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Professor André Augusto da Fonseca - 2011
andreaugfonseca@gmail.com
www.lavrado.wordpress.com
   Burke vincula “a ascensão da história cultural
    a uma “virada cultural” mais ampla em
    termos de ciência política, geografia,
    economia, psicologia, antropologia e
    ‘estudos culturais’”.
   Teria ocorrido um deslocamento “da
    suposição de uma racionalidade imutável [...]
    para um interesse crescente nos valores
    defendidos por grupos particulares em locais
    e períodos específicos” (p. 8).
   Karl Lamprecht já perguntava o que é história
    cultural em 1897. Hoje vemos “histórias culturais
    da longevidade, do pênis, do arame farpado e da
    masturbação” .
   Os métodos usados mostram diversidade e
    muita controvérsia:
       Trabalho intuitivo (como Jacob Burkhardt).
       Poucos usam métodos quantitativos.
       Uma procura de significado.
       Outros focalizam as práticas e as representações”.
       Alguns pretendem fazer uma mera descrição.
   “a preocupação com o simbólico e suas
    interpretações. Símbolos, conscientes ou não,
    podem ser encontrados em todos os lugares, da
    arte à vida cotidiana, mas a abordagem do
    passado em termos de simbolismo é apenas
    uma entre outras.”
   “Uma história cultural das calças é diferente de
    uma história econômica sobre o mesmo tema,
    assim como uma história cultural do Parlamento
    seria diversa de uma história política da mesma
    instituição” (p. 10).
   Tradição germânica (séc. XVIII) e holandesa;
   Anglófonos: resistência inglesa (antropologia social)
    x interesse estadunidense (antropologia cultural);
   tradição francesa: civilisation, mentalités collectives
    et imaginaire social:
     História das mentalidades, sensibilidades ou
      ‘representações coletivas’, na época de Marc Bloch e
      Lucien Febvre.
     História da cultura material (civilization matérielle) na
      época de Fernand Braudel.
     História das mentalidades (de novo) e da imaginação
      social, na época de Jacques Le Goff, Emmanuel Le Roy
      Ladurie e Alain Corbin.
   Fase “clássica” – 1800 a 1950.
     A Cultura do Renascimento na Itália (1860), do
      historiador suíço Jacob Burkhardt; Outono da
      Idade Média (1919), do historiador holandês Johan
      Huizinga.
     “o retrato de uma época”. Preocupação com as
      conexões entre as diferentes artes e o espírito da
      época – Zeitgeist.
   Por que a ênfase dos “positivistas” na história
    política?
     Século XVIII – administração real incentiva e
      facilita a pesquisa sobre a história do Estado
     Criação e organização racional dos arquivos
      públicos, por interesse do Estado absolutista
     Filosofia da época desenvolve uma concepção
      idealista e política de sociedade
     O homem só adquire dimensão social na vida
      política
   História política, história do Estado, história
    das instituições
   É a concepção de O Espírito das Leis, de
    Discurso sobre a grandesa e a decadência dos
    romanos, da Enciclopédia, das obras de Mably
    e Condorcet.
   Rousseau preocupa-se com uma história pré-
    social da humanidade, uma história
    antropológica – mas só identificável nos
    povos “sem história”, ou seja, nos “selvagens”.
   O estudo dos povos sem escrita admite que
    eles tenham uma história, mas o sentido de
    sua civilização é dado por suas crenças, pelas
    maneiras de se vestir, de se alimentar, de
    organizar a vida familiar, dos sexos se
    relacionarem.
   Ainda assim, no período das Luzes, alguns
    viajantes, médicos e administradores lançam
    um olhar etnológico sobre as sociedades
    históricas.
   Há uma antiquíssima tradição de se traçar o
    quadro histórico ou história natural de
    determinada região ou nação: definir a
    identidade de uma sociedade é reconstituir a
    história de seus costumes.
   Esse era o empreendimento de HERÓDOTO.
   O estudo das formas da vida cotidiana “tornou-se
    supérfluo quando os ESTADOS-NAÇÕES,
    recentemente constituídos, recrutaram a
    memória coletiva a fim de justificar pelo passado
    sua dominação sobre determinado território e
    sua maneira de organizar a sociedade”.
França: uma corrente mais narrativa, próxima das elites dirigentes e do debate
político, herdeira dos cronistas.



Outra mais analítica, atenta à descrição dos costumes.



A primeira teve mais êxito na tentativa de dotar-se de um estatuto científico.


