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INTRODUÇÃO
                                        COLOSSENSES
          Autoria
          Os pais da igreja já consideravam Paulo como autor dessa carta à liderança da Igreja em Colossos.
       No século XIX, entretanto, alguns pensadores, entendendo que a heresia tratada pelo apóstolo, no
       capítulo dois, seria o gnosticismo do segundo século, levantaram suspeitas quanto à originalidade
       da autoria paulina. Contudo, uma análise ainda mais profunda deixa claro que a heresia combatida
       por Paulo era uma espécie de embrião do que viria a ser o gnosticismo delineado durante os séculos
       II e III pelos mestres gnósticos.
          A própria epístola aos Colossenses declara ter sido escrita por Paulo (1.1), e está cravejada pelas
       marcantes verdades e idéias paulinas.

         Propósitos
         A Igreja em Colossos ainda alimentava uma preocupação errônea e exagerada em relação à
       guarda religiosa e cerimonial dos ritos tradicionais judaicos do passado. Além disso, os cristãos de
       Colossos eram muito vulneráveis às crenças místicas e superstições de todos os tipos. Essa falta de
       confiança absoluta na fé cristã e no senhorio de Cristo criou um ambiente fértil para o surgimento
       de uma heresia que juntava elementos judaicos com teorias e doutrinas de um gnosticismo ainda
       em formação.
         Paulo trata do problema dessa fé dúbia e volúvel dos colossenses, afirmando-lhes o incomparável
       caráter de Jesus Cristo, o Messias e Filho de Deus. Em uma passagem notável, ele faz veemente
       referência à obra de Cristo em relação à redenção e reconciliação do ser humano caído a Deus. O
       apóstolo, ainda, defende a preeminência do Senhor, e afirma que Cristo é a perfeita imagem do Deus
       invisível, por meio do qual tudo fora criado. Ele é o cabeça da Igreja.
         Cristo, portanto, é totalmente suficiente e satisfatório. Dele, o crente recebe a plenitude do Seu
       Espírito (2.10). Em absoluto contraste, a heresia que se difundia na comunidade cristã de Colossos
       era uma filosofia totalmente insatisfatória, obscura, insegura e inverídica (2.8), sem a menor
       capacidade de corrigir a inclinação maléfica do ser humano caído (2.23).
         Sendo assim, o tema central de Colossenses pode ser resumido na plena suficiência de Jesus
       Cristo, em oposição às limitações e incapacidades de qualquer filosofia ou crença produzida pelos
       seres humanos.

         Data da primeira publicação
         Assim como as cartas destinadas aos efésios, filipenses e a Filemom, esta epístola aos colossen-
       ses também foi escrita durante o primeiro período de prisão de Paulo, por volta do ano 60 d.C., em
       Roma, onde p
             ,      passou p menos dois anos em p
                             pelo                       prisão domiciliar jjunto à g
                                                                                   guarda p
                                                                                          pretoriana local (
                                                                                                           (At
       28.16-31). Alguns teólogos modernos sugerem que Paulo poderia ter escrito Colossenses em Éfeso
       ou mesmo em Cesaréia, entretanto, a maior parte das evidências confirma a cidade de Roma como o
       lugar onde o original foi produzido pelo apóstolo, a exemplo do que ocorreu com todas as chamadas
       “cartas da prisão”: Efésios, Colossenses, Filipenses, 2 Timóteo e Filemom.

         Esboço geral de Colossenses
            1. Saudação e ação de graças (1.1-8)
            2. Oração de Paulo pelos colossenses (1.9-12)
            3. Exposição da obra de Deus em Cristo (1.13-23)
               A. Quanto à nossa absoluta redenção (1.13,14)
               B. A perfeita excelência de Cristo (1.15-19)
               C. A total reconciliação com Deus (1.20-23)
            4. O ministério do apóstolo Paulo (1.24 – 2.3)




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5. Paulo expõe e reprova os falsos ensinos (2.4-23)
                 A. Caminhando diariamente com Cristo (2.4-7)
                 B. A obra concluída de Cristo (2.8-15)
                 C. Censura contra o cerimonialismo (2.16-23)
              6. Como viver a vida cristã (3.1 – 4.6)
                 A. Os ressuscitados devem buscar o alto (3.1-11)
                 B. O exercício cotidiano das virtudes cristãs (3.12-17)
                 C. Os relacionamentos familiares e sociais (3.18 – 4.1)
                 D. Exortação à oração e à prática da sabedoria (4.2-6)
              7. Saudações finais (4.7-18)
                 A. A missão de Tíquico (4.7-9)
                 B. Saudações dos companheiros (4.10-17)
                 C. Saudação pessoal e bênção apostólica (4.18)




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COLOSSENSES
       Prefácio e saudações                                               momento em que soubemos desse fato,

       1   Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por
           vontade de Deus, e o irmão Timóteo,
       2 aos santos e leais irmãos em Cristo que
                                                                          igualmente, não deixamos de orar por vós
                                                                          e de suplicar que sejais cheios do pleno co-
                                                                          nhecimento da vontade de Deus, com toda
       estão em Colossos: graça e paz a vós ou-                           a sabedoria e entendimento espiritual.
       tros, da parte de Deus, nosso Pai.1                                10 E tudo isso, com o propósito de que
                                                                          possais viver de modo digno do Senhor,
       A fé e o amor dos colossenses                                      agradando-lhe plenamente, frutificando
       3 Damos graças a Deus, Pai de nosso                                em toda boa obra, crescendo no conhe-
       Senhor Jesus Cristo, rogando sempre                                cimento de Deus,
       por vós,                                                           11 sendo fortalecidos com todo o poder,
       4 desde que ouvimos falar da vossa fé em                           segundo a maravilhosa força da sua gló-
       Cristo Jesus, e do amor que tendes por                             ria, para que, com alegria tenhais absolu-
       todos os santos,                                                   ta constância e firmeza de ânimo,
       5 por causa da esperança que vos está                              12 dando graças ao Pai que nos tornou
       reservada no céu, da qual já ouvistes pela                         dignos de participar da herança dos san-
       Palavra da Verdade, o Evangelho,                                   tos no reino da luz.
       6 que vos alcançou, e da mesma forma está
       chegando em todo o mundo, frutificando                              A suprema pessoa de Cristo
       e se espalhando, assim como ocorreu entre                          13 Ele nos resgatou do domínio das tre-
       vós, desde o dia em que ouvistes e conhe-                          vas e nos transportou para o reino do seu
       cestes a graça de Deus na verdade;2                                Filho amado,4
       7 segundo fostes instruídos por Epafras,                           14 em quem temos a plena redenção por
       nosso amado conservo, leal ministro de                             meio do seu sangue, isto é, o perdão de
       Cristo em nosso favor.                                             todos os pecados.
       8 Ele também nos contou do amor que                                15 Ele é a imagem do Deus invisível, o
       tendes no Espírito.3                                               primogênito sobre toda a criação;5
                                                                          16 porquanto nele foram criadas todas as
       A oração de Paulo pelos fiéis                                       coisas nos céus e na terra, as visíveis e as
       9 Por esse motivo, também nós, desde o                             invisíveis, sejam tronos ou dominações,


          1 A expressão “santo” é usada somente por causa da morte vicária de Jesus Cristo, o Filho de Deus, em benefício eterno de
       todo aquele que crê (crente, cristão) que, portanto, passa a ser abençoado pela habitação do Espírito Santo em sua alma, seu
       Advogado e Conselheiro. O Espírito de Cristo é também a nossa garantia (marca, selo) de filiação a Deus, e santificador do crente,
       separando-o dia a dia (processo de santificação) das garras desse sistema mundial dominado por Satanás e seus comandados.
       Portanto, “santo”, assim como “perfeito”, tem a ver com a maneira como Deus, nosso Pai, nos vê a partir da pessoa e da obra do
       Senhor Jesus, além de serem alvos para nossas vidas cristãs (Jo 1.12; 14.16-24; 10.10; 1Co 13.13; 1Ts 1.3).
          2 Paulo usa uma figura de linguagem (hipérbole), com o objetivo de destacar a rápida propagação das boas novas do
       evangelho por todas as partes do vasto Império Romano, em apenas três décadas após o Pentecoste (v.23; At 2.1-4; Rm 1.8;
       10.18; 16.19). Mais de 2000 anos depois, o cristianismo se tornou, de fato, a maior religião do planeta, e Jesus Cristo continua a
       fazer discípulos em todo mundo por meio da graça do Espírito de Deus (Mt 28.18-20).
          3 Paulo sempre demonstrou grande consideração por todos os seus cooperadores; apreciava chamá-los de “conservos”,
       apresentando dessa maneira aqueles que compartilhavam com ele das bênçãos e lutas no ministério (v.4.7). Epafras estabeleceu
       as igrejas de Colossos, Laodicéia e Hierápolis, durante a jornada do apóstolo em Éfeso (4.13; Fm 23; Ap 3.14; At 19.10). O amor
       cristão, em toda a sua exuberância, somente é possível a partir da ação poderosa do Espírito Santo na vida do cristão humilde.
          4 No original grego, a expressão “domínio ou império das trevas” tem a ver com o “poder total do Diabo e suas hostes malignas”
       (Lc 22.53; Ef 2.2; 6.12; Gl 1.4).
          5 Jesus Cristo é o nosso redentor, pois foi ele quem pagou, com sua morte vicária, o alto preço do resgate exigido pela Lei de
       Deus para a absolvição de todo pecador que crê sinceramente na pessoa e obra de Cristo. Paulo usa um conhecido hino da igreja




