louboutin, Fendi,
Givenchy, Hermès, Jimmy Choo e várias outras.
Naturalmente, muitas das lojas citadas vendem os néctares dos deuses aos quais chamamos de cosméticos. Mas
a dica para pagar menos é comprar cremes e maquiagem
em redes de farmácias como a Boots e a Superdrug (ambas presentes na Oxford Street). Nelas é possível adquirir
perfumes de todos os tipos e produtos de marcas como
Bourjois, L’Oréal, Clarins, Chanel, Max Factor, Maybelline,
entre outras, a preços realmente ótimos.
Agora se o seu budget é mais alto, vale a pena dar uma
esticadinha até a Brompton Road, em Knightsbridge, e
dar uma boa olhada na Harrods, a mais luxuosa loja de
departamentos não apenas de Londres, mas também do
mundo. Suas seções vão desde a moda das passarelas
a móveis, brinquedos, enxovais e muita, muita comida
boa nos 32 restaurantes espalhados pela megastore.
Para quem é ligado em moda, a Harrods recebe coleções
exclusivas de nomes como Alexander McQueen, Emilio
Pucci, Balmain, Proenza Schouler, Armani, Marc Jacobs,
Dior, Dolce & Gabbana e todos os outros “deuses” da alta
costura. Se os preços astronômicos não lhe atraem, a loja
em si já é uma atração turística à parte, e perambular pelos
seus 330 departamentos é um passeio imperdível.
Estilo Damha | 49
Turismo
Foto: Divulgação

Londres

Punks em Camden Town, expressão da contracultura

Camden,
o reduto punk

N

ão é novidade que Londres foi uma das cidades do mundo
onde o movimento punk se fez mais presente, como uma expressão da contracultura e uma reação ao espírito paz e amor
dos hippies. Com o tempo, o movimento perdeu força, mas até
hoje a cultura punk está estampada na capital inglesa, tendo no distrito
de Camden Town seu principal reduto. Em meio a mercados que vendem
desde antiguidades a discos de vinil e roupas alternativas, é possível
andar lado a lado com jovens munidos de toda a indumentária punk: dos
cabelos moicanos aos jeans rasgados e coturnos desbotados.
50 | Estilo Damha

Outubro | Novembro 2013
Turismo
Foto: Divulgação

Londres

Nacional Gallery, obras de Da Vinci, Botticelli, Monet e Van Gogh estão entre as atrações do museu cravado na Trafalgar Square

Efervescência cultural

P

oucas cidades no mundo são capazes de proporcionar uma experiência cultural tão intensa
quanto Londres. Não só pelo fato de ela ter se
transformado numa grande babilônia – onde
é comum observar nas ruas desde mulheres vestidas
de burca até chinesas ultradescoladas –, mas também
porque oferece uma infinidade de atrações culturais da
melhor categoria.
Para explorar esse lado da capital inglesa, o Piccadilly
Circus, praça localizada no cruzamento da Regent Street
com a Shaftesbury Avenue e Piccadilly Street, é sua
porta de entrada para os teatros do West End londrino.
Musicais como Fantasma da Ópera, Billy Elliot, Mamma
Mia, O Rei Leão, We Will Rock You e muitos outros ficam
constantemente em cartaz, e os preços costumam variar
entre 20 e 50 libras.
Para quem é fã de museu, Londres também é a cidade
certa. São tantas opções e tanta coisa legal para ver
Outubro | Novembro 2013

que é difícil fazer uma seleção. No British Museum, os
visitantes têm a chance de fazer uma imersão completa
na cultura mundial: são mais de 13 milhões de peças
históricas de toda a humanidade, e a entrada é gratuita.
Para os apreciadores da arte moderna, o Tate Modern é
perfeito. Instalado em uma usina elétrica desativada, ele
também tem entrada gratuita e abriga grandes obras de
Pablo Picasso, Umberto Boccioni e muitos outros artistas.
Os turistas que escolherem a National Gallery também
não irão se decepcionar. Com um acervo de 2,3 mil
pinturas de artistas como Leonardo Da Vinci, Botticelli,
Caravaggio, Raphael, Michelangelo, Monet e Van Gogh,
o museu de estilo neoclássico é considerado uma das
mais importantes galerias de arte do mundo. Ele está
cravado na Trafalgar Square, e sua entrada é gratuita.
Se quiser esmiuçar melhor esse universo, o site www.
reino-unido.net/london/museus.htm pode ser uma boa
fonte de consulta.
Estilo Damha | 51
Turismo
Londres

Foto: Beatriz LVM

One pint,
please!

P

ara terminar nosso tour pela
capital inglesa, não poderíamos deixar de falar dos
charmosos pubs londrinos.
Os ingleses a-d-o-r-a-m cerveja; não é
a toa que existem cerca de 4.500 pubs
espalhados pela cidade. A versão mais
comum é, de longe, a pint (copo de
568 ml, valor médio de 3,50 libras),
e os estilos larger e ale são os mais
consumidos. Se você ficar perdido
com tantas opções e tantos nomes
diferentes, a Guinness sempre é uma
boa opção, e na Inglaterra seu preço
é igual ao de qualquer outra cerveja
(nos supermercados, inclusive, a lata
custa 1 libra).
Sugestão de pub? São tantas opções
legais e interessantes que é difícil
selecionar uma. O Waxy O’ Connor’s
(pertinho da Leicester Square) e o
Punch Bowl, em Mayfair, são ótimas
escolhas. Mas a dica é escolher um
gastropub (como os dois citados), pois
a cerveja inglesa é mais forte que a
brasileira, então, recomenda-se beber
com o estômago cheio. Pub combina
muito com fish & chips, o tradicional – e
delicioso – prato inglês.
Para finalizar nosso tour em Londres,
uma dica importante: nos pubs da Inglaterra não se pede a bebida para os
garçons. Para pegar sua cerveja você
precisa ir até o balcão e pagar copo
por copo. E não se esqueça: esses tradicionais bares fecham entre meia-noite
e uma da manhã, então chegue cedo se
quiser apreciar uma típica noite londrina.
Boa viagem!

▪

Fish & chips, o tradicional prato londrino
52 | Estilo Damha

Outubro | Novembro 2013
ColunaAutomóveis
Joel Silveira Leite

Fotos: Divulgação

O MAIOR SALÃO
DE AUTOMÓVEL
DO MUNDO

A

Carro que anda sozinho, motores
potentes, híbridos e conceitos.
Veja as tendências que Frankfurt
aponta para o mundo do automóvel

ntigamente, o carro conceito era um simples
experimento, uma tentativa, na maioria das vezes frustrada, de prever o futuro; era a criatividade sem limites dos engenheiros e projetistas
da indústria automobilística, sem a pressão dos marqueteiros, que reprimem a imaginação dos artistas em prol
da viabilidade comercial do produto.
Hoje, com a tecnologia avançando com rapidez internética, o carro conceito deixou de ser um sonho. Ele
aponta não o futuro da indústria, mas o que o consumidor
vai usufruir no momento seguinte.
Por isso, por mais ousadas que você possa considerar
algumas das ideias apresentadas no Salão de Frankfurt,
encerrado no último dia 15 de setembro, saiba que elas

Outubro | Novembro 2013

não serão guardadas para o futuro; poderão se tornar
produtos comerciais em pouco tempo.
A propósito, sabe quem apareceu, sozinho, no estande
da Mercedes-Benz na abertura do salão? O S 500 Intelligent Drive. Ele mesmo: o carro inteligente que já andou
100 km sem motorista e que, na prática, viabiliza a condução autônoma, enfrentando ruas, rotatórias, semáforos, ciclistas, pedestres e outros carros.
O S 500 Intelligent Drive é o representante maior de
uma tendência que se delineia como a grande proposta
para o próximo período: a do carro que anda sozinho,
sem a interferência ou com o mínimo de participação do
motorista, garantindo a segurança dos ocupantes e reduzindo os acidentes.

Estilo Damha
Mercedes S500| 53
ColunaAutomóveis
Joel Silveira Leite

Ferrari 458 Speciale

O maior e mais importante salão de automóvel do mundo indicou ainda algumas tendências que deverão nortear
as discussões do setor nos próximos anos. São elas:
A melhoria da dirigibilidade, cada vez mais precisa
e eficiente.
O aumento do desempenho das novas motorizações: menores, mais potentes, mais econômicas e menos poluentes.
Frankfurt consolidou a tendência de eliminar, ou reduzir, a dependência do petróleo, elegendo o carro híbrido
(mais do que o elétrico) como uma opção palpável para
o futuro da mobilidade sustentável.
Veja alguns dos mais notáveis modelos que representaram, no salão alemão, essas novas tendências do mundo automobilístico, além de carros que em breve estarão
rodando no Brasil.

▪
▪

54 | Estilo Damha

UMA FERRARI MUITO SPECIALE!
Quando parece que a Ferrari já mostrou tudo, surge mais
uma novidade. Com um motor V8 4.5 aspirado de 605 cavalos, a 458 Speciale tem melhor relação peso-potência:
pesa apenas 1.270 quilos, por isso acelera de 0 a 100
km/h em apenas três segundos. O controle do ângulo de
derrapagem é o diferencial da macchina: distribui a potência entre as rodas de forma a melhorar a estabilidade
nas curvas. Como se precisasse! Vai custar cerca de R$
750 mil.
LEXUS LF-NX, A ESCULTURA DO LUXO
A marca de luxo da Toyota mostrou o carro conceito
LF-NX, um crossover com motor híbrido e acabamento primoroso. O revestimento tem detalhes de metal e
estofamento de couro amarelo e preto. Externamente,
a cor prata tipo metal escovado passa a ideia de que
a carroceria foi esculpida a partir de uma única peça.
Outubro | Novembro 2013
ColunaAutomóveis
Joel Silveira Leite

UM CONCEITO PARA
AS NOVAS GERAÇÕES
Com o Concept Coupé, a Volvo apresentou as
linhas que farão parte do novo período da fabricante no quesito carros de passeio. A motorização híbrida alcançará potências antes só encontradas em motores V8.
UM ELÉTRICO ESQUISITO
O Smart conceito de Frankfurt não tem portas
nem vidro traseiro. Funciona com um motor elétrico de 55 kW, e a empresa promete fazer dele
um carro de linha já no ano que vem.
S-MAX MONITORA
O BATIMENTO CARDÍACO
Feita sobre a plataforma do Fusion, a minivan
S-MAX é um conceito que traz um diferencial
inédito: um sistema de conectividade que, entre
diversas funções, monitora o batimento cardíaco
dos ocupantes com sensores nos bancos. O motor é 1.5 EcoBoost de 180 cavalos.
Fotos: Divulgação

Outubro | Novembro 2013

Smart Four

Lexus Damha | 55
Estilo LF-NX
ColunaAutomóveis
Joel Silveira Leite

918 SPYDER: DESEMPENHO DE PISTA
Carro conceito no Salão de Genebra em 2010, o 918 Spyder
foi a estrela da Porsche em Frankfurt. A montadora garante: o
carro terá desempenho e tecnologia de um veículo de pista
com baixo consumo.

UM HÍBRIDO A AR COMPRIMIDO
O conceito Cactus é o indicador da nova família C3 da Citroën, inovando com um sistema
híbrido de ar comprimido, mais barato que o
convencional. Todos os comandos do carro
são acionados por meio de interface digital.
ALTAS VELOCIDADES,
BAIXAS EMISSÕES
A Jaguar mostra os avanços tecnológicos na
produção de estruturas leves, com o C-X17, um
crossover totalmente de alumínio. O carro alcança 300 km/h e emite menos de 100 g de CO2 por
km rodado.

▪

Fotos: Divulgação

Porsche 918 Spyder e Citroën Cactus
56 | Estilo Damha

Outubro | Novembro 2013
ColunaAutomóveis
Joel Silveira Leite

CARROS QUE JÁ, JÁ
ESTARÃO POR AQUI

Fotos: Divulgação

Alguns carros apresentados em Frankfurt são
pura fantasia, outros estão restritos a países do
Primeiro Mundo, mas algumas boas novidades
rodarão por aqui em breve. O Golf novo, sétima
geração, já está à venda no Brasil. O carro está
100 kg mais leve e 23% mais econômico. Acelera de 0 a 100 km/h em 8,4 segundos e atinge
212 km/h.
Duas marcas de luxo apresentaram carros
que os brasileiros vão dirigir em breve: a BMW
começa a vender aqui, no ano que vem, o 3i, o
elétrico que, de barulho, só o contato do vento
com a carroceria e o ressonar do pneu no asfalto.
E a Mercedes-Benz mostrou dois modelos da
família que produzirá no Brasil a partir de 2015:
o sedã CLA e o jipinho GLA, que abrem para
o consumidor as portas da categoria do luxo.
Também de Frankfurt direto para as ruas brasileiras irão o Peugeot 3008, que começa a ser
importado no ano que vem, além do Duster novo
e do Captur, da Renault: o Captur chega em
2014 e o Duster, em 2015.

Mercedes GLA e novo Golf GTI

Joel Silveira Leite _ É jornalista e pós-graduado em Semiótica e Meio Ambiente. É diretor da Agência AutoInforme, que
mantém os sites Autoinforme (carros) e Ecoinforme (meio ambiente). Assina o blog O Mundo em Movimento, no UOL, e
apresenta o programa AutoInforme na Rede Bandeirantes de Rádio.
Outubro | Novembro 2013

Estilo Damha | 57
Gastronomia
Fotos: Divulgação

Trattoria Mamma Gema

O SERTÃO
NA COZINHA
Boa comida e hospitalidade, ingredientes
que moldaram o sucesso do chef Rodrigo
Oliveira e dos seus restaurantes Mocotó
Texto: Dirlene Ribeiro Martins

Rodrigo Oliveira: satisfação e alegria de receber pessoas e acolher diferentes desejos e sonhos

O

chef Rodrigo Oliveira estava na faculdade
de Engenharia Ambiental quando conheceu
uma colega cujo irmão era chef de cozinha.
Até aquele momento, era uma profissão desconhecida para ele, que já ajudava no pequeno restaurante do pai, o pernambucano José Oliveira de Almeida.
“A gastronomia para mim era uma ideia tão longínqua e
desconhecida quanto a astronomia”, brinca. O irmão em
questão era Luiz Emanuel, à época chef do restaurante
Alez, em São Paulo, e o primeiro contato com esse mundo, com uma cozinha profissional, é descrito por Rodrigo
como uma epifania. “No mesmo momento tive certeza do
que queria fazer dali pra frente.”
O apoio da família, em especial do pai, não foi imediato. Para Seu Zé Almeida, trabalhar com cozinha signifi58 | Estilo Damha

cava resignação, dedicação integral e, sobretudo, muito,
muito trabalho duro, sem a contrapartida financeira. Com
o tempo, Rodrigo conseguiu entender a preocupação do
velho sertanejo, mas foi em frente, com “a coisa acontecendo aos trancos e barrancos”, como ele diz. Atualmente, ao olhar para trás, Rodrigo acredita que foi a preocupação que ele teve em preservar a casa, a origem e os
valores da família o que acabou convencendo o pai.
Hoje, o restaurante Mocotó e seu irmão mais novo, o
Esquina Mocotó, ambos na Vila Medeiros (bairro em São
Paulo), são um grande sucesso. Gente do mundo todo
quer experimentar as iguarias, que incluem Caldo de Mocotó, Bolinho de Feijão Branco com Linguiça, Mocofava
(mocotó com favada) e Sarapatel, e os deliciosos doces
artesanais, todos servidos com queijo coalho.
Outubro | Novembro 2013
Gastronomia
Esquina Mocotó

