SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  71
Télécharger pour lire hors ligne
Questões críticas na investigação
qualitativa sob um ponto de vista
sociocultural
João Filipe Matos
Instituto de Educação, Universidade de Lisboa
Porto| 5º Congresso Ibero-Americano Investigação Qualitativa | 12 Julho 2016
sumário
1º andamento: o investigador qualitativo de um
ponto de vista sociocultural
2º andamento: teoria na investigação qualitativa?
3º andamento: mitos sobre a investigação qualitativa
Epílogo: a necessidade de inovação na investigação
qualitativa
1º andamento
o investigador qualitativo de um
ponto de vista sociocultural
investigação
investigador objeto
novo
objeto
mediação
investigador objeto
novo
objeto
elementos de
mediação
1ª geração da Teoria da Atividade (Vygotsky)
mediação
!   Os modos como os humanos criam
representações e interagem com o mundo
constituem processos de ação mediada
!   Ideias, conceitos , significados, palavras tornam-
se substitutos de referentes concretos na
ausência dos objetos
mediação no dia-a-dia
indivíduo situação explicação
pré-concepções, ideias,
mitos,…
mediação na investigação
investigador situação/
problema
resultados
elementos de
mediação
mediação na investigação
investigador situação/
problema
resultados
teoria(s), instrumentos,
procedimentos,…
investigador situação
resultados
teoria(s), instrumentos,
procedimentos,…
regras,
normas,…
comunidade hierarquia, relações
de poder,…
investigador
resultados
teoria(s), …
regras,
normas,…
comunidade hierarquia
objeto
sistema de atividade como unidade de análise
2ª geração da Teoria da Atividade (Leont’ev)
investigador
resultados
teoria(s), …
regras,
normas,
…
comunid
ade
hierarqui
a
objeto reviewer
teoria(s), …
regras,
normas,
…
comunid
ade
hierarqui
a
investigador avaliador
operamos em múltiplos sistemas de atividade
3ª geração da Teoria da Atividade (Y. Engeström)
investigador situação
resultados
teoria(s), instrumentos,
procedimentos,…
regras,
normas,…
comunidade hierarquia, relações
de poder,…
relação com o conhecimento
entendido não como propriedade individual...
...mas como produto colectivo construído na
interação com os recursos estruturantes da
ação
!  os outros
!  os artefactos que usamos
!  as situações e os problemas
!   Participar numa prática social, na qual o
conhecimento reside, é um princípio epistemológico
de aprendizagem.
!   As possibilidades de aprendizagem são definidas:
•  pela estrutura social dessa prática
•  pelas relações de poder e as condições de legitimidade
e de acesso
bases de um ponto de vista
sociocultural
!   o investigador é um ser sistémico, social, política e
historicamente inscrito
!   o investigador é não só um produto da cultura, mas
também um criador e transformador da subjetividade
colectiva
!   o investigador, e os objetos transformados na sua
prática, não podem ser considerados nem
compreendidos sem se atender aos meios culturais de
acesso ao conhecimento - os artefactos (de mediação)
artefactos e mediação
!   o uso de artefactos é uma acumulação,
elaboração e transmissão de conhecimento
social
!   são moldados pelo contexto social e cultural onde são
usados
!   refletem as experiências das pessoas, através das
propriedades estruturais desses artefactos, assim como no
conhecimento de como eles devem ser utilizados
!   são criados e transformados na própria atividade
!   transportam uma cultura particular – a utilização de
artefactos é um meio de elaboração e transmissão de
conhecimento cultural.
artefactos
Princípios a considerar nesta perspetiva
1. sistema de atividade como unidade de análise
2. multivocidade dos sistemas de atividade
3. historicidade dos sistemas de atividade
4. papel central das contradições / tensões /conflitos
como fontes de mudança e de desenvolvimento
5. possibilidade de transformações expansivas nos
sistemas de atividade
2º andamento
teoria na investigação
qualitativa ?
Papel da teoria na investigação
qualitativa
não há nada tão prático e útil
como uma ‘boa’ teoria…
teorias e teorias…
! teorias de longo alcance (Darwin)
! teorias de médio alcance (Piaget)
! teorias substantivas (…)
!   everyday theories
Papéis da teoria
!   descritivo [identifica conceitos chave ou variáveis e
estabelece distinções conceptuais de base]
!   explicativo [revela relações e processos]
!   preditivo [torna possível fazer previsões numa
variedade de contextos potenciais]
!   prescritivo [fornece linhas estruturantes]
!   generativo [orienta para a invenção e descoberta,...]
De que precisamos na investigação
qualitativa?
!   teoria(s) suficientemente rica para capturar
os aspectos ‘mais importantes’ do
fenómeno/situação problematizada
!   teoria(s) suficientemente descritiva e
generalizante para constituir ferramenta útil
de análise
à importância do conceptual framework
3º andamento
mitos sobre a investigação
qualitativa
Mito #1
realizar investigação qualitativa é
mais fácil e menos exigente que
investigação quantitativa
atenção…
trata-se de um problema de literacia estatística?
das dificuldades dos modelos matemáticos…
…às dificuldades dos modelos de análise
qualitativa
Mito #2
a investigação qualitativa é
subjetiva
é um problema de representação?
como se transforma situações / fenómenos
em algo representável (para uma dada audiência)?
! variáveis…
! relações entre variáveis…
como é que o modelo de análise é aplicado
(idiográfico versus nomotético)?
!   que relação existe entre as formas de
aplicação de diferentes modelos de
análise?
!   o que é considerado como evidência na
investigação?
é um problema de representação?
!   o que é um modelo de análise legítimo?
! como são legitimados os resultados da
investigação?
!   e no caso da investigação qualitativa?
ou é um problema de legitimação?
Mito #3
na investigação qualitativa não
se pretende generalizar
atenção à qualidade da
generalização…
população amostra
representativa
para certas
variáveis bem
definidas
estudo das
variáveis X1, X2,
…
amostragem…
generalização
(para variávels Y1, Y2,…)
Mito #4
a escrita dos resultados na
investigação qualitativa é
posterior à análise dos dados
(primeiro analisa-se e depois escreve-se)
escrever é analisar
‘como é que sei o que penso antes de ler o que escrevi?’
Epílogo
a necessidade de inovação na
investigação qualitativa
http://ftelab.ie.ulisboa.pt
“A generation ago, teachers could expect that what they
taught would last their students lifetime. Today, because
of rapid economic and social change, schools have to
prepare students for jobs that have not yet been created,
technologies that have not been invented and problems
that we don’t yet know will arise” (OECD, 2011, par. 7)
Pensar a inovação na investigação
qualitativa implica lutar contra os
“QWERTY” da investigação
O fenómeno QWERTY
O fenómeno QWERTY
teclado	
  HCESAR	
  (Portugal,	
  
