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John Locke, 29
/08/1632 , foi
um filósofo
inglês ideólogo
do liberalismo,
sendo
considerado o
principal
representante
do empirismo
britânico e um
dos principais
teóricos
do contrato
social.
Para John Locke, o indivíduo era
uma “tabula rasa”, podendo e
devendo ser condicionado e
modelado pela educação. A
formação do indivíduo deveria
abarcar a educação do corpo, a
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intelectual de forma integrada.
Os homens são bons ou
maus, úteis ou
inúteis, graças a sua
educação";
"Um espírito são em um
corpo são é uma
descrição breve, porém
completa, de um estado
feliz neste mundo.
Para compreender corretamente o poder político
e traçar o curso de sua primeira instituição, é
preciso que examinemos a condição natural dos
homens, ou seja, um estado em que eles sejam
absolutamente livres para decidir suas
ações, dispor de seus bens e de suas pessoas
como bem entenderem, dentro dos limites do
direito natural, sem pedir a autorização de
nenhum outro homem nem depender de sua
vontade.
DO ESTADO DE NATUREZA
Entretanto, ainda que se tratasse de um “estado de
liberdade”, este não é um “estado de permissividade”: o
homem desfruta de uma liberdade total de dispor de si
mesmo ou de seus bens, mas não de destruir sua própria
pessoa, nem qualquer criatura que se encontre sob sua
posse, salvo se assim o exigisse um objetivo mais nobre que
a sua própria conservação. O “estado de Natureza” é regido
por um direito natural que se impõe a todos, e com respeito
à razão, que é este direito, toda a humanidade aprende
que, sendo todos iguais e independentes, ninguém deve
lesar o outro em sua vida, sua saúde, sua liberdade ou seus
bens; todos os homens são obra de um único Criador todo-
poderoso e infinitamente sábio, todos servindo a um único
senhor soberano.
Cada um é obrigado não apenas a conservar sua
própria vida e não abandonar voluntariamente o
ambiente onde vive, mas também, na medida do
possível e todas as vezes que sua própria
conservação não está em jogo, velar pela
conservação do restante da humanidade, ou
seja, salvo para fazer justiça a um delinquente, não
destruir ou debilitar a vida de outra pessoa, nem o
que tende a preservá-la, nem sua liberdade, sua
saúde, seu corpo ou seus bens.
Para que se possa impedir todos os homens de violar os direitos do
outro e de se prejudicar entre si, e para fazer respeitar o direito
natural que ordena a paz e a “conservação da humanidade”, cabe a
cada um, neste estado, assegurar a “execução” da lei da natureza, o
que implica que cada um esteja habilitado a punir aqueles que a
transgridem com penas suficientes para punir as violações. Pois de
nada valeria a lei da natureza, assim como todas as outras leis que
dizem respeito aos homens neste mundo, se não houvesse ninguém
que, no estado de natureza, tivesse poder para executar essa lei e
assim preservar o inocente e refrear os transgressores. E se qualquer
um no estado de natureza pode punir o outro por qualquer mal que
ele tenha cometido, todos podem fazer o mesmo. Pois nesse estado
de perfeita igualdade, onde naturalmente não há superioridade ou
jurisdição de um sobre o outro, o que um pode fazer para garantir essa
lei, todos devem ter o direito de fazê-lo.
O ESTADO DE GUERRA
Aquele que no estado de natureza retirasse a
liberdade que pertence a qualquer um naquele
estado, necessariamente se supõe que tem intenção
de retirar tudo o mais, pois a liberdade é a base de
todo o resto; assim como aquele que no estado de
sociedade retirasse a liberdade pertencente aos
membros daquela sociedade ou da comunidade
política, seria suspeito de tencionar retirar deles tudo
o mais, e portanto seria tratado como em estado de
guerra.
A LIBERDADE
Mas a liberdade dos homens submetidos a um
governo consiste em possuir uma regra
permanente à qual deve obedecer, comum a
todos os membros daquela sociedade e instituída
pelo poder legislativo nela estabelecido.
CAPÍTULO V - DA PROPRIEDADE
Ainda que a terra e todas as criaturas inferiores pertençam em
comum a todos os homens, cada um guarda a propriedade de sua
própria pessoa; sobre esta ninguém tem qualquer direito, exceto ela.
Podemos dizer que o trabalho de seu corpo e a obra produzida por
suas mãos são propriedade sua. Sempre que ele tira um objeto do
estado em que a natureza o colocou e deixou, mistura nisso o seu
trabalho e a isso acrescenta algo que lhe pertence, por isso o
tornando sua propriedade. Ao remover este objeto do estado
comum em que a natureza o colocou, através do seu trabalho
adiciona-lhe algo que excluiu o direito comum dos outros homens.