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COLOSSENSES 1, 2                                                4

      sejam governos ou poderes, tudo foi                                 O ministério do apóstolo
      criado por Ele e para Ele.6                                         24 Agora me alegro nos meus sofrimentos
      17 Ele existe antes de tudo o que há, e nele                        por vós e completo no meu corpo o que
      todas as coisas subsistem.                                          resta das aflições de Cristo, em benefício
      18 Ele é a cabeça do Corpo, que é a Igreja;                         do seu Corpo, que é a Igreja,8
      Ele é o princípio e o primogênito dentre                            25 da qual me tornei servo de acordo
      os mortos, a fim de que em absoluta-                                 com a convocação de Deus, que me foi
      mente tudo tenha a supremacia.                                      outorgada para convosco, a fim de tor-
      19 Porquanto foi do agrado de Deus que                              nar completamente conhecida a Palavra
      nele habitasse toda a plenitude,7                                   de Deus,
      20 e por intermédio dele reconciliasse                              26 o mistério que esteve oculto durante
      consigo todas as coisas, tanto as que es-                           séculos e gerações, mas agora foi revelado
      tão na terra quanto as que estão nos céus,                          aos seus santos,9
      estabelecendo a paz pelo seu sangue ver-                            27 a quem Deus, entre os que não são ju-
      tido na cruz.                                                       deus, aprouve dar a conhecer as riquezas
      21 E a vós outros também que, no pas-                               da glória deste mistério, isto é, Cristo em
      sado, éreis estranhos e inimigos de Deus                            vós, a esperança da glória!10
      conforme demonstrado pelas obras más                                28 A Ele, portanto, proclamamos, acon-
      que praticáveis,                                                    selhando e ensinando a cada pessoa, com
      22 agora, entretanto, Ele vos reconciliou                           toda a sabedoria, para que apresentemos
      no corpo físico de Cristo, por meio da                              todo homem perfeito em Cristo.11
      morte, para vos apresentar santos, incul-                           29 E para cumprir esse propósito, eu me
      páveis e absolvidos de qualquer acusação                            esforço arduamente, lutando conforme
      diante dele,                                                        o seu poder que opera eficazmente em
      23 se de fato permaneceis na fé, alicerça-                          mim.
      dos e firmes, sem vos afastar da esperança
      do Evangelho que ouvistes e que está sen-                           A luta para pregar o Evangelho
      do pregado a todas as pessoas em todo o
      mundo, do qual eu, Paulo, me tornei
      ministro.
                                                                          2  Portanto, gostaria que soubésseis
                                                                             como é grande a luta que enfrento
                                                                          por vós, pelos que estão em Laodicéia e


      primitiva (vv.15-20; 3.16) para ensinar sobre a supremacia de Cristo na Criação e na Redenção. Alguns teólogos, com base nesse
      texto, têm ensinado erroneamente que Cristo foi criado. Ele, entretanto, é o próprio Criador; a expressão exata do ser de Deus,
      sua imagem perfeita e resplendor, refletidos na pessoa do seu Filho, Deus-homem, o primogênito de toda a criação (herdeiro de
      todas as coisas). Paulo usa a antiga tradição cultural oriental, para demonstrar que assim como o filho primogênito tinha certos
      direitos e privilégios, semelhantemente Cristo, o Filho amado de Deus, herdou absoluta prioridade, preeminência e soberania (Gn
      1.27; Mt 22.20; Rm 8.29; Cl 3.10; 2Co 4.4; Hb 1.3; Jo 1.18; 14.9).
         6 Paulo ressalta a supremacia de Cristo sobre o universo, o tempo e tudo o que há, referindo-se aos direitos do Criador como
      absoluto dono e mestre, em contraste com a doutrina herética sobre anjos ministradores que os pensadores gnósticos tentavam
      ensinar aos colossenses, insistindo que Cristo era um anjo de luz de alto escalão na hierarquia angelical (Jo 1.1,2; 8.58).
         7 A expressão grega pleroma era um termo técnico usado na filosofia, especialmente pelos gnósticos, para indicar a “plena
      deidade”, cujo sentido era a soma total das forças sobrenaturais que controlavam o destino das pessoas. Paulo usa parte do
      vocabulário gnóstico para afirmar que “plenitude”, na verdade, é a pessoa do Filho de Deus, Jesus Cristo (2.9).
         8 Paulo não está dizendo que havia alguma falta no sacrifício expiatório de Cristo. Pelo contrário, o apóstolo está reafirmando
      seu compromisso em cumprir sua cota de sacrifício, como cristão, para proclamar o Evangelho a um mundo hostil para com
      Deus e a verdade.
         9 O mistério cristão não é um “conhecimento secreto”, exclusivo dos iniciados como nas seitas pagãs ou ordens gnósticas. É
      a revelação de verdades divinas, antes ocultas (especialmente aos não judeus), mas, agora, em Cristo, proclamada abertamente
      para todos os povos e nações (Rm 16.25; Ef 1.9; 3.9).
         10 O mais importante mistério revelado é o fato de Cristo morar nos corações dos não judeus (gentios) por intermédio do
      Espírito Santo de Deus, que é a absoluta garantia da glória do céu (Ef 3.6).
         11 Os gnósticos usavam a expressão grega teleios, “perfeito”, para distinguir os filósofos que haviam passado a conhecer e
      praticar os grandes segredos da seita. Entretanto, Paulo assevera que todo cristão sincero tem a constante presença do Espírito
      de Deus junto à sua alma, e portanto, é um dos “perfeitos” em Cristo (Mt 28.19-20).




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5                                         COLOSSENSES 2

       por todos que ainda não me conhecem                                  na falsa religiosidade deste mundo, e não
       pessoalmente.1                                                       em Cristo.3
       2 Esforço-me a fim de que o coração de-                               9 Pois somente em Cristo habita corpo-
       les seja animado, estando vós unidos em                              ralmente toda a plenitude de Deus.
       amor e juntos alcanceis toda a riqueza                               10 Assim como, em Cristo, estais aperfei-
       do pleno entendimento, para que possais                              çoados. Ele é o Cabeça de todo poder e
       conhecer perfeitamente o mistério de                                 autoridade.4
       Deus, a saber, Cristo.2                                              11 Nele também fostes circuncidados,
       3 Nele estão ocultos todos os tesouros da                            não por intermédio de mãos humanas,
       sabedoria e do conhecimento.                                         mas com a circuncisão feita por Cristo,
       4 Falo dessa forma para que ninguém vos                              que é o despojar da carne pecaminosa.
       engane com argumentos interessantes,                                 12 Isso aconteceu quando fostes sepul-
       porém falsos.                                                        tados com Ele no batismo, e com Ele
       5 Porquanto, apesar de estar fisicamente                              foram ressuscitados mediante a fé no
       distante de vós, estou convosco em es-                               poder de Deus que o ressuscitou dentre
       pírito, e me sinto feliz ao verificar que                             os mortos.5
       estais vivendo em plena ordem, e como                                13 E a vós outros, que estáveis mortos
       está firme a vossa fé em Cristo.                                      pelas vossas transgressões e pela incir-
                                                                            cuncisão da vossa carne; vos deu vida
       Cristãos livres do legalismo                                         juntamente com Ele, perdoando todos
       6 Sendo assim, da mesma forma como                                   os nossos pecados;
       recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, tam-                            14 e cancelou a escrita de dívida, que
       bém andai nele,                                                      consistia em ordenanças, e que nos era
       7 alicerçados e edificados nele, transbor-                            contrária. Ele a removeu completamente,
       dando em gratidão.                                                   pregando-a na cruz;6
       8 Tende muito cuidado para que ninguém                               15 e, despojando as autoridades e poderes
       vos escravize a vãs e enganosas filosofias,                            malignos, fez deles um espetáculo públi-
       que se baseiam nas tradições humanas e                               co, triunfando sobre todos eles na cruz.7


          1 A expressão grega original agõna, que significa “grande batalha”, descreve bem a vida de oração e a dedicação ministerial
       do apóstolo de Cristo por todas as igrejas sob sua responsabilidade direta. Essa carta tinha o propósito de ser lida publicamente,
       como de costume, também diante da Igreja em Laodicéia, que ficava a apenas 9 km de Colossos, numa região da Turquia,
       conhecida atualmente como Denizli.
          2 Muitos pensadores gnósticos haviam se infiltrado na crescente comunidade cristã em Colossos, e tentavam influenciar os
       crentes, gabando-se de suas doutrinas secretas, reservadas apenas aos iniciados. Paulo os confronta com a verdade bíblica e
       assevera que toda a verdade está em Cristo, e portanto, perfeitamente acessível a todos (1.28).
          3 A expressão “tradições humanas e na falsa religiosidade deste mundo”, ou “a tradição dos homens, conforme os rudimentos
       do mundo”, como aparece em algumas versões, significa os “ensinos religiosos simplistas, falsos e mundanos” com os quais
       os gnósticos estavam seduzindo os cristãos de Colossos, com o objetivo de receber glória e viver às custas de seus prováveis
       seguidores (v.20; Gl 4.3,9; Hb 5.12). Paulo se insurge contra a heresia que já campeava entre os colossenses. Esta heresia
       afirmava que uma pessoa para ser salva precisava combinar fé em Cristo com certos conhecimentos ocultos e com uma série de
       regras da tradição judaica, como a circuncisão, restrição à ingestão de certos alimentos e bebidas, bem como a observância de
       rituais, celebrações religiosas e dias especiais.
          4 Cristo é o Cabeça da Igreja, seu Corpo, como nosso Senhor e maior exemplo de amor, obediência ao Pai e compaixão por
       seus irmãos. Contudo, Cristo é também, em primazia e autoridade, sobre toda a criatura no universo. Portanto, ele não foi criado
       por Deus como um “anjo de luz”, segundo pregavam os gnósticos; Cristo é Deus (1.18; Jo 14.6).
          5 Na circuncisão da Lei, o corte da pele que cobre a glande do pênis era uma marca que simbolizava a propriedade exclusiva
       de Deus e a separação do seu povo (Israel) do sistema pagão de valores (mundo). A perfeição (v.10; 1Pe 2.9), outorgada pela
       circuncisão espiritual que Cristo experimentou e nos concede, vem por meio da sua morte e ressurreição (Dt 10.16; 30.6; Jr 4.4).
       O valor e o poder desse ato transcendental é simbolizado pelo batismo (Rm 6.1-11), e, cada crente, se apropria dessa verdade e
       garantia pelo dom da fé (v.12). Assim, o batismo cristão toma o lugar da circuncisão na Nova Aliança.
          6 A “escrita de dívida” é o contrato de obrigação de guardar os mandamentos de Deus, juntamente com a estipulação da devida
       penalidade de morte, contra aqueles que desonrassem o cumprimento deste acordo de paz e felicidade perene (Gn 3.13).
          7 Paulo assevera que o cristão sincero é completo (perfeito) em Cristo, e não deficiente ou incompleto, como alegavam os