O desenvolvimento das ciências sociais mais jovens, como a SOCIOLOGIA,
obrigou a História a redefinir sua identidade a partir de um território mais
limitado – a esfera estatal e política.
   Ideal cientificista exigia metodologia rigorosa
    nos moldes das ciências experimentais: a
    célula ou o átomo da História seria o FATO
    HISTÓRICO, isto é, o ACONTECIMENTO que
    sobrevém na vida pública.
   Todo fenômeno que não aparece na cena
    pública pode ser ignorado pelo historiador,
    por não ser ação voluntária e consciente.
Cultura, valores

• Importantes para explicar a produção,a acumulação, o consumo da
  riqueza.

John Elliott:

•1961 – estudo econômico sobre o declínio da Espanha
 1978: estudo sobre a percepção do declínio

O uso do termo CULTURA a partir de 1960-70

• Antes, referia-se à alta cultura
• Agora, inclui a cultura cotidiana – costumes, valores, modo de vida
Marcel Mauss: O   E. Evans Pritchard:   Mary Douglas: A
    DOM               BRUXARIA             PUREZA




                   Clifford Geertz:
                         BALI
   “CULTURA é um padrão, historicamente
    transmitido, de significados incorporados em
    símbolos, um sistema de concepções
    herdadas, expressas em formas simbólicas,
    por meio das quais os homens se comunicam,
    perpetuam e desenvolvem seu conhecimento
    e suas atitudes acerca da vida” (apud BURKE,
    p. 52).
Um drama filosófico
• A briga de galo não é um reflexo da cultura, mas uma
  leitura ou interpretação balinesa, uma história que os
  balineses contam sobre eles mesmos.

Robert Darnton
• Pode-se “ler um ritual ou uma cidade, assim como se
  pode ler um conto folclórico ou um texto filosófico”
  (apud BURKE, p. 53).
Preocupação com a hermenêutica
       (interpretação dos significados).


Em oposição à análise das FUNÇÕES SOCIAIS
               dos costumes


A analogia do drama (interesse histórico pelos
   rituais; toda cultura teria um repertório
 dramatúrgico, de performances esperadas)
Emmanuel Le
  Roy Ladurie;
  Daniel Roche;    Marxistas ou      Virada
  Natalie Davis    admiradores
Lynn Hunt, Carlo     de Marx      antropológica
 Ginzburg, Hans
     Medick
O conceito mais
         amplo de cultura




  A história
                        Ideia de
cultural como
                       regras ou
     uma
                      protocolos
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Nova história cultural