Salão do restaurante Esquina Mocotó

A cachaça é outro atrativo do universo Mocotó, isso
desde o tempo do pequeno empório do pai. Atualmente, um profissional, o Leandro Batista, que é formado no
Mocotó e se tornou um reconhecido especialista em cachaça, desenvolve blends, auxilia produtores e, sobretudo, orienta os clientes sobre esse verdadeiro patrimônio
da nossa cultura. “No Mocotó temos orgulho de ter tido
uma pequenina parcela nessa maravilhosa evolução da
cachaça – de um destilado bruto a um produto com nuances sensoriais absolutamente únicas no mundo”, diz
com satisfação.
Mas o sucesso e os diversos prêmios que recebeu não
subiram à cabeça do chef. Para ele, ser bem-sucedido é
terminar o expediente à noite e aguardar o dia seguinte
com a mesma expectativa e paixão. Com Ligia, sua esposa e atriz, Rodrigo conta que aprendeu que, mesmo para
um ator consagrado, cada noite no palco é uma estreia.
“É o que fazemos em nossas casas. Procuramos abrir as
portas a cada manhã com o mesmo entusiasmo da melhor noite de todas. A comida é o nosso roteiro, mas o palco é a hospitalidade, a satisfação e a alegria de receber
pessoas e acolher diferentes desejos e sonhos”, explica.
Outubro | Novembro 2013

Para quem se espanta com a proximidade entre os
dois restaurantes, Rodrigo explica que ainda tem muito
a realizar em seu antigo espaço, então, para ele foi natural que seu mais recente desafio fosse travado próximo
do Mocotó, de preferência na parede ao lado, onde ele
pudesse passar de uma cozinha a outra de forma rápida
e prática. Além do mesmo sobrenome e origem, os dois
restaurantes, segundo o chef, preservam o absoluto respeito pela comida boa, saudável, de origem, justa. Mas,
no Esquina, ele tem a liberdade de criar, de apresentar
uma visão mais pessoal e autoral da culinária brasileira
com um toque do que se faz de mais relevante na cozinha contemporânea ao redor do globo. “Continuaremos
partindo de nosso quintal, mas sem dar as costas para o
mundo. E nunca é demais lembrar Guimarães Rosa, que
ensinou que ‘o sertão é o mundo’.”
Para esta edição da Estilo Damha, Rodrigo escolheu
uma receita de Nhoca (Nhoque de Mandioca com Polvilho), que é um dos pratos mais pedidos no Engenho Mocotó, um espaço de pesquisa e investigação culinária, sem
fins lucrativos, que congrega o pessoal dos restaurantes,
cozinheiros da região e estudiosos de diferentes áreas.
Estilo Damha | 59
Gastronomia
Esquina Mocotó

NHOCA
Nhoque de
mandioca com
polvilho (1,5 kg)

INGREDIENTES DA MASSA
mandioca (cozida salgada)
▪ 1 kg degrandes (somente aegema)
3 ovos
▪ 60 g de polvilho doce
▪ 270 g queijo coalho (ralado)
▪ 150 g requeijão cremoso
▪ Sal e pimenta do reino moída na hora a gosto
▪

MODO DE PREPARO
Misturar e homogeneizar todos os ingredientes até
obter uma massa pouco pegajosa. Se estiver grudando um pouco nas mãos, adicionar um pouco de
polvilho. Provar o sal. Colocar em um saco de confeiteiro (bico simples de pelo menos 20 mm) e, em
uma assadeira forrada com placas de silicones ou
papel manteiga, fazer tiras uniformes com espaço
para que não grudem. Levar ao forno pré-aquecido
por 14 minutos a 120oC. Deixar esfriar, polvilhar com
um pouco de polvilho e cortar.

INGREDIENTES DO MOLHO

▪ 200 g quiabo caramelizada
cebola
▪ 150ggtomate cereja
75
▪ 75 g cogumelo paris
▪ 75 g cogumelo shimeji
▪ 75 g cogumelo shitake
▪ 25 g folha de mostarda
▪ 100 g manteiga
▪ 200 ml de tucupi
▪ 250 g de queijo de cabra
▪ 25 g broto de coentro
▪
MODO DE PREPARO
Derreter metade da manteiga e dourar as nhocas.
Em outra frigideira acrescentar o restante da manteiga, os quiabos e os cogumelos até ficarem macios.
Adicionar os tomates, a mostarda e o tucupi, e, em
seguida, o sal e a pimenta do reino moída na hora.
Juntar o refogado à nhoca e incorporar tudo. Em um
prato fundo colocar metade do queijo de cabra, depois a nhoca com os vegetais por cima e finalizar
com o restante do queijo e os brotos de coentro.

60 | Estilo Damha

Outubro | Novembro 2013
Outubro | Novembro 2013

Estilo Damha | 61
ColunaGastronomia
Márcio Moreira

TIRANDO UMA
“CASQUINHA”
DA SOGRA

R

ecentemente – e não para o meu espanto –
descobri que existe um “dia da sogra”: 28 de
abril. Ano que vem ela vai me cobrar presentes
com juros e correção, por todo o tempo que eu
não soube disso, aposto. Dizem que a história por trás
da criação da data envolve um safári na África, uma sucuri chamada Sogra (sim, uma cobra de verdade) e um
desastre no qual, dizem, a Sogra devorou a cadela de
estimação de um presidente.
Cá entre nós: qual homem casado não gosta de falar
da sogra? Pois bem, eu não sou diferente! Falo dela
porque, na verdade, gostaria de falar da minha mulher, mas não sou louco e não gosto de dormir no sofá.
Prefiro então falar da sogra, até porque ela está longe.
Como diz o ditado, a distância ideal entre a sua casa
e a da sua sogra é: não tão longe, para que ela venha
com as malas, nem tão perto, para que ela venha de
chinelinho.
Se você está se perguntando o que minha sogra tem a
ver com esta coluna, saiba que ainda não vou ensinar a
cozinhar com veneno de cobra. Acontece que sou uma
pessoa justa, e o fato é que, apesar de todo o resto, preciso elogiar a milanesa que ela prepara (apelidada carinhosamente de “bife de casquinha” pela minha filha).
Uma dessas delícias que não dá para comer um só – e
que faz valer a pena tê-la na família.
O segredo da sogra, pasmem, é um bife de coxão mole
bem temperado, empanado numa farinha de rosca que
ela mesma produz com os pãezinhos duros que ela guarda quando sobra do café da manhã (dei um nome para a
filha dela e ela me trata à base de pão duro... isso é que
é ingratidão das boas!). Junto com o feijão carioquinha e
o arroz fresquinho que só ela sabe fazer, vira um manjar

Fotos: Divulgação

Inspiração simples,
rápida e saborosa

dos deuses com casquinha crocante.
O filet à milanesa – originalmente cotoletta alla milanese – provavelmente surgiu na cidade de Milão. Embora
não haja fatos que comprovem sua origem na cidade italiana, os relatos mais antigos desse prato são do escritor
italiano Pietro Verri. Em seu livro História de Milão (Storia di Milano), ele escreve que em um almoço ocorrido
na Igreja de Santo Ambrósio (Milão, 1134) fora servido
um prato de coteletta impanata, fritta nel burro (carne de
vitela empanada, frita na manteiga), citando inclusive o
preparo com ovos e farinha.
Apesar da origem, o prato provavelmente ganhou fama
por causa dos austríacos. O wiener schnitzel, muito similar ao “bife de casquinha”, é um prato típico da Áustria.
Provavelmente uma versão do prato aprendida durante
o século XVIII, com as disputas internas do Sacro Império Romano-Germânico, quando as tropas austríacas invadiram Milão. Mais uma vez, pura teoria, mas isso não
importa: o filet à milanesa já pode ser considerado uma
tradição brasileira.
Há muitas variações no preparo dessa delícia. Tradicionalmente, na Itália, a milanesa é preparada com carne
de vitela, mas o termo hoje é popularmente usado para
denominar praticamente qualquer tipo de comida empanada, desde cortes mais nobres de carne até frango e
berinjela. Empanou, ganha cidadania italiana!
Um ingrediente indispensável é uma farinha de rosca
de qualidade. Alguns cozinheiros utilizam farinha de trigo
em suas receitas, para que se forme uma crosta mais espessa. Há quem aprecie, mas eu considero um pecado.
Brincadeiras à parte, minha sogra – a quem amo muito,
acredite quem quiser – é a inspiração da dica supersimples, rápida e saborosa desta edição.

▪

Marcio Moreira – Presta serviços pela empresa 2M Soluções Gastronômicas para restaurantes e rede hoteleira, ministrando palestras e oficinas em boa parte do país. Destacou-se durante 7 anos como coordenador e chef de cozinha da
culinária do programa Mais Você da Rede Globo, pela sua capacidade de criar pratos com sabores do nosso Brasil.
62 | Estilo Damha

Outubro | Novembro 2013
ColunaGastronomia
Márcio Moreira

Dica do Chef :

BIFE DE CASQUINHA
DA SOGRA
INGREDIENTES
de bife (coxão mole, patinho... eu
▪ 1 kgmignon) temperado com sal, azeite,
prefiro
alho e pimenta do reino a gosto;
4 ovos ligeiramente batidos;
Farinha de rosca (feita com sobras de
pão raladas) ;
Óleo o suficiente para fritar por imersão.

▪
▪
▪

Outubro | Novembro 2013

MODO DE PREPARO
Cada bife deve ser temperado, imerso
em ovos batidos, coberto com farinha de
rosca e levado a uma frigideira com óleo
quente, para fritar até que fique dourado.
Em seguida, deve ser colocado sobre
papel-toalha (ou guardanapos) para que
o óleo da fritura escorra e o bife fique
mais seco, crocante e saboroso.