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COLOSSENSES 2, 3                                               6

      16 Portanto, ninguém tem o direito de                              22 Todas essas regras estão destinadas a
      vos julgar pelo que comeis, ou pelo que                            desaparecer pelo uso, pois se baseiam
      bebeis, ou ainda com relação a alguma                              em ordenanças e ensinos meramente
      festa religiosa, celebração das luas novas                         humanos.10
      ou dos dias de sábado.                                             23 Esses regulamentos têm, de fato, apa-
      17 Esses rituais são apenas sombra do                              rência de sabedoria, com sua pretensa
      que haveria de vir; a realidade, todavia,                          religiosidade, falsa humildade e rígida
      encontra-se em Cristo.8                                            disciplina para com o corpo, mas não
      18 Não aceiteis que alguém seja árbitro                            têm valor algum para refrear as paixões
      contra vós, fingindo humildade ou culto                             da carne.
      a anjos, fundamentando-se em visões,
      ostentando a inútil arrogância do seu                              Vivendo plenamente em Cristo
      conhecimento carnal.
      19 Trata-se, pois, de uma pessoa que não
      está unida à Cabeça, a partir da qual todo
                                                                         3   Portanto, visto que fostes ressuscitados
                                                                             com Cristo, buscai o conhecimento do
                                                                         alto, onde Cristo está assentado à direita
      o Corpo, sustentado e unido por seus li-                           de Deus.1
      gamentos e juntas, efetua o crescimento                            2 Pensai nos objetivos do alto, e não nas
      concedido por Deus.9                                               coisas terrenas;
                                                                         3 pois morrestes, e a vossa vida está escon-
      Só Cristo nos livra do pecado                                      dida com Cristo em Deus.
      20 Considerando que morrestes com                                  4 Quando Cristo, que é a vossa vida, for
      Cristo para as tradições humanas e a falsa                         manifestado, também vos manifestareis
      religiosidade deste mundo, por que vos                             com Ele em glória.2
      sujeitais ainda a tais ordenanças como se                          5 Sendo assim, fazei morrer tudo o que
      pertencêsseis a este sistema de valores?                           pertence à natureza terrena: imoralidade
      Não mais obedeçais a regras como estas:                            sexual, impureza, paixão, vontades más e
      21 “Não toques!”, “Não proves!”, “Não                              a ganância, que também é idolatria.3
                                                                           g         q
      manuseies!”                                                        6 É por causa dessas práticas malignas




      gnósticos. O próprio Deus se fez ser humano em Jesus Cristo, humilhou-se até a morte, e morte de cruz; despojando-se do corpo,
      triunfou sobre todos as forças do universo e conquistou toda primazia e glória do Pai, tornando-se o Caminho e o exemplo para
      todo cristão (vv.10-15; Mt 12.29; Lc 10.18; Rm 16.20; 2Co 2.14).
         8 Paulo afirma que as leis cerimoniais do AT são como sinais (sombras) da vinda de Cristo, o Messias, por retratarem
      simbolicamente a sua obra redentora entre os homens. Portanto, qualquer insistência em reviver e guardar esses rituais religiosos
      é uma demonstração da falta de reconhecimento de que todos os sinais e profecias em relação à vinda de Deus à Terra para
      resgate do seu povo, já se cumpriram em Cristo. Os hereges entre os colossenses ainda juntavam severas exigências ascéticas
      à sua falsa teologia (vv.20,21).
         9 A liberdade do cristão é regulada por sua relação direta com Cristo, por meio do Espírito Santo de Deus, como Cabeça con-
      trolador e, em relação ao Corpo (que é a Igreja), como membro que é de um organismo vivo e que deve funcionar em harmonia
      e cooperação. Quando qualquer membro do Corpo não se submete espontaneamente à Cabeça (Cristo), permite que heresias e
      pecados afetem a saúde espiritual de toda a fraternidade (Igreja).
         10 A morte do cristão com Cristo, para os valores do sistema mundial, destrói qualquer vínculo do pecado (Rm 6) e, ao mesmo
      tempo, quebra todo possível laço de veneração ou serviço às potestades (autoridades angelicais cultuadas pelos gnósticos),
      vencidos plenamente por Cristo. Paulo faz uso de uma verdade veterotestamentária, como registrada na Septuaginta (tradução
      grega do AT – Is 29.13), para relembrar aos colossenses e a todos os cristãos que, Deus não faz questão de honras cerimoniais
      religiosas, mas de corações que o adorem com sinceridade (Mc 7.6,7; Mt 15.8,9; Tt 1.14).
         Capítulo 3
         1 Paulo conclama os cristãos sinceros a exercerem na vida prática diária tudo o que eles já são posicionalmente em Cristo
      (Rm 6.1-13).
         2 Sendo que já morremos com Cristo, a nossa nova vida está oculta nele e Ele em Deus. Assim que Cristo retornar, o nosso
      estado glorioso será manifesto (1Jo 3.2).
         3 Quando o ser humano reconhece sua natureza pecaminosa (velho homem) e aceita o sacrifício de Cristo (Deus-homem) na
      cruz do Calvário, crucificando sua “velha natureza” com Cristo e, simbolicamente, solidarizando-se com Ele no batismo (2.13),




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7                                          COLOSSENSES 3

       que vem a ira de Deus sobre os que vi-                               protesto contra o outro, assim como
       vem na desobediência.                                                o Senhor vos perdoou, assim também
       7 Nelas também andastes no passado,                                  procedei.
       quando ainda vivíeis com esses hábitos,                              14 Acima de tudo, no entanto, revesti-vos
       8 mas agora, livrai-vos de tudo isto: raiva,                         do amor que é o elo da perfeição.
       ódio, maldade, difamação, palavras inde-                             15 Seja a paz de Cristo o juiz em vossos co-
       centes do falar.                                                     rações, tendo em vista que fostes convoca-
       9 Não mintais uns aos outros, pois já                                dos para viver em paz, como membros de
       vos despistes do velho homem com suas                                um só Corpo. E sede agradecidos.
       atitudes,                                                            16 Habite ricamente em vós a Palavra de
       10 e vos revestistes do novo homem, que                              Cristo; ensinai e aconselhai uns aos outros
       se renova para o pleno conhecimento, se-                             com toda a sabedoria, e cantai salmos,
       gundo a imagem daquele que o criou;4                                 hinos e cânticos espirituais, louvando a
       11 Nessa nova ordem de vida, não há                                  Deus com gratidão no coração.
       mais diferença entre grego e judeu,                                  17 E tudo quanto fizerdes, seja por meio
       circunciso e incircunciso, bárbaro e cita,                           de palavras ou ações, fazei em o Nome
       escravo ou pessoa livre, mas, sim, Cristo                            do Senhor Jesus, oferecendo por inter-
       é tudo e habita em todos vós.5                                       médio dele graças a Deus Pai.7
       12 Assim, como povo escolhido de Deus,
       santo e amado, revesti-vos de um cora-                               O cristão e seus relacionamentos
       ção pleno de compaixão, bondade, hu-                                 18 Mulheres, cada uma de vós seja sub-
       mildade, mansidão e paciência.6                                      missa ao próprio marido, pois assim
       13 Zelai uns pelos outros e perdoai-vos                              deveis proceder por causa da vossa fé no
       mutuamente; caso alguém tenha algum                                  Senhor.8



