Este documento discute as etapas necessárias para o desenvolvimento tecnológico empresarial, começando com a aquisição de tecnologia existente e evoluindo para atividades de engenharia e desenvolvimento interno. Também enfatiza a importância da mobilidade de pessoas entre empresas e instituições de pesquisa para a disseminação de conhecimentos.
1. INSTITUTO SUPERIOR MIGUEL TORGA - ISMT
Licenciatura de Comunicação Empresarial
Marketing das organizações políticas e da economia social
A inovação que não necessita de Investigação
& Desenvolvimento (I&D): Sugestões para
uma política de inovação tecnológica centrada
na difusão e na procura
De Manuel Laranja
REALIZADO PELOS ALUNOS:
CLAUDIA MANUELA SIMOES AMARAL Nº7784
NUNO MIGUEL GOMES GRANADA Nº7584
2. Introdução:
Este trabalho tem como objectivo elucidar sobre as respectivas etapas necessárias
para que a inovação tecnologia seja bem conseguida a nível empresarial (económica e
competitivamente falando).
Sendo este trabalho sobre o acima referido tema também não será de excluir uma
breve explicação sobre alguns vocábulos específicos que nos vão acompanhar ao longo do
trabalho tais como as capacidades tangíveis, intangíveis, I&D, technology-push, brokerage
entre outros. Por isso decidi incluir este “índice remissivo” prévio de modo a facilitar a leitura
do mesmo.
Iremos estudar as etapas para um bom desenvolvimento tecnológico, com o auxílio de
uma “escala” se assim lhe podemos chamar que nos diz as fases necessárias para tal.
Analisaremos também a pirâmide do progresso tecnológico, dando leve relevância ao
panorama nacional.
Iremos também clarificar o Papel central da mobilidade de pessoas, aspecto
frequentemente ignorado, mas começa a ganhar relevância essencial.
Para concluir faremos uma breve dissertação a cerca do assunto tratado neste
trabalho.
3. O que é a I & D?
Concretamente a I&D, sendo uma sigla, pode representar uma panóplia imensa de
significados tais como “Innovation and Design”, “Incision and Drainage” (medicina) ou mesmo
“Inspection and Delivery” (em processos de manufactura). Porém o termo que nos importa
neste trabalho é: “Investigation and Development” que significa em português, “Investigação e
Desenvolvimento”.
Esta I&D encontra-se aqui tratada num contexto empresarial logo, visando o lucro e a
competitividade. Sem estes objectivos não a inovação de processos e recursos tecnológicos
não têm quaisquer fins. Para isto existem etapas necessárias para que as empresas consigam
essa tal competitividade que vão ser apresentadas no decorrer do artigo.
Capacidades tangíveis e intangíveis
Este é outro dos termos abordados no artigo científico que penso que seja importante
referir. Todas as empresas têm capacidade tangíveis e intangíveis, as capacidades tangíveis são
as infra-estruturas, as maquinas e equipamentos tecnológicos, objectos, utensílios, em fim
tudo aquilo que uma empresa que e mensurável.
Por outro lado tudo aquilo que não se pode medir e que é tão ou mais importante que
as capacidades tangíveis, que são a aquisição de conhecimentos por parte dos trabalhadores,
aprendizagem de novos métodos (o chamado Know-how), ou mesmo a ampliação da base
tecnológica das empresas, a estas chamam se capacidades intangíveis.
Tecnology-Push
Este termo é inglês é utilizado quando alguém compra tecnologia sem nunca a ter
produzido ou pesquisado. Uma das primeiras etapas feitas na inovação tecnológica.
Spin-outs
Spin-outs é um acontecimento que se dá quando uma empresa, considerada empresa
mãe se divide e se tornam independentes em termos de propriedade intelectual, tecnologia, e
produtos existentes.
Exemplos:
A Shugart Associates1 foi uma spin-out da IBM.
A PTm (PT Multimédia) foi uma spin-out da Portugal Telecom.
1
Shugart Associates foi um fabricante dos EUA de periféricos de computador que dominou o mercado
de unidades de disquete em fins dos anos 1970 e tornou-se famosa por criar o drive de 5" 1/4, padrão
nos primeiros modelos de microcomputadores.
