Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, é considerado um clássico da literatura portuguesa e uma das principais obras do teatro português. A peça foi inicialmente lida apenas para amigos do autor e teve sua primeira apresentação privada em 1843, sendo encenada publicamente apenas em 1847 em versão censurada. A versão integral só foi encenada em 1850.
3. A Importância
Frei Luís de Sousa, que continua a ser considerado um clássico da literatura
de língua portuguesa e uma das criações máximas do seu teatro, foi
inicialmente apenas lido a um grupo seleto de amigos do autor (entre os
quais Herculano).
A primeira representação fez-se em privado, no teatro da Quinta do
Pinheiro, no mesmo ano de 1843, tendo o próprio Garrett desempenhado o
papel de Telmo.
A peça só teve a sua estreia pública em 1847, no Teatro do Salitre, em
versão censurada pelo regime cabralista.
A versão integral só foi levada à cena no então Teatro Nacional (actual
Teatro Nacional de D. Maria II), em 1850.
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O contexto
• O contexto histórico em que se baseia a peça Frei Luís de Sousa, de
Almeida Garrett, fornece o teor de verosimilhança que rodeia a obra,
permitindo que o autor se aproprie do período em questão e utilize as
personagens verdadeiras da História de Portugal para montar a sua
ficção.
• Retomando à tradição clássica literária que mostrava, através do poder
da classe social dominante, a função do teatro garrettiano, volta-se
para os preceitos de docere e delectare, ou seja, a fusão do
ensinamento e do deleite, da instrução moral e do divertimento, do
pão e do circo.
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•
Frei Luís de Sousa é rodeado de elementos da tragédia clássica e
volta-se para a teoria aristotélica, no intuito de atribuir aos atos um
tom de impacto, da mesma forma em que o sofrimento humano é
altamente explorado (Pathos). As ações são desarmadas em peripécias,
o oculto vem à cena no sentido de reconhecimento e a ideia de
mutação da fortuna acontece na ambivalência de sentimentos, nas
contradições de espírito que se confrontam em nós dramáticos até, por
fim, desaguar no clímax.
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• Embora ainda se mantivesse no período em que a imitação era
valorizada, a rutura do autor português estava na união dos elementos
da tragédia já conhecida com os novos ideais estéticos que culminaram
no início do romantismo português.
• A influência de Byron e Scott trouxe a Garrett “a ideia de que a literatura
culta não deve perder o contacto com a poesia popular e com as formas
populares de expressão”.
• Segundo, ainda, o próprio autor, no texto que antecede Frei Luís de
Sousa, intitulado Memorial do Conservatório, “Coligir os factos do
homem (...), revesti-los das formas mais populares e derramar assim
pelas nações um ensino fácil, uma instrução intelectual e moral que, sem
aparato de sermão ou preleção, surpreenda os ânimos e os corações da
multidão no meio dos seus próprios passatempos, missão do literato, do
poeta”.
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• Inserida num momento em que Portugal estava sob domínio
espanhol e sofria dos conflitos entre este país com a Inglaterra, Frei
Luís de Sousa tece o sentimento patriota através das suas
personagens, principalmente através da figura de D. Manuel, cujo ato
de incendiar a sua casa para evitar a invasão estrangeira, é um
expoente maior que simboliza a luta por uma consciência de
liberdade e amor à pátria.
• O que mais imprime uma caracterização dramática à obra talvez seja
o vestígio trágico que o autor deixa ao longo da peça. A técnica de
expressão que recorre ao fatalismo europeu, faz com que os rastos
do sebastianismo e a menção a Camões induzam o pensamento para
a profecia do clímax absoluto.
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• Sob a ementa dos desígnios ultrarromânticos, mas fugindo ao
melodramático, a peça de Garrett apresenta a morte - “última
expressão dramática” - como única combatente dos problemas
existenciais e da contradição humanos.