       recebe a graça do novo nascimento e da salvação eterna, cuja garantia é a habitação do Espírito de Deus em sua nova natureza
       (novo homem – a Imagem de Deus é recriada no crente – Gn 1.27); aprenderá, então, a ser guiado pelo Espírito Santo, e não
       apenas pela razão e emoções humanas. A expressão original grega nekrõsate indica que o “velho homem” deverá ser “morto”
       (aniquilado) diariamente, em seu poder de determinar nosso estilo de vida. É sempre a “velha natureza” que se manifesta nos
       desejos ilícitos e pecados da língua (vv.8,9; Tg 3.1-12), e sua mortificação se dá pela consagração da nossa “nova natureza” que,
       vencendo o “velho homem”, pelo poder do Espírito, nos leva à obediência de Cristo e, portanto, a tomar nossa cruz e seguir nosso
       Salvador, Senhor e Mestre: Jesus Cristo (Mc 8.34). Somente nos é possível despojar o “velho homem” porque Cristo despojou o
       “corpo da carne” (2.11) e as autoridades e poderes malignos (2.15).
         4 Paulo explica que a razão principal para o abandono dos maus caminhos está na simbologia do batismo. A frase original começa
       com o particípio grego apekdusamenoi, “tendo despido” (v.9), que é complementado por um particípio aoristo correspondente endu-
       samenoi, “tendo vestido” (v.10). Os verbos confirmam que há uma analogia em relação ao ato batismal, que pode ser compreendida
       a partir do costume da época de despir-se para a cerimônia do batismo; quando o novo convertido entrava na água, e de vestir-se
       logo depois (Gl 3.27; Rm 13.12,14; Ef 4.24). A personalidade de Cristo é criada no cristão sincero por meio do Espírito de Deus (Gl
       2.20). Desta forma é recriada a Imagem de Deus (em latim Imago Dei), segundo a qual Adão foi originalmente criado. O pecado,
                                                                                i
       entretanto, desfez essa imagem divina; a nova vida em Cristo (a perfeita imagem de Deus) a refaz na pessoa do crente fiel.
         5 A expressão original “bárbaro” era usada, pelos gregos, para indicar uma pessoa que não falava grego e, portanto, era
       considerada não civilizada para os padrões da época. Os “citas” eram provenientes de algumas tribos ao redor do mar Negro, ao
       sul de onde, hoje, se localiza a Rússia, e considerados quase como animais selvagens. Em Cristo, todas essas distinções foram
       abolidas, pois Jesus transcende todas as barreiras e unifica pessoas de todas as culturas, raças e nações.
         6 O título outorgado a Israel passou também a significar a Igreja de Cristo (Dt 4.37; 1Pe 2.9). A eleição divina é sempre
       apresentada nas cartas de Paulo, porém, as Escrituras, não deixam de destacar a responsabilidade de cada pessoa em relação
       às suas decisões e atitudes. Paulo reforça que, exatamente por ter sido eleito, o cristão convicto e fiel deve dedicar todo o seu
       esforço a fim de viver em conformidade com o chamado de Deus. Os apóstolos e principais discípulos de Cristo foram grandes
       exemplos desse conceito teológico (Ef 1.4).
         7 Esse versículo é melhor compreendido à luz do encorajamento oferecido aos escravos (e a todos aqueles que prestam
       serviço a um patrão) nos versos 23 e 24. A frase no original grego significa falar e agir como representantes dignos do excelso
       Nome de Jesus Cristo, o Filho de Deus, o Messias; assim como um filho é reconhecido e deve dignificar o nome do seu pai e,
       portanto, de sua família.
         8 O temor (devoção e humilde obediência) ao Senhor deve regular a atitude e o relacionamento pessoal do crente com Deus,




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COLOSSENSES 3, 4                                              8

      19 Maridos, cada um de vós ame sua es-                            porta para nossa mensagem, a fim de
      posa e não a trate com grosseria.                                 que possamos proclamar o mistério de
      20 Filhos, obedecei em tudo a vossos pais,                        Cristo, pelo qual estou preso.
      porquanto essa atitude é agradável ao                             4 Orai para que eu consiga manifestá-lo
      Senhor.                                                           francamente, como me cumpre fazê-lo.
      21 Pais, não irriteis vossos filhos, para que                      5 Portai-vos com sabedoria para com os
      eles não fiquem desanimados.                                       que são de fora; aproveitai ao máximo
      22 Escravos, obedecei em tudo a vossos                            todas as oportunidades.
      senhores terrenos, não servindo apenas                            6 A vossa maneira de falar seja sempre
      quando supervisionados, como quem                                 agradável e bem temperada com sal, a
      age somente para contentar os homens,                             fim de saberdes como deveis responder
      mas trabalhando com sinceridade de                                a cada pessoa.
      coração, por causa do vosso temor ao
      Senhor.                                                           Paulo envia conservos em missão
      23 E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo                         7 Quanto à minha situação, Tíquico, ir-
      o coração, como para o Senhor e não                               mão amado, fiel ministro, e conservo no
      para homens,                                                      Senhor, de tudo vos informará.
      24 conscientes de que recebereis do Se-
                            q                                           8 Eu vo-lo envio com o objetivo principal
      nhor a recompensa da herança. É a Cris-                           de vos colocar a par sobre como estamos
      to, o Senhor, que estais servindo!                                vivendo, e para que ele possa confortar o
      25 Pois quem agir de forma injusta re-                            vosso coração.
      ceberá o devido pagamento da injustiça                            9 Em sua companhia, vos envio Onési-
      cometida; e nisto não há exceção para                             mo, leal e amado irmão, que é um de
      pessoa alguma.                                                    vós. Eles vos farão saber tudo o que está
                                                                        acontecendo por aqui.2

      4  Senhores, tratai vossos servos de
         modo justo e equânime, sabedores
      de que também vós tendes um Senhor
                                                                        Saudações finais
                                                                        10 Saúda-vos Aristarco, meu companhei-
      no céu.                                                           ro de prisão, assim como Marcos, primo
                                                                        de Barnabé, sobre quem já recebestes
      Orar, vigiar e render graças                                      instruções; portanto, se ele vos for visi-
      2 Perseverai na oração, vigiando com                              tar, recebei-o.3
      ações de graças.1                                                 11 Jesus, chamado Justo, também vos en-
      3 Rogai, ao mesmo tempo, de igual ma-                             via saudações. Esses são os únicos da cir-
      neira por nós, para que Deus abra uma                             cuncisão que são meus cooperadores em


      com sua família, em relação a todos os membros do Corpo de Cristo (a Igreja), e no modo de tratar os que “são de fora” (versos
      de 18 a 4.6; Ef 5.21).
         Capítulo 4
         1 Paulo usa a palavra grega proskartereõ “perseverar” para comunicar à igreja a idéia de “caminhar na certeza da providência
      do Senhor”. A oração (diálogo com o Espírito de Deus) é a mais importante preparação para o desempenho de qualquer projeto
      (Mc 3.9; At 10.7; At 6.4; Rm 12.12).
         2 Paulo escreveu uma carta a Filemom, que residia em Colossos, com o principal objetivo de pedir que ele aceitasse plenamen-
      te, como irmão em Cristo, o seu antigo escravo Onésimo.
         3 Aristarco era macedônio. Participou com Paulo do tumulto que houve em Éfeso por causa do Evangelho e, por isso,
      era bem conhecido em Colossos (At 19.29). Tanto ele quanto Tíquico acompanharam Paulo na missão à Grécia (At 20.4), e
      cooperaram com o apóstolo em Roma (At 27.2). Marcos, autor do evangelho que leva seu nome, depois de doze anos de sua
      separação de Paulo na Panfília (At 15.38,39), agora faz parte da equipe missionária do apóstolo. Cinco anos depois dessa
      carta, Paulo escreve a Timóteo, afirmando a importância do companheirismo e do ministério de Marcos (2Tm 4.11). Jesus
      Justo (nome comum entre os judeus até o séc.II, seguido de nome helênico de significado semelhante) era um discípulo
      de Paulo, que embora judeu, não fazia parte do grupo que exigia a circuncisão dos cristãos; pelo contrário, cooperava com
      Paulo em seu indestrutível interesse de levar o Evangelho aos judeus, apesar de sua vocação para os gentios (Rm 1.16;
      9.1-5; 10.1; 11.25).




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9                                          COLOSSENSES 4

       benefício do Reino de Deus. Eles têm me                               irmãos em Laodicéia, e também Ninfa e
       proporcionado grande apoio e consolo.                                 a igreja que se reúne em sua casa.6
       12 Epafras, que também é um de vós e                                  16 Depois de lida entre vós, fazei com que
       servo de Cristo Jesus, vos envia sauda-                               esta carta também seja recebida e lida na
       ções. Ele está sempre guerreando por vós                              igreja dos laodicenses, e que vós, de igual
       em suas orações, para que como crentes                                modo, possais ler a carta de Laodicéia.7
       maduros e cheios de fé, continueis ca-                                17 E dizei a Arquipo: Cuida do ministé-
       minhando firmes na prática de toda a                                   rio que recebeste no Senhor, para que o
       vontade de Deus.                                                      cumpras.8
       13 Sou testemunha do quanto ele se esforça
       em seu zelo fraternal por vós e pelos que                             Bênção apostólica
       estão em Laodicéia e em Hierápolis.4                                  18 Eu, Paulo, faço questão de saudar-
       14 Lucas, o médico amado, e Demas vos                                 vos de próprio punho. Lembrai-vos
       cumprimentam carinhosamente.5                                         das minhas algemas. A graça esteja em
       15 Cumprimentai, igualmente, todos os                                 todos vós!9




          4 Hierápolis era uma cidade da Ásia Menor (hoje Turquia) e ficava cerca de 9 km de Laodicéia e 23 km de Colossos. A igreja ali
       foi formada a partir do ministério de discipulado de Paulo, por três anos em Éfeso (At 19).
          5 Lucas, médico e autor do terceiro evangelho e do livro de Atos, era grande amigo de Paulo e companheiro de missões (At
       16.10). Estava com Paulo em Roma na época da prisão do apóstolo, quando esta carta foi escrita (At 28). Demas, obreiro cristão,
       todavia, mais tarde, preferindo o mundo, abandonaria Paulo (2Tm 4.10).
          6 A Igreja primitiva, na maioria de seus grupos e comunidades, não possuía templos ou edifícios próprios para congregação
       dos crentes, que só começaram a ser construídos com essa finalidade a partir do séc.III. De modo geral, os discípulos de Cristo
       se reuniam para adoração, ensino da Palavra, oração e comunhão, nos lares, sob os auspícios de uma família cristã e de seus
       colaboradores com visão missionária. Assim aconteceu, por exemplo, com Priscila e Áquila (Rm 16.5; 1Co16.19), Filemom (Fm
       2) e Maria, mãe de João Marcos (At 12.12).
          7 A Igreja primitiva tinha por hábito ler as cartas dos apóstolos em voz alta perante toda a assembléia. O intercâmbio e o estudo
       das cartas serviu para guardar e formar, juntamente com os demais textos canônicos, o NT completo.
          8 Paulo continua preocupado com as infiltrações teológicas judaizantes e heréticas na Igreja de Cristo. Por isso, pede que
       Arquipo, um dos membros da igreja local em Colossos, aceite a responsabilidade pastoral como seu ministério pessoal e com a
       mesma dedicação de Epafras.
          9 Paulo preferia ditar suas cartas oficiais a um amanuense (copista profissional), conforme costume dos mestres de sua época.
       Em algumas dessas cartas à Igreja, entretanto, Paulo escreveu saudações e bênçãos apostólicas de próprio punho, com a inten-
       ção de demonstrar seu carinho e zelo pessoal para com os irmãos em Cristo (Rm 16.22; 1Co 16.21; Gl 6.11; 2Ts 3.17; Fm 19).




