Revisão ENEM ensino médio 2024 para o terceiro ano
Artigo bioterra v16_n2_05
1. REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228
Volume 16 - Número 2 - 2º Semestre 2016
COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGICA DO COMPONENTE ARBÓREO
DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL (RPPN) ENGENHO
GARGAÚ, SANTA RITA – PB.
Camila Andrade Feitoza1
; Lígia Maria de Medeiros Silva2
; Alberto Alves Sabino3
RESUMO
Este estudo teve por objetivo analisar os aspectos da estrutura, fitossociologia e composição
florística do estrato arbóreo da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) - Engenho
Gargaú, no Município de Santa Rita, Estado da Paraíba. Foram amostrados 560 indivíduos,
distribuídos em 29 espécies arbóreas, 23 gêneros e 19 famílias botânicas. As famílias mais bem
representadas na área estudada ficaram assim distribuídas: Anarcadiaceae, Moraceae e
Lecythidaceaenosae. As famílias Areacaceae, Fabaceae, Annonaceae e Lauraceae foram
representadas com duas espécies e as demais famílias ficaram todas representadas por uma única
espécie. O índice de diversidade de Shannon (H') foi baixo, 1,71 nats/indivíduos, quando
comparado com outros levantamentos em área de Mata Atlântica. O Quociente de Mistura foi de
1:19, trata-se de um valor baixo. A espécie Schweileira ovato apresentou maior IVI em decorrência
do maior número de indivíduos e maior porte arbóreo. Diante dos dados apresentados pode-se dizer
que a área se encontra em estágio médio de sucessão florestal
Palavras-chaves: Fitossociologia, Diversidade florística, Sucessão florestal.
FLORISTIC AND PHYTOSOCIOLOGY OF THE TREE COMPONENT OF THE
PRIVATE RESERVE OF NATURAL HERITAGE (PRNP) GARGAÚ ENGENHO, SANTA
RITA – PB
ABSTRACT
This study aimed to analyze the floristic composition and phytosociological structure of tree species
from Atlantic Forest in the area in question, in order to characterize its structure using
phytosociological methods, with the intuit to verify their relationships abundance, dominance,
sociability, and environmental quality in such species are included and obviously contribute to the
knowledge of the floristic diversity of species. We sampled 560 individuals, distributed in 29 tree
species, 23 genera and 19 botanical families. The families best represented in the study area were
distributed as follows: Anarcadiaceae, and Moraceae Lecythidaceaenosae. Areacaceae families,
Fabaceae, Annonaceae and Lauraceae are represented with two species and all the other families
were represented by a single species. The Shannon diversity index (H ') was down 1.71 nats /
individuals when compared with other surveys in the Atlantic Forest. The Quotiente de mistura was
1:19, it is a low value. The species Schweileira ovata had higher IVI and CVI due to the greater
number of individuals and larger tree. From the data presented it can be said that the area is in the
intermediate stage of succession.
Keywords: Phytosociology, Floristic diversity, Forest succession.
26
2. INTRODUÇÃO
No conceito de Strang (1983), a mata
atlântica é uma grande província natural com
aproximadamente um milhão de quilômetros
quadrados, que abarca vários ecossistemas
florestais, com enclaves e interpenetrações de
outros ecossistemas não florestais
correspondendo ao domínio morfoclimático dos
mares de morros florestados de acordo com Ab’
Saber (1977). Em função da latitude, relevo e
clima geral, este bioma apresenta variações nas
formações fitogeográficas que permitem
caracterizá-lo. Esta formação ocupa no Sul e
Sudeste do país as encostas das serras litorâneas,
que apresenta fisionomia geral similar; no
Nordeste, a mata atlântica ocupa principalmente
a formação dos tabuleiros costeiros, estendendo-
se desde a parte oriental do Rio Grande do
Norte, até o Sul da Bahia.
Na Paraíba as florestas costeiras foram
quase totalmente devastadas, restando hoje
apenas pequenas manchas dispersas no litoral.
