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Passageiro de um Falso Lugar




                      Paulo Maia
...nestes vales verdes...quis revigorar...minha lucidez...
Passageiro De Um Falso Lugar
Eu me propus a desenhar um artifício com o qual eu pudesse me identificar, a fim de localizar um ponto de
exotismo e assim fazer valer o som e o suposto sentido das palavras em meu repertório não muito vasto, ou
não muito concreto do que se pode chamar de vocabulário.

Assim eu não me comprometo a buscar nada; apenas experimentar algo de novo ou não muito rebuscado do
glorioso sabor que se sente ao escrever, como se estivesse contando histórias.

Passo a Passo, extremamente rápido fiz Promessas Absurdas com característica vulgar de quem está
querendo protestar alguma coisa, mesmo que seja algo banal.

Mente Exposta sim. Com essa aprendi a definir o que sinto. Já não se tolera mais a simples exposição do
corpo e da alma em favor de uma situação agonizante na qual apenas se liberta energias para se defender
dos mais constrangedores corredores do nosso valioso tempo. É necessário perceber que só através de uma
decisão convicta e plausível, devemos nos expor a situações que criamos. Devemos assumir a nossa própria
postura.

Quem já não sentiu os raios excitantes e o odor perfumado de momentos atraentes? Paro de pensar e
escrevo O Charme que nunca envelhece e que tanto procuram.
Atrás de todo relacionamento corporal e sensorial sentimos a estranha (ou deliciosa) sensação de estarmos
perseguindo algo de valor em nossas carícias e futilidades.

Transa é um desenho estético e carinhoso de valores que aos poucos assumimos.
Passageiro De Um Falso Lugar
It’s raining Out There. We must learn a lesson once more. The pain and rain will always be the same
wherever situation in our lives. Although I need to live I’ll never forget your lips and your eyes. As soon
as possible I will understand the world where I live.




                                                                                                              1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.
Vamos tentar entender o porquê de nossas questões sobre relacionamento amorosos que não deram certo em
diversas ocasiões. É difícil. O fácil é aprimorar os sentimentos que nos restam traze-los à tona, no
marasmo do dia seguinte, apesar de tudo. Verdes Temporais se passa neste momento em que eu apenas
refleti num modo “melhor” de encarar o sarcasmo do final não muito feliz.

São Paulo ainda é para mim o que foi para muitos outros: uma viagem alucinante no seio de um sistema
que se encontra em constante e irreversível entropia, fruto de uma metrópole. Delírio Casual basta para
retirar de mim o que sinto e vejo nos arredores marginais desse extremo complexo.

O que estarei fazendo aqui? Se bem sei, tentando avaliar um dado momento histórico que faz jus ao final
do milênio? Não sei. Sou ou não, um passageiro de Um Falso Lugar?

Em Meu Mundo pouco restou daquilo que eu quis expressar de mais concreto, diante dos momentos
queridos que passamos lado a lado, confidenciando delícias do nosso íntimo.

Agora retira-se a máscara e passa-se um bom creme em nossa face.
Paulo Maia, São Paulo, Verão de 1988.
                                                                                                                            4
Promessas Absurdas
    Mente Exposta




                         1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.
       O Charme
        Transa
It’s Raining Out There
   Verdes Temporais
     Delírio Casual
   Um Falso Lugar
      Meu Mundo
                                       5
Promessas Absurdas
Eu sei que fiz promessas absurdas mas não foi nem metade do que você fez
Todo o nosso começo atrevido teria coragem de vivê-lo mais uma vez?