1937)	
  
teclado	
  HCESAR	
  (Portugal,	
  
1937)	
  
alternativas
O	
  fenómeno	
  QWERTY	
  
O	
  fenómeno	
  QWERTY	
  
exemplo de QWERTY na
investigação: a representação (relato)
O QUE ESTÁ ENVOLVIDO NA PRÁTICA DE
INVESTIGAÇÃO?
A escrita (o relato) é parte da investigação
O design e o emergente
Há uma incerteza inerente entre o design e a sua realização
nas práticas de investigação (uma vez que essas práticas
não são o resultado do design mas uma resposta ao design)
representação da investigação
! quem é a audiência?
! como me dirijo ao leitor? (voz ativa/passiva)
! que vozes represento?
!   …
“Anything that can will be digitased.
What will happen to schools?”
SITRA (2015). A Land of People who Love to Learn. Helsinki: Finish
Innovation Fund.
representação multimédia?
! incluir texto, tabelas e gráficos
dinâmicos, imagens vídeo – e as
relações entre esses elementos à
relações hipertextuais…
‘problemas’ a ultrapassar…
! múltiplas leituras derivadas de diferentes
trajetórias de navegação no relato da
investigação
! necessidade de transparência absoluta da
tecnologia usada no relato
!   …
potencialidades…
! evolução dos métodos de trabalho
! análise e avaliação da investigação
!   re-análise de dados
! replicação de estudos
!   …
qual o futuro da e-research em
termos de métodos
qualitativos?
pensar o design do futuro da
investigação qualitativa passa
necessariamente por
lutar contra os QWERTY da
investigação
Questoes críticas na investigacao qualitativa sob um ponto de vista sociocultural

Contenu connexe

Similaire à Questoes críticas na investigacao qualitativa sob um ponto de vista sociocultural