Estilo Damha | 63
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  • 1. Outubro | Novembro 2013 Estilo Damha | 1
  • 2. 2 | Estilo Damha Outubro | Novembro 2013
  • 3. Outubro | Novembro 2013 Estilo Damha | 3
  • 4. Expediente Quem somos? A Damha Urbanizadora é uma empresa parte do Grupo Encalso Damha, conglomerado empresarial fundado em 1964, que atua nos seguintes segmentos: Engenharia Civil, Agronegócios, Shopping Center, Concessão de Rodovias, Energia e Empreendimentos Imobiliários. Presente no cenário nacional desde 1979, a Damha desenvolve e executa loteamentos fechados e condomínios residenciais, reconhecidos pela alta qualidade urbanística e construtiva. Em seus projetos, aplica o que há de melhor em conceito de urbanismo no País e infraestrutura qualificada, em perfeita harmonia com o meio ambiente. Ao projetar empreendimentos que integram padrão diferenciado de moradia, lazer e segurança, a Damha transforma o cotidiano dos moradores e das cidades em que se insere. A Damha Urbanizadora conta atualmente com 52 empreendimentos e aproximadamente 20 mil unidades comercializadas e está presente em 16 Estados brasileiros. Em 2012, obteve crescimento de 67%, alcançando um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 585 milhões. O land bank total é de aproximadamente 100 milhões de m². ! Escreva sua opinião sobre a revista. Sugira matérias. Mande fotos dos eventos do seu condomínio. Fale conosco: Expediente DAMHA URBANIZADORA REVISTA ESTILO DAMHA José Paranhos Diretor Superintendente Daniele Globo Editora Diretores e Gerentes Akira Wakai Amauri Barbosa Junior Carlos Eduardo Meyer Freire Fernanda Toledo Juliana Liberati Luiz Lissner Maurício Cavalheire Nélio Galvão Paulo Montini Edson Suguihara Nicole Thomaso Assistentes Fotos: Beatriz LVM, Dirlene Ribeiro Martins, Edgard Cesar, Genilson Nunes, Juan Cogo, Kris Tavares, Marcelo Corrêa, Marcos Hermes, Maxizoo, Nilton Santolin, Thatiana Miloso e Vanusa Campo Textos e revisão: Editora 10 (Décio Junior, Dirlene Ribeiro Martins, Marília Dominicci, Maysa Rodrigues, Patrícia Volpe e Thatiana Miloso), Fabiano Menna, Henrique Fruet, Nicole Tomaso e Rodrigo Brandão Tiragem: 20 mil unidades Foto Capa: Marcelo Corrêa A revista Estilo Damha é uma publicação bimestral da Damha Urbanizadora e distribuída gratuitamente a todos os clientes e moradores dos empreendimentos Damha. Auditado pela SELO FSC São Carlos (SP) - Fone (16) 3413 4637 4 | Estilo Damha Outubro | Novembro 2013
  • 5. Carta do Presidente Noventa milhões em ação, Pra frente Brasil, Do meu coração... A s pessoas com mais de 50 anos devem se lembrar do hino da Copa do Mundo de 1970. Eu, à época com 15 anos, ficava emocionado ao ouvir a composição de Miguel Gustavo e ver que todos os brasileiros estavam vibrando com aquele futebol épico da nossa seleção de ouro. Éramos 90 milhões de brasileiros, e nem faz tanto tempo assim, embora hoje já sejamos impressionantes 200 milhões. Muita coisa mudou desde então, é claro, a começar pelo próprio futebol, assim como a televisão, os carros, os hábitos, o conhecimento e até o clima, imagine só! Tudo se intensificou também. O ritmo de vida, a velocidade da informação, as transformações tecnológicas, os problemas urbanos. A despeito da intensificação desses problemas urbanos, onde estão mais de 85% dos 200 milhões de brasileiros, há, ao longo de décadas, um consistente movimento migratório das pessoas do campo para as cidades. Elas têm preferido conviver com o trânsito complicado, a poluição, o alto custo das moradias, entre outras questões, a permanecerem no campo. Afinal, é nas cidades que ocorrem mais intensamente as trocas, é onde estão as estruturas de saúde, é onde há diversidade de trabalho, é onde se encontram os centros de conhecimento. Esses movimentos migratórios, somados ao grande crescimento populacional, têm exigido das cidades, entre muitas outras coisas importantes, a expansão territorial, a construção de um grande número de moradias e a reformulação das vias. Há uma corrente de urbanistas que defende maior concentração populacional, com mais verticalização, para a redução do custo dos serviços urbanos, redução dos deslocamentos das pessoas e diminuição da emissão de poluentes produzida com esses deslocamentos. Faz muito sentido. Entretanto, para além do racional, as cidades têm de servir aos seus habitantes com ambientes humanizados, com bons serviços e espaços públicos, com boa rede de transporte de massa, parques e áreas verdes de dimensões adequadas. Elas foram feitas pelo homem e para o homem, e cabe aos planejadores urbanos trabalhar com a exata compreensão do que é realmente melhor, tendo em vista essa importante máxima. Afinal, daquelas que figuram entre as melhores do mundo para se viver, entre elas Viena, Berna, Copenhague, Amsterdã, Bruxelas, Melbourne e Estocolmo, nenhuma conquistou esse status pela alta concentração populacional, mas, sim, por atributos que as tornaram mais humanizadas, somados aos serviços públicos de grande qualidade. De um ponto de vista mais amplo, é inimaginável crer que as principais cidades brasileiras continuem no modelo estrutural de hoje, que não é tão diferente do da época da Copa de 70, sob pena de haver colapso muito em breve, não somente pelo aspecto da mobilidade urbana, tema mais latente, como também, ainda que em prazo mais alargado, no uso dos recursos hídricos, dos energéticos, da emissão de gás carbônico e do volume de resíduos. Em menos de um ano nos veremos novamente torcendo pela seleção brasileira, e não mais 90, mas sim 200 milhões de brasileiros estarão em ação, curtindo intensamente o evento histórico, dessa vez sediado em nosso país. Na ocasião, bilhões de reais terão sido gastos no evento, parte em obras de infraestrutura que há muito já deveriam ter sido feitas, parte em obras que não nos serão tão úteis. O que importa é que a Copa do Mundo no Brasil tem a propriedade de trazer para discussão os grandes temas urbanos atuais e se constitui em excelente oportunidade para a melhoria da nossa qualidade de vida na urbe. Vamos torcer pela nossa seleção, sem dúvida, com a esperança de que sejamos vencedores, e vamos torcer, inclusive, e desde já, para que o legado desses jogos não se limite à conquista de um novo título mundial de futebol, mas, também, à conquista de efetivas melhorias na vida das pessoas que habitam as cidades e são influenciadas direta, ou indiretamente, pela Copa do Mundo no Brasil. Todos juntos vamos Pra frente Brasil, Brasil!!! JOSÉ PARANHOS Diretor Superintendente Damha Urbanizadora Outubro | Novembro 2013 Estilo Damha | 5
  • 6. 6 | Estilo Damha Outubro | Novembro 2013
  • 7. Editorial Um ano, muitos desafios, alegrias imensas U m ano, 365 dias, sete edições, 140 mil exemplares, 95 mil leitores, 40 profissionais envolvidos diretamente, 36 cidades, 16 estados. Lugares fantásticos, sabores intensos, histórias envolventes, gente do bem, gente que manda bem, casas para inspirar, carros para sonhar, entrevistados incríveis, leitores que entusiasmam. No mês em que a revista Estilo Damha completa seu primeiro ano de vida, temos, sim, muito a comemorar. Primeiro porque se aventurar a fazer uma revista institucional envolve desafios inimagináveis. E fazer uma revista institucional que ultrapasse as barreiras corporativas, incluindo em seu conteúdo informações de qualidade que vão além do dia a dia da empresa, com temas superinteressantes que contribuem com o repertório cultural de nossos leitores, é algo deliciosamente laborioso. É claro que todo esse trabalho só é possível porque a Damha Urbanizadora acredita neste projeto. Porque ela acredita que o relacionamento com seus clientes jamais deve acabar após a conclusão de um negócio. Porque ela tem ciência de seu papel como agente transformador. A cada edição, nos esforçamos para melhorar o que nos comprometemos a fazer. É por isso que ainda estamos experimentando, testando novas fórmulas, novas ideias para transformar a Estilo Damha em uma leitura prazerosa e aguardada. Nesta edição comemorativa, fomos até o Rio de Janeiro para entrevistar o ator Thiago Lacerda, que estrelou uma campanha da Damha Urbanizadora em Campos dos Goytacazes. Esbanjando simpatia Outubro | Novembro 2013 e simplicidade, ele falou por quase duas horas, num bate-papo delicioso em que contou sobre os rumos de sua carreira, o peso de ser um galã, a vida de homem de família, enfim, tantos temas que nos permitiram conhecer melhor esse grande nome da dramaturgia nacional. E admirá-lo ainda mais. Também estampamos nas páginas desta edição duas cidades que em breve receberão novos lançamentos Damha: Catanduva, a pequena notável, e Araraquara, a terra da laranja que desponta como um dos principais centros econômicos do interior paulista. Entre tantas outras matérias que recheiam esta edição especial, não poderíamos também deixar de falar sobre um projeto que está dando o que falar na Casa Cor Brasília, evento que vai até o dia 5 de novembro na capital federal. Para mostrar aos brasilienses o conceito de “morar bem” em um lote de 390 m² (tamanho médio dos nossos terrenos em Brasília), a Damha levou ao maior evento de Arquitetura e Decoração do Centro-Oeste brasileiro uma casa surpreendente projetada pelo renomado escritório Studio Zuba, de Brasília. Fomos conferir o resultado dessa ação e constatamos que os esforços para fazer o projeto sair do papel valeram a pena: a casa ficou linda e tem arrancado elogios dos visitantes do evento. Por fim, gostaria de parabenizar aqui a todos que participam e colaboram com a Estilo Damha. Contamos com o apoio e participação de vocês para que venham novos aniversários! Boa leitura! DANIELE GLOBO Editora Estilo Damha | 7
  • 8. Índice 42 Turismo: Londres, muito além da terra da rainha 10 33 40 53 58 62 64 67 68 74 Futuros Lançamentos: Catanduva e Araraquara Nossa Capa: Thiago Lacerda Coluna Comportamento: Seja o chefe que você gostaria de ter tido Coluna Automóveis: O maior salão de automóvel do mundo Gastronomia: Esquina Mocotó Coluna Gastronomia: Tirando uma casquinha da sogra Comportamento: Supermulheres Coluna Economia: Seu planejamento vai falhar e não é o fim do mundo Faça o Bem: Remédicos do Riso Coluna Consumo: Chega de branco, a ordem são os coloridos! 76 79 96 100 104 108 112 113 126 Viagem do Leitor: Chapada Diamantina Esportes: Ana Mesquita My Pet: Adoção Música: Milton Nascimento Cultura: Salão Internacional de Humor Varal Cultural: O que vem por aí Coluna Moda: Para vestir-se bem Damha News: O que aconteceu na Damha Coluna Condomínio: Associação de condomínios e loteamentos 84 Arquitetura: Casa Cor Brasília 8 | Estilo Damha Outubro | Novembro 2013
  • 9. Colaboradores OPINIÃO DOS LEITORES Parabéns pelo texto da Coluna de Moda! Realmente, quando não estamos bem parece que tudo dá errado. Quando sua autoestima está bem, você se veste melhor, conversa melhor e se torna mais bonita, eu pelo menos penso assim... Janaína Nelli Secretária, Lençóis Paulista (SP) A matéria sobre o filme Elena muito me despertou a atenção para um tema essencial e tabu dos nossos dias: o suicídio. Com afeto e leveza nada apelativos, a reportagem nos mostra com delicadeza os meandros trágicos pelos quais os envolvidos pelo drama se acham enleados e como sublimar/digerir a dor infinita pela perda irreparável por meio de uma perspectiva poética e sensível. Levando-se em conta que no Brasil 26 pessoas se matam por dia, o assunto foi muito apropriado. Ricardo Nascimento Professor de literatura, Ribeirão Preto (SP) A revista está cada vez mais interessante, ainda mais com a coluna sobre automóveis. João Paulo Egídio Desenhista Industrial, São Carlos (SP) Outubro | Novembro 2013 Ótimas dicas a do Eduardo Amuri (Coluna Economia)! Como profissional do ensino de línguas, ainda agregaria que aulas particulares ou em grupos pequenos são vantajosas pela possibilidade de pagar apenas as aulas, de fato, vistas. As escolas populares chegam a cobrar até mês de férias dos alunos. Stella Dana Pesquisadora, São Paulo (SP) Linda matéria sobre o cinema brasileiro. Casou bem com a entrevista com o Lázaro e a Thais. Aline Jordão Estudante, Belo Horizonte (MG) É muito gratificante ver Feira de Santana, a cidade que administro pela terceira vez, ser destacada em uma publicação nacional de qualidade. São matérias sobre o artista plástico Gil Mário, criador de projetos de monumentos implantados no meu segundo governo, e sobre a comunidade São Francisco de Assis, bairro sustentável com ações da Damha Urbanizadora. Ambas dão visibilidade positiva e elevam a cidade. José Ronaldo de Carvalho Prefeito de Feira de Santana (BA) Estilo Damha | 9
  • 10. EspecialCidades Catanduva CATANDUVA, A PEQUENA NOTÁVEL Com elevado Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o município do noroeste paulista se destaca como a 44ª melhor cidade para se viver no Brasil, provando que tamanho não é documento Texto e fotos: Thatiana Miloso 10 | Estilo Damha Outubro | Novembro 2013
  • 11. EspecialCidades Catanduva Outubro | NovembroNove de Julho, no coração de Catanduva: ar de cidade do interior, mas com muitos atrativos a oferecer Estilo Damha | 11 Praça 2013
  • 12. FuturosLançamentos Catanduva Com economia pujante e indicadores sociais positivos, Catanduva se destaca no interior paulista V iajar pelo noroeste paulista pode revelar surpresas que vão muito além das belas paisagens típicas do cerrado brasileiro. No estado que leva consigo o status de mola propulsora da economia nacional, as margens das rodovias são capazes de revelar cidades que nada se parecem ao antigo e ultrapassado conceito de interior que tanto insistimos em ter em mente: nas entrelinhas desta palavra, pequeno não mais significa precário, distante não significa isolado e simplicidade não significa matutice ou timidez. Agora o interior é cool, é o lugar para quem busca a qualidade de vida e o equilíbrio que se perderam pelas ruas e becos das grandes metrópoles. Os dispositivos interioranos de cultura e lazer são bons o suficiente para atrair um número cada vez maior de pessoas que estão deixando o frenesi das capitais para viver a vida tranquila do interior. Para essa gente, cidades como Catanduva (384 Km da capital) tornaram-se ideais de vida. Com apenas 95 anos, o município coleciona atrações e indicadores bons o suficientes para deixar qualquer grande centro urbano com uma pontinha de inveja. O alto IDH avaliado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e a 44ª posição no ranking Desenvolvimento Municipal da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) são apenas alguns dos indícios de que vale a pena investir, morar ou simplesmente conhecer a “pequena notável” do noroeste paulista. A cidade que emergiu às margens do Rio São Domingos 12 | Estilo Damha e que cresceu impulsionada pela ferrovia, teve no cultivo do café uma das molas propulsoras para seu desenvolvimento econômico. Até hoje a atividade ainda é um marco de Catanduva, tendo na Cocam sua principal representante. A empresa, que diariamente presenteia a população com o aroma inconfundível da torra dos grãos, é a única fábrica do Brasil a descafeinar café verde, obtendo como subproduto a cafeína anidra purificada. O cultivo da cana-de-açúcar também é popular entre os habitantes, o que coloca a região como um dos principais polos canavieiros do estado. Mas o que os catanduvenses gostam mesmo de contar – com a boca cheia – é que o município é a “Capital Nacional dos Ventiladores”. O título é absolutamente justo: 90% dos ventiladores brasileiros são fabricados lá, e o setor é responsável por empregar 60% de toda mão de obra disponível na cidade. Se a oferta de empregos vai bem, o mesmo se pode dizer em relação à educação. São oito instituições de ensino superior, entre elas a tradicional Faculdade de Medicina de Catanduva (Fameca), que já formou milhares de médicos e contribui decisivamente com a economia local. Essa vocação para a área médica é bastante perceptível quando se anda pelas ruas do município: são tantos consultórios, hospitais (quatro) e outros dispositivos ambulatoriais que, na saúde ou na doença, é sempre bom estar por lá! Outubro | Novembro 2013