Sendo este trabalho uma propriedade inquestionável do
trabalhador, nenhum homem, exceto ele, pode ter o direito ao que o
trabalho lhe acrescentou, pelo menos quando o que resta é
suficiente aos outros, em quantidade e em qualidade.
Deus deu o mundo aos homens em comum; mas desde que lhos
deu para seu benefício e para que dele retirassem as comodidades
da vida de que fossem capazes, não se poderia supor que Ele
pretendesse que ela permanecesse sempre comum e inculta. Ele a
deu para o uso industrioso e racional (e o trabalho deveria ser o
título), não para satisfazer o capricho ou a ambição daquele que se
mete em querelas e disputas. Aquele que tinha a sua
disposição, para fazer frutificar, um lote tão bom quanto aqueles
que já haviam sido tomados, não tinha o direito de se queixar nem
devia se imiscuir no trabalho que o outro já havia posto em
funcionamento; se assim o fizesse, é claro que desejava o
benefício do sacrifício do outro, a que não tinha direito, nem à
terra que Deus lhe havia dado em comum com os outros para nela
trabalhar, pois os espaços disponíveis eram iguais à superfície já
tomada e às vezes até superavam os meios de utilização do
interessado e o campo de sua indústria.
DA SOCIEDADE POLÍTICA OU CIVIL
Tendo Deus feito do homem uma criatura tal que, segundo
seu julgamento, não era bom para ele ficar
sozinho, submeteu-o a fortes obrigações de
necessidade, comodidade inclinação para levá-lo a viver em
sociedade, assim como o dotou de entendimento e
linguagem para mantê-la e desfrutá-la. A primeira sociedade
existiu entre marido e mulher, e serviu de ponto de partida
para aquela entre pais e filhos; à qual, com o tempo, foi
acrescentada aquela entre patrão e servidor. Embora todas
estas sociedades possam se reunir, o que em geral elas
fazem, para constituir uma única família, cujo senhor ou
senhora detêm alguma autoridade conveniente a uma
família
A sociedade conjugal resulta de um pacto voluntário
entre o homem e a mulher, e embora consista
principalmente em uma comunhão dos corpos,
fundamentada sobre um direito recíproco, como o
exige seu objetivo principal, a procriação, esta
sociedade se acompanha de uma ajuda e de uma
assistência mútuas e, além disso, também de uma
comunhão de interesses, necessária não somente
para unir seu cuidado e sua afeição, mas também a
sua descendência comum, que tem o direito de ser
alimentada e mantida por eles até ser capaz de
prover suas próprias necessidades.
Como a união entre o homem e a mulher tem
por fim não somente a procriação, mas a
perpetuação da espécie, esta relação entre o
homem e a mulher deve continuar, mesmo
depois da procriação, quanto tempo for
necessário para a alimentação e o sustento dos
jovens, que devem ser mantidos por aqueles que
os geraram até que sejam capazes de se deslocar
e de se prover por si mesmos.
Mas como nenhuma sociedade política pode existir ou subsistir
sem ter em si o poder de preservar a propriedade, e, para isso,
punir as ofensas de todos os membros daquela sociedade, só
existe uma sociedade política onde cada um dos membros
renunciou ao seu poder natural e o depositou nas mãos da
comunidade em todos os casos que os excluem de apelar por
proteção à lei por ela estabelecida; e assim, excluído todo
julgamento particular de cada membro particular, a
comunidade se torna um árbitro; e, compreendendo regras
imparciais e homens autorizados pela comunidade para fazê-las
cumprir, ela decide todas as diferenças que podem ocorrer
entre quaisquer membros daquela sociedade com respeito a
qualquer questão de direito e pune aquelas ofensas que
qualquer membro tenha cometido contra a sociedade com
aquelas penalidades estabelecidas pela lei; deste modo, é fácil
discernir aqueles que vivem daqueles que não
vivem em uma sociedade política.
O empirismo é a escola do pensamento filosófico
relacionada à teoria do Conhecimento, que pensa
estar na experiência a origem de todas as ideias. O
nome empirismo vem do latim: empiria
(experiência) e -ismo (sufixo que determina, entre
outras coisas, uma corrente filosófica). Temos,
assim, a “corrente filosófica da experiência”.
O ensino como transmissão de conhecimento
Durante vários anos as técnicas educacionais se resumiram
na utilização de técnicas aversivas – o papel do professor
consistia em fazer com que os alunos aprendessem e o papel
dos alunos consistia em escapar das ameaças, aprendendo.
Paulo Freire, importante pensador brasileiro, defende a
ideia de que a educação não pode ser um depósito de
informações do professor sobre o aluno. Para ele, ensinar
não é transferir conhecimentos, conteúdos nem formar é
ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a
um corpo indeciso e acomodado; portanto, a docência não é
possível sem a discência, pois as duas se explicam e seus
sujeitos apesar das diferenças que os conotam, não se
reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina
aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.