                                                                              1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.
O nosso mesmo copo de cerveja amargou e ficou todo fora do real
E todos esses pratos na mesa refletem o vazio da nossa moral

E se quiser mais promessas, não viva sentindo as coisas avessas

Assistindo à TV, uma coisa normal. E os galantes falando na tela global
O conflito no país é uma coisa geral, acreditamos na retórica de todo boçal

E fazem promessas absurdas. Sentimos o peso de um clima tropical

Acho que todos querem o mesmo objeto, uma coisa imunda com tanto poder
Se ver no espelho e sentir seu reflexo, não é tudo o que podemos fazer

E as coisas rolam no meu quintal e você nem crê no poder desse mal

                                                                                            6
Mente Exposta
Acontece uma em zil vezes
Admirar o amor quando este aparece
Sentir arrepios, medo, suar




                                             1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.
Gerar emoções quando o sol chegar

Delirar é estar com a mente
exposta às sensações que o mundo oferece
A loucura se manifesta os olhos observam o
espaço pensando em ficar

Anoitece e o sol já se foi
Que história é essa meu amor ?
O corpo está sozinho e eu já não sinto
o toque da poesia nas minhas mãos

Acontece um milhão de vezes suportar
a dor quando esta vem sem avisar
Rabiscar as velhas linhas e encontrar
um caminho bem mais vulgar
                                                           7
O Charme

Ah! quanto sonhar, ter no sonho um livre olhar
Viver é bem mais prazer
É, a vida oferece sentimentos e faz e acontece




                                                                       1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.
Um charme que nunca envelhece

Mas comigo é tão estranho um sussurro no ouvido
Quero mais, não, não que me enlouqueça
As vidas são assim, porque assim são tratadas
Não, a dor não passa de uma coisa amarga e é amarga porque é infeliz

Ah! quanto sentir, ter no íntimo a noção do luzir
Você tão doce e suave
Sim, estou tão contente na estrada de um sentido inocente
O charme que tanto procuram

Mas o destino quis assim, brincadeiras de menino
Quero mais, sim, e que o charme agora faça cena linda e gostosa
Sim, que a vida passe inteira no cinema, jóia liberada
O charme que nunca envelhece e que tanto procuram
                                                                                     8
Transa




                                                      1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.
Quando estamos mesmo a sós nossos corpos se dilatam
E procuram ofegantes uma paz alucinante

Sem demoras e sem dramas não pecamos por tentar
Somos os mesmos na cama, nem que o teto seja o luar

E não importa o vulgar se no vazio não está
É diferente e sem mistérios por pior não vai ficar

No seu corpo o infinito vem pedindo para entrar
A ilusão recorre ao grito e de prazer vamos gozar

Nosso amor não tem história da mesmice social
Nossa vida só recorre ao prazer sentimental


                                                                    9
It’s Raining Out There
It’s raining out there you know
It’s raining out there with a love song (here)
There are people out there moving on
We have all the time and there’s nothing wrong




                                                              1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.
But it’s raining out there and our smile keep so shine
We’re under a spell by the sunlight and love used to be fly

It’s raining out there just for a while
It doesn’t matter if we can’t give all the time
Someday our problems will disappear
Someday the sun will reappear

Our promises are forgotten
And tomorrow will ever coming in
The rain and pain will always be the same
If you try anyway you can call my name

It’s raining out there and we’re dreaming inside here
It’s raining out there and we’ll fell the sunshine in         10
Verdes Temporais

Ah! Nestes vales verdes
                          Verdes temporais




                                                  1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.
Quantos temporais
                          Quis revigorar
Nesta fortaleza
                          A imaginação
Quanta solidão
                          Que voa no sonho
Um espaço no tempo
                          Desse espaço no tempo
Refletindo um sonho
                          Que tem esta canção
Eu sempre quis lhe dar
                          Uma palavra forte
Minha juventude
                          Fortalece a paixão
Quis revigorar
                          Que sinto por você
Nestes vales verdes
                          Nestes temporais
No meu coração
                          Quis iluminar
Passou-se o tempo
                          Minha lucidez
E fiz esta canção
                          Sabendo o porquê
E quis cantar pra você
                          De te amar
O universo quente

                                                  11
Delírio Casual
Um pouco de tolice à nossa cabeça
E que o real nunca nos enlouqueça            E choramos juntos
Descobrimos que o mal é uma besta            Realçamos a pintura dessa tribo
                                             Em choque com os limites