  • 13. FuturosLançamentos Catanduva (SP) Principal tela de Benedito Calixto na Matriz de São Domingos: delicadeza e sensibilidade ao retratar cenas bíblicas Nas paredes da igreja, Calixto Matriz de São Domingos guarda maior coleção de telas do artista Benedito Calixto, um dos principais expoentes da pintura brasileira do início do século XX Outubro | Novembro 2013 Estilo Damha | 13
  • 14. FuturosLançamentos Catanduva Matriz de São Domingos: de arquitetura simples e harmoniosa, igreja integra o roteiro turístico do estado de São Paulo C aminhar pelas ruas centrais de Catanduva é um exercício capaz de despertar diferentes sensações. Se, por um lado, prevalece o ar de cidade do interior, por outro, a beleza das construções, o comércio com lojas de bom gosto e a limpeza das ruas dão certo quê de lugar incomum, que não se parece nem com as pequenas nem com as grandes cidades que estamos habituados a encontrar pelo Brasil. É bem no meio desse cenário curioso que desponta a Praça da Matriz, local que guarda um dos principais tesouros da cidade: a Matriz de São Domingos. A pa14 | Estilo Damha róquia integra o roteiro turístico do estado de São Paulo não apenas pela beleza de sua arquitetura, mas também por abrigar o maior conjunto de obras do artista Benedito Calixto, um dos grandes expoentes da pintura brasileira. As 19 telas de Calixto expostas na igreja ilustram os apóstolos de Cristo e algumas das cenas bíblicas mais célebres da história do catolicismo. São verdadeiras obras de arte que saltam aos olhos dos fiéis e que impressionam pela grandiosidade, beleza e leveza dos traços. E não precisa ser expert no assunto para saber que ali encontram-se verdadeiras preciosidades da arte brasileira. Outubro | Novembro 2013
  • 15. FuturosLançamentos Catanduva (SP) As pinturas começaram a ser produzidas em 1925, ano de inauguração da paróquia, após uma visita de Benedito Calixto ao local. A presença do artista em Catanduva deveu-se a um convite do padre português Albino Alves da Cunha e Silva (1882-1973), primeiro vigário do município e homem muito à frente de seu tempo. Além da devoção às questões religiosas, o padre dedicou toda a sua vida ao desenvolvimento da cidade, contribuindo para a fundação da Santa Casa de Misericórdia (hoje chamada de Hospital Padre Albino), do Lar dos Velhos, além das faculdades de medicina, administração de empresas e educação física. Seu enorme empenho em prol do município lhe rendeu duas belas homenagens: além de ter seu túmulo abrigado na Matriz de São Domingos, padre Albino também ganhou um museu com seu nome, onde estão guardados alguns de seus objetos pessoais. Vista geral da Matriz de São Domingos, igreja que abriga o maior conjunto de obras de Benedito Calixto Outubro | Novembro 2013 Estilo Damha | 15
  • 16. FuturosLançamentos Catanduva Castelinho, casarão tombado pelo Condephaat e que funciona atualmente como Pinacoteca Municipal Objetos antigos expostos no Museu Municipal: história preservada 16 | Estilo Damha Outubro | Novembro 2013
  • 17. FuturosLançamentos Catanduva (SP) Biblioteca municipal: mais de 50 mil títulos disponíveis para a população Os museus, aliás, são uma paixão dos catanduvenses. Além do Museu Padre Albino, a cidade também conta com o Museu da Cachaça (leia texto nas próximas páginas) e com o Museu Municipal – antigo Museu da Imagem e Som –, que reúne desde artigos usados pelos heróis da Revolução de 1932 e da II Guerra Mundial até objetos de comunicação do início do século XX e pertences dos imigrantes que viveram no município. Como uma boa cidade que adora a cultura, Catanduva também sabe dar valor às letras. A Biblioteca Municipal, localizada no mesmo prédio do Museu, abriga um acervo de mais de 50 mil títulos, das mais variadas vertentes da literatura a conceituadas obras das ciências físicas e matemáticas. Esculturas, pinturas, desenhos e exposições de artisOutubro | Novembro 2013 tas locais e regionais também têm espaço garantido na cidade: periodicamente eles são expostos na Pinacoteca Municipal, também conhecida como “Castelinho”. O nome é uma alusão à arquitetura do casarão onde a Pinacoteca está instalada, localizado na Praça da Independência e construído entre 1919 e 1925. Os historiadores da cidade dizem que, ao projetar a imponente residência, o primeiro proprietário, Emílio Barrinuevo, se inspirou nos castelos medievais europeus, com suas torres e recortes monárquicos típicos das moradias dos antigos lordes feudais. O prédio foi tombado pelo Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e Turístico (Condephaat) de Catanduva em 2001, garantindo que sua história perdure por gerações e gerações. Estilo Damha | 17
  • 18. FuturosLançamentos Catanduva (SP) Jamón e cachaça, prazeres gastronômicos Catanduva é a terra da “Jamones Salamanca”, única empresa brasileira a produzir o jamón serrano, famoso presunto cru espanhol Pernis em estágio de cura na “Jamones Salamanca”: ousadia ao produzir o jamón serrano em solo brasileiro 18 | Estilo Damha Outubro | Novembro 2013
  • 19. FuturosLançamentos Catanduva Maria Teresa Bernardo Chumah, herdeira de um dos fundadores e hoje responsável pela produção do presunto cru P ara os amantes da boa comida, Catanduva também é o lugar certo para um roteiro gastronômico peculiar: a cidade é a única do país a produzir o saborosíssimo jamón serrano, embutido espanhol considerado uma das iguarias mais apreciadas da culinária internacional. A ideia de produzir o genuíno jamón foi de três irmãos espanhóis, vindos da região de Salamanca, que imigraram para o Brasil em meados da década de 1960. Depois de alguns anos fabricando embutidos como linguiças, mortadela e salsichas, eles decidiram ampliar os negócios com um plano audacioso: produzir, em solo tupiniquim, o tradicional presunto cru ibérico. O processo é tão artesanal e específico que até hoje, quase 40 anos depois do primeiro jamón produzido pelos irmãos “Salamanca”, nenhuma outra empresa brasileira ousou fabricar o alimento. Maria Teresa Bernardo Chumah, gerente de produção da “Jamones Salamanca” e filha de um dos fundadores, revela que o que torna essa iguaria tão especial é o fato de o processo de desidratação ocorrer Outubro | Novembro 2013 naturalmente. “O tempo mínimo de cura dos pernis é de 12 meses, chegando a 18 meses. Durante esse período, a temperatura das câmaras varia de -2oC até a temperatura ambiente”, conta. Atualmente a fábrica comercializa cerca de três mil peças de pernil por mês, o que equivale a 30 toneladas do produto. Essa respeitável quantia só é possível porque os herdeiros dos imigrantes espanhóis souberam não apenas preservar as raízes do negócio, mas também agregar tecnologia e alta qualidade à produção dos jamones: o processo continua artesanal, mas câmaras frias que armazenam até 5 mil peças e que permitem o controle preciso da temperatura foram fundamentais para a produção em alta escala da “Jamones Salamanca”. Além do jamón serrano, a empresa também fabrica três tipos de salame, lombo, copa e linguiça. O presunto continua sendo o carro-chefe, mas a diversificação também é importante para a expansão dos negócios. Um exemplo perfeito de que a modernização é uma ótima estratégia para manter a tradição. Estilo Damha | 19
  • 20. FuturosLançamentos Catanduva (SP) F o to : Di v ulg aç ã o No engenho ou museu, a cachaça é protagonista Pintura que retrata a produção da cachaça: história nas paredes do Engenho Santo Mario 20 | Estilo Damha Outubro | Novembro 2013
  • 21. FuturosLançamentos Catanduva (SP) O utro tour gastronômico imperdível para quem visita Catanduva é o Engenho Santo Mario, que no último mês de setembro completou 30 anos de fundação. O local, situado às margens da Rodovia Comendador Pedro Monteleone, é resultado do sonho de Mario Seghese, mais conhecido como Seo Mario, filho de imigrantes italianos que transformou a fazenda da família em um dos melhores polos produtores de cachaça de alambique do Brasil. A cana-de-açúcar usada como matéria-prima da bebida é produzida na própria fazenda, por meio de técnicas não impactantes ao solo, em uma demonstração clara de respeito ao meio ambiente. A partir dela são produzidas quatro linhas de produtos: as cachaças premium artesanais, as cachaças tradicionais, coquetéis de cachaça e licores. As bebidas são comercializadas no empório que a família Seghese mantém na fazenda. “Ao longo desses 30 anos, o objetivo de toda a família sempre foi o de conquistar o reconhecimento dos nossos clientes quanto à qualidade das bebidas do Engenho. Hoje, estamos incorporando produtos selecionados de outras marcas, como doces, massas, vinhos e embutidos, de modo a tornar nosso ponto na fazenda uma espécie de empório gourmet, com ampla oferta de sabores”, conta Mario Sérgio Seghese, filho do fundador e um dos herdeiros responsáveis pela direção do negócio. Quem visita o Engenho Santo Mario também tem a oportunidade de conhecer o Museu da Cachaça, construído ao lado do empório para receber a coleção particular de cachaças do “Seo Mario”. São mais de cinco mil garrafas produzidas por alambiques de todo o Brasil. Pitoresco, o local é reconhecido como o maior museu do tipo de todo o país, o que faz do lugar um roteiro obrigatório e imperdível para os apreciadores da mais popular bebida brasileira. ▪ Foto: Divulgaçã o Museu da Cachaça, no Engenho Santo Mario: coleção particular com mais de 5 mil garrafas. No destaque, o Empório do Engenho Santo Mario, local onde são comercializados todos os tipos de bebidas produzidas na fazenda Outubro | Novembro 2013 Estilo Damha | 21
  • 22. A LISTA DOS ORGULHOS Araraquara, a cidade onde Mário de Andrade escreveu Macunaíma, foge da preguiça do personagem principal do livro e atinge níveis de desenvolvimento econômico e social sem precedentes em sua história Textos: Rodrigo Brandão Fotos: Kris Tavares 22 | Estilo Damha Outubro | Novembro 2013
  • 23. Outubro | Novembro 2013 Vista aérea Damha | 23 Estilo da cidade
  • 24. FuturosLançamentos Araraquara (SP) O marco central do município. A ocupação urbana de Araraquara se deu ao redor da capela erguida em 1816 em louvor a São Bento, padroeiro da cidade. As feições e dimensões da atual Matriz datam de 1957 “A Ferroviária, um dia, foi imponente e gloriosa”, em referência ao período de conquistas do time de futebol. “A terra da laranja”, em alusão à Cutrale, gigante global do setor. “A cidade de Ignácio de Loyola Brandão”, sobre o escritor e cronista e sua relação com a terra natal, relatada e revisitada em livros e crônicas. É com uma dessas saudações que, geralmente, um araraquarense gostaria de ser recebido Brasil afora.. Não obstante a grandiosidade das três menções, a lista de orgulhos de Araraquara (SP) vai além. Os mais recentes aportaram, respectivamente, no final do segundo semestre de 2012 e no primeiro semestre deste ano: o anúncio da instalação de uma unidade da Random em 2017, com investimentos de R$ 500 milhões – a indústria de vagões e semirreboques canavieiros vai gerar 2.500 empregos diretos e indiretos –, e a divulgação do Atlas PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), da ONU, que coloca Araraquara com o sétimo IDH (Índice de Desenvolvimento 24 | Estilo Damha Humano) mais alto do Estado e o 14º mais alto do País. A posição privilegiada é resultado de investimentos consistentes e sistemáticos em Saúde e Educação e da diversificação da economia. Numa leitura mais ampla, é provável que a Embraer seja o símbolo desse movimento. Apesar de implantada em Gavião Peixoto, município vizinho, a companhia aeronáutica impulsionou dois setores: o mercado imobiliário de Araraquara e a abertura de indústrias de TI (Tecnologia da Informação), como a EDS, hoje HP. Na esteira do processo de industrialização, cursos técnicos, superiores e de pós-graduação foram lançados por instituições de ensino. Só a Unesp tem quatro unidades na cidade: a Faculdade de Odontologia (FO) e a Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF), no Centro; o Instituto de Química (IQ), no Quitandinha; e o campus da Faculdade de Ciências e Letras (FCL), no km 1 da rodovia que liga Araraquara a Jaú, que abriga os cursos de Administração Pública, Economia, Ciências Sociais, Pedagogia e Letras. Outubro | Novembro 2013
  • 25. FuturosLançamentos Araraquara (SP) A ferrovia foi decisiva tanto na moldagem urbana da cidade quanto no desenvolvimento econômico do município Faculdades Logatti, Uniara e Unip completam o universo acadêmico de Araraquara. Em 2011, uma década após o início das atividades da Embraer, a Big Dutchman, líder mundial na produção e comercialização de equipamentos para avicultura e suinocultura, inaugurou seu parque fabril em Araraquara. Nesse ínterim, outras empresas de destaque na geração de empregos e na arrecadação municipal se juntaram às tradicionais Lupo, Nigro, Nestlé, Iesa, Sachs e Heineken. A própria agroindústria se modernizou. A Raízen assumiu o controle da Usina Tamoio e da Usina Zanin, que compõem o setor sucroalcooleiro regional ao lado das usinas Santa Cruz (Américo Brasiliense) e Maringá. O cenário atual abrange ainda a pujança do setor de comércio e serviços (a reformulação do Shopping Jaraguá, focada na expansão, prevê a abertura de 70 novas lojas, salas de cinema de última geração e mais 900 novas vagas de estacionamento), a expressão cultural (uma vocação Outubro | Novembro 2013 inquestionável, da qual os araraquarenses não abrem mão) e um desafio que vai remodelar a cidade: a retirada dos trilhos da região central. Com o novo contorno ferroviário, abre-se uma área de mais de um milhão de metros quadrados para um novo desenho urbanístico, pautado pela ocupação sustentável e a integração do Centro com a Vila Xavier, uma espécie de segunda cidade dentro de Araraquara. Enquanto debate seu futuro urbano e sonha com um novo cartão-postal, para figurar com outros já consagrados, como a Fonte Luminosa, a Igreja Matriz e a Torre da Lupo, da antiga fábrica no Centro, retratada por Loyola em Dentes ao Sol, Araraquara prospera como jamais antes. E o mais importante: sem perder a esperança de que a Ferroviária retornará e brilhará na elite do futebol paulista, sem perder seu amor pela arborização, sem perder a exigência pela manutenção dos indicadores, sempre altos, de qualidade de vida. Estilo Damha | 25
  • 26. FuturosLançamentos Araraquara (SP) Arena da Fonte: as mulheres também jogam Arena da Fonte: um dos orgulhos do araraquarense M unicipalizado, o estádio “Doutor Adhemar de Barros” – ou Fonte Luminosa, em menção ao bairro – tornou-se o primeiro do País a atender a todas as exigências da FIFA (entidade que controla o futebol mundial). A cidade aguarda com ansiedade o retorno da Ferroviária à primeira divisão do Paulista, chance que a equipe terá a partir de janeiro de 2014, quando disputa a Série A-2. Enquanto o futebol masculino batalha para reencontrar seu lugar ao sol, o feminino tem feito bonito com a camisa da Ferroviária. Em julho deste ano, representando Araraquara nos Jogos Regionais, as “Guerreiras Grenás” conquistaram a medalha de ouro, com vitória sobre Franca nos pênaltis, na Arena. E estão na semifinal do Paulista, com vaga garantida para a Copa do Brasil de 2014, o mais importante torneio nacional de futebol feminino. 26 | Estilo Damha Outubro | Novembro 2013