4. Etapas para um bom desenvolvimento tecnológico
Normalmente quando pensamos em desenvolvimento tecnológico de um pais ou
empresa vem nos logo à cabeça invenção, criar aquilo que não existe numa vertente bastante
“high-tech”. Provavelmente seria isso mesmo que iríamos tentar desenvolver se tivéssemos
uma empresa, o que não deixa de ser positivo. Mas infelizmente está errado!
Países pouco desenvolvidos tecnologicamente não o devem fazer (não querendo dizer
com isso que não iria dar certo porque cada caso é um caso), porem não se devem saltar
etapas e desenvolver logo uma politica de I&D não e o mais indicado a se fazer. Isto porque:
Todos os países têm uma base tecnológica e isso diferencia-os como mais ou menos
avançados tecnologicamente, porem quem se encontra na carruagem de trás do comboio não
consegue competir com aqueles que estão mais a frente pois falta-lhes conhecimento.
Simplificando: não se podem fazer pneus de borracha melhores sem primeiro saber como se
faz a borracha. Logo os países que se encontram menos desenvolvidos tecnologicamente
precisam de fazer o que e chamado de Tecnology-Push aos países mais desenvolvidos
tecnologicamente, de modo a aumentarem as suas capacidades tangíveis e intangíveis. As
capacidades tangíveis são facilmente previsíveis de inovar, basta para isso comprar
equipamentos de ponta.
No que toca as capacidades intangíveis já se torna mais complicado pois a inovação
nesta área faz se em torno de três tipos de actividades: Actividades de aquisição de tecnologia,
actividades de desenvolvimento tecnológico e actividades de Investigação e Desenvolvimento.
O quadro nº1 vai-nos ajudar a perceber melhor esta situação, baseado em Arnold et al.
(2000), categoriza diferentes tipos de actividades tecnológicas de inovação numa escala de
complexidade crescente:
[QUADRO Nº1]
Aquisição de tecnologia
Procurar, seleccionar, e investir em tecnologias incorporadas em máquinas e
1
equipamentos para utilização na fábrica e nas operações da empresa em geral
Introdução de novos materiais ou componentes já incorporando novos designs e
2
especificações
Investimento em tecnologia que já vem incorporada em infra-estruturas de produção
3
novas: expansão, substituição ou infra-estruturas completamente novas para a empresa
Introdução de tecnologias existentes e documentadas no design e especificações de
4
produtos ou processos novos. Compra de licenças e modelos de desenvolvimento
5. Desenvolvimento tecnológico
Melhoria incremental e continua baseada em engenharia de produção (tecnologia de
produção e métodos de organizar a produção e operações), de forma a contribuir para o
5 aumento da competitividade através do aumento da produtividade do trabalho e do
capital, aumento da eficiência na utilização de materiais e componentes, energia,
aumento da qualidade no produto.
Melhoria incremental continua e diversificação baseada em designe diferentes
6 especificações de produto, de forma a manter as quotas de mercado e/ou capturar novos
nichos, quer a nível nacional, quer internacional
Melhoria continua nas operações e tecnologias ligadas à logística necessária para ligar as
7 varias etapas da cadeia de valor, incluindo hardware (por exemplo, sistemas de transporte
automáticos) e métodos organizacionais.
Design e métodos de engenharia reversível, de forma a abrir novas oportunidades para
8 aprovisionamento de componentes, materiais e equipamento de fornecedores locais ou
para diversificar a gama de produtos, podendo levar à formação de spin-outs
Investigação e desenvolvimento
Procura de tecnologias (talvez envolvendo alguma investigação) necessárias para a
9
aquisição e absorção nas empresas de tecnologia avançada
Investigação e desenvolvimento tecnológico orientados para a descoberta de novos
10 conhecimentos e/ou introdução de novas tecnologias que permitem o lançamento de
novos produtos ou processos
Fonte: Adaptado de Arnold et al. (2000)
Como podemos constatar após uma atenta visionação da tabela, as empresas numa
fase embrionária devem começar por actividades mais simples. Os tais chamados
equipamentos “chave na mão” (por Manuel Laranja em “A inovação que não necessita de I&D:
Sugestões para uma política de inovação tecnológica centrada na difusão e na procura” Pág.
