Resumo detalhado da obra A História Interminável de Michael Ende
1. Aluna: Ana Margarida Cardoso
Ano/ Turma: 12ºA
Editora: Presença
Ano de publicação: 1979
Ano de 1ª edição: 1984
Ano de 5ª edição: 2008
Local de edição: Lisboa
Período de Leitura: 11/Abril – 20/Abril
Autor
Michael Ende nasceu a 12 de Novembro de 1929, em Garmisch,
Alemanha e morreu a 29 de Agosto de 1995, Em
Filderstadt-Bonlanden, Alemanha. Foi um escritor
alemão de romances sobre fantasia e livros infantis e
fez parte do movimento antroposófico (estudo do
homem sob o ponto de vista moral e intelectual).
Tornou-se conhecido pelo seu trabalho A História
Interminável (Die unendliche Geschichte, no original),
publicado em 1979, que recebeu inúmeros prémios
literários alemães e internacionais. Este livro foi
traduzido para cerca de 40 países tendo vendido até hoje 8 milhões de
exemplares.
Para começar é bom explicar que este livro se encontra impresso em
duas cores: as partes a cor de laranja correspondem ao mundo real, ao
mundo dos humanos, onde vive Bastian e as partes a preto,
correspondem ao livro que Bastian está a ler, A História Interminável.
2. Resumo
Bastian, um rapazinho baixo e francamente gordo, de uns dez ou
onze anos, entra numa livraria e rouba um livro chamado A História
Interminável, fugindo, de seguida para o sótão da sua escola, onde o
começa a ler. Nessa altura, ainda não tem noção do que o livro
representa. O livro tem uma capa que brilha quando se mexe e tem
duas cobras, uma branca e uma preta, que mordem a cauda uma da
outra, formando uma oval. Estava impresso em duas cores diferentes.
A História Interminável começa com a introdução de quatro
mensageiros que procuram a Imperatriz Criança, para a informar que
algo tinha feito desaparecer partes das suas cidades. Lá encontram
outros mensageiros que se queixam do mesmo problema. Mas a
Imperatriz Criança está doente e pede assim a Cairon, um médico, que
procure Atreiú, para que este parta na Grande Busca ou seja, encontrar
uma cura para a sua doença. O mesmo mal que está a fazer partes de
certas cidades desaparecerem é também a doença da Imperatriz, o
Nada. Para auxiliar Atreiú na Busca, é-lhe confiado AURIN, também
conhecido como o «Brilho» - o símbolo da Imperatriz Criança, que é
respeitada por todos, já que não distingue o bem do mal, o bonito do
feio, e que tem uma forma oval, formada por duas cobras, que mordem
a cauda uma da outra – para que possa sobreviver aos vários perigos.
Atreiú procura a Morla, que lhe explicará a cura para a doença da
Imperatriz. Com Artax, o seu cavalo, viajam em busca da Morla mas,
para a encontrar têm que passar o Pântano da Tristeza, onde Artax
morre “afogado” em tristeza. Atreiú sobrevive, uma vez que tem o
«Brilho». Quando fala com a Morla, esta diz-lhe que a Imperatriz precisa
de um nome novo e manda-o procurar o Oráculo do Sul. Entretanto, no
sótão, Bastian acha estranho que ninguém em Fantasia possa dar um
novo nome à imperatriz.
Atreiú viaja agora sozinho e a pé, quando encontra uma criatura de
uma espécie desconhecida, chamado Ygramul. Esta criatura está a tentar
alimentar-se de um Dragão da Sorte, um animal raro em Fantasia.
Procurando ajuda para encontrar o Oráculo do Sul, Atreiú pergunta a
Ygramul como o pode encontrar ao que este responde que o seu
veneno, embora seja letal, lhe dará o poder de viajar para onde quiser.
Atreiú aceita assim ser mordido pela criatura, na esperança que consiga
encontrar a cura e voltar para junto da Imperatriz Criança antes que o
veneno o mate.