  • 27. FuturosLançamentos Araraquara (SP) As coxinhas douradas de Bueno: a força da palavra P Foto: Dirlene Ribeiro Martins ara Ignácio de Loyola Brandão, o caso do Bar e Mercearia Freitas e as coxinhas douradas de Bueno de Andrada, distrito de Araraquara, revelam na prática uma convicção que o autor mantinha na teoria: a força das palavras. O Caderno 2 do Estadão de 23 de março de 2001 é inesquecível para Sônia e Freitas, proprietários do estabelecimento. Aquela edição trazia um texto que, despretensiosamente, mudaria a vida do casal. Em “As coxinhas douradas de Bueno de Andrada”, Loyola descreve o distrito. “Penso na mania que temos de dizer: ‘Ah, preciso ir à Toscana, a Toscana é linda’. Lindíssima, concordo. No entanto, aquele trecho que conduz [de Araraquara] a Bueno e Silvânia [distrito de Matão] não fica devendo”. E prossegue: “Bueno de Andrada é uma pequena vila, três ou quatro ruas, silenciosa, limpa”. Até que o texto chega à mercearia. “A coxinha me atraía. ‘Quem faz?’. A senhora respondeu, orgulhosa: ‘Eu’. Pedi uma, era saborosa, massa de batata, crocante, recheio generoso, frango desfiado em quantidade, bem temperado. Letícia, minha sobrinha, comeu duas, considerou almoçada.” Se o texto tinha em sua gênese a relação entre a ferrovia e Bueno de Andrada na infância do escritor, terminou como uma dica contra o estresse da semana e o marasmo do domingo. Araraquara, as cidades vizinhas e o Brasil, quando por aquelas bandas, aderiram ao hábito. E, apesar de recente, o passeio se tornou tradicional na região. Passando pelo Bar e Mercearia Freitas, a parada é obrigatória. Rua Cinco: as copas que se beijam A pesar do nome oficial, “Voluntários da Pátria”, em homenagem a 30 voluntários araraquarenses na Guerra do Paraguai (1864), prevalece o nome prosaico: Rua Cinco. Inicialmente Rua Alegre, consta do primeiro mapa urbano de Araraquara, datado de 1877. Em 1908, a cidade passa por um processo de reurbanização. Os oitis da Rua Cinco chegam três anos depois, em 1911. São eles que, combinados ao bucolismo e ao charme dos paralelepípedos, conferem à via a beleza que a caracteriza: o “túnel verde” se forma quando as copas dos oitis se encontram, fechando naturalmente a rua. Outubro | Novembro 2013 Um recanto verde em meio ao concreto 27 Estilo Damha |
  • 28. FuturosLançamentos Foto: Arquivo Araraquara (SP) Ao lado de Ruth Cardoso e Zé Celso Martinez, Loyola Brandão é um dos muitos nomes famosos da cidade Cultura: pensadores e artistas de ontem, hoje e sempre A lista de araraquarenses célebres na área de humanas ou na cena cultural é vasta. Pio Lourenço Corrêa, por exemplo – que pode ser menos famoso do que seus pares –, foi, além de fazendeiro, um linguista. É autor da obra Monografia do Nome Araraquara, em que defende a tradução de “Araraquara” como “Morada do sol”, e não “Cova (ou buraco) das araras”. Trocou vasta correspondência com o modernista Mário de Andrade. O livro Pio & Mário – Diálogo da Vida Inteira, que compila o conjunto de cartas, foi lançado em 2009, no SESC Araraquara, com a presença de Antonio Candido, que assinou o prefácio. Candido foi casado com Gilda Rocha de Mello e Souza, filósofa, crítica literária, ensaísta e professora universitária, que passou a infância em Araraquara. A apresentação do livro foi escrita por ela. Ruth Cardoso e Heleieth Saffioti são outros dois casos 28 | Estilo Damha de araraquarenses ilustres no ambiente acadêmico. A primeira dispensa apresentações. A segunda, socióloga, que na verdade é natural de Ibirá, mas que despontou na carreira universitária pela Unesp Araraquara, foi, em 2005, uma das 51 brasileiras incluídas na lista de indicação coletiva “1000 Mulheres” para receber o Prêmio Nobel da Paz. Wallace Leal Valentin Rodrigues foi o principal expoente daquela Araraquara efervescente. “Padrinho artístico” de gente como o escritor Ignácio de Loyola Brandão e os diretores de teatro (e irmãos) Zé Celso Martinez Corrêa e Luiz Antonio Martinez Corrêa, Wallace Leal foi diretor do Teatro Experimental de Comédia de Araraquara (TECA), um dos mais expressivos coletivos artísticos do Estado na década de 1950. Apesar de relacionado à dramaturgia, foi com o TECA que dirigiu o filme Santo Antônio e a Vaca, de 1958. Outubro | Novembro 2013
  • 29. FuturosLançamentos Foto: Divulgação Araraquara (SP) FILOSOFIA E FUTEBOL: O DIA EM QUE SARTRE E PELÉ ESTIVERAM EM ARARAQUARA Bazzani, maior ídolo da Ferroviária, e Pelé: eles se enfrentaram em 1960, naquele jogo que aconteceu no dia em que Pelé e Sartre estiveram em Araraquara. Araraquara não foi menos significativa na pintura. Mário Ybarra de Almeida e Ernesto Lia são nomes que a cidade reverencia. O pintor e artista plástico Ernesto Lia foi laureado com a Grande Medalha de Ouro, do Salão dos Artistas Unidos do Brasil, em reconhecimento à sua abrangência dentro da arte brasileira. Lívio Abramo foi um gravador, desenhista e pintor de renome internacional. Morreu em 1992, em Assunção, onde fundou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Paraguai. Baluarte da dança contemporânea, Gilsamara Moura foi diretora, coreógrafa e dançarina do espetáculo O Homem Que Odiava a Segunda-Feira, baseado no livro de contos de Loyola. Paulo Martelli foi considerado um Outubro | Novembro 2013 O filósofo francês Jean-Paul Sartre havia acabado de lançar Crítica da Razão Dialética. Interessado em se aprofundar sobre a aproximação entre existencialismo e marxismo, o filósofo Fausto Castilho, professor da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras (FFCL), posteriormente incorporada à Unesp Araraquara, enviou-lhe uma pergunta. Sartre considerou-a complexa demais: a indagação só poderia ser respondida numa palestra. Estava organizada “A Conferência de Araraquara”, como ficou conhecida. Na plateia do auditório da FFCL estavam, dentre outros, Simone de Beauvoir, Jorge Amado, Antonio Candido, Gilda Rocha de Mello e Souza, José Celso Martinez Corrêa, Bento Prado Jr., Fernando Henrique Cardoso, Ruth Cardoso, Jorge Nagle e Luiz Roberto Salinas Fortes, autor da tradução de Sartre no Brasil – A Conferência de Araraquara. Naquele mesmo domingo, 4 de setembro de 1960, o Santos, campeão do Paulista daquele ano, adentrava o campo da Fonte Luminosa com Mauro Ramos de Oliveira, Zito, Dorval, Pagão e Pelé para enfrentar a Ferroviária de Faustino, Dudu, Baiano, Bazzani e Beni. Os anfitriões foram implacáveis com os visitantes: a Ferroviária goleou o alvinegro praiano por 4 a 0. dos melhores violonistas de sua geração pelas revistas norte-americanas Soundboard Magazine e Guitar Magazine. É apontado como um dos principais especialistas em transcrições de obras do compositor alemão Johann Sebastian Bach para o violão erudito. E, finalmente, Teroca, engenheiro de formação, sambista de vocação, vem, com suas composições, conquistando o reconhecimento da crítica mais exigente do gênero. Em seu segundo e último álbum, Elos do Samba, gravou com bambas como Monarco (da Portela), Chapinha (do Samba da Vela), Zé Luiz (do Império Serrano) e Délcio de Carvalho (autor de “Sonho meu”, composto com Dona Ivone Lara e gravado por Maria Bethânia, Gal Costa e Clementina de Jesus). Estilo Damha | 29
  • 30. FuturosLançamentos Araraquara (SP) Foto: Arquivo Os girassóis: uma década de desenvolvimento urbano Um dos Residenciais Damha na cidade de Araraquara Q uando a Damha Urbanizadora anunciou pública e oficialmente sua chegada a Araraquara, no início de 2004, comunicando o lançamento do Parque Residencial Damha para o primeiro semestre do ano seguinte, a campanha publicitária que divulgava seu ingresso no mercado imobiliário local dizia, por meio de três placas de outdoor, uma ao lado da outra: “Chegamos”. “Para ficar”. “Nossa casa, sua casa”. Antes, porém, das obras de urbanização que a Damha realizou no Jardim Botânico, como a criação da Avenida Dom Carlos Carmelo e a revitalização do Bosque do Botânico, e do próprio empreendimento residencial, chamou a atenção da cidade uma esquina toda de girassóis que a empresa plantou em frente à portaria do loteamento, àquela altura ainda no papel. “A estratégia visava embelezar a região, estabelecendo um link com o próprio nome do bairro, numa preliminar do 30 | Estilo Damha projeto de transformação que tínhamos preparado para o Botânico”, relembra o diretor de Relações Institucionais do Grupo Encalso, Marcelo Eugênio da Paz, responsável à época pela implantação. Em quase uma década de atividades ininterruptas em Araraquara, a Damha Urbanizadora remodelou a região. Além do Parque Residencial Damha, vieram o Village Damha I, em 2008, e o Village Damha II, em 2011. Nesse espaço de tempo, o Jardim Botânico se tornou o vetor do desenvolvimento urbano de Araraquara. A infraestrutura da Damha beneficiou uma série de incorporadoras e construtoras que empreenderam depois. A Avenida Dom Carlos Carmelo consolidou-se como um corredor utilizado para levar ao Centro. E o Bosque do Botânico, além de dispor do novo Estádio Municipal, funciona abertamente como parque, frequentado por pessoas que praticam corridas e caminhadas. Outubro | Novembro 2013
  • 31. FuturosLançamentos Araraquara (SP) Outubro | Novembro 2013 Estilo Damha | 31
  • 32. NossaCapa Thiago Lacerda, Foto: Marcelo Corrêa Thiago Lacerda um homem de famíl ia Seja na TV, cinema ou teatro, ele esbanja talento e alça voos cada vez mais altos na dramaturgia brasileira. Em entrevista à revista Estilo Damha, o versátil galã de múltiplas faces (todas lindas) prova que, acima de tudo, é um homem de família Texto: Thatiana Miloso e Daniele Globo 32 | Estilo Damha Outubro | Novembro 2013
  • 33. NossaCapa Foto: Divulgação Thiago Lacerda Thiago como Hamlet: “Interpretá-lo foi incrível e inesquecível” Q uando Terra Nostra estreou em rede nacional, em setembro de 1999, a empatia dos brasileiros com a novela foi imediata. A história da luta dos imigrantes italianos que vieram ao Brasil em busca de uma vida melhor fisgou em cheio milhares de telespectadores que viam o drama de seus próprios pais e avós exibido para todo o país, em pleno horário nobre. Mas não foi somente a familiaridade com o enredo que fez o público – feminino, principalmente! – parar diante das telas da TV: o jovem protagonista, interpretado pelo então novato Thiago Lacerda, hipnotizou as telespectadoras com seu romântico Matteo, jovem italiano cheio de sonhos que veio ao Brasil para trabalhar nas lavouras de café. Com o desenrolar da trama, a atuação do ator convenceu e, rapidamente, ele provou que não era apenas mais um rostinho bonito que emergia em cena. DiretoOutubro | Novembro 2013 res e críticos de TV ficaram à espreita e não demorou muito para perceberem que um nome de peso surgia na dramaturgia brasileira. De lá para cá, 14 anos se passaram e muita coisa mudou na vida de Thiago Lacerda. Interpretar Matteo lhe deu visibilidade e ele soube aproveitar como ninguém cada oportunidade que bateu à sua porta. Hoje, aos 35 anos e com uma serenidade surpreendente, o ator ainda é uma estrela em ascensão. Seja na TV, no cinema ou no teatro, Thiago é absoluto. Garoto-propaganda de um novo produto da Damha Urbanizadora, ele concedeu entrevista exclusiva à equipe da revista Estilo Damha durante os intervalos da gravação da campanha publicitária, gravada na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Logo após sua chegada ao estúdio, poucos minutos foram suficientes para perceber que Thiago é daquelas pessoas cujo magnetismo contagia a todos. Estilo Damha | 33
  • 34. NossaCapa Thiago Lacerda Ao mesmo tempo em que a beleza incontestável lhe dá certo ar majestoso, o carisma e a simplicidade o fazem parecer um cara comum, como se fosse aquele velho amigo que você não vê faz tempo e que tem muita coisa para contar. Em meio a uma rotina tumultuada, a palavra pressa definitivamente parece não existir em seu vocabulário – ao menos quando se trata de um compromisso profissional: mesmo após um dia intenso de trabalho – que começou às 9h no Projac e terminou por volta das 3h30 da madrugada com as gravações para a Urbanizadora – ele ainda encontrou disposição para conversar com a revista Estilo Damha. Em quase duas horas de entrevista, o ator falou de sua carreira, personagens, aspirações, projetos futuros e família, deixando claro que, como um bom ator, tem muito a dizer. Muito mais que um galã P 34 | Estilo Damha Foto: Marcelo Corrêa ara surpresa dos fãs, a carreira de ator foi um acaso na vida de Thiago Lacerda. “Meu projeto era trabalhar em banco, nunca havia pensado em fazer teatro. Mas, de tanto as pessoas insistirem, acabei fazendo um teste e foi aí que algo realmente aconteceu comigo. Logo que terminei a primeira cena, foi como um estalo, e então descobri que era isso o que queria para minha vida”, relembra. A grande estreia na TV ocorreu em 1997, no seriado Malhação, e desde então Thiago atuou em mais de uma dezena de novelas, além de acumular no currículo uma longa lista de participações em seriados, humorísticos, minisséries e outros formatos produzidos especialmente para a televisão. Ele não tem problema nenhum em admitir que a beleza é responsável por boa parte de sua química com a TV e, sem falsa modéstia ou culpa, assume que sempre será galã nas telas da televisão. “É um veículo que tem uma estética e é impossível fugir dela. Obviamente, não aceito um papel porque o personagem é ou não galã, mas sim porque ele me desafia e me interessa. Galã é um rótulo que o cinema americano estabeleceu a partir da década de 30, e isso nunca me preocupou.” Outubro | Novembro 2013
  • 35. NossaCapa Thiago Lacerda Thiago enfatiza que é preciso entender a dinâmica de “Hamlet é o personagem mais investigado do mundo. cada meio, e a TV, como um veículo de comunicação de Interpretá-lo foi incrível e inesquecível, transformou demassa, tem um público com necessidade estética, o que finitivamente o ator que eu era. Poderíamos fazer essa dificulta romper com os velhos padrões estabelecidos. peça durante muito tempo, de milhões de formas di“A autonomia que temos na TV é menor, mesmo porque, ferentes, pois Shakespeare permite isso. A cada nova quando um ator atua neste meio, ele passa a fazer parte experiência, saímos diferentes. É o mecanismo shakesde um mecanismo que foge ao seu controle, pois a estrupeariano em que cada palavra te leva a uma próxima, é tura envolvida é muito grande. Mas confesso que, messempre um novo abismo.” mo quando atuo no teatro, onde tenho mais autonomia, A experiência com Hamlet – que saiu de cartaz no últinão procuro romper com minha estética, não tento fugir mo mês de junho – foi tão intensa e profunda que Thiago disso. É por isso que meu Hamlet foi bonito, meu Calígula já tem planos de interpretar nos palcos mais um personafoi bonito. Minha única preocupação é contar histórias gem do dramaturgo inglês. Os detalhes ainda são guarque me interessem, que me deem tesão independente dados a sete chaves, mas o ator adianta que a nova do meio onde elas estejam.” produção também será dirigida pelo renomado Embora o meio não seja o fator crucial na diretor Ron Daniels, responsável por trazer hora de aceitar um papel, a autonomia Hamlet ao Brasil. O projeto ainda não “Interpretar permitida no teatro e a oportunidade tem data para sair do papel, mas ele Hamlet foi de levar para os palcos personagens garante que a peça está de pé. “Por nada convencionais atingiram em o que posso dizer incrível e inesquecível, enquanto, sim este projeto, só é que cheio o âmago do ator. A investigavou fazer precitransformou ção – a qual prefere chamar de “carso organizar minha vida para que o pintaria” – envolvida na construção teatro não atrapalhe a TV e a TV não definitivamente do personagem, a possibilidade de atrapalhe o teatro.” o ator que provocação e interação com o públiA TV, no caso, é a novela Joia Rara, co, além de todo o processo de leitura que estreou na Rede Globo no último eu era.” e experimentação envolvido, seduziram mês de setembro. Na trama de Thelma Thiago. “O que pega de mais maravilhoso é a Guedes e Tuca Rachid, ele interpreta o openecessidade que o ator tem de fazer teatro, é quarário Toni, terceiro personagem italiano de sua carse uma obrigação técnica. Ao mesmo tempo, representar reira. “Embora ele não esteja na trama central da novela, sobre os palcos permite uma autonomia única. Como é é um personagem maravilhoso”, conta Thiago. Além do que eu vou conseguir convencer a Globo de que quero interesse pelo personagem, um dos motivos que levou o interpretar Macbeth, de Shakespeare, por exemplo? No ator a aceitar o convite para atuar na novela é o fato de teatro eu consigo reunir pessoas, elaborar um projeto e ela ser dirigida por Amora Mautner, com quem ele ansialevar isso em cena, o que é maravilhoso.” va por trabalhar. “Para mim, o que a Amora tem feito é E ele provou que realmente tem talento para isso. Nos uma das coisas mais interessantes que acontecem hoje últimos anos, Thiago Lacerda interpretou nos teatros na televisão brasileira. Sua proposta de fazer televisão brasileiros personagens complexos e grandiosos como é revolucionária, e seus dois últimos trabalhos provaram Calígula, em uma readaptação da peça de Albert Caisso. Se Joia Rara tiver a metade do que teve a novela mus, e Hamlet, de William Shakespeare, na obra consiCordel Encantado [também dirigida pela Amora], já fico derada pelo ator o texto mais importante do Ocidente. muito feliz. Ela é realmente uma figura especial.” Outubro | Novembro 2013 Estilo Damha | 35