                                                                                   1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.
São animais ferozes soltos na relva
Das calçadas molhadas de São Paulo
Do metrô que passa por baixo de ti           Penso em caminhar um só pouquinho
Com todos os signos visuais                  Levando comigo o som
                                             Penso em espantar a tristeza
Seus sintomas me levam a crer                E realizar a canção
Nos ruídos da TV                             E o reinado da sorte, lança a visão
Nos soldados a cavalo que passeiam           Dos guerreiros da morte, da paixão
E não percebem a chuva
Não pisam no solo que é terra                O raiar da sedução
No vida comum, no bojo da terra              Encosta o corpo na parede
Prédios que incendeiam a noite               E as delícias do tesão
                                             Caem tudo na mesma rede
Sente-se no topo do mundo                    A fiel encarnação do amor é febril
E faça-me rir, faça-me feliz                 Fecha a mente, cala a boca no vazio
Neste gigantesco oásis bem no meio do país                                         12
Um Falso Lugar
Reconheço o seu falar           Muitos vivem na certeza
No seu tom familiar             De que o eterno vai vingar




                                                             1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.
As palavras descem secas        Vivem disso passageiros
Sabem mesmo respirar            De um falso lugar
Nas paredes pedras
mórbidas                        Na derrota cairemos
Neste particular                No maldito mal-estar
                                Os estímulos do planeta
Sinto e ouço suas batidas       Sabem gesticular
Uma idéia singular              E na vitória sentiremos
Paro e penso no devoto          O vazio oscilar
Pedra fria no altar
São seis horas, nunca é tarde   Muitos vivem na certeza
Nesse mesmo lugar               De que a fase vai passar
                                Morrem nesta, passageiros
Esta vida não tem preço         De um falso lugar
Quase sempre é um tentar
                                                             13
Meu Mundo

eu sempre sonhei que aqui estivesse
eu nunca pensei que você viesse




                                                  1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.
a me tocar tão fundo no meu mundo

eu nunca achei que fosse te achar
e sempre pensei que não existia
ninguém que te queria
me queria, me entendia

e eu te amei num mundo que achei que era normal
e vi o que era
era o meu olhar perdido numa esfera
perdido...

eu sempre tentei me esquecer de chorar
mas nunca deixei de me apaixonar
quis sempre tocar tão fundo no meu mundo
                                                  14
Passageiro De Um Falso Lugar
        Todas as letras foram compostas por PAULO MAIA,
exceto “Meu Mundo”, por PAULO MAIA e VANYA SANSIVIERI