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011 colossenses

  • 1. INTRODUÇÃO COLOSSENSES Autoria Os pais da igreja já consideravam Paulo como autor dessa carta à liderança da Igreja em Colossos. No século XIX, entretanto, alguns pensadores, entendendo que a heresia tratada pelo apóstolo, no capítulo dois, seria o gnosticismo do segundo século, levantaram suspeitas quanto à originalidade da autoria paulina. Contudo, uma análise ainda mais profunda deixa claro que a heresia combatida por Paulo era uma espécie de embrião do que viria a ser o gnosticismo delineado durante os séculos II e III pelos mestres gnósticos. A própria epístola aos Colossenses declara ter sido escrita por Paulo (1.1), e está cravejada pelas marcantes verdades e idéias paulinas. Propósitos A Igreja em Colossos ainda alimentava uma preocupação errônea e exagerada em relação à guarda religiosa e cerimonial dos ritos tradicionais judaicos do passado. Além disso, os cristãos de Colossos eram muito vulneráveis às crenças místicas e superstições de todos os tipos. Essa falta de confiança absoluta na fé cristã e no senhorio de Cristo criou um ambiente fértil para o surgimento de uma heresia que juntava elementos judaicos com teorias e doutrinas de um gnosticismo ainda em formação. Paulo trata do problema dessa fé dúbia e volúvel dos colossenses, afirmando-lhes o incomparável caráter de Jesus Cristo, o Messias e Filho de Deus. Em uma passagem notável, ele faz veemente referência à obra de Cristo em relação à redenção e reconciliação do ser humano caído a Deus. O apóstolo, ainda, defende a preeminência do Senhor, e afirma que Cristo é a perfeita imagem do Deus invisível, por meio do qual tudo fora criado. Ele é o cabeça da Igreja. Cristo, portanto, é totalmente suficiente e satisfatório. Dele, o crente recebe a plenitude do Seu Espírito (2.10). Em absoluto contraste, a heresia que se difundia na comunidade cristã de Colossos era uma filosofia totalmente insatisfatória, obscura, insegura e inverídica (2.8), sem a menor capacidade de corrigir a inclinação maléfica do ser humano caído (2.23). Sendo assim, o tema central de Colossenses pode ser resumido na plena suficiência de Jesus Cristo, em oposição às limitações e incapacidades de qualquer filosofia ou crença produzida pelos seres humanos. Data da primeira publicação Assim como as cartas destinadas aos efésios, filipenses e a Filemom, esta epístola aos colossen- ses também foi escrita durante o primeiro período de prisão de Paulo, por volta do ano 60 d.C., em Roma, onde p , passou p menos dois anos em p pelo prisão domiciliar jjunto à g guarda p pretoriana local ( (At 28.16-31). Alguns teólogos modernos sugerem que Paulo poderia ter escrito Colossenses em Éfeso ou mesmo em Cesaréia, entretanto, a maior parte das evidências confirma a cidade de Roma como o lugar onde o original foi produzido pelo apóstolo, a exemplo do que ocorreu com todas as chamadas “cartas da prisão”: Efésios, Colossenses, Filipenses, 2 Timóteo e Filemom. Esboço geral de Colossenses 1. Saudação e ação de graças (1.1-8) 2. Oração de Paulo pelos colossenses (1.9-12) 3. Exposição da obra de Deus em Cristo (1.13-23) A. Quanto à nossa absoluta redenção (1.13,14) B. A perfeita excelência de Cristo (1.15-19) C. A total reconciliação com Deus (1.20-23) 4. O ministério do apóstolo Paulo (1.24 – 2.3) CL_B.indd 1 8/8/2007, 15:39:12
  • 2. 5. Paulo expõe e reprova os falsos ensinos (2.4-23) A. Caminhando diariamente com Cristo (2.4-7) B. A obra concluída de Cristo (2.8-15) C. Censura contra o cerimonialismo (2.16-23) 6. Como viver a vida cristã (3.1 – 4.6) A. Os ressuscitados devem buscar o alto (3.1-11) B. O exercício cotidiano das virtudes cristãs (3.12-17) C. Os relacionamentos familiares e sociais (3.18 – 4.1) D. Exortação à oração e à prática da sabedoria (4.2-6) 7. Saudações finais (4.7-18) A. A missão de Tíquico (4.7-9) B. Saudações dos companheiros (4.10-17) C. Saudação pessoal e bênção apostólica (4.18) CL_B.indd 2 8/8/2007, 15:39:12
  • 3. COLOSSENSES Prefácio e saudações momento em que soubemos desse fato, 1 Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por vontade de Deus, e o irmão Timóteo, 2 aos santos e leais irmãos em Cristo que igualmente, não deixamos de orar por vós e de suplicar que sejais cheios do pleno co- nhecimento da vontade de Deus, com toda estão em Colossos: graça e paz a vós ou- a sabedoria e entendimento espiritual. tros, da parte de Deus, nosso Pai.1 10 E tudo isso, com o propósito de que possais viver de modo digno do Senhor, A fé e o amor dos colossenses agradando-lhe plenamente, frutificando 3 Damos graças a Deus, Pai de nosso em toda boa obra, crescendo no conhe- Senhor Jesus Cristo, rogando sempre cimento de Deus, por vós, 11 sendo fortalecidos com todo o poder, 4 desde que ouvimos falar da vossa fé em segundo a maravilhosa força da sua gló- Cristo Jesus, e do amor que tendes por ria, para que, com alegria tenhais absolu- todos os santos, ta constância e firmeza de ânimo, 5 por causa da esperança que vos está 12 dando graças ao Pai que nos tornou reservada no céu, da qual já ouvistes pela dignos de participar da herança dos san- Palavra da Verdade, o Evangelho, tos no reino da luz. 6 que vos alcançou, e da mesma forma está chegando em todo o mundo, frutificando A suprema pessoa de Cristo e se espalhando, assim como ocorreu entre 13 Ele nos resgatou do domínio das tre- vós, desde o dia em que ouvistes e conhe- vas e nos transportou para o reino do seu cestes a graça de Deus na verdade;2 Filho amado,4 7 segundo fostes instruídos por Epafras, 14 em quem temos a plena redenção por nosso amado conservo, leal ministro de meio do seu sangue, isto é, o perdão de Cristo em nosso favor. todos os pecados. 8 Ele também nos contou do amor que 15 Ele é a imagem do Deus invisível, o tendes no Espírito.3 primogênito sobre toda a criação;5 16 porquanto nele foram criadas todas as A oração de Paulo pelos fiéis coisas nos céus e na terra, as visíveis e as 9 Por esse motivo, também nós, desde o invisíveis, sejam tronos ou dominações, 1 A expressão “santo” é usada somente por causa da morte vicária de Jesus Cristo, o Filho de Deus, em benefício eterno de todo aquele que crê (crente, cristão) que, portanto, passa a ser abençoado pela habitação do Espírito Santo em sua alma, seu Advogado e Conselheiro. O Espírito de Cristo é também a nossa garantia (marca, selo) de filiação a Deus, e santificador do crente, separando-o dia a dia (processo de santificação) das garras desse sistema mundial dominado por Satanás e seus comandados. Portanto, “santo”, assim como “perfeito”, tem a ver com a maneira como Deus, nosso Pai, nos vê a partir da pessoa e da obra do Senhor Jesus, além de serem alvos para nossas vidas cristãs (Jo 1.12; 14.16-24; 10.10; 1Co 13.13; 1Ts 1.3). 2 Paulo usa uma figura de linguagem (hipérbole), com o objetivo de destacar a rápida propagação das boas novas do evangelho por todas as partes do vasto Império Romano, em apenas três décadas após o Pentecoste (v.23; At 2.1-4; Rm 1.8; 10.18; 16.19). Mais de 2000 anos depois, o cristianismo se tornou, de fato, a maior religião do planeta, e Jesus Cristo continua a fazer discípulos em todo mundo por meio da graça do Espírito de Deus (Mt 28.18-20). 3 Paulo sempre demonstrou grande consideração por todos os seus cooperadores; apreciava chamá-los de “conservos”, apresentando dessa maneira aqueles que compartilhavam com ele das bênçãos e lutas no ministério (v.4.7). Epafras estabeleceu as igrejas de Colossos, Laodicéia e Hierápolis, durante a jornada do apóstolo em Éfeso (4.13; Fm 23; Ap 3.14; At 19.10). O amor cristão, em toda a sua exuberância, somente é possível a partir da ação poderosa do Espírito Santo na vida do cristão humilde. 4 No original grego, a expressão “domínio ou império das trevas” tem a ver com o “poder total do Diabo e suas hostes malignas” (Lc 22.53; Ef 2.2; 6.12; Gl 1.4). 5 Jesus Cristo é o nosso redentor, pois foi ele quem pagou, com sua morte vicária, o alto preço do resgate exigido pela Lei de Deus para a absolvição de todo pecador que crê sinceramente na pessoa e obra de Cristo. Paulo usa um conhecido hino da igreja CL_B.indd 3 8/8/2007, 15:39:12