  • 36. NossaCapa Thiago Lacerda No cinema, um épico O estava fazendo para observar o personagem em cena.” O filme recém-chegado aos cinemas conta com um elenco de peso, com nomes como Fernanda Montenegro, Marjorie Estiano, Mayana Moura e Vanessa Loés. Na data da entrevista para a revista Estilo Damha, o ator ainda não havia assistido ao longa-metragem, mas a expectativa era a melhor possível. “Tenho certeza de que será um bom filme, principalmente porque foi fiel à obra de Erico Veríssimo.” Com um rol tão grande de papéis de destaque na TV, cinema e teatro, foram tantos personagens marcantes que Thiago não conseguiria eleger seu preferido. Ele reconhece que o italiano Matteo, primeiro protagonista, mudou sua vida. “Da mesma forma que Irmãos Coragem e Roque Santeiro, Terra Nostra foi um marco para sua época, e a repercussão do Matteo foi algo realmente incrível. Terra Nostra pontuou uma época. Por outro lado, há também outros personagens especiais, como o Garibaldi, que sempre foi o meu hobby.” Foto: Divulgação nipresente, não foi só na TV que Thiago Lacerda entrou “em cartaz”. Em setembro ele também chegou às telas do cinema com o filme O Tempo e o Vento, adaptação de Jayme Monjardim da célebre obra de Erico Veríssimo, O Continente. No longa-metragem que narra a história da luta das famílias Terra Cambará e Amaral – e a consequente formação do Rio Grande do Sul – Thiago interpreta o herói Capitão Rodrigo, personagem que até hoje é considerado um dos mais marcantes da literatura brasileira. “Tenho certeza de que qualquer homem que eu conheço gostaria de ser o Capitão Rodrigo; ele é um desses personagens que exercem um fascínio mágico nas pessoas. Quando eu estava no set de filmagem e incorporava o Capitão, desde o figurino até o jeito com que fumava seu palheiro, sentia que todas as pessoas lá presentes estavam comigo. Até o cachorro que visitava diariamente o set [e o qual Thiago acabou adotando] parava tudo o que Capitão Rodrigo, personagem de Thiago Lacerda em O Tempo e o Vento: herói fascinante 36 | Estilo Damha Outubro | Novembro 2013
  • 37. NossaCapa Foto: Divulgação Thiago Lacerda Antes de interpretar Giuseppe Garibaldi na minissérie A Casa das Sete Mulheres, exibida pela Globo em 2003, ele conta que o interesse pelo general italiano era tanto que houve uma época em que dedicava suas horas vagas para estudar a biografia do herói da Revolução Farroupilha. “Sempre achei Garibaldi fascinante, estudava a vida dele. Mas Hamlet e Calígula também são extraordinários, então, é muito difícil escolher apenas um personagem, pois cada um tem sua especificidade.” Mesmo com um currículo tão vasto e diversificado, a verdade é que Thiago Lacerda nunca se preocupou em se reinventar como artista para se adaptar às particularidades dos diferentes meios e personagens. Ele garante que sua versatilidade é resultado de uma inquietação constante por novas experiências e que sua única preocupação como ator é procurar papéis desafiadores, que o estimulem a estar na frente das câmeras ou mesmo sobre os palcos. “Nunca me conformo com o que já fiz, quero sempre um papel mais interessante, e é assim que encaro meu trabalho. Não se trata de querer me reinventar, mas sim de querer fazer coisas que me instiguem. Não gosto da ideia de me acomodar, e acho que é isso que me leva sempre para frente.” Dono de opiniões fortes e um humor um tanto sagaz, Thiago defende com unhas e dentes que um ator que se recusa a investigar caminhos é um ator que não entende seu papel. “O ator tem que estar em todos os lugares, tem que fazer tudo: dublagem, locução, evento em praça pública. Eu tenho que sair do Projac e fazer uma campanha como esta para a Damha, isto faz parte do meu mecanismo, da minha roda. É assim que entendo a profissão.” Na novela Joia Rara, ele faz o operário Toni, terceiro personagem italiano de sua carreira Outubro | Novembro 2013 Estilo Damha | 37
  • 38. NossaCapa Foto: Divulgação Thiago Lacerda Thiago contracena com Fernanda Montenegro no épico O Tempo e o Vento, filme recém-chegado às telas do cinema Casamento, filhos e fama E mbora a enorme quantidade de compromissos profissionais torne a rotina de Thiago um pouco caótica, ele consegue encontrar paz e tranquilidade quando está em casa, junto com a família. Casado há 12 anos com a atriz Vanessa Lóes, o ator é pai de Gael e Cora, 4 e 2 anos, respectivamente. Sobre o casamento que já dura mais de uma década – algo um tanto incomum num meio em que os relacionamentos parecem ser tão voláteis – ele é absolutamente sincero ao admitir que nem tudo são flores na vida a dois. “O casamento é maravilhoso enquanto dura, mas é uma loucura como todo casamento. Temos todos os problemas que qualquer casal tem, e acho que, enquanto existir um plano em comum, uma parceria, amor e tudo o mais, as coisas caminham. Mas não acho que as relações no meio artístico durem menos; o que acontece é que estamos na mídia e, quando acontece algo que não é legal, todos ficam sabendo. É um leão por dia e, se não correr atrás, a casa cai.” Num mundo cibernético em que os smartphones permitem a qualquer um fotografar e gravar vídeos de tudo e de todos, Thiago até que consegue, na medida do possível, manter seus filhos e seu relacionamento com Vanessa longe dos holofotes. O segredo para isso? “O grande lance é não fazer da minha vida pessoal o meu negócio, e tem muita gente que faz exatamente isso. Eu vivo de contar histórias e meus filhos não têm nada a ver com isso. Minha preocupação é estar aqui pelos motivos certos, minha profissão é outra, não é exibir ninguém, não é tomar champanhe de roupão e colar de rubi.” Sim, Thiago é avesso à ideia de um mundo supérfluo 38 | Estilo Damha que muitos tentam associar à vida das celebridades e, com certa pitada de ironia, diz entender esse tipo de trabalho, mas que simplesmente não compactua com ele. E quando se trata de Thiago Lacerda, impossível não perguntar qual o segredo para manter a boa forma, tão apreciada cada vez que ele aparece nas telas da TV, cinema ou mesmo sobe aos palcos. Modesto, parece não concordar com o elogio. “Tenho me cuidado muito mal, não acho que estou em boa forma. Desde que meus filhos nasceram tenho tentado me encaixar na loucura que minha vida se transformou. Quando não estou trabalhando, estou com meus filhos. E quando não estou com eles, estou com minha mulher, então não sobra tempo para me cuidar. É claro que isso não está certo, porque depois dos 35 o buraco é mais embaixo.” Com um tom de culpa, Thiago assume que precisa adotar uma alimentação mais saudável e que voltar a praticar natação, esporte ao qual dedicou boa parte da infância e adolescência, está nos planos. “Às vezes, a responsabilidade que tenho com meu trabalho é maior do que a responsabilidade que tenho comigo mesmo, e isso não é legal. Preciso repensar tudo isso e me cuidar mais.” Com a vida pessoal e beleza colocadas em pauta, finalizamos a entrevista. Ao final de quase duas horas de uma conversa deliciosa, algo ficou bastante claro: dono de uma personalidade intensa e com um profissionalismo que chega a espantar, o ator merece cada degrau que venceu rumo a sua escalada para o sucesso. Que venham mais papéis, mais desafios e mais Thiago Lacerda com bons personagens para encantar o público. ▪ Outubro | Novembro 2013
  • 39. NossaCapa Thiago Lacerda Outubro | Novembro 2013 Estilo Damha | 39
  • 40. ColunaComportamento Mara Behlau SEJA O CHEFE QUE VOCÊ GOSTARIA DE TER TIDO Fotos: Divulgação Encontro com James Hunter T ive o privilégio de ser palestrante na 15ª CONESCAP, em Gramado (RS), o maior evento dos empresários de serviços, promovido pela FENACON, cujo tema foi “Credibilidade, sensibilidade e visão estratégica”. Para mim, o interesse dessa categoria no poder da comunicação para os negócios foi tanto uma honra quanto um grande desafio. A responsabilidade de falar para essa plateia aumentou ao saber que dividiria o dia com James Hunter, autor de O Monge e o Executivo, best-seller sobre liderança. Conversei mais de duas horas com ele, sobre o desafio, as agruras e a responsabilidade de ser líder em casa e no trabalho. Dr. Hunter tem uma conversa leve, com atitude comunicativa perfeita: fala simples, sorriso nos lábios e olhar de quem já viu de tudo e continua com esperança. Falar difícil é fácil! O difícil mesmo é falar fácil e transmitir uma mensagem clara. Como consultora em comunicação, percebo que muitas vezes as pessoas complicam para parecerem importantes, enquanto o ideal é simplificar! Quero aproveitar este espaço privilegiado na revista Estilo Damha para destacar alguns pontos do que aprendi com James Hunter, nessa conversa que ficará registrada, em minha memória e em meu coração, como um momento especial. Essa foi a 22ª visita do Prof. Hunter ao Brasil, que já fez conferências em 28 cidades brasileiras, desde 2005, logo após seu livro ter sido publicado em português. O Prof. Hunter destacou que nada é mais poderoso do que uma ideia cujo momento finalmente chegou, e este é o momento da liderança servidora. Liderança é um grande problema no mundo atual. As pessoas demandam liderança, e as ideias para resolver esse problema, veiculadas em seu primeiro livro, são conhecidas há mais de dois mil anos. O Prof. Hunter diz que apenas reuniu ideias de filósofos, pensadores e religiosos em um livro, por meio de uma metáfora, para deixar um legado à sua família, principalmente ao perceber a fragilidade de nossa existência e o fato de ter uma filha pequena. Essas ideias, embora sejam milenares, fazem sentido nos dias de hoje e precisam ser relembradas constantemente. A principal mensagem é a de que não somos perfeitos, não somos os melhores cônjuges, empresários, gerentes, filhos, mas temos de ser melhores a cada dia. A busca pela qualidade humana deve ser um marcador essencial. A liderança servidora é dar ao outro, não o que ele quer, mas, sim, tudo o que precisa. É essencial reconhecer a necessidade de nossos filhos, familiares, amigos, colaboradores e fazer de tudo para contemplar o que é preciso para o desenvolvimento de cada um. Isso exige enorme trabalho, e a maior parte das pessoas tem preguiça de fazê-lo, por esse motivo, são poucos os líderes servidores. Os elementos básicos desse tipo de líder são: respeito, paciência, gentileza, humildade, generosidade, honestidade e dizer a verdade sobre a performance de seus colaboradores. Concordar com isso é fácil, porém, é muito difícil colocar em prática tais qualidades e os princípios de liderança: ouvir melhor, comunicar melhor e agir de forma respeitosa em relação aos outros. Liderança é caráter em ação, é fazer a coisa certa, mesmo quando você não quer. Não se nasce um líder servidor; isso é uma escolha e, para tanto, você tem de ultrapassar as necessidades de seu ego. Gerenciamento é o que você faz, liderança é sobre quem você é. A universidade não o ensinará a ser líder. Um bom gestor não será necessariamente um grande líder, e muitos grandes líderes são gestores muito limitados. Mara Behlau – Fonoaudióloga e doutora em Distúrbios da Comunicação Humana, consultora e coach certificada pelo Neuroleadership Group (NLG). Professora de Comunicação para Negócios no INSPER e também docente do Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana na UNIFESP. Qualificada no instrumento Emotional Quocient Inteligence – EQi-2.0. 40 | Estilo Damha Outubro | Novembro 2013
  • 41. ColunaComportamento Mara Behlau Registro do meu encontro com James Hunter Liderança é diferente de poder, liderança é autoridade. Autoridade é a habilidade de as pessoas realizarem a sua vontade, de bom grado, por sua influência pessoal. Quando alguém com autoridade fala, as pessoas o seguem, por serem inspiradas. Autoridade não é cargo! Liderança é amor, e amor não é algo que você sente, como estar apaixonado. O verdadeiro amor trata do que você faz, sua atitude: é o ato de dedicar-se aos outros, de identificar e atender às necessidades legítimas do outro. Você sabe que foi um bom líder quando deixa as pessoas melhores do que as encontrou. O que nos impede de ser um líder servidor? Principalmente preguiça e procrastinação. James Hunter escreveu Outubro | Novembro 2013 seu primeiro livro em seis semanas, seu segundo, em seis anos e o terceiro, a ser lançado nos EUA e no Brasil no final deste ano, levou oito anos para ser finalizado. Na nova obra os personagens do primeiro livro retornam ao monastério, para serem questionados por Simeon sobre as mudanças que se comprometeram a fazer em suas vidas. Esse livro explora o quanto é difícil mudar, pois ter apenas intenção, sem ação de mudança, não leva a nada. Seja o chefe que você gostaria de ter tido e ajude os que estão à sua volta a crescerem, desenvolvendo uma liderança servidora, independentemente do cargo e posição que ocupa na sociedade. A mensagem é clara, simples e inspiradora! ▪ Estilo Damha | 41
  • 42. Turismo Londres Fotos: Divulgação Torre que abriga o Big Ben, o relógio mais famoso do mundo LONDRES, MUITO ALÉM DA TERRA DA RAINHA A charmosa cabine telefônica que resiste ao tempo e continua sendo um dos principais símbolos de Londres 42 | Estilo Damha Foto: Beatriz LVM Outubro | Novembro 2013
  • 43. Turismo Londres Palácio de Buckingham, residência oficial da rainha Elizabeth II Com passeios e programas para todos os gostos e bolsos, a cosmopolita capital do Reino Unido é o destino perfeito para uma viagem inesquecível Texto: Thatiana Miloso Millennium Bridge com a St. Paul’s Cathedral ao fundo: a fusão perfeita do novo com o antigo Outubro | Novembro 2013 Estilo Damha | 43
  • 44. Turismo Londres O majestoso Palácio de Westminster, que abriga as Câmaras do Parlamento do Reino Unido C om o nascimento de George Alexander Louis, ou simplesmente bebê real, os holofotes do mundo se voltaram mais uma vez para Londres, a esfuziante capital da Inglaterra. Mas a cidade, cosmopolita por natureza, definitivamente não precisa do (simpático) príncipe William ou de Kate Middleton, nem de toda a pompa da realeza, para ganhar atenção planetária. A cada rua, a cada esquina e, se possível, a cada pub, Londres é capaz de revelar surpresas incríveis, num cenário em que a charmosa arquitetura vitoriana se funde harmoniosamente com os imponentes edifícios pós-modernos, símbolos do poderio econômico inglês. Como dizia Samuel Johnson, um dos principais pensadores britânicos, “quando um homem se cansa de Londres, ele está cansado da vida”. Clichê ou não, a frase traduz perfeitamente o sentimento que a capital do Reino Unido é capaz de despertar em seus visitantes – até mesmo os mais céticos. Se Londres está nos seus planos de viagem e você é daqueles que gosta de bater perna e esmiuçar seus destinos turísticos, é bom reservar ao menos cinco dias para conhecer a joia da coroa britânica. Embora o lado B da cidade seja interessantíssimo, vale muito a pena começar explorando seus principais cartões-postais, até porque 44 | Estilo Damha muitos deles estão próximos uns dos outros e caminhar entre eles é um exercício delicioso para os olhos e para a alma. Se o metrô for seu meio de locomoção, a estação Westminster é o seu ponto de parada – e, ao mesmo tempo, o ponto de partida para uma jornada inesquecível na terra da rainha! Do lado de fora da estação, é impossível não se impressionar com a grandiosidade do Palácio de Westminster, também chamado de Houses of Parliament, local onde estão instaladas as duas Câmaras do Parlamento do Reino Unido. O suntuoso prédio milenar de estilo neogótico, com mais de mil salas, cem escadarias e cinco quilômetros de corredores, abriga a Elizabeth Tower, popularmente conhecida como Torre do Big Ben. Todos os dias, milhares de turistas param diante do maior relógio da Inglaterra para ouvir as badaladas do famoso sino, que a cada hora ecoam pela capital inglesa. Muitos britânicos e até mesmo os turistas que visitam a cidade consideram o Palácio de Westminster muito mais majestoso que o Palácio de Buckingham, residência oficial da rainha. Não é para menos: a sede do Parlamento realmente impressiona e se impõe como uma verdadeira obra-prima edificada às margens do Rio Tâmisa . Outubro | Novembro 2013