                    São Paulo - 1988

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  • 2. ...nestes vales verdes...quis revigorar...minha lucidez...
  • 3. Passageiro De Um Falso Lugar Eu me propus a desenhar um artifício com o qual eu pudesse me identificar, a fim de localizar um ponto de exotismo e assim fazer valer o som e o suposto sentido das palavras em meu repertório não muito vasto, ou não muito concreto do que se pode chamar de vocabulário. Assim eu não me comprometo a buscar nada; apenas experimentar algo de novo ou não muito rebuscado do glorioso sabor que se sente ao escrever, como se estivesse contando histórias. Passo a Passo, extremamente rápido fiz Promessas Absurdas com característica vulgar de quem está querendo protestar alguma coisa, mesmo que seja algo banal. Mente Exposta sim. Com essa aprendi a definir o que sinto. Já não se tolera mais a simples exposição do corpo e da alma em favor de uma situação agonizante na qual apenas se liberta energias para se defender dos mais constrangedores corredores do nosso valioso tempo. É necessário perceber que só através de uma decisão convicta e plausível, devemos nos expor a situações que criamos. Devemos assumir a nossa própria postura. Quem já não sentiu os raios excitantes e o odor perfumado de momentos atraentes? Paro de pensar e escrevo O Charme que nunca envelhece e que tanto procuram. Atrás de todo relacionamento corporal e sensorial sentimos a estranha (ou deliciosa) sensação de estarmos perseguindo algo de valor em nossas carícias e futilidades. Transa é um desenho estético e carinhoso de valores que aos poucos assumimos.
  • 4. Passageiro De Um Falso Lugar It’s raining Out There. We must learn a lesson once more. The pain and rain will always be the same wherever situation in our lives. Although I need to live I’ll never forget your lips and your eyes. As soon as possible I will understand the world where I live. 1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. Vamos tentar entender o porquê de nossas questões sobre relacionamento amorosos que não deram certo em diversas ocasiões. É difícil. O fácil é aprimorar os sentimentos que nos restam traze-los à tona, no marasmo do dia seguinte, apesar de tudo. Verdes Temporais se passa neste momento em que eu apenas refleti num modo “melhor” de encarar o sarcasmo do final não muito feliz. São Paulo ainda é para mim o que foi para muitos outros: uma viagem alucinante no seio de um sistema que se encontra em constante e irreversível entropia, fruto de uma metrópole. Delírio Casual basta para retirar de mim o que sinto e vejo nos arredores marginais desse extremo complexo. O que estarei fazendo aqui? Se bem sei, tentando avaliar um dado momento histórico que faz jus ao final do milênio? Não sei. Sou ou não, um passageiro de Um Falso Lugar? Em Meu Mundo pouco restou daquilo que eu quis expressar de mais concreto, diante dos momentos queridos que passamos lado a lado, confidenciando delícias do nosso íntimo. Agora retira-se a máscara e passa-se um bom creme em nossa face. Paulo Maia, São Paulo, Verão de 1988. 4
  • 5. Promessas Absurdas Mente Exposta 1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. O Charme Transa It’s Raining Out There Verdes Temporais Delírio Casual Um Falso Lugar Meu Mundo 5
  • 6. Promessas Absurdas Eu sei que fiz promessas absurdas mas não foi nem metade do que você fez Todo o nosso começo atrevido teria coragem de vivê-lo mais uma vez? 1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. O nosso mesmo copo de cerveja amargou e ficou todo fora do real E todos esses pratos na mesa refletem o vazio da nossa moral E se quiser mais promessas, não viva sentindo as coisas avessas Assistindo à TV, uma coisa normal. E os galantes falando na tela global O conflito no país é uma coisa geral, acreditamos na retórica de todo boçal E fazem promessas absurdas. Sentimos o peso de um clima tropical Acho que todos querem o mesmo objeto, uma coisa imunda com tanto poder Se ver no espelho e sentir seu reflexo, não é tudo o que podemos fazer E as coisas rolam no meu quintal e você nem crê no poder desse mal 6
  • 7. Mente Exposta Acontece uma em zil vezes Admirar o amor quando este aparece Sentir arrepios, medo, suar 1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. Gerar emoções quando o sol chegar Delirar é estar com a mente exposta às sensações que o mundo oferece A loucura se manifesta os olhos observam o espaço pensando em ficar Anoitece e o sol já se foi Que história é essa meu amor ? O corpo está sozinho e eu já não sinto o toque da poesia nas minhas mãos Acontece um milhão de vezes suportar a dor quando esta vem sem avisar Rabiscar as velhas linhas e encontrar um caminho bem mais vulgar 7