Ciências do Artificial, Design Science Research
Ciências do Artificial, Design Science ResearchCiências do Artificial, Design Science Research
Ciências do Artificial, Design Science Research
Mariano Pimentel
 
Design Science Research para pensar-fazer pesquisas científicas em Sistemas d...
Design Science Research para pensar-fazer pesquisas científicas em Sistemas d...Design Science Research para pensar-fazer pesquisas científicas em Sistemas d...
Design Science Research para pensar-fazer pesquisas científicas em Sistemas d...
Mariano Pimentel
 

Similaire à Questoes críticas na investigacao qualitativa sob um ponto de vista sociocultural (20)

Ciências do Artificial, Design Science Research
Ciências do Artificial, Design Science ResearchCiências do Artificial, Design Science Research
Ciências do Artificial, Design Science Research
 
Pesquisar os/com/por-meio-dos artefatos computacionais
Pesquisar os/com/por-meio-dos artefatos computacionaisPesquisar os/com/por-meio-dos artefatos computacionais
Pesquisar os/com/por-meio-dos artefatos computacionais
 
Design Science Research para pensar-fazer pesquisas científicas em Sistemas d...
Design Science Research para pensar-fazer pesquisas científicas em Sistemas d...Design Science Research para pensar-fazer pesquisas científicas em Sistemas d...
Design Science Research para pensar-fazer pesquisas científicas em Sistemas d...
 
DSR Model
DSR ModelDSR Model
DSR Model
 
Carneiro&alvares 29062019 artigo
Carneiro&alvares 29062019   artigoCarneiro&alvares 29062019   artigo
Carneiro&alvares 29062019 artigo
 
tese-marilda-power-point.ppt
tese-marilda-power-point.ppttese-marilda-power-point.ppt
tese-marilda-power-point.ppt
 
Tese marilda-power-point
Tese marilda-power-pointTese marilda-power-point
Tese marilda-power-point
 
Técnicas etnográficas - Social Analytics Summit - Débora Zanini
Técnicas etnográficas - Social Analytics Summit - Débora ZaniniTécnicas etnográficas - Social Analytics Summit - Débora Zanini
Técnicas etnográficas - Social Analytics Summit - Débora Zanini
 
Inovação e Pesquisa Científica: Design Science Research para o desenvolviment...
Inovação e Pesquisa Científica: Design Science Research para o desenvolviment...Inovação e Pesquisa Científica: Design Science Research para o desenvolviment...
Inovação e Pesquisa Científica: Design Science Research para o desenvolviment...
 
Book1 slideshare
Book1 slideshareBook1 slideshare
Book1 slideshare
 
Seminário A ética na sociedade
Seminário A ética na sociedadeSeminário A ética na sociedade
Seminário A ética na sociedade
 
History of the Qualitative Research
History of the Qualitative ResearchHistory of the Qualitative Research
History of the Qualitative Research
 
Bricolagem - Costurando Métodos em Pesquisa de Mercado
Bricolagem - Costurando Métodos em Pesquisa de MercadoBricolagem - Costurando Métodos em Pesquisa de Mercado
Bricolagem - Costurando Métodos em Pesquisa de Mercado
 
Metodologia das Ciencias Sociais e das Ciencias de Administracao, Prof. Douto...
Metodologia das Ciencias Sociais e das Ciencias de Administracao, Prof. Douto...Metodologia das Ciencias Sociais e das Ciencias de Administracao, Prof. Douto...
Metodologia das Ciencias Sociais e das Ciencias de Administracao, Prof. Douto...
 
Teoria da Atividade - introdução
Teoria da Atividade - introduçãoTeoria da Atividade - introdução
Teoria da Atividade - introdução
 
Plano Filosofia 10.º - 2017-2018
Plano Filosofia 10.º -  2017-2018Plano Filosofia 10.º -  2017-2018
Plano Filosofia 10.º - 2017-2018
 
Apresentação o que é sociologia
Apresentação o que é sociologia   Apresentação o que é sociologia
Apresentação o que é sociologia
 
A Arte de Pesquisar - Mirian Goldenberg.PDF
A Arte de Pesquisar - Mirian Goldenberg.PDFA Arte de Pesquisar - Mirian Goldenberg.PDF
A Arte de Pesquisar - Mirian Goldenberg.PDF
 