  • 1. Professor André Augusto da Fonseca - 2011 andreaugfonseca@gmail.com www.lavrado.wordpress.com
  • 2. Burke vincula “a ascensão da história cultural a uma “virada cultural” mais ampla em termos de ciência política, geografia, economia, psicologia, antropologia e ‘estudos culturais’”.  Teria ocorrido um deslocamento “da suposição de uma racionalidade imutável [...] para um interesse crescente nos valores defendidos por grupos particulares em locais e períodos específicos” (p. 8).
  • 3. Karl Lamprecht já perguntava o que é história cultural em 1897. Hoje vemos “histórias culturais da longevidade, do pênis, do arame farpado e da masturbação” .  Os métodos usados mostram diversidade e muita controvérsia:  Trabalho intuitivo (como Jacob Burkhardt).  Poucos usam métodos quantitativos.  Uma procura de significado.  Outros focalizam as práticas e as representações”.  Alguns pretendem fazer uma mera descrição.
  • 4. “a preocupação com o simbólico e suas interpretações. Símbolos, conscientes ou não, podem ser encontrados em todos os lugares, da arte à vida cotidiana, mas a abordagem do passado em termos de simbolismo é apenas uma entre outras.”  “Uma história cultural das calças é diferente de uma história econômica sobre o mesmo tema, assim como uma história cultural do Parlamento seria diversa de uma história política da mesma instituição” (p. 10).
  • 5. Tradição germânica (séc. XVIII) e holandesa;  Anglófonos: resistência inglesa (antropologia social) x interesse estadunidense (antropologia cultural);  tradição francesa: civilisation, mentalités collectives et imaginaire social:  História das mentalidades, sensibilidades ou ‘representações coletivas’, na época de Marc Bloch e Lucien Febvre.  História da cultura material (civilization matérielle) na época de Fernand Braudel.  História das mentalidades (de novo) e da imaginação social, na época de Jacques Le Goff, Emmanuel Le Roy Ladurie e Alain Corbin.
  • 6. Fase “clássica” – 1800 a 1950.  A Cultura do Renascimento na Itália (1860), do historiador suíço Jacob Burkhardt; Outono da Idade Média (1919), do historiador holandês Johan Huizinga.  “o retrato de uma época”. Preocupação com as conexões entre as diferentes artes e o espírito da época – Zeitgeist.
  • 7. Por que a ênfase dos “positivistas” na história política?  Século XVIII – administração real incentiva e facilita a pesquisa sobre a história do Estado  Criação e organização racional dos arquivos públicos, por interesse do Estado absolutista  Filosofia da época desenvolve uma concepção idealista e política de sociedade  O homem só adquire dimensão social na vida política
  • 8. História política, história do Estado, história das instituições  É a concepção de O Espírito das Leis, de Discurso sobre a grandesa e a decadência dos romanos, da Enciclopédia, das obras de Mably e Condorcet.  Rousseau preocupa-se com uma história pré- social da humanidade, uma história antropológica – mas só identificável nos povos “sem história”, ou seja, nos “selvagens”.
  • 9. O estudo dos povos sem escrita admite que eles tenham uma história, mas o sentido de sua civilização é dado por suas crenças, pelas maneiras de se vestir, de se alimentar, de organizar a vida familiar, dos sexos se relacionarem.  Ainda assim, no período das Luzes, alguns viajantes, médicos e administradores lançam um olhar etnológico sobre as sociedades históricas.
  • 10. Há uma antiquíssima tradição de se traçar o quadro histórico ou história natural de determinada região ou nação: definir a identidade de uma sociedade é reconstituir a história de seus costumes.  Esse era o empreendimento de HERÓDOTO.  O estudo das formas da vida cotidiana “tornou-se supérfluo quando os ESTADOS-NAÇÕES, recentemente constituídos, recrutaram a memória coletiva a fim de justificar pelo passado sua dominação sobre determinado território e sua maneira de organizar a sociedade”.
  • 11. França: uma corrente mais narrativa, próxima das elites dirigentes e do debate político, herdeira dos cronistas. Outra mais analítica, atenta à descrição dos costumes. A primeira teve mais êxito na tentativa de dotar-se de um estatuto científico. O desenvolvimento das ciências sociais mais jovens, como a SOCIOLOGIA, obrigou a História a redefinir sua identidade a partir de um território mais limitado – a esfera estatal e política.
  • 12. Ideal cientificista exigia metodologia rigorosa nos moldes das ciências experimentais: a célula ou o átomo da História seria o FATO HISTÓRICO, isto é, o ACONTECIMENTO que sobrevém na vida pública.  Todo fenômeno que não aparece na cena pública pode ser ignorado pelo historiador, por não ser ação voluntária e consciente.
  • 13. Cultura, valores • Importantes para explicar a produção,a acumulação, o consumo da riqueza. John Elliott: •1961 – estudo econômico sobre o declínio da Espanha 1978: estudo sobre a percepção do declínio O uso do termo CULTURA a partir de 1960-70 • Antes, referia-se à alta cultura • Agora, inclui a cultura cotidiana – costumes, valores, modo de vida
  • 14. Marcel Mauss: O E. Evans Pritchard: Mary Douglas: A DOM BRUXARIA PUREZA Clifford Geertz: BALI
  • 15.
  • 16. “CULTURA é um padrão, historicamente transmitido, de significados incorporados em símbolos, um sistema de concepções herdadas, expressas em formas simbólicas, por meio das quais os homens se comunicam, perpetuam e desenvolvem seu conhecimento e suas atitudes acerca da vida” (apud BURKE, p. 52).
  • 17. Um drama filosófico • A briga de galo não é um reflexo da cultura, mas uma leitura ou interpretação balinesa, uma história que os balineses contam sobre eles mesmos. Robert Darnton • Pode-se “ler um ritual ou uma cidade, assim como se pode ler um conto folclórico ou um texto filosófico” (apud BURKE, p. 53).
  • 18. Preocupação com a hermenêutica (interpretação dos significados). Em oposição à análise das FUNÇÕES SOCIAIS dos costumes A analogia do drama (interesse histórico pelos rituais; toda cultura teria um repertório dramatúrgico, de performances esperadas)
  • 19. Emmanuel Le Roy Ladurie; Daniel Roche; Marxistas ou Virada Natalie Davis admiradores Lynn Hunt, Carlo de Marx antropológica Ginzburg, Hans Medick
  • 20. O conceito mais amplo de cultura A história Ideia de cultural como regras ou uma protocolos etnografia culturais retrospectiva