  • 45. Turismo Foto: Divulgação Londres A poucos metros dali, está a Abadia de Westminster, principal igreja da Inglaterra e famosa por ser o palco de acontecimentos históricos como a coroação da rainha Elizabeth II e os casamentos da realeza britânica. Com 18 libras é possível visitar o interior do templo gótico e conferir de perto a beleza de suas obras de arte e até mesmo os túmulos dos antigos reis e de personalidades como Charles Darwin e Isaac Newton. Após o tour pela Abadia, vale a pena dar uma esticadinha e caminhar até o Palácio de Buckingham. O percurso é charmoso e há a opção de cruzar o St. James’s Park, um cinturão verde de 23 hectares cravado no coração de Londres e conhecido por ser o mais antigo parque real da capital inglesa. Como é de praxe na cidade, o parque é muito bem cuidado, cheio de flores, cisnes e gaivotas que povoam seu lago central. Você ainda pode ter a chance de tirar uma foto com os exóticos e enormes pelicanos que ficam nas redondezas da lagoa, à espera da generosidade dos turistas que os alimentam com restos de pães e outros quitutes que podem ser comprados no percurso. Mas atenção: alimentar aves e alguns outros animais nas ruas e parques de Londres pode render uma multa salgada. Na dúvida, Outubro | Novembro 2013 melhor deixar os cidadãos londrinos alimentarem os bichinhos. A caminhada pelo St. James é um passeio e tanto, mas se a sua intenção é assistir à Troca da Guarda da rainha, que acontece na frente do Palácio de Buckingham, fique de olho no relógio. Entre os meses de maio e julho, a badalada cerimônia acontece diariamente às 11h30, e a pontualidade é mesmo britânica. Nos demais meses do ano, a cerimônia acontece no mesmo horário, dia sim, dia não. Como esse ainda é o evento de Londres que mais atrai turistas, a dica para garantir um bom lugar é chegar com pelo menos uma hora de antecedência. Terminada a Troca da Guarda, aproveite para apreciar o Palácio e, quem sabe, visitar seus belos jardins e salões de Estado. Para isso é preciso desembolsar a bagatela de 70 libras, com direito a uma taça de champanhe. Claro que não é barato, mas, como diriam muitos por aí, tomar uma taça de champanhe na residência oficial da rainha não tem preço. Tour completado, parabéns, seu batismo em Londres está feito. Agora é organizar os dias de acordo com seus interesses e continuar explorando o que de melhor a capital inglesa tem a oferecer. Pode apostar: a cada novo passeio você vai ficar cada vez mais apaixonado pela cidade! Estilo Damha | 45
  • 46. Turismo Londres Foto: Beatriz LVM London Eye, o novo cartão-postal London Eye, a imensa roda gigante que oferece uma das melhores vistas da cidade N a verdade, a enorme roda gigante situada na margem sul do Tâmisa – bem próxima ao Parlamento – não é tão nova assim, já que foi inaugurada em 1999, como um dos projetos construídos para marcar a passagem do milênio na capital inglesa. Mas o que são 14 aninhos para uma cidade que foi fundada por volta de 43 d.C.? E se você ouviu dizer que essa atração é “apenas” uma roda gigante, com certeza a pessoa que lhe contou isso nunca embarcou nela. Com 135 metros de altura, a London Eye permite ao turista o acesso a uma das melhores 46 | Estilo Damha e mais exuberantes vistas de Londres. Suas grandes cabines de vidro fixadas à engrenagem se movimentam de acordo com a rotação da roda, oferecendo aos visitantes uma incrível vista em 360o da capital inglesa, com um raio de visão que atinge a respeitável marca de 40 quilômetros. Cada cabine conta com um mapa interativo que ajuda o público a identificar os principais prédios, palácios e museus que podem ser avistados das alturas. A volta completa na roda gigante tem duração de 30 minutos e o valor do ticket para adultos é de, aproximadamente, 20 libras. Outubro | Novembro 2013
  • 47. Turismo Fotos: Divulgação Londres Cores e sabores do Borough Market, mercado de rua mais antigo da capital inglesa Saindo da London Eye, você pode aproveitar para dar uma caminhada pela margem do Tâmisa até a London Bridge (sentido leste), um passeio cheio de surpresas que muitos turistas acabam não fazendo. Além de inúmeros bares e restaurantes descolados, é possível apreciar no trajeto preciosidades como o Tate Modern Museum e o Shakespeare’s Globe Theatre, construção de 1599 que teve William Shakespeare como um de seus sócios – e onde, fatalmente, foram representadas peças como Hamlet e Rei Lear. Bem em frente ao Tate Modern está a Millennium Bridge, ponte suspensa pedonal inaugurada no ano 2000. Sua estrutura em aço e suas linhas futuristas são um prato cheio para arquitetos, designers e engenheiros que gostam e sabem apreciar as grandes obras da construção civil. Se essa ponte lhe parecer familiar, não estranhe: a Millennium Bridge faz uma ponta no filme Harry Potter e o Enigma do Príncipe, aparecendo nas telas logo no início do filme, quando é destruída pelos Comensais da Morte. Para sorte de todos, tudo não passou de efeitos especiais, e a ponte continua linda e imponente sobre as águas calmas do Tâmisa. Uma vez atravessada a Millennium Bridge, vale a pena dar uns passos a mais e ir até a St. Paul’s Cathedral, igreja Outubro | Novembro 2013 anglicana do século XVII que é a sede do bispo de Londres. Com a segunda maior cúpula do mundo, a catedral foi palco do casamento do príncipe Charles com a princesa Diana e até hoje é considerada uma das construções mais belas da capital inglesa. De volta à margem sul do rio e antes que você pense em se cansar, um pouco mais adiante do Tate Modern está a Clink Street, uma ruazinha estreita e pitoresca que é uma das vias de acesso ao Borough Market, o mercado de rua mais antigo de Londres. Cravado sob um viaduto ferroviário, o mercado de 1276 não é, digamos, glamoroso como Covent Garden, o que (felizmente) mantém a multidão de turistas longe de suas barracas cheias de cores, aromas e sabores incríveis. E se os turistas não são tão comuns por lá, o mesmo não se pode dizer das celebridades do mundo da gastronomia: não estranhe se, entre uma gôndola e outra, você esbarrar em chefs renomados como Jamie Oliver e Nigella Lawson, figurinhas carimbadas que frequentam o Borough Market em busca de ingredientes especiais para seus pratos deliciosos e exclusivos. De cogumelos gigantes a frutas frescas, queijos gourmets a salames e peixes, o mercado é uma atração e tanto para quem pretende explorar um pouco do lado B londrino. Estilo Damha | 47
  • 48. Turismo Londres No meio do caminho, um castelo P fortaleza medieval em plena área central de Londres é olhar para a outra margem do Tâmisa e observar os edifícios futuristas que compõem a paisagem, como a sede da prefeitura londrina (The Hall) e o 30 St. Mary Axe (chamado pelos britânicos de “pepino”, graças à sua singular volumetria). É a fusão perfeita entre o novo e o antigo, entre o cosmopolita e o medieval, num cenário que só Londres é capaz de oferecer com tanta intensidade aos seus visitantes. Foto: Beatriz LVM erto do Borough Market, ainda no bairro de Southwark, está a Tower Bridge, outro cartãopostal de Londres construído sobre o Tâmisa. Para quem está na margem sul do rio, a ponte báscula e suas duas torres de estilo gótico vitoriano são a porta de entrada para a Tower of London, castelo de 1078 que abrigou antigos reis da Inglaterra e que hoje, entre outras atrações, guarda as Joias da Coroa Britânica. Tão surpreendente quanto se deparar com uma 48 | Estilo Damha Tower Bridge, a ponte báscula com suas torres góticas se erguem imponentes sobre o Tâmisa Outubro | Novembro 2013
  • 49. Foto: Divulgação Shop, shop, shop! Turismo Londres Fachada da Selfridges, loja de departamentos que é um dos endereços mais cobiçados da Oxford Street A esta altura, você já deve estar pensando que o verbo comprar não combina de jeito algum com Londres, já que a moeda londrina vale quase quatro vezes mais que o real. Okay, fique claro que não estamos falando de alta costura, mas a verdade é que a cidade britânica é uma das mais democráticas do mundo quando se trata de compras. Nesse universo consumista conhecido também como o delicioso ponto fraco dos simples mortais, a Oxford Street impera como deusa absoluta, tanto para quem busca preços acessíveis quanto para quem sonha com as marcas de luxo disponíveis nas lojas de departamentos. Logo no início da badalada rua, bem pertinho da estação de metrô Oxford Circus, já é possível ver as fachadas de templos do high street como Topshop, Zara, H&M, Mango e Next, lojas que trazem as principais tendências da estação com preços acessíveis e que frequentemente lançam coleções em parcerias com estilistas tops. Um pouco mais adiante estão outros símbolos do fast fashion inglês: Monsoon, Marks & Spencer, John Lewis, Accessorize (com preços bem bacanas, diferente das lojas inauguradas no Brasil), The Body Shop (produtos incríveis para o corpo), Primark, entre tantas outras. Sobre a última, vale falar que a rede de loja de departamentos, originária da Irlanda, tem preços incrivelmente baratos. Muitos itens fashion custam de 1 a 15 libras, incluindo roupas de bebês, vestidos, blusas, calças, lingerie e acessórios como brincos, anéis, cintos e cachecóis. Obviamente, a loja está sempre lotada, mas se você tem paciência, vale muito a pena. Muito mesmo. Outubro | Novembro 2013 Continuando as andanças pela Oxford Street, a Selfridges é uma atração à parte no endereço consumista mais cobiçado de Londres. Famosa por suas vitrines maravilhosas, a loja de departamentos é o lugar para quem quer (e pode) comprar marcas de luxo como Alexander McQueen, Azzedine Alaïa, Chanel, Céline, Christian Louboutin, Fendi, Givenchy, Hermès, Jimmy Choo e várias outras. Naturalmente, muitas das lojas citadas vendem os néctares dos deuses aos quais chamamos de cosméticos. Mas a dica para pagar menos é comprar cremes e maquiagem em redes de farmácias como a Boots e a Superdrug (ambas presentes na Oxford Street). Nelas é possível adquirir perfumes de todos os tipos e produtos de marcas como Bourjois, L’Oréal, Clarins, Chanel, Max Factor, Maybelline, entre outras, a preços realmente ótimos. Agora se o seu budget é mais alto, vale a pena dar uma esticadinha até a Brompton Road, em Knightsbridge, e dar uma boa olhada na Harrods, a mais luxuosa loja de departamentos não apenas de Londres, mas também do mundo. Suas seções vão desde a moda das passarelas a móveis, brinquedos, enxovais e muita, muita comida boa nos 32 restaurantes espalhados pela megastore. Para quem é ligado em moda, a Harrods recebe coleções exclusivas de nomes como Alexander McQueen, Emilio Pucci, Balmain, Proenza Schouler, Armani, Marc Jacobs, Dior, Dolce & Gabbana e todos os outros “deuses” da alta costura. Se os preços astronômicos não lhe atraem, a loja em si já é uma atração turística à parte, e perambular pelos seus 330 departamentos é um passeio imperdível. Estilo Damha | 49
  • 50. Turismo Foto: Divulgação Londres Punks em Camden Town, expressão da contracultura Camden, o reduto punk N ão é novidade que Londres foi uma das cidades do mundo onde o movimento punk se fez mais presente, como uma expressão da contracultura e uma reação ao espírito paz e amor dos hippies. Com o tempo, o movimento perdeu força, mas até hoje a cultura punk está estampada na capital inglesa, tendo no distrito de Camden Town seu principal reduto. Em meio a mercados que vendem desde antiguidades a discos de vinil e roupas alternativas, é possível andar lado a lado com jovens munidos de toda a indumentária punk: dos cabelos moicanos aos jeans rasgados e coturnos desbotados. 50 | Estilo Damha Outubro | Novembro 2013
  • 51. Turismo Foto: Divulgação Londres Nacional Gallery, obras de Da Vinci, Botticelli, Monet e Van Gogh estão entre as atrações do museu cravado na Trafalgar Square Efervescência cultural P oucas cidades no mundo são capazes de proporcionar uma experiência cultural tão intensa quanto Londres. Não só pelo fato de ela ter se transformado numa grande babilônia – onde é comum observar nas ruas desde mulheres vestidas de burca até chinesas ultradescoladas –, mas também porque oferece uma infinidade de atrações culturais da melhor categoria. Para explorar esse lado da capital inglesa, o Piccadilly Circus, praça localizada no cruzamento da Regent Street com a Shaftesbury Avenue e Piccadilly Street, é sua porta de entrada para os teatros do West End londrino. Musicais como Fantasma da Ópera, Billy Elliot, Mamma Mia, O Rei Leão, We Will Rock You e muitos outros ficam constantemente em cartaz, e os preços costumam variar entre 20 e 50 libras. Para quem é fã de museu, Londres também é a cidade certa. São tantas opções e tanta coisa legal para ver Outubro | Novembro 2013 que é difícil fazer uma seleção. No British Museum, os visitantes têm a chance de fazer uma imersão completa na cultura mundial: são mais de 13 milhões de peças históricas de toda a humanidade, e a entrada é gratuita. Para os apreciadores da arte moderna, o Tate Modern é perfeito. Instalado em uma usina elétrica desativada, ele também tem entrada gratuita e abriga grandes obras de Pablo Picasso, Umberto Boccioni e muitos outros artistas. Os turistas que escolherem a National Gallery também não irão se decepcionar. Com um acervo de 2,3 mil pinturas de artistas como Leonardo Da Vinci, Botticelli, Caravaggio, Raphael, Michelangelo, Monet e Van Gogh, o museu de estilo neoclássico é considerado uma das mais importantes galerias de arte do mundo. Ele está cravado na Trafalgar Square, e sua entrada é gratuita. Se quiser esmiuçar melhor esse universo, o site www. reino-unido.net/london/museus.htm pode ser uma boa fonte de consulta. Estilo Damha | 51
  • 52. Turismo Londres Foto: Beatriz LVM One pint, please! P ara terminar nosso tour pela capital inglesa, não poderíamos deixar de falar dos charmosos pubs londrinos. Os ingleses a-d-o-r-a-m cerveja; não é a toa que existem cerca de 4.500 pubs espalhados pela cidade. A versão mais comum é, de longe, a pint (copo de 568 ml, valor médio de 3,50 libras), e os estilos larger e ale são os mais consumidos. Se você ficar perdido com tantas opções e tantos nomes diferentes, a Guinness sempre é uma boa opção, e na Inglaterra seu preço é igual ao de qualquer outra cerveja (nos supermercados, inclusive, a lata custa 1 libra). Sugestão de pub? São tantas opções legais e interessantes que é difícil selecionar uma. O Waxy O’ Connor’s (pertinho da Leicester Square) e o Punch Bowl, em Mayfair, são ótimas escolhas. Mas a dica é escolher um gastropub (como os dois citados), pois a cerveja inglesa é mais forte que a brasileira, então, recomenda-se beber com o estômago cheio. Pub combina muito com fish & chips, o tradicional – e delicioso – prato inglês. Para finalizar nosso tour em Londres, uma dica importante: nos pubs da Inglaterra não se pede a bebida para os garçons. Para pegar sua cerveja você precisa ir até o balcão e pagar copo por copo. E não se esqueça: esses tradicionais bares fecham entre meia-noite e uma da manhã, então chegue cedo se quiser apreciar uma típica noite londrina. Boa viagem! ▪ Fish & chips, o tradicional prato londrino 52 | Estilo Damha Outubro | Novembro 2013