322). E progressivamente evoluir de modo a conseguir ter capacidades mais avançadas que
permitem a modificação, adaptação e alteração dos seus produtos e processos.
Aquisição de tecnologia: As actividades necessárias, mas não suficientes
(Grupo de actividades 1-4)
O grupo de aquisição de tecnologia engloba medidas como Procurar, seleccionar, e
investir em tecnologias incorporadas em máquinas e equipamentos para utilização na fábrica e
nas operações da empresa em geral; Introdução de novos materiais ou componentes já
incorporando novos designs e especificações; Investimento em tecnologia que já vem
6. incorporada em infra-estruturas de produção novas: expansão, substituição ou infra-estruturas
completamente novas para a empresa; Introdução de tecnologias existentes e documentadas
no design e especificações de produtos ou processos novos. Compra de licenças e modelos de
desenvolvimento.
É certo que isto dá as empresas uma base sólida, contudo não é suficiente para fazer
face ao comércio global que hoje em dia se prática, tendo em conta que existem países
emergentes onde não existem custos fiscais e de responsabilidade social que destronam
qualquer pais a nível produtivo tais como a Índia e a China. Mas isto são outras águas. Hoje em
dia e fácil para qualquer empresa importar tecnologias incorporadas directamente do
fornecedor estrangeiro adequado, de modo a aumentar a sua competitividade e lucro.
A importância das actividades de engenharia de processos e produtos
(Grupo de actividades 5-8)
O grupo de Desenvolvimento tecnológico a nível interno traduz-se nos seguintes
pontos: “Melhoria incremental e continua baseada em engenharia de produção (tecnologia de
produção e métodos de organizar a produção e operações), de forma a contribuir para o
aumento da competitividade através do aumento da produtividade do trabalho e do capital,
aumento da eficiência na utilização de materiais e componentes, energia, aumento da
qualidade no produto”; “Melhoria incremental continua e diversificação baseada em designe
diferentes especificações de produto, de forma a manter as quotas de mercado e/ou capturar
novos nichos, quer a nível nacional, quer internacional”; “Melhoria continua nas operações e
tecnologias ligadas à logística necessária para ligar as varias etapas da cadeia de valor,
incluindo hardware (por exemplo, sistemas de transporte automáticos) e métodos
organizacionais”; “Design e métodos de engenharia reversível, de forma a abrir novas
oportunidades para aprovisionamento de componentes, materiais e equipamento de
fornecedores locais ou para diversificar a gama de produtos, podendo levar à formação de
spin-outs”.
Ao contrário de que à partida se possa pensar estas quatro formas de inovar não são
menos boas. Alguns destes tipos de melhoria incremental podem influenciar em muito no que
diz respeito à competitividade.
Sobretudo as medias 7 e 8 são particularmente importantes em países menos
desenvolvidos. O ponto 7 diz respeito à logística um dos sectores fracos da economia
portuguesa. Este tipo de desenvolvimento tecnológico pode nos lidar aos tão praticados nos
dias que hoje correm o e-business, e-procurement, e-market places vertentes estas que
abafam completamente a chamada “nova economia”.
Tal como o grupo anterior esta politica não se deve seguir em países altamente
avançados, sendo o grupo seguinte o “topo da cadeia alimentar”.
7. Quando é importante dar importância à I&D nas empresas?
(Grupo de actividades 9-10)
O grupo nomenclado como Investigação e desenvolvimento engloba: Procura de
tecnologias (talvez envolvendo alguma investigação) necessárias para a aquisição e absorção
nas empresas de tecnologia avançada; Investigação e desenvolvimento tecnológico orientados
para a descoberta de novos conhecimentos e/ou introdução de novas tecnologias que
permitem o lançamento de novos produtos ou processos.
Isto vai levantar problemas de outra ordem como por exemplo apoios públicos e
incentivos para a I&D. Em Portugal a maior parte de investigação e financiada pelo estado, não
havendo muito investimento privado (ao contrario por exemplo nos Estados Unidos onde
maior parte da investigação é feita por investimento privado. Todavia Portugal ainda é um pais
pouco desenvolvido a nível tecnológico.