Devido ao poder conferido pelo veneno, Atreiú acorda num lugar
desconhecido com uma voz a chamar o seu nome: é Fuchur, o Dragão
da Sorte, que ouviu o que a criatura contara a Atreiú e decidiu juntar-se
ao nosso herói. Nessa terra desconhecida são tratados por dois colonos,
a velha Urgl e o velho Enguivuck, este último nutre uma paixão por
3. Uiulala, o Oráculo do Sul e pretende lançar um livro sobre este. Para
entrar no templo de Uiulala é preciso passar por três portas: a Porta do
Grande Enigma, a Porta do Espelho Mágico e a Porta Sem Chave. A
primeira porta é vigiada por duas esfinges que apenas deixam passar os
mercadores, a segunda é necessário entrar em si próprio e na terceira é
preciso desejar verdadeiramente que ela se abra. Esta informação é
dada a Atreiú por Enguivuck. O rapaz consegue passar pela primeira
porta porque têm AURIN consigo, na segunda, reflectido no espelho, vê
Bastian e na terceira ouve Bastian pedir-lhe para não desistir, quando
estava prestes a voltar as costas à porta e a ir embora.
Encontrando-se, então, com Uiulala, Atreiú apercebe-se que este é
apenas uma voz, a voz do silêncio. Uiulala apenas fala e responde a
frases que rimem, obrigando Atreiú a esforçar-se para rimar. Esta diz-lhe
que ninguém em Fantasia pode dar um nome à Imperatriz, mas que há
quem possa, no Mundo Real, os filhos de Adão e as filhas de Eva, os
humanos. Quando Atreiú acorda, depois deste encontro, todas as portas
e o Templo tinham desaparecido e o velho colono quer saber como é a
sua musa, mas Atreiú não lhe quer dizer. Os dois colonos partem para
longe de sua casa porque o Nada aproxima-se e Atreiú e Fuchur
decidem sobrevoar Fantasia, há procura das suas fronteiras. Enquanto o
fazem, são apanhados no meio de um confronto entre os quatro
Gigantes do Vento, onde se separam. Na queda, Atreiú perde AURIN.
Vagueando sozinho, Atreiú chega à Cidade-Fantasma, que está
deserta, pois o Nada atraiu todos os seus habitantes. Lá encontra
Gmork, um lobisomem, que lhe diz que o Mundo Real é um mundo à
parte e que são as mentiras dos homens que fazem o Nada crescer.
Bastian fica então perturbado ao pensar quem, com as suas mentiras,
contribuiu para a destruição de Fantasia.
Entretanto, Fuchur procura Atreiú e encontra o «Brilho», no fundo do
mar. Conseguindo alcançá-lo, continua a busca pelo seu amigo.
Encontra-o, finalmente, quase a ser “devorado” pelo Nada, mas
consegue salvá-lo e voam de volta para a Torre de Marfim. Quando
chega perto da Imperatriz Criança, Atreiú repara na sua beleza e
também Bastian a vê e pensa num nome ideal: Filha da Lua. Atreiú teme
ter falhado por não ter conseguido encontrar um humano, mas a
Imperatriz diz que ele fez um bom trabalho. Esta já sabia que precisava
de um novo nome – o que deixa Atreiú frustrado – mas o nosso herói
tinha que passar por tudo aquilo para que o Salvador viesse.
Uma vez que o Salvador não aparece, a Imperatriz decide ir procurar
o Velho da Montanha Errante, o escritor do livro de tudo o que acontece
em Fantasia. Este recomeça a contar A História Interminável, mas não no
momento em que Bastian começou a ler, quando os mensageiros
aparecem, mas quando este entra na livraria e rouba o livro. E assim,
apercebendo-se que a Imperatriz se referia a ele, que era ele o Salvador
4. e dar um nome novo à Imperatriz, Bastian diz pela primeira vez o novo
nome da Imperatriz e viaja até Fantasia.
No seu encontro com a Imperatriz esta dá a Bastian AURIN e diz a
Bastian para fazer o que quiser, o que desejar. Este cria assim uma
floresta, Perelim, a Floresta Nocturna, mas rapidamente se aborrece e
decide que quer companhia, criando Goab, o Deserto das Cores. Neste
deserto vive Graograman, um leão conhecido como Morte Multiculor, rei
do deserto. Este convida Bastian a ir para o seu palácio. Lá, Bastian
apercebe-se que, à noite, o leão é transformado em pedra, para que
Perelim volte a crescer, mostrando assim que os seus actos têm
consequências. O leão oferece a Bastian Sikanda, uma espada mágica,
que defende o lutador sozinha, mas apenas quando este está em perigo.