Além disto, todos os remanescentes apresentam
sinais de retirada de madeira (LINS e
MEDEIROS, 1994). Este se encontra bastante
antropizado, com cerca de 65% do total de área
desta forma, segundo levantamento feito pelo
IBAMA (1990), apresentando apenas um total
próximo a 0,34% do percentual do Estado e uma
área de 196,4 Km² com vegetação de Mata
Atlântica (Paraíba, 2006).
A Mata Atlântica por sua grande
diversidade e quantidade de espécies endêmicas,
requerem a necessidade dos estudos florísticos e
fitossociológicos (ANDRADE et al, 2006).
Desta forma, torna-se inquestionável que para a
preservação deste bioma, necessita-se primeiro
conhecer a comunidade florística e suas relações
entre si, sendo estes estudos primordiais para
estes fins, pois além da riqueza de espécies que
este bioma possui muito já se foi devastado com
o crescimento das cidades e suas atividades
subsequentes (COSTA JÚNIOR et al, 2007).
Hargreaves (2008) aponta que a
fitossociologia pretende destrinchar e classificar
as comunidades florísticas a partir de sua
estrutura e composição, e que no Brasil o
método mais utilizado para o estudo é o
levantamento de espécies arbóreas
predominantes.
O estudo fitossociológico é a
caracterização, classificação e estudo das
relações e distribuição das comunidades
vegetais. Este estudo auxilia no conhecimento
de espécies vegetais de uma área, fundamental
para preservar espécies endêmicas dos biomas
mais importantes. É utilizado para caracterizar
as relações entre espécies e a dinâmica das
populações, o que nos dá uma pista de como
essas espécies se modificaram com o passar do
tempo e como reagem às condições climáticas,
pedológicas, geológicas, dentre outras (PORTO,
2008).
Diante do exposto objetivou-se neste
estudo analisar a composição florística e a
estrutura fitossociológica de espécies arbóreas
de Mata Atlântica da Reserva Particular do
Patrimônio Natural (RPPN) Engenho Gargaú,
no sentido de verificar suas relações de
abundância, dominância, sociabilidade e a
qualidade do meio em que tais espécies se
inserem.
MATERIAL E MÉTODOS
A área de estudo está localizada na
Reserva Particular do Patrimônio Natural
(RPPN) – ENGENHO GARGAÚ, nos domínios
da Usina Japungu Agroindustrial, situada no
município de Santa Rita no Estado da Paraíba.
Possui área de 1.058,6237 hectares. Criada por
meio de PORTARIA Nº 64-N, de 14 de junho
de 1994.
A área da RPPN há mais de 25 anos não
sofre ação antrópica. Antes havia a exploração
de madeira e culturas agrícolas.
A amostragem para identificação das
espécies e obtenção de dados para determinação
dos parâmetros fitossociológicos foi feita pelo
método de parcelas fixas, respeitando à
suficiência amostral baseada na curva
espécie/área. Para compreender como se dá o
acréscimo do número de espécies à medida que
se aumenta o número de amostras realizadas em
campo, utilizou-se o método de curva do coletor
(MUELLER-DUMBOIS e ELLENBERG,
1974; MAGURRAN, 1988).
Foi considerada para efeito do estudo
uma área de aproximadamente quatro hectares,
onde foram identificados e medidos os
diâmetros de todos os indivíduos arbóreos com
3. DAP (diâmetro a 1,30 m da superfície do solo)
mínimo de 9,9 cm, dentro de cada parcela
amostrada. Para coleta de materiais e dados da
composição florística, foram alocadas doze
parcelas de 10m x 15m (150 m2
), segundo
procedimento de amostragem sistemática
preconizado por Rodal et. al. (1992), de forma a
cobrir as condições e variabilidade da área
estudada. Para alocação e demarcação das
parcelas foi utilizada uma trilha já existente que
corta a área no sentido norte-sul e, portanto, o
procedimento de amostragem consistiu em um
transecto ao longo da extensão da reserva, na
qual foram alocadas as parcelas amostrais,
distanciadas no mínimo 100 metros.