  • 4. COLOSSENSES 1, 2 4 sejam governos ou poderes, tudo foi O ministério do apóstolo criado por Ele e para Ele.6 24 Agora me alegro nos meus sofrimentos 17 Ele existe antes de tudo o que há, e nele por vós e completo no meu corpo o que todas as coisas subsistem. resta das aflições de Cristo, em benefício 18 Ele é a cabeça do Corpo, que é a Igreja; do seu Corpo, que é a Igreja,8 Ele é o princípio e o primogênito dentre 25 da qual me tornei servo de acordo os mortos, a fim de que em absoluta- com a convocação de Deus, que me foi mente tudo tenha a supremacia. outorgada para convosco, a fim de tor- 19 Porquanto foi do agrado de Deus que nar completamente conhecida a Palavra nele habitasse toda a plenitude,7 de Deus, 20 e por intermédio dele reconciliasse 26 o mistério que esteve oculto durante consigo todas as coisas, tanto as que es- séculos e gerações, mas agora foi revelado tão na terra quanto as que estão nos céus, aos seus santos,9 estabelecendo a paz pelo seu sangue ver- 27 a quem Deus, entre os que não são ju- tido na cruz. deus, aprouve dar a conhecer as riquezas 21 E a vós outros também que, no pas- da glória deste mistério, isto é, Cristo em sado, éreis estranhos e inimigos de Deus vós, a esperança da glória!10 conforme demonstrado pelas obras más 28 A Ele, portanto, proclamamos, acon- que praticáveis, selhando e ensinando a cada pessoa, com 22 agora, entretanto, Ele vos reconciliou toda a sabedoria, para que apresentemos no corpo físico de Cristo, por meio da todo homem perfeito em Cristo.11 morte, para vos apresentar santos, incul- 29 E para cumprir esse propósito, eu me páveis e absolvidos de qualquer acusação esforço arduamente, lutando conforme diante dele, o seu poder que opera eficazmente em 23 se de fato permaneceis na fé, alicerça- mim. dos e firmes, sem vos afastar da esperança do Evangelho que ouvistes e que está sen- A luta para pregar o Evangelho do pregado a todas as pessoas em todo o mundo, do qual eu, Paulo, me tornei ministro. 2 Portanto, gostaria que soubésseis como é grande a luta que enfrento por vós, pelos que estão em Laodicéia e primitiva (vv.15-20; 3.16) para ensinar sobre a supremacia de Cristo na Criação e na Redenção. Alguns teólogos, com base nesse texto, têm ensinado erroneamente que Cristo foi criado. Ele, entretanto, é o próprio Criador; a expressão exata do ser de Deus, sua imagem perfeita e resplendor, refletidos na pessoa do seu Filho, Deus-homem, o primogênito de toda a criação (herdeiro de todas as coisas). Paulo usa a antiga tradição cultural oriental, para demonstrar que assim como o filho primogênito tinha certos direitos e privilégios, semelhantemente Cristo, o Filho amado de Deus, herdou absoluta prioridade, preeminência e soberania (Gn 1.27; Mt 22.20; Rm 8.29; Cl 3.10; 2Co 4.4; Hb 1.3; Jo 1.18; 14.9). 6 Paulo ressalta a supremacia de Cristo sobre o universo, o tempo e tudo o que há, referindo-se aos direitos do Criador como absoluto dono e mestre, em contraste com a doutrina herética sobre anjos ministradores que os pensadores gnósticos tentavam ensinar aos colossenses, insistindo que Cristo era um anjo de luz de alto escalão na hierarquia angelical (Jo 1.1,2; 8.58). 7 A expressão grega pleroma era um termo técnico usado na filosofia, especialmente pelos gnósticos, para indicar a “plena deidade”, cujo sentido era a soma total das forças sobrenaturais que controlavam o destino das pessoas. Paulo usa parte do vocabulário gnóstico para afirmar que “plenitude”, na verdade, é a pessoa do Filho de Deus, Jesus Cristo (2.9). 8 Paulo não está dizendo que havia alguma falta no sacrifício expiatório de Cristo. Pelo contrário, o apóstolo está reafirmando seu compromisso em cumprir sua cota de sacrifício, como cristão, para proclamar o Evangelho a um mundo hostil para com Deus e a verdade. 9 O mistério cristão não é um “conhecimento secreto”, exclusivo dos iniciados como nas seitas pagãs ou ordens gnósticas. É a revelação de verdades divinas, antes ocultas (especialmente aos não judeus), mas, agora, em Cristo, proclamada abertamente para todos os povos e nações (Rm 16.25; Ef 1.9; 3.9). 10 O mais importante mistério revelado é o fato de Cristo morar nos corações dos não judeus (gentios) por intermédio do Espírito Santo de Deus, que é a absoluta garantia da glória do céu (Ef 3.6). 11 Os gnósticos usavam a expressão grega teleios, “perfeito”, para distinguir os filósofos que haviam passado a conhecer e praticar os grandes segredos da seita. Entretanto, Paulo assevera que todo cristão sincero tem a constante presença do Espírito de Deus junto à sua alma, e portanto, é um dos “perfeitos” em Cristo (Mt 28.19-20). CL_B.indd 4 8/8/2007, 15:39:12
  • 5. 5 COLOSSENSES 2 por todos que ainda não me conhecem na falsa religiosidade deste mundo, e não pessoalmente.1 em Cristo.3 2 Esforço-me a fim de que o coração de- 9 Pois somente em Cristo habita corpo- les seja animado, estando vós unidos em ralmente toda a plenitude de Deus. amor e juntos alcanceis toda a riqueza 10 Assim como, em Cristo, estais aperfei- do pleno entendimento, para que possais çoados. Ele é o Cabeça de todo poder e conhecer perfeitamente o mistério de autoridade.4 Deus, a saber, Cristo.2 11 Nele também fostes circuncidados, 3 Nele estão ocultos todos os tesouros da não por intermédio de mãos humanas, sabedoria e do conhecimento. mas com a circuncisão feita por Cristo, 4 Falo dessa forma para que ninguém vos que é o despojar da carne pecaminosa. engane com argumentos interessantes, 12 Isso aconteceu quando fostes sepul- porém falsos. tados com Ele no batismo, e com Ele 5 Porquanto, apesar de estar fisicamente foram ressuscitados mediante a fé no distante de vós, estou convosco em es- poder de Deus que o ressuscitou dentre pírito, e me sinto feliz ao verificar que os mortos.5 estais vivendo em plena ordem, e como 13 E a vós outros, que estáveis mortos está firme a vossa fé em Cristo. pelas vossas transgressões e pela incir- cuncisão da vossa carne; vos deu vida Cristãos livres do legalismo juntamente com Ele, perdoando todos 6 Sendo assim, da mesma forma como os nossos pecados; recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, tam- 14 e cancelou a escrita de dívida, que bém andai nele, consistia em ordenanças, e que nos era 7 alicerçados e edificados nele, transbor- contrária. Ele a removeu completamente, dando em gratidão. pregando-a na cruz;6 8 Tende muito cuidado para que ninguém 15 e, despojando as autoridades e poderes vos escravize a vãs e enganosas filosofias, malignos, fez deles um espetáculo públi- que se baseiam nas tradições humanas e co, triunfando sobre todos eles na cruz.7 1 A expressão grega original agõna, que significa “grande batalha”, descreve bem a vida de oração e a dedicação ministerial do apóstolo de Cristo por todas as igrejas sob sua responsabilidade direta. Essa carta tinha o propósito de ser lida publicamente, como de costume, também diante da Igreja em Laodicéia, que ficava a apenas 9 km de Colossos, numa região da Turquia, conhecida atualmente como Denizli. 2 Muitos pensadores gnósticos haviam se infiltrado na crescente comunidade cristã em Colossos, e tentavam influenciar os crentes, gabando-se de suas doutrinas secretas, reservadas apenas aos iniciados. Paulo os confronta com a verdade bíblica e assevera que toda a verdade está em Cristo, e portanto, perfeitamente acessível a todos (1.28). 3 A expressão “tradições humanas e na falsa religiosidade deste mundo”, ou “a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo”, como aparece em algumas versões, significa os “ensinos religiosos simplistas, falsos e mundanos” com os quais os gnósticos estavam seduzindo os cristãos de Colossos, com o objetivo de receber glória e viver às custas de seus prováveis seguidores (v.20; Gl 4.3,9; Hb 5.12). Paulo se insurge contra a heresia que já campeava entre os colossenses. Esta heresia afirmava que uma pessoa para ser salva precisava combinar fé em Cristo com certos conhecimentos ocultos e com uma série de regras da tradição judaica, como a circuncisão, restrição à ingestão de certos alimentos e bebidas, bem como a observância de rituais, celebrações religiosas e dias especiais. 4 Cristo é o Cabeça da Igreja, seu Corpo, como nosso Senhor e maior exemplo de amor, obediência ao Pai e compaixão por seus irmãos. Contudo, Cristo é também, em primazia e autoridade, sobre toda a criatura no universo. Portanto, ele não foi criado por Deus como um “anjo de luz”, segundo pregavam os gnósticos; Cristo é Deus (1.18; Jo 14.6). 5 Na circuncisão da Lei, o corte da pele que cobre a glande do pênis era uma marca que simbolizava a propriedade exclusiva de Deus e a separação do seu povo (Israel) do sistema pagão de valores (mundo). A perfeição (v.10; 1Pe 2.9), outorgada pela circuncisão espiritual que Cristo experimentou e nos concede, vem por meio da sua morte e ressurreição (Dt 10.16; 30.6; Jr 4.4). O valor e o poder desse ato transcendental é simbolizado pelo batismo (Rm 6.1-11), e, cada crente, se apropria dessa verdade e garantia pelo dom da fé (v.12). Assim, o batismo cristão toma o lugar da circuncisão na Nova Aliança. 6 A “escrita de dívida” é o contrato de obrigação de guardar os mandamentos de Deus, juntamente com a estipulação da devida penalidade de morte, contra aqueles que desonrassem o cumprimento deste acordo de paz e felicidade perene (Gn 3.13). 7 Paulo assevera que o cristão sincero é completo (perfeito) em Cristo, e não deficiente ou incompleto, como alegavam os CL_B.indd 5 8/8/2007, 15:39:13