Para sair de Goab, Bastian entra no Templo das Mil Portas, onde tem
que escolher sempre entre duas portas, mas como ainda não sabe o que
deseja, não consegue sair. Decidido então a encontrar Atreiú, escolhe as
portas que tenham alguma característica em comum com o nosso herói
e acaba por sair do Templo onde encontra Hynreck, o Herói e três
amigos, que vão participar num torneio para decidir quem vai proteger
o Salvador. Como Bastian escondera AURIN, estes não sabem quem ele
é. Durante o torneio, Bastian confronta-se com Hynreck, derrotando-o
com a ajuda da espada mágica.
Hynreck estava apaixonado pela Princesa Ogamar, mas esta apenas
está interessada no mais dos heróis e Hynreck tinha sido derrotado.
Para o ajudar, Bastian – o único com o poder de inventar histórias em
Fantasia – inventa que a princesa é raptada por um Dragão e é Hynreck
que a irá salvar. Como todos os seus outros desejos, também este se
realiza. Uma vez que o povo de Amargante vive de contar histórias e o
seu reportório é reduzido, Bastian cria uma biblioteca com o seu nome e
dá uma história à cidade: os aiaiai, seres muito feios, criam a prata que
constrói a cidade e choram Murhu, o Lago das Lágrimas.
Bastian, Atreiú, Fuchur e os três cavaleiros partem à procura da
porta de regresso ao mundo de Bastian, mas este não quer regressar,
logo não têm rumo. Quando pernoitam numa caverna, encontram os
aiaiai, que Bastian, por ter pena destes e por se sentir culpado por
serem seres tão tristes, transforma em lindas borboletas, mas estas
começam a destruir a prata. Atreiú pede a Bastian que lhe conte coisas
sobre o seu mundo, mas este não se lembra, pois casa vez que ele
deseja algo, um pedaço da sua memória da vida real desaparece.
Encontrando então um objectivo de viagem, a Torre de Marfim, Bastian e
os companheiros recebem a visita de alguns príncipes, que querem a
ajuda de Bastian. Este diz-lhes que só os pode ajudar se o ajudarem a
ele a encontrar a Imperatriz Criança.
Durante a viagem, encontram um palácio, onde reside Xayíde, que
tenta intimidar Bastian a submeter-se ao seu poder, mas este nega,
dizendo que não tem medo desta. Para convencer Bastian, Xayíde rapta
5. os três cavaleiros e Bastian, com a ajuda de Atreiú e Fuchur consegue
resgatá-los. Tendo sido derrotada, Xayíde pede misericórdia e promete
cumprir todos os desejos de Bastian, que este aceita. Quem não gosta
da ideia é Atreiú, que pensa que os objectivos de Xayíde não são tão
inofensivos como Bastian pensa. Quando confronta Bastian com os seus
pensamentos, este repreende-o, não querendo ser aconselhado. Xayíde
dá a Bastian um cinto que o torna invisível, o cinto Guemal e diz-lhe que
Atreiú está a pensar em roubar-lhe AURIN. Embora Bastian se recuse a
acreditar em tal coisa, usa o cinto para espiar os dois amigos e confirma
as suspeitas de Xayíde. Quando Atreiú e Fuchur tentam roubar AURIN,
Bastian impede-os e expulsa-os da sua comitiva.
Acreditando que Bastian precisa de entregar AURIN, Atreiú reúne um
exército que fará frente ao exército de Bastian e Xayíde, e no confronto,
a Torre de Marfim é destruída e Bastian fere Atreiú no peito. Vagueando
sozinho, depois da luta, Bastian sente-se mal ao ter ferido o amigo e,
enquanto caminha, entra na Cidade dos Antigos Imperadores, onde
estão alguns dos humanos que viveram em Fantasia, mas que acabaram
por enlouquecer. Aí, Bastian decide que precisa de voltar para casa.