  • 53. ColunaAutomóveis Joel Silveira Leite Fotos: Divulgação O MAIOR SALÃO DE AUTOMÓVEL DO MUNDO A Carro que anda sozinho, motores potentes, híbridos e conceitos. Veja as tendências que Frankfurt aponta para o mundo do automóvel ntigamente, o carro conceito era um simples experimento, uma tentativa, na maioria das vezes frustrada, de prever o futuro; era a criatividade sem limites dos engenheiros e projetistas da indústria automobilística, sem a pressão dos marqueteiros, que reprimem a imaginação dos artistas em prol da viabilidade comercial do produto. Hoje, com a tecnologia avançando com rapidez internética, o carro conceito deixou de ser um sonho. Ele aponta não o futuro da indústria, mas o que o consumidor vai usufruir no momento seguinte. Por isso, por mais ousadas que você possa considerar algumas das ideias apresentadas no Salão de Frankfurt, encerrado no último dia 15 de setembro, saiba que elas Outubro | Novembro 2013 não serão guardadas para o futuro; poderão se tornar produtos comerciais em pouco tempo. A propósito, sabe quem apareceu, sozinho, no estande da Mercedes-Benz na abertura do salão? O S 500 Intelligent Drive. Ele mesmo: o carro inteligente que já andou 100 km sem motorista e que, na prática, viabiliza a condução autônoma, enfrentando ruas, rotatórias, semáforos, ciclistas, pedestres e outros carros. O S 500 Intelligent Drive é o representante maior de uma tendência que se delineia como a grande proposta para o próximo período: a do carro que anda sozinho, sem a interferência ou com o mínimo de participação do motorista, garantindo a segurança dos ocupantes e reduzindo os acidentes. Estilo Damha Mercedes S500| 53
  • 54. ColunaAutomóveis Joel Silveira Leite Ferrari 458 Speciale O maior e mais importante salão de automóvel do mundo indicou ainda algumas tendências que deverão nortear as discussões do setor nos próximos anos. São elas: A melhoria da dirigibilidade, cada vez mais precisa e eficiente. O aumento do desempenho das novas motorizações: menores, mais potentes, mais econômicas e menos poluentes. Frankfurt consolidou a tendência de eliminar, ou reduzir, a dependência do petróleo, elegendo o carro híbrido (mais do que o elétrico) como uma opção palpável para o futuro da mobilidade sustentável. Veja alguns dos mais notáveis modelos que representaram, no salão alemão, essas novas tendências do mundo automobilístico, além de carros que em breve estarão rodando no Brasil. ▪ ▪ 54 | Estilo Damha UMA FERRARI MUITO SPECIALE! Quando parece que a Ferrari já mostrou tudo, surge mais uma novidade. Com um motor V8 4.5 aspirado de 605 cavalos, a 458 Speciale tem melhor relação peso-potência: pesa apenas 1.270 quilos, por isso acelera de 0 a 100 km/h em apenas três segundos. O controle do ângulo de derrapagem é o diferencial da macchina: distribui a potência entre as rodas de forma a melhorar a estabilidade nas curvas. Como se precisasse! Vai custar cerca de R$ 750 mil. LEXUS LF-NX, A ESCULTURA DO LUXO A marca de luxo da Toyota mostrou o carro conceito LF-NX, um crossover com motor híbrido e acabamento primoroso. O revestimento tem detalhes de metal e estofamento de couro amarelo e preto. Externamente, a cor prata tipo metal escovado passa a ideia de que a carroceria foi esculpida a partir de uma única peça. Outubro | Novembro 2013
  • 55. ColunaAutomóveis Joel Silveira Leite UM CONCEITO PARA AS NOVAS GERAÇÕES Com o Concept Coupé, a Volvo apresentou as linhas que farão parte do novo período da fabricante no quesito carros de passeio. A motorização híbrida alcançará potências antes só encontradas em motores V8. UM ELÉTRICO ESQUISITO O Smart conceito de Frankfurt não tem portas nem vidro traseiro. Funciona com um motor elétrico de 55 kW, e a empresa promete fazer dele um carro de linha já no ano que vem. S-MAX MONITORA O BATIMENTO CARDÍACO Feita sobre a plataforma do Fusion, a minivan S-MAX é um conceito que traz um diferencial inédito: um sistema de conectividade que, entre diversas funções, monitora o batimento cardíaco dos ocupantes com sensores nos bancos. O motor é 1.5 EcoBoost de 180 cavalos. Fotos: Divulgação Outubro | Novembro 2013 Smart Four Lexus Damha | 55 Estilo LF-NX
  • 56. ColunaAutomóveis Joel Silveira Leite 918 SPYDER: DESEMPENHO DE PISTA Carro conceito no Salão de Genebra em 2010, o 918 Spyder foi a estrela da Porsche em Frankfurt. A montadora garante: o carro terá desempenho e tecnologia de um veículo de pista com baixo consumo. UM HÍBRIDO A AR COMPRIMIDO O conceito Cactus é o indicador da nova família C3 da Citroën, inovando com um sistema híbrido de ar comprimido, mais barato que o convencional. Todos os comandos do carro são acionados por meio de interface digital. ALTAS VELOCIDADES, BAIXAS EMISSÕES A Jaguar mostra os avanços tecnológicos na produção de estruturas leves, com o C-X17, um crossover totalmente de alumínio. O carro alcança 300 km/h e emite menos de 100 g de CO2 por km rodado. ▪ Fotos: Divulgação Porsche 918 Spyder e Citroën Cactus 56 | Estilo Damha Outubro | Novembro 2013
  • 57. ColunaAutomóveis Joel Silveira Leite CARROS QUE JÁ, JÁ ESTARÃO POR AQUI Fotos: Divulgação Alguns carros apresentados em Frankfurt são pura fantasia, outros estão restritos a países do Primeiro Mundo, mas algumas boas novidades rodarão por aqui em breve. O Golf novo, sétima geração, já está à venda no Brasil. O carro está 100 kg mais leve e 23% mais econômico. Acelera de 0 a 100 km/h em 8,4 segundos e atinge 212 km/h. Duas marcas de luxo apresentaram carros que os brasileiros vão dirigir em breve: a BMW começa a vender aqui, no ano que vem, o 3i, o elétrico que, de barulho, só o contato do vento com a carroceria e o ressonar do pneu no asfalto. E a Mercedes-Benz mostrou dois modelos da família que produzirá no Brasil a partir de 2015: o sedã CLA e o jipinho GLA, que abrem para o consumidor as portas da categoria do luxo. Também de Frankfurt direto para as ruas brasileiras irão o Peugeot 3008, que começa a ser importado no ano que vem, além do Duster novo e do Captur, da Renault: o Captur chega em 2014 e o Duster, em 2015. Mercedes GLA e novo Golf GTI Joel Silveira Leite _ É jornalista e pós-graduado em Semiótica e Meio Ambiente. É diretor da Agência AutoInforme, que mantém os sites Autoinforme (carros) e Ecoinforme (meio ambiente). Assina o blog O Mundo em Movimento, no UOL, e apresenta o programa AutoInforme na Rede Bandeirantes de Rádio. Outubro | Novembro 2013 Estilo Damha | 57
  • 58. Gastronomia Fotos: Divulgação Trattoria Mamma Gema O SERTÃO NA COZINHA Boa comida e hospitalidade, ingredientes que moldaram o sucesso do chef Rodrigo Oliveira e dos seus restaurantes Mocotó Texto: Dirlene Ribeiro Martins Rodrigo Oliveira: satisfação e alegria de receber pessoas e acolher diferentes desejos e sonhos O chef Rodrigo Oliveira estava na faculdade de Engenharia Ambiental quando conheceu uma colega cujo irmão era chef de cozinha. Até aquele momento, era uma profissão desconhecida para ele, que já ajudava no pequeno restaurante do pai, o pernambucano José Oliveira de Almeida. “A gastronomia para mim era uma ideia tão longínqua e desconhecida quanto a astronomia”, brinca. O irmão em questão era Luiz Emanuel, à época chef do restaurante Alez, em São Paulo, e o primeiro contato com esse mundo, com uma cozinha profissional, é descrito por Rodrigo como uma epifania. “No mesmo momento tive certeza do que queria fazer dali pra frente.” O apoio da família, em especial do pai, não foi imediato. Para Seu Zé Almeida, trabalhar com cozinha signifi58 | Estilo Damha cava resignação, dedicação integral e, sobretudo, muito, muito trabalho duro, sem a contrapartida financeira. Com o tempo, Rodrigo conseguiu entender a preocupação do velho sertanejo, mas foi em frente, com “a coisa acontecendo aos trancos e barrancos”, como ele diz. Atualmente, ao olhar para trás, Rodrigo acredita que foi a preocupação que ele teve em preservar a casa, a origem e os valores da família o que acabou convencendo o pai. Hoje, o restaurante Mocotó e seu irmão mais novo, o Esquina Mocotó, ambos na Vila Medeiros (bairro em São Paulo), são um grande sucesso. Gente do mundo todo quer experimentar as iguarias, que incluem Caldo de Mocotó, Bolinho de Feijão Branco com Linguiça, Mocofava (mocotó com favada) e Sarapatel, e os deliciosos doces artesanais, todos servidos com queijo coalho. Outubro | Novembro 2013
  • 59. Gastronomia Esquina Mocotó Salão do restaurante Esquina Mocotó A cachaça é outro atrativo do universo Mocotó, isso desde o tempo do pequeno empório do pai. Atualmente, um profissional, o Leandro Batista, que é formado no Mocotó e se tornou um reconhecido especialista em cachaça, desenvolve blends, auxilia produtores e, sobretudo, orienta os clientes sobre esse verdadeiro patrimônio da nossa cultura. “No Mocotó temos orgulho de ter tido uma pequenina parcela nessa maravilhosa evolução da cachaça – de um destilado bruto a um produto com nuances sensoriais absolutamente únicas no mundo”, diz com satisfação. Mas o sucesso e os diversos prêmios que recebeu não subiram à cabeça do chef. Para ele, ser bem-sucedido é terminar o expediente à noite e aguardar o dia seguinte com a mesma expectativa e paixão. Com Ligia, sua esposa e atriz, Rodrigo conta que aprendeu que, mesmo para um ator consagrado, cada noite no palco é uma estreia. “É o que fazemos em nossas casas. Procuramos abrir as portas a cada manhã com o mesmo entusiasmo da melhor noite de todas. A comida é o nosso roteiro, mas o palco é a hospitalidade, a satisfação e a alegria de receber pessoas e acolher diferentes desejos e sonhos”, explica. Outubro | Novembro 2013 Para quem se espanta com a proximidade entre os dois restaurantes, Rodrigo explica que ainda tem muito a realizar em seu antigo espaço, então, para ele foi natural que seu mais recente desafio fosse travado próximo do Mocotó, de preferência na parede ao lado, onde ele pudesse passar de uma cozinha a outra de forma rápida e prática. Além do mesmo sobrenome e origem, os dois restaurantes, segundo o chef, preservam o absoluto respeito pela comida boa, saudável, de origem, justa. Mas, no Esquina, ele tem a liberdade de criar, de apresentar uma visão mais pessoal e autoral da culinária brasileira com um toque do que se faz de mais relevante na cozinha contemporânea ao redor do globo. “Continuaremos partindo de nosso quintal, mas sem dar as costas para o mundo. E nunca é demais lembrar Guimarães Rosa, que ensinou que ‘o sertão é o mundo’.” Para esta edição da Estilo Damha, Rodrigo escolheu uma receita de Nhoca (Nhoque de Mandioca com Polvilho), que é um dos pratos mais pedidos no Engenho Mocotó, um espaço de pesquisa e investigação culinária, sem fins lucrativos, que congrega o pessoal dos restaurantes, cozinheiros da região e estudiosos de diferentes áreas. Estilo Damha | 59
  • 60. Gastronomia Esquina Mocotó NHOCA Nhoque de mandioca com polvilho (1,5 kg) INGREDIENTES DA MASSA mandioca (cozida salgada) ▪ 1 kg degrandes (somente aegema) 3 ovos ▪ 60 g de polvilho doce ▪ 270 g queijo coalho (ralado) ▪ 150 g requeijão cremoso ▪ Sal e pimenta do reino moída na hora a gosto ▪ MODO DE PREPARO Misturar e homogeneizar todos os ingredientes até obter uma massa pouco pegajosa. Se estiver grudando um pouco nas mãos, adicionar um pouco de polvilho. Provar o sal. Colocar em um saco de confeiteiro (bico simples de pelo menos 20 mm) e, em uma assadeira forrada com placas de silicones ou papel manteiga, fazer tiras uniformes com espaço para que não grudem. Levar ao forno pré-aquecido por 14 minutos a 120oC. Deixar esfriar, polvilhar com um pouco de polvilho e cortar. INGREDIENTES DO MOLHO ▪ 200 g quiabo caramelizada cebola ▪ 150ggtomate cereja 75 ▪ 75 g cogumelo paris ▪ 75 g cogumelo shimeji ▪ 75 g cogumelo shitake ▪ 25 g folha de mostarda ▪ 100 g manteiga ▪ 200 ml de tucupi ▪ 250 g de queijo de cabra ▪ 25 g broto de coentro ▪ MODO DE PREPARO Derreter metade da manteiga e dourar as nhocas. Em outra frigideira acrescentar o restante da manteiga, os quiabos e os cogumelos até ficarem macios. Adicionar os tomates, a mostarda e o tucupi, e, em seguida, o sal e a pimenta do reino moída na hora. Juntar o refogado à nhoca e incorporar tudo. Em um prato fundo colocar metade do queijo de cabra, depois a nhoca com os vegetais por cima e finalizar com o restante do queijo e os brotos de coentro. 60 | Estilo Damha Outubro | Novembro 2013
  • 61. Outubro | Novembro 2013 Estilo Damha | 61
  • 62. ColunaGastronomia Márcio Moreira TIRANDO UMA “CASQUINHA” DA SOGRA R ecentemente – e não para o meu espanto – descobri que existe um “dia da sogra”: 28 de abril. Ano que vem ela vai me cobrar presentes com juros e correção, por todo o tempo que eu não soube disso, aposto. Dizem que a história por trás da criação da data envolve um safári na África, uma sucuri chamada Sogra (sim, uma cobra de verdade) e um desastre no qual, dizem, a Sogra devorou a cadela de estimação de um presidente. Cá entre nós: qual homem casado não gosta de falar da sogra? Pois bem, eu não sou diferente! Falo dela porque, na verdade, gostaria de falar da minha mulher, mas não sou louco e não gosto de dormir no sofá. Prefiro então falar da sogra, até porque ela está longe. Como diz o ditado, a distância ideal entre a sua casa e a da sua sogra é: não tão longe, para que ela venha com as malas, nem tão perto, para que ela venha de chinelinho. Se você está se perguntando o que minha sogra tem a ver com esta coluna, saiba que ainda não vou ensinar a cozinhar com veneno de cobra. Acontece que sou uma pessoa justa, e o fato é que, apesar de todo o resto, preciso elogiar a milanesa que ela prepara (apelidada carinhosamente de “bife de casquinha” pela minha filha). Uma dessas delícias que não dá para comer um só – e que faz valer a pena tê-la na família. O segredo da sogra, pasmem, é um bife de coxão mole bem temperado, empanado numa farinha de rosca que ela mesma produz com os pãezinhos duros que ela guarda quando sobra do café da manhã (dei um nome para a filha dela e ela me trata à base de pão duro... isso é que é ingratidão das boas!). Junto com o feijão carioquinha e o arroz fresquinho que só ela sabe fazer, vira um manjar Fotos: Divulgação Inspiração simples, rápida e saborosa dos deuses com casquinha crocante. O filet à milanesa – originalmente cotoletta alla milanese – provavelmente surgiu na cidade de Milão. Embora não haja fatos que comprovem sua origem na cidade italiana, os relatos mais antigos desse prato são do escritor italiano Pietro Verri. Em seu livro História de Milão (Storia di Milano), ele escreve que em um almoço ocorrido na Igreja de Santo Ambrósio (Milão, 1134) fora servido um prato de coteletta impanata, fritta nel burro (carne de vitela empanada, frita na manteiga), citando inclusive o preparo com ovos e farinha. Apesar da origem, o prato provavelmente ganhou fama por causa dos austríacos. O wiener schnitzel, muito similar ao “bife de casquinha”, é um prato típico da Áustria. Provavelmente uma versão do prato aprendida durante o século XVIII, com as disputas internas do Sacro Império Romano-Germânico, quando as tropas austríacas invadiram Milão. Mais uma vez, pura teoria, mas isso não importa: o filet à milanesa já pode ser considerado uma tradição brasileira. Há muitas variações no preparo dessa delícia. Tradicionalmente, na Itália, a milanesa é preparada com carne de vitela, mas o termo hoje é popularmente usado para denominar praticamente qualquer tipo de comida empanada, desde cortes mais nobres de carne até frango e berinjela. Empanou, ganha cidadania italiana! Um ingrediente indispensável é uma farinha de rosca de qualidade. Alguns cozinheiros utilizam farinha de trigo em suas receitas, para que se forme uma crosta mais espessa. Há quem aprecie, mas eu considero um pecado. Brincadeiras à parte, minha sogra – a quem amo muito, acredite quem quiser – é a inspiração da dica supersimples, rápida e saborosa desta edição. ▪ Marcio Moreira – Presta serviços pela empresa 2M Soluções Gastronômicas para restaurantes e rede hoteleira, ministrando palestras e oficinas em boa parte do país. Destacou-se durante 7 anos como coordenador e chef de cozinha da culinária do programa Mais Você da Rede Globo, pela sua capacidade de criar pratos com sabores do nosso Brasil. 62 | Estilo Damha Outubro | Novembro 2013
  • 63. ColunaGastronomia Márcio Moreira Dica do Chef : BIFE DE CASQUINHA DA SOGRA INGREDIENTES de bife (coxão mole, patinho... eu ▪ 1 kgmignon) temperado com sal, azeite, prefiro alho e pimenta do reino a gosto; 4 ovos ligeiramente batidos; Farinha de rosca (feita com sobras de pão raladas) ; Óleo o suficiente para fritar por imersão. ▪ ▪ ▪ Outubro | Novembro 2013 MODO DE PREPARO Cada bife deve ser temperado, imerso em ovos batidos, coberto com farinha de rosca e levado a uma frigideira com óleo quente, para fritar até que fique dourado. Em seguida, deve ser colocado sobre papel-toalha (ou guardanapos) para que o óleo da fritura escorra e o bife fique mais seco, crocante e saboroso. Estilo Damha | 63