Os parâmetros fitossociológicos
calculados foram: freqüência absoluta e relativa,
densidade absoluta e relativa; dominância
absoluta e relativa; valor de importância e valor
de cobertura, segundo Mueller-Dombois e
Ellemberg (1974) e Braun Blanquet (1932).
Para a análise da heterogeneidade, calculou-se o
índice de diversidade de Shannon (H’), a
eqüitabilidade (J) de Pielou e o Quociente de
Mistura de Jansen, conforme Mueller-Dombois
e Ellemberg (1974; Finol (1971) e Longhi
(1980).
O processamento e as análises dos dados
foram realizados por meio do software MATA
NATIVA 2 (2006).
A partir dos dados levantados nas
parcelas amostrais as mesmas foram
classificadas segundo o estágio de sucessão
ecológica, tomando por base os critérios
constantes da Resolução CONAMA nº 391/07,
que estabelece parâmetros para a análise dos
estágios de sucessão ecológica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verifica-se na curva do coletor (figura
1), que o número de espécies amostradas
apresentou tendência de incremento
inicialmente e, à medida que a área amostrada
aumentou, tenderam a se estabilizar. A curva
tendeu a se estabilizar com 1200 m2
(correspondente a oito parcelas amostrais) de
área amostrada, indicando amostragem
satisfatória das espécies na área experimental,
no entanto, para efeito de segurança foram
amostradas mais quatro parcelas, totalizando
uma área amostral de 1800 m2
. Portanto as doze
parcelas foram suficientes para representar a
composição florística da área estudada.
0
5
10
15
20
25
30
0 5 10 15
Número de parcelas amostrais (150m2
)
Númeroacumuladodeespécies
.
Figura 1. Suficiência amostral (curva do coletor) para a
área amostrada.
No levantamento fitossociológico foram
amostrados 560 indivíduos, distribuídos em 29
espécies arbóreas, 23 gêneros e 19 famílias
botânicas, as quais poderão ser observadas na
Tabela 1, por ordem alfabética de espécie, com
seus respectivos nomes populares. Apenas
quatro táxons não foram identificados quanto à
espécie e gênero.
Em termos de diversidade de espécies, as
famílias mais bem representadas na área
estudada ficaram assim distribuídas:
Anarcadiaceae (quatro espécies), Anonaceae e
Moraceae (duas espécies, cada) e
Lecythidaceaenosae (três espécies). As famílias
Areacaceae, Fabaceae e Lauraceae foram
representadas com duas espécies e as demais
famílias ficaram todas representadas por uma
única espécie.
As espécies que apresentaram maior
número de indivíduos na área foi a
Lecythidaceae (325 indivíduos) seguida da
Sapindaceae (82 indivíduos) e Euphorbiaceae
(35 indivíduos).
A análise da estrutura de tamanho das
populações revela que a espécie Schweileira
ovata foi a de maior IVI, destacada pelo alto
valor de DRe (56,14%), seguido de DoRe
(21,520%) e FRe (10,26). O segundo lugar de
IVI foi o da Cupania racemosa, espécie que
também se destacou pela maior DRe(12,18)
seguido da FRe (10,26%) e DoRe (6,245%) em
terceiro lugar o destaque foi para a espécie
4. Pogonophora schamburkiana, estes parâmetros
estão descritos na Tabela 2.
Tabela 1. Listagem das espécies arbóreas amostradas na área da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenho
Gargaú, Santa Rita-PB.