  • 6. COLOSSENSES 2, 3 6 16 Portanto, ninguém tem o direito de 22 Todas essas regras estão destinadas a vos julgar pelo que comeis, ou pelo que desaparecer pelo uso, pois se baseiam bebeis, ou ainda com relação a alguma em ordenanças e ensinos meramente festa religiosa, celebração das luas novas humanos.10 ou dos dias de sábado. 23 Esses regulamentos têm, de fato, apa- 17 Esses rituais são apenas sombra do rência de sabedoria, com sua pretensa que haveria de vir; a realidade, todavia, religiosidade, falsa humildade e rígida encontra-se em Cristo.8 disciplina para com o corpo, mas não 18 Não aceiteis que alguém seja árbitro têm valor algum para refrear as paixões contra vós, fingindo humildade ou culto da carne. a anjos, fundamentando-se em visões, ostentando a inútil arrogância do seu Vivendo plenamente em Cristo conhecimento carnal. 19 Trata-se, pois, de uma pessoa que não está unida à Cabeça, a partir da qual todo 3 Portanto, visto que fostes ressuscitados com Cristo, buscai o conhecimento do alto, onde Cristo está assentado à direita o Corpo, sustentado e unido por seus li- de Deus.1 gamentos e juntas, efetua o crescimento 2 Pensai nos objetivos do alto, e não nas concedido por Deus.9 coisas terrenas; 3 pois morrestes, e a vossa vida está escon- Só Cristo nos livra do pecado dida com Cristo em Deus. 20 Considerando que morrestes com 4 Quando Cristo, que é a vossa vida, for Cristo para as tradições humanas e a falsa manifestado, também vos manifestareis religiosidade deste mundo, por que vos com Ele em glória.2 sujeitais ainda a tais ordenanças como se 5 Sendo assim, fazei morrer tudo o que pertencêsseis a este sistema de valores? pertence à natureza terrena: imoralidade Não mais obedeçais a regras como estas: sexual, impureza, paixão, vontades más e 21 “Não toques!”, “Não proves!”, “Não a ganância, que também é idolatria.3 g q manuseies!” 6 É por causa dessas práticas malignas gnósticos. O próprio Deus se fez ser humano em Jesus Cristo, humilhou-se até a morte, e morte de cruz; despojando-se do corpo, triunfou sobre todos as forças do universo e conquistou toda primazia e glória do Pai, tornando-se o Caminho e o exemplo para todo cristão (vv.10-15; Mt 12.29; Lc 10.18; Rm 16.20; 2Co 2.14). 8 Paulo afirma que as leis cerimoniais do AT são como sinais (sombras) da vinda de Cristo, o Messias, por retratarem simbolicamente a sua obra redentora entre os homens. Portanto, qualquer insistência em reviver e guardar esses rituais religiosos é uma demonstração da falta de reconhecimento de que todos os sinais e profecias em relação à vinda de Deus à Terra para resgate do seu povo, já se cumpriram em Cristo. Os hereges entre os colossenses ainda juntavam severas exigências ascéticas à sua falsa teologia (vv.20,21). 9 A liberdade do cristão é regulada por sua relação direta com Cristo, por meio do Espírito Santo de Deus, como Cabeça con- trolador e, em relação ao Corpo (que é a Igreja), como membro que é de um organismo vivo e que deve funcionar em harmonia e cooperação. Quando qualquer membro do Corpo não se submete espontaneamente à Cabeça (Cristo), permite que heresias e pecados afetem a saúde espiritual de toda a fraternidade (Igreja). 10 A morte do cristão com Cristo, para os valores do sistema mundial, destrói qualquer vínculo do pecado (Rm 6) e, ao mesmo tempo, quebra todo possível laço de veneração ou serviço às potestades (autoridades angelicais cultuadas pelos gnósticos), vencidos plenamente por Cristo. Paulo faz uso de uma verdade veterotestamentária, como registrada na Septuaginta (tradução grega do AT – Is 29.13), para relembrar aos colossenses e a todos os cristãos que, Deus não faz questão de honras cerimoniais religiosas, mas de corações que o adorem com sinceridade (Mc 7.6,7; Mt 15.8,9; Tt 1.14). Capítulo 3 1 Paulo conclama os cristãos sinceros a exercerem na vida prática diária tudo o que eles já são posicionalmente em Cristo (Rm 6.1-13). 2 Sendo que já morremos com Cristo, a nossa nova vida está oculta nele e Ele em Deus. Assim que Cristo retornar, o nosso estado glorioso será manifesto (1Jo 3.2). 3 Quando o ser humano reconhece sua natureza pecaminosa (velho homem) e aceita o sacrifício de Cristo (Deus-homem) na cruz do Calvário, crucificando sua “velha natureza” com Cristo e, simbolicamente, solidarizando-se com Ele no batismo (2.13), CL_B.indd 6 8/8/2007, 15:39:13
  • 7. 7 COLOSSENSES 3 que vem a ira de Deus sobre os que vi- protesto contra o outro, assim como vem na desobediência. o Senhor vos perdoou, assim também 7 Nelas também andastes no passado, procedei. quando ainda vivíeis com esses hábitos, 14 Acima de tudo, no entanto, revesti-vos 8 mas agora, livrai-vos de tudo isto: raiva, do amor que é o elo da perfeição. ódio, maldade, difamação, palavras inde- 15 Seja a paz de Cristo o juiz em vossos co- centes do falar. rações, tendo em vista que fostes convoca- 9 Não mintais uns aos outros, pois já dos para viver em paz, como membros de vos despistes do velho homem com suas um só Corpo. E sede agradecidos. atitudes, 16 Habite ricamente em vós a Palavra de 10 e vos revestistes do novo homem, que Cristo; ensinai e aconselhai uns aos outros se renova para o pleno conhecimento, se- com toda a sabedoria, e cantai salmos, gundo a imagem daquele que o criou;4 hinos e cânticos espirituais, louvando a 11 Nessa nova ordem de vida, não há Deus com gratidão no coração. mais diferença entre grego e judeu, 17 E tudo quanto fizerdes, seja por meio circunciso e incircunciso, bárbaro e cita, de palavras ou ações, fazei em o Nome escravo ou pessoa livre, mas, sim, Cristo do Senhor Jesus, oferecendo por inter- é tudo e habita em todos vós.5 médio dele graças a Deus Pai.7 12 Assim, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revesti-vos de um cora- O cristão e seus relacionamentos ção pleno de compaixão, bondade, hu- 18 Mulheres, cada uma de vós seja sub- mildade, mansidão e paciência.6 missa ao próprio marido, pois assim 13 Zelai uns pelos outros e perdoai-vos deveis proceder por causa da vossa fé no mutuamente; caso alguém tenha algum Senhor.8 recebe a graça do novo nascimento e da salvação eterna, cuja garantia é a habitação do Espírito de Deus em sua nova natureza (novo homem – a Imagem de Deus é recriada no crente – Gn 1.27); aprenderá, então, a ser guiado pelo Espírito Santo, e não apenas pela razão e emoções humanas. A expressão original grega nekrõsate indica que o “velho homem” deverá ser “morto” (aniquilado) diariamente, em seu poder de determinar nosso estilo de vida. É sempre a “velha natureza” que se manifesta nos desejos ilícitos e pecados da língua (vv.8,9; Tg 3.1-12), e sua mortificação se dá pela consagração da nossa “nova natureza” que, vencendo o “velho homem”, pelo poder do Espírito, nos leva à obediência de Cristo e, portanto, a tomar nossa cruz e seguir nosso Salvador, Senhor e Mestre: Jesus Cristo (Mc 8.34). Somente nos é possível despojar o “velho homem” porque Cristo despojou o “corpo da carne” (2.11) e as autoridades e poderes malignos (2.15). 4 Paulo explica que a razão principal para o abandono dos maus caminhos está na simbologia do batismo. A frase original começa com o particípio grego apekdusamenoi, “tendo despido” (v.9), que é complementado por um particípio aoristo correspondente endu- samenoi, “tendo vestido” (v.10). Os verbos confirmam que há uma analogia em relação ao ato batismal, que pode ser compreendida a partir do costume da época de despir-se para a cerimônia do batismo; quando o novo convertido entrava na água, e de vestir-se logo depois (Gl 3.27; Rm 13.12,14; Ef 4.24). A personalidade de Cristo é criada no cristão sincero por meio do Espírito de Deus (Gl 2.20). Desta forma é recriada a Imagem de Deus (em latim Imago Dei), segundo a qual Adão foi originalmente criado. O pecado, i entretanto, desfez essa imagem divina; a nova vida em Cristo (a perfeita imagem de Deus) a refaz na pessoa do crente fiel. 5 A expressão original “bárbaro” era usada, pelos gregos, para indicar uma pessoa que não falava grego e, portanto, era considerada não civilizada para os padrões da época. Os “citas” eram provenientes de algumas tribos ao redor do mar Negro, ao sul de onde, hoje, se localiza a Rússia, e considerados quase como animais selvagens. Em Cristo, todas essas distinções foram abolidas, pois Jesus transcende todas as barreiras e unifica pessoas de todas as culturas, raças e nações. 