SlidesSem10122000000000000000000000.pptx
SlidesSem10122000000000000000000000.pptxSlidesSem10122000000000000000000000.pptx
SlidesSem10122000000000000000000000.pptx
 
gerson.pdf
gerson.pdfgerson.pdf
gerson.pdf
 

Dernier

Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
TailsonSantos1
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
TailsonSantos1
 

Dernier (20)

Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
 
A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...
A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...
A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
 
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
 
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
 
Produção de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptx
Produção de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptxProdução de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptx
Produção de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptx
 
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
 
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenosmigração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
 
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptxCartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
 
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfTCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
 

Questoes críticas na investigacao qualitativa sob um ponto de vista sociocultural

  • 1. Questões críticas na investigação qualitativa sob um ponto de vista sociocultural João Filipe Matos Instituto de Educação, Universidade de Lisboa Porto| 5º Congresso Ibero-Americano Investigação Qualitativa | 12 Julho 2016
  • 2. sumário 1º andamento: o investigador qualitativo de um ponto de vista sociocultural 2º andamento: teoria na investigação qualitativa? 3º andamento: mitos sobre a investigação qualitativa Epílogo: a necessidade de inovação na investigação qualitativa
  • 3. 1º andamento o investigador qualitativo de um ponto de vista sociocultural
  • 6. mediação !   Os modos como os humanos criam representações e interagem com o mundo constituem processos de ação mediada !   Ideias, conceitos , significados, palavras tornam- se substitutos de referentes concretos na ausência dos objetos
  • 7. mediação no dia-a-dia indivíduo situação explicação pré-concepções, ideias, mitos,…
  • 8.
  • 9. mediação na investigação investigador situação/ problema resultados elementos de mediação
  • 10. mediação na investigação investigador situação/ problema resultados teoria(s), instrumentos, procedimentos,…
  • 12. investigador resultados teoria(s), … regras, normas,… comunidade hierarquia objeto sistema de atividade como unidade de análise 2ª geração da Teoria da Atividade (Leont’ev)
  • 13. investigador resultados teoria(s), … regras, normas, … comunid ade hierarqui a objeto reviewer teoria(s), … regras, normas, … comunid ade hierarqui a investigador avaliador operamos em múltiplos sistemas de atividade 3ª geração da Teoria da Atividade (Y. Engeström)
  • 15. relação com o conhecimento entendido não como propriedade individual... ...mas como produto colectivo construído na interação com os recursos estruturantes da ação !  os outros !  os artefactos que usamos !  as situações e os problemas
  • 16. !   Participar numa prática social, na qual o conhecimento reside, é um princípio epistemológico de aprendizagem. !   As possibilidades de aprendizagem são definidas: •  pela estrutura social dessa prática •  pelas relações de poder e as condições de legitimidade e de acesso
  • 17. bases de um ponto de vista sociocultural !   o investigador é um ser sistémico, social, política e historicamente inscrito !   o investigador é não só um produto da cultura, mas também um criador e transformador da subjetividade colectiva !   o investigador, e os objetos transformados na sua prática, não podem ser considerados nem compreendidos sem se atender aos meios culturais de acesso ao conhecimento - os artefactos (de mediação)
  • 18. artefactos e mediação !   o uso de artefactos é uma acumulação, elaboração e transmissão de conhecimento social
  • 19. !   são moldados pelo contexto social e cultural onde são usados !   refletem as experiências das pessoas, através das propriedades estruturais desses artefactos, assim como no conhecimento de como eles devem ser utilizados !   são criados e transformados na própria atividade !   transportam uma cultura particular – a utilização de artefactos é um meio de elaboração e transmissão de conhecimento cultural. artefactos