Nome Científico Nome Vulgar Família
Acrocomia intumescens Drude Macaíba Areacaceae
Altalea oleifera Barb. Rodr Palmeira pindola Areacaceae
Annona glabra L. Pana
Apuleia leiocarpa (Vog) Mart. Jitai Caesalpinaceae
Brosimum discolor Schott Quiri Moraceae
Bowdichia Virgiliodes H.b & Kunth. Sucupira Fabaceae
Buchenavia capitata (Vahl.) Eichler Imbiridiba Annonaceae
Byrsonima sericea DC. Murici Malphighiaceae
Campomanesia xanthocarpa Mart Guabiraba Myrtaceae
Cupania racemosa (Vell.) Radlk Caboatã Sapindaceae
Cupania revoluta Rolfe Caboatã do rego Sapindaceae
Eschweilera apiculata (Miers) A.C. SM. Imbiriba branca Lecythidaceae
Eschweilera ovata (Cambess.)Miers. Imbiriba Lecythidaceae
Eschweilera alvimii Mori Imbiriba preta Lecythidaceae
Hymenaea courbaril L. Jatobá Fabaceae
Ingá fagifolia G.Don. Ingá Mimosaceae
Manikara triflora Fr. Allemão. Goiti Sapotaceae
Nectandra cuspidata (nees et. Mart.)Nees. Louro Lauraceae
Ocotea gardneri (Meisn.) Mez Leiteira Lauraceae
Paypayrola blanchetiana Tul. Jaquinha da mata Violaceae
Protium giganteum Engl. Amescla Burseraceae
Pogonophora schomburgkiana Miers Cocão Euphorbiaceae
Schefflera morototoni (Aubl.) M. S. & Frodin Sambaquim Araliaceae
Simarouba Amara Aubl. Praíba Simaroubaceae
Tapirira guianensis Aubl. Cupiúba Anacardiaceae
Tapirira SP Cupiúba branca Anarcadiaceae
Thyrsodium spruceanum S.. Ex Benth. Caboatã-de-leite Anacardiaceae
Xylopia frutescens Aubl. Imbira-semente Annonaceae
Indeterminada 1 Indeterminada Moraceae
Indeterminada 2 Indeterminada Marantaceae
Indeterminada 3 Indeterminada Anarcadiaceae
Indeterminada 4 Indeterminada Poaceae
O maior IVI para as três espécies se deu
em decorrência do grande número de
indivíduos, juntas representam 79% do total de
indivíduos amostrados. De acordo com Leitão
Filho (1987), as famílias floristicamente mais
abundantes de uma região são as que respondem
pelos principais parâmetros fitossociológicos.
A densidade total do levantamento foi de
7.725,926 indivíduos/ha e o valor obtido para a
área basal foi de 7,8336 m²/ha.
Com relação à densidade relativa, as
famílias que apresentaram maiores valores
foram: Lecythidaceae (60,07%), Sapindaceae
(12,9) e Euphorbiaceae (8,53%),
correspondendo a 78,7% do total. Com relação à
dominância relativa compareceram
Lecythidaceae (35,54%), Annonaceae (15,68%),
Anardiaceae (9,70%) e Araliaceae (9,09%),
totalizando 70,01%.
A espécie Eschweileira ovato destacou-
se no IVI que apresentou o maior número de
indivíduos e maior porte arbóreo, seguido das
espécies Cupania racemosa, Pogonophora
shomburgkiana, Buchenavia capitada e
Eschweilera alvimii.
5. Tabela 2. Valores dos parâmetros fitossociológicos na RPPN Engenho Gargaú considerando
em ordem decrescente do Índice de valor de importância.