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  • 1. John Locke, 29 /08/1632 , foi um filósofo inglês ideólogo do liberalismo, sendo considerado o principal representante do empirismo britânico e um dos principais teóricos do contrato social.
  • 2. Para John Locke, o indivíduo era uma “tabula rasa”, podendo e devendo ser condicionado e modelado pela educação. A formação do indivíduo deveria abarcar a educação do corpo, a educação moral e a educação intelectual de forma integrada. Os homens são bons ou maus, úteis ou inúteis, graças a sua educação"; "Um espírito são em um corpo são é uma descrição breve, porém completa, de um estado feliz neste mundo.
  • 3. Para compreender corretamente o poder político e traçar o curso de sua primeira instituição, é preciso que examinemos a condição natural dos homens, ou seja, um estado em que eles sejam absolutamente livres para decidir suas ações, dispor de seus bens e de suas pessoas como bem entenderem, dentro dos limites do direito natural, sem pedir a autorização de nenhum outro homem nem depender de sua vontade.
  • 4. DO ESTADO DE NATUREZA Entretanto, ainda que se tratasse de um “estado de liberdade”, este não é um “estado de permissividade”: o homem desfruta de uma liberdade total de dispor de si mesmo ou de seus bens, mas não de destruir sua própria pessoa, nem qualquer criatura que se encontre sob sua posse, salvo se assim o exigisse um objetivo mais nobre que a sua própria conservação. O “estado de Natureza” é regido por um direito natural que se impõe a todos, e com respeito à razão, que é este direito, toda a humanidade aprende que, sendo todos iguais e independentes, ninguém deve lesar o outro em sua vida, sua saúde, sua liberdade ou seus bens; todos os homens são obra de um único Criador todo- poderoso e infinitamente sábio, todos servindo a um único senhor soberano.
  • 5. Cada um é obrigado não apenas a conservar sua própria vida e não abandonar voluntariamente o ambiente onde vive, mas também, na medida do possível e todas as vezes que sua própria conservação não está em jogo, velar pela conservação do restante da humanidade, ou seja, salvo para fazer justiça a um delinquente, não destruir ou debilitar a vida de outra pessoa, nem o que tende a preservá-la, nem sua liberdade, sua saúde, seu corpo ou seus bens.
  • 6. Para que se possa impedir todos os homens de violar os direitos do outro e de se prejudicar entre si, e para fazer respeitar o direito natural que ordena a paz e a “conservação da humanidade”, cabe a cada um, neste estado, assegurar a “execução” da lei da natureza, o que implica que cada um esteja habilitado a punir aqueles que a transgridem com penas suficientes para punir as violações. Pois de nada valeria a lei da natureza, assim como todas as outras leis que dizem respeito aos homens neste mundo, se não houvesse ninguém que, no estado de natureza, tivesse poder para executar essa lei e assim preservar o inocente e refrear os transgressores. E se qualquer um no estado de natureza pode punir o outro por qualquer mal que ele tenha cometido, todos podem fazer o mesmo. Pois nesse estado de perfeita igualdade, onde naturalmente não há superioridade ou jurisdição de um sobre o outro, o que um pode fazer para garantir essa lei, todos devem ter o direito de fazê-lo.
  • 7. O ESTADO DE GUERRA Aquele que no estado de natureza retirasse a liberdade que pertence a qualquer um naquele estado, necessariamente se supõe que tem intenção de retirar tudo o mais, pois a liberdade é a base de todo o resto; assim como aquele que no estado de sociedade retirasse a liberdade pertencente aos membros daquela sociedade ou da comunidade política, seria suspeito de tencionar retirar deles tudo o mais, e portanto seria tratado como em estado de guerra.
  • 8. A LIBERDADE Mas a liberdade dos homens submetidos a um governo consiste em possuir uma regra permanente à qual deve obedecer, comum a todos os membros daquela sociedade e instituída pelo poder legislativo nela estabelecido.
  • 9. CAPÍTULO V - DA PROPRIEDADE Ainda que a terra e todas as criaturas inferiores pertençam em comum a todos os homens, cada um guarda a propriedade de sua própria pessoa; sobre esta ninguém tem qualquer direito, exceto ela. Podemos dizer que o trabalho de seu corpo e a obra produzida por suas mãos são propriedade sua. Sempre que ele tira um objeto do estado em que a natureza o colocou e deixou, mistura nisso o seu trabalho e a isso acrescenta algo que lhe pertence, por isso o tornando sua propriedade. Ao remover este objeto do estado comum em que a natureza o colocou, através do seu trabalho adiciona-lhe algo que excluiu o direito comum dos outros homens. Sendo este trabalho uma propriedade inquestionável do trabalhador, nenhum homem, exceto ele, pode ter o direito ao que o trabalho lhe acrescentou, pelo menos quando o que resta é suficiente aos outros, em quantidade e em qualidade.