Encontra-se com a Dama Aiuola, que lhe oferece casa enquanto este
decide quando é a sua Verdadeira Vontade, ou seja, o seu último desejo
e este descobre que é ser conseguir amar. Bastian segue assim o seu
caminho e encontra Yor, um mineiro, que cria imagens, imagens essas
que vão lembrar Bastian do seu pai. Assim, Bastian procura a fonte das
Águas da Vida, mas é atacado pelas borboletas que antes eram os aiaiai
e é salvo por Atreiú e Fuchur. Ao chegarem à fonte, Bastian consegue
voltar para casa e regressa para casa, onde a sua relação com o pai
muda radicalmente. Ao ir contar ao Sr. Koreander que tinha perdido o
seu livro, este diz que o livro não lhe pertencia, assim como não
pertence a ninguém, e Bastian descobre que também este já esteve em
Fantasia.
Relação Título-Livro
“Fantasia é a História Interminável.” É assim que Bastian responde
quando alguém em Fantasia lhe pergunta o que é aquele país. O título
escolhido para esta obra justifica-se muito facilmente por toda a história
descrita, já que, a história de Fantasia não pode acabar, pois haverá
sempre alguém a ler o livro e a dar um novo nome à Imperatriz Criança.
Uma das frases mais repetidas ao longo do livro é “mas isso é uma
história diferente e terá de ser contada noutra ocasião.”sendo outra
justificação para o título deste livro, indicando, tal como é referido no
livro por Bastian, as histórias são sempre intermináveis, pois ao
terminar-mos uma, ela vai dar origem a uma outra e assim
sucessivamente.
6. Citações
“- E contas essas coisas a ti mesmo? Porquê?
- Porque não interessam a mais ninguém.”
“ As paixões humanas são misteriosas e as das crianças não o
são menos que as dos adultos. As pessoas que as experimentam não
as sabem explicar e as que nunca as viveram não as podem
compreender.”
“Pois não há olhos que suportem olhar o nada total.”
“Sucede, porém, que o horror vai deixando de ser tão terrível à
medida que se repete muitas vezes.”
“E nada tem mais poder sobre o homem do que a mentira.”
“- Quem sabe – disse ela sorrindo – se as histórias não são
verdadeiras?”
“É a tua proibição de avançar que me está a levar até junto de
ti.”
“(…) podemos estar convencidos durante muito tempo – anos
talvez – de querermos algo se soubermos que o nosso desejo é
irrealizável. Porém, se de súbito nos encontrarmos perante a
possibilidade de que esse desejo ideal se transforme em realidade,
apenas desejamos uma coisa – nunca o ter desejado.”
“E exactamente por essa razão o seu desejo de ser belo
desvanecera-se também, pois ninguém deseja ser aquilo que já é.”
“Atreiú não lutava por si, mas sim pelo seu amigo, a quem
queria vencer para o salvar.”
“Quem não tem passado também não tem futuro.”
“Aquilo que desejara era a sua perdição e aquilo que odiara era
a sua salvação.”
“Doía-lhe o coração, que não era suficientemente grande para
uma saudade tamanha.”
7. Reacção Pessoal ao livro
Como faço com qualquer outro livro, comecei por o abrir e reparei
que estava impresso em duas cores. A primeira coisa que fiz, foi
confirmar que todos os outros da loja também estavam assim, não fosse
este ter algum erro. Curiosa por saber porque tal acontece, comecei
imediatamente e ler o livro e percebi que, num só livro, estavam a ser
contadas duas histórias, que de início são diferentes, mas que acabam
por se intercalar. Na verdade, Bastian, o leitor, acaba por entrar no livro,
tal como o leitor entra num livro, embora Bastian o tenha feito no
sentido literal. O que posso retirar deste livro é que qualquer história
leva a outra e essa a uma outra, sendo realmente uma história
interminável.
“Se a História Interminável
Em si mesma se encerrar
Este mundo admirável
Vai neste livro acabar!
Porém, se o herói vier,
E a todos nós se entregar,
Nova vida irá nascer.
Só dele depende chegar!”