ESPÉCIES Ni Ab(m²) Dre(%) Fre(%) DoRe(%) IVI(%)
Eschweilera ovata 325 1,9961 56,14 10,26 21,52 29,31
Cupania racemosa 82 0,5531 12,18 10,26 4,93 9,12
Pogonophora shomburgkiana 35 0,3916 8,53 8,9 7,33 8,28
Buchenavia capitada 6 0,9068 1,68 3,85 15,63 7,05
Eschweilera alvimii 9 0,591 3,4 3,85 13,38 6,88
Schefflera morototoni 6 0,6733 1,58 3,85 9,09 4,84
Protium giganteum 18 0,5728 1,73 7,69 3,35 4,25
Tapirira guianensis 13 0,4341 2,78 5,13 3,37 3,76
Tapirira sp 9 0,3016 2,54 2,56 6,14 4,75
Camponesia xanthocarpa 6 0,1771 1,34 5,13 2,96 3,14
Altalea oleífera 3 0,1998 1,82 1,28 5,24 2,78
Bowdichia Virgiliodes 4 0,3416 0,38 3,85 2 2,08
Indeterminada 1 8 0,1069 1,1 3,85 1,21 2,05
Simarouba Amara 3 0,1136 0,62 3,85 0,96 1,81
Ocotea gardneri 5 0,0758 0,81 3,85 0,46 1,71
Thyrsodium spruceanum 3 0,015 0,62 2,56 0,15 1,11
Annona glabra 4 0,0226 0,38 2,56 0,13 1,03
Eschweilera apiculata 2 0,1021 0,53 1,28 0,64 0,82
Apuleia leiocarpa 4 0,0562 0,38 1,28 0,33 0,66
Byesonima sericea 3 0,0493 0,29 1,28 0,29 0,62
Indeterminada 2 1 0,0436 0,1 1,28 0,25 0,54
Manikara triflora 2 0,0245 0,19 1,28 0,14 0,54
Brosimum discolor 2 0,0173 0,19 1,28 0,1 0,53
Hymenaea courbarl 1 0,0326 0,1 1,28 0,19 0,52
Intederminada 3 1 0,0176 0,1 1,28 0,1 0,49
Acromia intumescens 1 0,0035 0,1 1,28 0,02 0,47
nectandra cuspidata 1 0,0067 0,1 1,28 0,04 0,47
Cupania revoluta 1 0,0023 0,1 1,28 0,01 0,46
Indeterminada 4 1 0,0029 0,1 1,28 0,02 0,46
Xylopia frutences 1 0,002 0,1 1,28 0,01 0,46
Total 560 7,8336 100 100 100 100
N°= Número de indivíduos, AB= área basal, DR=Densidade relativa; FR= Freqüência relativa;
DoR= Dominância relativa e IVI=Indice de valor de importância e Vc= valor de cobertura.
O índice de diversidade de Shannon (H')
foi baixo, 1,71 nats/indivíduos quando
comparado com outros levantamentos em área
de Mata Atlântica. Como Xavier (2009) para
Mata Atlântica no Município de D. Inês/PB
(Mata da Caboclo, 3,54 nats/ind. e Mata do
Seró, 3,53). Andrade et al., (2006) em Mata do
Pau do Ferro no Município de Areia/PB, 2,99
nats/ind. Cestaro e Andrade (2004) no
município de Macaína/RN, 3,19 nats/ind.
Farias e Castro (2004) no Município de Campo
Maior/PI, 3,09 nats/ind. Isso, provavelmente,
resulta da distribuição não homogênea de
espécies na área, devido à abundância de
algumas poucas espécies, como a E. ovata e C.
racemosa. Outro fator a considerar é que a área
em questão sofreu forte pressão antrópicas no
passado pela exploração de madeira e abertura
de áreas para cultivos agrícolas e isso
certamente afetou a abundância de algumas
espécies, determinando o baixo valor de H’.
6. Em relação à riqueza, foram amostradas
30 espécies. Trata-se de um número considerado
baixo, se comparado com trabalhos realizados
em áreas de Mata atlântica, como o de Melo e
Mantovani (1994) obteve um total de 157
espécies, Silva (1989) apresentou em seu
trabalho 195 espécies e Xavier (2009), 520
espécies. De acordo com Brown (1988) a
diversidade de uma comunidade vegetal
expressa à variação espacial na abundância e na
distribuição das espécies. Como regiões
distintas podem diferir tanto no número de
espécies bem como na densidade relativa das
populações amostradas, o emprego de índices de
diversidade visa combinar estas duas variáveis,
através de fórmulas que utilizam a riqueza e a
eqüabilidade obtidas numa determinada área
(MELO E MANTOVANI 1994).
Com relação à eqüabilidade, o grau
estimado foi 0,51, o que sugere baixa
uniformidade na distribuição dos indivíduos
dentro da comunidade vegetal, constatação
esperada, pois a equitabilidade é diretamente
proporcional à diversidade e, antagônico à
dominância (UHL e MURPHY, 1981).