  • 10. Deus deu o mundo aos homens em comum; mas desde que lhos deu para seu benefício e para que dele retirassem as comodidades da vida de que fossem capazes, não se poderia supor que Ele pretendesse que ela permanecesse sempre comum e inculta. Ele a deu para o uso industrioso e racional (e o trabalho deveria ser o título), não para satisfazer o capricho ou a ambição daquele que se mete em querelas e disputas. Aquele que tinha a sua disposição, para fazer frutificar, um lote tão bom quanto aqueles que já haviam sido tomados, não tinha o direito de se queixar nem devia se imiscuir no trabalho que o outro já havia posto em funcionamento; se assim o fizesse, é claro que desejava o benefício do sacrifício do outro, a que não tinha direito, nem à terra que Deus lhe havia dado em comum com os outros para nela trabalhar, pois os espaços disponíveis eram iguais à superfície já tomada e às vezes até superavam os meios de utilização do interessado e o campo de sua indústria.
  • 11. DA SOCIEDADE POLÍTICA OU CIVIL Tendo Deus feito do homem uma criatura tal que, segundo seu julgamento, não era bom para ele ficar sozinho, submeteu-o a fortes obrigações de necessidade, comodidade inclinação para levá-lo a viver em sociedade, assim como o dotou de entendimento e linguagem para mantê-la e desfrutá-la. A primeira sociedade existiu entre marido e mulher, e serviu de ponto de partida para aquela entre pais e filhos; à qual, com o tempo, foi acrescentada aquela entre patrão e servidor. Embora todas estas sociedades possam se reunir, o que em geral elas fazem, para constituir uma única família, cujo senhor ou senhora detêm alguma autoridade conveniente a uma família
  • 12. A sociedade conjugal resulta de um pacto voluntário entre o homem e a mulher, e embora consista principalmente em uma comunhão dos corpos, fundamentada sobre um direito recíproco, como o exige seu objetivo principal, a procriação, esta sociedade se acompanha de uma ajuda e de uma assistência mútuas e, além disso, também de uma comunhão de interesses, necessária não somente para unir seu cuidado e sua afeição, mas também a sua descendência comum, que tem o direito de ser alimentada e mantida por eles até ser capaz de prover suas próprias necessidades.
  • 13. Como a união entre o homem e a mulher tem por fim não somente a procriação, mas a perpetuação da espécie, esta relação entre o homem e a mulher deve continuar, mesmo depois da procriação, quanto tempo for necessário para a alimentação e o sustento dos jovens, que devem ser mantidos por aqueles que os geraram até que sejam capazes de se deslocar e de se prover por si mesmos.
  • 14. Mas como nenhuma sociedade política pode existir ou subsistir sem ter em si o poder de preservar a propriedade, e, para isso, punir as ofensas de todos os membros daquela sociedade, só existe uma sociedade política onde cada um dos membros renunciou ao seu poder natural e o depositou nas mãos da comunidade em todos os casos que os excluem de apelar por proteção à lei por ela estabelecida; e assim, excluído todo julgamento particular de cada membro particular, a comunidade se torna um árbitro; e, compreendendo regras imparciais e homens autorizados pela comunidade para fazê-las cumprir, ela decide todas as diferenças que podem ocorrer entre quaisquer membros daquela sociedade com respeito a qualquer questão de direito e pune aquelas ofensas que qualquer membro tenha cometido contra a sociedade com aquelas penalidades estabelecidas pela lei; deste modo, é fácil discernir aqueles que vivem daqueles que não vivem em uma sociedade política.
  • 15.
  • 16. O empirismo é a escola do pensamento filosófico relacionada à teoria do Conhecimento, que pensa estar na experiência a origem de todas as ideias. O nome empirismo vem do latim: empiria (experiência) e -ismo (sufixo que determina, entre outras coisas, uma corrente filosófica). Temos, assim, a “corrente filosófica da experiência”.
  • 17. O ensino como transmissão de conhecimento Durante vários anos as técnicas educacionais se resumiram na utilização de técnicas aversivas – o papel do professor consistia em fazer com que os alunos aprendessem e o papel dos alunos consistia em escapar das ameaças, aprendendo. Paulo Freire, importante pensador brasileiro, defende a ideia de que a educação não pode ser um depósito de informações do professor sobre o aluno. Para ele, ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos nem formar é ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado; portanto, a docência não é possível sem a discência, pois as duas se explicam e seus sujeitos apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.