  • 20. Princípios a considerar nesta perspetiva 1. sistema de atividade como unidade de análise 2. multivocidade dos sistemas de atividade 3. historicidade dos sistemas de atividade 4. papel central das contradições / tensões /conflitos como fontes de mudança e de desenvolvimento 5. possibilidade de transformações expansivas nos sistemas de atividade
  • 21. 2º andamento teoria na investigação qualitativa ?
  • 22. Papel da teoria na investigação qualitativa não há nada tão prático e útil como uma ‘boa’ teoria…
  • 23. teorias e teorias… ! teorias de longo alcance (Darwin) ! teorias de médio alcance (Piaget) ! teorias substantivas (…) !   everyday theories
  • 24. Papéis da teoria !   descritivo [identifica conceitos chave ou variáveis e estabelece distinções conceptuais de base] !   explicativo [revela relações e processos] !   preditivo [torna possível fazer previsões numa variedade de contextos potenciais] !   prescritivo [fornece linhas estruturantes] !   generativo [orienta para a invenção e descoberta,...]
  • 25. De que precisamos na investigação qualitativa? !   teoria(s) suficientemente rica para capturar os aspectos ‘mais importantes’ do fenómeno/situação problematizada !   teoria(s) suficientemente descritiva e generalizante para constituir ferramenta útil de análise à importância do conceptual framework
  • 26. 3º andamento mitos sobre a investigação qualitativa
  • 27. Mito #1 realizar investigação qualitativa é mais fácil e menos exigente que investigação quantitativa
  • 28. atenção… trata-se de um problema de literacia estatística? das dificuldades dos modelos matemáticos… …às dificuldades dos modelos de análise qualitativa
  • 29. Mito #2 a investigação qualitativa é subjetiva
  • 30. é um problema de representação? como se transforma situações / fenómenos em algo representável (para uma dada audiência)? ! variáveis… ! relações entre variáveis…
  • 31. como é que o modelo de análise é aplicado (idiográfico versus nomotético)? !   que relação existe entre as formas de aplicação de diferentes modelos de análise? !   o que é considerado como evidência na investigação? é um problema de representação?
  • 32. !   o que é um modelo de análise legítimo? ! como são legitimados os resultados da investigação? !   e no caso da investigação qualitativa? ou é um problema de legitimação?
  • 33. Mito #3 na investigação qualitativa não se pretende generalizar
  • 34. atenção à qualidade da generalização… população amostra representativa para certas variáveis bem definidas estudo das variáveis X1, X2, … amostragem… generalização (para variávels Y1, Y2,…)
  • 35. Mito #4 a escrita dos resultados na investigação qualitativa é posterior à análise dos dados (primeiro analisa-se e depois escreve-se)
  • 36. escrever é analisar ‘como é que sei o que penso antes de ler o que escrevi?’
  • 37. Epílogo a necessidade de inovação na investigação qualitativa
  • 38.
  • 39.
  • 40.
  • 42. “A generation ago, teachers could expect that what they taught would last their students lifetime. Today, because of rapid economic and social change, schools have to prepare students for jobs that have not yet been created, technologies that have not been invented and problems that we don’t yet know will arise” (OECD, 2011, par. 7)
  • 43. Pensar a inovação na investigação qualitativa implica lutar contra os “QWERTY” da investigação
  • 46.
  • 47.
  • 48.
  • 51.
  • 52.
  • 53.
  • 54.
  • 56.
  • 57.
  • 60. exemplo de QWERTY na investigação: a representação (relato)
  • 61. O QUE ESTÁ ENVOLVIDO NA PRÁTICA DE INVESTIGAÇÃO? A escrita (o relato) é parte da investigação O design e o emergente Há uma incerteza inerente entre o design e a sua realização nas práticas de investigação (uma vez que essas práticas não são o resultado do design mas uma resposta ao design)
  • 62. representação da investigação ! quem é a audiência? ! como me dirijo ao leitor? (voz ativa/passiva) ! que vozes represento? !   …
  • 63.
  • 64. “Anything that can will be digitased. What will happen to schools?” SITRA (2015). A Land of People who Love to Learn. Helsinki: Finish Innovation Fund.
  • 65. representação multimédia? ! incluir texto, tabelas e gráficos dinâmicos, imagens vídeo – e as relações entre esses elementos à relações hipertextuais…
  • 66.
  • 67. ‘problemas’ a ultrapassar… ! múltiplas leituras derivadas de diferentes trajetórias de navegação no relato da investigação ! necessidade de transparência absoluta da tecnologia usada no relato !   …
  • 68. potencialidades… ! evolução dos métodos de trabalho ! análise e avaliação da investigação !   re-análise de dados ! replicação de estudos !   …
  • 69. qual o futuro da e-research em termos de métodos qualitativos?
  • 70. pensar o design do futuro da investigação qualitativa passa necessariamente por lutar contra os QWERTY da investigação