Tabela 3. Comparação do Quociente de mistura (QMJ) e
valores de eqüabilidade (J) obtidos na Mata da RPPN
Engenho Gargaú em Santa Rita, PB, com outros
levantamentos também realizados em área de Mata
Atlântica.
Teoricamente, esse valor indica que seria
necessário o incremento de mais 50% de
espécies para atingir a diversidade máxima da
comunidade vegetal, segundo Brower et al.,
(1998). Se comparado com outros resultados
para áreas de Floresta Atlântica, (Tabela 3),
verifica-se um índice muito baixo, pois esse
valor tem se mantido 0,83 a 0,91 (Mantovani
1993; Mantovani et al., 1990; Sanchez 1994).
Isto significa que na comunidade analisada
existem muitas populações contribuindo
desigualmente para a elaboração do índice de
diversidade. Algo semelhante foi encontrado por
Melo e Mantovani (1994) para a Ilha do
Cardoso onde a baixa eqüabilidade (J=0,721) foi
justificada pelo critério de inclusão adotado
(indivíduos com diâmetro ≥ 2,5cm), o que
acabou por favorecer a inclusão de populações
numerosas, típicas do sobosque.
Observa-se na Tabela 3, que o Quociente
de Mistura de Jansen foi de 1:18, indicando ser
necessário amostrar 18 indivíduos para
encontrar uma espécie diferente das já
amostradas. Trata-se de um valor baixo em
relação aos valores de outras áreas de Floresta
de Mata Atlântica apresentados por Mantovani
(1993), que apresentaram QMJ bastante alto
(acima de 1:6). Já o trabalho realizado na Ilha
do Cardoso (Melo e Mantovani 1994)
apresentou baixo valor de QMJ (QMJ= 1:16),
atribuído pelos autores à amostragem excessiva
do subosque. O Quociente de Mistura (QM)
relaciona de forma quantitativa os indivíduos e
as espécies, apresentando uma média em uma
determinada área estudada, a diversidade da
população é maior quanto mais próximo de um
(SILVA JÚNIOR et al., 2008).
O baixo valor de QMJ indica uma baixa
heterogeneidade, isso pode ser verificado pelo
baixo número de espécie amostrada, apenas 31,
no entanto, temos também que considerar que o
estudo florístico foi realizado utilizando apenas
as espécies arbóreas adultas, já que o critério de
inclusão foi o diâmetro a altura do peito (DAP)
de 9,9 cm.
Quanto ao padrão de distribuição
espacial foi possível observar sete espécies com
tendência ao agrupamento, onze com padrão
uniforme e doze com tendência ao agrupamento.
Segundo Arruda e Daniel (2007), por meio do
índice de agregação de espécies é possível
visualizar a distribuição espacial das espécies
dentro da comunidade, característica de extrema
importância para o planejamento de medidas de
manejo e conservação das comunidades
florestais.
De maneira geral, pode-se observar
grande participação de espécies vegetais com
tendência à agregação. Esse resultado pode ser
considerado como conseqüência do estágio em
que se encontra a área (sucessão secundária),
onde foi verificada uma acentuada participação
de árvores e arvoretas de pequeno porte,
Autores Índice de
Quociente
de Mistura
(QMJ)
Índice de
eqüabilidade
(J’)
Dados da Pesquisa 1:18 0,51
Ivanauskas (1997) 1:7 0,827
Azevedo (2010) 1:6 0,78
Oliveira et al., 2001 1:9 0,74
7. DAP (diâmetro a 1,30 m da superfície do solo)
mínimo de 9,9 cm, dentro de cada parcela
amostrada. Para coleta de materiais e dados da
composição florística, foram alocadas doze
parcelas de 10m x 15m (150 m2
), segundo
procedimento de amostragem sistemática
preconizado por Rodal et. al. (1992), de forma a
cobrir as condições e variabilidade da área
estudada. Para alocação e demarcação das
parcelas foi utilizada uma trilha já existente que
corta a área no sentido norte-sul e, portanto, o
procedimento de amostragem consistiu em um
transecto ao longo da extensão da reserva, na
qual foram alocadas as parcelas amostrais,
distanciadas no mínimo 100 metros.