Transição estrutural: Pirâmide do progresso tecnológico
Desenvolvimento de
I&D
Tecnologia
Alguma I & D
Engenharia e design
Melhoria contínua de
Uso de operações logísticas
Tecnologia
Melhoria incremental, diversificação
Aquisição de tecnologia e melhoria incremental
8. Ao interpretar o gráfico torna-se simples diferenciar países mais desenvolvidos de
menos desenvolvidos, pois os mais desenvolvidos têm uma percentagem maior de empresas
no topo do triângulo enquanto que os menos desenvolvidos o contrario.
O papel central da mobilidade de pessoas
Existem dois tipos de mobilidade de pessoas, a mobilidade de pessoas entre empresas,
e a mobilidade de pessoas nas universidades institutos públicos de I&D.
Primeiramente referir a mobilidade de pessoas entre empresas, que contribui para o
crescimento de sectores. Isto porque “as empresas não são apenas «agentes empregadores»
das habitações desenvolvidas no sistema formal de ensino. Em geral, as empresas
desempenham também um papel importante na criação de capital humano, isto é, não são
apenas «procura», também são «oferta», na medida em que a formação no local de trabalho
(…) desempenha um papel cada vez mais importante.” (por Manuel Laranja em “A inovação
que não necessita de I&D: Sugestões para uma política de inovação tecnológica centrada na
difusão e na procura” Pág.339). Este recurso pode ser uma saída low-budget para quem queira
atingir capacidades intangíveis sem investir muito dinheiro. Por exemplo imaginemos um
funcionário nosso que tenha um nível de conhecimento médio a um certo assunto, com a
mobilidade dele para uma empresa estrangeira e o seu possível retorno poderíamos ganhar
conhecimentos mais aprofundados, e sem acréscimo monetário considerável, isto é chamado
de spill-overs.
No que diz respeito à mobilidade de pessoas as universidades e institutos públicos de
I&D, parecem-nos óbvias as vantagens. Pois possibilitam a formação de talentos e spill-overs2
de aptidões para as empresas.
CONCLUSAO:
Tendo em conta todos os traços analisados neste artigo penso estar em condições de
concluir. Este artigo não se trata de um tutorial de como inovar tecnologicamente, mas sim
uma leve visão sobre a inovação tecnológica.
Existe um falso pensamento sobre este assunto, se conversarmos com alguém
aleatoriamente essa pessoa vai dizer que a maneira mais lógica de inovar é pesquisando e
desenvolvendo. Isto porque vivemos hoje em dia num país mediamente desenvolvido, com
fácil acesso a tecnologia e a meios de comunicação avançados. Já existe essa pré-cognição.
Porem se pensarmos num país subdesenvolvido essa realidade já é diferente. Por
exemplo no mercado têxtil. Em Portugal existem máquinas tecnologicamente avançadas
capazes de fazer tecido sem operário (talvez) já na índia a indústria têxtil é feita à mão sem o
2
Spill-overs é basicamente uma troca de ideias entre indivíduos.
9. auxílio de utensílios High-tech. Logo na Índia a inovação tecnológica não pode começar pela
I&D, tem de começar de forma mais matizada como a compra de tecnologias e aprendizagem
da mesma.
Portugal também fora um país subdesenvolvido tecnologicamente embora com a
entrada na União Europeia em 1986 e com o apoio dos fundos monetários europeus conseguiu
se pôr a um nível mais aceitável. Equipando-se primeiro com capacidades tangíveis do
estrangeiro, e agora mais recentemente apostando no I&D embora muito timidamente.
10. Bibliografia:
Manuel Laranja em “A inovação que não necessita de I&D: Sugestões para uma política
de inovação tecnológica centrada na difusão e na procura” Analise social, vol. XL (175) (2005)
Web grafia:
http://en.wikipedia.org/wiki/Knowledge_spillover
http://acronyms.thefreedictionary.com/I&D
http://en.wikipedia.org/wiki/Spin-out
http://pt.wiktionary.org/wiki/tang%C3%ADvel