  • 8. O Charme Ah! quanto sonhar, ter no sonho um livre olhar Viver é bem mais prazer É, a vida oferece sentimentos e faz e acontece 1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. Um charme que nunca envelhece Mas comigo é tão estranho um sussurro no ouvido Quero mais, não, não que me enlouqueça As vidas são assim, porque assim são tratadas Não, a dor não passa de uma coisa amarga e é amarga porque é infeliz Ah! quanto sentir, ter no íntimo a noção do luzir Você tão doce e suave Sim, estou tão contente na estrada de um sentido inocente O charme que tanto procuram Mas o destino quis assim, brincadeiras de menino Quero mais, sim, e que o charme agora faça cena linda e gostosa Sim, que a vida passe inteira no cinema, jóia liberada O charme que nunca envelhece e que tanto procuram 8
  • 9. Transa 1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. Quando estamos mesmo a sós nossos corpos se dilatam E procuram ofegantes uma paz alucinante Sem demoras e sem dramas não pecamos por tentar Somos os mesmos na cama, nem que o teto seja o luar E não importa o vulgar se no vazio não está É diferente e sem mistérios por pior não vai ficar No seu corpo o infinito vem pedindo para entrar A ilusão recorre ao grito e de prazer vamos gozar Nosso amor não tem história da mesmice social Nossa vida só recorre ao prazer sentimental 9
  • 10. It’s Raining Out There It’s raining out there you know It’s raining out there with a love song (here) There are people out there moving on We have all the time and there’s nothing wrong 1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. But it’s raining out there and our smile keep so shine We’re under a spell by the sunlight and love used to be fly It’s raining out there just for a while It doesn’t matter if we can’t give all the time Someday our problems will disappear Someday the sun will reappear Our promises are forgotten And tomorrow will ever coming in The rain and pain will always be the same If you try anyway you can call my name It’s raining out there and we’re dreaming inside here It’s raining out there and we’ll fell the sunshine in 10
  • 11. Verdes Temporais Ah! Nestes vales verdes Verdes temporais 1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. Quantos temporais Quis revigorar Nesta fortaleza A imaginação Quanta solidão Que voa no sonho Um espaço no tempo Desse espaço no tempo Refletindo um sonho Que tem esta canção Eu sempre quis lhe dar Uma palavra forte Minha juventude Fortalece a paixão Quis revigorar Que sinto por você Nestes vales verdes Nestes temporais No meu coração Quis iluminar Passou-se o tempo Minha lucidez E fiz esta canção Sabendo o porquê E quis cantar pra você De te amar O universo quente 11
  • 12. Delírio Casual Um pouco de tolice à nossa cabeça E que o real nunca nos enlouqueça E choramos juntos Descobrimos que o mal é uma besta Realçamos a pintura dessa tribo Em choque com os limites 1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. São animais ferozes soltos na relva Das calçadas molhadas de São Paulo Do metrô que passa por baixo de ti Penso em caminhar um só pouquinho Com todos os signos visuais Levando comigo o som Penso em espantar a tristeza Seus sintomas me levam a crer E realizar a canção Nos ruídos da TV E o reinado da sorte, lança a visão Nos soldados a cavalo que passeiam Dos guerreiros da morte, da paixão E não percebem a chuva Não pisam no solo que é terra O raiar da sedução No vida comum, no bojo da terra Encosta o corpo na parede Prédios que incendeiam a noite E as delícias do tesão Caem tudo na mesma rede Sente-se no topo do mundo A fiel encarnação do amor é febril E faça-me rir, faça-me feliz Fecha a mente, cala a boca no vazio Neste gigantesco oásis bem no meio do país 12
  • 13. Um Falso Lugar Reconheço o seu falar Muitos vivem na certeza No seu tom familiar De que o eterno vai vingar 1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. As palavras descem secas Vivem disso passageiros Sabem mesmo respirar De um falso lugar Nas paredes pedras mórbidas Na derrota cairemos Neste particular No maldito mal-estar Os estímulos do planeta Sinto e ouço suas batidas Sabem gesticular Uma idéia singular E na vitória sentiremos Paro e penso no devoto O vazio oscilar Pedra fria no altar São seis horas, nunca é tarde Muitos vivem na certeza Nesse mesmo lugar De que a fase vai passar Morrem nesta, passageiros Esta vida não tem preço De um falso lugar Quase sempre é um tentar 13
  • 14. Meu Mundo eu sempre sonhei que aqui estivesse eu nunca pensei que você viesse 1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. a me tocar tão fundo no meu mundo eu nunca achei que fosse te achar e sempre pensei que não existia ninguém que te queria me queria, me entendia e eu te amei num mundo que achei que era normal e vi o que era era o meu olhar perdido numa esfera perdido... eu sempre tentei me esquecer de chorar mas nunca deixei de me apaixonar quis sempre tocar tão fundo no meu mundo 14
  • 15. Passageiro De Um Falso Lugar Todas as letras foram compostas por PAULO MAIA, exceto “Meu Mundo”, por PAULO MAIA e VANYA SANSIVIERI São Paulo - 1988