Os parâmetros fitossociológicos
calculados foram: freqüência absoluta e relativa,
densidade absoluta e relativa; dominância
absoluta e relativa; valor de importância e valor
de cobertura, segundo Mueller-Dombois e
Ellemberg (1974) e Braun Blanquet (1932).
Para a análise da heterogeneidade, calculou-se o
índice de diversidade de Shannon (H’), a
eqüitabilidade (J) de Pielou e o Quociente de
Mistura de Jansen, conforme Mueller-Dombois
e Ellemberg (1974; Finol (1971) e Longhi
(1980).
O processamento e as análises dos dados
foram realizados por meio do software MATA
NATIVA 2 (2006).
A partir dos dados levantados nas
parcelas amostrais as mesmas foram
classificadas segundo o estágio de sucessão
ecológica, tomando por base os critérios
constantes da Resolução CONAMA nº 391/07,
que estabelece parâmetros para a análise dos
estágios de sucessão ecológica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verifica-se na curva do coletor (figura
1), que o número de espécies amostradas
apresentou tendência de incremento
inicialmente e, à medida que a área amostrada
aumentou, tenderam a se estabilizar. A curva
tendeu a se estabilizar com 1200 m2
(correspondente a oito parcelas amostrais) de
área amostrada, indicando amostragem
satisfatória das espécies na área experimental,
no entanto, para efeito de segurança foram
amostradas mais quatro parcelas, totalizando
uma área amostral de 1800 m2
. Portanto as doze
parcelas foram suficientes para representar a
composição florística da área estudada.
0
5
10
15
20
25
30
0 5 10 15
Número de parcelas amostrais (150m2
)
Númeroacumuladodeespécies
.
Figura 1. Suficiência amostral (curva do coletor) para a
área amostrada.
No levantamento fitossociológico foram
amostrados 560 indivíduos, distribuídos em 29
espécies arbóreas, 23 gêneros e 19 famílias
botânicas, as quais poderão ser observadas na
Tabela 1, por ordem alfabética de espécie, com
seus respectivos nomes populares. Apenas
quatro táxons não foram identificados quanto à
espécie e gênero.
Em termos de diversidade de espécies, as
famílias mais bem representadas na área
estudada ficaram assim distribuídas:
Anarcadiaceae (quatro espécies), Anonaceae e
Moraceae (duas espécies, cada) e
Lecythidaceaenosae (três espécies). As famílias
Areacaceae, Fabaceae e Lauraceae foram
representadas com duas espécies e as demais
famílias ficaram todas representadas por uma
única espécie.
As espécies que apresentaram maior
número de indivíduos na área foi a
Lecythidaceae (325 indivíduos) seguida da
Sapindaceae (82 indivíduos) e Euphorbiaceae
(35 indivíduos).
A análise da estrutura de tamanho das
populações revela que a espécie Schweileira
ovata foi a de maior IVI, destacada pelo alto
valor de DRe (56,14%), seguido de DoRe
(21,520%) e FRe (10,26). O segundo lugar de
IVI foi o da Cupania racemosa, espécie que
também se destacou pela maior DRe(12,18)
seguido da FRe (10,26%) e DoRe (6,245%) em
terceiro lugar o destaque foi para a espécie
8. ARRUDA, L.; DANIEL, O. Florística e
diversidade em um fragmento de floresta
estacional semidecidual aluvial em Dourados-
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1 Engenheira Ambiental. Trainee na LDC-
SEV.Bioenergia/Usina Estivas.Natal-RN.
2 Doutora em Agronomia. Eng. Florestal.
INCRA/PB.Rua Desportista Aurélio Rocha,
592. CEP: 58000-031 E-mail:
ligiamms@hotmail.com.
3 Engenheiro Ambiental. Diretor de
Minimização de Desastres da Defesa Civil de
João Pessoa. Praça Pedro Américo, 70, 1º andar
– Centro – João Pessoa/PB – 58010-970.
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