6 O título outorgado a Israel passou também a significar a Igreja de Cristo (Dt 4.37; 1Pe 2.9). A eleição divina é sempre apresentada nas cartas de Paulo, porém, as Escrituras, não deixam de destacar a responsabilidade de cada pessoa em relação às suas decisões e atitudes. Paulo reforça que, exatamente por ter sido eleito, o cristão convicto e fiel deve dedicar todo o seu esforço a fim de viver em conformidade com o chamado de Deus. Os apóstolos e principais discípulos de Cristo foram grandes exemplos desse conceito teológico (Ef 1.4). 7 Esse versículo é melhor compreendido à luz do encorajamento oferecido aos escravos (e a todos aqueles que prestam serviço a um patrão) nos versos 23 e 24. A frase no original grego significa falar e agir como representantes dignos do excelso Nome de Jesus Cristo, o Filho de Deus, o Messias; assim como um filho é reconhecido e deve dignificar o nome do seu pai e, portanto, de sua família. 8 O temor (devoção e humilde obediência) ao Senhor deve regular a atitude e o relacionamento pessoal do crente com Deus, CL_B.indd 7 8/8/2007, 15:39:13
  • 8. COLOSSENSES 3, 4 8 19 Maridos, cada um de vós ame sua es- porta para nossa mensagem, a fim de posa e não a trate com grosseria. que possamos proclamar o mistério de 20 Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, Cristo, pelo qual estou preso. porquanto essa atitude é agradável ao 4 Orai para que eu consiga manifestá-lo Senhor. francamente, como me cumpre fazê-lo. 21 Pais, não irriteis vossos filhos, para que 5 Portai-vos com sabedoria para com os eles não fiquem desanimados. que são de fora; aproveitai ao máximo 22 Escravos, obedecei em tudo a vossos todas as oportunidades. senhores terrenos, não servindo apenas 6 A vossa maneira de falar seja sempre quando supervisionados, como quem agradável e bem temperada com sal, a age somente para contentar os homens, fim de saberdes como deveis responder mas trabalhando com sinceridade de a cada pessoa. coração, por causa do vosso temor ao Senhor. Paulo envia conservos em missão 23 E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo 7 Quanto à minha situação, Tíquico, ir- o coração, como para o Senhor e não mão amado, fiel ministro, e conservo no para homens, Senhor, de tudo vos informará. 24 conscientes de que recebereis do Se- q 8 Eu vo-lo envio com o objetivo principal nhor a recompensa da herança. É a Cris- de vos colocar a par sobre como estamos to, o Senhor, que estais servindo! vivendo, e para que ele possa confortar o 25 Pois quem agir de forma injusta re- vosso coração. ceberá o devido pagamento da injustiça 9 Em sua companhia, vos envio Onési- cometida; e nisto não há exceção para mo, leal e amado irmão, que é um de pessoa alguma. vós. Eles vos farão saber tudo o que está acontecendo por aqui.2 4 Senhores, tratai vossos servos de modo justo e equânime, sabedores de que também vós tendes um Senhor Saudações finais 10 Saúda-vos Aristarco, meu companhei- no céu. ro de prisão, assim como Marcos, primo de Barnabé, sobre quem já recebestes Orar, vigiar e render graças instruções; portanto, se ele vos for visi- 2 Perseverai na oração, vigiando com tar, recebei-o.3 ações de graças.1 11 Jesus, chamado Justo, também vos en- 3 Rogai, ao mesmo tempo, de igual ma- via saudações. Esses são os únicos da cir- neira por nós, para que Deus abra uma cuncisão que são meus cooperadores em com sua família, em relação a todos os membros do Corpo de Cristo (a Igreja), e no modo de tratar os que “são de fora” (versos de 18 a 4.6; Ef 5.21). Capítulo 4 1 Paulo usa a palavra grega proskartereõ “perseverar” para comunicar à igreja a idéia de “caminhar na certeza da providência do Senhor”. A oração (diálogo com o Espírito de Deus) é a mais importante preparação para o desempenho de qualquer projeto (Mc 3.9; At 10.7; At 6.4; Rm 12.12). 2 Paulo escreveu uma carta a Filemom, que residia em Colossos, com o principal objetivo de pedir que ele aceitasse plenamen- te, como irmão em Cristo, o seu antigo escravo Onésimo. 3 Aristarco era macedônio. Participou com Paulo do tumulto que houve em Éfeso por causa do Evangelho e, por isso, era bem conhecido em Colossos (At 19.29). Tanto ele quanto Tíquico acompanharam Paulo na missão à Grécia (At 20.4), e cooperaram com o apóstolo em Roma (At 27.2). Marcos, autor do evangelho que leva seu nome, depois de doze anos de sua separação de Paulo na Panfília (At 15.38,39), agora faz parte da equipe missionária do apóstolo. Cinco anos depois dessa carta, Paulo escreve a Timóteo, afirmando a importância do companheirismo e do ministério de Marcos (2Tm 4.11). Jesus Justo (nome comum entre os judeus até o séc.II, seguido de nome helênico de significado semelhante) era um discípulo de Paulo, que embora judeu, não fazia parte do grupo que exigia a circuncisão dos cristãos; pelo contrário, cooperava com Paulo em seu indestrutível interesse de levar o Evangelho aos judeus, apesar de sua vocação para os gentios (Rm 1.16; 9.1-5; 10.1; 11.25). CL_B.indd 8 8/8/2007, 15:39:14
  • 9. 9 COLOSSENSES 4 benefício do Reino de Deus. Eles têm me irmãos em Laodicéia, e também Ninfa e proporcionado grande apoio e consolo. a igreja que se reúne em sua casa.6 12 Epafras, que também é um de vós e 16 Depois de lida entre vós, fazei com que servo de Cristo Jesus, vos envia sauda- esta carta também seja recebida e lida na ções. Ele está sempre guerreando por vós igreja dos laodicenses, e que vós, de igual em suas orações, para que como crentes modo, possais ler a carta de Laodicéia.7 maduros e cheios de fé, continueis ca- 17 E dizei a Arquipo: Cuida do ministé- minhando firmes na prática de toda a rio que recebeste no Senhor, para que o vontade de Deus. cumpras.8 13 Sou testemunha do quanto ele se esforça em seu zelo fraternal por vós e pelos que Bênção apostólica estão em Laodicéia e em Hierápolis.4 18 Eu, Paulo, faço questão de saudar- 14 Lucas, o médico amado, e Demas vos vos de próprio punho. Lembrai-vos cumprimentam carinhosamente.5 das minhas algemas. A graça esteja em 15 Cumprimentai, igualmente, todos os todos vós!9 4 Hierápolis era uma cidade da Ásia Menor (hoje Turquia) e ficava cerca de 9 km de Laodicéia e 23 km de Colossos. A igreja ali foi formada a partir do ministério de discipulado de Paulo, por três anos em Éfeso (At 19). 5 Lucas, médico e autor do terceiro evangelho e do livro de Atos, era grande amigo de Paulo e companheiro de missões (At 16.10). Estava com Paulo em Roma na época da prisão do apóstolo, quando esta carta foi escrita (At 28). Demas, obreiro cristão, todavia, mais tarde, preferindo o mundo, abandonaria Paulo (2Tm 4.10). 6 A Igreja primitiva, na maioria de seus grupos e comunidades, não possuía templos ou edifícios próprios para congregação dos crentes, que só começaram a ser construídos com essa finalidade a partir do séc.III. De modo geral, os discípulos de Cristo se reuniam para adoração, ensino da Palavra, oração e comunhão, nos lares, sob os auspícios de uma família cristã e de seus colaboradores com visão missionária. Assim aconteceu, por exemplo, com Priscila e Áquila (Rm 16.5; 1Co16.19), Filemom (Fm 2) e Maria, mãe de João Marcos (At 12.12). 7 A Igreja primitiva tinha por hábito ler as cartas dos apóstolos em voz alta perante toda a assembléia. O intercâmbio e o estudo das cartas serviu para guardar e formar, juntamente com os demais textos canônicos, o NT completo. 8 Paulo continua preocupado com as infiltrações teológicas judaizantes e heréticas na Igreja de Cristo. Por isso, pede que Arquipo, um dos membros da igreja local em Colossos, aceite a responsabilidade pastoral como seu ministério pessoal e com a mesma dedicação de Epafras. 9 Paulo preferia ditar suas cartas oficiais a um amanuense (copista profissional), conforme costume dos mestres de sua época. Em algumas dessas cartas à Igreja, entretanto, Paulo escreveu saudações e bênçãos apostólicas de próprio punho, com a inten- ção de demonstrar seu carinho e zelo pessoal para com os irmãos em Cristo (Rm 16.22; 1Co 16.21; Gl 6.11; 2Ts 3.17; Fm 19). CL_B.indd 9 8/8/2007, 15:39:14